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Direito Civil 1 I. Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro (LINDB) 1. Vigência A promulgação de uma norma e em seguida sua promulgação gera existência e validade da norma, mas não necessariamente opera vigência. Uma norma é válida se ela está em consonância com o sistema jurídico e cumpre os aspectos materiais e formais. A verificação da validade da norma não gera obrigatoriamente sua eficácia, regra geral é que haja um lapso de tempo entre a sua publicação e a sua vigência, esse intervalo de tempo é conhecido como vacatio legis e é de 45 dias em território nacional e 3 meses no território estrangeiro. Nada impede também que o legislador coloque outro prazo de vacatio legis, o objetivo da vacatio legis é fazer com que todos conheçam a norma antes dela entrar em vigor. Seu prazo começa a contar do dia da data da publicação e último dia do prazo. • Emendas e atos administrativos não se submetem a vacatio legis. 1.1 Modificação da lei • Modificação da lei em vigor só ocorre mediante lei nova • Modificação de lei em vacatio deve acontecer através de uma nova publicação do seu texto e um novo prazo de vacatio. 1.2 Princípio da Continuidade ou permanência da norma Se a lei superou a vacatio e entrou em vigor, em regra, ela se submete a esse principio, isto é, ela vai permanecer em vigor até que outra a revogue. A revogação pode ser: • Ab-Rogação: Revogação Total • Derrogação: Revogação Parcial 1.3 Repristinação É a restauração de uma lei que foi revogada, é o renascimento de uma lei. Exemplo: Lei A é revogada pela B, que é revogada pela C, se a lei C dispor expressamente a instituição da Lei A novamente ocorreu a repristinação, a repristinação só ocorre se estiver expressamente na lei. Uma exceção ocorre quando por exemplo a Lei B é declara inconstitucional, assim ela vai ser revogada e retroagir e vai ser como se nunca tivesse existido assim a Lei A volta a vigor sem precisar de disposição expressa, importante mencionar que isso só ocorre no CONTROLE DE CONSTITUCIONAL CONCENTRADO, sendo que a lei inconstitucional tenha efeito retroativo. 2. Obrigatoriedade das Normas. Não se pode alegar desconhecimento das normas, fora hipóteses isolados, a vacatio legis existe justamente para que isso não aconteça, para que todos tenham conhecimento da lei. Direito Civil 2 3. Interpretação da Norma Toda norma deve levar em conta os fins sociais a que se destina, quando se trata de norma referente aos direitos fundamentais ela vai ter uma interpretação ampliativa, em sede de direito administrativo vai ter interpretação declaratória e no direito penal uma interpretação restritiva. 4. Aplicação da Lei penal no tempo A regra é que a lei nova não alcança fatos anteriores a sua publicação, ele não retroage. Há exceção: Se houver disposição e expressa e se não violar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Ademais, permanece possível a ultratividade normativa, ou seja, quando uma norma já revogada (sem vigência) ainda possui vigor. Aplica-se: • Normas circunstanciais: Aquelas que regram um determinado fato, durante sua vigência, a exemplo de uma guerra. • Normas Temporárias: Criadas para regular uma determina circunstância, vigendo durante a vigência destas. 5. Eficácia da Lei no Espaço • Conflito sobre bens imóveis situados fora do Brasil aplica-se a lei onde estiver situado • O contrato internacional se reputa formado onde residir o seu preponente, sendo esta a legislação aplicada e o foro competente • Aplica-se a lei sucessória mais benéfica para sucessão de bens estrangeiros situados no Brasil. Quando há herdeiros brasileiros. II. Pessoa Física ou Natural Personalidade jurídica é a aptidão para titular direitos e contrais deveres. É a qualidade de ser pessoa, quem tem personalidade jurídica é conhecido como sujeito de direito. Todavia existem entes desprovidos de personalidade jurídica mas com capacidade judiciaria, são os entes despersonalizados tais como herança jacente, massa falida, condomínio etc. 1. Pessoa Física Pessoa física é todo ser humano enquanto indivíduo, do seu nascimento até a morte. Para a o código civil a aquisição de personalidade começa do nascimento com vida. Segundo a teoria natalista o recém-nascido adquire a personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito a partir do seu nascimento com vida mesmo vindo a falecer minutos depois. 2. Nascituro O Nascituro é aquele já concebido mas ainda não nascido, segundo a teoria natalista o nascituro tem alguns direitos • O Nascituro é titular de direitos personalíssimos, a exemplo do direito a vida • Pode receber doação, aceita pelo seu representante • Pode ser beneficiado por legado e herança • Tem direito de saber quem é seu pai, através do DNA Direito Civil 3 • Possui direito a danos morais • Possui direitos a alimentos O Natimorto é aquele que nasce morto, mas antes de morrer foi um nascituro, por isso o natimorto tem direito aos direitos de personalidade. 3. Capacidade a) Capacidade de direito: é a capacidade genérica adquirida com a personalidade assim adquirida a personalidade toda pessoa é capaz de direitos e deveres. b) Capacidade de fato: É a capacidade de praticar atos pessoalmente nem todo mundo tem capacidade de fato, essas pessoas são conhecidas como incapazes. Quando a pessoa tem capacidade de direito e a de fato ela tem a capacidade jurídica plena. 4. Incapacidade São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil apenas os menores de 16 anos. Só eles, ninguém mais. São relativamente incapazes os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, os ébrios naturais, os viciados em tóxicos, os pródigos e aqueles que por causa transitória ou permanente não puderem exprimir sua vontade. Viciados e ébrios são incapazes quando a causa de incapacidade diminui mas não aniquila a sua vontade. Prodigo é aquele que deliberadamente dilapida seu patrimônio. O Suprimento da incapacidade absoluta se dá através da representação e na incapacidade relativa se dá através da assistência. 5. Cessação da Incapacidade A cessação da incapacidade se de dá através da: Com o final da menoridade, com o final do seu processo de interdição e emancipação. Emancipação é o ato pelo qual há antecipação da maioridade, é um ato irrevogável e irretratável pela qual a capacidade de exercício é antecipada. A emancipação pode ser voluntária, judicial ou legal • Voluntária: Aquela concedida pelos pais mediante instrumento publico, independente de homolação do juiz desde que o menor tenha ao menos 16 anos. Se os pais forem separados é necessário a outorga dos dois ou se os pais forem casados mas não entrarem em consenso o juiz decide. • Judicial: É aquela concedida pelo tutor ao pupilo com 16 anos completos, mediante decisão judicial. • Legal: Decorre da pratica de ato jurídico incompatível com a sua condição de incapaz: Casamento emancipa e o divorcio ou separação não revoga, no entanto se o casamento for nulo, nula será a emancipação. Exercicio de emprego publico efetivo é o exercício e não a aprovação em concurso; colação de grau em ensino superior é colação e não aprovação no vestibular; estabelecimento civil ou comercial ou a relação de emprego desde que em relação desses, o menor de 16 anos contenha economia própria. Direito Civil 4 OBS: As emancipações judiciais e legais exoneram os pais da responsabilidade solidaria. 6. Extinção da Pessoa A extinção da pessoa física se dá com a morte, esta pode ser: Real e Presumida A) Real: É aquela auferida, em regra, por profissional da medicina e na sua falta, por testemunhas. A morte é registrada no local do óbito. B) Presumida:É a hipótese em que há impossibilidade de localização do cadáver, há duas hipóteses para essa morte. COM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA Ausente é aquele que desaparece do seu domicilio sem deixas noticias. Para a verificação da ausência é necessário um procedimento em 3 fases. • Curadoria de Bens do Ausente Haverá a abertura do procedimento e o juiz vai declarar a ausência por qualquer interessado além disso vai nomear curador nesse caso e no caso do ausente ter sumido sem deixar procuração com poderes suficientes. O Curador não será quem iniciou o procedimento há uma ordem preferencial: Cônjuge -> Pais -> descendentes -> Curador dativo, a escolha do juiz. Quando for declarada a ausência o juiz vai mandar arrecadar os bens do ausente e nomeará um curador, mandando publicar um edital no prazo de 01 ano. • Sucessão Provisória Começa 1 ano após a data da decisão que mandou arrecadar os bens ou após 3 anos aos tal decisão, caso o ausente tenha deixado procurador. O Requerimento é feito pelos interessados: A) Cônjuge (caso não separado judicialmente); Herdeiros; Credores. A decisão que concerte a curadoria em sucessão provisória apenas tem efeito 180 dias após publicada na imprensa oficial. Pede-se que o juiz transmita os bens aos herdeiros de forma provisória e atráves de garantias que podem ser dispensadas se forem herdeiros necessários. Não será admitida atos negociais nessa fase (venda, compra, etc) salvo se o juiz permitir. Prevendo uma volta do ausente, os herdeiros devem capitalizar o valor referente a metade dos frutos e rendimentos oriundos dos bens, prestando contas ao juiz, mas se o ausente aparece e sua ausência se prova voluntaria e injustificada esses frutos não serão devidos. • Sucessão Definitiva Inicia-se 10 anos após o transito em julgado da sentença que declarou a sucessão provisória ou 5 anos depois das ultimas noticias do ausente maior de 80 anos. Nesta fase há transmissão dos bens em caráter definitivo, sendo restituída as cauções. Se o ausente voltar dentro do lapso de 10 anos, acontece o seguinte: - Se for na 1ª fase – reassume o patrimônio Direito Civil 5 - Se for na 2ª fase – Tem Direito a reaver o patrimônio no estado em que o deixou. - Se for na 3ª fase – tem direito aos bens no estado em que se encontravam, se estes forem vendidos terá direito no que se sub-rogou - Se for depois dos 10 anos – Não tem direito nada. A morte por ausência dissolve o casamento, se o ausente voltar o casamento permanece nulo. SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA Há incidência em duas hipóteses: a) quando extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) desaparecimento em decorrência de campanha ou prisão o desaparecido não for encontrando após 2 anos do termino da guerra. 7. Comoriência É a declaração de morte simultânea de duas ou mais pessoas, quando não forem possíveis precisar os instantes da morte. III. Pessoa Jurídica A Pessoa jurídica é a soma de esforços humanos (corporação) ou a destinação de um patrimônio (fundação) tendente a uma finalidade especifica, licita e legal. 1. Surgimento da pessoa jurídica A existência da pessoa jurídica começa com a inscrição do ato constitutivo desta no registro competente, esse registro é ato constitutivo de direito sendo capaz de gerar a sua personalidade. Tal registro acontecerá em diferentes locais tendo em vista a natureza da pessoa jurídica, assim se for sociedade simples, associações e fundações o registro acontecerá no registro civil de pessoas jurídicas. Já o registro de sociedades empresárias se dará no registro publico das sociedades mercantis através das juntas comerciais. Há ainda pessoas jurídicas que além do registro necessitam de autorização como é o caso dos bancos, empresas de seguro, escritórios de advocacia, etc... O Ato constitutivo é um estatuto ou contrato social, o estatuto é destinado as fundações, associações, sociedades anônimas, já o contrato social é pertinente as sociedades. 2. Desconsideração da Personalidade Jurídica da Pessoa Jurídica É uma prática de, em certos casos, desconsiderar a separação existente entre o patrimônio de uma empresa e o patrimônio de seus sócios para os efeitos de determinadas obrigações, com a finalidade de evitar sua utilização de forma indevida, ou quando este for obstáculo ao ressarcimento de dano causado a terceiros. São requisitos: o pedido expresso do interessado (juiz não decreta de oficio) e o abuso de personalidade, sendo através de desvio de finalidade ou confusão patrimonial Direito Civil 6 A desconsideração pode atingir qualquer pessoa jurídica e pode ser pedida até pela própria pessoa jurídica em questão, instaurado o pedido o processo vai ser suspenso e o sócio ou pessoa jurídica vai ser citado para se manifestar no prazo de 15 dias. Se for proferida por tribunal superior cabe agravo interno da decisão do desembargador ou relator. 3. Sociedades Despersonificadas Também chamadas de sociedades irregulares ou sociedades de fato, são aquelas pessoas jurídicas que não constituíram os seus atos, ou seja, não estão registradas, são despersonificadas por falta de registro, a doutrina costuma incluir a massa falida, o condomínio, a herança vacante e jacente, etc. Ser despersonificada quer dizer que a pessoa jurídica não vai ter aptidão genérica de titularizar direitos e obrigações na esfera civil no entanto isso é mitigado porque essas sociedades podem até celebrar contrato e tem capacidade judiciária. 4. Representação da Pessoa Jurídica A representação da pessoa jurídica está no ato constitutivo, se este for omisso todos são representantes, a citação da pessoa jurídica deve ser pelo representante que tem poderes para tal, no entanto se a citação for recebida por funcionário do quadro da empresa, esta vai ser legal pela teoria da aparência. 5. Classificação das Pessoas Jurídicas A) Nacional ou estrangeira: Se conferida pelo ordenamento jurídico brasileiro é nacional se pelo ordenamento estrangeiro é pessoa jurídica estrangeira. B) Direito Público e Privado: As de direito publico são aquelas previstas em lei e nas quais há soberania do publico sobre o privado, elas podem ser de direito publico interno (quando forem dos entes nacionais, união, estados, etc) e direito publico externo quando se submeterem ao direito internacional. As de direito privado são as fundações, associações, sociedades, partidos, etc. C) Corporações: São aquelas em que há uma soma de pessoas que podem ou não ter uma finalidade econômica. Dividem-se em: • Sociedades: Formada pela união de indivíduos, denominados sócios, que se organizam por um contrato social, visando partilhar o lucro. Podem ser sociedades simples – que não exercem atividade empresarial – e sociedades empresariais – que exercem atividade empresarial – • Associações: São formadas pela união de pessoas com o propósito de realizarem atividades de fins não lucrativos. Aqui não há sócios mas sim associados. D) Fundações: As fundações resultam não da união de indivíduos, mas sim da afetação de um patrimônio, livre, desimpedido, licito, para um fim especifico. A criação da fundação passa por algumas etapas • Afetação de bens livres, pode se dar por doação ou testamento, o instituidor está obrigado e especificar a finalidade fundacional, este é um ato irretratável, se o patrimônio for insuficiente seguir-se-á o destino indicado no estatuto, se este for omisso o patrimônio vai pra outra entidade de igual finalidade. Direito Civil 7 • A elaboração do estatuto pode ser direta – feita pelo próprio instituidor – ou indireta – quando o instituidor nomeia alguém pra fazer – • Aprovação dos estatutos que é feita pelo MP • Realização do Registro CivilNa extinção da fundação o patrimônio vai ter destinação definida no estatuto, caso seja omisso, será enviado para uma entidade de finalidade similar. 6. Extinção da Pessoa Jurídica A extinção da pessoa jurídica pode ser: a) convencional: quando os sócios a dissolvem; b) legal: hipóteses previstas em lei, como a morte do sócio; c) judicial: quando há um processo e uma decisão judicial; d) administrativa: pessoas que necessitam da autorização de um órgão do executivo e a perdem, deixam de existir. IV. Direitos de Personalidade São direitos subjetivos reconhecido à pessoa, tomada em si mesma e em suas necessárias projeções (integridade física, psíquica, etc) 1. Características a) indisponíveis: São indisponíveis pois não podem ser transferidos nem renunciados b) absolutos: Pois possui eficácia contra todos, todos devem respeitar. c) extrapatrimoniais: Não traz conteúdo econômico em sua essência, mas se violados cabe indenização, bem como quantificação na cessão de uso. d) imprescritíveis: não se extinguem pelo não exercício, mas a pretensão de responsabilidade civil pela violação ao direito prescreve em 3 anos e) vitalícios: os direitos da personalidade são inatos e permanentes, acompanhando a pessoa desde seu nascimento até sua morte. 2. Tutela Jurisdicional É possível a proteção dos direitos de personalidade através de medida preventiva (inibitória) ou repressiva (de fazer ou não fazer), uma vez concretizado o dano a saída posta é a reparação, materializada, em danos morais. 3. Classificação A) Integridade Fisica: Consiste na tutela ao corpo humano, seja vivo ou morto. • Corpo Vivo: Salvo exigência médica, ninguém pode dispor do corpo de modo que haja sua diminuição permanente • Tutela ao corpo morto: É possível dispor de corpo morto para pesquisas ou fins altruístas desde que seja de forma gratuita, tal ato é revogável em vida. B) Integridade física ou moral: São direitos de personalidade relacionados a incolumidade moral. Direito Civil 8 • Imagem: Incide proteção a imagem da pessoa porque ela a identifica no cenário nacional, e aqui estão inseridos os atributos especiais da pessoa, a voz, etc. Para alguém utilizar a imagem de outra é obrigatório o consentimento desta, mesmo em local público. • Vida Privada: Aqui é o direito ao aspecto particular, ao direito de se resguardar, de ficar sozinho. Aqui abragem a intimidade que é coisa particular e ao sigilo • Honra: É a proteção ao prestigio social, protege-se de imputação de informações falsas, caluniosas, sobre a pessoa. • Nome: é o direito a identificação, não é possível escolher nome que exponha a pessoa ao ridículo, para colocar o nome de uma pessoa em uma propaganda comercial é necessário consentimento, é protegido também o pseudônimo que é um apelido ou designação dada a alguém devido a alguma atividade que esta exerce. • Direito a integridade intelectual: Proteção aos bens que a mente humana cria, ex: direitos autorais, patentes, etc. É possível a extensão desses direitos da personalidade a pessoa jurídica, tipo proteção ao nome, imagem, honra, integridade intelectual, etc. V. Domicilio Corresponde ao domicilio, o lugar no qual a pessoa – física ou jurídica- fixa o centro principal de suas atividades sendo possível ser único ou vários. 1. Domicilio da Pessoa Natural Domicilio da pessoa natural é onde ela estabelece sua residência com animo definitivo, importante não confundir com morada que é onde ele se estabelece provisoriamente, como quando viaja a trabalho, e residência local físico onde a pessoa reside de fato. • Pluridade de domicílios: Se a pessoa tiver diversas residências onde alternadamente viva, considera-se-á seu domicilio qualquer uma. • Domicilio Profissional: Domicilio Profissional é onde a pessoa exercer o seu trabalho, podendo ter pluralidade de domicílio também. • Domicilio Aparente: É a situação onde a pessoa não tem domicilio, é considerado então o local em que ela se encontra. 2. Domicilio da Pessoa Jurídica. O Domicilio da pessoa jurídica de direito privado será o local eleito no seu ato constitutivo e na omissão desse vai ser onde funciona sua diretoria ou administração. Caso a pessoa jurídica tenha domicílios em vários lugares – filiais, por ex – considerar-se-á seu domicilio qualquer uma deles. Se a pessoa jurídica tiver domicilio no estrangeiro será considerado seu domicilio, a sua sede no brasil. 3. Espécies de Domicílios a) voluntário: decorre de ato de vontade, podendo ser geral que é o eleito pela própria parte ou pode ser eleito pelos contratantes no caso de um contrato. Direito Civil 9 • Considera-se ilegal clausula no contrato que estabelece o foro da eleição em beneficio do fornecedor do produto ou serviço em prejuízo do consumidor b) legal ou necessário: decorre da lei • Do incapaz: É o do seu representante ou assistente • Do servidor: local onde ele permanence permanentemente suas funções • Militar: local onde servir, sendo marinha ou aeronáutica, local da sede do comando • Preso: local onde estiver cumprindo sentença VI. Bens Jurídicos Bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. Enquanto o objeto do direito positivo é a conduta humana, o objeto do direito subjetivo podem ser bens ou coisas não valoráveis pecuniariamente. 1. Classificação dos Bens a) moveis e imóveis: bens móveis são passiveis de deslocamento, sem quebra, fratura, ou alteração na sua substância, são considerados bens moveis também os semoventes (animais), direitos reais sobre objetos imóveis, direitos pessoais de caráter patrimonial, e energia que tenha valor econômico. Bens imóveis são aqueles que não podem ser transportados de um lugar para o outro sem alteração da sua substância. • Bens moveis são adquiridos, em regra, pela tradição. Imoveis são adquiridos pela escritura publica e registro no cartório de registo de imóveis • Bens Moveis não exigem outorga uxória. Bens imóveis exige outorga uxória, salvo no regime de separação de bens e no de participação final nos aquestos • Bens moveis tem como direito real de garantia o penhor. Bem imóvel tem direito real de garantia a hipoteca. b) Fungíveis e Infungíveis: Fungíveis são os bens que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Infungíveis são aqueles de natureza insubstituível. • Mutuo é empréstimo de coisa fungível; Comodato empréstimo de coisa infungível c) Consumíveis e Inconsumíveis: Bens consumíveis são aqueles que o uso importa destruição imediata da própria substancia – bem como aqueles destinados a alienação. Bens inconsumíveis são aqueles suportam o uso continuado sem destruição da própria substância. d) Divisíveis e Indivisíveis: Bem divisível é aquele que pode se repartir em porções reais e distintas sem alterar sua essência. Bem indivisível é aquele em que não se pode dividir porque ele perde a sua substância. e) Singulares e coletivos: Bem singular é aquele considerado em sua individualidade, ex: lápis, livro, etc. Bem coletivo é aquele que em conjunto forma uma coisa. Direito Civil 10 f) Principal e Acessório: Principal é o bem que existe por si só, sem depender de ninguém. Acessório é aquele cuja existência depende do bem principal, o acessório se divide em: • Frutos: Aquilo que a coisa principal produz sem alteram a sua substância (ex, juros decorrentes de um contrato de empréstimo). São naturais se surgem sem necessidade de ação humana, são industriais se são decorrentes de atividade industrial humana e são civis aquilo que a coisa principal produz mas que não surge da natureza Quanto a ligação com a coisa principal, são colhidos ou percebidos se já destacados da coisaprincipal, são pendentes se ainda encontram-se ligados a coisa principal, são percepiendos se deveria ter sido colhido mas não foi, são consumidos se já não existem mais. • Produtos: Cuja percepção diminui a substância da coisa principal • Pertenças: São coisas que não constituindo parte integrante acaba se juntando a coisa principal • Benfeitorias: É a obra feita pelo homem, para melhorar a coisa. São necessárias se servem para conversa-la, são uteis se serve para melhora- las e são voluptuárias se servem para embeleza-las. g) Bens públicos e particulares: Bens Públicos são aqueles pertencentes as pessoas de direito público, bem particular, são todos os demais. h) Bens de Família: É aquele bem necessário a sobrevivência do devedor, sendo em regra não atingido pelas execuções. • Voluntário: É aquele instituído por vontade do casal, da entidade familiar ou até de terceiro, mediante escritura ou registro publico e não superior a 1/3 do patrimônio liquido existente a época da instituição, uma vez instituído, vira impenhorável e inalienável, a extinção do bem de família extingue-se com a morte dos cônjuges e com a maioridade dos filhos, salvo se incapazes. • Legal: É o reconhecido pela lei, não precisa de registro, é criado pela lei. VII. Teoria do Ato, Fato e Negócio Jurídico. Fato material é aquele que não tem consequência jurídica, já o fato jurídico é todo acontecimento relevante para o direito, ainda que ilícito. 1. Classificação dos Fatos Jurídicos A) Fatos naturais ou fato jurídico em sentido estrito • Ordinários: Fatos comuns, do cotidiano (morte, nascimento, maioridade) • Extraordinários: Incomuns, excepcionais (terremoto, furacão) Os fatos da natureza que interessam ao direito civil são apenas os que interferem nas relações humanas de modo a propiciar a aquisição, modificação e extinção de direito. Direito Civil 11 B) Fatos humanos ou fato jurídico em sentido amplo Atos que dependem da conduta humana para acontecer • Ato jurídico licito: contrários ao direito, por violentarem regras do ordenamento jurídico • Ato Jurídico Licito: Consoante o direito. Ato Jurídico em sentido estrito decorre da atividade humana reconhecidamente valida e cujos efeitos são determinados por lei. Aqui a vontade humana não cria efeitos. Negócio Jurídico É aquele no qual a vontade humana não só é o gerador como também determina seus efeitos. Ato-Fato Jurídico aqui a vontade não é considerada pelo ordenamento jurídico e - por isso, não se trata de ato jurídico - mas de simples fato jurídico, que terá como características a simples ação humana 2. Negócio Jurídico É o encontro de vontades visando criar, modificar, conversar ou extinguir relações jurídicas. a) plano de existência de validade: é o plano do ser do negocio juridico, são elementos da existência: agente, forma, objeto e vontade exteriorizada. Caso não esteja presente um desses elementos o negócio jurídico será inexistente e não produzirá efeitos. b) plano de validade: trata da adequação ao sistema jurídico, o negócio deve ter: agente capaz e legitimado; Objeto licito, possível, determinável ou determinado e forma prescrita ou não defesa em lei. O negócio também precisa ter todos esses elementos para produzir efeitos. 2.1 Invalidades do Negócio Jurídico A consequência jurídica do desrespeito aos pressupostos de validade do negócio jurídico, será a nulidade ou anulabilidade do mesmo. 2.1.1 Nulidade absoluta: São aquelas feitas por pessoas absolutamente incapazes, for ilícito, impossível, impossível ou indeterminável, não for revestido de forma prescrita em lei, tiver por objeto fraudar a lei imperativa, e a lei expressamente o declarar nulo. O negócio jurídico nulo possui as seguintes características: • Atinge interesse público superior • Opera-se de pleno direito • Pode ser arguido pelas partes, pelo MP e por terceiro interessado • A ação declaratória de nulidade é decidida por sentença com efeitos retroativos e contra todos • A nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo • O Juiz pode reconhecer ela de oficio, mas não pode supri-la. 2.2.2 Nulidade relativa (anulabilidade): o negócio anulável produz efeitos até que uma decisão judicial reconheça sua anulabilidade, se não existir decisão judicial ou se sela não for arguida no prazo legal, o negocio jurídico se aperfeiçoa, se convalidando, as principais hipóteses são a incapacidade relativa do agente, e por vicio de erro, dolo, coação estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Possui as seguintes características: Direito Civil 12 • Atinge apenas interesses particulares • Não se opera de pleno direito • Somente por ser aguida pelos interessados • A ação anulatória é decidida por sentença de natureza desconstitutiva com efeitos não retroativos. • Só pode ser arguida pela via judicial em prazo decadência de até 4 anos – regra geral – ou 2 anos, regra supletiva. 2.3 Plano de validade São os efeitos do negócio e com os requisitos legais, os efeitos são em regra produzidos imediatamente, salvo, algum fator de eficácia presente, caso do termo, condição ou encargo, esses são elementos acessórios do negócio jurídico e não estão relacionados a existência ou eficácia do negócio são apenas em autolimitações da vontade de natureza facultativa a) condição: É evento futuro e incerto que condiciona o negócio jurídico. É suspensiva quando deixa os efeitos do negócio jurídico pendente de modo que enquanto não ocorra a condição o negócio não tem efeitos, ou seja a pessoa não adquire o direito e nem usufrui. Já a condição resolutiva é aquela que já dá resolve o negócio jurídico. São coisas que invalidam o negócio: i-as condições física ou juridicamente impossíveis; ii- as condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita; iii- as condições incompreensíveis ou contraditórios b) termo: É um evento futuro e certo consistindo no dia ou momento em que o negócio começa (termo inicial) ou extingue a sua eficácia (termo final). O prazo entre o termo inicial e o termo final é contado excluindo-se o dia do inicio e incluindo o dia do vencimento, o termo suspende apenas o exercício do direito não sua aquisição. c) Modo ou encargo: É um ônus (restrição) para que a parte usufrua o benefício, diferencia-se da condição porque não suspende a aquisição e o exercício do direito. Se considera não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir motivo determinado da liberalidade, caso em que se invalidade o negócio jurídico. 3. Defeitos do Negócio Jurídico 3.1 vicio de consentimento: diz respeito a um aspecto interno do negócio, inerente a manifestação de vontade a) Erro ou ignorância É quando o agente celebra um negocio com base é um entendimento falso do que de fato está acontecendo, para gerar invalidação o erro precisa ser causa determinante do ato. • Erro in negotio: Erro sobre o tipo de negócio, pensa estar celebrando um, mas está celebrando outro • Erro in corpore: Erro sobre o tipo de objeto do negócio, pensa-se estar adquirindo um mas está adquirindo outro. • Erro in persona: É o erro sobre a pessoa • Erro de direito: É o equívoco que o agente tem sobre a lei Direito Civil 13 b) Dolo É o induzimento malicioso de alguém a prática de um ato que lhe seja prejudicial, mas proveitoso ao autor do dolo ou a terceiro é diferente do erro porque no erro o agente se equivoca sozinho, no dolo ele é induzido. Se ocorrer o dolo acidental não gera anulabilidade apenas perdas e danos c) Coação Moral É uma ameaça ou pressão moral e física exercida sobre o agente para força-lo, contra sua vontade, a praticar um ato tornando o negócio defeituoso, para viciar a vontade o agente tem que sentir uma ameaça muito grandeem relação a si, seus amigos, família etc. A coação pode ser exercida por terceiro viciando o ato se o beneficiário tivesse ou devesse ter conhecimento dela, nesse caso a responsabilidade é solidária se o beneficiário não sabia o terceiro responde por perdas e dano d) estado de perigo Ocorre quando alguém premido da necessidade de se salvar ou salvar pessoa de sua família, amigo etc., assume obrigação excessivamente onerosa e) lesão Visa coibir o abuso de poder econômico ou posição privilegiada no negócio jurídico, a lesão coíbe aquele desequilíbrio negocial inadequado 3.2 vicio social: é um vício que se dá pela tentativa de burlar a lei ou prejudicar terceiro a) fraude contra credores É o vício social na qual consiste em uma pratica de atos de disposição patrimonial pelo devedor com o intuito de esvaziar o seu patrimônio e gerar insolvência em face de credores, para configuração da fraude são necessário dois requisitos: • Diminuição do patrimônio gerando a insolvência • Concluio fraudulento que ressalta a má-fé dos envolvidos, ex, remissão de dividas, negócios de transmissão gratuita, antecipação do pagamento de um credor preterindo os demais, outorga de garantia a um dos credores pretendi os demais. No entanto se os gastos forem relativos para manutenção do estabelecimento e subsistência da família não há má-fé. O prejudicado deve entrar com ação pauliana ou revocatória, de natureza desconstitutiva, no prazo decadencial de 4 anos “Para a jurisprudência gera ineficácia do ato, para a doutrina há a anulabilidade” A fraude contra credores é diferente da fraude a execução pois a fraude a execução já está com processo em curso, é tipo penal, e gera ineficácia e não anulabilidade. Direito Civil 14 b) Simulação É uma declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito diverso do indicado com o objetivo de prejudicar terceiros. A simulação é causa de nulidade absoluta do negócio e pode ser alegada por uma das partes contra a outra. • Absoluta é aquela que o negócio não visa produzir efeito, mas sim lesar alguém. • Relativa é aquela em que as partes criam um negócio jurídico simulado para encobrir outro negócio jurídico cujos efeitos são proibidos por lei VIII. Prescrição e decadência As extinções dos direitos podem ocorrer de duas maneiras: • O direito ao exercício de pretensão se não exercido durante certo tempo é fulminado pela PRESCRIÇÃO, a pretensão é um direito subjetivo que encontra resistência da outra parte exigindo atuação para se realizar • Já a DECADÊNCIA é o instituto que destrói os direitos potestativos que são aquelas direitos autoexecutáveis que não admitem resistência de ninguém. As ações declaratórias são imprescritíveis, as ações condenatórias são prescritíveis e as ações desconstitutivas ou constitutivas são decadenciais 1. Prescrição É a perda do direito de pretensão, relativa a um direito patrimonial e disponível, no prazo previsto em lei, em virtude da inércia do seu titular e manejada por uma ação condenatória, envolve apenas direitos objetivos patrimoniais, os extrapatrimoniais (direitos de personalidade, por exemplo) são imprescritíveis. 1.1 Prazos prescricionais Prescreve em 10 anos se a lei não lhe der prazo menor a) em 1 ano: b) 2 anos: ▪ Pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem c) 3 anos: ▪ Temas envolvendo aluguéis, empresa, ressarcimento de enriquecimento sem causa reparação civil d) 4 anos: ▪ Pretensão relativa a tutela, a contar da data da aprovação das contas. e) 5 anos. ▪ Pretensão de cobrança de dívidas liquidas constante de instrumento público ou particular Direito Civil 15 ▪ Pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo ▪ Pretensão de profissional liberal, procuradores judicias, curadores, professores pelos seus honorários, contado o prazo do fim do mandato, conclusão dos serviços, fim dos contratos. 1.2 Prescrição intercorrente É aquela que ocorre dentro do processo, no meio do processo 1.3 causas impeditivas, suspensivas e interruptivas. O prazo prescricional se submete, por força de lei, a causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas. Impeditivas são as que o prazo nem começa a contar; suspensivas paralisam o curso do tempo que recomeça de onde parou; interruptivas são as que param e começam a contar do zero. a) Causas suspensivas ou impeditivas • Não ocorre a prescrição entre cônjuges na sociedade conjugal mas corre na união estável segundo a doutrina mas pra jurisprudência não corre • Entre ascendentes e descentes durante o período familiar, ou seja quando o descender for menos de 18 anos sem estar emancipado • Entre tutelados e curatelados e tutores e curadores. • Não corre contra os absolutamente capazes mas corre contra relativamente incapazes • Não corre em ações que versem sobre evicção, inexistência de prazo vencido e pendencia de condição suspensiva • Não corre contra quem defende o brasil no estrangeiro A prescrição em favor de um devedor aproveita os devedores solidários se a obrigação for indivisível. b) causas interruptivas É aquela que zera o prazo e começa tudo de novo, a interrupção só ocorre uma vez. 2. Decadência A decadência destrói os direitos potestativo, caducidade é o prazo determinado para exercer um direito potestativo manejado uma ação constitutiva no prazo de 4 ou 2 anos, todavia, há casos em que não há prazo decadencial, ex, divórcio. Pode ser legal decorrente da lei ou convencional decorre da vontade das partes, difere da prescrição pois essa dó decorre da lei • Os prazos decadenciais e prescricionais não podem ser alterados • A prescrição pode ser renunciada e a decadência convencional também • Prescrição e decadência legal pode ser reconhecida de oficio pelo juiz. • A decadência, em regra, não suspende nem interrompe Direito Civil 16 I. Direito das Obrigações Num conceito mais simples, a obrigação é o direito do credor contra o devedor. Num conceito mais completo, a obrigação é um vínculo jurídico transitório em virtude do qual uma pessoa fica sujeita a satisfazer uma prestação econômica em proveito de outra. 1. Elementos do direito obrigacional a) elementos subjetivos: sujeitos ativos e passivos São aqueles que titularizam relações de créditos ou débitos. b) elemento objetivo: prestação A prestação se realiza mediante um elemento concreto, objetivo, material, denominado prestação que deve ser licita, possível, certa ou determinada. c) elemento imaterial: vinculo jurídico Segundo a teoria dualista (majoritária), a relação contém dois vínculos um atinente e o dever do sujeito passivo de realizar a prestação, outro de utilizar o patrimônio desta para satisfazer o crédito. 2. Classificação das obrigações a) obrigação de dar A obrigação de dar é uma prestação consistente na entrega de uma determinada coisa mediante tradição ou registro, na obrigação de dar se a coisa perece sem que ninguém tenha incorrido em dolo ou culpa, o dono suportará o prejuízo pois ninguém deu causa a isso, no entanto se a coisa perecer por causa de alguém a a responsabilidade civil por danos morais e materiais, até a tradição pertence ao devedor da coisa com os seus melhoramentos e acréscimos, dessa forma por tais melhoramentos pode o devedor exigir aumento no preço. A obrigação de dar pode ser relativa a coisa certa ou incerta a diferença entre os dois está no fato da coisa estar individualizada ou não. Na obrigação de dar coisa incerta a coisa será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade cabendo ao devedor escolher, concentrar a coisa no momento ajustado, na obrigação de dar coisa incerto a coisanunca vai perecer porque ela é justamente incerta. b) obrigação de fazer Essa obrigação é aquela pela qual o devedor se compromete a realizar determinada coisa que pode ser uma obra, serviço, etc. Ela pode ser infungível quando a obrigação deve ser feita por determina pessoa, com qualidades, ou poder se fungível que é aquela que pode ser feita por outra pessoa. Antes de pleitear indenização, o credor tem que pedir o cumprimento desta, não sendo possível surgirá a possibilidade de perdas e danos, mas nos casos de urgência pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato e depois ressarci-lo. c) obrigação de não fazer É a obrigação na qual o agente se abstém de fazer alguma coisa. Direito Civil 17 d) obrigações cumulativas e alternativas Obrigação cumulativa é aquela que se compõe pela multiplicidade de objetos, são aquelas em que o devedor cumpre várias prestações. Obrigação alternativa é aquela em que há a multiplicidade de objetos mas o devedor somente precisa cumprir uma delas, a escolha a obrigação cabe ao devedor se outra coisa não foi pactuada. Se a escolha compete ao devedor e por sua culpa ele não cumprir nenhuma das obrigações ele paga o valor da ultima coisa que se impossibilitou mais perdas e danos, se a escolha for do credor ele pode escolher o valor da prestação que restou ou o valor da outra com perdas e danos e) obrigações solidárias São aquelas em que há multiplicidade de sujeitos no polo ativo ou passivo ▪ O CC veda o devedor por exceções pessoais indistintas aos credores solidários ▪ Se a prescrição for suspensa em favor de um dos credores, este só aproveita os demais se a obrigação for indivisível ▪ A interrupção da prescrição feita por um credor não aproveita os outros, salvo se a obrigação for solidária ativa A renúncia a solidariedade se diferencia da remissão, porque na remissão o devedor fica totalmente liberado do vínculo sem pagar nada. Ex: A é credor de B, C e D na quantia de 6.000 reais, A renúncia a solidariedade em relação a B, B é exonerado da solidariedade mas continua obrigado a pagar 2 mil reais, C e D continuarão solidários mas no valor de 4 mil reais. f) obrigação instantânea e deferida Instantânea é a de prestação imediata, deferida se contrai no tempo g) Divisibilidade da obrigação A obrigação será indivisível quanto sua prestação não puder ser fracionada seja em razão da qualidade física do objeto ou apenas por causa da vontade das partes, ela somente perde a invisibilidade quando é convertida em perdas e danos. h) Obrigações de meio e resultado Nas obrigações de resultado o devedor se compromete (e assume os riscos) com a ocorrência do resultado ajustado sob pena de responsabilidade civil. As obrigações de meio são aquelas em que o devedor não tem como ou não deseja de comprometer ao resultado. i) Obrigações principais e acessórias Principais são as que existem independentemente de qualquer outra. Acessórias são aquelas que se derivam das obrigações principais j) Obrigação propter rem É a obrigação na qual as dívidas da coisas (direito real) seguem o dono. Ex: IPTU, dividas de condomínio, etc. Direito Civil 18 3. Do Pagamento a) quem deve pagar (solvens) O solvens é aquele que deve ou pode pagar seja o próprio devedor ou o interessado e ainda o terceiro não interessado se o fizer a conta do devedor e este não se opor. b) quem deve receber (accipens) O accipens é aquele em que se deve pagar, é o sujeito para quem se realiza a obrigação e tanto pode ser o credor quanto seu representante legal. O credor aparente (credor putativo) também é apto a receber e também o portador da quitação. C) penhora previa Se houver penhora decorrente de decisão judicial, o devedor não pode ignorar e realizar o pagamento de maneira extrajudicial, porque se o fizer poderá ter que pagar de novo (quem paga mal paga duas vezes) d) princípios ▪ Exatidão: O Credor tem que receber o que foi pactuado, não é obrigado a receber coisa diversa ainda que mais valiosa. ▪ Identidade física da coisa: se a coisa for divisível não pode o credor ser obrigado a receber nem o devedor a pagar por partes, se assim não o ajustou. ▪ Nominalismo: as dividas sem ser pagos em dinheiro e em moeda nacional e) lugar do pagamento O pagamento deve ser efetuado no domicilio do devedor, salvo, se pacturarem de maneira diferente, portanto, a divida é quesível (deve ser efetuada no pagamento do devedor) mas se pactuada pode ser portável (domicilio do credor) ▪ Se for dois ou mais lugares designados para pagamento, cabe ao credor escolher entre eles ▪ Se a prestação for um imóvel a dívida se paga no local do imóvel 4. Formas de extinção da obrigação 4.1 Consignação em pagamento É o procedimento pelo qual o devedor tem o direito de se livrar da obrigação ao pagar o débito, o devedor as vezes quer pagar, mas o credor não quer receber, então ele consigna o valor ou objeto da prestação em juízo para se livrar da obrigação. a) hipóteses de cabimento ▪ Se o credor não puder, ou sem justa causa, recusar a receber o pagamento ou dar quitação ▪ Se o credor não for, nem mandar receber, a coisa no lugar, tempo e condição devidos. ▪ Se o credor for incapaz de receber, for devido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ▪ Se houver dúvida sobre quem é legitimo para receber o pagamento ▪ Se pender litigio sobre o objeto do pagamento Direito Civil 19 b) condição de validade para o pagamento consignatório O pagamento consignado deve obedecer a todos os procedimentos previstos no pagamento normal. c) Especificidade da obrigação de dar coisa certa e incerta Se se tratar de entrega de coisa imóvel onde o lugar do pagamento é o lugar onde ele se encontra, o devedor pode mandar citar o credor para vir recebe-la, sob pena de ser depositada. Se na obrigação de dar coisa incerta, a escolha da coisa for do credor ele é intimado para que o faça em cinco dias sob pena de recair o direito para o devedor que vai escolher a coisa e consigna-la 4.2. Sub-Rogação. Transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação ou emprestou o necessário para solve-la, a dívida extinta para o credor originário, se subsiste para o devedor que passa a ter por credor, investido nas mesmas garantias, aquele que lhe pagou ou permitiu pagar a dívida. 4.3. Dação em pagamento É um meio de satisfação do credor, que aceita receber prestação diversa do que lhe é divida Requisitos: ▪ Dívida vencida ▪ Consentimento do credor ▪ Entrega de uma prestação diversa da que era devida ▪ Animus solvendi (intenção de pagar) caso contrário será mera liberalidade. A ocorrência de evicção na dação restabelecerá a obrigação primitiva. 4.4. Novação É quando as partes criam uma obrigação nova destinada a substituir e extinguir a anterior, a novação se dá sempre por vontade das partes. Requisitos ▪ Existência de uma obrigação anterior ▪ Intenção de novar ▪ Criação de uma obrigação nova O CC diz que se a obrigação anterior for anulável poderá ser novada sem o menor problema, mas as obrigações nulas ou extintas não podem ser nováveis. Renegociação de uma dívida também não é novação porque não se cria uma nova obrigação Espécies ▪ Objetiva: As mesmas partem constituem a obrigação nova ▪ Subjetiva: Opera-se a mudança não do objeto mas dos sujeitos Direito Civil 20 Existem dois instrumentos que realizam a novação subjetiva, são eles: ▪ Delegação: Todos os envolvidos participam do ato novatório ▪ Expromissão: O devedor novo se integra na nova obrigação sem anuência do devedor antigo 4.5. Compensação Se duas pessoas forem aomesmo tempo credor e devedor uma da outra, seus créditos e dividas se extinguem até onde se compensarem. Requisitos para a compensação legal ▪ Reciprocidade das dividas ▪ Liquidez das dividas ▪ Vencimento da divida ▪ As dividas devem ter o mesmo objeto, ex: dinheiro por dinheiro 4.6 Imputação ao pagamento É a especificação de qual entre dois ou mais débitos da mesma natureza, positivos e vencidos e devidos a um só credor, está sendo quitado naquela oportunidade. São Requisitos: Igualdade entre credor e devedor e liquidez e vencimento de dividas de mesma natureza Salvo anuência do credor, o devedor não poderá imputar o pagamento em dívida cujo montante seja superior ao valor ofertado, o parcelamento do debito só é permitido quando convencionado • Prioridade para os juros vencidos • Prioridade para as liquidas e vencidas anteriormente, em detrimento dos recentes • Prioridade para as mais onerosas, em detrimento das mais vultuosas se vencidas e liquidas ao mesmo tempo 4.7 Confusão A confusão ocorre quando as qualidades de credor e devedor são reunidas numa só pessoa, assim a extinção da obrigação é obviamente extinta. A confusão pode ser total ou parcial e há ainda a confusão impropria que ocorre quando se não se extingue a obrigação primitiva, mas somente a acessória. 4.8 Remissão Remissão é o perdão da dívida sem prejuízo de terceiro, mas pode o devedor recusar a este. Requisitos ▪ Animo de perdoar ▪ Aceitação do perdão A remissão pode ser expressa ou tácita, verbal ou escrita, total e parcial Direito Civil 21 5. Transmissão das obrigações 5.1 Cessão de crédito Negócio jurídico pelo meio do qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro (cessionário) mantendo-se a relação obrigacional primitiva, exceto cessão de direito a alimentos e outras proibidas. ▪ Cessão de direitos hereditários é permitido ▪ Para ter efeito em relação ao devedor exige-se a notificação dele, que será considerado notificado se der ciência em instrumento publico ou particular ▪ Na cessão pro-soluto o cedente somente garanta o crédito não garante que o devedor vá cumprir a obrigação, sendo a cessão gratuita e de boa fé, imaginando existir o crédito, nada ocorre. Se agir de má-fé responde pelo crédito ▪ Na cessão pro-solvendo o credor garante o pagamento do devedor se tornando responsável pelo pagamento caso o devedor não cumpra 5.2 Cessão de dívida ou assunção de divida O devedor, com expresso consentimento do credor, transmite a um terceiro a sua dívida, o silencio do credor importa recusa. Se o novo devedor for insolvente ao tempo da assunção e o credor ignorava isso o antigo devedor continuará respondendo pela dívida. Requisitos ▪ Existência de uma obrigação valida ▪ Anuência expressa do credor ▪ Substituição do devedor, mantendo a mesma obrigação 5.3 Cessão de contrato O concedente aqui transfere sua posição no contrato (compreendendo direitos e débitos) a um terceiro (cessionário) desde que haja consentimento da parte contraria. Requisitos ▪ Ausência da parte contraria ▪ Integralidade da cessão ▪ Celebração de um negócio jurídico entre cedente e cessionário 6. Sinal ou arras Disposição contratual pela qual uma das partes entrega, a outra, dinheiro ou bem móvel para assegurar o cumprimento da obrigação. São de duas espécies a) Arras confirmatória ou “sinal”: A entrega do numerário ou do bem móvel como sinal marcará o inicio da execução do contrato de maneira a não se admitir o arrependimento posterior, se houver descumprimento do contrato a regra geral, é a perda do sinal em favor da parte inocente, ou seja o valor é restituído a parte que deu o sinal, podendo ainda pedir perdas e danos e exigir o cumprimento do contrato Direito Civil 22 b) Arras penitenciais: São aquelas que garantem o direito ao arrependimento tendo função indenizatória, quem conferir arras e após desistir as perderá para a outra parte. Se quem recebeu desistir do negócio as arras serão pagas em dobro 7. Mora ou inadimplemento relativo O inadimplemento pode ser total (absoluto) quando se tem a total inutilidade da prestação, ou parcial (relativo) quando a prestação pode e deve ser executada. O inadimplemento relativo é chamado mora 7.1 Espécies a) mora do devedor Ocorre quando este retarda culposamente o cumprimento da obrigação, para que aconteça alguns requisitos devem estar presentes ▪ Existência de uma dívida liquida e certa ▪ Vencimento da divida ▪ Culpa do devedor, culpa subjetiva, depende de dolo ou culpa ▪ Viabilidade no cumprimento tardio da obrigação A mora do devedor pode ser automática, mora ex re, ou ainda, mora ex persona, quando é necessária interpelação. Efeitos da mora: ▪ Responde o devedor pelo prejuízo que sua mora causar, mais juros, atualização monetária e honorários do advogado ▪ Tem responsabilidade pelo risco integral da coisa ainda que seja acidental b) mora do credor Quando o credor sem justificativa, recusa-se ao pagamento ele incorre em inadimplemento obrigacional, o principal efeito é a responsabilidade pela conservação da coisa e fica obrigado a ressarcir as despesas empregadas na coisa. 8. Clausula Penal A clausula penal é um pacto acessório onde são firmados, previamente, as consequências jurídicas do descumprimento culposo da obrigação principal 9. Juros Os juros são um fruto civil, correspondente ou a remuneração devida ao credor pela utilização do seu capital ou a mora, nos juros remuneratórios compensa-se o credor pela utilização de seu capital e nos juros moratórios compensa-se o credor em decorrência do atraso do pagamento. Quando os juros moratórios não forem convencionados ou o forem sem taxa estipulada ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devido a fazenda nacional Direito Civil 23 II. Teoria Geral dos contratos 1. Princípios do direito contratual a) Princípio da autonomia da vontade ou privada É o princípio que afirma o poder às partes de dispor de seus próprios interesses mediante acordos. A vontade dos contratantes tem eficácia jurídica, devendo ser respeitada, uma grande limitação deste princípio é a proteção da parte mais fraca na relação contratual, bem como o princípio da supremacia da ordem pública, a moralidade e o princípio da boa-fé objetiva. A ausência de plena consciência entre os contratantes também é um delimitador da autonomia da vontade, pois são anuláveis os contratos eivados de erros, dolo e outros defeitos b) princípio da relatividade O contrato faz lei entre as partes e os obriga. No entanto, somente as partes de uma determinada obrigação assumida é que podem sofrer os efeitos daquela contratação. O princípio da relatividade decorre do princípio da autonomia da vontade, pois somente aqueles que a manifestam ficam vinculados ao contrato. Declaração de vontade alheia não afeta terceiros ou seus patrimônios. Tal princípio, porém, somente se mostra coerente com o modelo clássico de contrato. O Código Civil abalou essa visão, posto que não concebe mais o contrato apenas como instrumento de satisfação de interesses pessoais do contratante, conferindo-lhe função social. A consequência disto é possibilitar que terceiros que não são parte do contrato possam nele influir em razão de serem direta ou indiretamente afetados por ele • Estipulação em favor de terceiro: é um contrato que é estipulado em favor de terceiro, o terceiro pode exigir o cumprir do contrato o estipulante também pode e o terceiro pode ser substituído a qualquer hora independentemente de anuência. • Promessa de fato a terceiro: Aquele que tiverprometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este não executar, tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens e por fim, nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação • Contrato com pessoa a declarar: a pessoa a declarar é aquela que deverá assumir os direitos e as obrigações decorrentes da avença, ocorre quando alguém contrata com o escopo de futuramente indicar pessoa que irá assumir os direitos e obrigações, a indicação deve ser feita no prazo de 5 dias o contrato só vai obrigar as partes originarias se não houver indicação da pessoa, e se o nomeado se recusar a receitar e ainda se o nomeador for insolvente e a pessoa desconhecia isso no momento da insolvência. Direito Civil 24 c) princípio da força obrigatória do contrato Este princípio encontra seu pilar de sustentação na ideologia que norteia o “pacta sunt servanda”. Segundo este princípio, o contrato é lei entre as partes. O descumprimento do contrato implica, via de regra, em sanções de ordem pecuniária. Existem riscos inerentes a pessoa humana e outros que são imprevisíveis. Acontecendo algo imprevisível, o juiz será o responsável pela revisão contratual para restabelecer o equilíbrio. Exceção a esse princípio é a teoria da revisão no qual um fato superveniente desequilibra a base econômica contratual com extrema vantagem para uma das partes. São requisitos: • Contrato comutativo (oneroso e bilateral) e de duração continuada • Superveniência de circunstancias extraordinária e imprevisível • Alteração da base econômica objetiva do contrato com extrema vantagem a uma das partes e onerosidade para a outra, aqui é possível a revisão ou resolução do contrato desde que haja anuência e que a alteração não se deu por alea que estava prevista no contrato. Mas pela teoria da onerosidade excessiva prevista no CDC, pode haver uma revisão no contrato sem a anuência do beneficiado. 2. Contrato Preliminar O contrato preliminar também conhecido como pré-contrato é um pacto através do qual as partes de comprometem a celebrar posterior contrato futuro, o pré- contrato é considerado contrato porque ele tem força coercitiva. O contrato preliminar deverá conter todos os requisitos do definitivo a exceção da forma, o contrato preliminar é – em regra – irretratável salvo se possuir clausula de arrependimento, o contrato preliminar deve ser levado ao registro competente e por ser irretratável se uma das partes se negar a cumpri-lo a outra pode requerer judicialmente seu cumprimento. 3. Vícios redibitórios O vicio redibitório é um defeito, presente em contrato comutativo que diminui o valor ou prejudica a utilização da coisa alienada, o defeito tem que existir anteriormente a tradição, acompanhar a coisa após sua entrega e ter a sua descoberta posteriormente. Uma vez descoberto o vício, o adquirente pode lançar mão de uma das ações edilícias: ação redibitória ou estimatória, não sendo possível serem cumuladas. A ação redibitória resolve (desfaz) o contrato, rejeita-se a coisa para obter o dinheiro de volta e a ação estimatória visa reduzir o valor da aquisição da coisa por conta do vício, a culpa não é prevista, mas se houver torna-se possível cumular a resolução ou diminuição de valores com perdas e danos Tratando-se de vicio de fácil constatação o prazo será de 30 dias quando for bem móvel e 1 ano quando for bem imóvel, esses prazos são contados da entrega efetiva e se o adquirente já estava na posse da coisa os prazos serão reduzidos pela metade e contados da alienação. Direito Civil 25 Se tratar de vicio de difícil constatação (vício oculto) o prazo será de 180 dias para bens moveis e 1 ano para bens imóveis, aqui os prazos são contados da descoberta do vício e não da data da entrega ou alienação. • Os prazos referentes ao vicio redibitório não correm enquanto não finalizado o prazo de garantia, subsistindo o adquirente, nesse prazo, a obrigação de comunicar a existência do vício no prazo de 30 dias, sob pena de decadência. 4. Exceção do contrato não cumprido É uma situação de defesa na qual a parte demandada diz que deixou de cumprir porque a outra parte ainda não satisfez a obrigação correspondente. • Existência de um contrato bilateral sinalagmático • Demanda de uma das partes pelo cumprimento pactuado • Prévio descumprimento da prestação pelo demandante 5. Evicção É a perda da propriedade, posse ou uso de um bem que é atribuído a terceiro por força de sentença judicial. Desta forma, pode-se afirmar que ela consiste na perda total ou parcial de uma coisa em consequência de uma reivindicação judicial promovida pelo verdadeiro dono ou possuidor. A evicção independe de cláusula expressa e opera de pleno direito, já que deriva diretamente do contrato. A evicção é formada pelo alienante, pelo adquirente ou evicto (pessoa que perde a posse) e pelo terceiro ou evictor (pessoa que prova direito anterior) ▪ A clausula de garantia da evicção pode ser reforçada, diminuída ou excluída ▪ A evicção subsiste ainda que a aquisição tenha se dado em hasta publica 6. Extinção dos contratos a) resolução: É o desfazimento contratual em caso de inadimplemento, a exemplo da imprevisão, exceção de contrato não cumprido e vícios redibitórios, o inadimplemento é combatido pelo pleito especifico (tutela especifica) de cumprimento ou pedido de resolução e podendo ainda ser cumulado com pedido de perdas e danos b) resilição: É o desfazimento contratual por simples manifestação de vontade de uma partes (resilição unilateral ou denuncia) ou de ambas as partes (resilição bilateral ou distrato) a resilição unilateral somente pode ser feita se a lei permite e a resilição bilateral não exige isso. c) rescisão: É o desfazimento do contrato por fato concomitante ou posterior a sua formação III. Contratos em espécie 1. COMPRA E VENDA Pelo contrato de compra e venda um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa e o outro a pagar-lhe certo preço em dinheiro Direito Civil 26 1.2 Elementos da compra e venda A) Consentimento Os contratantes devem ser capazes de modo que o consentimento livre ocorra tanto sobre a coisa, como sobre o preço. ▪ Compra e venda entre ascendentes e descendente: É anulável vende de ascendente a descendente salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante concordarem, prazo decadencial para anular é de 2 anos. ▪ Compra e venda entre marido e mulher: É licita a compra e venda entre cônjuges a bens excluídos da comunhão, ou seja, é nula a venda de bem que já integra a comunhão ▪ Compra e venda sem consentimento do cônjuge: Não se aplica a união estável, a ausência da referida outorga acarreta anulabilidade do negócio sendo 2 anos o prazo decadencial para ajuizamento, contados do termino da sociedade conjugal se o cônjuge for fisicamente incapaz ou a negativa for injustificada o consentimento é dispensado ▪ Tutores, curadores, testamenteiros: Veda-se aquisição de bens pelos tutores, curadores, testamenteiros, e outras pessoas responsáveis por cuidar do patrimônio de certos vendedores. ▪ Bens em condomínio: São aqueles em que duas ou mais pessoas são donos da coisa, há um direito de preferência na hipótese de alienação, a preferência será do condômino com o maior número de benfeitorias ou maior quinhão. b) Preço O preço deve ser certo, determinado ou determinável, nunca poderá ser vil sob pena de revelar uma doação camuflada em compra e venda, o preço deve ser expresso emdinheiro, ante o princípio do nominalismo, e deve ser pago em moeda nacional sendo vedada ouro ou moeda estrangeira c) objeto a coisa pode ser qualquer bem, móvel ou imóvel material ou imaterial, atual ou futuro se for futuro o contrato de compra e venda só terá efeitos se a coisa vier a existir 1.2 efeitos do contrato de compra e venda ▪ A coisa deve ser entregue no local onde a venda foi realizada ▪ Se a venda não for a credito o vendedor não é obrigado a entregar a cosia antes de receber o preço ▪ Os riscos da coisa correm por conta do devedor e os do preço pelo comprador ▪ Despesas da escritura cabem ao comprador e da tradição ao devedor 1.3 Situações especiais de compra e venda a) venda por amostras Se a venda se realizar a vista de amostrar, protótipos ou modelos, entende-se que o vendedor assegura ter as qualidades que a elas correspondem sendo possível a celebração deste negócio, se houver diferenças entre a qualidade da coisa entregue e a da amostra deve prevalecer a da amostra. Direito Civil 27 b) venda ad mensura e ad corpus A venda ad mensura é a venda por medida ou metragem, ocorre quando o preço é estipulado de acordo com a medida de extensão, se modo que se exta não corresponder as dimensões apresentadas o comprador tem o direito de exigir o complemento de área, o abatimento do preço ou a resolução do contrato. ▪ Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. ▪ Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. A venda ad corpus se adquire o corpo independentemente do tamanho. 1.4 clausulas especiais da compra e venda a) retrovenda O vendedor de uma coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobra-la no prazo máximo decadencial de três anos restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, é uma clausula que acarreta a recompra. b) clausula de venda a contento x venda sujeita a prova A venda feita a contento é a venda submetida a uma condição, agradar o comprador. Esta cláusula, caso inserida pelas partes, permite desfazer o contrato se o comprador não gostar da coisa adquirida A venda a contento tem duas espécies: a) suspensiva: nesta venda a contento o comprador não paga o preço e adquire a coisa por empréstimo. Se gostar paga o preço e adquire a coisa, se não gostar devolve sem dar explicações. Como a coisa é do vendedor, se a coisa perecer enquanto o comprador experimenta, o prejuízo será do vendedor. B) resolutiva: nesta segunda espécie, o comprador paga o preço e adquire a coisa como dono, se não gostar devolve a coisa, desfaz a compra e exige o dinheiro de volta. Caso a coisa venha a perecer durante a prova o prejuízo aqui será do comprador. Se as partes não estipularem prazo para a prova do bem, o vendedor deverá intimar o comprador para se manifestar. Já a venda sujeita a prova, é uma espécie de modalidade da venda a contento, diferenciando-se desta por ser um pouco mais específica, já que o comprador só pode rejeitar o objeto da venda se este não apresentar as mesmas qualidades e finalidades garantidas pelo vendedor. c) preempção, prelação ou preferencia A preempção constitui clausula especial em que o adquirente assume a obrigação de dar preferência ao vendedor originário na hipótese de nova venda, notificando-o no prazo de 30 dias, vale tanto para moveis quanto imóveis. Direito Civil 28 Se o comprador decidir futuramente o bem deve preferir como comprador o antigo proprietário no prazo de 180 dias se for bem móvel e 2 anos para bem imóvel, pagando-se o preço da coisa e responderá por perdas e danos se alienar a coisa sem ter dado ciência ao comprador, o adquirente responde solidariamente se tiver agido de má-fé. d) venda com reserva de domínio Na venda de coisa móvel pode o vendedor reserva para si a propriedade até que o preço esteja integralmente pago, recebido o pagamento integral transfere-se o bem. e) venda sobre documentos na venda sobre documentos a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documento exigidos pelo contratado. 2. CONTRATO DE DOAÇÃO Consiste no contrato pelo qual o doador compromete-se a transferir um bem de sua propriedade ou vantagens para o patrimônio de outrem, o donatário. Trata- se de contrato em regra unilateral, já que apenas o doador assume uma obrigação; gratuito, porque o donatário aumenta seu patrimônio sem qualquer ônus; e consensual, pois é necessário que o donatário aceite a coisa doada. A doação poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular 2.1 Situações especiais A) doação de ascendente para descendente: a doação de ascendente para descendente gera presunção de antecipação da herança, então é vedado. b) doação onerosa: é a doação com modo ou encargo ou doação de bem grava que impõe obrigação ao donatário, se o donatário não cumprir o encargo a doação é nula c) doação remuneratória: é a doação feita em retribuição a serviço prestado pelo donatário, mas inexigível, aqui é possível alegar vicio redibitório e não é possível revogar por ingratidão d) doação conjuntiva: é aquela doação que se faz em favor de duas ou mais pessoas simultaneamente, a morte de um dos donatários não transfere ao outro donatário transfere aos seus herdeiros e) doação inoficiosa: é a realizada sobre um bem ou bens que deviam ser resguardados em favor de herdeiros necessário, a hipótese é de nulidade absoluta naquilo que exceder. f) doação universal: É nula toda a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para subsistência do doador g) doação com clausula de reversão: o doador pode reverter os bens para si se ele (doador) sobreviver ao donatário, é proibida a reversão em favor de terceiro. h) doação em favor de entidade futura: É possível realizar doação para constituir pessoa jurídica futura como uma fundação, por exemplo, desde que isso ocorra dentro de dois anos sob pena de caducidade Direito Civil 29 i) doação ao nascituro: a doação ao nascituro é valida desde que seja aceita pelo seu representante legal, e ainda a prole eventual, assim a concepção deve ocorrer até o prazo máximo de 2 anos, decorrido o prazo o bem retorna para os herdeiros j) doação propter nuptias: é permitida a doação em face de casamento futuro com determina pessoa k) doação entre cônjuges: Em regra é permitido, mas não é possível a doação no regime de comunhão universal, salvo se referir aos bens excluídos da comunhão. 2.2 Revogação da doação Em regra, a doação é irrevogável ou irretratável, mas é possível invalidar o contrato de doação diante de vícios de consentimento. A doação pode ser revogada por descumprimento do encargo e por ingratidão, todavia, a ingratidão não atinge as hipóteses de doação onerosas, com encargo e contemplação a determinado casamento. Hipóteses de ingratidão: ▪ Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; ▪ Se cometeu contra ele ofensa física; ▪ Se o injuriou gravemente ou o caluniou; ▪ Se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. 3. CONTRATO DE LOCAÇÃO DAS COISAS No contrato de locação uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição 3.1 Obrigações do locador ▪ Locador resguardará o locatáriode esbulho e turbações de terceiros ▪ Responde pelos vícios ou defeitos antes da locação ▪ Garante durante o contrato o uso pacifico e manso do locatário 3.2 obrigações do locatário ▪ Locatário não pode alterar a finalidade da coisa ▪ Restituir a coisa ao fim da vigência ▪ Pagar aluguel 3.3 alienações da coisa alugada na locação de imóveis urbanos É possível alienar um objeto que está alugado, mas o locatário tem direito de preferência na alienação, ele deve ser notificado sobre a intenção de venda e condições de pagamento, caso isso seja desrespeitado o locatário tem direito a adjudicação compulsaria, depositando o preço e reavendo a coisa para si, desde que: Direito Civil 30 ▪ O contrato de locação esteja registrado há pelo menos 30 dias antes da venda ▪ O direito a adjudicação compulsória seja exercido no prazo máximo de 6 meses após a referida venda Se não houver registro do contrato subsiste o direito de preferência que acaso desrespeitado gera ao locatário mera ação de perdas e danos. Se o locatário não quiser comprar a coisa, é necessário esperar o fim do prazo determinado, se for por prazo indeterminado o locatário apenas pode ser retirado desde que haja aviso prévio de 90 dias. 3.4 Direito de indenização e retenção na locação de imóveis urbanos Só serão indenizáveis as benfeitorias necessárias independente de autorização e as benfeitorias uteis que forem autorizadas. Quanto as voluptuárias podem ser levantadas desde que não estrague a estrutura da coisa principal 3.5 Sublocação, empréstimo ou cessão A sublocação, o empréstimo ou a cessão, sempre dependerão do consentimento prévio e escrito do locador, o qual não se presume. E deve haver notificação com prazo mínimo de 30 dias, da intenção de sublocar. 4. Contrato de empréstimo Contrato de empréstimo é o contrato pelo qual uma das partes entrega à outra coisa fungível ou infungível, com a obrigação de restituí-la. Pode ser dividido em dois: contrato de mutuo, relativo aos bens fungíveis e de comodato, relativo aos bens infungíveis. 4.1 Comodato Comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis". É um contrato unilateral por meio do qual uma pessoa empresta a outrem coisa infungível, a título gratuito, para que esta use o bem e depois o restitua. É classificado como empréstimo de uso, enquanto o mútuo é considerado empréstimo de consumo. Tal restituição deve ser procedida no tempo acordado pelas partes. Não poderão firmar comodato os tutores, curadores e demais administrador de patrimônio alheio nas hipóteses e especificidade ali indicada e por razões intuitivas ▪ As hipóteses de caso fortuito ou força maior não se aplicam ao comodato. ▪ O comodatário deve usar, guardar e conservar a coisa e devolve-la no tempo aprazado 4.2 Mútuo Mútuo é o contrato de empréstimo de coisas fungíveis, por meio do qual o mutuário obriga-se a restituir ao mutuante a coisa dada em empréstimo do mesmo gênero, quantidade e qualidade, não sendo exigido que se restitua a mesma coisa emprestada. Considera-se como um empréstimo para consumo, pois o mutuário pode consumir, usar, alienar o bem dado em empréstimo, desde que devolva outro respeitando as mesmas características. Direito Civil 31 Se ocorrer um empréstimo para consumo (mútuo) em face de um menor, aquele que emprestou (mutuante) sem autorização do representante legal do menor (mutuário) estará proibido de reaver a coisa do menor e dos seus fiadores. 5. CONTRATO DE DEPÓSITO Contrato pelo qual o depositário recebe objeto móvel do depositante para guardá- lo e restituí-lo quando solicitado, é da essência do contrato a não utilização da coisa pelo depositário, sob pena de se configurar contrato de mutuo o comodato se a coisa for móvel ou contrato de locação de a coisa se der mediante remuneração. 5.1 Espécies de depósito a) depósito voluntário: decorre do acordo entre as partes, como nos supramencionados exemplos; ▪ Regular, quando for bens infungíveis ▪ Irregular, quando for bens fungiveis b) depósito necessário: é imposto pela lei ▪ O que se faz em desempenho de obrigação legal; ▪ O que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque. c) deposito do hospedeiro: decorrente da guarda de bens moveis pelos hotéis e estabelecimentos do gênero, quando há responsabilidade do hoteleiro para com as bagagens dos hospedes. IV. Responsabilidade Civil Responsabilidade civil é o dever de reparar os danos provocados numa situação onde determinada pessoa sofre prejuízos jurídicos como consequência de atos ilícitos praticados por outrem. ▪ As instancias cíveis e penais são autônomas não se comunicam, no entanto isso é relativizado nas hipóteses em que a decisão penal tem efeitos na esfera cível, que são: ausência de materialidade do fato e negativa de autoria 1. Elementos gerais e necessários a) conduta humana É o comportamento do homem motivo pela vontade causador de um dano a outrem, essa conduta tem que ser voluntaria. A omissão que seja uma mera abstenção não é capaz de gerar por si só um dano, a omissão só enseja responsabilidade se a pessoa tinha o dever de agir e não agiu. b) nexo de causalidade A obrigação de indenizar depende de um nexo causal entre a conduta e o resultado danoso Direito Civil 32 c) dano ou prejuízo É a lesão a um interesse jurídico tutelado, patrimonial ou extrapatrimonial, causado por ação ou omissão do sujeito infrator. O dano pode ser material ou moral, material é aquele que incorre no patrimônio da pessoa e moral é aquele que não tem cunho econômico, está mais na seara dos direitos da personalidade da pessoa Para que o dano seja indenizável são necessários os seguintes requisitos: ▪ Violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica ▪ Certeza do dano, o dano tem que ser certo e efetivo ▪ Subsistência do dano, se o dano já foi reparado não há mais responsabilidade civil, o dano deve existir no momento da sua exigibilidade em juízo 2. Espécies A) a depender da norma jurídica violada ▪ Contratual: decorre de inadimplemento contratual ▪ Extracontratual ou aquiliana: é a violação de um dever geral de conduta imposto a todos b) a depender da presença de culpa ▪ Responsabilidade civil subjetiva: decorre de um ato ilícito culposo, e a culpa pode ser tanto o dolo quanto a culpa do viés da negligencia, imprudência, imperícia ▪ Responsabilidade civil objetiva: decorre de um ato antijurídico, não sendo exigida a presença do elemento culpa 3. Causas excludentes da responsabilidade civil a) caso fortuito ou força maior São causas que excluem a responsabilidade civil a que decorrer de evento não imputável ao suposto causador do dano, seja imprevisível seja inevitável, força maior é um inevitável evento da natura e caso fortuito é o imprevisível evento humano. b) estado de necessidade e legitima defesa O estado de necessidade consiste na situação de agressão a um direito alheio de valor jurídico igual ou inferior aquele que se quer preservar, visando a remoção de um perigo atual ou iminente, não legitima defesa o agente reage a uma agressão injusta atual ou iminente utilizando os meios necessários. Atuando o agente em estado de necessidade ou legitima defesa e atingindo interesse de terceiro inocente, este deverá ser indenizado, cabendo ação regressiva em face do causador do perigo ou da agressão. c) estrito cumprimento do dever legal Decorre do cumprimento do dever legal, exemplo: policial que arromba uma porta Direito Civil 33 d) culpa exclusiva da vitima a atuação culposa da vítima tem o poder de romper o nexo causal excluindo a
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