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Introdução a finanças empresariais Gilson Rogério Marcomini e Cymara A. de Jesus Marcomini Sumário CAPÍTULO 4 – Métodos de Avaliação de Investimentos ......................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 4.1 Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR) ...........................................05 4.1.1 Valor Presente Líquido (VPL) ..............................................................................05 4.1.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) ............................................................................11 4.2 Índice de Lucratividade Líquido (ILL) e Payback Simples e Descontado ..........................14 4.2.1 Índice de Lucratividade Líquido (ILL) ...................................................................14 4.2.2 Payback Simples e Descontado .........................................................................17 Síntese ..........................................................................................................................20 Referências Bibliográficas ................................................................................................21 03 Capítulo 4 Introdução Você já pensou em como se faz a escolha entre dois tipos investimentos? Como saber qual inves- timento trará o melhor resultado financeiro? Os investimentos financeiros são realizados através de várias análises, como forma de planejar a execução de tais investimentos. Dessa forma, é possível evitar perdas financeiras. Para planejar um investimento, devemos utilizar os indicadores de análise, que são ferramentas financeiras que possibilitam a criação de subsídios para que os gestores e investidores possam tomar decisões mais acertadas. A análise de investimentos envolve decisões de aplicação de re- cursos com prazos longos (maiores que um ano), com o objetivo de propiciar retorno adequado aos proprietários desse capital. Este capítulo irá expor os principais métodos de avaliação de investimentos, descrevendo as suas características, bem como a metodologia de cálculo desses métodos e suas análises. 4.1 Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR) Você já ouviu falar em VPL e TIR? Você consegue apontar como é feito uma análise financeira com o uso desses indicadores? Neste tópico, apresentaremos a você o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR), que são ferramentas financeiras utilizadas para se realizar análises de investimentos. 4.1.1 Valor Presente Líquido (VPL) O Valor Presente Líquido (VPL) é uma ferramenta muito utilizada nas análises de viabilidade eco- nômica e financeira de investimentos. Segundo Abreu e Filho et al. (2007 apud ASSAF NETO, 2012), o VPL aponta a diferença entre o valor presente de um investimento e o seu custo na data atual. Assim, se o VPL for positivo, o projeto é lucrativo, e se for negativo, isso significa que o projeto trará prejuízos. O VPL deve ser calculado com uso de uma taxa de referência, que possibilite atualizar os valores de certo fluxo de caixa financeiro das organizações. Essa taxa de referência é chamada de Taxa Mínima de Atratividade (TMA), responsável por corrigir os valores do fluxo de caixa, mostrando o retorno financeiro sobre esse capital analisado. O VPL pode ser calculado de duas formas possíveis: com o uso de fórmulas ou com calculadoras financeiras, como a HP-12C, por exemplo. 05 Métodos de Avaliação de Investimentos 06 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Figura 1 – Os investimentos precisam ser analisados e interpretados para tor- nar possível a previsão do retorno que será produzido. Fonte: Shutterstock, 2015. Desse modo, o VPL indica a forma de criação de riqueza de certo ativo investimento. A utilização dessa ferramenta permite interpretar como o investimento produzirá riqueza para os seus sócios ou investidores, bem como é possível fazer a mensuração dessa riqueza gerada. Também é pos- sível comparar investimentos, descobrindo qual é o mais atrativo entre as várias opções existentes (ASSAF NETO; LIMA, 2010). A análise do VPL é feita em cima dos fluxos de caixa das empresas, que mostram como a insti- tuição gerencia suas contas a pagar e a receber em um fluxo diário, semanal ou mensal (ASSAF NETO, 2012). Os resultados gerados pelo setor financeiro são inseridos na ferramenta fluxo de caixa, que condensa essas informações e apura o resultado mensal e anual. Com base nesses resultados, torna-se possível aplicar a análise feita pela VPL. Esse é um tipo básico de análise, mas existem outros, como os resultados gerados por investi- mentos, em intervalos anuais ou mensais. Também é possível utilizar o VPL para analisar a pro- messa de rendimentos de investimentos, bem como seus custos. Agora, apresentaremos a você as formas de cálculo do VPL e sua interpretação. Como exposto, podemos realizar tal cálculo manualmente, com uso de fórmulas ou com auxílio de calculadoras financeiras. Primeiramente, vamos mostrar como é realizado o cálculo do VPL manualmente, através da seguinte fórmula: Figura 2 – Fórmula para o cálculo do VPL. Fonte: Groppelli e Nikbakht, 2011. 07 Em que: • FC = fluxo de caixa; • I = taxa de juros (%); • N = tempo ou duração do período; • Custo = capital inicial do investimento. Podemos perceber que essa fórmula considera a atualização dos valores dos fluxos de caixa de cada período analisado, que pode variar, através de determinada taxa de juros, como também pelo valor do investimento inicial (capital inicial), também chamado de custo do projeto a ser avaliado. Assim, vamos iniciar nossa exemplificação desses conceitos através do caso de um investidor que está indeciso entre dois investimentos para aplicar certo capital, caracterizados como investimen- to A e investimento B. Tal investidor deseja saber qual dos dois é o mais viável economicamente, sendo a taxa mínima de juros de 10% ao ano para ambos os investimentos, como é mostrado na tabela seguinte. Acompanhe! Ano INVESTIMENTO A INVESTIMENTO B 0 -R$320.000 -R$400.000 1 R$100.000 R$120.000 2 R$50.000 R$120.000 3 R$100.000 R$90.000 4 R$60.000 R$42.000 5 R$100.000 R$120.000 6 R$160.000 R$160.000 Tabela 1 – Exemplo de dois investimentos a serem analisados Fonte: Elaborada pelo autor, 2015. Para sabermos qual dos investimentos é o mais adequado, precisamos descobrir o VPL de cada um deles. Perceba que na figura a seguir existem seis períodos de geração de fluxos de caixa, sendo o resultado desse fluxo anual. Também podemos notar que o projeto será desenvolvido por um período de seis anos. 08 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Figura 3 – Cálculo do VPL do investimento A. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Conforme é mostrado pela tabela anterior, veja que na linha do ano zero os valores são mostra- dos em formato negativo, ou seja, são valores que significam que foram feitos os investimentos. O investimento A tem um valor inicial de R$320.000,00 e o investimento B, de R$400.000,00. Ao se inserir os valores dados ao investimento A na fórmula, temos: o valor do fluxo de caixa do Ano Um foi de R$100.000,00, colocado na fórmula acima no item FC1. Para o valor FC2, inserimos na fórmula a quantia de R$50.000,00, correspondente ao Ano Dois. O FC3, corres- pondente ao Ano Três, teve o valor de R$100.000,00. Já para o Ano Quatro, o valor do FC4 foi de R$60.000,00. O valor do FC5, correspondente ao Ano Cinco, foi de R$100.000,00. Por fim, no Ano Seis, o valor do FC6 foi de R$160.000,00. Os valores do denominador, que são correspondentes à taxa de juros, fornecida pelo exemplocomo sendo de 10% ao ano, devem ser descritos na forma decimal, ou seja, no formato 0,1. Por fim, os valores das potências se referem aos respectivos períodos do fluxo de caixa, e no primeiro ano o valor deve ser 1, no segundo ano o valor deve ser 2 e assim por diante. Para iniciar a resolução, é preciso calcular em primeiro lugar a potência de cada período. Ao fazermos a soma que está entre os parênteses, podemos observar os valores de 1,1, que devem ser elevados à potência 1, pois correspondem ao primeiro período. Ao realizarmos as divisões de cada um dos respectivos períodos analisados, podemos perceber que no primeiro ano esse valor atualizado foi de 90.909; no segundo ano, o valor atualizado pela taxa de juros foi de 41.322; no terceiro ano, foi de 75.131; no quarto, 40.980; no quinto, 62.092; e, por fim, no sexto ano, o resultado atualizado pela taxa de juros foi de 90.315. Ao somarmos todos esses valores, encontramos o resultado de R$400.749, referente ao valor total do fluxo de caixa de todos os seis anos. Desse valor total, devemos subtrair o custo do inves- timento, ou seja, o capital inicial, de R$320.000,00. Dessa maneira, é possível obter o resultado de R$80.749, correspondente ao VPL do investimento A. O passo seguinte é realizar o mesmo procedimento com o investimento B. Assim, acompanhe a figura a seguir. 09 Figura 4 – Cálculo do VPL do investimento B. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Assim, podemos verificar que o valor do fluxo de caixa do Ano Um foi de R$120.000,00, co- locado na fórmula acima no item FC1. Para o valor FC2, foi inserido na fórmula o valor de R$120.000,00 correspondente ao Ano Dois. O valor de FC3, correspondente ao Ano Três, foi de R$90.000,00. No Ano Quatro, o valor foi de R$42.000,00. No Ano Cinco, R$120.000,00. Por fim, no Ano Seis, o valor foi de R$160.000,00. Os valores do denominador, referentes à taxa de 10% ao ano, devem ser descritos na forma decimal, ou seja, no formato 0,1. Os valores das potências se referem aos respectivos períodos do fluxo de caixa e devem ter no primeiro ano o valor 1, no segundo ano, o valor deve ser 2 e assim por diante. Para iniciar a resolução, devemos calcular em primeiro lugar a potência de cada período, come- çando pelas somas dos números que estão entre os parênteses. Também é importante observar os valores 1,1, que devem ser elevados à potência 1, correspondente ao primeiro período, ou ano Um. Ao realizarmos as divisões em cada um dos períodos analisados, podemos perceber que no primeiro ano esse valor atualizado foi de 109.090; no segundo ano, o valor foi de 99.173; no terceiro ano, 67.618; no quarto, 28.686; no quinto ano, 74.510, e, finalmente, no sexto ano, o resultado atualizado pela taxa de juros foi de 90.315. Somando todos esses dados, encontramos o valor de R$469.392 como sendo o valor total do fluxo. Subtraindo o custo do investimento, ou seja, o capital inicial, de R$400.000,00, obtemos o resultado de R$69.392, referente ao VPL do investimento B. Comparando o valor do VPL dos dois investimentos, podemos afirmar que o VPL do investimento A (80.749) é maior que o VPL do investimento B (69.392). Assim, o investimento A oferece maior geração de riqueza para o investidor. Como dito anteriormente, também é possível fazer esses cálculos de uma maneira mais prática e rápida, utilizando uma calculadora financeira. 10 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Para tal cálculo, é preciso inserir os valores dados pelo exercício e utilizar as teclas financeiras da calculadora. Acompanhe! Ano INVESTIMENTO A INVESTIMENTO B 0 -R$320.000 -R$400.000 1 R$100.000 R$120.000 2 R$50.000 R$120.000 3 R$100.000 R$90.000 4 R$60.000 R$42.000 5 R$100.000 R$120.000 6 R$160.000 R$160.000 Tabela 2 – Exemplo de dois investimentos a serem analisados Fonte: Elaborada pelo autor, 2015. Figura 5 – Cálculo do VPL com calculadora financeira Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Vamos calcular primeiro o VPL do investimento A, lembrando que o custo desse projeto é de R$320.000 e o investimento possui saldos de fluxos de caixa de R$100.000 no ano 1, de R$50.000 no ano 2, R$100.000 no ano 3, R$60.000 no ano 4, R$100.000 no ano 5 e R$160.000 no ano 6, com uma taxa de remuneração mínima de 10% ao ano. Para colocarmos todos esses valores na calculadora, é preciso seguir uma sequência. Em primei- ro lugar, devemos digitar R$320.000, depois a tecla “CHS”, que indica que é um custo. Logo depois, devemos digitar as teclas “g” e “CF0”. Em seguida, é a hora de inserir os fluxos de caixa de cada ano, com a respectiva digitação de cada valor e mais as teclas “g” e “CFj”. Dessa maneira, no primeiro período é preciso digitar R$100.000 e depois “g” e “CFj”, repetindo-se a mesma operação para todos os anos. 11 Por fim, devemos inserir o valor dos juros, através da digitação do valor 10 e da tecla “i”, que significa que esse valor é uma taxa. Então, devemos digitar a tecla “f” e “NPV”, que é a tecla correspondente ao cálculo do VPL. A calculadora mostrará o resultado de R$80.749. Para calcular o VPL do investimento B, devemos seguir o mesmo procedimento. Figura 6 – Cálculo do VPL com calculadora financeira Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. O custo do investimento B é de R$400.000 e o projeto tem saldos de fluxos de caixa de R$120.000 no ano 1, R$120.000 no ano 2, R$90.000 no ano 3, R$42.000 no ano 4, R$120.000 no ano 5 e R$160.000 no ano 6, com uma taxa de juros anual de 10%. Devemos digitar 400.000 e as teclas “CHS”, “g” e “CF0”. Em seguida, devemos inserir os fluxos de caixa de cada ano, além das teclas “g” e “ CFj”. Para finalizar o processo, devemos digitar a taxa de juros de 10 e as teclas “i”, “f” e “NPV”. A calculadora mostrará o resultado de R$69.396. O livro Finanças Corporativas e Valor, de Alexandre Assaf Neto, explora os grandes avanços ocorridos na área de Finanças Corporativas nos últimos anos, abordando temas como finanças comportamentais, governança corporativa, fundamentos sociais das empresas, entre outros muitos assuntos descritos com detalhes ao longo dos 32 ca- pítulos. Também aborda assuntos específicos do mercado brasileiro, como as situações de crédito, mercado financeiro e custo de capital. NÃO DEIXE DE LER... 4.1.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) Além da ferramenta VPL, que é a mais tradicional no uso de análises financeiras, outra ferramen- ta utilizada é a TIR, que serve para apontar em que taxa financeira percentual o valor do VPL de qualquer investimento possui o valor zero. 12 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Isso possibilita verificar se a TIR é pelo menos igual à Taxa Mínima de Atratividade (TMA), de- monstrando que o investimento pode trazer retornos financeiros ao investidor, ou não, como no caso de um investimento possuir uma TIR menor que a TMA (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2011). Pode também acontecer o oposto, ou seja, a TIR superior à TMA, indicando que o investimento remunera o capital inicial a uma taxa bem atrativa, produzindo um bom retorno financeiro aos investidores (ASSAF NETO; LIMA, 2010). Para realizar o cálculo da TIR, é preciso utilizar a fórmula descrita a seguir (ASSAF NETO, 2012). Acompanhe: Figura 7 – Cálculo do TIR do investimento A. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Em que: • Vp = valor presente (início); • Fn = fluxo de caixa no período n; • TIR = taxa interna de retorno; • n = período (tempo). Para calcular o valor da TIR, utilizaremos os mesmos dados dos investimentos A e B que utiliza- mos para o cálculo do VPL. Na fórmula da TIR, o VP corresponde ao valor presente dos investimentos, ou o capital inicial, e em cada período existe um fluxo de caixa,referente no investimento A aos valores de R$100.000 no ano 1, R$50.000 no 2, R$100.000 no 3, R$60.000 no 4, R$100.000 no 5 e R$160.000 no ano 6. Figura 8 – Cálculo do TIR do investimento A. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Ao colocarmos esses valores na fórmula, ocorre uma situação difícil de ser resolvida, pois surge uma equação com potência em cada um dos períodos. Para chegarmos à solução, torna-se ne- cessário utilizar diversos conhecimentos matemáticos aplicados e vários cálculos. 13 Dessa forma, utilizaremos diretamente a calculadora. Acompanhe! Figura 9 – Cálculo do TIR com calculadora financeira Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Para calcularmos a TIR do investimento A, devemos digitar o valor de 320.000 e a tecla “CHS”, indicando que haverá um desembolso de capital por parte do investidor, e, na sequência, deve- mos digitar as teclas “g” e “ CF0”. Então, temos de inserir os fluxos de caixa de cada ano, seguidos pelas teclas “g” e “CFj”. Para encerrar o cálculo, é preciso digitar as teclas “f” e “IRR” e a calculadora irá mostrar o resul- tado de 17,49%, demonstrando que o TIR do investimento A é de 17,49%, o que mostra um re- torno maior que a taxa mínima de atratividade do investimento (TMA), de 10% ao ano. Podemos então concluir que o investimento oferece um bom retorno aos investidores (ASSAF NETO, 2012). Para calcular a TIR do investimento B, devemos adotar o mesmo procedimento, como é mostrado a seguir. Figura 10 – Cálculo do TIR com calculadora financeira Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Devemos então digitar o valor de 400.000 e as teclas “CHS”, “g” e “ CF0”. 14 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Em seguida, é necessário inserir os valores dos fluxos de caixa de cada ano e digitar as teclas “g” e “ CFj”. Por fim, devemos digitar as teclas “f” e “IRR” e a calculadora mostrará o resultado de 15,65%, que corresponde ao valor da TIR, mostrando que o investimento remunera o capital em 15,65% ao ano. Assim, trata-se de um investimento viável, pois oferece uma taxa maior que a TMA. No entanto, o investimento B oferece um retorno menor que o investimento A, que é a melhor opção disponível (ASSAF NETO,2012). Qual a diferença entre a utilização do VPL e da TIR em uma análise de investimentos? A diferença é que o VPL é usado para medir a riqueza produzida pelo investimento, bem como a sua viabilidade; enquanto a TIR determina qual a taxa que o investimento produz de retorno e em que taxa o investimento é nulo, ou seja, o VPL é igual a zero. NÓS QUEREMOS SABER! 4.2 Índice de Lucratividade Líquido (ILL) e Payback Simples e Descontado Você considera importante saber quanto tempo é necessário para recuperar certo capital investi- do? Você acha que é preciso saber o retorno antes mesmo de realizar o investimento? Para conhecer tais informações, existem duas ferramentas de análise de investimentos. Essas ferramentas são chamadas de Payback, que mostra o tempo de retorno do capital investi- do, e o Índice de Lucratividade Líquido (ILL), que aponta o retorno. Este tópico irá abordar essas duas ferramentas, identificando como é possível analisar os investi- mentos através desses métodos, possibilitando uma adequada tomada de decisões. 4.2.1 Índice de Lucratividade Líquido (ILL) O ILL, segundo Abreu Filho et al. (2007), é o índice que mede a relação entre o valor recebido e o custo do investimento, sendo uma medida do custo/benefício. Para que um projeto seja aceito ou rentável, o valor do ILL precisa ser maior ou igual a 1. Para encontrar tal número, é preciso dividir o valor presente de determinado investimento pelo seu valor inicial, também chamada de custo inicial. Assim como a TIR e o VPL, o IL é baseado no princípio do desconto, ou seja, os chamados mé- todos baseados nos fluxos de caixa descontados, e consiste em estabelecer a razão entre o valor presente das entradas líquidas de caixa do projeto e o investimento inicial. 15 Steven Paul Jobs Foi um empresário do setor de informática e cofundador da Apple Inc. Ficou famoso por revolucionar seis tipos diferentes de indústrias, como a de computadores pessoais, filmes e telefonia. Além de executivo da Apple, Jobs também foi executivo da Pixar e acionista da Walt Disney Company. VOCÊ O CONHECE? Dessa maneira, para exemplificar como se calcula e analisa os indicadores do ILL, iremos utilizar os mesmos dados dos exemplos anteriores. Acompanhe: Ano INVESTIMENTO A INVESTIMENTO B 0 -R$320.000 -R$400.000 1 R$100.000 R$120.000 2 R$50.000 R$120.000 3 R$100.000 R$90.000 4 R$60.000 R$42.000 5 R$100.000 R$120.000 6 R$160.000 R$160.000 Tabela 3 – Exemplo de dois investimentos a serem analisados Fonte: Elaborada pelo autor, 2015. Para calcular os indicadores do ILL, precisamos ter os valores atualizados (ASSAF NETO; LIMA, 2010), ou seja, é preciso calcular o valor presente de cada ano, ou fluxo de caixa, e nesse caso a atualização é feita pela taxa de 10% ao ano. Assim, os cálculos do valor presente para o investimento A e para o investimento B são demons- trados a seguir. 16 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Figura 11 – Cálculo do Valor Presente do investimento A. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Assaf Neto, 2012. Figura 12 – Cálculo do Valor Presente do investimento B. Fonte: Elaborada pelo auto, baseada em Assaf Neto, 2012. 17 Transpondo os valores encontrados para uma tabela, temos os seguintes resultados: Ano INVESTIMENTO A INVESTIMENTO B 0 -R$320.000 -R$400.000 1 R$90.909 R$109.090 2 R$41.322 R$99.173 3 R$75.131 R$67.618 4 R$40.980 R$28.686 5 R$62.092 R$74.510 6 R$90.315 R$90.315 Total R$400.749 R$469.392 Tabela 4 – Valores atualizados pelo Valor Presente Fonte: Elaborada pelo autor, 2015. Para encontrarmos o ILL de cada investimento, basta dividir o valor total dos fluxos de caixa de todo o período pelo valor inicial do investimento (ASSAF NETO; LIMA, 2010), ou seja, para o investimento A temos o total de fluxos de caixa atualizado de 400.749, e o investimento inicial foi de 320.000. Dividindo o valor total dos fluxos (400.749) pelo investimento inicial (320.000), obtemos o índice de R$1,25, que mostra que o investimento é aceitável, pois produziu R$1,25 para cada R$1,00 investido. Do mesmo modo, para encontrarmos o ILL do investimento B, temos de dividir o total produzido pelos fluxos de caixa pelo capital investido, chegando ao valor de R$1,17, que demonstra que o investimento também é aceitável, pois produziu R$1,17 para cada R$1,00 aplicado. O livro Administração Financeira e Orçamentária, de Masakazu Hoji, aborda a gestão financeira que incorpora técnicas de várias disciplinas, como economia, contabilidade, administração, estratégia, entre outras, e, aparentemente, mostra-se de difícil entendi- mento pelas pessoas. O livro busca descrever essas técnicas teóricas com aplicações práticas, facilitando o aprendizado e tornando-o mais prazeroso. Também possibilita ser uma fonte de subsídios para decisões gerenciais, que geralmente são tomadas ten- do como base as demonstrações financeiras. NÃO DEIXE DE LER... 4.2.2 Payback Simples e Descontado Outro modo de realizar análises financeiras é através do chamado Payback, que é uma ferra- menta que aponta quanto tempo é preciso para que o investidor recupere o capital investido inicialmente em algum projeto (HOJI, 2014). 18 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Figura 13 – O Payback aponta qual o tempo necessário para que certo investimento retorne ao investidor. Fonte: Shutterstock, 2015. O Payback pode ser simples ou descontado. O Payback simples é calculado através da utilizaçãodos fluxos de caixa de todos os períodos do investimento para descobrir em que momento esse capital inicial será recuperado pelo investidor (HOJI, 2014). Por exemplo: certo investimento inicial de R$10.000,00 tem o resultado do fluxo de caixa no ano 1 de R$1.000,00; no ano 2, de R$3.000; no ano 3, de R$2.000,00; no ano 4, de R$4.000,00; e, por fim, no ano 5, o fluxo de caixa de R$3.000,00. Para encontrarmos o valor do Payback simples é preciso calcular em quanto tempo o valor do capital inicial de R$10.000,00 foi recuperado, e, para isso, é preciso somar todos os fluxos de caixa até que se obtenha o total investido. Ao somarmos os fluxos de caixa do primeiro ano (R$1.000,00), do segundo (R$3.000,00), do terceiro (R$2.000,00) e do quarto (R$4.000,00), temos o valor acumulado de R$10.000,00. As- sim, podemos concluir que esse projeto precisou de quatro anos para recuperar o capital inicial, sendo o Payback simples desse investimento de quatro anos. Porém, dessa forma, não podemos refletir os resultados financeiros de forma correta, pois não é considerada a desvalorização da moeda pela inflação. Para isso, é preciso utilizar os valores corrigidos e atualizados em valor presente. Essa atualização possibilita o cálculo do chamado Payback descontado, que usa os valores cor- rigidos monetariamente. Para isso, é preciso calcular o valor presente dos dois investimentos para depois poder verificar qual o Payback escontado de cada um deles e, então, decidir qual possui a melhor viabilidade econômica para o investidor. 19 NÃO DEIXE DE VER... Máquina de Guerra (Pentagon Wars), de Richard Benjamin 1998. O filme relata o investimento fracassado do governo americano em um veículo de guerra chamado de Bradley, que precisou de tempo e muito dinheiro para sua constru- ção. Os gestores tentam fazer com que a máquina seja um bom investimento e o filme detalha as ações desses investidores para alcançar tal objetivo. Assim, iremos adotar a tabela com os resultados já atualizados, como pode ser visto a seguir. Acompanhe: Ano INVESTIMENTO A INVESTIMENTO B 0 -R$320.000 -R$400.000 1 R$90.909 R$109.090 2 R$41.322 R$99.173 3 R$75.131 R$67.618 4 R$40.980 R$28.686 5 R$62.092 R$74.510 6 R$90.315 R$90.315 Total R$400.749 R$469.392 Tabela 5 – Exemplo de dois investimentos a serem analisados Fonte: Elaborada pelo autor, 2015. No investimento A, o capital inicial foi de R$320.000,00. Para se saber o Payback descontado, é necessário descobrir em quanto tempo esse capital é recuperado pelos resultados dos fluxos de caixa. Assim, serão somados os novos fluxos de caixa até que se tenha o total investido e se possa determinar qual o momento exato desse retorno. Somando os fluxos de caixas dos três primeiros anos, temos o total de R$207.362. Acrescentando o fluxo do ano 4, de R$40.980, temos o valor de R$248.342. Adicionando o va- lor do fluxo do quinto ano, de R$62.092, chegamos a R$310.434. Por fim, esse montante deve ser somado ao do ano 6, de R$90.315, dando o total de R$400.749. Perceba, assim, que o capital inicial de R$320.000,00 só foi recuperado no sexto ano. Entre- tanto, não foi necessária a utilização total do fluxo de caixa do ano 6, pois houve uma sobra. Isso indica que o Payback descontado desse investimento é de cinco anos inteiros e mais algum tempo do último período. Para se saber quanto tempo do ano 6 foi usado, é preciso realizar outro cálculo, usando o valor do fluxo de caixa do último período, que foi de R$90.315. Desse valor, devemos subtrair o que sobrou no cálculo do Payback, ou seja, após o retorno do capital, quanto foi adicionado a esse investimento. 20 Laureate- International Universities Introdução a finanças empresariais Temos então de realizar a subtração entre o valor do investimento inicial de R$320.000 e o total dos fluxos de caixa, que foi de R$400.749, encontrando-se o valor de R$80.749. Agora veja que no ano 5 o total produzido pelos fluxos de caixa foi de R$310.434. Assim, falta ape- nas o valor de R$9.566 para que o capital inicial seja amortizado, ou seja, o Payback seja completo. Para identificar o tempo que o investimento A levará para ter fluxo de caixa de R$9.566 apenas no ano sexto, basta dividir esse valor pelo total do ano 6, de R$90.315. Encontramos, então, o valor de 0,1059, que é a parcela necessária do último ano para se ter o retorno do capital inicial. Para se transformar esse valor em meses, devemos multiplicar 0,1059 por 12, então teremos como resultado 1,28 por mês. Isso demonstra que o Payback descontado do investimento A é de 5 anos e 1,28 mês. Qual a importância de se utilizar a ferramenta Payback em análises financeiras? Qual deve ser o tipo de Payback utilizado? A utilização do Payback serve para apontar em quanto tempo determinado investimento financeiro trará retorno para o seu proprietário, ou seja, após o investidor fazer o apor- te financeiro em determinado projeto, em quanto tempo ele recuperará esse capital. Isso serve para demonstrar a viabilidade de projetos em função do tempo, pois projetos e investimentos que possuem Paybacks muito longos tornam-se pouco atrativos. O tipo de Payback mais utilizado é o Payback descontado, por considerar os valores dos fluxos de caixa com atualizações ocasionadas pelas perdas inflacionárias, ou seja, o Payback descontado considera os valores dos fluxos de caixa em valor presente. NÓS QUEREMOS SABER! 21 Síntese • As ferramentas de análise de viabilidade financeira são usadas para planejar a forma de investir. Elas também permitem que o investidor descubra a melhor entre as formas de investimento existentes. • O VPL, uma ferramenta muito utilizada nas análises de viabilidade econômica de investimentos, é constituído pela diferença entre o valor presente de um investimento e o seu custo na data atual. Se o VPL for positivo, o projeto é lucrativo; se for negativo, aponta que o investimento trará prejuízos. • A TIR deve ser pelo menos igual à TMA, indicando que o investimento pode trazer retornos financeiros ao investidor. • O ILL é o índice que mede a relação entre o valor recebido e o custo do investimento, sendo uma medida do custo/benefício. O valor do ILL precisa ser maior ou igual a 1. • O Payback é uma ferramenta que aponta quanto tempo é preciso para que o investidor obtenha o retorno do capital investido. • O Payback pode ser simples ou descontado. • O Payback é calculado através dos fluxos de caixa de todos os períodos do investimento, de forma a averiguar em que momento esse capital inicial será retornado ao investidor. Síntese 22 Laureate- International Universities Referências ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ______; LIMA, F. G. Fundamentos de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2010. HOJI, M. 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