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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Sociologia Organizacional Aula 6 Prof. Luciano Stodulny Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Nesta aula, iremos estudar algumas características relacionadas à mudança social. Você já pensou como a sociedade muda de forma dinâmica que muitas vezes não percebemos isso? Novos conflitos e estruturas surgem em um jogo de interesses. Contextualizando A dinâmica da sociedade reorganiza os vários atores em torno de processos para repensá-la, a fim de torná-la melhor, distribuindo de forma igualitária seus recursos e envolvendo os excluídos para promover uma sociedade inclusiva. Vamos entender mais como a sociedade funciona? Tema 1: A Contemporaneidade A revolução social no mundo contemporâneo promovida pela internet passa a ser tema da sociologia organizacional, pois redefine nossa sociedade a partir de um novo modelo de organização. A revolução tecnológica afeta radicalmente o compartilhamento de informações e o conhecimento entre os indivíduos, porém há dúvidas sobre como essas novas tecnologias contribuem para melhorar a sociedade. Nada nos últimos tempos tem se mostrado tão inovador quanto as novas possibilidades de relações sociais conectadas pela internet. A sociologia ainda busca explicações significativas para tal fenômeno. Estudiosos de diferentes áreas do conhecimento desenvolvem pesquisas sobre os efeitos positivos e negativos das novas tecnologias no nosso dia a dia, em especial na organização da sociedade e no processo de formação dos indivíduos. https://www.youtube.co m/watch?v=sqoxRynXxyg Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 Quando observamos essa revolução social na comunicação será que podemos realmente falar em vitimização? Homens e mulheres, velhos e crianças diminuíram a comunicação pessoal por causa do uso da internet. Ou o que ocorre é o contrário disso? Para respondermos essas perguntas, vamos estudar a contribuição da sociologia para compreender melhor o impacto das novas tecnologias sobre a nossa vida social. Podemos assim dizer que seguramente o impacto da revolução cibernética dos últimos tempos nas relações sociais também produz uma nova cultura, a chamada cultura digital. Um dos seus aspectos mais marcantes é a relação do homem com os vários ambientes virtuais que o cercam. Esses ambientes também são conhecidos como interfaces, pois se colocam entre os indivíduos e o que eles desejam obter. Elas têm o poder de prender a atenção, por exemplo, a TV se popularizou nos Estados Unidos (EUA) a partir dos anos 60 e no Brasil dos 70, porém nada se compara à popularização dos PCs (computadores pessoais) na década de 80 nos EUA e no Brasil no fim dos anos 90. Na Era digital tudo é interativo, prático e rápido e é esse processo que nos fascina, a possibilidade de realizarmos inúmeras tarefas de forma simultânea e História da internet A rede mundial de computadores, ou internet, surgiu em plena Guerra Fria. Criada com objetivos militares, seria uma das formas das forças armadas norte-americanas de manter as comunicações em caso de ataques inimigos que destruíssem os meios convencionais de telecomunicações. Nas décadas de 1970 e 1980, além de ser utilizada para fins militares, a internet também foi um importante meio de comunicação acadêmico. Estudantes e professores universitários, principalmente dos EUA, trocavam ideias, mensagens e descobertas pelas linhas da rede mundial. HISTÓRIA da internet. Sua Pesquisa.com. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/internet>. Acesso em: 5 ago. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 global, com uma comunicação antes inimaginável, superando distâncias e levando cada vez mais crianças, jovens e adultos a trocarem a comunicação face a face pelos espaços virtuais. Anteriormente, com a TV e o telefone, não era cogitada a substituição da comunicação pessoal de forma física pelas virtuais, nem imaginado que uma parcela significativa da sociedade fosse usar seu tempo para ficar por horas na frente de um aparelho a fim de conhecer, comunicar e trocar informações com os outros indivíduos. Hoje, porém, essa realidade se torna verdade, as pessoas são hipnotizadas pelo mundo virtual que se descortina pela internet. Muitas delas consideram as relações estabelecidas com outros grupos pela internet mais relevantes que as do mundo real. É cada vez maior o número de indivíduos que se dedica a explorar os espaços virtuais, substituindo as relações reais ou mesmo o incômodo das relações face a face. Com certeza, não é a internet o veículo de comunicação a inaugurar essa nova Era de interatividade eletrônica entre os indivíduos. A TV já utilizava o mesmo mecanismo de interação em tempo real, como ainda acontece nos dias de hoje, por meio dos programas de auditório ou dos promocionais. Os meios de comunicação também exercem importante papel na sociedade, pois sua programação se estende a diversos pontos do país e mescla classes sociais em torno dos mesmos produtos, dessa forma é comum vermos no dia a dia os elementos característicos dos programas de TV, dos sites e de relacionamentos inseridos no nosso dia a dia, como roupa e uma expressão de uma novela ou mesmo de um vídeo da internet. Por meio das inovações tecnológicas, abriu-se um canal de interação com a audiência, por votação, opinião e perguntas, que recentemente pela internet surgem de forma mais expressiva com as comunidades virtuais. Essa interação Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 não se traduz em números, pois uma pessoa pode participar de maneira própria, assistindo, acompanhando, perguntando ou opinando; mesmo não interagindo ela se sente participante da comunidade. Com a internet, as comunicações foram potencializadas de forma significativa, podendo até ser afirmado que o mundo se encontra a um clique. O mundo da internet com certeza tem as informações variadas. Temos acesso tanto a notícias jornalísticas quanto de utilidade pública e conteúdo de relacionamento, o que expõe a vida privada a um nível muito preocupante, pois envolve o direito da dignidade e da moral de todo cidadão. A chance de uma utilização errada do meio hoje tem se demonstrado mais preocupante que uma nova dinâmica de comunicação. Contudo, independente dos efeitos causados pela expansão da internet, uma questão está em consenso, a ética deve permear as relações humanas, afinal a internet não pode ser pensada nem utilizada dentro de uma concepção de mundo sem limites. Tema 2: Globalização A globalização tornou-se um tema muito difundido na atualidade, porém pouco se fala sobre a sua origem e o seu efeito sem precedente na história da humanidade, sendo tratada apenas como modismo da economia. Ela representa um processo de expansão do capitalismo em escala mundial. Caracteriza-se pelo caractere volátil do capital internacional, pela industrialização dos grandes centros urbanos, pelo grande número de desempregados, pela indústria cultural, pelas sociedades ricas e pela hegemonia do capitalismo internacional. O primeiro momento da globalização está relacionado à crise referente ao aumento de produção econômica no século XV, pois a fabricação agrícola e a artesanal não davam mais conta dos imperativos dos centros urbanos. Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Outro fator que contribui para esse processo foi a aliança entre as burguesias e as monarquias, pois um empreendimento como as grandes navegações só seria possível com um Estado centralizado e aliado ao capital da burguesia. O avanço da ciência e o da técnica foram oterceiro fator que possibilitou as condições tecnológicas para as navegações, já que Portugal fez uso da escola de Sagres como um centro científico para organizar e discutir os rumos da ciência náutica. O quarto fator está relacionado à mentalidade. A cultura do renascimento e a das grandes navegações fizeram parte de um contexto de aventura e superação humana na descoberta do novo mundo. Expansão ultramarina portuguesa Portugal foi o primeiro país europeu a se aventurar pelos mares e vários foram os fatores que contribuíram para esse fato: insuficiência portuguesa em metais preciosos para a cunhagem da moeda; falta de produtos agrícolas e de mão de obra; desejo de expandir a fé cristã; necessidade de novos mercados. GOMES, C. Grandes navegações. Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/grandes- navegacoes/>. Acesso em: 5 ago. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 Quando pensamos nos efeitos da globalização na nossa sociedade, podemos analisar a importância dada à língua inglesa nas últimas décadas. Ela foi adotada como segundo idioma em diferentes partes do mundo e até mesmo como língua oficial, consolidando os Estados Unidos como potência dominante. A presença dos EUA em grandes partes do planeta foi um dos fatores que contribuíram para o crescimento do idioma inglês, somada ao poder bélico e econômico, assim a dominação cultural e política dos EUA fez com que se tornassem um grande líder mundial. Nos dias de hoje, porém, a hegemonia dos EUA está ameaçada no cenário mundial por blocos econômicos, como o Japão, o G-3, o G-7 e o G-22, constituídos pela globalização e que eliminam barreiras entre países, pela economia, cultura e política. Os índices da bolsa de valores determinam a situação, funcionando como um termômetro. A globalização ajuda a repercutir esses dados no mercado de ações estrangeiras e brasileiras, permitindo que americanos invistam na china, bem como empresários japoneses invistam no Brasil. Esse novo cenário econômico pode ser altamente rentável, porém, quando um mercado se desvaloriza, pode quebrar a economia de um país, afetando outras economias pela retirada de investimentos estrangeiros de países economicamente instáveis. Esse é um grande risco da globalização, pois a quebra de um país causa danos a todos os países desestruturados, seja economicamente, seja politicamente. O progresso dos meios de comunicação e a liberdade de fluxos de capitais conectaram os mercados de modo que, atualmente, muitas instituições financeiras operam 24 horas por dia. Houve uma elevação do mercado de títulos lançados por instituições financeiras e empresas, assim como títulos comprados Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 por variados investidores ao redor do mundo, principalmente por meio de pensão e fundos de investimento que se desenvolvem rapidamente. A globalização das finanças impõe um dinamismo na economia com consequências positivas e negativas, caso uma inconsistência macroeconômica surja nesse processo; mesmo que se arraste por vários anos, a desvalorização da economia se daria em poucas semanas. Sempre há o risco da globalização da crise financeira e de acabar a reprodução do volume de papéis financeiros relativos à produção. O Estado pode mostrar-se fragilizado diante do sistema financeiro globalizado, pois este adquiriu maior destaque em uma época confusa do ponto de vista ideológico, ou seja, a crença em um sistema único e infalível e que após a queda do Muro de Berlim acarretou a instabilidade dos Estados emergentes. O sistema liberal impõe algumas regras, e se alguns países não as seguirem podem ter sua moeda supervalorizada, déficits em suas balanças e despesas públicas superiores as suas receitas. O interesse provocado pela oscilação das bolsas não é orientado pelo desenvolvimento social das comunidades locais, mas sim pela educação individual ou de grupos minoritários da sociedade. Tema 3: Exclusão Social Somos todos seres humanos, e como tais vivemos a experiência de sermos diferentes uns dos outros. Em outras palavras, vivemos o tempo todo as contradições sociais e culturais. Ser diferente é uma marca característica da condição humana, mas isso está sujeito à injustiça, como a discriminação, a negação das diferenças e a classificação depreciativa do outro a partir da desigualdade. Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 A condição humana pode ser definida pelas lutas sociais com o objetivo de produzir seu mundo social, o de produção de riqueza permanente e o de combate às desigualdades sociais em busca da liberdade e paradoxalmente da igualdade. Esse é um processo social e histórico, porque a cada período da história o homem reinventa a si mesmo e as formas da sua existência social. As sociedades humanas podem ser comparadas a uma comunidade de astronautas num foguete, em ambas ocorre uma divisão de funções, em que combinação, dinamismo e ordem são necessários à segurança da viagem. Embora desiguais, os cidadãos têm como tarefa comum a segurança da comunidade. O problema é quando essas desigualdades começam a comprometer o bom funcionamento dessa formula cultural inventada pelo homem e chamada de convívio social. É POSSÍVEL acabar com o preconceito? Além do Roteiro. Disponível em: <https://alemdoroteiro.com/2015/08/11/preconceito/>. Acesso em: 5 ago. 2016. Nós iremos tratar sobre os prejuízos sociais das diferentes formas de desigualdade presentes nas sociedades humanas, o quanto somos inaptos para lidar com o desigual e a banalização dos mecanismos de exclusão social. Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 A partir dos anos 50, tivemos uma emergência de novas questões sociais, como a reorganização das classes trabalhadoras e a mobilização social em torno de grupos lutando pela ampliação dos seus direitos, como os negros, as mulheres e os homossexuais, indicando mudança em vários âmbitos da sociedade e que ela signifique uma nova etapa da humanidade, com características que não condizem com as leis e as normas vigentes nela. Outro indicador é o fato que as sociedades estão abastadas pelo capitalismo e pela sua competência de produzir bens e serviços em grande diversidade e escala. Nesse cenário, um impressionante e eficiente ciclo tecnológico diminui o tempo e as distâncias. A população mundial é cada vez maior e o espaço físico, limitado e mal distribuído. Grande parte da população vive de forma aglomerada e quase sem espaço próprio para as individualidades. Será que essa é a justificativa para as desigualdades? Podemos afirmar que hoje vivemos melhor do que as gerações anteriores se pensarmos em alguns indicadores quantitativos, como o acesso aos bens materiais. No entanto, as desigualdades sociais se acentuaram no século XXI, causando incômodo mesmo nos países ricos. Preconceito velado "Não tenho nada contra gays, até tenho amigos que são." "Jamais tive preconceito com negros, mas prefiro que minha filha case com um branco. Sabe como é, não quero escurecer a família." "Acho que as mulheres são tão importantes como os homens, afinal elas que alimentam o mundo, que cuidam de nossos filhos. Esse é o papel delas." "Sou totalmente contra a violência, mas se um gay me cantar está sendo desrespeitoso comigo. Aí eu posso acabar agredindo ele." "Ele é escuro sim, tremendo de um negão, mas não lhe falta educação e respeito." (Trecho de uma música da Kelly Key). "Meu filho não será gay. Ele terá uma boa educação." "Ela é negra, mas é muito bonita." VIEIRA, D. Preconceito velado. Pluralidade & Diversidade. Disponível em: <http://pluralidadeediversidade.blogspot.com.br/2012/04/preconceito-velado.html>.Acesso em: 5 ago. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Percebemos que o poder capitalista está relacionado à vulgarização e naturalização das formas de exclusão social, verificadas nos dias de hoje principalmente no que trata das classes e categorias excluídas da sociedade. Temos que abordar as desigualdades sociais não apenas como consequência da natureza do sistema capitalista, ou seja, um modo de produção pautado pela distribuição desigual dos resultados da produção econômica, mas sim sobre o modo como as pessoas se relacionam com o sistema ao qual pertencem. Vários fatores concorrem para que ocorra a diferença social com graus distintos de acesso ao sistema educacional, à saúde, às redes sociais e ao mercado de trabalho. Isso sem contar as discriminações sociais sofridas pelas chamadas minorias sociais, as categorias classificadas como diferentes e desiguais em razão de seus atributos, como gênero, idade, etnia ou religião. Sociologicamente, podemos definir que o preconceito é uma postura de hostilidade desferida contra um indivíduo pelo simples fato de ele ser diferente dos demais participantes do grupo, sendo pouco ou nada valorizado na sociedade. Nas sociedades humanas, temos diversas categorias sociais depreciadas, em especial porque o grupo se encontra em situação de desvantagem na estrutura do poder. Podemos elencar diversos casos de preconceito, como: contra a mulher (sexismo), os homossexuais (homofobia), os velhos, os obesos, os deficientes físicos ou mentais e a origem social (imigrantes). A exclusão consiste num procedimento de hierarquização e discriminação contra os indivíduos ou categorias sociais, tendo como base alguma diferença real ou mesmo imaginária. Essas diferenças são transportadas para o plano da cultura como forma de classificação e caracterização de padrões de comportamento. Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 Tema 4: Movimentos Sociais O movimento social é um esforço coletivo contínuo e organizado que pode se concentrar basicamente em dois aspectos: na mudança social e na manutenção de alguma instituição social. Com relação à cobrança dos movimentos sociais, eles podem ter diferentes orientações, como reformas que tentam melhorar as condições de um sistema social, mas sem mudar seu caractere fundamental. O movimento de reforma contrasta radicalmente com os movimentos revolucionários, cuja regra é alterar as características estruturais básicas de um sistema. Já os movimentos que visam a manutenção das estruturas sociais podem ser chamados de movimentos de resistência, pois são organizados não para promover a mudança social, mas sim para combatê-la. Nos EUA, por exemplo, surgiu um movimento de resistência para impedir as mudanças na lei do aborto. Os movimentos sociais sempre despertam interesse sociológico porque constituem grande fonte de mudança e conflito na sociedade uma vez que eles não são um consenso, mas um ponto de vista de um grupo específico. De modo geral, podemos analisar os movimentos sociais a partir de três modelos: a teoria clássica, cujas expressões são as teorias da frustração-agressão, da sociedade de massa e da tensão estrutural; a teoria da mobilização de recurso; a teoria do processo político. A teoria clássica argumenta que os movimentos surgem como uma maneira coletiva dos indivíduos darem vazão a várias formas de tensão e sofrimento emocional. Embora seja sociológica, ela se baseia nos mecanismos Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 psicológicos. Seu argumento ocorre quando a frustração leva a um comportamento coletivo frequentemente agressivo. De acordo com a teoria e as suas variáveis, a frustração tem uma grande variedade de origens, por exemplo, as más condições econômicas e a pressão social. A privação pode por sua vez assumir duas formas, ser absoluta, quando as pessoas não têm o suficiente para sobreviver; ou relativa, quando elas têm o suficiente, mas vivem fazendo comparações. É provável que a frustração ocorra quando as condições são más ou quando estão melhorando e em seguida se agravam muito. Os estudiosos acreditam que quando as expectativas de vida estão em alta é que os homens mais tendem ao comportamento social agressivo, caso elas sejam frustradas. Recentemente, o enfoque clássico tem sido amplamente questionado e perdeu muito da sua influência na sociologia contemporânea, embora variações dele ainda sejam comuns no tratamento dado pela mídia a movimentos sociais e a comportamentos coletivos. A teoria da mobilização de recursos argumenta que o sucesso desse movimento depende de recursos, tempo, dinheiro, perícia organizacional e capacidade de usá-los. Ao ser divulgada, ela constitui uma grande inovação na sociologia dos movimentos sociais, uma vez que localiza variáveis que são mais sociológicas que psicológicas. Essa teoria tem sido criticada pela ênfase excessiva que dá à importância dos recursos externos. Ela parece ser mais eficaz para o que acontece com os movimentos que têm recursos substanciais, como as relações envolvendo questões ambientais e antinucleares, do que para explicar movimentos entre minorias desprivilegiadas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 A teoria do processo político é um conceito baseado no argumento de que o sucesso desse movimento depende não só dos recursos de que dispõe, mas também dos grandes sistemas sociais. Dessa perspectiva, é importante compreender a interação complexa entre o movimento e o ambiente social mais amplo. A revolução política, por exemplo, terá maior probabilidade de sucesso se o Estado for vulnerável, instável ou carecer de legitimidade social; se o movimento revolucionário for mais bem organizado que o Estado; e se novas maneiras de pensar derrubarem a legitimidade do Estado e promoverem a crença de que a mudança é possível. A teoria do processo político é uma perspectiva relativamente nova no estudo sociológico do movimento social e constitui, em parte, uma reação à teoria da mobilização de recursos. O processo no qual os indivíduos deixam de aceitar uma determinada realidade social para assumirem uma postura de ação reivindicatória envolve múltiplos estágios que nem sempre resultam em um movimento social. Dessa forma, é importante considerar, de um lado, as condições que caracterizam uma situação de disponibilidade de ação, definida como mobilização, para em seguida abordar, de outro lado, as características organizacionais desse processo. Tema 5: A Sociedade Civil Você já deve ter ouvido falar em sociedade civil diversas vezes ou usa o termo para se referir à organização de uma sociedade ou à mobilização de grupos sociais. O que talvez você não saiba é que esse termo é um conceito sociológico que reflete a organização da sociedade. A sociedade civil de um modo geral diz respeito às organizações e instituições civis cujas ações assumem diferentes conteúdos e formas sociais, culturais e políticas. Essas organizações podem ser espontâneas ou deliberadas, Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 mas o importante é saber que elas constituem a base de uma sociedade em funcionamento e, muitas vezes, atuam em oposição às estruturas estatais, independente do sistema político formal ou de maneira complementar a ele. Recentemente, assim como outros conceitos, o termo sociologia civil desenvolveu um amplo leque de definições. Todavia, a mais aceita atualmente entre os estudiosos do tema é a de que a sociedade civil corresponde ao âmbito das ações coletivas voluntárias, ou mesmo involuntárias, com vista nas realizações de interesses ou de defesa de valores.A sociedade civil adquire formatos institucionais diferentes daqueles encontrados no Estado, no mercado, na família e em outras instituições sociais legítimas. As formas e o conteúdo das ações perpetradas pelas organizações e movimentos que compreendem o universo da sociedade civil são múltiplos e variados. A maior característica dessa organização consiste na autonomia em relação aos poderes institucionalmente constituídos, bem como na dinâmica com que estes respondem aos anseios sociais, políticos, econômicos e culturais das camadas e categorias sociais. No debate contemporâneo, o termo sociedade civil é frequentemente utilizado em nome da definição de domínios sociais que devem ser protegidos contra a globalização. Isso ocorre porque ela opera também na interferência a valores e interesses locais. Enquanto a sociedade civil puder abranger os negócios e as instituições que não necessariamente se subordinam à globalização, esse uso será contestado. O mundo enfrentou transformações no século XX muito mais relevantes e acentuadas das que ocorreram nos tempos anteriores, tanto qualitativas quanto quantitativas. Um dos marcos para a transformação do mundo Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 contemporâneo foi a Queda do Muro de Berlim (1989), representando o fim da Guerra Fria. Durante a existência da Guerra Fria e dos regimes ditatoriais na América Latina, principalmente no Brasil (1964-1984), as Organizações da Sociedade Civil (OSC) tinham uma posição diferente da de hoje. Na época, elas eram disfarces para os dissidentes políticos que tentavam, de alguma forma, contestar o regime militar. Portanto, a conotação era ideológica-política e a atuação estava condicionada aos subsídios dos organismos internacionais e do Estado centralizado. Com a modificação de perspectivas e a origem do pensamento único, a sociedade se transformou e com ela as OSC. Já não existia mais a crença nas reformas sociais e nas soluções coletivas. A militância política tornou-se passado ainda com os valores familiares. MARCO Regulatório das Organizações da Sociedade Civil: Saiba mais…! Blog do JCR. Disponível em: <https://jcrnoticiasonline.wordpress.com/2014/07/31/marco-regulatorio-das- organizacoes-da-sociedade-civil-saiba-mais/>. Acesso em: 5 ago. 2016. São vários os campos de atuação política e cultural da sociedade civil na contemporaneidade. Podemos mencionar como esfera de ação o universo das organizações, dos movimentos sociais, das associações civis, dos fóruns de Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 discussão e da deliberação democrática, enfim, todas as ações coletivas que concorrem para a produção e mobilização social que extrapolam o campo da política institucional, tradicionalmente ocupada pela política e pelos partidos políticos. As Organizações Não Governamentais (ONGs) são formadas pela sociedade civil, sem fins lucrativos e que têm como missão a resolução de algum problema da sociedade, podendo ser ele econômico, racial, ambiental ou ainda a reivindicação de direitos, melhorias e fiscalização do poder público. As OSC são uma forma de suprimir as falhas do governo com relação à assistência e resolução dos problemas sociais, ambientais e até mesmo econômicos, podendo também o auxiliar na resolução desses problemas, embora isso seja uma característica negativa, pois expressa o distanciamento do governo com relação as suas responsabilidades para com a sociedade. As ONGs são definidas como organizações do terceiro setor e têm, ainda, a capacidade de despertar o civismo e a cooperação social nos seus participantes. Constituindo uma forte ferramenta de mobilização social, as OSC contribuem para a manutenção da democracia, uma vez que possibilitam a manifestação dos interesses das minorias. Essas organizações podem atuar em complementariedade com o trabalho do Estado ao realizar ações que não são sua atribuição, além de poder receber financiamento e doações públicas e privadas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Referências CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3ª ed. ampliada e revista. São Paulo: Moderna, 2005. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1999.
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