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Módulo A Inquérito Policial

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Instituto Brasiliense de Direito Público
Escola de Direito de Brasília
- Investigações -
PROCESSO PENAL
Prof.: Bruno Ribeiro
Módulo II: Investigações preliminares: inquérito policial e outras formas de investigação. O Inquérito Policial
A Questão das Atribuições das Polícias
Polícia Civil x Polícia Militar: a PC é também denominada de “polícia judiciária” tendo como função precípua a investigação de crimes e de sua autoria (art. 4º, CPP); a PM atua de forma ostensiva, procurando impedir e reprimir condutas ilícitas.
Polícia Federal: segundo a CF, à Polícia Federal compete exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União (art. 144, § 1º, IV). 
Em regra, a polícia judiciária (PC) deve atuar nos limites de sua circunscrição – Asa Sul, Asa Norte, Taguatinga, etc – (art. 4º, CPP: “A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”). No DF e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição (art. 22, CPP).
Módulo II: Investigações preliminares: inquérito policial e outras formas de investigação. O Inquérito Policial
A Investigação: competências especiais
Segundo o CPP, deve ser preservada a competência investigativa das autoridades administrativas, sempre que autorizada por lei (art. 4º, par. único: “a competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função”). 
O STF, inclusive, já decidiu que “o poder de polícia da câmara dos deputados e do senado federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito” (Súmula nº 397, STF).
 
Assembléias Legislativas: “Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. (...) § 3º - Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos”.
 
Câmara dos Deputados: “Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: (...) IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias”.
 
Senado Federal: “Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: (...) XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias”.
 
Módulo II: Investigações preliminares: inquérito policial e outras formas de investigação. O Inquérito Policial
A Investigação: competências especiais
Comissões Parlamentares de Inquérito: “Art. 58. (...) § 3º. As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores”.
 
“COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - QUEBRA DE SIGILO ADEQUADAMENTE FUNDAMENTADA - ATO PRATICADO EM SUBSTITUIÇÃO A ANTERIOR QUEBRA DE SIGILO QUE HAVIA SIDO DECRETADA SEM QUALQUER FUNDAMENTAÇÃO - POSSIBILIDADE - EXISTÊNCIA SIMULTÂNEA DE PROCEDIMENTOS PENAIS EM CURSO, INSTAURADOS CONTRA O IMPETRANTE - CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO IMPEDE A INSTAURAÇÃO DA PERTINENTE INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR SOBRE FATOS CONEXOS AOS EVENTOS DELITUOSOS - REFERÊNCIA À SUPOSTA ATUAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO ESTADO DO ACRE, QUE SERIAM RESPONSÁVEIS PELA PRÁTICA DE ATOS CARACTERIZADORES DE UMA TEMÍVEL MACRODELINQÜÊNCIA (TRÁFICO DE ENTORPECENTES, LAVAGEM DE DINHEIRO, FRAUDE, CORRUPÇÃO, ELIMINAÇÃO FÍSICA DE PESSOAS, ROUBO DE AUTOMÓVEIS, CAMINHÕES E CARGAS) - ALEGAÇÃO DO IMPETRANTE DE QUE INEXISTIRIA CONEXÃO ENTRE OS ILÍCITOS PENAIS E O OBJETO PRINCIPAL DA INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR - AFIRMAÇÃO DESPROVIDA DE LIQUIDEZ - MANDADO DE SEGURANÇA INDEFERIDO. A QUEBRA FUNDAMENTADA DO SIGILO INCLUI-SE NA ESFERA DE COMPETÊNCIA INVESTIGATÓRIA DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO. - A quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de qualquer pessoa sujeita a investigação legislativa pode ser legitimamente decretada pela Comissão Parlamentar de Inquérito, desde que esse órgão estatal o faça mediante deliberação adequadamente fundamentada e na qual indique, com apoio em base empírica idônea, a necessidade objetiva da adoção dessa medida extraordinária. Precedente: MS 23.452-RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO (Pleno). PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIÇÃO E QUEBRA DE SIGILO POR DETERMINAÇÃO DA CPI. - O princípio constitucional da reserva de jurisdição - que incide sobre as hipóteses de busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), de interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e de decretação da prisão, ressalvada a situação de flagrância penal (CF, art. 5º, LXI) - não se estende ao tema da quebra de sigilo, pois, em tal matéria, e por efeito de expressa autorização dada pela própria Constituição da República (CF, art. 58, § 3º), assiste competência à Comissão Parlamentar de Inquérito, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, a excepcional ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas. AUTONOMIA DA INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR. - O inquérito parlamentar, realizado por qualquer CPI, qualifica-se como procedimento jurídico-constitucional revestido de autonomia e dotado de finalidade própria, circunstância esta que permite à Comissão legislativa - sempre respeitados os limites inerentes à competência material do Poder Legislativo e observados os fatos determinados que ditaram a sua constituição - promover a pertinente investigação, ainda que os atos investigatórios possam incidir, eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquéritos policiais ou a processos judiciais que guardem conexão com o evento principal objeto da apuração congressual. Doutrina. Precedente: MS 23.639-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO (Pleno). O PROCESSO MANDAMENTAL NÃO COMPORTA DILAÇÃO PROBATÓRIA. - O processo de mandado de segurança qualifica-se como processo documental, em cujo âmbito não se admite dilação probatória, pois a liquidez dos fatos, para evidenciar-se de maneira incontestável, exige prova pré-constituída, circunstância essa que afasta a discussão de matéria fática fundada em simples conjecturas ou em meras suposições ou inferências.” (MS 23652, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 22/11/2000, DJ 16-02-2001) 
 
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A Investigação: competências especiais
Crimes Militares: 
“Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria” (CPPM). 
“Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos têrmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade
precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal” (CPPM). 
“Art. 10. (...) § 3º Se a infração penal não fôr, evidentemente, de natureza militar, comunicará o fato à autoridade policial competente, a quem fará apresentar o infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito anos, a apresentação será feita ao Juiz de Menores” (CPPM).
 
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A Investigação: competências especiais
Crimes Militares: 
“Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria” (CPPM). 
“Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos têrmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal” (CPPM). 
“Art. 10. (...) § 3º Se a infração penal não fôr, evidentemente, de natureza militar, comunicará o fato à autoridade policial competente, a quem fará apresentar o infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito anos, a apresentação será feita ao Juiz de Menores” (CPPM).
 
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A Investigação: a questão do poder investigatório do MP
A Resolução nº 13/2006 do Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP disciplina a investigação criminal presidida pelo membro do MP. 
Foram ajuizadas, contudo, duas ADIn’s no STF impugnando tal Resolução: uma de autoria da OAB (ADIn nº 3836) e outra da ADEPOL (ADIn nº3806), ambas conclusas ao Ministro Fachin, pendente de julgamento.
O Pleno, no entanto, apreciou em regime de repercussão geral o RE no. 593.727:
 
Repercussão geral. Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Constitucional. Separação dos poderes. Penal e processual penal. Poderes de investigação do Ministério Público. (…). 
4. Questão constitucional com repercussão geral. Poderes de investigação do Ministério Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV, 129, incisos III e VIII, e 144, inciso IV, § 4º, da Constituição Federal, não tornam a investigação criminal exclusividade da polícia, nem afastam os poderes de investigação do Ministério Público. Fixada, em repercussão geral, tese assim sumulada: “O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição”. Maioria. (…)
(RE 593727, Rel. Min. CEZAR PELUSO, Rel. p/ Acórdão Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2015, PUBLIC 08-09-2015)
Módulo II: Investigações preliminares: inquérito policial e outras formas de investigação. O Inquérito Policial
Houve, ainda, amplo debate no Congresso Nacional acerca da PEC no. 37/2011, que acabou rejeitada por 430 votos contra 9, em 25/06/2013:
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O Procedimento
Logo que tomar conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá (art. 6º, CPP):
 
i) dirigir-se ao local e providenciar a sua conservação até a chegada dos peritos criminais;
ii) apreender os provas e objetos relacionados com o crime, após a liberação pelos peritos;
iii) ouvir o ofendido (vítima) e o indiciado (suspeito);
iv) realizar, se necessário, exame de corpo de delito e outras perícias;
v) identificar, se necessário, o suspeito, inclusive investigando sua vida pregressa.
 
Módulo II: Investigações preliminares: inquérito policial e outras formas de investigação. Situação da perícia no Brasil.
http://g1.globo.com/jornal-da-globo/videos/t/edicoes/v/serie-retrata-a-pericia-criminal-no-brasil/3313997/ (reportagem Jornal da Globo, 2014).
https://www.youtube.com/watch?v=rlXXT0q9rLU (reportagem Fantástico, 2011).
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Reprodução Simulada dos Fatos
A autoridade policial poderá, se necessário, proceder à reconstituição dos fatos (art. 7º, CPP). No entanto, em nenhuma hipótese o acusado será obrigado a participar da reprodução simulada dos fatos, pois estaria sendo constrangido a produzir prova contra si mesmo:
HABEAS CORPUS - JÚRI - RECONSTITUIÇÃO DO CRIME - CERCEAMENTO DE DEFESA - NÃO-INTIMAÇÃO DO DEFENSOR PARA A RECONSTITUIÇÃO DO DELITO - PACIENTE QUE SE RECUSA A PARTICIPAR DA REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO CONTRADITORIO - INOCORRENCIA - PRISÃO CAUTELAR - INSTITUTO COMPATIVEL COM O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA NÃO-CULPABILIDADE (CF, ART. 5., LVII) - CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISORIA - MERA FACULDADE JUDICIAL - ORDEM DENEGADA. - A reconstituição do crime configura ato de caráter essencialmente probatório, pois destina-se - pela reprodução simulada dos fatos - a demonstrar o modus faciendi de prática delituosa (CPP, art. 7º). O suposto autor do ilícito penal não pode ser compelido, sob pena de caracterização de injusto constrangimento, a participar da reprodução simulada do fato delituoso. O magistério doutrinário, atento ao princípio que concede a qualquer indiciado ou réu o privilegio contra a auto-incriminação, ressalta a circunstancia de que e essencialmente voluntária a participação do imputado no ato - provido de indiscutível eficácia probatória - concretizador da reprodução simulada do fato delituoso. - A reconstituição do crime, especialmente quando realizada na fase judicial da persecução penal, deve fidelidade ao princípio constitucional do contraditório, ensejando ao réu, desse modo, a possibilidade de a ela estar presente e de, assim, impedir eventuais abusos, descaracterizadores da verdade real, praticados pela autoridade pública ou por seus agentes. (...)” (HC 69.026/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, 1ª Turma, DJ 04-09-1992).
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Finalização do IP
O IP para apuração de crimes estaduais deve estar encerrado em 10 dias, se o acusado estiver preso (a contar da data da prisão), ou 30 dias, se o acusado estiver solto (art. 10, CPP).
O IP será, obrigatoriamente, escrito (art. 9º, CPP) e, ao seu final, deverá a autoridade policial elaborar um “relatório” (art. 10, § 1º, CPP).
Se o acusado estiver solto e o fato for de difícil elucidação, a autoridade policial poderá requerer ao juiz prorrogação do prazo para encerramento do IP (art. 10, § 3º, CPP).
Na Justiça Federal, o prazo para encerramento do IP é de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias, se o acusado estiver preso. Não há prazo para o encerramento se o acusado estiver solto.
No caso de crime previsto na nova lei de drogas (Lei nº 11.343/2006), o prazo é de 30 dias, se o acusado estiver preso, e 90 dias, se o acusado estiver solto, podendo ser prorrogado uma vez (art. 52, § único).
Módulo II: Investigações preliminares: inquérito policial e outras formas de investigação. O Inquérito Policial
Natureza do IP. Inquisitório e dispensável.
Trata-se de procedimento inquisitório, ou seja, não sujeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa. 
Além disso, o IP é dispensável quando o MP (no caso de ação penal pública) ou o ofendido (no caso de ação penal privada)
já dispuserem de provas suficientes para servir de base para a denúncia ou queixa (art. 12 c/c art. 39, § 5º, CPP). 
“(...) SEGUNDA PRELIMINAR. CONSTATAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, DA EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE DE CRIMES. OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. INVESTIGAÇÕES NÃO CONCLUÍDAS. ÓBICE INEXISTENTE. AUSÊNCIA DO RELATÓRIO POLICIAL. PEÇA DISPENSÁVEL PARA EFEITO DE OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. 
Se o titular da ação penal entende que há indícios mínimos de autoria e materialidade dos fatos tidos como criminosos, ele pode oferecer a denúncia antes de concluídas as investigações. A escolha do momento de oferecer a denúncia é prerrogativa sua. 
2. O relatório policial, assim como o próprio inquérito que ele arremata, não é peça indispensável para o oferecimento da denúncia” 
(Inq 2.245/MG, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, DJ 09-11-2007 – “Mensalão”). 
Módulo II: Investigações preliminares: inquérito policial e outras formas de investigação. O Inquérito Policial
Natureza do IP. Valor informativo.
Pela própria natureza do IP, que possui apenas valor informativo, com inexistência de contraditório e ampla defesa, entende a jurisprudência que o Juiz não pode condenar o acusado apenas com base nas provas nele contidas: 
“(...) 2. O inquérito policial é procedimento meramente informativo, que não se submete ao crivo do contraditório e no qual não se garante aos indiciados o exercício da ampla defesa, razão pela qual se impõe, na hipótese, a absolvição do paciente. 3. Ordem concedida para restabelecer a sentença absolutória” 
(HC 56.176/SP, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, 5ª Turma/STJ, DJ 18.12.2006). 
 
“1. É condição infastável do devido processo legal a observância do contraditório e da ampla defesa. Não se concebe, dessa maneira, possa haver legítima condenação quando o Poder Judiciário se embasar somente em provas colhidas, unilateralmente, na fase do inquérito policial, embora suficientes para o oferecimento da denúncia. (...)” 
(HC 44.305/SP, Rel. Min. NILSON NAVES, 6ª Turma/STJ, DJ 04.06.2007). 
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Natureza do IP. O sigilo.
No aspecto do sigilo, assim dispõe o CPP: “a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade” (art. 20).
Contudo, o STF relativizou quanto aos advogados, consoante a Súmula Vinculante no. 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
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Nulidades no IP.
Eventual nulidade ocorrida em sede inquisitorial não contamina, necessariamente, a respectiva ação penal, especialmente quando existentes outras provas para subsidiar a sentença condenatória. 
“HABEAS CORPUS. NULIDADE. BUSCA E APREENSÃO NÃO AUTORIZADA. PROVA ILÍCITA. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO.
Os vícios existentes no inquérito policial não repercutem na ação penal, que tem instrução probatória própria. Decisão fundada em outras provas constantes dos autos, e não somente na prova que se alega obtida por meio ilícito. 
É inviável, em habeas corpus, o exame aprofundado de provas, conforme reiterados precedentes do Supremo Tribunal Federal.
Recurso em habeas corpus a que se nega provimento” 
(RHC 85.286/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, 2ª Turma, DJ 24-03-2006). 
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Indiciamento. Consiste na formalização da suspeita sobre o investigado. 
Segundo entendimento do STF, o indiciamento de autoridades com foro privilegiado não pode ser realizado diretamente pela autoridade policial:
““2. Não se admite a determinação de indiciamento, medida própria do inquérito policial, quando o feito já se encontra na fase judicial. 
3. Ordem conhecida, em parte, e, nesta extensão, concedida para revogar a decisão que determinou o indiciamento do paciente” 
(HC 82.497/SP, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 6ª TURMA, DJe 02.06.2008). 
“Cumpre destacar o pacífico entendimento desta Corte Superior quanto à impossibilidade de indiciamento formal dos pacientes, relativamente àqueles mesmos fatos sobre os quais já está em curso a competente ação penal. Isso, porque, com o recebimento da denúncia, encontra-se encerrada a fase investigatória e o indiciamento dos réus, neste momento, configura coação desnecessária e ilegal” 
(HC 84.142/SP, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 5ª TURMA, DJe 28.04.2008). 
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Indiciamento. Consiste na formalização da suspeita sobre o investigado. 
O STJ, por sua vez, não permite o indiciamento quando já encerrado o inquérito policial:
“O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada em inquérito originário promovido pelo Ministério Público Federal, no qual se apura o envolvimento de Senador quanto à ocorrência das supostas práticas delituosas sob investigação na denominada “Operação Sanguessuga”, no sentido de anular o ato formal de indiciamento do parlamentar realizado por autoridade policial. Ressaltando que a prerrogativa de foro tem por escopo garantir o livre exercício da função do agente político, e fazendo distinção entre os inquéritos originários, a cargo e competência do STF, e os de natureza tipicamente policial, que se regulam inteiramente pela legislação processual penal brasileira, entendeu-se que, no exercício da competência penal originária do STF (art. 102, I, b, da CF c/c o art. 2º da Lei 8.038/90), a atividade de supervisão judicial deve ser constitucionalmente desempenhada durante toda a tramitação das investigações, ou seja, desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento, ou não, de denúncia pelo Ministério Público, sob pena de esvaziamento da própria idéia dessa prerrogativa. Em razão disso, concluiu-se que a autoridade policial não poderia ter indiciado o parlamentar sem autorização prévia do Ministro-relator do inquérito. Ademais, em manifestação obiter dictum, asseverou-se que a autoridade policial também dependeria dessa autorização para a abertura de inquérito em que envolvido titular de prerrogativa de foro perante esta Corte. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello, que não anulavam o indiciamento, por considerar que o membro do Congresso Nacional poderia ser submetido à investigação penal, mediante instauração de inquérito policial, e conseqüente indiciamento — ato de natureza legal, vinculada —, por iniciativa da própria autoridade policial, independente de autorização prévia do STF” (
Informativo nº 483. Detentor de Foro por Prerrogativa de Função e Indiciamento. Inq nº 2411, Rel. Min. Gilmar Mendes, em 10.10.2007). 
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As Diligências. 
Segundo o CPP, incumbirá ainda à autoridade policial (art. 13):
		I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;
		II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
		III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
		IV - representar acerca da prisão preventiva.
DILIGÊNCIAS PARA O PARTICULAR (art. 14): O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
AÇÃO PENAL PRIVADA (art. 19): Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante
legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
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Arquivamento do IP. 
O IP somente será arquivado por decisão do Juiz, atendendo requerimento do MP (a autoridade policial não pode arquivar o IP – art. 17, CPP).Segundo o CPP, “a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito” (art. 17).
Se o juiz discordar do pedido de arquivamento feito pelo MP, mandará os autos ao Procurador-Geral que poderá: i) oferecer denúncia; ii) designar outro membro para oferecer a denúncia; ou iii) insistir no arquivamento, não podendo o Juiz, desta vez, recusá-lo (art. 28, CPP).
Uma vez arquivado o IP por falta de base para a denúncia, só poderá haver o desarquivamento com o surgimento de novas provas (ou seja, além daquelas que já existiam): “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas” (Súmula nº 524, STF). 
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Juizados Especiais Criminais - JECRIM. 
Nos crime de menor potencial ofensivo (pena máxima igual ou inferior a 02 anos), em trâmite perante o JECRIM, não haverá IP, mas simples termo circunstanciado (TC).
Neste caso, não caberá sequer prisão em flagrante, desde que o investigado se comprometa a comparecer todas as vezes em que intimado.
“A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima” (Lei no. 9.099/95, art. 69).
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Algemas. 
A Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84) prevê em seu art. 199 que “o emprego de algemas será disciplinado por decreto federal”. 
Diante da inércia do Poder Executivo em regulamentar a matéria, bem como ante as inúmeras alegações de constrangimento ilegal, o STF disciplinou a questão através de uma Súmula Vinculante: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado” (Súmula Vinculante nº 11). 
O STF já anulou julgamento pelo Tribunal do Júri ao fundamento de que a manutenção do réu algemado perante os jurados, a despeito das outras circunstâncias, teria influenciado na condenação (HC 91.952/SP, Rel. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, PUBLIC 19-12-2008).
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Algemas. Atualmente, está em vigor o DECRETO NO. 8.858/2016, regulando o matéria, nos seguintes termos: 
DECRETO Nº 8.858, DE 26 DE SETEMBRO DE 2016
Regulamenta o disposto no art. 199 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 199 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal, DECRETA: 
Art. 1º O emprego de algemas observará o disposto neste Decreto e terá como diretrizes:
I - o inciso III do caput do art. 1º e o inciso III do caput do art. 5º da Constituição, que dispõem sobre a proteção e a promoção da dignidade da pessoa humana e sobre a proibição de submissão ao tratamento desumano e degradante;
II - a Resolução no 2010/16, de 22 de julho de 2010, das Nações Unidas sobre o tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras (Regras de Bangkok); e
III - o Pacto de San José da Costa Rica, que determina o tratamento humanitário dos presos e, em especial, das mulheres em condição de vulnerabilidade. 
Art. 2º É permitido o emprego de algemas apenas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros, justificada a sua excepcionalidade por escrito. 
Art. 3º É vedado emprego de algemas em mulheres presas em qualquer unidade do sistema penitenciário nacional durante o trabalho de parto, no trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada. 
Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

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