Buscar

PGE PGM Discursivas R1 Comentarios (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DISCURSIVAS PGE-PGM – RODADA 1 
 
 
 
(1) (PGM-SALVADOR-2016) Considerando que, em determinado Município, após 
importante queda de arrecadação de tributos, a despesa com pessoal tenha 
ultrapassado os limites do percentual admitido em lei, responda aos seguintes 
questionamentos: 
 
a) Em que dispositivo legal estão previstos os limites para despesas com pessoal 
e quais são esses limites? 
b) Que medidas devem ser adotadas para a eliminação do percentual 
excedente? 
c) Qual o prazo para que essa eliminação aconteça? 
 
 
 
Questão de Direito Financeiro abordando um tema bastante atual, tendo em vista que 
muitos Estados e Municípios vêm tendo dificuldades em manter os gastos com pessoal 
dentro dos limites permitidos em lei. 
 
A disciplina das despesas com pessoal está inserida na Lei de Responsabilidade Fiscal, 
que em seu art. 18 traz um conceito legal sobre o que se entende por despesa com 
pessoal: “Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa 
total com pessoal: o somatório dos gastos de ente da Federação com os ativos, os 
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, 
civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais 
como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios proventos da aposentadoria, 
reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens 
pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas 
pelo ente às entidades de previdência.” 
Veja que o referido dispositivo traz uma definição ampla, que abarca não apenas as 
despesas com pessoal ativo, mas também as despesas com INATIVOS. Ademais, o 
referido conceito contempla todos os pagamentos que são feitos em virtude da relação 
de trabalho ou emprego, bem como os encargos incidentes sobre estes, tais como o SAT 
(Seguro Acidente de Trabalho) e o FGTS. No entanto, não estão incluídos nos valores de 
despesas com pessoal as verbas de caráter INDENIZATÓRIO, a exemplo do auxílio-
educação, auxílio-transporte, ajudas de custo etc. 
Visto isto, importante mencionar que o art. 19 e 20 da LRF cuida de estabelecer os 
limites em porcentagem da receita corrente liquida (RCL) para os gastos com pessoal. 
Tais limites variam a depender do ente federativo (União, Estados, Município, DF) e dos 
Poderes e órgãos que os compõem. 
 
 
União 50% 
Estados 60% 
Municípios 60% 
 
Internamente nos Estados 
Legislativo e Tribunal de Contas 3% 
Judiciário 6% 
Executivo 49% 
Ministério Público dos Estados 2% 
 
Interessante destacar que o art. 19, § 1º, inciso IV diz que, na verificação do atendimento 
dos limites, não se computarão as despesas decorrentes de decisão judicial. Quando a 
LRF foi estabelecida, alguns Estados e Municípios não queriam cumprir decisões 
referentes a servidores públicos sob o argumento de que não poderia cumprir a decisão 
porque extrapolaria o limite. No entanto, a LRF já previu este problema. 
O STJ tem alguns precedentes sobre o tema (AgRG no Resp 557.060) e entendeu que 
não incidem as restrições de despesa com pessoal da LRF quando estiver em jogo o 
cumprimento de decisões judiciais. 
 
A fim de evitar que tais limites sejam excedidos, a própria LRF previu dois importantes 
mecanismos, quais sejam, o LIMITE DE ALERTA e o LIMITE PRUDENCIAL. 
 
Se o ente chega a 90% do limite, há um alerta do Tribunal de Contas para que não gaste 
mais (é o chamado limite de alerta, previsto no artigo 59, §1º) 
Se o ente chega a 95%, tem-se o limite prudencial, que é bem mais sério, pois traz 
restrições. Não são sanções, pois ainda não extrapolou o limite. São restrições para não 
extrapolar o limite, como a proibição de provimento em cargo público. 
 
Art 22, Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) 
do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: 
 
 I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer 
título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada 
a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; 
 II - criação de cargo, emprego ou função; 
 III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; 
 IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, 
ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de 
educação, saúde e segurança; 
 V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da 
Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. 
 
 
 
 
 
 
Se mesmo com esses limites e com as restrições o ente extrapolar os limites, deve 
providenciar o corte dos gastos de pessoal, observando o prazo de DOIS 
QUADRIMESTRES estabelecidos pela LRF para retornar ao máximo legal: 
 
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, 
ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no 
art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, 
sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências 
previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição. 
 
O percentual excedente tem que ser eliminado em 8 meses, sendo pelo menos 1/3 no 
primeiro quadrimestre. 
 
Para que haja a eliminação desse percentual excedente, o ente deverá adotar as 
medidas previstas no art. 169 da CRFB, com redação dada pela Emenda Constitucional 
n° 19. 
 
Art. 169, § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, 
durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e 
funções de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, 
de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para 
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o 
servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um 
dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto 
da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
 
Dessa forma, para cortar o excedente de gastos com pessoal, deve ser seguida a 
seguinte ordem: 
- Primeiro, reduzir pelo menos 20% das despesas servidores comissionados do ente. 
- Segundo, exoneração de servidores não estáveis. 
- Por fim, possibilidade de exoneração de servidores estáveis. 
 
• 90%
• Não traz restrições
Limite de Alerta
• 95%
• Há restrições, vide art. 22, PU, da LRF
Limite prudencial
Perceba que, antes de partir para a exoneração de servidores estáveis, é necessário que 
haja ato normativo motivado de cada poder e que sejam exonerados antes servidores 
comissionados e servidores não estáveis. 
 
Ademais, havendo a exoneração de servidor estável, este fará jus a uma indenização e 
terá a garantia de que o cargo será extinto, vedada a criação de cargo igual ou 
semelhante pelo prazo de 4 anos. 
 
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização 
correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anterioresserá considerado 
extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou 
assemelhadas pelo prazo de quatro anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 
1998) 
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do 
disposto no § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)". 
 
 
OBSERVAÇÃO: Além das medidas do art. 169, a LRF previu ainda a possibilidade de 
redução da carga horária do servidor, com a proporcional redução da remuneração (art. 
23, §1º e 2º). No entanto, a Constituição já estabelece, em seu art. 169, as medidas que 
devem ser adotadas. Em momento algum, a EC 19/98 possibilitou a redução dos 
vencimentos dos servidores, e há uma regra constitucional de irredutibilidade de 
vencimentos. Por isso, o STF declarou a inconstitucionalidade desses dispositivos na 
ADI 2238. Jessé Torres, em 1999, já defendia a inconstitucionalidade desses dispositivos. 
 
E se o ente ultrapassa o limite e não consegue cortar os gastos e retornar à margem 
admitida nos 8 meses seguintes? 
Se passa o lapso temporal de 8 meses e o limite continua a ser desrespeitado, a LRF traz 
algumas sanções no art. 23, §3º: 
 
 § 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o 
ente não poderá: 
 
I - receber transferências voluntárias; 
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; 
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da 
dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. 
 
O ente que não retornou ao limite não poderá: 
- Receber transferências voluntarias 
- Obter garantia, direta ou indireta, de outro ente. 
- Contratar operações de créditos (fazer dívida de pública), com ressalva da dívida 
mobiliária e as que visem à redução de despesa com pessoal. 
 
No entanto, há uma ressalva em relação a essa proibição de repasses voluntários ao 
ente que extrapolou o limite, no que tange aos repasses para ações de educação, saúde 
e assistência social. 
 
Art 25, § 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências 
voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações 
de educação, saúde e assistência social. 
 
 
 
(2) (PGE-SP-2012) Em relação ao instituto da governança corporativa nas sociedades 
anônimas: 
 
a) Explique o conceito. 
b) Indique ao menos 3 de seus objetivos 
c) Indique ao menos 3 exemplos concretos de sua adoção em uma empresa. 
d) Analise a possibilidade de sua adoção nas sociedades de economia mista, 
considerando os princípios norteadores da Administração Pública. 
 
 
 
A governança corporativa compreende o conjunto de práticas e instituições que disciplinam e 
influenciam as relações entre a companhia e seus investidores. 
Nas palavras de Arnoldo Wald, “A governança corporativa são as práticas e os relacionamentos 
entre os Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e 
Conselho Fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o acesso ao 
capital”. 
Portanto, a governança corporativa corresponde às práticas administrativas com o objetivo de 
otimizar o desempenho da empresa e atrair investidores. Sua grande preocupação é assegurar 
que os dirigentes atuem sempre no interesse da companhia e dos investidores, e não em seu 
próprio interesse. 
De acordo com Mario Engler, “a companhia dotada de boa governança corporativa transmite 
mais segurança a quem pretenda investir ali o seu capital, na expectativa de participar da 
distribuição de eventual excedente de receita (...). A inexistência de relação contratual entre o 
acionista e a companhia, assegurando o retorno do capital investido, torna o elemento confiança 
fundamental para a decisão de investimento”. (PINTO JUNIOR, Mario Engler. Empresa estatal: 
função econômica e dilemas societários. São Paulo: Atlas, 2010). 
A governança corporativa possui grande importância para lidar com os chamados “problemas 
de agência” e os “problemas de expropriação”. 
 
No primeiro caso, os problemas de agência costumam se verificar em companhias marcadas por 
dispersões acionárias, ou seja, quando não há acionista controlador definido, de modo que o 
vínculo entre os acionistas e os gestores da companhia é bastante tênue, marcado por uma 
grande assimetria de informações, o que dificulta o controle da gestão. 
 
Os problemas de agência consistem no desalinhamento de interesses entre os agentes (gestores 
da companhia) e os principais (acionistas e beneficiários finais do patrimônio administrado pelos 
gestores), uma vez que os agentes gestores costumam se aproveitar da dispersão acionária para 
atuar não no interesse coletivo, mas sim no interesse próprio. 
 
Ao analisar os problemas de agência, Mario Engler propõe a adoção de mecanismos de incentivo 
(tais como a remuneração variável dos administradores) e a implantação de sistemas de 
controle mais efetivos da gestão. Para o autor, essas duas soluções devem ser balanceadas, a 
fim de se alcançar um modelo de governança corporativa ideal, apto a evitar o desvio de conduta 
dos administradores e, ao mesmo tempo, não engessar a atuação da companhia no mercado. 
 
No segundo caso, os problemas de expropriação se verificam em companhias que apresentam 
um capital concentrado, havendo a figura de um acionista controlador. Nesse caso, o acionista 
controlador acaba até mesmo se sobrepondo aos administradores, os quais perdem grande pare 
de sua autonomia funcional para definir as prioridades e a linha de atuação da companhia, 
diante da aceitação formal ou informal da decisão tomada previamente pelo acionista 
controlador. 
 
Desse modo, o problema de expropriação se apresenta como o risco de o acionista controlador 
apropriar-se dos recursos da companhia, com a consequente espoliação dos demais acionistas. 
 
Diante de tal problema, a solução apontada seria a garantia de tratamento equitativo entre 
todos os acionistas (controlador e não controladores), aliada à fiscalização mais efetiva, capaz 
de detectar e sancionar com rigor eventuais desvios de conduta e práticas ilícitas do acionista 
controlador. 
 
 
Como tais problemas são verificáveis nas empresas estatais? 
As empresas estatais podem estar sujeitas tanto a problemas de agência quanto a problemas de 
expropriação, uma vez que conjugam as características de dispersão acionária e de capital 
concentrado. Na prática, é muito comum ver, por exemplo, o Estado se utilizar de uma 
companhia com fins políticos, o prejudica o seu desempenho e as perspectivas de retorno 
financeiro aos investidores. 
 
Nesse interim é que surge não só a possibilidade, mas também a necessidade de adoção de 
mecanismos de governança corporativa nas empresas estatais. 
 
Assim, a recente Lei 13.303/16 (Estatuto das Estatais) determina, em vários dispositivos, que as 
empresas estatais devem observar as regras de governança corporativa. 
Art. 6o O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia mista e de 
suas subsidiárias deverá observar regras de governança corporativa, de 
transparência e de estruturas, práticas de gestão de riscos e de controle 
interno, composição da administração e, havendo acionistas, mecanismos 
para sua proteção, todos constantes desta Lei. 
Art. 12. A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão: 
I - divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos administradores; 
II - adequar constantemente suas práticas ao Código de Conduta e 
Integridade e a outras regras de boa prática de governança corporativa, na 
forma estabelecida na regulamentação desta Lei. 
Essas regras de governança deverão ser estabelecidas por atos do Poder Executivo, conforme 
prevê o §3º do art. 1º do Estatuto. 
Art. 1º § 3o Os Poderes Executivos poderão editar atos que estabeleçamregras de governança destinadas às suas respectivas empresas públicas e 
sociedades de economia mista que se enquadrem na hipótese do § 1o, 
observadas as diretrizes gerais desta Lei. 
Na lição do professor Marlon Tomazette, “a governança corporativa é pautada por quatro linhas 
mestras, a saber, a transparência, a integridade, a prestação de contas e a responsabilidade 
corporativa1”. 
Busca-se com isso melhorar a gestão das empresas estatais de modo a atrair mais investimentos 
e, assim, atender aos interesses que ensejaram a criação da empresa estatal, que, em última 
análise, é o interesse público consubstanciado em imperativos da segurança nacional ou no 
relevante interesse coletivo. 
 
 
(3) (PROCURADORIA – UERJ – 2016 – ADAPTADA) Discorra acerca dos limites da 
negociação coletiva na Administração Pública e indique qual seria a justiça 
competente para o julgamento de um eventual dissídio coletivo de greve. 
 
 
Boa questão de Direito do Trabalho, que exige temas diretamente ligados à Advocacia 
Pública. Para fins didáticos, dividiremos a resposta em duas partes: (I) Limites à 
negociação coletiva na Administração Pública; (II) Justiça competente para o julgamento 
de dissídio de greve. 
 
 
(I) Limites à negociação coletiva na Administração Pública: 
 
O estudo do direito coletivo do trabalho aplicado à Administração Pública é permeado 
de algumas peculiaridades. 
 
Inicialmente, convém destacar que a Constituição Federal, embora não tenha trazido 
maiores parâmetros de organização, reconheceu o direito à organização sindical até 
mesmo aos servidores estatutários (art. 37, VI, da Constituição Federal). 
 
CF, “Art. 37. (...) VI – é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação 
sindical (...).” 
 
Quanto aos servidores celetistas, por óbvio, não restam dúvidas acerca da possibilidade 
de associação sindical, tendo em vista que estão submetidos aos preceitos da CLT e a 
eles é aplicável o art. 7º da CRFB em sua integralidade. 
 
Não obstante tais permissivos constitucionais à associação sindical, há enorme 
controvérsia acerca da possibilidade de negociação coletiva entre os sindicatos de 
servidores públicos e a Administração Pública. 
 
 
1 TOMAZETTE, Marlon. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL: TEORIA GERAL E DIREITO SOCIETÁRIO – 
VOLUME 1. 5ª edição. Ed. Atlas :São Paulo, 2013 
Quanto aos servidores estatutários, classicamente sempre se sustentou a 
IMPOSSIBILIDADE de negociação coletiva entre os sindicatos de tais servidores e a 
Administração Pública. 
Os argumentos principais seriam: 
- Os óbices de natureza orçamentária para a concessão de vantagens pecuniárias a 
servidores públicos, notadamente as limitações previstas na Lei de Responsabilidade 
Fiscal (LC 101/01). 
- Ausência de previsão legal ou constitucional para tal negociação, tendo em vista que o 
art. 39, §3º não reconhece a possibilidade de celebração de convenções e acordos 
coletivos para servidores ocupantes de cargo público. 
 
 Art. 7º 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
 
Art. 39, § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, 
IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer 
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. 
 
- Violação à iniciativa privativa do chefe do executivo para projetos de lei que impliquem 
concessão de vantagens ou aumento na remuneração de servidores ocupantes de 
cargos na administração direta e autárquica. 
 
Art. 61, § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica 
ou aumento de sua remuneração; 
 
- Violação ao princípio da indisponibilidade do interesse público, tendo em vista que a 
celebração de acordos e convenções coletivas poderia implicar transações não 
consentâneas com o interesse público. 
 
Este é o entendimento do STF desde a edição da Súmula 679, datada do ano de 2003: 
 
STF, Súmula 679: “A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto 
de convenção coletiva” 
 
O TST também sempre entendeu em sentido semelhante, com base na antiga redação 
da OJ nº 5 da SDC (que, como veremos, foi alterada): 
 
OJ nº 5 da SDC “aos servidores públicos não foi assegurado o direito ao reconhecimento 
de acordos e convenções coletivos de trabalho, pelo que, por conseguinte, também não 
lhes é facultada a via do dissídio coletivo, à falta de previsão legal”. 
 
Não obstante, paulatinamente tais entendimentos começaram a ser alvo de críticas. 
 
Com efeito, se o constituinte reconheceu o direito à organização sindical, não faria 
sentido não reconhecer o direito também à negociação coletiva, uma vez que o conceito 
de sindicato e o de negociação coletiva não podem estar dissociados. Ademais, a 
Convenção 151 da OIT, ratificada pelo Decreto Legislativo 206, de 2010, ao dispor sobre 
o Direito Coletivo na Administração Pública, expressamente prestigia a negociação 
coletiva nos arts. 7.º e 8: 
 
“Artigo 7: Quando necessário, devem ser tomadas medidas adequadas às condições 
nacionais para encorajar e promover o desenvolvimento e utilização dos mais amplos 
processos que permitam a negociação das condições de trabalho entre as autoridades 
públicas interessadas e as organizações de trabalhadores da função pública ou de 
qualquer outro processo que permita aos representantes dos trabalhadores da função 
pública participarem na fixação das referidas condições. 
 
 Artigo 8: A resolução dos conflitos surgidos a propósito da fixação das condições de 
trabalho será procurada de maneira adequada às condições nacionais, através da 
negociação entre as partes interessadas ou por um processo que dê garantias de 
independência e imparcialidade, tal como a mediação, a conciliação ou a arbitragem, 
instituído de modo que inspire confiança às partes interessadas. 
 
 
Nessa linha, o TST ALTEROU A REDAÇÃO DA OJ Nº 05 DA SDC, a qual conta com a 
seguinte redação desde 2012: 
 
OJ nº 5, SDC, Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados, 
cabe dissídio coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social. 
Inteligência da Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho, ratificada 
pelo Decreto Legislativo nº 206/2010 
 
 
Perceba que o TST restringiu a possibilidade de negociação coletiva aos empregados 
públicos (regidos pela CLT), não vislumbrando a possibilidade da via negocial para 
servidores públicos estatutários. Ademais, o TST restringiu a possibilidade de negociação 
coletiva às chamadas “CLÁUSULAS SOCIAIS”, não sendo possível o envolvimento de 
“CLÁUSULAS ECONÔMICAS”. Nos dizeres de Rogerio Neiva, 
 
“As cláusulas econômicas têm como conteúdo obrigações de dar, correspondentes a 
vantagens pecuniárias. Já as cláusulas sociais envolvem ajustes que podem ter 
conteúdos declaratórios ou obrigacionais, mas não envolvem obrigações de dar.” 
(NEIVA, Rogerio. Direito do Trabalho aplicado à Administração Pública). 
 
Assim, só seria possível a via da negociação coletiva para cláusulas que não 
envolvessem diretamente o pagamento de prestações pecuniárias, tendo em vista as 
limitações orçamentárias estabelecidas na Constituição e na LRF. Nesse sentido, veja 
alguns precedentes recentes do TST: 
 
RECURSO DE REVISTA. SERVIDOR PÚBLICO CELETISTA. ACORDO COLETIVO DE 
TRABALHO. REDUÇÃO DA JORNADA. VANTAGEM ECONÔMICA. NÃO 
RECONHECIMENTO. 
A Administração Pública direta, autárquica ou fundacional só pode conceder vantagem 
ou aumento de remuneração, a qualquer título, a seu pessoal mediante autorização 
específica na lei de diretrizes orçamentárias e prévia dotação, sem excederos limites 
estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal (arts. 37,"caput", X, XI, XII e XIII, 39, § 3º, 
e 169,"caput"e § 1º, I e II, da Constituição Federal, e Lei Complementar nº 101/2001). De 
forma que a negociação coletiva que envolve empregados da administração pública, fica 
limitada às cláusulas de natureza social. Nesse sentido, não há como se validar cláusula 
coletiva que estabelece a redução da carga horária, prevista no contrato de trabalho, 
para seis horas diárias, pois se trata de cláusula com repercussão econômica. 
Precedentes. (TST - RECURSO DE REVISTA : RR 488007020095150141) 
 
 
RECURSOS ORDINÁRIOS E REMESSA NECESSÁRIA. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA 
ECONÔMICA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. LIMITAÇÃO ÀS CLÁUSULAS 
SOCIAIS. REAJUSTE E CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. "Em 
face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados, cabe dissídio 
coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social. Inteligência da 
Convenção n.º 151 da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto 
Legislativo n.º 206/2010." 2. A fixação de cláusulas econômicas, como a que trata do 
reajuste salarial e da concessão de auxílio-alimentação/refeição, é contrária a diretriz 
da Orientação Jurisprudencial n.º 5 da SDC, por ter como destinatários empregados de 
pessoa jurídica de direito público. Recursos Ordinários e Remessa Necessária providos. 
(TST - ReeNec e RO: 55314020145150000, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de 
Julgamento: 14/03/2016, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de 
Publicação: DEJT 22/03/2016) 
 
 
Como exemplo de possibilidade de ajuste, Rogerio Neiva cita o estabelecimento de 
cláusulas sociais envolvendo ajustes como criação de banco de horas ou estabilidade. 
 
Quanto aos servidores estatutários, ressalte-se que há precedentes no TST anteriores à 
atual redação da OJ nº 05 que admitem a sua possibilidade jurídica, desde que também 
restrita às referidas cláusulas sociais. Não obstante, os precedentes mais recentes do 
STF (Ex: RE 608386 RS) e a própria Súmula 679 parecem indicar a impossibilidade da via 
negocial. Sendo assim, considerando a incompetência da justiça do trabalho para 
processar e julgar as ações envolvendo servidores estatutários (vide ADI 3395 DF), 
parece mais prudente adotar o entendimento – a nosso ver, criticável – segundo o qual 
os sindicatos de servidores públicos estatuários não poderiam se valer da negociação 
coletiva ou suscitar dissídios coletivos, nem mesmo para cláusulas sociais. O tema é 
controverso, sendo necessário aguardar novos precedentes do STF sobre a matéria. 
 
 
(II) Justiça competente para o julgamento de dissídio de greve: 
 
A competência material da justiça do trabalho está delineada no art. 114 da CRFB, que 
sofreu importantes alterações a partir da EC nº 45/04. 
 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público 
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios; 
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e 
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado 
envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o 
disposto no art. 102, I, o; 
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de 
trabalho; 
VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos 
órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus 
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. 
 
 
Antes da EC45/2004, o caput do art. 114 dispunha que competia à justiça do trabalho 
“conciliar e julgar as lides oriundas das relações de emprego”. No entanto, depois da 
EC45/2004, ampliou-se a competência da justiça do trabalho, a partir da alteração da 
redação para “processar e julgar as ações oriundas das relações de trabalho”. 
 
Assim, de acordo com a nova redação do art. 114 da CRFB, podem demandar na JT não 
apenas o empregado (que preenche todos os requisitos da relação de emprego), mas 
também outros trabalhadores, como o autônomo e o estagiário. 
 
 
A relação de trabalho entre profissional liberal e cliente é de competência da JT? 
Não. A Súmula 363 do STJ estabelece que compete à justiça estadual processar e julgar 
as ações de cobrança ajuizada por profissional liberal contra o seu cliente. 
 
Súmula 363 do STJ: "Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança 
ajuizada por profissional liberal contra cliente." 
 
 
Estatutários e servidores temporários podem demandar na justiça do trabalho? 
NÃO. Antes da EC45, o STF declarou inconstitucional o art. 240, alíneas “d” e “e” da 
L8112/90, que estabelecia que cabia aos servidores civis estatutários o ajuizamento de 
ações perante a justiça do trabalho. O STF, nessa ADI (ADI 4992), entendeu que o 
servidor público estatutário possuía uma relação institucional, e não contratual. Logo, 
não poderia demandar na justiça do trabalho. 
 
Com a EC45/2004, não foi feita nenhuma ressalva quanto aos servidores públicos 
estatutários, e por isso foi proposta a ADI 3395. Em sede de liminar, o STF entendeu que 
não compete à JT julgar às ações que envolvam estatutários ou aqueles que possuem 
com o poder público um regime jurídico administrativo (como no caso dos temporários), 
repetindo o entendimento anterior. 
 
 
Ações que envolvam o exercício do direito de greve: 
A justiça do trabalho já era competente para julgar as ações que envolviam direito de 
greve antes mesmo da EC45, pois o art. 8º da lei de greve (L7783) já trazia essa 
competência. 
Com a EC45, tal competência ficou ainda mais clara, conforme inciso II do art. 114: 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: II - as ações que envolvam 
exercício do direito de greve; 
O STF ainda entende que as ações possessórias decorrentes do exercício desse direito 
também são de competência da JT: 
 
Súmula Vinculante 23: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação 
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores 
da iniciativa privada. 
 
 
E no caso de greve envolvendo servidor público? A justiça do trabalho permanece 
competente? 
Depende. No caso de servidor público CELETISTA, a competência para julgar o dissídio 
de greve de fato será da justiça do trabalho, por envolver relação contratual regida pela 
CLT. No entanto, em se tratando de servidor público ESTATUTÁRIO, deve ser observada 
a orientação firmada na ADI 3395, no sentido de se afastar qualquer interpretação que 
abarque na competência da justiça do trabalho demandas envolvendo servidores 
públicos estatutários. Assim, em Reclamações e Recursos Extraordinários sobre o tema, 
o STF firmou o entendimento de que os dissídios de greve envolvendo servidores 
ESTATUTÁRIOS são de competência da justiça COMUM 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECLAMAÇÃO. DIREITO DE GREVE. 
SERVIDORES PÚBLICOS. DISSÍDIO COLETIVO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO TRIBUNAL 
DE JUSTIÇA. 
1. Ofende a autoridade do julgado do STF nos MIs 670 e 708, decisão que afasta a 
competência originária de Tribunal de Justiça para apreciar ação declaratória de 
ilegalidade de greve de servidores públicos municipais. 
2. Reclamação que se julga procedente. (Rcl 21842 / RS) 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO.DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES 
PÚBLICOS ESTATUTÁRIOS. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL – ADI 3.395. 
RECLAMAÇÃO DA PARTE AGRAVANTE JULGADA PROCEDENTE PELO PLENÁRIO DO STF – 
RCL 6.568. PERDA DO OBJETO DO PRESENTE RECURSO. AGRAVO DE INSTRUMENTO 
PREJUDICADO. 
1. A competência para julgamento dos Dissídios Coletivos de Greve envolvendo 
servidores públicos estatutários pertence à Justiça Comum Estadual. 
2. O plenário desta Corte, quando do julgamento da ADI 3.395, Rel. Min. Cezar Peluzo, 
assentou que o termo “relação de trabalho”, disposto no inciso I do art. 114 da 
Constituição Federal, refere-se aos contratos de trabalho assinados sob a égide da 
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, e somente a esses está circunscrita a 
competência da Justiça Especializada. 
3. A orientação jurisprudencial restou mantida pelo Plenário do Supremo Tribunal 
Federal quando do julgamento da Rcl 6.568, Rel. Min. Eros Grau, ajuizada pela parte ora 
agravante, e julgada procedente nos mesmos termos da pretensão recursal do presente 
agravo. 
4. In casu, o acórdão recorrido assentou: 
“Dissídio Coletivo de Greve proposto pelo Estado de São Paulo contra Sindicatos e 
Associações de Policiais Civil – Pré-existência de ação semelhante em curso pela Justiça 
do Trabalho – Ordem de remessa do processo à Justiça Especializada – Decisão mantida 
– Agravo regimental desprovido.” 
5. Agravo de instrumento PREJUDICADO por perda superveniente do seu objeto. 
 
 
Quanto à competência FUNCIONAL, importante destacar que a competência originária 
para julgar o dissídio de greve poderá ser do TRT ou do TST. Será do TRT quando o 
conflito estiver jungido à área de jurisdição deste tribunal regional. Será do TST quando 
a abrangência do conflito abarcar a área de jurisdição de mais de um TRT. Nesse sentido, 
leciona Raimundo Simão de Melo: 
 
“A competência para julgamento dos Dissídios Coletivos, qualquer que seja a espécie, é 
dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho, a qual é 
distribuída com base no critério da extensão territorial do conflito”. (A Greve no Direito 
Brasileiro – 2.ed. – São Paulo: LTR, 2009, pg. 122) 
 
Em suma, temos que: 
 
 
Competência MATERIAL Servidores CELETISTAS Justiça do Trabalho 
Servidores ESTATUTÁRIOS Justiça Comum 
Competência FUNCIONAL Jurisdição de um TRT Respectivo TRT 
Jurisdição de mais de um 
TRT 
TST 
 
 
 
 
 
(4) (SIMULADO – CONSTITUCIONAL) Lei estadual de iniciativa parlamentar, com o 
fim de viabilizar o adequado aproveitamento escolar nas unidades de ensino 
estabelecidas em seu território, determinou que o número máximo de alunos em 
sala de aula, por professor, deve ser limitado a 15 alunos na educação infantil, 30 
no ensino fundamental e 40 no ensino médio. A mesma lei impôs, ainda, a 
obrigatoriedade do ensino de educação artística em toda a rede pública, com carga 
horária definida em duas hora/aula semanais, considerada a relevância da 
disciplina para a formação do aluno. Analise a constitucionalidade da referida lei. 
 
 
Em questões que tratam sobre competência legislativa, é importante, em primeiro 
lugar, identificar os artigos da Constituição Federal pertinentes à temática veiculada na 
lei. Na hipótese, temos o art. 22, inciso XXIV, que prevê a competência privativa da União 
para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional, e, concomitantemente, o 
art. 24, inciso IX, da CRFB, que traz a competência concorrente da União, dos Estados e 
do Distrito Federal para legislar sobre educação e ensino. No âmbito da competência 
legislativa concorrente, cabe à União editar normas gerais (art. 24, §1º, CRFB), o que não 
exclui a competência suplementar dos Estados (art. 24, §2º, CRFB), para editar normas 
específicas condizentes com a realidade regional. Inexistindo lei federal sobre normas 
gerais, os Estados poderão exercer a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades (art. 24, §3º, CRFB). 
Considerando que as normas gerais sobre educação e ensino, em termos de conteúdo, 
identificam-se com o que a Constituição denomina “diretrizes e bases da educação 
nacional”, a celeuma cinge em saber se as questões afetas ao número máximo de alunos 
em sala de aula e à obrigatoriedade de ensino da educação artística em toda a rede 
pública configuram normas gerais, hipótese em que restaria violada a competência 
legislativa da União, ou normas específicas, abrangidas pela competência suplementar 
dos Estados. 
No que toca ao número máximo de alunos em sala de aula, o caso concreto em análise 
deve ser respondido à luz do julgamento realizado pelo Tribunal Pleno do Supremo 
Tribunal Federal no bojo da ADI 4060/SC, cuja ementa possui o seguinte teor: 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. PARTILHA 
DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE EM MATÉRIA DE EDUCAÇÃO (CRFB, 
ART. 24, IX). LEI ESTADUAL DE SANTA CATARINA QUE FIXA NÚMERO MÁXIMO DE 
ALUNOS EM SALA DE AULA. QUESTÃO PRELIMINAR REJEITADA. IMPUGNAÇÃO 
FUNDADA EM OFENSA DIRETA À CONSTITUIÇÃO. CONHECIMENTO DO PEDIDO. 
AUSÊNCIA DE USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO EM MATÉRIA DE NORMAS 
GERAIS. COMPREENSÃO AXIOLÓGICA E PLURALISTA DO FEDERALISMO BRASILEIRO 
(CRFB, ART. 1º, V). NECESSIDADE DE PRESTIGIAR INICIATIVAS NORMATIVAS 
REGIONAIS E LOCAIS SEMPRE QUE NÃO HOUVER EXPRESSA E CATEGÓRICA 
INTERDIÇÃO CONSTITUCIONAL. EXERCÍCIO REGULAR DA COMPETÊNCIA 
LEGISLATIVA PELO ESTADO DE SANTA CATARINA AO DETALHAR A PREVISÃO 
CONTIDA NO ARTIGO 25 DA LEI Nº 9.394/94 (LEI DE DIRETRIZES E BASES DA 
EDUCAÇÃO NACIONAL). PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. 
1. O princípio federativo brasileiro reclama, na sua ótica contemporânea, o 
abandono de qualquer leitura excessivamente inflacionada das competências 
normativas da União (sejam privativas, sejam concorrentes), bem como a 
descoberta de novas searas normativas que possam ser trilhadas pelos Estados, 
Municípios e pelo Distrito Federal, tudo isso em conformidade com o pluralismo 
político, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CRFB, art. 1º, V). 
2. A invasão da competência legislativa da União invocada no caso sub judice 
envolve, diretamente, a confrontação da lei atacada com a Constituição (CRFB, art. 
24, IX e parágrafos), não havendo que se falar nessas hipóteses em ofensa reflexa à 
Lei Maior. Precedentes do STF: ADI nº 2.903, rel. Min. Celso de Mello, DJe-177 de 19-
09-2008; ADI nº 4.423, rel. Min. Dias Toffoli, DJe-225 de 14-11-2014; ADI nº 3.645, 
rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 01-09-2006. 3. A prospective overruling, antídoto ao 
engessamento do pensamento jurídico, revela oportuno ao Supremo Tribunal 
Federal rever sua postura prima facie em casos de litígios constitucionais em 
matéria de competência legislativa, para que passe a prestigiar, como regra geral, 
as iniciativas regionais e locais, a menos que ofendam norma expressa e inequívoca 
da Constituição de 1988. 4. A competência legislativa do Estado-membro para 
dispor sobre educação e ensino (CRFB, art. 24, IX) autoriza a fixação, por lei local, 
do número máximo de alunos em sala de aula, no afã de viabilizar o adequado 
aproveitamento dos estudantes. 5. O limite máximo de alunos em sala de aula não 
ostenta natureza de norma geral, uma vez que dependente das circunstâncias 
peculiares a cada ente da federação, tais como o número de escola colocadas à 
disposição da comunidade, a oferta de vagas para o ensino, o quantitativo de 
crianças em idade escolar para o nível fundamental e médio, o número de 
professores em oferta na região, além de aspectos ligados ao desenvolvimento 
tecnológico nas áreas de educação e ensino. 6. Pedido de declaração de 
inconstitucionalidade julgado improcedente. 
 
Neste importante julgado, o STF decidiu que a competência legislativa do Estado-
membro para dispor sobre educação e ensino, nos termos do art. 24, IX, da CRFB, 
autorizaa fixação, por lei local, do número máximo de alunos em sala de aula, no intuito 
de viabilizar o adequado aproveitamento dos estudantes. 
Em outras palavras, a Corte entendeu que a definição do limite máximo de alunos em 
sala de aula não ostenta natureza de norma geral, uma vez que depende de 
circunstâncias peculiares a cada ente da federação, tais como o número de escolas 
colocadas à disposição da comunidade, a oferta de vagas para o ensino, o quantitativo 
de crianças em idade escolar para o nível fundamental e médio, o número de 
professores em oferta na região, além de aspectos ligados ao desenvolvimento 
tecnológico nas áreas de educação e ensino. 
Ademais, a Corte enfatizou que a sistemática normativa estadual é compatível também 
com a disciplina federal infraconstitucional sobre o tema, fixada pela Lei nº 9.394/96, 
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Para o STF, o artigo 25 da lei 
federal mencionada deixa nítido espaço para atuação estadual e distrital na fixação da 
proporção professor/aluno dos sistemas de ensino.2 
É imperioso registrar que o voto do Ministro Relator Luiz Fux, acompanhado pelo 
Tribunal Pleno por unanimidade, consagra uma importantíssima premissa teórica que 
deve ser enfatizada em qualquer questão de prova que aborde a temática do 
federalismo e da repartição de competências legislativas. É que, nesta ocasião, 
convencionou-se que a postura prima facie a ser adotada pelo Supremo Tribunal Federal 
em casos de litígios constitucionais envolvendo matéria de competência legislativa, será 
a de prestigiar, como regra geral, as iniciativas regionais e locais, a menos que ofendam 
norma expressa e inequívoca da Constituição de 1988, por ser essa a diretriz que melhor 
se amolda à noção de federalismo como sistema que visa a promover o pluralismo nas 
formas de organização política. Nesse sentido, é oportuna a transcrição dos seguintes 
trechos do voto do Relator: 
Não se pode perder de mira que a República Federativa do Brasil tem como um de 
seus fundamentos o pluralismo político (CRFB, art. 1º, V). Propõe-se, assim, que a 
regra geral deva ser a liberdade para que cada ente federativo faça as suas 
escolhas institucionais e normativas, as quais já se encontram bastante limitadas 
por outras normas constitucionais materiais que restringem seu espaço de 
autonomia. 
[...] 
Em consonância com as premissas teóricas firmadas linhas atrás, cumpre não 
inflacionar a compreensão das “normas gerais”, o que afastaria a autoridade 
normativa dos entes regionais e locais para tratar do tema. Assim é que, não 
havendo necessidade autoevidente de uniformidade nacional na disciplina da 
temática, proponho prestigiar a iniciativa local em matéria de competências 
legislativas concorrentes. O benefício da dúvida deve ser pró-autonomia dos 
Estados e Municípios. 
 
2 Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre o 
número de alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento. 
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das 
características regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo. 
 
Nessa linha, é valiosa a lição de Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto, 
também reproduzida no voto do Ministro Relator, verbis: 
“Ao invés de assumir os riscos envolvidos nas grandes apostas de reforma global das 
instituições nacionais, como tem sido feito, talvez seja melhor experimentá-las no 
plano local de governo. A aplicação de novas ideias ou arranjos políticos em algum 
estado ou município precursor pode servir como teste. É claro que muitas 
experiências podem dar errado, mas os riscos para a sociedade são menores do 
que quando se pretende realizar reformar nacionais de um só golpe. Não por outra 
razão, o Juiz Louis Brandeis, da Suprema Corte norteamericana, chamou os governos 
estaduais de ‘laboratórios da democracia’: ‘É um dos felizes incidentes do sistema 
federal que um único e corajoso Estado possa, se os seus cidadãos escolherem, servir 
de laboratório; e tentar experimentos econômicos e sociais sem risco para o resto do 
país’.” 
(SARMENTO, Daniel; PEREIRA NETO, Cláudio Pereira de. Direito constitucional: 
teoria, história e métodos de trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 335) 
 
No que toca à imposição da obrigatoriedade do ensino da educação artística em toda a 
rede pública estadual, com carga horária definida em duas hora/aula semanais, é 
necessário enfatizar que, conforme entendimento exarado pelo Supremo Tribunal 
Federal na ADI nº 1399, de relatoria do Min. Maurício Corrêa, a exigência é 
constitucional e pode ser veiculada por lei estadual, já que se insere na competência 
concorrente do Estado para legislar sobre educação e ensino (art. 24, IX, CRFB).3 
Diante do exposto, ambas as disposições contidas na lei estadual retratada no caso 
hipotético inserem-se no âmbito da competência legislativa dos Estados para legislar 
sobre educação e ensino, na forma do art. 24, IX c/c §2º da CRFB, de modo que não 
violam a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da 
educação nacional (art. 22, XXIV, CRFB) ou para dispor sobre normas gerais de educação 
e ensino (art. 24, IX c/c §1º, CRFB). Dito isto, não há que se falar em 
inconstitucionalidade formal orgânica. 
Resta investigar se houve alguma ofensa às normas de iniciativa privativa previstas na 
Constituição. As hipóteses de iniciativa privativa do Chefe do Executivo estão elencadas 
no §1º do art. 61 da CRFB. Embora o dispositivo refira-se ao Presidente da República, o 
dispositivo é aplicável por simetria ao âmbito dos Estados e Municípios. 
Nesse ponto, é imperioso registrar que as leis estaduais impugnadas nas ADIs nº 
4060/SC (limitação de alunos em sala de aula) e 1399 (obrigatoriedade do ensino da 
educação artística na rede pública estadual) são de iniciativa parlamentar, e o Supremo 
Tribunal Federal não vislumbrou, em nenhuma delas, vício formal de iniciativa. 
 
3 Nesta ocasião, o Plenário da Corte afastou a alegação de inconstitucionalidade da lei estadual em virtude da 
imposição de obrigatoriedade do ensino de educação artística na rede pública, com carga horária definida em 2 
horas/aula semanais, mas considerou inconstitucional a exigência de que a disciplina fosse ministrada por professor 
com formação específica, considerando que tal imposição constituiria uma diretriz geral que só poderia ser veiculada 
pela União, no uso da competência que lhe foi atribuída pelo art. 22, XXIV da CF. 
Na ADI nº 4060/SC, o voto do Ministro Luiz Fux sequer problematiza a questão da 
iniciativa parlamentar. Ao se manifestar, o Ministro Barroso chega a levantar dúvida 
quanto a eventual vício de iniciativa da lei, mas, em virtude das circunstâncias, prefere 
não se concentrar nessa questão e segue integralmente o voto do Ministro Relator. Em 
seguida, o Ministro Gilmar Mendes argumenta que a lei trata sobre o sistema geral de 
ensino no Estado, e, neste tocante, não há iniciativa privativa do Chefe do Executivo, de 
modo que é plenamente legítima a iniciativa parlamentar. 
Por sua vez, na ADI nº 1399, o Tribunal expressamente se manifestou no sentido de que 
a matéria não se insere entre as reservadas ao Chefe do Executivo, uma vez que a lei 
não veicula questão atinente à estrutura da administração da unidade federada, 
limitando-se a regulamentar aspectos sobre o sistema de ensino. 
Por fim, no que toca ao mérito, não se vislumbra ofensa a nenhum dispositivo da 
Constituição da República, sendo certo que, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal a respeito do tema, o conteúdo veiculado na lei estadual apresentada nasituação hipotética é razoável e compatível com os valores constitucionais. 
 
 
(5) (SIMULADO – TRIBUTÁRIO) A sociedade Alfa S.A foi objeto de cisão parcial, tendo 
parcela de seu patrimônio vertido para as sociedades Beta S.A e Gama S.A. Na 
referida operação, foi estipulada cláusula por meio da qual a sociedade Alfa S.A não 
ficaria responsável por quaisquer débitos tributários – inclusive multas moratórias 
e punitivas - relativos a fatos geradores anteriores à cisão, os quais passariam a ser 
de responsabilidade exclusiva das sociedades Beta S.A e Gama S.A. Diante do caso 
em tela, analise a validade e a eficácia da referida convenção e indique como se 
daria a responsabilidade tributária para fins de cobrança de tributos e multas. 
 
 
Questão sobre o tema “Responsabilidade Tributária”, muito exigido em provas de 
Procuradorias Estaduais. 
 
Antes de nos atermos ao tema, importante nos localizarmos dentro da disciplina Direito 
Tributário. 
 
Ao tratar do fato gerador, a doutrina o subdivide em 5 aspectos ou elementos: material, 
subjetivo, espacial, temporal e quantitativo. 
 
O aspecto material, “núcleo” ou “materialidade” do fato gerador, é a própria situação 
fática, eleita pelo legislador apta a gerar a obrigação tributária, ou seja, a incidência do 
tributo. Normalmente, vem expresso por um verbo e um complemento. 
 
Vejamos o exemplo dos impostos de competência Municipal, que mais nos interessam 
neste estudo: 
 
 “possuir imóvel” – a propriedade de um imóvel localizado em área urbana 
resulta na incidência do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana 
(IPTU); 
 
 “adquirir imóvel” – a compra e venda de imóvel resulta na incidência do Imposto 
sobre Transmissão inter vivos (ITBI); 
 
 “prestar serviço” - a prestação de um determinado serviço resulta na incidência 
do Imposto sobre Serviços de qualquer natureza (ISS ou ISSQN). 
 
O aspecto espacial trata do lugar eleito pelo legislador para a ocorrência do fato 
gerador, sendo relevante para a se determinar qual ente da federação será o 
competente para cobrar o tributo e dirimir eventuais conflitos. Por exemplo, o art. 3º 
da Lei Complementar nº 116 de 2003 determina que o serviço considera-se prestado e 
o ISS devido no lugar do estabelecimento do prestador. 
 
O aspecto temporal trata do momento eleito pelo legislador para a ocorrência do fato 
gerador, sendo importante para que se possa identificar qual lei irá regê-lo e solucionar 
os eventuais conflitos de leis no tempo com relação ao princípio da anterioridade 
tributária. Quanto a este aspecto, o fato gerador pode ser: 
 
 instantâneo – um único fato ocorre em certo momento do tempo e nele se 
esgota totalmente, gerando uma única obrigação de pagar tributo (ex.: a 
transmissão de bem imóvel – ITBI)); 
 
 periódico ou complexivo – diversos fatos isolados que ocorrem em determinado 
espaço de tempo e somados resultam em um único fato gerador (ex.: auferir 
renda durante o ano - IR); 
 
 continuado – decorre de uma situação que se perpetua no tempo, sendo 
estabelecidos recortes temporais para sua incidência (ex.: IPTU e IPVA); 
 
O aspecto quantitativo está relacionado à fixação do valor da obrigação tributária e se 
subdivide em dois elementos: 
 
 base de cálculo - a expressão legal e econômica do fato gerador, é grandeza 
sobre a qual incide a alíquota, podendo ser: 
 
- mensurada em dinheiro: o seu valor (“x” Reais) - mais comum; 
- técnica - a medida da operação (litros, toneladas...). 
 
A base de cálculo pode se confundir com o próprio fato gerador, como no caso do IR, no 
qual o fato gerador e a renda correspondem à base de cálculo. Não é obrigatória tal 
correspondência, porém a base de cálculo tem que expressar a medida de grandeza do 
fato gerador, o que se denomina “pertinência”. 
 
Vale observar que quando o valor do tributo é fixado pela própria previsão normativa 
(tributos fixos), não possuem base de cálculo, nem alíquotas individualizadas. Por 
exemplo, no caso do ISS incidente sobre os serviços prestados por profissionais liberais 
(art. 9º, § 3º, do Decreto Lei nº 406/68, e art. 5º da Lei Municipal nº 3.720/2004). 
 
 alíquota – determina a parte da base de cálculo que cabe ao Estado, podendo 
ser: 
 
- ad valorem: se expressa sobre a forma de percentual, utilizada com uma base 
de cálculo mensurada em dinheiro, ou; 
- específica: é um valor fixo ou variável (expressão monetária), utilizada com uma 
base de cálculo técnica. 
 
 
 
Exemplo: supondo que determinado tributo seja R$ 100,00 por quilo de certa 
mercadoria. 
 
 
 
 
O aspecto subjetivo trata dos sujeitos ativo (credor) e passivo (devedor) da obrigação 
tributária. 
 
Quem é o sujeito ativo? 
 
 
 
 
 
 
 
O titular da competência tributária ou da capacidade tributária ativa? 
 
 
 
 
 
CTN 
 
Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa 
plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis 
Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. 
 
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas 
de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. 
 
Alíquota 
específica 
Base de 
cálculo técnica 
específica 
Competência para 
exigir/cobrar tributos 
Delegável específica 
Competência para instituir tributos 
(legislar) conferida pela Constituição 
Federal aos entes da federação. 
Indelegável 
Delegável específica 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar 
tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida 
por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. 
 
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de 
direito público que a conferir. 
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito 
público que a tenha conferido. 
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou 
da função de arrecadar tributos. 
 
 
Depende... 
 
Nas ações de cobrança ou desconstitutivas é o titular da capacidade. Nas ações que 
discutem a relação jurídico tributária é o titular da competência. 
 
Destaque-se que STJ possui entendimento de que o destinatário da integralidade da 
receita pode ser litisconsorte passivo, ainda que não tenha capacidade ou competência4. 
 
Quem é o sujeito passivo? 
 
É aquele que pratica o fato gerador, chamado de contribuinte (sujeito passivo direto), 
ou aquele que é eleito pela lei, chamado de responsável (sujeito passivo indireto). 
 
Quanto ao contribuinte vale mencionar que, nos tributos que comportam a 
transferência do seu encargo financeiro, diferencia-se contribuinte de fato, aquele que 
suporta o ônus financeiro do tributo, e contribuinte de direito, aquele que pratica o fato 
gerador, recolhe o tributo e repassa no preço, fenômeno denominado repercussão 
tributária. O contribuinte de fato (Ex: consumidor) não integra a relação jurídico-
tributária, mas tão somente sofre a repercussão econômica desta. 
 
 
 
4 AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 664.092 - PR (2015/0035315-3) RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES 
AGRAVANTE : FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE AGRAVADO : RONALD RABBERS 
ADVOGADO : SILVIO LUIZ DE COSTA E OUTRO (S) INTERES. : FAZENDA NACIONAL DECISÃO Cuida-se de Agravo 
interposto pelo FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO (FNDE), inconformados com adecisão que 
negou seguimento ao Recurso Especial contra o acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e assim 
ementado: "TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O SALÁRIO-EDUCAÇÃO. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. 
RESTITUIÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. 1. A União é parte legítima para figurar no pólo passivo da demanda, 
juntamente com o FNDE. 2. Cabe ao FNDE devolver o montante da arrecadação a título de salário- educação que 
lhe foi destinado (99% do valor arrecadado) e, à União, o valor restante" (fl. 384). 
(...)É o relatório. Relativamente à legitimidade passiva para o pedido de declaração de inexigibilidade e restituição 
do valor pago a título de salário-educação, sabe-se que as contribuições do Salário-Educação sempre foram devidas 
ao FNDE (...) Assim, quanto ao pleito declaratório e restituitório, subsiste a legitimidade passiva do FNDE, em razão 
de este ser o ente destinatário da arrecadação. Mutatis mutandis, foi esse o entendimento adotado por este 
Tribunal por ocasião da definição da legitimidade do INCRA em litisconsórcio necessário com o INSS (e atualmente 
a União) nas demandas que têm por objeto a restituição do indébito tributário, (...) 
(STJ - AREsp: 664092 PR 2015/0035315-3, Relator: Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, Data de Publicação: DJ 
09/04/2015) 
 
Quanto ao responsável tributário, há de se atentar que não se pode eleger como 
responsável pessoa totalmente alheia ao fato gerador, devendo a mesma ter alguma 
relação com este. Nesse sentido, veja a redação do art. 128 do CTN, que inaugura o 
capítulo relativo à responsabilidade tributária no Código: 
 
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a 
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da 
respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a 
este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. 
 
 
Diante desta redação, 3 destaques devem ser feitos: 
1 - A responsabilidade tributária deriva sempre de LEI. Com base nisto, o STJ já firmou 
entendimento no sentido de que o termo de compromisso firmado por agente marítimo 
não tem o condão de atribuir-lhe responsabilidade tributária5. Na mesma linha, o 
contrato de locação atribuindo a responsabilidade pelo pagamento do IPTU ao locatário 
não o torna sujeito passivo da obrigação. 
2 - O responsável deve ser vinculado ao fato gerador. Aqui deve se observar a 
intensidade do vínculo: o responsável não pode ter uma relação pessoal e direta com o 
fato gerador, pois nesse caso seria contribuinte. Mas também não pode ser totalmente 
desvinculado da obrigação tributária, pois caso contrário haveria ofensa ao art. 128, que 
exige tal vinculação. Nesse sentido, leciona Ricardo Alexandre: 
 
 
5 Tributário – Imposto de importação – Mercadoria a granel – Transporte marítimo – Quebra – 
Responsabilidade tributária do agente marítimo – Inocorrência – Súmula 192 do ex-TFR – Termo de 
responsabilidade – Princípio da reserva legal – CTN, 121, II – Precedentes do STJ. 
– O agente marítimo não é considerado responsável pelos tributos devidos pelo transportador, nos termos 
da Súmula 192 do ex-TFR. 
– O termo de compromisso firmado por agente marítimo não tem o condão de atribuir-lhe 
responsabilidade tributária, em face do princípio da reserva legal previsto no art. 121, II, do CTN ” (STJ, 2.a 
T., REsp 25.2457/RS, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. 04.06.2002, DJ 09.09.2002, p. 188) (grifou-se) 
SU
JE
IT
O
PA
SS
IV
O Contribuinte
Responsável
Relação pessoal e 
direta com o fato 
gerador 
Terceiro eleito por 
lei, devendo ser 
vinculado ao FG 
“Como decorrência do dispositivo, a pessoa a quem o legislador atribui a 
responsabilidade deve ser vinculada ao fato gerador da obrigação. Aqui se deve ter uma 
noção de intensidade do vínculo, que necessariamente deve existir, mas não pode 
configurar relação pessoal e direta com o fato gerador, afinal, se tal situação se 
caracterizar, o sujeito passivo será contribuinte, e não responsável. 
 
O transportador da mercadoria possui um vínculo com os fatos geradores do imposto de 
importação (entrada de mercadoria no território nacional) e do ICMS (saída da 
mercadoria do estabelecimento comercial), e pode, por isso, ser considerado, por 
disposição expressa de lei, responsável pelo pagamento do tributo em determinadas 
circunstâncias.” 
 
3 – A lei pode atribuir a responsabilidade ao terceiro excluindo a responsabilidade do 
contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou 
parcial da referida obrigação. 
 
Ademais, a tal responsabilidade pode surgir contemporaneamente ao fato gerador da 
obrigação ou posteriormente, em virtude da ocorrência de um evento definido em lei 
que causa a alteração na sujeição passiva. No primeiro caso temos a chamada 
responsabilidade tributária por SUBSTITUIÇÃO, e no segundo a responsabilidade 
tributária por TRANSFERÊNCIA. 
 
 
De acordo com a doutrina, a responsabilidade “por transferência” abrange os casos de 
responsabilidade “por sucessão”, “por solidariedade” e “de terceiros”. 
 
 
Responsabilidade 
Tributária
Por substituição
Por Transferência
Responsabilidade 
por Transferência
Por sucessão
Por solidariedade
de Terceiros
Contemporaneamente 
ao fato gerador 
Posteriormente ao fato 
gerador 
 
É no estudo da “Responsabilidade Tributária por Sucessão” que centraremos nossos 
comentários, mais especificamente no caso de SUCESSÃO EMPRESARIAL. As demais 
hipóteses merecem aprofundamento em futuros materiais, em virtude das diversas 
controvérsias que cercam o tema. Pois bem, voltemos ao enunciado: 
 
“A sociedade Alfa S.A foi objeto de cisão parcial, tendo parcela de seu patrimônio vertido 
para as sociedades Beta S.A e Gama S.A. Na referida operação, foi estipulada cláusula 
por meio da qual a sociedade Alfa S.A não ficaria responsável por quaisquer débitos 
tributários – inclusive multas moratórias e punitivas - relativos a fatos geradores 
anteriores à cisão, os quais passariam a ser de responsabilidade exclusiva das sociedades 
Beta S.A e Gama S.A. Diante do caso em tela, analise a validade e a eficácia da referida 
convenção e indique como se daria a responsabilidade tributária para fins de cobrança 
de tributos e multas.” 
 
A responsabilidade por sucessão empresarial encontra fundamento no art. 132 do CTN: 
 
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou 
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do 
ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou 
incorporadas. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas 
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada 
por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou 
sob firma individual. 
 
Trata-se, como visto, de modalidade de responsabilidade por transferência, uma vez que 
o contribuinte era uma determinada sociedade X, mas em virtude de um evento 
POSTERIOR (uma operação societária: fusão, transformação ou incorporação) haverá a 
transferência da sujeição passiva para outra sociedade. Nos dizeres de Ricardo 
Alexandre: 
 
“A regra objetiva atribuir responsabilidade à pessoa jurídica de direito privado resultante 
de alterações (fusão, cisão, transformação e incorporação) de outras pessoas jurídicas 
de direito privado devedoras de tributo. (...) O raciocínio que orientou a elaboração das 
regras foi o de que a Administração Tributária deve seguir a manifestação de riqueza 
dessas entidades, de forma que o “desaparecimento” de uma entidade implicará a 
responsabilidade daquelasque lhe sucederem. Assim, pode-se afirmar que a premissa 
fundamental é a de que a sucessão empresarial gera sucessão tributária.” 
 
Há divergência se as hipóteses mencionadas no artigo são exemplificativas ou taxativas. 
Para os que entendem que são exemplificativas, haveria uma 4ª hipótese, a cisão, 
prevista na Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76), posterior ao CTN. De acordo 
com este entendimento a empresa cindida parcialmente e a sucessora responderiam 
solidariamente pelas obrigações tributárias pela aplicação dos arts. 229 e 233 da 
referida Lei6. 
 
6 RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DE CERTIDÃO POSITIVA DE DÉBITO COM EFEITO DE NEGATIVA. 
CISÃO DE EMPRESA. LANÇAMENTOS, ANTERIORES E POSTERIORES À CISÃO, EM NOME DA EMPRESA ORIGINÁRIA. OBRIGAÇÕES 
TRIBUTÁRIAS ANTERIORES À CISÃO. DECADÊNCIA EM RELAÇÃO A FUTUROS LANÇAMENTOS. RESPONSABILIDADE PELAS MULTAS 
FISCAIS. 1. Preliminarmente, afasta-se a alegada violação do art. 535 do Código de Processo Civil, tendo em vista que o Tribunal de 
origem enfrentou, uma a uma, destacadamente, todas as questões invocadas no recurso de apelação e nos embargos de declaração, 
não se exigindo da Corte local a menção expressa a todos os dispositivos legais relacionados pelas partes, mas, apenas, aos 
fundamentos jurídicos necessários à solução da lide, como corretamente se verificou. 2. São válidos e suficientes os lançamentos 
LSA, Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que 
absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações 
da companhia extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas 
do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores 
à cisão. 
 
Importante mencionar que o Parágrafo Único do referido dispositivo trouxe ainda a 
possibilidade de que o ato de cisão parcial dispusesse de forma distinta sobre a sucessão 
das obrigações: 
 
LSA, Art. 233, Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades 
que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis 
apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com 
a companhia cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à 
estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 
(noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão. 
 
Não obstante, a doutrina majoritária entende que tal previsão não se aplica aos créditos 
tributários, tendo em vista a regra de que as convenções particulares não podem alterar 
o sujeito passivo da obrigação tributária (art. 123 do CTN), de modo que tal ato não será 
oponível ao fisco quando da cobrança do tributo (que poderá exigir o valor tanto da 
empresa cindida quanto daquelas que receberam parcela do seu patrimônio). 
 
CTN, Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas 
à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda 
Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias 
correspondentes. 
 
Destaque-se, no entanto, entendimento de Ricardo Alexandre no sentido de que tais 
convenções seriam sim oponíveis ao fisco, uma vez que o art. 123 começa com a 
expressão “salvo disposições de lei em contrário”, e o art. 233, PU da LSA seria 
justamente uma possibilidade contemplada na legislação. Tal entendimento não é o 
mais favorável para a Fazenda, de modo que não se recomenda a sua adoção em provas 
de Advocacia Pública. 
 
No caso em tela, a sociedade Alfa S.A foi objeto de cisão parcial, tendo parcela de seu 
patrimônio vertido para as sociedades Beta S.A e Gama S.A. Como visto, na referida 
operação foi estipulada cláusula por meio da qual a sociedade Alfa S.A não ficaria 
responsável por quaisquer débitos tributários – inclusive multas moratórias e punitivas 
- relativos a fatos geradores anteriores à cisão, os quais passariam a ser de 
responsabilidade exclusiva das sociedades Beta S.A e Gama S.A. Diante de todo o 
exposto, o candidato deveria indicar que haveria responsabilidade solidária entre as 3 
sociedades, de modo que o fisco poderia exigir os tributos de quaisquer delas, não sendo 
 
tributários efetuados antes e depois da cisão de determinada empresa, em nome da sociedade originária e com base em débitos e 
fatos geradores anteriores à mencionada cisão, não havendo necessidade de serem reproduzidos em nome da nova sociedade, ora 
recorrente. 3. Reconhecida a desnecessidade de serem efetuados lançamentos em nome da ora recorrente, empresa surgida em 
decorrência da sociedade originária, fica prejudicada a alegação de decadência em relação a tais procedimentos. 4. Cuidando-se de 
sucessão empresarial, permanece a responsabilidade pelo pagamento, também, das respectivas multas fiscais. Precedentes. 5. 
Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, não provido. 
(STJ - REsp: 1237108 SC 2011/0029660-1, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 05/09/2013, T2 - SEGUNDA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 12/09/2013) 
oponível a cláusula no ato de cisão que afastasse tal responsabilidade, diante da regra 
do art. 123 do CTN. 
 
Ressalte-se que tal cláusula não seria inválida, uma vez que permitida pelo art. 233, PU 
da LSA. No entanto, não teria eficácia perante o fisco, no que tange aos créditos 
tributários. 
 
 
A sucessão empresarial abrange tão somente os tributos ou também as multas? 
O tema sempre foi controvertido na jurisprudência e na doutrina, mas recentemente foi 
sumulado pelo STJ. Antes de mencionarmos o entendimento firmado, entendamos a 
celeuma: 
 
Inicialmente, importante lembrar as diferenças entre os institutos da “multa punitiva”, 
“multa moratória” e “juros de mora”. 
 
 
Multa moratória Multas punitivas Juros de Mora 
É devida no atraso do 
pagamento do tributo e tem 
um caráter muito mais de 
indenização / compensação. 
Decorre de um 
descumprimento da lei 
tributária. É uma 
penalidade típica. 
Ex: não emitiu nota fiscal 
Não tem caráter punitivo, 
mas sim REMUNERATÓRIO, e 
é devido no atraso no 
pagamento do tributo. 
 
 
A multa, seja a punitiva ou a moratória, não é considerada tributo, uma vez que o art. 
3º do CTN apregoa que o tributo não pode ser sanção de ato ilícito. 
 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela 
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada 
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
 
No entanto, a multa é considerada CRÉDITO TRIBUTÁRIO, uma vez que consiste em 
obrigação tributária principal, por ser uma obrigação de dar: 
 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o 
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito 
dela decorrente. 
 
Assim, por ser crédito tributário, boa parte da doutrina sempre sustentou que, nos casos 
de responsabilidade tributária por sucessão, tal responsabilidade abrangeria não apenas 
os tributos devidos, mas também as multas. A discussão serve tanto para os casos de 
sucessão empresarial quanto para os demais casos de responsabilidade por sucessão, 
como no caso da sucessão do adquirente de bem imóvel (art. 130 do CTN). 
 
Sobre o tema, destacaram-se 3 correntes: 
1ª: Não há sucessão em relação a nenhuma multa. Isso porque todos os artigos de 
sucessão no CTN só fazem menção a tributos, que não se confundem com penalidade, 
em conformidade com o art. 3º do CTN. Ademais, como é multa, deveria ser aplicado o 
princípio do direito penal, que é o de que a pena não poderiapassar da pessoa do 
infrator, de modo que só poderia ser cobrada de quem infringiu a lei (defendida por 
Luciano Amaro). 
2ª: Sucede a multa moratória, porque ela tem a ver com o pagamento do tributo. Mas 
não sucederia a multa punitiva, em função do princípio da individualização da pena (era 
a posição do STF antigamente). 
3ª: Há sucessão das 2 multas. Isso porque o art. 129 do CTN fala que o disposto na seção 
aplica-se aos CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. Como a multa é inclusive uma obrigação 
tributária principal, deve também haver sucessão, em função de uma interpretação 
sistemática do CTN (é a posição do STJ – RESP 923012 e REsp 432.049/SC). 
 
“2. Os arts. 132 e 133, do CTN, impõem ao sucessor a responsabilidade integral tanto 
pelos eventuais tributos devidos quanto pela multa decorrente, seja ela de caráter 
moratório ou punitivo. A multa aplicada antes da sucessão se incorpora ao patrimônio 
do contribuinte, podendo ser exigida do sucessor, sendo que, em qualquer hipótese, o 
sucedido permanece como responsável. Portanto, é devida a multa, sem se fazer 
distinção se é de caráter moratório ou punitivo, visto ser ela imposição decorrente do 
não pagamento do tributo na época do vencimento. 
3. Na expressão ‘créditos tributários’ estão incluídas as multas moratórias. 
4. A empresa, quando chamada na qualidade de sucessora tributária, é responsável pelo 
tributo declarado pela sucedida e não pago no vencimento, incluindo-se o valor da multa 
moratória. 
5. Precedentes das 1.ª e 2.ª Turmas desta Corte Superior e do colendo STF” (STJ, 1.a T., 
REsp 432.049/SC, Rel. Min. José Delgado, j. 13.08.2002, DJ 23.09.2002, p. 279) 
 
 
Recentemente o tema foi inclusive sumulado, pacificando a discussão: 
 
STJ, Súmula 554: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da 
sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as 
multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da 
sucessão. 
 
 
Ante o exposto, o candidato também deveria indicar que, na sucessão empresarial em 
tela, a responsabilidade tributária abrangeria tanto os tributos quanto as MULTAS, 
sejam elas punitivas ou moratórias.

Continue navegando