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FORMAÇÃO DA PASTAGEM
Primeiro passo para a sustentabilidade
Antônio Ricardo Evangelista1
Josiane Aparecida de Lima2
1. Professor Titular DZO/UFLA. Bolsista do CNPq. aricardo@ufla.br.
2. Pesquisadora UFLA/CNPq. jlima@ufla.br.
I - Introdução
Ao longo da história, mais especialmente no último século, o homem 
vem ocupando áreas cada vez maiores do planeta, com suas atividades 
agropecuárias, cidades e obras de todos os tipos. Conforme Oldeman e 
Lynden (1998), aproximadamente 13% do continente encontram-se 
degradados, sendo cinco as principais causas para a degradação: o 
desmatamento, o manejo inadequado da agricultura, o superpastejo, a 
superexploração da vegetação para combustível e a atividade industrial. O 
setor agropecuário é associado ao estabelecimento de níveis expressivos de 
degradação do meio ambiente (Figura 1), e os prejuízos ambientais que 
incluem perda de solo por erosão, redução da disponibilidade de água, 
assoreamento de cursos d'água e perda da biodiversidade vegetal e ambiental 
são muito preocupantes.
A globalização da economia, com conseqüente abertura internacional 
dos mercados, está induzindo a agropecuária a níveis de eficiência, de 
competitividade e de utilização dos recursos naturais nunca antes 
experimentado. A derrubada de matas seguida de queima e plantio para 
estabelecimento de cultura ou pastagem, constitui-se numa substituição de 
sistemas biológicos complexos, multiestruturados, extremamente diversificados 
e estáveis (Paschoal, 1987), por sistema simples, aberto, florísticamente pobre 
e com limites bem definidos e totalmente incapaz de se auto-sustentar, 
dependendo, a sua sustentabilidade, do respeito do homem pelo ambiente que 
gera seus alimentos e seus lucros. Portanto, a partir do momento que o homem 
efetua o desmatamento, há um desequilíbrio no meio e, como em geral, o 
manejo adotado à exploração do solo não é o mais adequado, as 
conseqüências têm sido severamente drásticas. 
No desenvolvimento agrícola, costuma-se dar prioridade ao aumento 
da produção, mas há um limite máximo para exploração dos ecossistemas. Se 
esse limite é ultrapassado, o ecossistema vai degradar-se e pode entrar em 
colapso, reduzindo-se o número de pessoas que podem sobreviver com base
nos recursos restantes. Nesse sentido, deve-se reconhecer que, em longo 
prazo, qualquer produção econômica baseada no uso dos recursos naturais 
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem2
será insustentável, se estiver degradando o ecossistema. Assim, o homem 
deve explorar os recursos naturais utilizando técnicas adequadas à 
manutenção do solo, água, vegetação e animais. A produção e o consumo 
devem ser equilibrados em um nível ecologicamente sustentável. Ainda que a 
sustentabilidade deva ser vista como um conceito dinâmico que permite suprir 
as necessidades de uma população crescente, os princípios ecológicos básicos 
nos levam a reconhecer que a produtividade agrícola é finita e encontra limites. 
A pesquisa, sensível a essa situação, está cada vez mais atenta na redefinição 
de esforços para geração de suporte tecnológico, buscando sustentabilidade à 
produção agropecuária, à conservação dos recursos naturais e à melhoria da 
qualidade de vida da população.
No texto seguinte, procurar-se-á conscientizar o leitor quanto a 
algumas práticas tecnológicas básicas para a sustentabilidade da pastagem, a 
partir de sua formação, uma vez que o conceito de sustentabilidade da 
pastagem deve ser entendido como a manutenção, ao longo do tempo, do 
vigor e da produtividade, sendo essa capaz de sustentar economicamente os 
níveis de produção e de qualidade forrageira exigidos pelos animais. 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 3
ÁREA DEGRADADA
INTERFERÊNCIA HUMANA NATURAL (FORMAÇÃO DO SOLO)
ÁREAS
AGRÍCOLAS
ÁREAS URBANAS
-poluição
-compactação
-erosão
ÁREAS INDUSTRIAIS
-poluição do solo
-contaminação do solo
-chuva ácida
RÁPIDA
FÍSICA
Compactação
Selamento Suprficial
Impermeabilização
Impedimento aAeração
Escoamento Superficial
Erosão
QUÍMICA
Acidificação, Esgotamento
ou Desequilíbrio dos
Nutrientes, Exaustão da
Fertilidade, Alcalinização,
Salinização.
BIOLÓGICA
Redução na
Biodiversidade do Solo
Decréscimo na
Biomassa
FÍSICA
Imtemperismo
Físico
QUÍMICA
Laterização
entre outras
reações
BIOLÓGICA
Declínio da
biodiversida de do
solo
LENTA
Figura 1 - Diagrama dos mecanismos de degradação.
Fonte: Dados básicos: Lal (1998).
O tema é complexo e, sem a pretensão de esgotá-lo, objetiva-se, 
além de discutir alguns subsídios técnicos necessários para a sustentabilidade 
das pastagens, alertar quanto à necessidade de preservação dos recursos 
naturais; pois somente tendo como suporte o 'respeito pelo meio ambiente' 
será possível obter a sustentabilidade do sistema de produção no decorrer do 
tempo. Assim, o conceito de sustentabilidade das pastagens deve passar, 
obrigatoriamente, pelo reconhecimento, compreensão e aceitação do fato de 
que existe a necessidade urgente da preservação dos recursos naturais. A 
formação da pastagem, assim idealizada, com base no respeito aos recursos 
naturais e conscientização de que as gerações futuras necessitarão desses 
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem4
mesmos recursos para sobreviverem, permitirá a produção de quantidade 
elevada de forragem, com bom valor nutricional, sem comprometer a 
sustentabilidade do sistema como um todo.
II - Alguns fatores que devem ser observados para garantir a 
sustentabilidade das pastagens a partir de sua formação
1 - Germoplasma forrageiro
A escolha da espécie forrageira não é uma prática simples, uma vez 
que o estabelecimento e a longevidade das pastagens dependem de 
interações que ocorrem entre plantas, clima e solo; não podendo esquecer 
também a condição socioeconômica do produtor. Assim, a escolha da espécie 
forrageira deve ser realizada tendo como suporte os fatores climáticos, 
edáficos, ecológicos e, também, socioeconômicos.
É importante ressaltar que, para cada tipo de clima e solo, existem 
espécies ou cultivares mais indicadas. Algumas pastagens não se mantêm por
muito tempo, pelo fato de terem sido formadas com espécies forrageiras não-
adaptadas às condições de clima e solo ou com espécies de hábito de 
crescimento inadequado à topografia da área, ou ainda, a utilização 
inadequada ao hábito de crescimento da espécie. Por exemplo, pastagem 
formada por espécies de alta exigência nutricional em solos ácidos e de baixa 
fertilidade, ou com forrageiras de hábito de crescimento cespitoso em áreas de 
declividade acentuada, certamente está fadada ao fracasso, pois não se 
manterá produtiva por muito tempo.
Em função das características de cada ecossistema, a escolha da 
melhor espécie forrageira visando à formação de uma pastagem sustentável 
deve ser precedida de um diagnóstico que atenda às peculiaridades ambientais 
quanto ao clima, solo e topografia. Para tal, deve-se avaliar:
a) Histórico da área
Devem-se registrar o início da utilização da área, espécie em uso, nível 
de tecnologia utilizado, produtividade obtida em anos anteriores, predominância 
de invasoras e, ou espécies forrageiras, seu potencial de sementes no solo, 
sua persistência e agressividade e o potencial de pragas e doenças existentes 
na área.
b) Clima
Os componentes do clima, tais como temperatura, precipitação, 
evaporação e radiação solar são determinantes do potencial de 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 5
estabelecimento, produção e qualidade das espécies forrageiras. Portanto, na 
escolha da espécie, deve-se considerar a precipitação e sua distribuição anual, 
temperaturas máxima e mínima, possibilidade de geadas, fotoperíodo, entre 
outros. 
A água e a temperatura são fatores condicionantes para a ocorrênciae, 
ou sobrevivência de espécies em cada região. Embora a deficiência hídrica 
possa ser contornada em pequena escala, essa prática, na maioria das vezes, 
é economicamente inadequada por causa das grandes extensões das áreas de 
pastagens. Por outro lado, a temperatura exerce uma influência decisiva sobre 
as plantas, estabelecendo critérios até de exclusão de espécies forrageiras em 
um dado ecossistema. Assim, a ocorrência de ciclos estacionais de produção, 
em função das características térmicas e hídricas de cada região, leva à opção 
por espécies mais adaptadas às condições locais. Na Tabela 1 pode-se 
observar a adaptação de algumas espécies forrageiras a determinadas 
condições climáticas.
Tabela 1 - Adaptação de algumas espécies forrageiras a determinadas 
condições climáticas
Tolerância à
Espécie forrageira Seca Geada Inundação Precipitação 
(mm)
Andropogon gayanus Boa Razoável Fraca 400
Brachiaria decumbens Razoável Fraca Razoável 1000
Brachiaria humidicola Fraca Razoável Razoável 1000
Brachiaria ruziziensis Fraca Fraca Fraca 1200
Brachiaria mutica Razoável Fraca Muito boa 1200
Cenchrus ciliaris Muito boa Razoável Fraca 350
Chloris gayana Boa Razoável Razoável 650
Cynodon nlemfuensis Razoável - Muito boa -
Melinis minutiflora Razoável Fraca Fraca 1000
Panicum maximum (Colonião) Razoável Fraca Fraca 1000
Panicum maximum (Makueni) Boa Fraca Fraca 750
Pennisetum purpureum Fraca Fraca Fraca 1000
Setaria sphacelata Boa Boa Boa 750
Fonte: Carvalho e Cruz Filho (1985).
c) Solo
O solo impõe limitações ao crescimento das forrageiras, dependendo 
da sua capacidade de suprir nutrientes, água e oxigênio em quantidades 
suficientes para atender ao potencial de estabelecimento e produção da planta
possibilitado pelo clima.
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem6
Todo solo apresenta uma potencialidade de uso, variável em função 
dos seus atributos edafoclimáticos, exigindo maiores ou menores cuidados na 
sua utilização. Quando essa potencialidade é superada, tanto pelo tipo de 
exploração quanto pela forma de manejo, o ambiente passa a apresentar sinais 
característicos de degradação, como deficiências nutricionais das forrageiras, 
maiores riscos de perdas por ventos climáticos, erosão acelerada, com 
conseqüente comprometimento da qualidade da água dos mananciais 
superficiais. Portanto, na escolha da espécie forrageira, devem-se considerar a 
topografia e susceptibilidade à erosão, deficiência ou excesso de água, 
impedimentos físicos-químicos, nível de fertilidade, profundidade e textura do 
solo. 
A variabilidade temporal e espacial dos atributos físicos do solo 
representa, segundo Silva et al. (1997), um grande obstáculo na quantificação 
da relação entre a qualidade física do solo e a produtividade das culturas. 
Outra dificuldade, conforme os mesmos autores, refere-se ao fato de que 
vários atributos físicos do solo variam mutuamente e citam o exemplo que a 
variação do teor de água no solo afeta o potencial matricial, a aeração do solo, 
a resistência do solo à penetração de raízes, a estabilidade dos agregados e a 
condutividade hidráulica. Os atributos físicos do solo, relacionados com a 
produtividade das culturas, são divididos por Silva et al. (1997) em duas 
categorias:
a) Atributos diretamente relacionados com o desenvolvimento das plantas:
 água;
 oxigênio;
 resistência mecânica e
 temperatura.
b) Atributos indiretamente relacionados com o desenvolvimento das plantas:
 textura do solo;
 densidade do solo;
 agregação e
 porosidade.
Contrariamente ao clima, o solo possui muitas características passíveis 
de modificações. Do ponto de vista agronômico, as características químicas 
são relativamente fáceis de serem modificadas. Assim, na propriedade 
agrícola, pode-se identificar o tipo de solo e suas características químicas e 
físicas. Por meio dessas, quando associadas às exigências de cada espécie 
forrageira, pode-se concluir sobre a viabilidade ou não de cultivo em cada local. 
Conforme Verdade (1974) é importante definir a capacidade de uso dos solos 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 7
de modo a compatibilizar suas aptidões com vistas à sustentabilidade da 
produção.
Nas Tabelas 2 a 7 podem ser observadas importantes características 
de algumas espécies que devem ser analisadas na escolha da forrageira a ser 
implantada.
Uma vez escolhida a espécie, com base no diagnóstico pré-
estabelecido, o passo seguinte é realizar uma boa formação da pastagem e 
essa inicia-se com a qualidade das sementes.
Tabela 2 - Exigência mínima ou tolerância de algumas espécies forrageiras em 
relação à declividade do solo
Planos a suavemente ondulados
Ondulados a fortemente 
ondulados
Fortemente ondulados a 
montanhosos
Panicum maximum cv. Colonião Cynodon plectostachyus Brachiaria decumbens
Panicum maximum cv. Guiné Chloris gayana Brachiaria ruziziensis
Panicum maximum cv. Sempre verde Brachiaria brizantha Brachiaria himidicola
Pennisetum purpureum Neonotonia wightii Melinis minutiflora
Hyparrhenia rufa Macroptilium atropurpureum Digitaria decumbens
Panicum maximum cv. Tobiatã Galaxia striata Cynodon plectostachyus
Leucaena leucocephala Pueraria phaseoloides
Stylosanthes spp. Calopogonium mucunoides
Setaria spp.
Andropogon gayanus
Fonte: Alcântara et al. (1996).
Tabela 3 - Exigência mínima ou tolerância de algumas espécies forrageiras em 
relação à profundidade efetiva do solo
Profundos
Moderadamente rasos 
(Profundidade média) Rasos
Panicum maximum cv. Colonião Hyparrhenia rufa Brachiaria humidicola
Panicum maximum cv. Guiné Chloris gayana Melinis minutiflora
Panicum maximum cv. Sempre verde Brachiaria decumbens Digitaria decumbens
Panicum maximum cv. Tobiatã Galaxia striata
Pennisetum purpureum Calopogônium mucunoides
Brachiaria brizantha Cynodon plectostachyus
Brachiaria ruziziensis Setaria spp.
Leucaena leucocephala Neonotonia wightii
Fonte: Alcântara et al. (1996).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem8
Tabela 4 - Exigência mínima ou tolerância de algumas espécies em relação à 
textura do solo
Argilosos Textura média Arenosos
Hyparrhenia rufa Brachiaria humidicola Panicum maximum cv. Colonião
Cynodon spp. Neonotonia wightii Panicum maximum cv. Tobiatã
Chloris gayana Macroptilium atropurpureum Panicum maximum cv. Guiné
Brachiaria humidicola Galaxia striata Panicum maximum cv. Sempre 
verde
Neonotonia wightii Pueraria phaseoloides Brachiaria decumbens
Pennisetum purpureum Calopogonium mucunoides Brachiaria brizantha
Brachiaria ruziziensis
Setaria (Kazungula)
Setaria (Narok)
Melinis minutiflora
Digitaria decumbens
Stylosanthes spp.
Andropogon gayanus
Fonte: Alcântara et al. (1996).
Tabela 5 - Exigência mínima ou tolerância das espécies em relação à 
fertilidade do solo
Férteis Medianos Fracos
Panicum maximum cv. Colonião Hyparrhenia rufa Brachiaria decumbens
Panicum maximum cv. Tobiatã Brachiaria brizantha Brachiaria humidicola
Panicum maximum cv. Sempre verde Brachiaria ruziziensis Setaria spp.
Pennisetum purpureum Galaxia striata Digitaria decumbens
Cynodon spp. Panicum maximum cv.Guiné Melinis minutiflora
Chloris gayana Macroptilium 
atropurpureum
Neonotonia wightii Centrosema pubescens
Leucaena leucocephala Pueraria phaseoloides
Calopogonium mucunoides
Andropogon gayanus
Stylosanthes spp.
Fonte: Alcântara et al. (1996).
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 9
Tabela 6 - Características das espécies com relação à proteção contra erosão do solo
Baixa Média Alta
Panicum maximum cv. Colonião Neonotonia wightii Brachiaria decumbens
Panicum maximum cv. Tobiatã Macroptilium atropurpureum Brachiaria brizantha
Panicum maximum cv.Guiné Galáxia striata Brachiaria ruziziensis
Panicum maximum cv.Sempre verde Cynodon plectostachyus Brachiaria humidicola
Pennisetum purpureum Pueraria phaseoloides Melinisminutiflora
Hyparrhenia rufa Calopogonium mucunoides Digitaria decumbens
Chloris gayana Setaria spp. Cynodon plectostachyus
Leucaena leucocephala Andropogon gayanus
Stylosanthes spp.
Fonte: Alcântara et al. (1996).
Tabela 7 - Tolerância relativa de algumas espécies forrageiras ao 
encharcamento do solo
Nível de tolerância Gramíneas tropicais Leguminosas tropicais
Brachiaria mutica Macroptilium lathyroides
Brachiaria arrecta Desmodium heterophyllum
Brachiaria humidicola Pueraria phaseoloides
Brachiaria.(híbrido cv. Tangola) Desmodium intortum
Bom Cynodon nlemfuensis
Paspalum plicatulum
Paspalum dilatatum
Digitaria decumbens
Setaria anceps
Pennisetum clandestinum Calopogonium mucunoides
Brachiaria dictioneura Centrosema pubescens
Moderado Brachiaria decumbens Macrotyloma axillare
Cynodon dactylon cv. Coastcross Desmodium uncinatum
Cynodon dactylon cv. Tifton 85 Stylosanthes guianensis
Cenchrus ciliares
Chloris gayana
Pennisetum purpureum cv. Pioneiro
Panicum maximum cv. Guiné
Brachiaria ruziziensis Macroptilium atropurpureum
Brachiaria brizantha Neonotonia wightii
Panicum maximum cv. Colonião, 
Tânzania e Mombaça Stylosanthes humilis
Baixo Pennisetum purpureum Lab lab purpureus
Melinis minutiflora Cajanus cajan
Cynodon spp. Leucaena leucocephala
Urochloa mosambicensis
Saccharum officinarum
Stylosanthes spp.
Adaptado: Alencar (2001), Alcântara (1996), Whiteman (1980).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem10
2 - Qualidade da semente
O sucesso na formação e, conseqüentemente, na sustentabilidade da 
pastagem, após a escolha da espécie, é dependente da qualidade da semente. 
Algumas características que as sementes forrageiras devem apresentar para 
garantir a formação de uma pastagem sustentável são descritas a seguir:
 rapidez e uniformidade no estabelecimento;
 fácil semeadura;
 ausência ou pequeno número de sementes de plantas daninhas 
silvestres comuns;
 ausência total de sementes de ervas daninhas consideradas 
'nocivas proibidas';
 ausência de contaminação por espécies forrageiras indesejáveis;
 pureza varietal.
Algumas vantagens na utilização de sementes de qualidade:
 formação uniforme da pastagem;
 cobertura mais rápida do solo, diminuindo os riscos de erosão;
 redução ou eliminação de infestação de plantas daninhas na área;
 utilização da pastagem em menor espaço de tempo e, 
conseqüentemente,
 sustentabilidade da pastagem a partir da formação.
Infelizmente, existem pecuaristas que no momento da aquisição de 
sementes forrageiras fazem a escolha com base no 'preço por quilograma', 
sem preocupação com a qualidade do produto adquirido. Nesse contexto, vale 
lembrar que nem sempre a qualidade da semente está associada ao preço alto, 
e também que o mais barato pode sair muito caro.
Muitas vezes, tenta-se economizar, adquirindo-se sementes de alta 
germinação, mas com elevada quantidade de impureza. Procedendo-se assim, 
pode-se introduzir na área plantas daninhas ou espécies que não se deseja 
implantar; por exemplo, ao formar pastagem de Brachiaria brizantha, pode-se 
comprar sementes com impurezas e introduzir Brachiaria decumbens. 
Conforme a fertilidade do solo e o manejo adotado, em pouco tempo a área 
será totalmente tomada pela Brachiaria decumbens, pois em virtude da 
'economia' no momento da aquisição das sementes, a pastagem de Brachiaria 
brizantha não será sustentável e desaparecerá em pouco tempo.
Conforme Souza (1993), o valor cultural é um dos parâmetros no qual o 
produtor deve se basear no momento da aquisição de sementes forrageiras, 
mas não deve ser o único. Esse autor explicita a seguinte situação: considere 
dois lotes de sementes, um apresentando 20% de germinação e 80% de 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 11
sementes puras, e, outro, com 80% de germinação e 20% de pureza. Ambos 
os lotes apresentam valor cultural idêntico, ou seja, 16%. Porém, um lote de 
sementes com apenas 20% de germinação é de pouco valor para semeadura; 
ao passo que um lote com 80% de germinação, desde que as impurezas nele 
contidas não dificultem a semeadura, apresenta potencial muito superior de 
sucesso na formação da pastagem. Portanto, entre dois lotes de sementes com 
mesmo valor cultural, o lote que apresentar maior porcentagem de germinação 
é a opção mais indicada.
Outro passo importante é ficar atento aos dados relativos à população 
de plantas por metro quadrado. Quando se tratar de espécies forrageiras cujas 
sementes são de tamanho relativamente grande, por exemplo, Brachiaria 
brizantha, Brachiaria decumbens, Brachiaria ruziziensis etc, cerca de 20 
plântulas por metro quadrado é uma quantidade suficiente para assegurar a 
formação de uma pastagem homogênea. Por outro lado, espécies forrageiras 
que têm sementes menores, tais como Andropogon gayanus, Brachiaria 
humidicola, Panicum maximum (Tanzânia, Tobiatã, Colonião), Setaria, etc, 
cujas plântulas são mais frágeis ou de estabelecimento lento, para se garantir 
uma boa formação da pastagem são necessárias aproximadamente 50 
plântulas por metro quadrado. Na Tabela 8 pode-se observar o número 
aproximado de sementes por grama de algumas espécies forrageiras e 
sugestões de taxas de semeadura.
Vale lembrar que o uso de sementes sem informações da análise 
laboratorial pode levar ao sério risco de semear uma quantidade abaixo da 
ideal, pois as recomendações de densidade de semeadura não levam em 
conta a pureza e a germinação.
As sementes devem ser adquiridas de um revendedor idôneo e, após a 
aquisição, devem ser mantidas, até a semeadura, em condições adequadas de 
armazenamento. Semente armazenada em galpão quente, sem ventilação, 
próximas a adubos (que causam efeito prejudicial), ou em locais com goteiras, 
não terão a mesma qualidade que possuíam no momento que saíram da 
indústria.
Após a escolha da espécie adequada às condições da região e 
aquisição de sementes de qualidade, deve-se concentrar a atenção no preparo 
e conservação do solo.
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem12
Tabela 8 - Número aproximado de sementes por grama de algumas espécies 
forrageiras e sugestões de taxas para semeadura
Espécie forrageira
Número aproximado 
sementes/grama
Taxa de semeadura 
(kg/ha de SPV)
Andropogon gayanus 360 2,50
Brachiaria brizantha 150 2,80
Brachiaria decumbens 200 1,80
Brachiaria humidicola 270 2,50
Brachiaria ruziziensis 230 2,00
Paspalum guenoarum (Ramirez) 300 1,50
Paspalum notatum cv. Pensacola 610 1,50
Panicum maximum cv. Tanzânia 960 1,60
Panicum maximum cv. Colonião 780 1,60
Panicum maximum cv. Tobiatã 610 2,50
Setaria anceps cv. Kazungula 1.490 1,50
Cynodon sp. 1 planta/m2
Adaptado: Souza (1993).
SPV - Sementes Puras Viáveis.
3 - Preparo do solo e práticas conservacionistas
O solo constitui o substrato para qualquer atividade agropastoril; 
porém, sua qualidade é dependente do manejo ao qual é submetido. Doran e 
Parkin (1994) enfatizam que a qualidade do solo é a capacidade que esse 
tem de funcionar dentro dos limites do ecossistema, sustentando a 
produtividade biológica, mantendo a qualidade ambiental e promovendo a 
saúde vegetal e animal. Para Correia (1997), na definição de qualidade de 
solo, está implícita a noção de sustentabilidade e pode-se dizer que um 
sistema sustentável deve ser o mais parecido possível com um sistema 
natural, em que a interferência humana seja a mínima necessária. Porém, 
para a cultura, o preparo do solo deverá fornecer as condições necessárias, 
até uma certa profundidade, ao bom arejamento e umidade, favorecendo o 
desenvolvimento do sistema radicular e, conseqüentemente, levando a uma 
produção máxima dentro das possibilidades de clima e nutrição da planta. 
Portanto, o preparo do solo é a mobilização feita, visando, principalmente às 
seguintes condições:
 incorporar restos culturais;
controlar plantas daninhas;
 eliminar camadas compactadas;
 incorporar herbicidas, corretivos e fertilizantes;
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 13
 deixar o solo suficientemente solto e em condições adequadas
para receber as sementes ou mudas da espécie forrageira que 
será implantada.
Vale ressaltar que as ações de preparo do solo estão associadas à 
interferência humana e, portanto, guarda estreita correlação com processos de 
degradação, podendo, essa, ser dividida em três categorias (Figura 2). Do 
ponto de vista conservacionista, o preparo deverá manter a estrutura do solo 
com baixa probabilidade de desagregação e transportabilidade de suas 
partículas por água ou vento, aumentando a capacidade de infiltração, de modo 
a reduzir a enxurrada e a erosão. Dessa forma, a busca da sustentabilidade 
socioeconômica da exploração agrícola e a procura de uma condição de 
equilíbrio do sistema de produção passam pelo manejo adequado dos solos. 
Nesse sentido, devem-se utilizar práticas de uso e manejo que evitem a 
pulverização, compactação e que protejam o solo da ação erosiva das chuvas. 
Tais práticas devem propiciar:
 reter ao máximo a água da chuva;
 incrementar a velocidade de infiltração da água da chuva no 
solo;
 reduzir a velocidade de escorrimento da água não infiltrada;
 aumentar a capacidade de armazenamento de água no solo;
 melhorar as condições físico-químicas do solo para o bom 
desenvolvimento das plantas forrageiras.
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem14
DEGRADAÇÃO DO SOLO
QUÍMICA FÍSICA BIOLÓGICA
 • Acidificação
 • Perda de fertilidade
 • Salinização
• Declínio natural
• Compactação
• Selamento
• Erosão
• Perda da biodiversidade
do solo
 • Redução da matéria
orgânica
Figura 2 - Diagrama de classificação de solo degradado.
Fonte: Kobiyama et al. (2001).
Segundo Cassel et al. (1995), a maior intensidade de preparo do solo 
leva à redução de cobertura, rugosidade e porosidade e ao aumento do grau 
de pulverização da camada superficial, favorecendo a formação de selamento, 
crosta e compactação subsuperficial, concorrendo para aumentar os riscos de 
erosão. Para minimizar os riscos de deterioração do solo, em função de 
mecanizações excessivas, as operações de preparo, tais como arações e 
gradagens, devem ser reduzidas ao mínimo. As Tabelas 9 e 10 ilustram o 
efeito de práticas de preparo sobre algumas características do solo.
Tabela 9 - Práticas de preparo do solo e perdas por erosão
Práticas Perdas do solo (t/ha)
Preparo morro a baixo 26,1
Preparo em contorno 13,2
Preparo em contorno + alternância de capinas 9,8
Fonte: Marques et al. (1963).
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 15
Tabela 10 - Características físicas de um latossolo roxo após três ou sete anos 
de preparo com grade pesada + grade niveladora
Densidade (g/cc) Estabilidade agregados (%)
Profundidade (cm) Três anos Sete anos Três anos Sete anos
0-6 * * * *
6-14 1,20 1,43 78 48
14-23 1,19 1,40 79 58
23-30 1,18 1,25 78 56
*Solo desestruturado.
Fonte: Denardin (1984).
Os diferentes sistemas de preparo afetam distintamente o processo 
erosivo, em conseqüência das diferentes intensidades de movimentação que 
provocam no solo (Tabela 11). Por causa da movimentação e da quantidade de 
resíduos deixados no solo é que se tem um maior ou menor processo erosivo. 
E essa erosão será também conseqüência das modificações físicas causadas 
ao solo, e que, associada às alterações na fertilidade, irão proporcionar a não-
sustentabilidade da pastagem. Pelos dados da Tabela 12 observa-se que, 
fazendo-se duas arações com arado de aiveca houve perdas de 14,6 t/ha de 
solo e de 5,7% de água da chuva por ano; com uma aração, as perdas de solo 
caíram para 12,0 t/ha e a de água, para 5,5%. O preparo de superfície (aiveca 
sem a relha tombadora) permitiu uma redução mais acentuada, com perdas de 
solo de 8,6 t/ha e 5,0% de água da chuva. Mediante esses resultados, torna-se 
evidente a necessidade do revolvimento reduzido da camada arável, de forma 
a limitar a desagregação excessiva das partículas do solo.
Tabela 11 - Perdas por erosão em cambissolo submetido a diferentes práticas 
de preparo
 Forma de preparo Perdas de solo (t/ha)
Covas 22,3
Covas + escarificação 15,9
Sulcos 15,0
Escarificação 4,5
Pastagem nativa 22,4
Solo descoberto 151,2
Adaptado: Santos (1993).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem16
Tabela 12 - Efeito do sistema de preparo do solo sobre as perdas por erosão 
(Médias na base de 1.300 mm de chuva e declive de 10,8%)
Perdas
Sistema de preparo do solo Solo (t/ha) Água (% da chuva)
Duas arações 14,6 5,7
Uma aração 12,0 5,5
Subsuperfície 8,6 5,0
Fonte: Marques e Bertoni (1961).
A recomendação generalizada de um método de preparo do solo pode ser 
inadequada, pois essa prática depende de vários fatores, entre eles o grau de 
infestação de plantas daninhas, espécie forrageira a ser implantada, existência e 
localização de camada compactada, topografia e riscos de erosão.
Quanto às práticas conservacionistas, deve-se analisar cada situação, 
objetivando determinar quais problemas e potencialidades existentes e quais 
alternativas disponíveis. Tal análise fornecerá as bases para a tomada de decisão. O 
mais racional é consultar um profissional especializado para adoção de uma estratégia 
conservacionista segura. Conforme Mazuchowski e Derpsch (1984), por estratégias 
conservacionistas entendem-se as práticas mecânicas que servem de base para um 
controle duradouro da erosão:
 localização das estradas internas e de acesso, tanto quanto possível, ao 
longo dos terraços. Quando há acúmulo de água de chuvas torrenciais no 
leito de estradas declivosas, essa não deve ser despejada na área de 
cultivo, mas conduzida aos vales de maneira a não causar danos;
 construção de fossas de captação de água à beira das estradas, quando não 
se pode evitar que o percurso dessas vias seja no sentido do escoamento 
da água;
 instalação de canais de escoamento revestidos com espécies de gramíneas 
de crescimento rasteiro fortemente enraizadas para a condução do excesso 
de água oriunda de propriedades vizinhas, estradas ou terreiros, para as 
baixadas sem formação de erosão;
 nivelamento dos sulcos profundos de erosão, depois de assegurar que o 
curso de água foi desviado, não mais escoando pelo mesmo lugar, ou então 
transformação dos sulcos em canais gramados de escoamento;
 construção de terraços para redução da velocidade de escoamento da água, 
retenção da água da chuva não infiltrada e sua condução lateral para canais 
gramados de escoamento. O terraceamento traz como vantagem adicional 
a obrigatoriedade do cultivo em nível;
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 17
 plantio em nível - o preparo do solo, o plantio e a execução de todos os 
trabalhos de campo em nível é regra básica para um controle bem-sucedido 
da erosão. Os rastros do preparo do solo e os sulcos de plantio 
perpendiculares ao declive formam obstáculos ao escoamento da água.
Conforme Castro Filho (1999), para otimizar o uso dos recursos naturais, será 
preciso conhecer características inerentes de cada propriedade, classificando-as para 
possíveis usos e adaptando as áreas de acordo com suas potencialidades e 
limitações. Contudo, o planejamento só será válido se estiver adequado às condições 
socioeconômicas do produtor, contemplando suas aspirações e tendências, 
permitindo fazer um diagnóstico dos sistemas de produção predominantes, e esse 
servirá de base para a elaboração de um plano técnico e conservacionista (Figura 3). 
Na Figura 4 pode-se observar os principais pontos do plano técnico.
Condições socioeconômicas dos produtoresAptidão agrícola das terras
Fatores e graus de limitações Aspirações e tendências
Diagnóstico
da situaçãoPlano técnico
Bases para o planejamento conservacionista
Figura 3 - Esquema básico para planejamento conservacionista dos solos.
Fonte: Castro Filho (1999).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem18
Plano técnico (Planejamento conservacionista)
Aptidão agrícola
do solo
Hierarquização dos problemas Uso da terra
Plano de produção e
conservação dos recursos
naturais - via ordem de
prioridade
1)Redução da degradação 2)Controle da erosão 3)Melhoria da fertilidade do solo
Controle da poluição
Controle do
escorrimento
superficial
Aumento da infiltração Racionaliza
ção da
adubação e
calagem
Aumento da
cobertura
do solo
Figura 4 - Organização do planejamento conservacionista.
Fonte: Castro Filho (1999).
O fato é que cientistas e técnicos da área têm o dever de conscientizar 
os produtores de que devem ser utilizadores e defensores de práticas de 
manejo e uso do solo que evitem grandes desequilíbrios no sistema. Se não 
houver preservação da qualidade desse recurso natura,l nenhum objetivo de 
produção sustentável será alcançado, não importando outras tecnologias 
utilizadas. Portanto, o solo deve ser respeitado como um dos principais fatores-
chave para a sustentabilidade das pastagens. Mas também é importante 
lembrar que a visão reducionista de elucidar tecnologias isoladas é um grande 
empecilho para a sustentabilidade do sistema de produção. Nesse aspecto, 
remete-se o leitor ao item III, no qual abordam-se algumas tecnologias 
alternativas que auxiliam na sustentabilidade da qualidade do solo e, por 
conseguinte, das pastagens.
O que se preconiza são algumas estratégias de conservação de solos 
e água mais adequadas a cada caso, sem perder de vista aspectos 
fundamentais da preservação ambiental, buscando-se, tanto quanto possível, 
adequar, por meio do planejamento conservacionista, o uso e manejo do solo 
às suas reais possibilidades. Produzir com degradação mínima não é apenas 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 19
uma questão ambiental, mas, sobretudo, uma necessidade para melhorar a 
rentabilidade e a sustentabilidade do ecossistema.
O ser humano precisa aprender com urgência a viver e se sustentar de 
forma mais harmônica com a natureza, desenvolvendo suas explorações 
econômicas sem perder o respeito pelo meio ambiente e, principalmente, 
respeitar o fato de que as gerações futuras necessitarão desses recursos 
naturais para a sua sobrevivência. Portanto, aumentar a produção, 
considerando a capacidade de assimilação da natureza e conservando os 
recursos naturais, é o paradigma preconizado para o desenvolvimento 
sustentável dos agroecossitemas. Assim, adotando-se preparo do solo e 
técnicas conservacionistas adequadas a cada situação, será possível iniciar a 
sustentabilidade das pastagens a partir de sua formação.
4 - Correção e fertilização do solo
A toxidez por alumínio e manganês, a baixa disponibilidade de cálcio e 
magnésio e a deficiência generalizada de fósforo e outros nutrientes na maioria 
dos solos são fatores limitantes para a sustentabilidade das pastagens desde a 
sua formação. Portanto, para que as pastagens se iniciem e permaneçam 
sustentáveis, os solos devem ser corrigidos por meio da aplicação de corretivos 
e fertilizantes e isso deve ser realizado, impreterivelmente, com respaldo da 
análise de solo, a exemplo do que é feito para o cultivo de cereais. Felizmente, 
o pecuarista brasileiro está se conscientizando, cada vez mais, de que o solo 
não é uma fonte inesgotável de nutrientes e que esses devem ser corrigidos e 
repostos sempre que necessário.
5 - Época de plantio
Preferencialmente, o plantio deve coincidir com a época de chuvas, 
pois a necessidade de irrigação onera sensivelmente o sistema de produção, 
além do fato que, nessa época outras condições climáticas (temperatura, 
radiação solar, etc.) são ideais para o estabelecimento das forrageiras.
III - Algumas tecnologias que auxiliam na sustentabilidade da pastagem -
Alternativas conservacionistas
A visão conservacionista dentro de qualquer inovação tecnológica deve 
ser realçada para se obter sustentabilidade da atividade agropecuária. Os 
principais sistemas de produção agropecuários estão representados por uma 
agricultura com preparo excessivo do solo, uso intensivo de insumos e uma 
pecuária com pastagens não sustentáveis, e isso ocorre em conseqüência, 
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem20
entre outros fatores, da degradação do solo pela erosão e queda na fertilidade. 
É fundamental adotar práticas de uso e manejo do solo que evitem sua 
pulverização, compactação e que o proteja da ação erosiva das chuvas. Nesse 
sentido, como alternativas conservacionistas, sugerem-se:
1) Sistema integrado lavoura-pastagem
Este sistema consiste na diversificação das atividades na propriedade 
agrícola, de forma que essas constituam um mesmo sistema, com o objetivo de 
aumentar a eficiência da produção, preservar o meio ambiente e ampliar a 
renda do produtor.
2) Formação de pastagem em sistema de plantio direto
É a forma de gerenciamento da terra em que se promove a cobertura 
permanente do solo com palha e, ou com plantas de cobertura, por meio da 
rotação de culturas, sendo o solo removido apenas para que seja possível 
depositar a semente e o fertilizante na linha de semeadura.
3) Formação de pastagem consorciada
Uma das expectativas da formação de pastagem consorciada de 
gramíneas e leguminosas é a melhoria da qualidade do solo, uma vez que as 
leguminosas são capazes de fixar nitrogênio em quantidades suficientes para 
garantir a sustentabilidade do ecossistema.
4) Formação de pastagem arborizada
A presença de árvores na pastagem pode oferecer alternativas para a 
sustentabilidade da atividade agropecuária e os sistemas podem ser 
estabelecidos segundo modelo planejado ou podem ocorrer de forma natural 
no ecossistema.
Os ganhos obtidos com a adoção das práticas anteriormente 
mencionadas incluem aumentos consideráveis na produção e qualidade das 
pastagens, melhoria no controle de pragas e doenças nas lavouras e também 
na qualidade do solo, no rendimento das culturas e no desempenho animal. 
Deve-se considerar também a eficiência na utilização dos recursos naturais e 
na preservação do meio ambiente, condição básica para a sustentabilidade do 
agroecossistema.
A seguir, será discutida cada uma das tecnologias conservacionistas 
anteriormente mencionadas.
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 21
1) Sistema integrado lavoura-pastagem
Em geral, os solos ocupados por pastagens são marginais quando 
comparados àqueles usados pela agricultura de grãos. Esses solos apresentam 
problemas de fertilidade natural, acidez, topografia, pedregosidade ou limitações 
de drenagem (Adamoli et al., 1986). Portanto, é compreensível que as pastagens 
não se mantenham sustentáveis por muito tempo.
A integração lavoura-pastagem é uma das formas de manter o sistema 
agropecuário produtivo, rentável e, principalmente, sustentável. Porém, 
considerando que a prática da agricultura é uma atividade de risco, a produção de 
grãos em áreas de pastagens requer uma determinada especialização dos 
pecuaristas. Conforme Kichel et al. (2001), é necessário:
 solos favoráveis para a produção de grãos em área de clima propício;
 infra-estrutura mínima para a produção de grãos (máquinas, 
equipamentos e instalações);
 acesso facilitado para a entrada de insumos e a saída de produtos;
 recursos financeiros para os investimentos na produção;
 domínio da tecnologia requerida para a produção;
 assistência técnica, e
 possibilidade de arrendamento da terra ou de parceria com produtores 
tradicionais de grãos.
Algumas vantagens obtidas com o cultivo de lavouras, antes da formação 
da pastagem, conforme Oliveira et al. (1996) e Kichel et al. (2001):
1. Fertilidadedo solo recuperada - como as culturas anuais são mais 
exigentes em fertilidade de solo, uma atenção maior a esse aspecto é 
certamente dada;
2. Solo submetido às práticas de conservação - essa é uma prática 
corriqueira entre os agricultores, os quais também possuem 
equipamentos apropriados;
3. Formação com custos mais baixos - o lucro obtido com a cultura 
amortiza os gastos da formação da pastagem, e o preparo do solo 
representa cerca de 63% dos custos de formação;
4. Facilidade de formação da pastagem - em geral, no plantio de culturas 
anuais, o preparo do solo é mais intensivo, junto com o uso de 
herbicidas, proporcionando uma redução no potencial de sementes de 
invasoras no solo;
5. Solo melhorado em suas propriedades físicas, químicas e biológicas -
com a rotação lavoura-pastagem, evitando-se a monocultura, 
eliminam-se camadas compactadas, bem como incorporam-se 
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem22
resíduos, raízes e palhada de grãos, estimulando a vida no solo pelo 
incremento de material orgânico;
6. Redução da incidência de pragas e doenças - pela quebra do ciclo;
7. Aproveitamento do adubo residual - parte do fertilizante aplicado à 
cultura permanece no solo, sendo depois aproveitado pela pastagem;
8. Maior eficiência no uso de máquinas, equipamentos e mão-de-obra -
os quais terão uma otimização por maior período de tempo no ano;
9. Diversificação do sistema produtivo - possibilita a maior diversificação 
de pastagens, podem-se explorar tanto as fases de cria, recria e 
engorda. Isso resulta em maiores garantias contra os riscos climáticos 
e flutuações de mercado;
10.Aumento da produtividade do negócio agropecuário - tornando-o 
sustentável em ternos econômicos e agroecológicos;
11.Redução de riscos de perda por deficiência hídrica, devida aos 
verânicos, por meio da formação de cobertura vegetal permanente 
sobre o solo e melhor enraizamento das plantas;
12.Desenvolvimento vegetativo das forrageiras por mais tempo, no 
período seco, por causa da maior retenção de umidade no solo;
13.Redução da necessidade de abertura de novas áreas.
Os benefícios mencionados podem ser considerados como ecológicos e 
socioeconômicos. Ecológicos pelo fato de visar à recuperação e manutenção da 
qualidade do solo e do ambiente, e socioeconômicos em razão da maior geração 
de renda que ocorre em função da diversificação e aumento da oferta de produtos 
a custos menores. Vale lembrar também que a diversificação produtiva é a via 
mais adequada para promover o desenvolvimento rural com viabilidade 
econômica, eqüidade social e respeito ao meio ambiente.
O rendimento da Brachiaria brizantha em cultivo solteiro ou consorciada 
com algumas culturas anuais pode ser observado na Tabela 13.
Tabela 13 - Produção de forragem de Brachiaria brizantha, por ocasião da 
colheita de culturas anuais em quatro localidades
Cultura anual consorciada (t/ha de massa verde) 1
Localidades Milho Sorgo Soja Arroz Milho forrageiro Sorgo forrageiro
Santa Helena -GO 28,3 3,6 18,4 NO 8,0 2,0
Luziania -GO 20,9 2,2 11,4 14,5 4,8 4,5
Mimoso - BA 15,3 16,5 12,5 12,8 5,6 5,6
C. novo dos Parecis - MT 16,7 3,1 35,1 NO NO 3,7
1. Média de seis repetições. 
NO - não observado. 
Fonte: Kluthcouski et al. (2000).
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 23
Os menores rendimentos da Brachiaria brizantha foram observados 
nos consórcios milho e sorgo forrageiros como resultado da intensa competição 
exercida pela cultura anual até o período da ceifa.
Vale ressaltar que a sustentabilidade somente será plena mediante 
redução no custo de produção das lavouras e produção agrícola na entressafra 
(período sem chuvas), principalmente com forrageiras.
2) Formação de pastagem em sistema de plantio direto
A integração agropecuária com plantio direto, conforme Mello (1996), é 
técnica e economicamente viável e, para tal, devem ser identificados sistemas 
de produção de média e longa duração, integrando a produção de grãos com a 
de pastagens perenes, prática que oferece maior sustentabilidade e melhor 
resultado econômico possível.
O plantio direto, cujo princípio básico é o de menor intervenção no solo, 
mantendo-o o mais protegido possível ao longo do ano, não se trata apenas de 
um ato de plantar sem o revolvimento do solo, mas de um sistema de produção 
que contribui substancialmente para a conservação do solo, promovendo a 
base para a sustentabilidade do ecossistema. É a forma de manejo em que se 
promove a cobertura permanente do solo com palha e, ou com plantas de 
cobertura, por meio de rotação de culturas, sendo o solo removido apenas para 
que seja possível depositar a semente e o adubo no sulco de plantio. Esse 
sistema busca expressar o potencial genético das culturas em sua plenitude 
por meio da maximização dos fatores ambiente e solo, reduzindo a degradação 
dos recursos naturais. Devido ao pouco revolvimento, há uma recuperação e 
manutenção das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo que 
beneficiam o desenvolvimento das culturas.
Alguns requisitos para a implantação de pastagem no sistema de 
plantio direto:
 Área sem a presença de camada compactada;
 Correção de problemas químicos de acordo com a necessidade das 
espécies a serem implantadas.
Algumas vantagens do plantio direto:
1 - Controle da erosão
Como o solo não é pulverizado pela aração e gradagem, resiste melhor 
à ação erosiva dos ventos e da chuva, que encontram, na palhada, uma 
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem24
barreira importante. Os dados da Tabela 14 exemplificam o efeito de restos 
culturais no escorrimento superficial, infiltração e perdas de solo.
Tabela 14 - Efeito de diferentes níveis de resíduos culturais no escorrimento 
superficial, infiltração e perda de solo, em declividade de 5%
Efeito sobre a água e o solo
Resíduos (t/ha) Escorrimento (%) Infiltração (%) Perda de solo (t/ha)
0 45,30 54,70 13,69
0,550 24,30 74,70 1,56
1,102 0050 99,50 0,33
2,205 0,10 99,90 0
4,410 0 100,0 0
Adaptado: Ramos (1976) citado por Ruedell (1998).
2 - Melhor estrutura e fertilidade do solo
Gradativamente, o plantio direto aumenta o teor de matéria orgânica 
presente no solo, propiciando condições favoráveis à atividade microbiológica 
nas camadas inferiores. Fabrício e Salton (1999) observaram em sistema de 
plantio direto, após três anos de avaliação de diferentes sistemas de produção, 
que ocorreu aumento de cerca de 30% no teor de matéria orgânica na 
superfície do solo (0,0 a 0,05 m), nas áreas com rotação pastagem/lavoura e 
lavoura contínua. Quanto a outros atributos químicos, ocorre influência decisiva 
dos corretivos e fertilizantes, uma vez que haverá acúmulo de nutrientes nas 
camadas superficiais do solo.
3 - Controle da compactação e das ervas daninhas
Além de favorecer a ação das minhocas e insetos que funcionam como 
'arados' naturais, destruindo camadas endurecidas, a palhada minimiza a 
pressão das máquinas no solo e evita a sua compactação excessiva. A palhada 
também constitui uma barreira física para invasoras, impedindo a sua 
emergência.
4 - Menor investimento em máquinas e menor custo de produção
Como o plantio direto não exige revolvimento do solo, possibilita 
economia de capital imobilizado: utiliza-se apenas parte do maquinário agrícola 
empregado no cultivo convencional. O trator usado pode ter potência menor, 
pois não precisa puxar arados pesados, que mexam no solo a grandes 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 25
profundidades. Além disso, mão-de-obra e combustível são reduzidos pela 
metade.
5 - Menor agressão ao meio ambiente
Seja pela redução da erosão e elevação da fertilidade do solo, seja 
pelo menor uso de determinados produtos químicos.
6 - Melhor oportunidade de plantio
Como o solo não fica descoberto, é possível iniciar a semeaduraduas 
horas após a ocorrência de chuvas, porque a palha evita a patinação das 
máquinas, ao passo que no sistema convencional, são necessários até dois 
dias secos para iniciar os trabalhos.
O plantio direto destaca-se como um sistema de resultados mais 
positivos em termos de eficiência biofísica, social e econômica, para substituir 
os processos convencionais de cultivo. Porém, vale lembrar que esse sistema 
de plantio não é aplicável a todas as condições de solo, pois dificulta a 
incorporação de fertilizantes, demanda maior uso de herbicidas e não é 
aplicável para formação de pastagem em solos degradados.
3) Formação de pastagem consorciada
A adoção de leguminosas em consórcio de pastagens tem sido muito 
limitada no País. Os insucessos ocorridos no passado e a falta de persistência 
configuram um forte entrave à adoção pelos produtores (Barcellos et al., 2001). 
Porém, em função da necessidade de alternativas para melhoria da qualidade 
e da produtividade das pastagens, pode-se ter a perspectiva de concretizar a 
afirmação de que "é por meio de leguminosas que a produtividade da 
pastagem será aumentada" (Hutton, 1984) e sustentada. Nesse contexto, 
paralelamente à importância dada à formação de pastagem sustentável, o 
consórcio de gramíneas e leguminosas merece destaque.
Em sistemas de produção agrícola, a contribuição das leguminosas é 
para manter e elevar o nível de fertilidade do solo, em razão da adição de 
nitrogênio ao sistema, e auxiliar no controle de pragas e doenças, no controle 
da erosão e na manutenção de áreas de lazer, e, em regiões com limitações 
ambientais, as leguminosas contribuem efetivamente para a produção agrícola 
e sustentam os sistemas de pastejo dentro da filosofia do baixo insumo 
(Maraschin, 1997). Somado a isso, há vantagens econômicas e ambientais. 
Uma das vantagens é a redução da necessidade de fertilização nitrogenada, o 
que minimiza o risco de contaminação do ecossistema. Nesse sentido, 
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem26
observam-se na Tabela 15 informações sumarizadas sobre uso potencial e 
fixação de nitrogênio de algumas leguminosas.
Tabela 15 - Uso e fixação de nitrogênio de algumas espécies leguminosas
Nome científico Nome comum Uso
Fixação de N 
(kg/ha/ano ou ciclo)
Calopogonium mucunoides Calopogônio Forragem 370-450
Canavalia brasiliensis Feijão-bravo-do-ceará Adubo verde -
Canavalia ensiformes Feijão-de-porco Adubo verde -
Centrosema pubescens Centrosema Forragem 126-398
Clitoria ternatea Cunhã Forragem -
Glycine max Soja Grão, forragem 60-178
Lablab purpureum Lablab
Forragem, adubo 
verde
-
Macroptilium atropurpureum Siratro Forragem -
Mucuna aterrina Mucuna preta
Forragem, adubo 
verde
157
Neonotonia wightii Soja perene Forragem 160-450
Pueraria phaseoloides Kudzu tropical Forragem 30-99
Stylosanthes spp. Estilosantes Forragem 34-220
Fonte: Resende e Kondo (2001).
Para Alves e Medeiros (1997), a importância da utilização de 
leguminosas na formação de pastagens está ligada à procura de um sistema 
de produção de forragem de alta qualidade, considerando-se a alimentação 
animal, mas, principalmente, buscando-se a eficiência em nitrogênio nesse 
sistema.
No tocante às características do solo, a matéria orgânica é um dos 
principais agentes cimentantes das partículas primárias e secundárias, 
influenciando na qualidade estrutural. A formação de agregados e sua 
estabilidade são determinadas pelo suprimento contínuo de resíduos orgânicos 
(raízes, folhas e caules) e sua decomposição no solo, pela atividade 
microbiana. Dessa forma, segundo Harris et al. (1996), a consorciação de 
gramíneas e leguminosas que possuam um sistema radicular abundante e em 
constante renovação, e leguminosas que fixam nitrogênio, acelerando a 
decomposição, é o método mais eficiente para estruturação do solo.
A utilização de leguminosas pode produzir um efeito protetor contra a 
erosão do solo e também há relatos de que o vigor de crescimento do sistema 
radicular de determinadas leguminosas, como, por exemplo, a crotalária, além 
de reciclar os nutrientes acumulados em profundidade no solo, pode, pelo 
menos em parte, favorecer o rompimento de camadas compactadas no perfil 
(Resende e Kondo, 2001); além do fato de que a grande exploração do solo 
pelo sistema radicular das leguminosas, bem como a cobertura que exercem 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 27
sobre o solo, favorecem a infiltração e a retenção de água e, 
conseqüentemente, dão maior proteção contra a erosão.
As leguminosas, além de contribuírem para melhorar as características 
físicas e químicas do solo, favorecem o estabelecimento das gramíneas, 
proporcionando uma pastagem produtiva e com base sustentável. Para o 
sucesso na formação e estabelecimento de pastagens consorciadas e, para 
que essas mantenham-se sustentáveis, é primordial que sejam observados os 
fatores relacionados no ítem II.
Apesar dos benefícios, as consorciações apresentam certa estabilidade 
em, geralmente, até cerca de quatro-cinco anos e, depois, as leguminosas 
praticamente desaparecem das pastagens. Portanto, a sustentabilidade das 
pastagens consorciadas ainda é um desafio para os pesquisadores. Neste 
sentido, questiona-se: não seria viável realizar uma 'injeção' de 
leguminosas no consórcio, a cada quatro-cinco anos, em detrimento da 
não-sustentabilidade da pastagem?
A falta de persistência das leguminosas sempre foi atribuída à 
agressividade da gramínea, falta de adaptação às pressões bióticas e 
abióticas, ao manejo imposto na pastagem consorciada, pouca resistência ao 
pastejo e pisoteio e à não-reposição, no solo, dos nutrientes exoportados na 
forma de produto animal (Barcellos e Vilela, 1994). Nesse sentido, Vilela et al., 
citados por Barcellos e Vilela (1994), desenvolveram trabalho com intuito de 
determinar o efeito de gramíneas e nível de fertilidade na estabilidade de 
pastagens consorciadas (Tabela 16).
Tabela 16 - Efeito de gramínea e níveis de fertilidade na porcentagem de 
leguminosas1
Época de avaliação
Gramíneas Dez/1990 Abr/1991 Mar./1992 Maio/1994
Brachiaria decumbens 22,70 b 20,90 c 4,20 b -
Brachiaria brizantha cv. Marandu 4,40 d 4,60 d 3,40 b -
Andropogon gayanus 30,40 a 36,20 b 7,60 b -
Panicum maximum cv. Vencedor 33,40 a 50,00 a 20,60 a 25,90
Panicum maximum cv. Centenário 12,40 c 38,00 b 22,10 a 27,50
 Níveis de fertilidade2
F1 25,90 a 37,20 a 11,20 a 16,70
F2 16,40 b 22,70 b 12,00 a 25,70
1.Coquetel de leguminosas formado por soja perene, calopogônio, Centrosema brasilianum, 
Centrosema híbrida (Centrosema pubescens x Centrosema macrocarpum) e Stylosanthes 
capitata.
2.F1= Saturação por bases=20%, 233 kg/ha da fórmula 00-30-15 e 30 kg/ha de FTE-BR 12.
F2= Saturação por bases=50%, 633 kg/ha da fórmula 00-30-15 e 60 kg/ha de FTE-BR 12.
Fonte: Vilela et al. citados por Barcellos e Vilela (1994).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem28
Quanto à escolha da espécie a ser consorciada com a gramínea, deve-
se ponderar que, na época seca, ocorre um aumento significativo da 
leguminosa na composição botânica da dieta selecionada pelos animais. Esse 
fato, conforme Barcellos e Vilela (1994), permite inferir sobre a importância da 
aceitabilidade da leguminosa. Nesse sentido, deve-se optar por espécies que 
são menos consumidas na época de chuvas, pois, nessa época, a leguminosa, 
não sendo consumida, ganha capacidade de competição com a gramínea e, 
segundo Barcellos e Vilela (1994), beneficia o sistema de forma mais intensa. 
Entretanto, esses mesmos autores alertam que a capacidade diferenciada de 
fixação biológica do nitrogênio entre as espécies deve ser considerada para 
que o fato anteriormente mencionado possa ser verdadeiro.
4) Formação de pastagem arborizada
A atividade pecuária no Brasil temexcluído sistematicamente as 
árvores das pastagens. Segundo Campello e Franco (2001), isso tem ocorrido 
porque a maioria das pastagens é formada após anos de agricultura, quando 
as árvores já não estão mais presentes, ou mesmo quando as árvores são 
deixadas, essas acabam morrendo porque são plantas climáticas ou 
secundárias tardias e, por isso, não se adaptam a condição de pleno sol e à 
exposição aos ventos. Contudo, a prática de arborização de pastagens deve 
ser incentivada, pois conforme Carvalho et al. (1995) e Carvalho e Botrel 
(2002), a árvore na pastagem representa vantagens tanto para a recuperação e 
sustentabilidade da produção de forragem, como para outros aspectos de 
importância ecológica, além de representar a forma mais fácil de viabilizar a 
inserção da fixação biológica do nitrogênio no sistema (Campello e Franco, 
2001).
Na opinião de Harvey et al. (1999), as principais razões para associar 
árvores e pastagens são o provimento de sombra para os animais, produção 
de madeira para os diferentes fins, disponibilidade estacional de frutas para a 
fauna silvestre e consumo humano ou animal, além das evidentes vantagens 
ambientais e econômicas. Porém, vale enfatizar que o efeito ecológico mais 
esperado da presença das árvores nas pastagens é, sem dúvida, a 
conservação do solo.
Em comparação com as pastagens de gramíneas em monocultura, os 
sistemas silvipastoris apresentam maior diversidade vegetal, desde os modelos 
mais simples, até os sistemas com vários estratos de vegetação e constituídos 
por diversas espécies em cada estrato (Carvalho, 2001).
As árvores exercem uma série de efeitos sobre o ecossistema das 
pastagens, a maioria benéficos. Sendo assim, devem ser consideradas 
principalmente quando o objetivo é a exploração auto-sustentável, 
especialmente em sistemas produtivos cujos solos são facilmente erodidos e 
de baixa fertilidade. Segundo Leal (1999), Carvalho (2001) e Carvalho e Botrel 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 29
(2002), os benefícios das árvores nas pastagens são vários, com destaque 
para:
 Maior reciclagem de nutrientes das camadas mais profundas 
para a superfície do solo
As árvores são capazes de utilizar nutrientes de horizontes mais 
profundos do solo na produção de biomassa e repô-los nas camadas mais 
superficiais por meio da decomposição de folhas, frutos, galhos, cascas, etc., 
que se acumulam na serrapilheira, promovendo a reciclagem de nutrientes, 
além de constituírem uma proteção adicional contra a erosão (Payne, 1985).
Oferta mais variada de forragem para os animais
Ao se produzir mais por hectare, teoricamente pode haver mais terra 
disponível para reflorestamento ou para recuperação de áreas de mata e, 
também, o microclima criado sob as árvores, ou em suas imediações, favorece 
a retenção de umidade e o enriquecimento de nutrientes, que se refletem no 
prolongamento da disponibilidade de forragem verde (Sánchez, 2001).
 Desenvolvimento da flora e fauna nativas
A presença de estratos múltiplos e de árvores permite o crescimento da 
população e da diversidade de insetos, aves (Cárdenas, 1999) e, 
eventualmente, mamíferos (Sánchez, 2001). E, ainda, pelo aumento na 
biodiversidade da flora, o risco de ataques severos de pragas e doenças pode 
ser menor (Sánchez, 2001).
 Melhores condições para o desenvolvimento de inimigos 
naturais das pragas dos componentes do sistema
A presença de árvores nas pastagens pode resultar em alterações no 
balanço ecológico entre as forrageiras e as pragas, doenças e invasoras 
associadas com as mesmas (Wiley, 1975 citado por Budowski et al., 1984).
 Aumento de nitrogênio no sistema pela fixação biológica
As leguminosas arbóreas fixam boa parte do nitrogênio que o sistema 
requer (Mahecha et al., 1999); por essa razão, podem ocorrer substituição total 
ou redução significativa da necessidade de fertilizantes químicos (Sánchez, 
2001). Ocorre também armazenamento do carbono ao recuperar-se a 
fertilidade do solo (FAO, 2001).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem30
 Redução das perdas de solo e de nutrientes por erosão hídrica 
e eólica
A proteção física exercida pelo componente arbóreo reflete-se 
principalmente no controle da erosão, pois a copa das árvores atua reduzindo a 
velocidade dos ventos e o impacto da chuva sobre o solo (Houghton, 1984), e o 
sistema radicular contribui para a sua sustentação, minimizando deslizamentos 
de terra em áreas declivosas (Hawley e Dymond, 1988).
 Incremento das propriedades físicas tais como estrutura, 
porosidade e retenção de umidade
Por meio da biomassa do sistema radicular, as árvores contribuem 
para modificar a porosidade do solo e a taxa de infiltração de água, o que 
também reduz a erodibilidade (Nair, 1983 citado por Nair et al., 1984).
 Redução da acidez, pela adição de bases, devida à queda de 
folhas das árvores e aumento da matéria orgânica por meio da 
produção de serrapilheira ('litter')
Em solos de baixa saturação por bases e baixos teores de argila, uma 
das agravantes é a acidificação que ocorre quando o nitrogênio é convertido 
em nitrato, podendo ser lixiviado para fora da zona de raízes da pastagem. As 
árvores conseguem capturar o nitrato lixiviado e reconvertê-lo em proteína, 
para devolver, então, na forma de folhas que caem (matéria orgânica), 
mantendo a reposição do nitrato. Dessa forma, ocorre também a deposição de 
outros elementos contidos na matéria orgânica, além de diminuir suas perdas 
por lixiviação no solo (Silva, 1998).
 Redução da temperatura e da oxidação da matéria orgânica
Em pastagens arborizadas, as temperaturas podem ser atenuadas 
(Carvalho, 2001) e as modificações nas condições ambientais do solo e na 
interface solo/liteira de áreas sombreadas contribuem para incrementar as 
atividades biológicas e, como conseqüência, aumentam a mineralização de 
nitrogênio em comparação com áreas não-sombreadas da pastagem (Wilson, 
1996).
Na Tabela 17 são apresentadas evidências científicas dos efeitos 
benéficos das árvores sobre os solos e a Figura 5 ilustra esquematicamente os 
benefícios mencionados.
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 31
Tabela 17 - Evidência científica dos possíveis efeitos benéficos das árvores 
sobre os solos
Processo Efeito principal Evidência científica
Produção de biomassa Adição de matéria orgânica Disponível
Fixação de nitrogênio Aumento do conteúdo de nitrogênio Disponível
Chuvas
Influência sobre a quantidade e 
distribuição de chuvas e seu aporte de 
nutrientes
Não completamente 
demonstrado
Proteção contra erosão 
hídrica e eólica
Redução da perda de solo e nutrientes
Disponível
Absorção em camadas profundas e 
deposição na superfície
Não completamente 
demonstrado
Absorção/Reciclagem/Libera
ção de nutrientes
Conservação de nutrientes que poderiam 
perder-se por lixiviação
Não demonstrado
Liberação de nutrientes no momento 
requerido pelos cultivos (por meio do 
manejo)
Disponível
Processos físicos
Melhora das propriedades físicas 
(retenção de água, drenagem, etc.)
Disponível
Aumento do crescimento e 
proliferação de raízes
Aumento da biomassa de raízes, 
substâncias promotoras de crescimento, 
associações microbianas
Parcialmente 
demonstrado
Qualidade e dinâmica da 
serrapilheira
Melhora da qualidade da serrapilheira 
mediante maior diversidade de espécies 
e manejo sincronizado da quantidade e 
tipo de biomassa aplicada
Atualmente muito 
estudado (cultivo em 
aléias e outros 
experimentos de 
cultivos associados)
Modificação do microclima
Criação de microclima favorável, efeitos 
de quebra ventos e barreiras
Disponível
Processos 
bioquímicos/biológicos
Moderação de efeitos em condições de 
extrema acidez, alcalinidade ou outras 
condições desfavoráveis dos solos
Parcialmente 
demonstradoFonte: Nair citado por Montagnini (1992).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem32
Plantio de árvores
em pastagem
Alterações na chuva incidente
Interceptação de chuva pelas copas
Redistribuição por
gotejamento
Perda por
evaporação direta da
água depositada nas
copas
Água
Luz
Nutrientes
Competição
Árvores
Doenças
Insetos
Aves
Produtos
Outros serviços
Melhoria dos
solos
Alteração
dos padrões
de vento
Mudança nos padrões
de radiação que atinge
as pastagens
Mudança no
balanço de energia
disponível no meio
Evaporação
da água
Evaporação
do solo
Velocidade
de ventos
Danos
mecânicos nas
plantas
Alteração
de
qualidades
Diminuição do stand e IAF
Predisposição a doenças e pragas
Relação de causa
Relação de efeito
Alteração da qualidade da forragem
Ingestão
Trocas térmicas secas
Temperatura do ar
Perda/Ganho de calor
animal
Mortalidade
Eficiência de produção animal
Temperatura da planta
Velocidade
de rebrota
Velocidade de
desenvolvimento
Transpiração
Uso de água pelas
plantas
Potencial de água na
planta
Crescimento de plantas
Temperatura
do solo
Germinação
Emergência
de plantas
Erosão eólica
Rajadas de
grãos de areia
Figura 5 - Modificações determinadas pela introdução de árvores em área de 
pastagem.
Adaptado: Brenner (1996).
A tolerância das forrageiras ao sombreamento é considerada como 
uma das condições necessárias para se aproveitarem as vantagens da 
integração de pastagens com árvores. Na Tabela 18 pode-se constatar a 
tolerância ao sombreamento de um grupo de gramíneas forrageiras, incluindo 
algumas das mais recomendadas para a formação de pastagens no Brasil. 
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 33
Utilizou-se como sombra natural uma plantação de angico vermelho 
(Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan), sob a qual a porcentagem de 
transmissão de luz no verão variou de 30-40% da luz incidente em área 
adjacente sem árvores. As gramíneas foram semeadas no sub-bosque dessa 
plantação, e em área sem árvore (testemunha). O crescimento das gramíneas 
foi menor na condição de sombreamento; porém, a redução variou entre 
espécies e foi mais acentuada na fase inicial do que após o estabelecimento 
dessas. As gramíneas Brachiaria brizantha e Brachiaria decumbens foram as 
mais tolerantes ao sombreamento na fase inicial após o plantio, atingindo sob 
as árvores 49% e 33%, respectivamente, do crescimento obtido na área sem 
árvores. Na fase de produção, as gramíneas mais tolerantes foram Brachiaria 
brizantha, Panicum maximum e Brachiaria decumbens, alcançando, na 
sombra, 98%, 77% e 63%, respectivamente, do crescimento da área sem 
árvores.
Tabela 18 - Produção de matéria seca (t/ha) de gramíneas forrageiras, nas 
fases de estabelecimento e de produção, em sub-bosque de 
angico vermelho e em área sem árvores
Fase de estabelecimento Fase de produção
Sol Sombra
Produção 
relativa Sol Sombra
Produção 
relativa
Espécies ---------(t/ha)---------- (%) ---------t/ha)-------- (%)
Brachiaria brizantha 7,62 3,73 49 7,05 6,90 98
Panicum maximum 9,16 1,37 15 8,22 6,31 77
Brachiaria decumbens 8,65 2,83 33 9,97 6,34 63
Setaria sphacelata - - - 5,27 2,30 43
Andropogon gayanus 13,40 1,72 13 13,33 5,53 41
Melinis minutiflora 10,40 1,70 16 7,18 2,57 36
Fonte: Carvalho et al. (1995;1997).
Para Carvalho (2001), o efeito benéfico de árvores na pastagem é 
maior no caso de leguminosas que possuem capacidade de fixar o nitrogênio 
do ar atmosférico, e a vantagem de utilizar espécies leguminosas fixadoras de 
nitrogênio é a possibilidade de formar sistemas sustentáveis, diminuindo as 
chances do processo de degradação.
Efeitos benéficos foram observados por Oliveira et al. (2000), ao 
avaliarem árvores isoladas de baru (Dipterix alata) e de pequi (Caryocar 
brasiliense) sobre as características do solo sob pastagem de Brachiaria 
decumbens, constatando que a concentração de carbono orgânico foi maior 
sob as duas espécies arbóreas do que em áreas sem árvores; porém, o cálcio, 
magnésio e potássio foram mais altos apenas sob as árvores de leguminosas 
(Tabela 19).
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem34
Tabela 19 - Características químicas de um solo de cerrado, na camada de 
0-30 cm, em pastagem de Brachiaria decumbens, sob as copas de 
baru e pequi e a pleno sol
Características do solo Em área aberta Sob pequi Sob baru
pH 4,95 a1 4,95 a 5,20 a
Al (cmolc/dm
3) 0,74 ab 0,79 b 0,51 a
C orgânico (mg/kg) 7,11 a 9,65 b 13,36 c
Ca (cmol/dm3) 0,11 a 0,15 a 0,31 b
Mg (cmolc/dm
3) 0,27 a 0,29 a 0,53 b
K (cmolc/dm
3) 0,29 a 0,39 ab 0,68 b
1. Médias seguidas por letras diferentes, nas linhas, diferem significativamente entre si 
pelo teste t (P0,05).
Fonte: Oliveira et al. (2000).
Andrade et al. (2002), estudando o efeito de árvores da leguminosa 
baginha (Stryphnodendron guianense (Aubl.) Benth.) sobre o ecossistema de 
pastagens cultivadas na Amazônia Ocidental verificaram que a fertilidade do 
solo sob a copa da baginha foi, de modo geral, superior à do solo adjacente às 
arvores, principalmente em sua camada superficial (0 a 20 cm), apresentando 
teores mais elevados de fósforo e potássio disponíveis e de cálcio trocável, 
maior soma de bases trocáveis (SB) e capacidade de troca cátions (efetiva, t, e 
a pH 7, T), menor teor de alumínio trocável e maiores teores de matéria 
orgânica (MO) e de nitrogênio total. Observaram também menores teores de 
Al+3 e maiores de matéria orgânica e de nitrogênio total na camada 
subsuperficial do solo (20 a 40 cm) (Tabela 20).
Tabela 20 - Propriedades químicas do solo sob a copa da baginha e a pleno sol
0 a 20 cm 20 a 40 cm
Sombra Pleno sol Sombra Pleno sol
pH em água ( 1:2,5) 4,85 5,00 4,80 4,80
P (mg/dm3) 3,25 2,50 1,00 1,00
K (mg/dm3) 105,50 93,25 53,67 61,25
Al+3 (cmolc/dm
3) 0,65 0,78 1,25 1,68
Ca+2 (cmolc/dm
3) 2,35 1,98 0,98 0,85
Mg (cmolc/dm
3) 0,95 0,90 0,40 0,43
SB (cmolc/dm
3) 3,60 3,10 1,50 1,40
t (cmolc/dm
3) 4,20 3,90 2,80 3,10
T (cmolc/dm
3) 9,50 8,10 7,00 6,40
V (%) 37,60 38,60 21,90 22,30
M (%) 15,40 19,90 44,80 53,90
M.O. (dag/kg) 3,16 2,93 1,97 1,70
N total (dag/kg) 0,176 0,151 0,112 0,096
Fonte: Andrade et al. (2002).
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem - 35
Para Fassbender (1984), na consorciação de árvores com forrageiras, 
além da mais eficiente utilização do solo e do espaço aéreo, maior deposição 
de matéria orgânica e intensa reciclagem de nutrientes, ocorre melhor 
aproveitamento da fertilização exógena. Entretanto, esse mesmo autor alerta 
para o fato de que na seleção de espécies arbóreas para serem consorciadas 
com forrageiras, devem ser evitadas alelopatias e fortes competições entre 
elas, buscando-se sempre o mutualismo. King (1979) também menciona que 
as espécies devem ser preferencialmente complementares e estar habilitadas a 
utilizar, simultaneamente e de forma harmônica, os fatores de produção.
Para possibilitar a criação de ecossistemas de pastagens mais 
diversificados e, principalmente, mais sustentáveis, torna-se necessária a 
realização de pesquisas que visem à determinação da densidade arbórea 
ótima nas pastagens.
IV - Considerações finais
Na formação da pastagem, o objetivo principal deve ser proporcionar o 
restabelecimento de condições de equilíbrio e sustentabilidade dos fatores 
qualitativos dos recursos naturais; porém, isso somente será possível se 
houver agregação de esforços multinstitucionais, multidisciplinares, bem como 
apoio e incentivos governamentais.
Na adoção de tecnologias que visam a alcançar e manter a
sustentabilidade das pastagens, desde a sua formação, deve-se avaliar, além 
dos aspectos ecológicos, a condição socioeconômica do produtor, pois ela é a 
base de sustentação dos fatores primordiaisque compõem o processo de 
sustentabilidade do sistema produtivo.
Cabe aos pesquisadores e profissionais do setor colocar os produtores 
em contato com informações técnicas e ecológicas para utilizarem com mais 
intensidade os recursos naturais, sem degradá-los. Com esse conceito bem 
sedimentado, a recuperação e a conservação da qualidade do solo é o ponto 
de partida que deve dar lugar a uma expressiva mudança de comportamento 
dos produtores diante da crescente importância de uma agropecuária 
sustentável e lucrativa. A essência dessa mudança é produzir cada vez mais;
porém, em harmonia com a natureza.
A pesquisa, de agora em diante, não tem somente o dever de gerar e 
aperfeiçoar tecnologias, mas, sobretudo, o dever moral de disponibilizar para o 
setor rural noções básicas de respeito ao meio ambiente; isso será 
fundamental para que as gerações futuras possam produzir seus alimentos e 
lucros. Fundamentando-se nessa postura da pesquisa, certamente o homem 
aprenderá a explorar os recursos naturais com mais eficiência, porém, com 
profundo respeito.
- Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem36
Atingir essa meta não deve ficar apenas na idealização e, para tal, 
esforços não devem e não podem ser poupados. Nesse contexto, vale registrar 
uma frase pronunciada pelo professor Alfredo S. Lopes, em palestra proferida 
na UFLA (04/2002): "o que torna um sonho irrealizável é a inércia de quem 
sonha".
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