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Analgésicos comuns e Anti inflamatórios não esteroidais Hazem Ashmawi 10/09/2016 Programa de Educação Continuada em Fisiopatologia e Terapêutica da Dor 2016 Equipe de Controle de Dor da Divisão de Anestesia ICHC-FMUSP Analgesia multimodal Ghandi et al, Anesthesiology Clin. 2011:201-309 Anti inflamatórios não esteroidais Introdução Os analgésicos sistêmicos não opioides são provavelmente as medicações mais prescritas no tratamento da dor. Uso a partir do final do século XIX. Introdução 5 % consumo de medicamentos no mundo + automedicação Indicados para dor, febre, inflamação Dor aguda e dor crônica (1 em 4 europeus - doença reumática) 60% dos >60 anos nos EUA risco de sangramentoTGI Usado há 2500 anos, extratos de plantas Até a década de 70, pouco se sabia sobre o modo de ação dos AINEs Mecanismos centrais Hanzlick, 1926 (citado por Jurna, 1997) “Salicilatos são capazes de aliviar a dor por ação principalmente central” Woodbury, 1965 (Goodman & Gilman) “Salicilatos são capazes de aliviar alguns tipos de dor através de efeito depressivo seletivo sobre o SNC” Mecanismos periféricos Vane, 1971 Descoberta que a aspirina age inibindo a síntese de prostaglandinas Ferreira, 1972 e Ferreira et al, 1973 Sensibilização periférica das prostaglandinas voluntários saudáveisHistamina, bradicinina e PGE2 DOR INFLAMATÓRIA Ferreira, SH. Nature New Biol 1972, 240:200-3. Sensibilização periférica Em 1976, Hemler & Lands isolaram a ciclooxigenase (J Biol Chem 1976, 251:5575-9) Em 1991, Kujubu et al., identificaram as duas isoformas das ciclooxigenases (J Biol Chem 1991, 266:12866-72). Em 1992, Xie et al, descobriram primeiro inibidor específico da COX-2 (Drug Dev Res 1992, 25:249:65). FitzGerald G and Patrono C. N Engl J Med 2001;345:433-442 Cascata de produção de Prostaglandinas “Bolso Lateral” hidrofílico Canal Hidrofóbico Terminal N Terminal C contendo sítios ativos Arginina na 120 COX-1 COX-2 Terminal N Canal Hidrofóbico Isoleucina na posição 523 fecha a “bolso lateral” hidrofílico Valina (menor) na 523 abre a “bolso lateral” hidrofílico Arginina na 120 Terminal C contendo sítios ativos Kurumbail RG, et al. Nature 1996; 384: 644-8 Estruturas da COX-1 e COX-2 COX-1 Terminal N Grupo carboxílico do AINE forma “ponte salina” com Arginina na 120 Terminal C contendo sítios ativos AINE (flurbiprofeno) Grupo fenil aloja-se no canal hidrofóbico COX-2 Terminal N Grupo carboxílico do AINE forma “ponte salina” com Arginina na 120 Terminal C contendo sítios ativos AINE (flurbiprofeno) Grupo fenil aloja-se no canal hidrofóbico Kurumbail et al, Nature 1996; 384: 644-648 AINEs não seletivos - ligação não-específica na COX-1 e COX-2 Terminal N COX-1 Terminal C contendo sítios ativos A molécula não tem grupo carboxílico para ligar-se à Arginina na 120 Cadeia lateral lmpede a entrada no canal mais estreito da COX-1 Inibidor Específico da COX-2 - cadeia lateral inibe a entrada no canal mais estreito da COX-1 Kurumbail et al, Nature 1996; 384: 644-648 AINEs – efeitos anti-hiperalgésicos centrais e periféricos Os AINEs são agentes antinociceptivos potentes. Reduzem a dor em diferentes condições. Ação através da inibição da síntese de prostaglandinas tanto na periferia como no SNC. AINEs: analgésico – anti-hiperalgésico Diferenciação entre efeito central e periférico Efeito central e periférico Sítio de administração da droga o Sistêmica o Local o Intratecal Retirada e distribuição da droga do local de administração o Propriedades físico-químicas da droga o Mecanismos de transporte o Fluxo sanguíneo local e sistêmico o Permeabilidade da BHE à passagem do AINE Ranking de ação analgésica por mecanismo central Indometacina Cetorolaco Ibuprofeno AAS Paracetamol Malmberg & Yaksh, J Pharmacol Exp Ther 1992, 263: 136-46. Burian & Geisslinger, Pharm & Ther 2005, 107:139-54. sensibilização Ação periférica – sensibilização periférica Uso tópico Efeito periférico importante nas duas primeiras semanas (Lin et al, BMJ 2004, 329:324) Classificação química Inibição COX1/COX-2 Grau de acidez (absorção) Classificação dos AINEs Classificação dos AINEs Classificação dos AINEs Derivados do AAS paraaminofenol ácido indolacético derivados pirazolônicos ácidos pirrolacéticos ácidos propiônicos Aspirina paracetamol indometacina dipirona diclofenaco aclofenaco ibuprofeno naproxeno cetoprofeno flurbiprofeno Oxicams inibidores seletivos da COX-2 Piroxicam Tenoxicam Meloxicam Celecoxibe Etoricoxibe Parecoxibe Agente Dose Pico de efeito Duração Analgesia Antiinflamação Antipirese AAS 325-1000 (4 ou 6hs) 2 4-6 +++ +++ +++ Paracetamol 325-1000 (4 ou 6hs) 0,5-1 4-6 +++ 0 +++ Dipirona 0,5-2 (4-6hs) 2 4-6 +++ + +++ Indometacina 25-75 2 6-8 +++ +++ +++ Diclofenaco 50 (8hs) 0,6-1,6 8 +++ +++ +++ Naproxeno 250-500 (8-12hs) 2 8-12 +++ +++ ++ Cetoprofeno 50-100 (6-8hs) 1-2 6 ++ +++ + Piroxicam 20 (12-24hs) 2-4 >24 +++ +++ + Celecoxibe 200 (12/12h) 6-8 12 ++ ++ + Parecoxibe 40-80 (12/12hs) 6-8 24 +++ +++ + Etoricoxibe 60 (24hs) 12 24 +++ +++ + Principais mecanismos de ação AINEs: segurança Irritação gástrica Antipirese Retenção de sódio Insuficiência renal aguda Anticoagulação Efeitos no SNC Disfunção hepática Efeitos não antiinflamatórios dos AINEs Segurança gastrointestinal EUA: 16000 óbitos 100.000 internações/ano Após 2 meses de tratamento: Úlcera EED: 1 em 5 Sintomática: 1 em 68 Sangramento: 1 em 145 Óbito: 1 em 1220 Tramer et al, 2000; Pain 85:169-82 No Reino Unido 15% dos idosos eram usuários crônicos de AINE Nos EUA, 10% dos idosos pacientes institucionalizados eram usuários de AINE (prescrição médica) [18] Na Suécia, 17% da população idosa usa AINE 30% usa anti trombóticos 12% usa IRSS Seager, Hawkey. BMJ 2001; 323:1236-9. Lapane et al. JAGS 2001; 49:577-84. Ljung, Lgergren. Drugs Aging 2011; 28:469-76 Gastroduodenal prostaglandinas Muco e Bicarbonato Fluxo sanguíneo submucoso Renovação células endoteliais Imunidade celular da mucosa gástrica e duodenal Anti-COX-2 reduzem incidência de efeitos gástricos, porém dependente da dose COX-2 efeito favorável na cicatrização de úlceras Maior causa de morbidade associada aos AINEs. Entrada de ácidos fracos no intracelular pH, entrada de formas não ionizadas e transformação nas formas ionizadas lesão mitocondrial inibição da COX-1 com diminuição da PGE2 e PGI2 redução da secreção ácida estímulo da secreção de muco protetor efeito vasodilatador secreção de bicarbonato duodenal Irritação gástrica Ocorrem em sobredoses Nefrotoxicidade Hepatotoxicidade Trombocitopenia Efeitos colaterais e tóxicos CATEGORIAS DE EVIDÊNCIA NÍVEL GRAU DE RECOMENTADAÇÃO GRAU Metanálise ou RCT 1A Categoria 1 de evidência A Ao menos 1 RCT 1B Ao menos 1 estudo controlado sem aleatorização 2A Categoria 2 de evidência ou recomendação extrapolada da categoria 1 B Ao menos 1 estudo experimental 2B Estudos descritivos tais como estudos comparativos, casocontrole 3 Categoria 3 de evidência ou recomendação extrapolada das categorias 1 e 2 C Relato de experts ou experiência clínica de autoridades na área 4 Categoria 4 de evidência ou recomendação extrapolada das categorias 2 e 3 D • Recomendações em idosos: – AINEs não devem ser primeira escolha – Risco CV, renal e GI (Nível 3, Grau C) • Hipertensão arterial: – Medir e monitorar a PA após algumas semanas de início do AINE (Nível 1, Grau A) – Se houver aumento de PA após introdução do AINE, a dose do anti hipertensivo ou AINE deve ser modificada (Nível 1, Grau A) The Journal of Rheumatology, 2006; 33:1 Risco GI associado a AINEs: História prévia de sintoma GI (risco aumentado em 3x) Idade > 75 anos Uso de esteroides Não uso de AINEs nos últimos 30 dias Artrite reumatoide intensa Uso concomitante de Inibidores recaptação serotonina e aspirina Recomendações para uso de AINEs baseado em risco CV e GI CATEGORIA DE RISCO CV NENHUM OU BAIXO RISCO GI COM USO DE AINEs RISCO GI COM USO DE AINEs Nenhum risco CV Sem aspirina AINE não seletivo Inibidor de COX-2 seletivo ou COX não seletivo + IBP; COX-2 seletivo + IBP para pacientes com sangramento GI Risco CV Com aspirina Naproxeno ; adicionar IBP se risco de aspirina + AINE induz risco GI que mereça proteção GI IBP independente do AINE; Naproxeno se o risco CV supera o risco GI; Inibidor de COX-2 seletivo + IBP para pacientes com história de sangramento GI Analgésicos não opioides Analgésicos não opioides Dipirona Paracetamol Dipirona Mecanismos de ação Mecanismos centrais Inibição de prostaglandinas no SNC (corno dorsal da medula) Mecanismos periféricos Ativação de canais de K+ Bloqueio do influxo de Ca++ Dipirona Sódica Derivado pirazolônico Analgésico, antiespasmódico, antitérmico e anti inflamatório. Dose: 30 mg/Kg Dose máxima diária: 8g. Hepatopatas, nefropatas e cardiopatas. *Analgesia dose-dependente. Dipirona Lançada em 1922 pela Hoechst Presente na maior parte dos países da União Europeia e América Latina Proibida nos EUA, Reino Unido, Suécia e India Riscos de agranulocitose Paracetamol Metabólito liga-se ao glutation hepático. Hepatopatas (hepatites, cirrose, etilistas, metas hepáticos) queda da reserva de glutation. Ligação com proteínas do hepatócito e morte celular, até necrose hepática fulminante. Dose: 2-3g/dia. * Restrição em hepatopatas Efeito analgésico e antipirético Ação sobre prostaglandinas centrais Absorção intestinal Paracetamol Paracetamol Mecanismos de ação Mecanismos centrais Inibição de PGs Mecanismos periféricos Inibição de PGs Droga Dose Via de administração Dipirona 15 a 30 mg/kg Oral ou venosa Paracetamol 7 a 15 mg/kg Oral
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