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DISCUSSÃO REFLEXIVA

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
INALDA RODRIGUES OLIVEIRA
O GRITO DO BRASIL, O GIGANTE ACORDOU.
EM QUANTO OS GRANDES DORMIAM, OS MENORES PROVARAM SER MAIORES.
 
CAMPO MAIOR – PI
2014
INALDA RODRIGUES OLIVEIRA
O GRITO DO BRASIL, O GIGANTE ACORDOU.
EM QUANTO OS GRANDES DORMIAM, OS MENORES PROVARAM SER MAIORES.
Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Serviço Social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas Formação Social, Histórica e Política do Brasil; Antropologia Acumulação Capitalista e Desigualdade Social, Metodologia Cientifica.
CAMPO MAIOR – PI
2014
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------04
DESNVOLVIMENTO -------------------------------------------------------------06
COMCLUSÃO ----------------------------------------------------------------------11
REFERENCIAS ---------------------------------------------------------------------12
INTRODUÇÂO
O Brasil assistiu entre os meses de junho e julho de 2013 a uma seqüência de manifestações desencadeadas a partir dos protestos contrários ao aumento da tarifa de transporte coletivo na cidade de São Paulo. As manifestações, mobilizadas por meio das mídias sociais, em pouco tempo proliferaram-se pelo país e a problemática do transporte público urbano foi somada a uma série de outras pautas de reivindicação. Entretanto, semanas depois de seu início, as manifestações transitaram da insatisfação política a um espetáculo de mídia e revelaram demandas da sociedade brasileira frente aos poderes de Estado no contexto da composição e de luta de classes no atual cenário social e econômico do país. 
A primeira reflexão que se deve fazer é sobre o direito que o cidadão tem de se manifestar, inclusive publicamente, sozinho ou reunido com outras pessoas, para festejar ou protestar, utilizando-se do espaço público.
Na verdade, numa democracia e mais precisamente na plenitude do Estado Democrático de Direito, é direito conferido pela Constituição Federal brasileira, no inciso IV do art. 5º, do cidadão manifestar-se, articulando seu pensamento, restringindo a lei somente o anonimato.
Na mesma esteira, registra-se que, também a Constituição Federal é que assegura a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, vale dizer, que para tal manifestação, ninguém precisa pedir autorização a quem quer que seja, conforme previsto no inciso IX ainda do art. 5º.
Assim, não há dúvida quanto ao direito do cidadão de poder manifestar-se e em sendo direito assegurado pela Carta Magna, resta saber se tal manifestação for organizada em forma de ato público, passeata ou comício, se existe a necessidade da autorização de alguém para que tal ocorra.
A resposta encontra-se também na Constituição Federal, exatamente no inc. XVI do art 5º, que estabelece que todos podem reunir-se, daí o direito de reunião, desde que pacificamente e sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente e desde que não tenha outro evento para o mesmo local já organizado.
Esse dispositivo encerra o direito constitucional que todos possuímos, de nos reunir, insisto, desde que pacificamente e sem armas, em locais públicos e aqui vale um pouco de bom senso para se definir qual lugar público é adequado para tal reunião ou manifestação, pois não se pode interpretar esse inciso, como direito do cidadão de interromper o fluxo de trânsito de uma grande avenida, para protestar contra algo, de modo que se assim fosse, o direito assegurado constitucionalmente transformaria a cidade num verdadeiro caos, afrontando inúmeros outros direitos, também garantidos pela Carta Magna.
Deve dar-se destaque a desnecessidade de qualquer autorização para reunir-se, pois não admite-se deixar ao crivo de qualquer autoridade a possibilidade do cidadão exercer o direito de reunião ou de expressão.
Foram as próprias imagens que revelaram que a manifestação, originariamente pacífica e até humorada, foi aos poucos tornando-se agressiva e predatória. 
DESENVOLVIMENTO
O que foi isto? O que aconteceu para que mais de 1 milhão e meio de pessoas em 19 capitais e mais de 100 cidades brasileiras saíssem às ruas protestando? Qual é a natureza e o sentido das manifestações que tomaram o país, configurando o maior movimento popular da história do Brasil? Para qual direção apontam? São perguntas que persistem duelando com nossas inteligências. Como fenômeno social complexo, os atuais movimentos sociais intrigam analistas que aspirem às interpretações definitivas, haja a vista que a velocidade vertiginosa dos acontecimentos impede inferências sobre as tendências futuras. De todo modo, é intrigante refletir sobre os constrangimentos e as perspectivas abertas pela dinâmica dos movimentos neste tempo de redes sociais ativas. De repente, a população, acusada de comodismo, veste as chinelas e despeja nas ruas gritos de inconformismo contra as práticas políticas e pela melhoria nos serviços públicos.
Cogita-se em 2 milhões de pessoas nas ruas das grandes e médias cidades brasileiras. A bandeira do movimento popular estendeu-se pela redução das tarifas de transporte, melhorias na saúde e educação e contra a corrupção e impunidade e gastos com a Copa do Mundo de 2014.Há quem vocifere que as manifestações não têm uma direção própria, porque, sem um caminho certo a traçar, não conseguirá atingir um objetivo concreto, em suma, não terá efetividade no mundo das relações sociais.
Em Brasília, quando manifestantes violentamente chutaram o prédio do Congresso Nacional, espectadores pareciam torcer para que o mesmo não resistisse aos golpes e caísse de podre. Se as coisas por lá não estão podres, ao menos fedem muito. O descontentamento com o cenário nacional levou às ruas sujeitos de diferentes percursos sociais. O Movimento Passe Livre São Paulo (MPL) chamou mesmo foi para ir até ali na esquina, em passeata pela revogação do aumento da tarifa de ônibus. Mas, a multidão que se foi constituindo nas avenidas vinha com mais fome que os pobres que tem fome na rua. Uma fome velha, sentida, batida, dobrada e redobrada por respeito aos direitos de cidadania plena, pela partilha nas decisões do Estado, por uma vida civil com saúde, trabalho, moradia e educação e, sobretudo, fome de doer entranhas pela moralização na administração política da coisa pública. Em termos cronológicos, o dia três de junho foi o marco provável do estopim dos protestos, data em que um grupo de moradores da Zona Sul de São Paulo sai em marcha contra o aumento da tarifa de transporte público urbano. Durante a passeata, a polícia militar da capital é acionada, mas o evento ocorre de maneira pacífica. Três dias depois, os protestos contra o preço da tarifa ganham força e passam a reunir mais de duas mil pessoas, alcançando o centro da cidade e a Avenida Paulista. Nesse dia aconteceu o primeiro embate entre a polícia militar e os integrantes, sendo detidas quinze pessoas. 
No dia seguinte, aconteceu novo protesto, com cerca de dois mil manifestantes, e cresceu o contingente policial de repressão, que passou de 40 do dia anterior para cerca de 350. No dia 11, uma nova manifestação tomou as ruas da capital paulista e 20 manifestantes foram detidos.
 Como lembra Todorov (2010), as guerras civis são o resultado da intolerância dos dominadores. O povo descontente tomando as ruas aos borbotões, a ameaça de generalização dos quebra-quebras, a violência desferida contra os espaços de poder constituídos, entre outras coisas, obrigou a imprensa a um movimento de câmera mais solidário com o povo. Diante dos fatos, era preciso soprar com calma a fogueira explosiva em que se transformouo Brasil, de 10 a 21 de junho de 2013. Veículos de comunicação reacionários, como a Veja, apoiaram as manifestações, difundindo temores de ordem persecutória. Muitos aventaram a hipótese de golpe de Estado e a direita provou, mais uma vez, sua inegável inteligência e habilidade para produzir a acomodação das massas. Ainda assim, o povo saia às ruas. 
 Eis o ponto principal: as demandas por melhores serviços públicos e pelo combate à corrupção encontram ampla ressonância popular. Isso porque o Brasil vendeu-se de corpo e alma ao populismo neoliberal. E, vendendo-se, sentiu na pele e no osso o significado de que quando se confere valor monetário a tudo, acaba-se dando valor de verdade a nada. Em outras palavras, ressoou no ouvido da população que o neoliberalismo, populista, vendeu a ideia de serviços públicos eficientes, mas a realidade é de serviços públicos inexistentes; que o neoliberalismo, em vez de substituir o Estado ineficiente, corrompeu-se nas entradas da ineficiência do Estado.
 A população estava ressentida com os serviços públicos ineficientes. Precisava de uma voz, para dizer aos céus o seu sofrimento. Encontrou essa voz no trabalho mobilizador exercido por meio das redes sociais. As redes sociais traduziram-se no agir comunicativo, para tirar do peito do povo a angústia que sufocava, e colocar, assim, nas ruas, temas que de perto diziam respeito ao povo. Assim se formou a esfera pública. Assim ecoaram as vozes das ruas. Assim se expressou a esfera pública, que podemos designar genuinamente popular, porque aspira a direitos sociais legítimos da massa oprimida. Talvez essa esfera pública popular tenha-se manifestado numa dimensão jamais alcançada na história do Brasil.
Através da mobilização através das mídias sociais e da cobertura jornalística, os atos públicos ganharam visibilidade e ampliou-se o ânimo dos participantes para novas manifestações. No dia 18 de junho, cerca de 240 mil participaram dos protestos, data em que a presidente Dilma Rousseff24 pronunciou-se de maneira mais contundente na análise dos eventos, asseverando que o Brasil havia acordado mais forte e que o governo federal ouviria “as vozes da rua.” Além disso, a presidente voltou a ressaltar o caráter democrático das manifestações e a condenação dos atos de violência.25 No dia 19 de junho houve manifestações em 29 cidades de 13 unidades da federação; no dia seguinte esse número chega a 139 de todos os estados e no Distrito Federal, com mais de um milhão de participantes.
A emergência dos acontecimentos, tendo lugar no contexto global da sociedade em rede, foi fartamente favorecida pelos usos sociais das redes sociais. A constituição de uma nova cultura tecnológica e suas formas correlatas de relações sociais em rede teve papel decisivo no desenho, curso e desdobramentos dos ocorridos.
As perspectivas abertas pelos movimentos sociais baseados em rede parecem promissoras. Uma nova cartografia política tem sido ali desenhada a partir da ativação de uma sociabilidade crítica calcada no julgamento. os grupos de 
resistência à realização da Copa do Mundo mostraram-se diferenciados em relação às estratégias de atuação, dividindo-se entre os que promoviam protestos pacíficos e os que agiam de forma violenta. Segundo Cambricoli28, esses grupos distintos se reuniram em torno da bandeira “se não tiver direitos não vai ter copa” e compuseram uma massa de militantes, de profissionais da área da saúde à hackerativistas29. 
Entre os que agiam com uso da força, destacaram-se os integrantes do movimento Black Blocs: uma tática de ação coletiva em que os manifestantes usam vestimentas e máscaras negras a fim de formar um contingente anônimo e, dessa maneira, poder suportar a repressão policial. Dupuis-Deri30 esclarece que o Black Bloc, expressão cunhada pela polícia alemã na década de 80, constitui um movimento de crítica ao capitalismo e ao Estado liberal e caracteriza-se por empregar a força como um recurso de protesto de maneira não exclusiva. 
Os atos violentos acontecem somente em situações específicas e são dirigidas principalmente às forças de segurança e às instituições financeiras. Agora, surpreendentemente o sujeito tornou-se o produtor da informação que percorre a rede acompanhada de julgamentos que instigam o ativismo social porque elevam os níveis de consciência geral. Assim, o que explica a onda de protestos no Brasil? Tarifa Zero? Mas nenhum país do mundo tem tarifa zero em transporte público. Governos de países ricos subsidiam o transporte para pessoas de baixa renda e estudantes, mas o transporte público não é de graça. De acordo com levantamento realizado pela CNT/MDA68, os protestos de junho e julho de 2013 no Brasil, iniciados pela contestação ao aumento de preço da tarifa e à qualidade do transporte público, foram tomados no decorrer das semanas por reivindicações mais amplas. Entre as reivindicações, o fim da corrupção (40,3%), as melhorias na saúde (24,6%), a reforma política (16,5%) e as melhorias na educação (7,8%), foram apontadas como as mais importantes. Além disso, o levantamento revelou que 80% dos 17 milhões de brasileiros acima de 16 anos que afirmaram ter participado de alguma manifestação tiveram conhecimento sobre os eventos por meio das mídias sociais. 
A mobilização da população para os protestos, repercutida de forma viral por esse tipo de mídia, foi fortalecida pela exposição dos atos públicos pelos diferentes meios de comunicação de massa e revelou uma organização inédita da sociedade civil em favor da contestação da estrutura de poder vigente no país. 
Tal contestação dirigiu-se principalmente ao modus operandi do Estado, sendo três as variáveis essenciais para se analisar o significado e os desdobramentos das manifestações: o papel desempenhado pelos veículos de mídia, a conjuntura de poder estabelecido e a luta de classes no atual cenário social e econômico brasileiro. Essas variáveis inter-relacionadas permitiram às manifestações tomar a dimensão que tiveram, ainda que em seu desenrolar a forma dos protestos tenha sobressaído a sua significação. 
Em termos políticos, ponto importante a ressaltar é que a esquerda ao abandonar boa parte dos seus trabalhos de base - algo fundamental nas origens do PT, atual partido no governo – como os movimentos sociais ou a sociedade organizada (igreja, sindicatos, partidos) foi pego de surpresa pelas manifestações. A despolitização, ou mesmo a “antipolítica”, tornou as manifestações fruto de disputas de projetos muito diferentes de sociedade. Muitos dos manifestantes misturavam bandeiras tipicamente neoliberais (menos impostos, contra gastos públicos), com tradicionais bandeiras de esquerda (mais 67 Conforme dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. CNT/MDA, 2013. Segundo o relatório da CNT/MDA, 79,2% dos manifestantes consideraram ainda as mídias sociais como muito influentes para a formação da opinião pública. Mesmo tendo sido convocado pelas mídias sociais, a grande mídia teve papel fundamental na disputa pelo significado do movimento. Talvez a grande novidade tenha sido de que ela não é mais a única voz, mas ainda assim é muito importante pelo poder aglutinador que a grande mídia possui. Ao mesmo tempo em que bandeiras conservadoras permeavam entre ambas com a repulsa a partidos políticos, contra os direitos humanos para “bandidos” etc. A falta de uma formação política faz com que as táticas utilizadas nas manifestações tenham pouca ou nenhuma preocupação com suas consequências políticas a médio e longo prazo, reina o imediatismo. Também faz com que anarquistas e liberais levantem a mesma bandeira querendo dizer exatamente o oposto.
 Nesses termos, dificuldade de apreensão da significação das manifestações é razoavelmente compreendida considerando a multiplicidade de pautas somada a dispersão geográfica dos protestos. Diferente de outros momentos políticos do país em que havia uma motivação em torno de uma causa comum, os protestos de junho e julho não permitem serinterpretados apenas pelas repercussões de seu fato gerador: os atos contra o aumento da tarifa e as demandas pela qualidade do transporte público urbano em São Paulo. 
A partir da discussão sobre a tarifa e as condições do transporte, percebeu-se o transbordamento de inúmeras outras bandeiras de reivindicação. Tais reivindicações, grosso modo, pretenderam trazer à tona o debate político sobre a governabilidade e o funcionamento do aparelho estatal. Entretanto, a ausência de ações coordenadas baseadas em pautas objetivas, sintoma das aglomerações distanciadas dos movimentos sociais, impediu que tais eventos adquirissem uma significação política de maior envergadura. 
De todo modo, apesar de certa lacuna ideológica, as manifestações da metade de 2013 contribuíram para recuperar o debate sobre a composição e a luta de classes no Brasil contemporâneo, debate fundamental para uma revisão do papel das instâncias de governança e de poder do Estado sobre a sociedade. Trata-se, na perspectiva apontada por Giddens, de considerar a tensão entre as classes, próprias do capitalismo, e a maneira como o caráter classista desse sistema social afeta o Estado e sua governabilidade. Por outro lado, os episódios, ao ressaltarem os “movimentos sociais em rede”, ou seja, “movimentos que, em última instância, farão as sociedades do século XXI, ao se engajarem em práticas de conflitos enraizadas nas contradições de nosso mundo” merecerão ser mais bem analisados pelos intelectuais brasileiros nos próximos anos.
Os desafios estão colocados. As lideranças governamentais e oposicionistas Cidade não os captaram. No âmbito da institucionalidade, não se conseguiu ainda se perceber politicamente a energia contestatória, nem se demonstrou a intenção de superar a força da aliança entre a elite nacional e transnacional.
Não se sabe ainda se os movimentos populares terão força para continuar a importante luta que eles iniciaram. O que se sabe, apenas, é que eles despertaram o País para o problema da falta de representatividade do sistema político e para os desníveis socioeconômicos que a elite nacional e internacional tentam esconder. Perceberam que o envolvimento ativo dos cidadãos na dimensão política da sociedade é muito importante para a consolidação e desenvolvimento da democracia.
CONCLUSÃO
Os protestos são contra gastos com a copa? Pode ser parte da explicação. Apenas agora a sociedade pode ter se dado conta do elevado custo da infraestrutura da copa. Mas faria sentido agora derrubar os estádios? Por que não houve essa pressão quando o país foi escolhido para sediar a copa e a olimpíada?
Os protestos são contra o governo ou contra a classe política em geral? Não é claro. Ninguém sabe ao certo até porque os protestos ocorrem em várias cidades governadas pela situação e oposição. Ninguém sabe ao certo quais partidos ou grupos políticos se beneficiarão da onda de protestos, mas é claro que as pessoas tenderão a canalizar a maior parte da culpa para o governo atual, independentemente de sua real responsabilidade.
Os protestos são contra corrupção? Mas hoje temos no Brasil um Ministério Publico e uma policia federal que estão investigando e punindo corruptos. Mas queremos matar os corruptos como se faz na China? É isso? Não sei.
Em resumo, não se sabe ao certo quais as demandas dos manifestantes e não há uma liderança dos protestos que possa negociar com o governo uma pauta de reivindicações. No entanto, ninguém sabe ao certo se e quais grupos políticos se beneficiaram dessa onda de protestos. Mas, de qualquer forma, é um movimento fascinante em uma sociedade que não tem o costume de grandes passeatas e protestos. É um fenômeno novo que ainda vai levar algum tempo para ser entendido. 
A interpretação das manifestações ocorridas no Brasil exige analisar questões que, às margens do debate produzido pelos meios de comunicação de massa, são fundamentais para uma leitura sobre a gênese e desdobramentos dos acontecimentos de junho e julho de 2013. Essas questões dizem respeito à significação das manifestações, contextualizadas à luz do debate contemporâneo sobre as formas de luta da sociedade. 
Romper essa aliança, sem ser massacrados, reunir as energias contestatórias dentro de uma perspectiva política organizativa, eis o grande desafio dos movimentos populares a partir de agora. O importante de tudo isso é que as camadas populares lançaram, para a esfera pública, as nódoas de um passado retrógrado, as vísceras corroídas de um presente opressor, na tentativa válida de chegar a um futuro em que as promessas de menos desigualdade, mais cidadania e maior dignidade aos brasileiros transformem-se em uma realidade viva.
REFERENCIAS
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