Buscar

Alegações finais penal

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL COMARCA DE SÃO PAULO – SP
Processo n.º XXXXXXXXXXXXX
A Querelante Patrícia Goulart de Bragança e Junqueira, já qualificada nos autos do presente processo crime que move em desfavor do Querelado Kamylla Proença de Albuquerque, outrossim qualificado no caderno processual, vem, por seus procuradores in fine assinados, à presença de Vossa Excelência, apresentar as pertinentes ALEGAÇÕES FINAIS, em forma de memoriais; o que faz mediante os termos infra aduzidos: 
1 - PRELIMINARMENTE 
Vê-se dos autos que a presente ação penal fora devidamente instaurada pela queixa-crime, a qual seguiu o rito adequado, não tendo se verificado qualquer irregularidade ou vício na fase instrutória, apresentando-se o processado idôneo para a solução meritória. 
O termo de Representação se vê às fls. XX. O instrumento de mandato, com poderes específicos para a deflagração da ação penal, contendo a narrativa do acontecido e apontando a autoria e as circunstâncias do fato delituoso fora junto às fls. XX. 
A pretensão acusatória da Querelante não foi atingida pela Decadência, haja vista não ter decorrido o prazo legal para tanto. 
Depoimento do Querelado às fls. XX. Declarações da Querelante às fls. XX. Foram ouvidas XX testemunhas, XX de acusação e XX de defesa, fls. XX e XX, respectivamente. 
Foi juntada aos autos, na oportunidade do oferecimento da queixa-crime, a Declaração de fls. XX, produzida pela testemunha XXXXXX.
DA PROVA ROBUSTA DA AUTORIA E MATERIALIDADE DOS CRIMES PREVISTOS NOS ARTIGOS 138 DO DIGESTO PENAL A AUTORIZAR A CONDENAÇÃO 
Como se infere dos depoimentos colacionados aos autos, não resta extreme de dúvidas a prática, por parte do Querelado, do crime de Calúnia previsto no artigo 138 do Código Penal Brasileiro. 
As provas da materialidade da conduta praticada pela Querelada estão consubstanciadas na documentação que foi anexada junto à inicial (cópia da postagem realizada, cópia de sua página na rede social e toda a repercussão gerada), bem como nos depoimentos das testemunhas de acusação.
2 – DOS FATOS 
1 – A Querelada publicou sobre a Querelante em rede social e que logo se espalhou conteúdo calunioso, conforme exposto na Inicial.
2 – Oportunizada a retratação, a Querelada negou-se a realizá-la, afirmando que não se arrepende do dito e que estava no seu direito.
3 – A AUTORIA E A MATERIALIDADE DO CRIME DE CALÚNIA está devidamente caracterizada pela publicação em rede social aos autos processuais através da Inicial Acusatória, bem como pela própria confissão da Querelada que reconhece a autoria do conteúdo publicado em relação a Querelante, bem como confirma o seu conteúdo.
4 - O DOLO DA QUERELADA também está devidamente evidenciado, haja vista que agiu de forma calma, tranquila, premeditada e calculada, pois sentou-se à frente do computador, redigiu o conteúdo caluniador em relação a Querelante, e, mesmo após o passar do tempo, confirmou o conteúdo e a sua “razão” na audiência de conciliação, e, mesmo agora, em audiência de instrução, tendo lapso temporal suficiente para refletir sobre sua conduta, mantém incólume as ofensas proferidas no e-mail e nega-se terminantemente a retratar-se, caracterizando perfeitamente O DOLO DE DANO, O “ANIMUS INJURIANDI”.
5 – Desta forma, Excelência, pelos fatos narrados e prova produzida, comprovados a autoria, a materialidade delitiva e o dolo, deve a Querelada ser condenada na pena do artigo 138 do Código Penal, estabelecendo-se, ainda, a justa indenização devida ao Querelante pela Querelada, nos termos do artigo 387, IV, do Código de Processo Penal.
3 – DA AFETAÇÃO INCONTESTE AO BEM JURÍDICO HONRA 
3.1 – Do Conceito Jurídico de Honra 
Ao conceituar honra, assevera o grande Mestre Nelson Hungria: 
“Entre todos os povos e em todos os tempos, depara-se a noção da honra como um interesse ou direito penalmente tutelável.” 
Recentemente, citando o não menos festejado Mestre Magalhães Noronha, declarou o Professor Mirabete: 
“No capítulo V, estão definidos os crimes que atentam contra a honra, ou seja, os que atingem a integridade ou incolumidade moral da pessoa humana. A honra pode ser conceituada como o conjunto de atributos morais, intelectuais e físicos referentes a uma pessoa ou, no dizer de Noronha, como o “complexo ou conjunto de predicados ou condições da pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria.” 
4 - DO DIREITO 
1 - Estabelece o artigo 138 do Código Penal:
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
(...)
De acordo com o relato e provas na Inicial, ficou comprovado claramente a conduta típica da Querelada em relação a Querelante, mesmo sabendo falsa a imputação, objetivando atingir sua honra objetiva, sua reputação perante terceiros, bem como atribuiu-lhe qualidades negativas, atingindo-lhe em sua autoestima, com a clara intenção de lesar sua honra subjetiva.
2 - Em razão da condenação a ser atribuída à Querelada, deve esta arcar também com a REPARAÇÃO DOS DANOS MORAIS CAUSADOS AO QUERELANTE, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, o qual estabelece que:
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
(...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
(...)
De acordo com NORBERTO AVENA, em sua obra PROCESSO PENAL - Esquematizado – 7ª Edição – Editora Método, às fls. 314, nos esclarece que:
Ao dispor que na sentença condenatória o juiz fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, o art. 387, IV, do CPP não restringiu essa indenização tão somente aos danos patrimoniais, referindo-se, ao contrário e genericamente, à "reparação dos danos".
Nesse contexto, não vemos razão para excluir do juízo penal a possibilidade de arbitrar valor destinado à reparação, também, de danos de ordem moral eventualmente causados pela infração penal.
5- DO PEDIDO
Através das razões de fato e de direito expostas, devidamente comprovadas pela documentação que constitui os presentes autos processuais, vem o Querelante, à ilustre presença de Vossa Excelência, REQUERER:
A condenação da QUERELADA nas sanções penais previstas no artigo 138 do Código Penal, e o estabelecimento de indenização para reparar os danos morais causados pelas condutas criminosas.
Esteja certo Excelência, que, em acolhendo o pedido formulado pelo Querelante, e condenando a Querelada pelo crime de calúnia, não só estará preservado a honra objetiva e subjetiva de pessoa honrada, mas, também, expedindo JUSTIÇA!
Termos em que, pede deferimento.
São Paulo, 26 de julho de 2017.
Advogado:----------------------------
OAB:-----------------------------------

Continue navegando