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Organização: Érica Marina APOSTILA DE CONFORTO ACÚSTICO Organização: Érica Marina IMPORTÂNCIA DO TEMA: O crescimento desordenado dos núcleos urbanos, o advento das novas tecnologias da construção civil, questões de ordem cultural, etc., têm provocado um aumento acentuado de questões relacionadas ao conforto acústico. É crescente o número de reclamações quanto às questões de ruído urbano, especificamente no tocante ao número excessivo de veículos trafegando pelas ruas, casas noturnas e até mesmo igrejas ou templos. Algumas vezes ouvimos depoimentos de pessoas que dizem ter se "acostumado" com tais ruídos próximos às suas residências e/ou locais de trabalho, quando na realidade estão sofrendo a perda de sua sensibilidade auditiva. Também as construtoras e incorporadoras começam a se preocupar com o ruído de impacto de sapatos nas lajes de entrepisos de um edifício, bem como a transmissão de ruídos através dos poços de ventilação de banheiros, do fluxo de líquidos em tubulações hidráulicas e tantas outras situações. Portanto a acústica arquitetônica não é matéria apenas para teatros, igrejas, cinemas, estúdios, entre outros que exigem alto desempenho acústico. É matéria do nosso dia-a-dia: salas de aula, escritórios, grupos geradores de energia e até o impacto da chuva no telhado. Passa a ser necessário, simultaneamente com o projeto de arquitetura de edifícios, estruturas portantes, instalções prediais, tratamento térmico etc. SOM - CONCEITO O som é toda vibração ou onda mecânica gerada por um corpo vibrante, passível de ser detectada pelo ouvido humano. A partir da fonte, o som se propaga em todas as direções, segundo uma esfera. Entretanto, dependendo da fonte sonora, pode haver uma maior concentração de energia em um determinado sentido evidenciando-se assim seu direcionamento. Frequência: número de oscilações (ou ciclos) por unidade de tempo (período) Organização: Érica Marina FREQUÊNCIA Observa-se pelos gráficos que a frequência (expressa em ciclos por segundo ou Hertz) é inversamente proporcional ao período (expresso em segundos): f=1/T Infrassons Abaixo de 20Hz Não perceptíveis ao ouvido humano Baixas frequências De 20 a 200 Hz Sons graves Médias frequências De 200 a 2.000 Hz Sons médios Altas frequências De 2.000 a 20.000 Hz Sons agudos Utrassons Acima de 20.000 Hz Não perceptíveis ao ouvido humano VELOCIDADE DO SOM O som requer um meio qualquer para se propagar: sólido, líquido ou gasoso (não se propaga no vácuo). Velocidade do som (C): diretamente proporcional à densidade do meio: A velocidade de propagação do som: É diretamente proporcional à temperatura É diretamente proporcional à umidade Não sofre influência da pressão atmosférica Organização: Érica Marina Não varia com a frequência COMPRIMENTO DE ONDA É a distância percorrida pela onda sonora segundo um ciclo completo de pressão/depressão (em metros). INTENSIDADE DO SOM É a energia com que o som chega ao receptor, energia essa que não altera a frequência do som, medida em dB (decibéis). Organização: Érica Marina A intensidade do som é popularmente conhecida como “volume” e na tabela abaixo tem algumas referências de medidas de intensidade em decibéis: PERCEPÇÃO HUMANA DO SOM A percepção humana do som não é uma relação linear com a intensidade, depende também da frequência. O ouvido humano não percebe sons de frequências diferentes de forma igual. A membrana basilar apresenta diferentes níveis de percepção ao longo de sua extensão, segundo uma gama de faixas de frequências que pode oscilar, de pessoa para pessoa, entre 20Hz e 20.000Hz, tendo em sua região mediana a percepação em 1.000 Hz. Se para existir um som, é necessário uma variação da pressão do meio ambiente. A partir de resultados de experiências sobre a sensibilidade do ouvido humano à pressão sonora. Fletcher e Munson construíram curvas de variação dessa sensibilidade em função da frequência dos sons, as curvas isofônicas: As curvas isofônicas ou curvas isoaudíveis que determinam um mesmo nível de percepção média de acordo com o ouvido humano. Elas relacionam logaritimamente a intensidade do estímulo sonoro pela frequência. Percebe-se que a sensibilidade do ouvido é menor nas baixas frequências e maior nas altas. Observa-se também que os tons mais baixos ou graves (frequências menores) requerem mais energia do que os tons médios para serem escutados com a mesma força, e que estes, por sua vez, requerem menos energia que os altos ou agudos (frequências maiores). Organização: Érica Marina MASCARAMENTO DO SOM Consiste na sobreposição de sons, ou seja, dois ou mais sons percutem ao mesmo tempo no mesmo ambiente e se "embaralham", dificultando sua identificação. Nesses casos, o som de maior intensidade sobrepõe-se ao de menor intensidade. se a - z < 15dB: embaralhamento se a - z > 15dB: mascaramento; maior sobrepõe-se ao menor Organização: Érica Marina SOBREPOSIÇÃO DE SONS - ACRÉSCIMO DEVIDO À SOBREPOSIÇÃO Como grandezas logarítmicas que são, não se pode somar decibéis linearmente. ATENUAÇÃO DO SOM DEVIDO À DISTÂNCIA Se ao dobrarmos a distância com relação à fonte, percebemos uma atenuação do ruído da ordem de 6dB. Da mesma forma, ao reduzirmos a distância à metade da original, perceberemos um acréscimo da ordem de 6 dB. Organização: Érica Marina RUÍDO: som indesejável Efeitos físicos: Perda auditiva, dores de cabeça, fadiga, distúrbios cardiovasculares, distúrbios hormonais, disfunções digestivas, alergias, entre outros. Efeitos Psicológicos: perda de concentração e de reflexos, irritação permanente, perturbações do sono, sensação de insegurança, entre outros. subjetivo: ruído pra quem? fontes geradoras problemas acústicos educação Definições Ruídos Questões subjetivas: interesse do receptor preferências pessoais Fontes: transportes rodoviários e aéreos, indústrias e algumas atividades de recreação (ginásios e quadras de esportes) Hora do dia importa devido à ausência de sons mascarantes em horários noturnos. Questões absolutas britadeira tráfego veículos o tipo do veículo o velocidade/pista Tipos de ruídos: contínuos intermitentes aéreos de impacto Ruído de fundo Ambientes urbanos têm como uma de suas características a presença do que se denomina ruído de fundo, que tende a ser mais intenso durante o dia e menos intenso nos horáiros da madrugada. Para que um som possa ser ouvido, é necessário que seu nível de intensidade esteja acima do nível de intensidade do ruído de fundo. Materiais resilientes ou estruturas descontínuas para amortecer as vibrações e ruídos de impacto. LEGISLAÇÃO “É proibido perturbar o sossego e o bem-estar público da população pela emissão de sons e ruídos por quaisquer fontes ou atividades que ultrapassem os níveis máximos de intensidade” (Lei nº 4.092) áreas comerciais o 60dB dia o 55dB noite Organização: Érica Marina áreas industriais o 70dB dia o 60dB noite áreas residenciais o 50dB dia o 45dB noite áreas rurais o 40dB dia o 35dB noite Mascarando um ruído som - ruído < 10dB o inteligibilidade inaceitável som - ruído > 20dB o boa inteligibilidade som - ruído > 30dB o excelente inteligibilidade Normas NBR 10151 - Avaliação de ruídos em áreas habitadas NBR 10152 - Niveis de ruído para conforto acústico NBR 12179 - Tratamento acústico em recintos fechados Consequências físicas e psicológicas perda parcial/ total da audição distúrbios do sistema nervoso, vascular e hormonais dores de cabeça, fadiga, cansaço stress / irritabilidade distúrbios do sono Organização: Érica Marina Organização: Érica Marina Medição / Equipamentos: Decibelímetro - medidor de nível sonoro Resposta lenta (slow): ruído médio Resposta rápida (fast): picos de ruído PROPRIEDADES DO SOM: Som nas superfícies Ao dar forma e volume aos espaços, o arquiteto tem como elemento básico de trabalho a superfície. As formas e os materiais adotados têm influência no comportamento do som, determinando o desempenho acústico do ambiente. Por isso, é essencial o conhecimento das propriedades sonoras que influenciam a qualidade do espaço, para que o ambiente projetado cumpra sua função acústica. Na natureza, todo e qualquer material responde acusticamente conforme seguinte: Quando uma onda sonora incide sobre um obstáculo, gera três situações distintas: uma parte dela é transmitida através do material, outra parte é absorvida pelo obstáculo e o restante é refletido. MATERIAIS ABSORVEDORES Se um material retém uma quantidade maior de ondas sonoras, transformando-as em energia térmica, dizemos que ele tem boa absorção acústica. MATERIAIS REFLETORES Se o material reflete grande parte da energia sonora incidente, evitando que ela seja transmitida de um meio para o outro, caracteriza-se como um bom isolante acústico. De acordo com esse conceito, podemos concluir que um material que reflita uma grande parte das ondas sonoras será um bom isolante, e consequentemente, um mau absorvente, valendo o mesmo raciocínio para uma situação inversa: se uma onda for absorvida em grande parte por um material, pouco restará para ser refletido ou transmitido. Organização: Érica Marina MATERIAIS ABSORVEDORES X MATERIAIS REFLETORES Materiais absorvedores permitem absorção, mas eles podem transmitir o som. Os materiais refletores acabam sendo transmissores por conta da vibração. Só haverá um bom isolante se um material cobrir a carência do outro. MELHORIA DO ISOLAMENTO: Aumento da massa. Câmara de ar: mesma massa dividida em duas camadas com uma câmara de ar intermediária diminui 5dB Sanduíche: massa/ mola/ massa AUMENTO DA MASSA: A duplicação da massa de um determinado material não implica em dobrar seu índice de isolamento acústico, mas somente lhe conferirá um acréscimo de 6dB de isolamento. EFEITO MASSA/ MOLA/ MASSA Um aspecto relevante no que diz respeito à capacidade de isolamento acústico de sistema de materiais, consiste em gerarmos espaços vazios em seu interior, ou ainda preenchidos com material absorvente acústico, conforme demonstrado a seguir: Organização: Érica Marina Observações: Quanto maior a massa da mola, maior a capacidade de isolamento acústico; Quanto maior o afastamento entre as placas externas, melhor o isolamento acústico obtido às baixas frequências. SISTEMAS ISOLANTES: Blocos de concreto ou cerâmico tem o mesmo isolamento de 38 dB. Um drywall (9,5cm) tem a mesma capacidade de isolamento de 38dB. O problema é que o drywall é afixado em perfis metálicos e esse isolamento só funciona se o drywall for bem executado. Com uma lã mineral entre as camadas, aumenta para 44 a 46dB. Uma alvenaria de concreto maciça de uns 20cm isola uns 60dB. Um drywall para isolar o mesmo eu essa alvenaria de concreto teria 14cm com lã mineral aplicada entre as placas. Em geral o perfil metálico funciona como fonte acústica. Isso seria diminuído se o perfil metálico fosse isolado por uma borrachinha para não transmitir o som por entre as laterais de drywall. O drywall deve ir até a laje, senão o forro funciona como transmissor de ruídos. Isolamento para parede existente - ruído aéreo: - lã mineral e gesso - camada de ar e MDF Colocar o sistema isolante do lado (da parede) da fonte a ser isolada. Isolamento para parede existente - ruído de impacto: - Manta emborrachada (base elástica) entre a laje e o contrapisou ou entre piso e contrapiso. Cuidado com material de isolamento acústico: ser anti-incêndio. Ex: Boate Kiss. Tubulação hidráulica (3 mm de espessura) e tubulação de ar condicionado: envelopamento (fibra ou manta). Organização: Érica Marina ATENUAÇÃO Ruído branco: combinação simultânea de sons de todas as frequências. Ex. Tv fora do ar, ventilador Por conter sons de todas as frequências, o ruído branco é frequentemente empregado para mascarar outros sons. Acredita-se ainda que o ruído branco quando ouvido em volume baixo seja relaxante e por isso ele costuma ser utilizado em consultórios dentários e clínicas de psicologia para acalmar os pacientes. Pode ser usado também para acalmar bebês recém-nascidos. Ruído rosa: combinação simultânea de sons de todas as frequências sendo as mais baixas mais potentes. Ex. chuva, cachoeira, batimento cardíaco Em termos de aplicações, o ruído rosa é frequentemente usado para testar e igualar alto-falantes em salas e auditórios. Nos últimos anos, o ruído rosa também se tornou popular em ambientes de negócios - o ruído pode mascarar o som de fundo de baixa frequência, que pode ajudar a aumentar a produtividade e concentração entre os funcionários. Ruído marrom: Ex. som do mar Além de ser um excelente eliminador do barulho externo o ruído marrom ajuda a "melhorar a cognição" quando seu uso é feito regularmente. O ruído marrom é um som com frequências tais que podem nos tranquilizar. Ele é indicado para pessoas que desejam um aumento da concentração, para estudar sem se distrair, seu som é agradável e é considerado o ruído de cor mais tranquilizante entre todos. COMPORTAMENTO DO SOM O comportamento do som sobre uma superfície assemelha-se ao da luz, desde que considerando que os comprimentos de ondas sonoras são, relativamente, menores que os da luz. Assim, na maioria das vezes, o som que nosso ouvido percebe é a composição do som direto (aquele que parte diretamente da fonte e chega ao receptor sem influência das superfícies) e as subsequentes reflexões sofridas pela onda sonora em um ambiente. Dessa maneira, as diversas reflexões reforçam o som direto. Para efeito de representação, são substituídas as ondas por raios sonoros, do mesmo modo que para a luz, o raio sonoro refletido tem seu ângulo em relação à superfície igual ao de incidência, como se sua origem fosse sua imagem em um espelho. Organização: Érica Marina FENÔMENOS ACÚSTICOS Reflexão do som Para que a reflexão sonora ocorra, é necessário que o espelho acústico (a superfície que reflete) tenha sua superfície maior que o comprimento de onda do som emitido. Isso significa que os sons de alta frequência, portanto de pequeno comprimento de onda, tendem a sofrer reflexões mais comumente que os de baixa frequência, cujos comprimentos de onda são maiores, se comparados às superfícies arquitetônicas. Assim, um som de alta frequência é facilmente refletido por pequenos objetos, provocando sombras acústicas nas regiões imediatamente posteriores a esses objetos. Em projetos, esse fato deve ser muito bem observado, para que os lugares onde há interesse na recepção sonora não sejam prejudicados pelas sombras acústicas. Por outro lado, esses sons são capazes de atravessar pequenas aberturas, sem que o raio sonoro seja influenciado pelo obstáculo. A reflexão, quando explorada arquitetonicamente, por meio de formas e direcionamento apropriados de espelhos acústicos, é um excelente instrumento para permitir o reforço e a distribuição sonora, aumentando a intensidade e a homogeneidadedo som no ambiente. Em auditórios, esse recurso é muito utilizado, pois como o som direto tende a perder sua intensidade, principalmente para os lugares mais afastados da fonte, os espelhos acústicos colaboram na intensificação do nível sonoro. Enquanto os raios sonoros tendem a se concentrar ao serem refletidos por uma superfície côncava, as superfícies convexas tendem a difundi-os. A difusão corresponde ao espalhamento dos raios sonoros, de forma que a área de abrangência dos raios refletidos é maior que aquela promovida por uma superfície plana. Para uma onda sonora de mesma intensidade, essa maior abrangência dos refletores convexos, em contrapartida, resulta em uma onda sonora refletida de menor intensidade que Organização: Érica Marina aquela promovida por um refletor plano, porque a área de distribuição da energia sonora torna-se maior. Trata-se também de um valioso instrumento para o arquiteto, uma vez que é possível projetar espelhos acústicos difusores, porém sua curvatura nunca deve ser exagerada, para que a perda de energia não seja muito acentuada. Superfícies convexas difusão Superfícies côncavas concentração Refração do som Recebe o nome de refração a mudança de direção que uma onda sonora sobre quando passa de um meio de propagação para outro. Essa alteração de direção é causada pela brusca variação da velocidade de propagação que sobre a onda. Organização: Érica Marina Ressonância do som do som Vibração de determinado corpo por influência da vibração de outro, na mesma faixa de frequência. Superfícies rígidas de pequenas massas, ao vibrarem por essa influência, tendem a se quebrarem. Quando a frequência de uma fonte provoca a vibração de outra, ocorre ressonância (exemplo típico: vibração de um copo de cristal ao sofrer a interferência de um som agudo). Como cada objeto, superfície ou material tem sua capacidade de vibrar em determinadas faixas de frequência, é muito comum que ocorram ressonâncias em edificações, em razão de coincidências entre as frequências de suas superfícies e as da fonte sonora. A propriedade da ressonância foi explorada nos teatros romanos para aumentar o tempo de permanência do som no ar, por meio da aplicação de ressonadores de bronze distribuídos pela plateia. Difração do som Consiste na propriedade que uma onda sonora possui de transpor obstáculos posicionados entre a fonte sonora e a recepção, mudando sua direção e reduzindo sua intensidade. Como as superfícies devem ser grandes em relação ao comprimento de onda, para que atuem como refletoras, no caso dos sons de baixa frequência, é mais comum que ocorra, em vez da reflexão, o fenômeno da difração. A onda sonora se comporta como se o objeto apenas redirecionasse sua propagação e contorna o obstáculo. As arestas do objeto atuam como um novo centro de propagação, de forma que a onda sonora se recombina, como se o obstáculo fosse uma nova fonte, e continua sua propagação. Organização: Érica Marina Organização: Érica Marina Difração - Sons graves Difração - Sons agudos Reverberação Consiste no prolongamento necessário de um som produzido, a título de sua inteligibilidade em locais mais afastados da fonte produtora. Isso se dá basicamente em recintos fechados. Esse prolongamento deverá ser maior quanto maior for a distância entre a fonte e a recepção, ou ainda, quanto maior for o volume interno do recinto. Em um ambiente fechado, onde ocorrem múltiplas reflexões sonoras, manifesta-se também o fenômeno da reverberação. Ao cessar a emissão da fonte sonora, as sucessivas reflexões ainda podem ser percebidas como um prolongamento do som, fazendo com que sua extinção no ambiente não ocorra imediatamente, mas sim após um determinado intervalo de tempo, chamado de reverberação. Na prática, o tempo de reverberação corresponde a uma queda de 60dB no nível sonoro. Cada ambiente terá seu tempo de reverberação próprio, em função de seu volume e da composição de seus materiais de revestimento. Organização: Érica Marina É fácil observar a ocorrência da reverberação, se for considerada a emissão de um fonte sonora (voz humana) em um campo aberto, isento de superfícies verticais, e se for comparada a mesma fonte sendo emitida no mesmo terreno, porém dentro de uma edificação. Por influência das reflexões, o som percebido será de maior intensidade, apesar de a potência da fonte continuar a mesma, e o estímulo sonoro será percebido por um período de tempo mais longo. Percepção do ouvido = Som direto + Sons refletidos QUEDA DE INTENSIDADE SONORA d 01 < d 02 < d 03 T 01 < T 02 < T 03 A queda de intensidade sonora ocorre em decorrência da distância bem como em função da absorção sonora dos materiais. Ao incidir sobre uma superfície, parte da energia sonora é refletida, enquanto outra parte é absorvida pelo material. Normalmente, quanto mais poroso o material, maior a absorção. Quanto maior o número de reflexões sofridas por um raio, menor sua intensidade. Assim como os materiais, as pessoas também agem como elementos absorvedores sonoros; por isso, no caso de espaços como auditórios, grande parte da absorção sonora se deve à presença da plateia. A absorção sonora dos materiais é nitidamente percebida quando, por exemplo, distribui-se móveis em um ambiente. Enquanto com o ambiente vazio pode- se notar reflexões excessivas, tornando o som confuso, com o ambiente ocupado por móveis essas reflexões passam a ser absorvidas por eles, facilitando a inteligibilidade sonora. Organização: Érica Marina Eco O eco é um fenômeno que acontece quando o som, refletido por uma ou mais superfícies, retorna a um mesmo receptor num intervalo de tempo maior que 1/30* do segundo. A vibração sonora que chega ao receptor é a composição do som direto e suas reflexões. O intervalo de tempo que existe entre a chegada do raio sonoro direto e a chegada dos raios refletidos é decorrente da distância percorrida por cada um desses raios. Como, normalmente, o raio direto percorre menor distância, é o primeiro a alcançar o receptor. Se a distância percorrida pelo raio direto é muito menor que a do raio refletido (diferença entre as distâncias maior que aproximadamente 11 metros), de forma que intervalo de tempo entre as chegadas seja maior que 1/30* de segundo, o ouvido humano percebe como se fossem sons separados, provocando o defeito acústico chamado eco. Caso contrário, a percepção do ouvido será como se fosse apenas um som. Superfícies côncavas também podem causar o efeito de eco, uma vez que promovem a concentração de reflexões num mesmo ponto. Por esse motivo, quando projetadas para um ambiente, estas devem ser devidamente analisadas para que não se tornem prejudiciais à função acústica do espaço. Normalmente, desde que a área de recepção sonora esteja afastada da região de focalização dos raios, o eco não é percebido. Desde que nem a fonte nem o receptor estejam dentro da projeção do círculo que contém a superfície côncava, a reflexão dessa superfície é acusticamente aceitável e pode agir como dispersora do som. *OBS: Régio Paniago Carvalho usa 1/30 de segundo enquanto Souza (et alli) do Beabá da Acústica Arquitetônica usa 1/15 de segundo. Organização: Érica Marina Reverberação /Eco A diferença entre reverberação e eco é, basicamente, a percepção do som com embaralhamento (reverberação) ou a repetição nítida (eco). Eco Palpitante (Flutter Echo) O eco é classificado como palpitante quando se observam sucessivas reflexões entre paredes paralelas de uma sala, por exemplo. Superfícies paralelas opostas e refletoras Ondas estacionárias Este fenômeno,de ocorrência também em recintos fechados, consiste na superposição de duas ondas de igual frequência que se propagam em sentidos opostos. Com a sobreposição, a coincidência dos comprimentos de onda faz com que seus nós e seus ventres ocupem alternadamente as mesmas posições, produzindo a sensação de desconforto auditivo conhecida como onda estacionária. Organização: Érica Marina Sendo o ambiente composto por superfícies paralelas refletoras, para as frequências cujo comprimento de onda são menores que as distâncias entre as superfícies, é possível haver maior prolongamento do tempo de reverberação, em razão da ocorrência do fenômeno chamado ondas estacionárias, que correspondem a uma superposição de ondas sonoras que se deslocam em direções opostas. Essas ondas podem ser consideradas defeitos acústicos, pois provocam distorções do som, de forma a haver uma grande diferença de intensidade, conforme o posicionamento do receptor no ambiente. Como as ondas, nesse caso, sobrepõem-se, percorrendo direções opostas, existem regiões do ambiente onde a viração é nula, ou pelo fato da coincidência da fase de pressão normal (compressão nula) das ondas, ou por estarem em fases contrárias (compressão, para uma, e rarefação, para outra). As fases contrárias acabam se anulando acusticamente. Em contrapartida, existem lugares em que as fases de compressão ou de rarefação são coincidentes, somando-se e causando a percepção de um som mais intenso, ou seja, locais em que podem estar lado a lado, mas para os quais, um pequeno deslocamento do receptor pode representar o dobro ou a anulação da intensidade sonora. FORMAS E MATERIAIS DO AMBIENTE INTERNO Problemas da acústica de salas podem ser evitados se a concepção do projeto considerar a influência da forma e dos materiais na propagação do som. Quando a acústica é um parâmetro determinante do projeto desde a sua base de levantamento de dados, (escolha do terreno, relações acústicas entre projeto e entorno, distribuição das atividades e ambientes, isolamento e isolação do projeto) equivalem cronologicamente às diversas etapas projetuais do arquiteto. Após essas etapas, segue a determinação da forma e dos materiais acústicos. Esta é uma das etapas mais importantes para a acústica arquitetônica, correspondendo à composição do ambiente interno, em que são estudados não só os aspectos formais, mas também a reverberação do som no ambiente. Relembrando as propriedades do som Conforme as propriedades do som em ambientes fechados, diferentemente da propagação ao ar livre, é refletido pelas superfícies que compõem o ambiente. O som percebido pelo ouvinte é resultante do raio sonoro direto e dos refletidos. Ao encontrar uma superfície, o som é refletido, absorvido ou transmitido em proporções que dependem da dimensão, da forma e do material dessa superfície. Organização: Érica Marina Se ela tem dimensões maiores que o comprimento de onda, o som é refletido; caso contrário, o som sofre difração, que é mais pronunciada para sons de baixa frequência, pois apresentam maiores comprimentos de onda. A direção dos raios refletidos é influenciada pela forma da superfície, ou seja, analogamente à luz, o ângulo de reflexão é igual ao de incidência (Lei da reflexão). Assim, a reflexão de superfícies côncavas resulta na concentração de raios sonoros, enquanto as superfícies convexas tendem a difundi-los, O nível sonoro dos raios refletidos equivale à porcentagem de energia sonora que não é absorvida pelo material da superfície. Como resultado da interação com formas, dimensões e materiais, a energia sonora se distribui pelo ambiente, e os raios adquirem direções. Quando a onda sonora se distribui em todas as direções, por todo o ambiente, com igual energia, diz- se que a sala tem boa difusão. A boa difusão é uma característica desejada acusticamente para as salas. Superfícies de tetos, pisos, paredes, além de objetos e móveis, são responsáveis pela forma como o som se difunde, influindo na uniformidade do campo sonoro. Se a pressão sonora é igual por todo o ambiente, o campo é homogêneo, com distribuição uniforme do som. Na prática, o som direto emitido pela fonte decai com a área de expansão, e o som que permanece no ambiente, como consequência das sucessivas reflexões, é o som reverberante. Isso significa dizer que, perto da fonte, predomina o campo do raio direto e, longe dela, o campo reverberante. A reverberação é, portanto, o resultado de reflexões da fonte sonora, ocorridas uma ou mais vezes no ambiente. Quando a pressão sonora é gerada em um ambiente, ela cresce gradualmente até se estabilizar e, ao cessar a emissão da fonte, é necessário que decorra um espaço de tempo até que o tom se torne inaudível. Esse tempo decorrido para que um som deixe de ser percebido após cessada a emissão da fonte, chamado tempo de reverberação, é uma das principais características para o desempenho acústico de uma sala. Ele depende não só da frenquência sonora, mas também do volume e da absorção total do ambiente. O tempo de reverberação no ambiente corresponde ao tempo que o som leva para sofrer uma queda de 60dB depois de cessada a fonte. O tempo de reverberação adequado depende do tipo e dos objetivos da sala. Considerações importantes Em geral, os requisitos necessários para que o bom desempenho acústico de uma sala ocorra correspondem a: boa inteligibilidade do som ausência de interferências de ruídos externos sobre o som de interesse distribuição sonora uniforme difusão sonora tempo de reverberação adequado. Para casos em que a fonte sonora de interesse é a potência limitada em relação ao volume da sala, como no caso de auditórios e teatros com grandes audiências, o reforço sonoro por meio de equipamentos de amplificação também corresponde a um requisito acusticamente indispensável. Enquanto salas destinadas a auditórios, conferências, aulas ou peças teatrais têm como fonte sonora a palavra falada, para as salas de concerto, orquestras e óperas, a fonte sonora é a música. Essas fontes diferenciam-se pela potência, frequência e pelo nível de intensidade, determinando diferentes prioridades e níveis para os requisitos citados. Enquanto para a palavra falada a propagação e o decaimento sonoros são importantes, para a música, o crescimento e a sequência das reflexões sonoras também são essenciais. Organização: Érica Marina O ouvinte apresenta diferentes exigências acústicas para a palavra falada e para a música. Por um lado, para a música, as exigências estéticas da plateia são maiores: por outro, para a palavra falada, a inteligibilidade é indispensável. A questão da inteligibilidade da palavra muitas vezes se relaciona a aspectos quantitativos, porém, para a música, uma grande influência de aspectos subjetivos é encontrada. A inteligibilidade da voz humana depende da recepção clara de sons, que muitas vezes são de curta duração, enquanto a música apresenta sons que são sustentados por uma fração de tempo mais prolongada. A potência da voz humana é limitada, com valores médios de 34 mwatts para o homem e 18mwatts para a mulher. Níveis sonoros de 30dB e 60dB e frequências entre 200 Hz e 6.00Hz são encontrados. Para a música, com o grande número de instrumentos existentes, a variação do nível de intensidade e de frequência é muito grande, podendo ser a fonte do um único instrumento ou uma grande orquestra. A intensidade pode variar de 30dB a níveis acima de 80 dB e apresentar uma faixa de frequência mais larga que para a palavra falada, conforme o instrumento. Tratamento acústico Tratar acusticamente um ambiente consiste basicamente em: Dar-lhes boas condições de audibilidade, seja através das absorções acústicas dos revestimentos internos (pisos, paredes, tetos e outros componentes)e/ou em função da geometria interna (direcionamento das reflexões internas); Bloquear os ruídos externos que porventura possam vir a perturbar a boa audibilidade do recinto; Bloquear os possíveis ruídos produzidos no recinto de tal sorte que não perturbem o entrono. Não se tratam acusticamente somente recintos fechados, mas também, na medida do possível, espaços abertos, ao ar livre, como, por exemplo, conchas acústicas. Pré-requisitos Necessidades locais Terreno Relação com o entorno Liberdade plástica Impacto local Acessibilidade externa Dimensionamento da plateia e foyer Dimensionamento de camarins e espaços auxiliares Equipamentos complementares (restaurantes, cafés) Rotas de fuga, circulações Acessibilidade interna Acústica Análise dos ruídos externos Influência do ruído interno no entorno Relação entre caixa cênica e espaços adjacentes Capacidade de Ocupação/ Lotação Organização: Érica Marina Tipologia / Posicionamento do palco e plateia Acústica – dimensionamento: Isolamento do espaço Isolamento dos equipamentos geradores de ruído Tratamento das aberturas de acesso Materiais utilizados dentro da caixa cênica Operação dos sistemas acústicos INICIAR O PROJETO ACÚSTICO COM CÁLCULO DO TEMPO DE REVERBERAÇÃO (TR) Roteiro de cálculo: Calcular o volume interno V em m³ do espaço Encontrar o TR ideal, em função do volume e características de uso do espaço Usando a fórmula de Sabine encontrar TR do espaço sem tratamento acústico Fórmula de Sabine: O denominador ∑Sα será calculado pela montagem de uma tabela conforme abaixo: Cada superfície tem um material (que deve ser listado) e um tamanho (m2). Então o coeficiente de absorção (α) do material da superfície deve ser consultado nas tabelas do capítulo 4 – pgs 59 a 74.(considerar os valores para 500Hz). Exemplo: consultando uma parede de alvenaria – α=0,02 Organização: Érica Marina Preenchendo as colunas S(m2) e α, basta multiplicar uma pela outra e fazer a soma (∑Sα). Exemplo de tabela começada (preenchimento): O valor encontrado no fim da tabela como ∑Sα é colocado na fórmula, junto com o volume V da sala e já é possível encontrar o Tempo de reverberação desse espaço. Esse valor deve ser comparado com o tempo ótimo de reverberação do espaço, consultando a tabela abaixo: Organização: Érica Marina Se der discrepância entre o TR encontrado e o TR ótimo encontrado na tabela, tratar as superfícies ou alterar o volume para aumentar ou diminuir a absorção buscando atingir o tempo ótimo de reverberação. BIBLIOGRAFIA: Aulas da Disciplina Conforto Ambiental III – Profa. Luciana Pagnano SOUZA; ALMEIDA; BRAGANÇA. Be-a-Bá da Acústica Arquitetônica. CARVALHO,Régio Paniago. Acústica Arquitetônica
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