Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
COMENTAR 3 Comentários Ronaldo, faça um comentário construtivo para esse documento. Henriqueta Evangeline 1 ano atrás legal Thayna Costa 8 meses atrás excelente !!! Amanda Santos 3 semanas atrás muito boa tese. 39,3K visualizações Alegações Finais - art. 157, §2º, incisos I e II do Código Penal crime de roubo com aumento de pena por violência e concurso de duas ou mais pessoas Publicado por Rafael Mastronardi há 3 anos Alegações Finais - art. 157, §2º, incisos I e II do Código Penal.docx FAZER DOWNLOAD EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXX – XXXX. AUTOS Nº TÍCIO, devidamente qualificado nos autos por intermédio de seu procurador abaixo subscrito, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, na forma do art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, contestando de forma veemente a denúncia; bem como as alegações finais da Ilustre Representante do Ministério Público, pelos fatos e fundamentos que passa a explanar: I- DOS FATOS DESCRITOS NA DENÚNCIA: "No dia XX de XXXXX de XXXX, por volta das 16h20min, em via pública, na Rua XXXXX, os denunciados TÍCIO e MÉVIO, em comunhão de esforços, livres e conscientes da ilicitude de suas condutas, agindo dolosamente, ou seja, com intenção de assenhoramento definitivo de coisa alheia móvel, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma branca – um facão – e violência, subtraíram para eles, da vítima JOÃO DAS DORES, 01 (uma) bicicleta, marca XXXXXX, de cores branca e vermelha, avaliada em R$ 1.000,00 (mil reais), e 01 (um) aparelho celular, marca XXXX, modelo XXX, cor prata, avaliado em R$ 500,00 (quinhentos reais), bens estes que foram recuperados e restituídos à vítima, conforme Termos de Depoimentos à mov. XX, Autos de Exibição e Apreensão à mov. XX, Termo de Declaração à mov. XX, Auto de Entrega à mov. XXX, Boletim de Ocorrência à mov. XXX e Auto de Avaliação à mov. XX. Consta dos autos que a vítima JOÃO DAS DORES, por volta das 16h, quando seguia por uma ciclovia entre os bairros XXXX e XXXX, foi abordado por dois indivíduos que lhe deram voz de assalto, ameaçando-o com um facão, exigindo que ele descesse de sua bicicleta e arrancando a sua mochila.Subtraíram-lhe, então, a bicicleta e o celular supramencionados, empreendendo fuga após o roubo. Como percebeu que o pneu da bicicleta havia furado, JOÃO DAS DORES conseguiu seguir os indivíduos, de longe, e ligar para a Polícia, informando-a do local em que aqueles estavam.Por fim, consta dos autos que os policiais detiveram os denunciados, quando estes ainda estavam na posse dos bens da vítima, e conduziram-nos ao XXX Distrito Policial, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante contra ambos". Dessa forma, os denunciados TÍCIO e MÉVIO praticaram conduta que encontra adequação típica no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal, razão pela qual oferecida a presente DENÚNCIA, com a citação dos denunciados para apresentarem defesa escrita no prazo de 10 (dez) dias, na forma do artigo 396 do Código de Processo Penal, e, após, determinando seu processamento e designação de Audiência de Instrução e Julgamento, na forma do artigo 399 e seguintes do Código de Processo Penal, bem como a inquirição das testemunhas cujo rol foi devidamente descrito. II - PRELIMINAR a. PEDIDO LIBERDADE PROVISÓRIA Consoante se denota dos autos, o Acusado foi preso em flagrante no dia XX de XXXX de XXXX, pela pretensa prática do delito de roubo majorado. Essa prisão fora convertida de ofício por Vossa Excelência (fls. XX), portanto, ilegalmente, em preventiva. Urge asseverar que a gravidade abstrata do delito, evidenciada nas razões da convolação em prisão preventiva, não é fundamento hábil para manter preso o acusado Tício. O ora Defendente não ostenta quaisquer das hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo Penal, portanto, inescusável o deferimento do pedido de liberdade provisória que aqui se faz. Como se percebe, ao revés disso, o pleiteante de tal medida nega a prática do delito que lhe restou imputado nos termos da denúncia. Comprova possuir residência fixa e sempre prestou em comparecer à todos os atos requisitados pela Justiça, o qual demonstra hábil a ter-lhe concedido outra medida cautelar diversa da prisão preventiva. De outro importe, o crime pretensamente praticado pelo primeiro acusado não ostenta características de grave ameaça ou algo similar. No plano constitucional, após a promulgação da Magna Carta, a imposição de prisões processuais passou a ser exceção. Para o legislador, essas prisões, salientadas no Código de Processo Penal, constituem verdadeiras antecipações de pena, situação essa que não merece guarida. Desse modo, tal agir afronta os princípios constitucionais da Liberdade Pessoal (art. 5º, Constituição Federal), do Estado de Inocência (art. 5º, LVII, CF), do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, CF), da Liberdade Provisória (art. 5º, LXVI, CF) e a garantia de fundamentação das decisões judiciais (arts. 5º, LXI e 93, IX, ambos da CF). Assim, em todas as hipóteses, a natureza cautelar da prisão deve emergir a partir da realidade objetiva, de forma a evidenciar a imprescindibilidade de medida extrema. Todavia, data vênia, entende o acusado que a decisão guerreada não fora devidamente fundamentada, o que se observa no enfoque de justificar, com elementos no autos, a necessidade da prisão preventiva. É o presente entendimento do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: ROUBO QUALIFICADO (HIPÓTESE). PRISÃO PREVENTIVA (REQUISITOS). GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA, CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL, ASSEGURAMENTO DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL (MERA REPETIÇÃO DE TERMOS LEGAIS). CIDADE ABALADA PELA PRÁTICA REITERADA DE CRIMES DA MESMA NATUREZA (MOTIVAÇÃO). DECRETO (AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO). COAÇÃO (ILEGALIDADE). REVOGAÇÃO (CASO). RECURSO EM HABEAS CORPUS (PROVIMENTO). 1. No ordenamento jurídico vigente, a liberdade é a regra. A prisão antes do trânsito em julgado, cabível excepcionalmente e apenas quando concretamente comprovada a existência do periculum libertatis, deve vir sempre baseada em fundamentação concreta, não em meras conjecturas, tampouco em repetição dos termos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal. 2. O discurso judicial que se apresenta puramente teórico, carente de real elemento de convicção, não justifica a prisão. A circunstância de a comarca ter sofrido roubos semelhantes não é bastante para a segregação do recorrente, caso não tenham sido informados circunstâncias pessoais do acusado ou modus operandi excepcionais. 3. A alegação de que a infração pelo que o paciente responde é grave e a presença de indícios de autoria e materialidade não são bastantes a justificar a constrição, sem qualquer motivação concreta que a determine. 4. Carecendo o decreto prisional de suficiente fundamentação, falta-lhe validade. Caso, portanto, de constrangimento ilegal. 5. Recurso provido. (STJ - RHC: 42759 SP 2013/0380658-1, Relator: Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 23/06/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/06/2015) A hipótese em estudo, desse modo, revela a pertinência da concessão da liberdade provisória mediante aplicação de outras medidas cautelares previstas no art. 319 do Código Adjetivo, pois faz jus o acusado a tal pleito. III- DOS FATOS SEGUNDO AS ALEGAÇÕES DOS ACUSADOS: Colhe-se dos autos que o segundo acusado, Mévio, fora quem, em verdade, abordou a vítima e subtraiu-lhe os bens em apreço por conta de uma antiga dívida. Quanto ao segundo acusado, ora Defendente, Tício, a acusação imputa-lhe participação no crime, uma vez que, segundo a mesma, foram encontrados objetos do furto em sua posse. Nesse diapasão, segundo ainda o quanto disposto na peça inicial acusatória, o acusado também responde pelos mesmos atos praticados pelo Mévio, na medida da comunicabilidade dos dados do tipo penal em comento. Segundo o art. 30 do CódigoPenal, não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Todavia, há uma manifesta imprecisão na denúncia quanto à participação de Tício, ressalvando na agravante do concurso de pessoas. Certo é que os indícios de outra participação do episódio se resumem à presunção obtida no testemunho dos policiais militares, os quais reconhecem Tício como agente praticante de crimes pela região. Em verdade, segundo consta do depoimento de Tício, esse apenas estava acompanhando Mévio até o local onde realizariam uma prestação de serviço. Infelizmente, naquele exato momento, deu-se o episódio narrado. Entrementes, não há qualquer ligação entre o defendente e Mévio. Tudo não passou de um erro grave.. O depoimento pessoal dos acusados, prestados em audiência de instrução e julgamento são no sentido de que Mévio já era pessoa conhecida da vítima, que tempos antes da suposta prática do crime descrito na denúncia havia emprestado para a mesma uma quantia em dinheiro e mais uma bicicleta no entanto jamais conseguiu reaver seus pertences e os valores. IV - DA ATIPICIDADE DA CONDUTA Analisando os fatos a partir das provas acostadas nos autos, especialmente com base no depoimento pessoal dos acusados, vê-se que no caso ora em tela não houve a pratica da conduta delitiva descrita na denúncia, pois em nenhum momento houve a pratica do crime previsto no artigo 157, § 2º, incisos I e II do Código Penal. Nesse importe, imperando dúvida, o princípio constitucional in dubio pro reo impõe a absolvição. É comezinho que esse princípio reflete nada mais do que o princípio da presunção da inocência, também com previsão constitucional. Aliás, é um dos pilares do Direito Penal, e encontra-se intimamente ligado ao princípio da legalidade. Nesse aspecto, como corolário da presunção de inocência, o in dubio pro reo pressupõe a atribuição de carga probatória ao acusador. Sobre esse preceito assim leciona Aury Lopes Jr. [1], in verbis: “A complexidade do conceito de presunção de inocência faz com que o dito princípio atue em diferente dimensões no processo penal. Contudo, a essência da presunção de inocência pode ser sintetizada na seguinte expressão: dever de tratamento. Esse tratamento atua em duas dimensões, interna e externa ao processo. Dentro do processo, a presunção de inocência implica um dever de tratamento por parte do juiz e do acusador, que deverão efetivamente tratar o réu como inocente, não (ab) usando das medidas cautelares e, principalmente, não olvidando que a partir dela, se atribui a carga da prova integralmente ao acusador (em decorrência do dever de tratar o réu como inocente, logo, a presunção deve ser derrubada pelo acusador). Na dimensão externa ao processo, a presunção de inocência impõe limites à publicidade abusiva e à estigmação do acusado (diante do dever de trata-lo como inocente)”. Colacionamos o entendimento jurisprudência do Egrégio Tribunal de justiça do Estado do Paraná, que assim decidiu: DECISÃO: Acordam os Desembargadores da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer e dar provimento ao recurso de apelação, absolvendo o acusado, com fulcro no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, oficiando- se à vara de origem para que esta expeça alvará de soltura em favor de L. P. P., nos autos NU 0025281- 83.2014.8.16.0021, se por outro motivo não estiver preso. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO (ART. 155, § 4º, IV, DO CP)- PLEITO ABSOLUTÓRIO - ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA ACOLHIDA - PALAVRA DA VÍTIMA ISOLADA DOS AUTOS - EXISTÊNCIA DE PROVAS CONTRÁRIAS AO SEU RECONHECIMENTO - DEPOIMENTO DOS POLICIAIS MILITARES - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO - PEDIDOS REFERENTES À DOSIMETRIA DA PENA PREJUDICADOS ANTE A ABSOLVIÇÃO - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, OFICIANDO-SE A VARA DE ORIGEM PARA QUE EXPEÇA ALVARÁ DE SOLTURA EM FAVOR DO RÉU, SE POR �AL� NÃO ESTIVER PRESO. (TJPR - 5ª C.Criminal - AC - 1324502-8 - Cascavel - Rel.: Marcus Vinicius de Lacerda Costa - Unânime - - J. 14.05.2015) (TJ-PR - APL: 13245028 PR 1324502-8 (Acórdão), Relator: Marcus Vinicius de Lacerda Costa, Data de Julgamento: 14/05/2015, 5ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 1573 27/05/2015) É extraído do decisum que embora a materialidade esteja comprovada por meio de boletim de ocorrência, auto de avaliação indireta e demais peças produzidas no bojo do inquérito policial, a autoria não recai certamente sobre o acusado. Trata-se, portanto, de exercício do princípio do livre convencimento motivado, no qual o “juiz é livre” para formar seu convencimento segundo as provas dos autos e, desse modo, valorá-las, as quais tem legal e abstratamente o mesmo valor, mas deve fundamentar, explicitando em que elementos probatórios se fundou seu convencimento, conforme prevê o art. 155, do Código de Processo Penal. Nos moldes do artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal , o juiz deve absolver o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça : não existir prova suficiente para a condenação . Então o alegado pelo representante do Ministério público não passam de indícios, deixando dúvidas sobre a autoria e a materialidade do delito ,não está claro que os acusados praticaram o crime, motivo pelo qual uma sentença condenatória não deve ser imposta, pois esta deve se embasar em certezas, não em meras suposições, ou em versões contraditórias, dúbias e inseguras fornecidas pelas testemunhas e a vítima. V- AUSÊNCIA DE CONCURSO DE PESSOAS De outro importe, caso não aceite a tese ora sustentada, ou seja, de que Tício jamais tivera qualquer liame com o delito em espécie, o que se diz apenas por argumentar, ainda assim as considerações fáticas obtida destes fólios, e as delimitadas na denúncia, O segundo acusado, Mévio, foi aquele quem praticou a conduta descrita no núcleo do tipo penal debatido (roubo). Destarte, segundo a denúncia essa figura como autor. Ao primeiro acusado, Tício, de acordo com essa mesma peça exordial acusatória, imputa-se participação no desiderato do delito. Entretanto, sob esse específico enfoque há um grave equívoco na denúncia. Afirma a peça acusatória que os acusados deram fuga montados na bicicleta, porém foram abordados por policiais militares conduzindo-a tranquilamente pela via, nota-se, com o pneu furado. Mas, indaga-se; seria essa atuação de Tício (fuga junto com seu comparsa em cima de uma bicicleta) decisiva para o êxito da empreitada criminosa em análise? Por óbvio que não seria essa atitude! É consabido que para a perpretação do concurso de pessoas existem alguns requisitos, a saber: a) Pluralidade de agentes e de condutas; b) Relevância causal de cada conduta; c) Liame subjetivo entre os agentes; d) Identidade de infração penal; Todavia, há uma manifesta imprecisão na denúncia quanto à participação do defendente, resvalando na agravante do concurso de pessoas. Inexiste minimamente qualquer relevância da atitude de Tício com a produção do resultado delituoso em debate. O fato de estar em companhia de Mévio em nada afetou na concretização do delito. E há de existir uma relevância causal, como antes assinalado, para que, enfim, seja considerada participativa a atitude do acusado. Isso não ocorreu, obviamente. Outrossim, ainda comentando acerca dos requisitos do concurso de pessoas, sustenta-se aqui inexistir qualquer vínculo subjetivo de vontades. Sobre esse entendimento, Cezar Robertor Bitencourt[2] diz que, ipsis litteris: O concurso de pessoas compreende não só a contribuição causal, puramente objetiva, mas também a contribuição subjetiva, pois, como diz Soler, ‘participar não quer dizer só produzir, mas produzir típica, antijurídica e culpavelmente’ um resultado proibido. É indispensável a consciência de vontade de participar, elemento que não necessita revestir-se da qualidade de ‘acordo prévio’, que, se existir, representaráapenas a figura mais comum, ordinária, de adesão de vontades a realização de uma conduta delituosa pode faltar no verdadeiro autor, que, aliás, pode até desconhecê-lo, ou não desejá-la, bastante que o outro agente deseje aderir à empresa criminosa. Porém, ao partícipe é indispensável essa adesão consciente e voluntária, não só na ação comum, mas também no resultado pretendido pelo autor principal. “ No tocante a relevância causal de cada conduta, a conduta típica ou atípica de cada participante deve integrar-se à corrente causal determinante do resultado. Nem todo comportamento constitui ‘participação’, pois precisa ter ‘eficácia causal’, provocando, facilitando ou ao menos estipulando a realização da conduta principal. Sobre o vínculo subjetivo entre os participantes, deve existir também, repetindo, um liame psicológico entre os vários participantes, ou seja, consciência de que participam de uma obra comum. A ausência desse elemento psicológico desnatura o concurso eventual de pessoas, transformando-o em condutas isoladas e autônomas. ‘Somente adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade criminosa de outrem, visando à realização do fim comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à responsabilidade pelas consequências da ação. O simples conhecimento da realização de uma infração penal ou mesmo concordância psicológica caracterizam, no máximo, ‘conivência’, que não punível, a título de participação, se não constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma, uma infração típica.” Ainda, que seja considerada efetiva a participação de Mévio para efetivação do crime, este pensava estar apenas recuperando o objeto de uma dívida contraída pela vítima. Desse modo, segundo o art. 345, do Código Penal, incorre no delito de exercício arbitrário das próprias razões quem faz justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão embora legítima. Ainda, o art. 29, § 2º, do CP, define que se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste. VI - AUSÊNCIA DA QUALIFICADORA PREVISTA NO ART. 157 § 2º INCISO I, DO CÓDIGO PENAL Analisando as provas acostadas aos autos, em especial os depoimentos obtidos pelos acusados, é um equívoco atribuir ao caso a agravante prevista no artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal. Os depoimentos são claros no sentido de que em nenhum momento a faca, que estava na mochila apreendida, foi utilizada para a pratica do crime atribuídos da denúncia ofertada. Oportuno é observar que o “ facão “ dentro da mochila encontrada em posse dos acusados, trata-se de uma faca Tramontina de 30 cm, e ainda que ela estava junto de diversos outros materiais de trabalho que seriam todos utilizados por Mévio como instrumentos de trabalho. Portanto é errôneo qualificar o presente caso com a agravante prevista no artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, pois em nenhum momento houve violência ou ameaça exercida com emprego de arma, conforme narra o ilustre representante do Ministério Público. VII - DA DOSIMETRIA DA PENA 1- DA PENA BASE Tício não é portador de maus antecedentes, sua conduta social e personalidade são boas, pois não há qualquer indicio contrário no processo que possa demonstrar que ele tenha menos percepção de cunho social, ético e moral, sendo assim devem ser analisadas nos moldes do princípio in dubio pro reo . No tocante a motivação e as circunstâncias do delito, não há qualquer razão em especial para prática do mesmo, portanto trata-se de um crime comum. Com relação as consequências advindas do crime, o dano causado a vítima foi pequeno, não atingiu terceiros e nem a sociedade, pois foi um ato isolado, e os próprios bens já forma restituídos para a vítima. Quanto ao comportamento da vítima não há qualquer justificativa para que ela possa ser usada como circunstância desfavorável ao acusado; Portanto não há qualquer circunstância desfavorável ao acusado prevista ao artigo 59 do Código Penal, devendo a pena base ser fixada no mínimo legal. VIII - DO PEDIDO Ex positis, espera-se o recebimento desta ALEGAÇÕES FINAIS por MEMORIAIS, na qual requer-se, nos termos do art. 386, V, do Código de Processo Penal, a ABSOLVIÇÃO do acusado TÍCIO, nos fundamentos acima expostos e após a determinação de expedição de Alvará de soltura, liberando imediatamente o réu, que se encontra detido. Alternativamente, requer-se: 1) A fixação da pena base no mínimo lega; 2) A desqualificação do emprego de arma de fogo; 3) A desqualificação do concurso de pessoas; 4) A dispensa do pagamento das custas do processo, pois o acusado não possui condição financeira; 5) A dispensa ou a fixação da pena de multa com base no mínimo que a lei estabelece; 6) O regime inicial da pena fixado no regime aberto; Nestes termos, Pede deferimento, Cidade, XX de XXXX de XXXX. ADVOGADO OAB/XX [1] LOPES JR., Aury. DIREITO PROCESSUAL PENAL E SUA CONFORMIDADE CONSTITUCIONAL. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, v.I, p.518). [2] BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 16ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 1. Págs. 483-484-485 Rafael Mastronardi PRO Especialista em Direito Penal e Processual Penal; Civilista por paixão ao Dto. Advogado, eterno estudante, apaixonado por tecnologia e música. Direito Processual Penal Alegações Finais Desclassificação Defesa Roub 10 PUBLICAÇÕES 35 SEGUIDORES SEGUIR Escreva aqui... 1 Responder 1 Responder 1 Responder 16 1 COMENTAR | 3 SALVAR Pesquisar no Jusbrasil PUBLICAR 39 Para você Artigos Notícias Jurisprudência Diários Oficiais Modelos e Peças Legislação Diretório de Advogados Consulta Processual
Compartilhar