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Filosofia da Educação Vol.2

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Unidade II
O PENSAR FILOSÓFICO
5 A REFLEXÃO FILOSÓFICA1 
Afinal o que vem a ser filosofia? Será que a filosofia é uma disciplina que “com a qual ou sem a 
qual o mundo continua tal e qual”? Será que é um emaranhado de questões que nunca chega a uma 
conclusão consensual? Será que é um conjunto de conceitos complexos que só interessa a estudiosos 
do assunto?
A filosofia muitas vezes é taxada de “inútil”, de subversiva, de perturbadora da ordem etc. Mas por 
que será que a “mãe” de todas as ciências costuma ser tão maltratada?
Pode-se começar questionando o que leva o ser humano a filosofar? Platão, no Teeteto (155 d), afirmou 
que a Filosofia começa com o thaumátzein, com o admirar-se com o espantar-se, tese reafirmada por 
Aristóteles na sua Metafísica (982 b13). Mas admiração e espanto em relação a quê? Admiração e espanto 
diante de um mundo carregado de interrogações, cujas explicações por vezes não satisfazem, ou sobre 
o qual não se possui as respostas. Aí então, diante de interrogações que se configuram como problemas, 
inicialmente sem solução, experimenta-se um misto de assombro e admiração. Assombro diante do próprio 
espetáculo da natureza, da multiplicidade de coisas existentes, de fatos surpreendentes, das diferentes 
formas de vida, dos astros que brilham e que deslizam na abobada celeste e, também, admiração, por 
suscitar um sentimento de estranhamento por algo que se apresenta como não óbvio, não comum, que 
oculta alguma possível conexão lógica.2 
Para Saviani (2000), o que leva o ser humano a filosofar são os problemas com que ele se defronta 
no decorrer da sua vida. “Eis pois, o objeto da filosofia, aquilo de que trata a filosofia, aquilo que leva 
o homem a filosofar: são os problemas que o homem enfrenta no transcurso da sua existência” (p. 
10). Dessa forma, se podemos dizer que são problemas que levam o homem a filosofar o que devemos 
entender, então, por “problemas”? Segundo Saviani, em geral toma-se problema como sendo sinônimo 
de questão, mas isso não é suficiente para caracterizar um problema. Por um lado, as questões lidam
 1O texto deste item foi extraído do capítulo 4 de Fernandes, (2006).
 2Pode-se ampliar e ao mesmo tempo retroceder esse assombro e admiração como impulso para filosofia, como 
também impulso para o mito (é verdade que se tratam de graus diferentes, já que a admiração e espanto da filosofia podem 
ser movidos por uma explicação mítica e o contrário não ocorre). O homem primitivo, diante de um mundo desconhecido, 
cheio de mistérios como o nascimento, a morte, a sucessão alternada entre dias e noites, as mudanças climáticas etc, tinha 
necessidade de entender esse mundo. Essa necessidade é própria da condição humana já que o ser humano, diante do 
medo, da admiração e do desconforto produzido pelo desconhecido precisa dar-lhe sentido. O caos necessita ser ordenado 
pela cosmogonia mítica para o ser humano encontrar o seu lugar.
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 com respostas já conhecidas e, por outro lado, mesmo que as respostas sejam desconhecidas, esse 
fato, por si só não é suficiente para caracterizar um problema. As pessoas podem desconhecer muitas 
coisas e mesmo assim isso pode não constituir um problema, como por exemplo: quantas vezes uma 
pulga precisa saltar o comprimento de suas próprias pernas para atravessar a muralha da China?3 A 
questão pode despertar alguma curiosidade, a qual, mesmo não satisfeita, resposta não se configura 
como problemática para a filosofia. Segundo Saviani é necessário resgatar a “problematicidade do 
problema”, isto é, resgatar a essência que revela sua verdadeira concreticidade. Segundo ele, a essência 
do problema encontra-se na necessidade. O ser humano, ao 
produzir continuamente sua própria existência, enfrenta o 
ineludível: problemas, configurados como necessidades que 
não podem ser ignorados, pois a resolução desses problemas 
é de vital importância para a existência humana. 
Saiba mais
A atitude filosófica
Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a 
fazer perguntas inesperadas. Em vez de “que horas são?” ou “que dia é hoje?”, perguntasse: 
O que é o tempo? Em vez de dizer “está sonhando” ou “ficou maluca”, quisesse saber: O que 
é o sonho? A loucura? A razão?
Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas afirmações por 
outras: “Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva para não ficar resfriado”, por: O 
que é causa? O que é efeito?; “seja objetivo ”, ou “eles são muito subjetivos”, por: O que é a 
objetividade? O que é a subjetividade?; “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que 
é “mais”? O que é “menos”? O que é o belo?
Em vez de gritar “mentiroso!”, questionasse: O que é a verdade? O que é o falso? O que 
é o erro? O que é a mentira? Quando existe verdade e por quê? Quando existe ilusão e por 
quê?
Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse: O que é o amor? O que é o 
desejo? O que são os sentimentos?
Se, em lugar de discorrer tranquilamente sobre “maior” e “menor” ou “claro” e “escuro”, 
resolvesse investigar: O que é a quantidade? O que é a qualidade?
E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas ideias, os mesmos 
gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: O que é um valor? 
Para refletir 
Por que segundo Saviani são os 
problemas que levam o ser humano a 
filosofar? O que são problemas?
 3Essa questão foi inspirada em outra semelhante utilizada por Aristófanes, na comédia As nuvens. Sócrates é 
ridicularizado e retratado como um sofista que vive no “pensatório” e num dado momento encontra-se ocupado 
investigando sobre quantas vezes uma pulga pode saltar o tamanho dos próprios pés.
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O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O 
que é a liberdade?
Alguém que tomasse essa decisão estaria tomando distância da vida cotidiana e de 
si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, 
silenciosamente, nossa existência.
Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que 
cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos 
sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica.
Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é filosofia?” poderia ser: A decisão de 
não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, 
os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los 
investigado e compreendido.
Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que filosofia?”. E ele respondeu: “Para não 
darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações” (Chaui, 1997, p. 12).
6 SÓCRATES4 
6.1 Diferentes olhares
Estudar o pensamento de Sócrates implica enfrentar duas dificuldades iniciais, que se desdobram 
em outras. A primeira dificuldade é que ele não deixou nada escrito de próprio punho ou mesmo 
não ditou nada para alguém escrever. A segunda dificuldade é que os relatos sobre Sócrates contêm 
enfoques diferentes. Da primeira dificuldade apontada decorre a interrogação: por que Sócrates nada 
escreveu? Da segunda dificuldade apontada decorre o questionamento: é possível conciliar esses 
diferentes enfoques e aproximar-se do “verdadeiro” Sócrates?Vamos começar explorando essa última 
interrogação.
Como Sócrates não deixou nada escrito, tudo o que se sabe a seu respeito se deve ao registro feito 
pelos seus discípulos e comentadores. As três fontes diretas, daqueles que conviveram com Sócrates 
e escreveram sobre ele são as de Aristófanes, Xenofonte e de Platão. Vamos ver cada um desses 
enfoques.
6.2 Sócrates, segundo Aristófanes
O comediógrafo Aristófanes (450-385 a.C.), retrata Sócrates na sua comédia As nuvens 
(Sócrates,1972), de 423 a.C., época em que Sócrates contava com cerca de 47 anos. Sócrates 
é apresentado como um charlatão, um tipo esquisito que desdenha dos deuses e adora as 
nuvens. 
4O texto do item 6. a 6.7 foi extraído dos capítulos 1 e 2 de Fernandes (2009).
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A trama ocorre, em linhas gerais, da seguinte forma: Estrepsíades é um fazendeiro idoso arruinado 
por dívidas contraídas para sustentar sua mulher e principalmente seu jovem filho, que é viciado em 
corridas de cavalos. Estrepsíades vai então até o “pensatório”, um casebre onde reside Sócrates e outros 
descalços e pálidos discípulos, em busca de aprender como se livrar dos seus credores. Chegando no 
pensatório, encontra Sócrates dependurado em um cesto, no alto, adorando as nuvens. Ao invés de 
Zeus, as nuvens são adoradas e consideradas as causadoras verdadeiras das chuvas e dos trovões. Como 
Estrepsíades tem dificuldade em aprender as lições, envia Fidipides, seu filho, para ser aluno de Sócrates. 
Fidipedes, com os ensinamentos aprendidos, consegue ajudar seu pai a desvencilhar-se dos credores. Por 
outro lado, Estrepsíades acaba por se arrepender, pois é surrado pelo próprio filho. Fidipedes bate em seu 
pai e prova, através dos raciocínios aprendidos, que a sua ação é justa. E mais, defende que agora pode 
fazer qualquer coisa e justificar suas ações.
Dessa forma, Sócrates é ridicularizado e representado como um charlatão, um sofista que ensina 
raciocínios capciosos, ensina como o raciocínio injusto pode vencer o raciocínio justo. 
Segundo Hector Beinot, “Aristófanes representa um Sócrates bastante similar àquele dos seus 
acusadores de 399. Conhecer Sócrates somente por Aristófanes seria como avaliá-lo por aqueles que 
o condenaram à morte” (2006, p.29). Para Beinot, apesar da representação feita por Aristófanes, que 
caracteriza Sócrates como um sofista, paradoxalmente depreende-se também da sua representação 
elementos que aproxima Sócrates da tradição que o considerava um sábio, íntegro e não interesseiro.
Assim, o Sócrates de Aristófanes, apesar de ser uma imagem cômica, pintada a partir de um 
ponto de vista conservador e defensor dos valores tradicionais, coincidem em grande parte 
com o Sócrates de outros testemunhos: é pobre, anda sempre descalço, vive em uma casa 
humilde; defende contra as imagens sensíveis as verdadeiras realidades que supostamente 
existem em uma região superior; o seu método é o diálogo e a dialética; interroga sempre 
pelo ser das coisas e leva os interlocutores à contradição; o resultado do seu método é a 
negatividade que supera as crenças e os valores dos homens comuns (idem, p. 30).
6.3 Sócrates, segundo Xenofonte
Xenofonte foi contemporâneo de Sócrates e seu discípulo, mas não conviveu com ele durante muito 
tempo. Xenofonte era militar e por vezes permanecia muitos anos afastado de Atenas, inclusive, quando 
ocorreu a condenação e a morte de Sócrates, estava em campanha militar e não pôde presenciar. Ele 
faz referências a Sócrates em várias de suas obras, como no Simpósio e na Econômica, mas as obras 
consideradas mais importantes, pelos estudiosos do assunto são os Ditos e feitos memoráveis de 
Sócrates5 e a Apologia de Sócrates.
Na Apologia de Sócrates (Sócrates, 1972), Xenofonte aborda um diálogo que teve o amigo de Sócrates, 
chamado Hermógenes, com o próprio Sócrates a respeito da não preocupação de Sócrates em preparar 
uma apologia, uma defesa para o dia do seu julgamento, que se aproximava. Aborda também algumas 
falas de Sócrates durante o seu julgamento. Já nas Memoráveis, Xenofonte aborda várias passagens da 
vida de Sócrates e vários diálogos que teve com seus contemporâneos.
5Também conhecida e citada apenas como Memoráveis.
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Os escritos de Xenofonte costumam ser considerados simplistas e pouco profundos sobre os 
problemas abordados por Sócrates. Segundo Beinot:
Não sendo filósofo, Xenofonte não nos retrata com maior precisão o desenvolvimento dos 
argumentos socráticos, pouco nos transmite a respeito de problemas teóricos mais complexos, 
apenas se preocupa em recordar a retidão da vida de Sócrates e as regras morais que propunha 
aos seus seguidores.
Apesar da simplicidade dos escritos de Xenofonte, porém, o seu retrato de Sócrates coincide, 
na maioria dos aspectos, com o de outros autores (Beinot, 2006, p. 31).
Segundo Louis-André Dorion, os escritos de Xenofonte oferecem uma imagem “alternativa” ao 
Sócrates de Platão, uma vez que é “o único retrato completo, proveniente dos meios socráticos, 
que poderíamos contrastar com o de Platão” (2006, p.75). Segundo Dorion, o testemunho de 
Xenofonte não deve ser desacreditado, muito pelo contrário, ele deve ser reabilitado das várias 
críticas que o eclipsaram no século XIX, uma vez que esse testemunho só pode colaborar com a 
questão socrática. 
Na visão de Beinot:
A característica fundamental e mais insistentemente desenvolvida no Sócrates de Xenofonte, 
no entanto, é sem dúvida esse elogio do esforço, do exercício e do trabalho. Trata-se de uma 
negatividade que procura completar e muitas vezes até aperfeiçoar a natureza, sobretudo no 
âmbito das virtudes humanas (idem, p. 35).
6.4 Sócrates, segundo Platão
Aristócles, mais conhecido pelo apelido de Platão, quando contava com vinte anos, em 408 a.C., 
conheceu Sócrates, que tinha cerca de sessenta anos. Até a condenação de Sócrates, em 399 a.C., Platão 
conviveu com seu mestre, portanto, por quase uma década presenciou os vários diálogos que Sócrates 
realizou com seus discípulos e opositores.
É atribuída a Platão a autoria de mais de trinta diálogos e, entre esses, vinte e nove são considerados 
autênticos, ou seja, não há dúvidas que seu autor seja mesmo Platão. Sócrates se faz presente em vinte 
sete desses diálogos e quase sempre aparece como personagem principal, como aquele que conduz a 
discussão.
Os Diálogos de Platão, seguindo uma ordem cronológica, costumam ser classificados em três grupos 
ou mesmo quatro. Os primeiros são chamados de “Diálogos da juventude” ou “Diálogos socráticos”. 
Segundo Marcondes (2000), são diálogos muito próximos ao pensamento de Sócrates e, em geral, 
aporéticos. Quando Platão retorna da sua viajem a Sicília (388 a.C.) e funda a Academia em Atenas (387 
a.C.), identifica-se, nos seus escritos, um afastamento em relação ao pensamento de Sócrates e uma 
centralização no desenvolvimento da teoria das ideias. Temos aí os “Diálogos da fase intermediária”. 
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Posteriormente, temos os “Diálogos da maturidade” em que Platão faz uma revisão e uma reformulação 
da sua teoria das ideias ou das formas. Cabe dizer que não há um consenso sobre a classificação 
dos diálogos e que entre os estudiosos de Platão há controvérsias sobre a ordem cronológica. A 
classificação abaixo se encontra em Marcondes (1998), que por sua vez toma como base as obras de 
D. Ross (1951) e Bormann (1973):
Diálogos socráticos:Apologia de Sócrates; Íon, ou Sobre a Ilíada; Hipias menor, ou Sobre a 
falsidade; Laquês, ou Sobre a coragem; Carmides, ou Sobre a moderação; Críton, ou Sobre 
o dever; República (politeia), livro I; Hípias maior, ou Sobre a beleza, Eutifron, ou Sobre a 
piedade; Lisis, ou Sobre a amizade.
Diálogos da fase intermediária: Protágoras, ou Sobre os sofistas; Górgias, ou Sobre a 
retórica; Menexeno, ou Oração fúnebre; Eutidemo; O banquete (Symposium), ou Sobre o 
bem; Fédon, ou Sobre o amor; Ménon, ou Sobre a virtude; A República (Politeia) ou Sobre a 
justiça; Fedro, ou Sobre a alma.
Diálogos da maturidade: Crátilo, ou Sobre a correção dos nomes; Teeteto, ou Sobre o 
conhecimento; Parmênides, ou Sobre as formas; O sofista, ou Sobre o ser; O político, ou 
Sobre a monarquia; Filebo, ou Sobre o prazer.
Diálogos da fase final: Timeu, ou Sobre a natureza; Crítias, ou Sobre a Atlântida; As leis 
(Nomoi); Epinomis.
Diálogos de autenticidade discutível: Alcebíades, I e II; Hiparco; Anterestai; Teages; Clítofon; 
Mino; O filósofo; Treze cartas, das quais são consideradas autênticas as III, a VII (a mais 
famosa e importante) e a VIII (Marcondes, 1998, p. 55).
Retomemos a questão colocada inicialmente: é possível conciliar esses diferentes enfoques e nos 
aproximamos do “verdadeiro” Sócrates? Conforme foi afirmado, Sócrates ocupa um lugar de destaque 
na obra de Platão e segundo alguns estudiosos seria através dos seus escritos que poderíamos nos 
aproximar do “verdadeiro” Sócrates.6 Segundo Benoit,
(...) enquanto Aristófanes era um escritor de comédias e Xenofonte um ensaísta que mescla 
memória, opiniões próprias e ficção, Platão era efetivamente um filósofo. Ainda que possa 
ter desenvolvido (e, portanto, transformado) o pensamento de Sócrates em alguns pontos, 
para conhecer a Sócrates como e enquanto filósofo, só nos resta realmente recorrer a 
Platão (2006, p. 36).
Por outro lado as citações anteriores de Benoit permitem traçar pontos comuns entre os diferentes 
enfoques, o que vem a corroborar para a aproximação com o “verdadeiro” Sócrates.
6Embora implique também algumas dificuldades, como separar o pensamento de Sócrates do pensamento de 
Platão? Segundo Aristóteles a teoria das eiaideias não foi desenvolvida por Sócrates, mas há estudiosos que defendem que 
a mesma já estava presente em Sócrates. Tal problema não será objeto de investigação deste trabalho.
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Outra questão inicial que ficou em aberto é: por que Sócrates nada escreveu? Pode-se afirmar que 
os filósofos gregos, de um modo geral, desconfiavam da escrita, a linguagem escrita era vista como um 
pharmakon – uma droga, isso significa que ela, por um lado, pode salvar do esquecimento, mas por 
outro lado, pode ser mal interpretada. Segundo Wolff, essa desconfiança em relação a escrita encontra 
seus motivos, entre outros, naqueles apresentados por Platão no diálogo Fedro:
O texto escrito sofre de três males congênitos: primeiramente ele é fixo e “a quem lhe dirige a 
palavra, ele se contenta com significar uma coisa única, sempre e de uma vez por todas”; em 
segundo lugar, uma vez publicado, o texto vive sua própria existência e se dirige da mesma 
maneira a todos, seja qual for a competência do interlocutor; enfim, entregue a si mesmo, é 
incapaz de se defender sem a presença de seu autor e de responder a seus adversários (1987, 
p. 37).
Dessa forma, Sócrates nada escreveu e preferia exercitar a filosofia ao vivo nas praças e mercados, 
assim poderia argumentar e contra-argumentar, evitando os males da escrita apontados acima. Platão, 
visando minimizar esses males da escrita, faz seus registros em forma de diálogos, dessa forma, procura 
manter na escrita a dinâmica do diálogo tal como foi pronunciado ao vivo e assim consegue explicitar 
os argumentos e contra-argumentos da discussão.
 6.5 O cidadão ateniense
Sócrates (470-399 a.C.), nasceu em Atenas, no distrito de Alopécia, era filho da parteira Fenareta 
com o escultor Sofronisco. Viveu no século V a.C., no chamado “Século de Ouro”, século do apogeu 
político, cultural, econômico e militar de Atenas. Foi casado com Xantipa e também há relatos que teve 
outra esposa, chamada Mirto, no período em que a poligamia foi permitida e incentivada para equilibrar 
a população. Teve três filhos, provavelmente dois com Xantipa, Lamprocles e Menexeno e outro com 
Mirto, chamado Sofronisco (Benoit, 2006, p.23). Herdou do pai a profissão de escultor à qual parece 
ter se dedicado por algum tempo, antes de abraçar a missão suscitada pela revelação do oráculo de 
Delfos.
Em março de 399 a.C., quando Sócrates contava com cerca de setenta anos, foi chamado ao tribunal 
de Atenas para se defender das acusações depositadas contra ele. Meletos, um jovem e pouco conhecido 
poeta, levou até o magistrado a seguinte acusação: “Sócrates é culpado de não reconhecer como deuses 
os deuses da Cidade e de nela introduzir novos; também é culpado de corromper a juventude. A pena 
solicitada é a morte” (Wolff,1987). Mas Meletos não estava sozinho nessa acusação, havia também o 
orador Licon e o político Anito. Segundo explica Wolff:
A lei ateniense reconhecia de fato a todo cidadão o direito de acusar um outro sob juramento. 
Mas no caso o distinto Meletos é apenas um testa-de-ferro; a queixa foi redigida pelo orador 
Licon, e ambos são teleguiados por um mais poderoso, Anito: um dos chefes populistas da 
restauração da democracia, provavelmente não assaz seguro do êxito da queixa para ousar 
nela imiscuir de imediato seu nome (idem, p. 83).
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O fato é, como se sabe, que Sócrates foi julgado e condenado à morte, ou para ser mais preciso 
ao suicídio, já que a pena impunha a obrigatoriedade em beber a cicuta. Isso posto, vamos analisar 
algumas passagens da defesa feita por Sócrates, perante o tribunal de Atenas. Tal análise visa explicitar 
os motivos que culminaram com a sentença de morte e, também, qual a relação com o modo socrático 
de filosofar. 
6.6 Discurso de defesa
O diálogo Apologia de Sócrates, de Platão, começa com Sócrates dirigindo seu exórdio aos presentes 
no tribunal, logo após a fala dos seus acusadores. Ele discursa:
Não sei, atenienses, que influência exerceram meus acusadores em vosso espírito; a mim 
próprio, quase me fizeram esquecer quem sou, tal a força de persuasão de sua eloquência. 
Verdade, porém a bem dizer, não proferiram nenhuma (Platão, 1978, p. 13).
Segundo Sócrates, seus acusadores foram tão eloquentes e pintaram um Sócrates tão diferente 
dele mesmo, que fez ele quase esquecer quem era, porém não proferiram nenhuma verdade. Assim, 
Sócrates se propõe a relatar toda a verdade. Vai se defender de duas classes de acusadores: os antigos 
e os mais recentes. Os acusadores antigos são numerosos, mas, segundo Sócrates, não é possível dizer 
os seus nomes, pois essas acusações foram espalhadas em forma de boato e de modo inconsequente. 
Mas pode-se dizer que essa boataria teve sua origem na comédia As nuvens, de Aristófanes7. Dela se 
depreende que Sócrates é um charlatão, um investigador das coisas celestes e das coisas que estão 
debaixo da terra, alguém que faz a razão mais fraca vencer a mais forte e ensina os outros a fazerem 
o mesmo. As acusações recentes, conforme foi abordado no item anterior, são aquelas depositadas 
por Meletos e seu grupo, que reza que Sócrates é um corruptor da juventude, alguém que não crê nos 
deuses da cidade, mas sim em outras divindades. Sócrates busca explicar a origem das calunias contra 
ele:
Um de vós poderia intervir: “Afinal Sócrates, qual é a tua ocupação? Dondeprocedem as 
calúnias a teu respeito? Naturalmente, se não tivesses uma ocupação muito fora do comum, 
não haveria esse falatório, a menos que praticasses alguma extravagância. Dize-nos, pois, qual 
é ela, para que não façamos nós um juízo precipitado”... Alguns de vós achareis, talvez, que 
estou gracejando, mas não tenhais dúvidas: eu vós contarei toda a verdade (idem, p. 16).
Sócrates irá recorrer a duas testemunhas em seu favor, o deus de Delfos e Querefonte:
Ora, certa vez vez, indo a Delfos [Querefonte], arriscou essa consulta ao oráculo – repito 
senhores; não vós amotineis – ele perguntou se havia alguém mais sábio que eu; respondeu 
a Pítia que não havia ninguém mais sábio. Para testemunhar isso, tendes aí o irmão dele, 
porque ele já morreu (idem, p. 17).
São duas testemunhas respeitadas, Querefonte e o deus de Delfos, Apolo, mas ambas ausentes no 
tribunal. Querefonte era conhecido e respeitado, mas está morto. O deus Apolo, mesmo que presente
7Conforme foi abordado anteriormente.
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estará invisível e não falará em defesa de Sócrates. Mas qual a importância do Oráculo de Delfos na 
cultura grega? Era mera supertição ou digno de consideração? Pode-se afirmar que o Oráculo de Delfos 
era muito considerado e respeitado. Era comum antes de decisões importantes, como sobre guerras, que 
se recorresse ao Oráculo. Apesar de muitas respostas serem dúbias e enigmáticas a interpretação correta 
das mesmas poderia ser de grande valia8. E quem era Apolo? Na mitologia grega Apolo é o deus solar, 
deus da luz e da razão, o deus do conhecimento, do equilíbrio e da harmonia.9 Portanto, é um deus 
muito respeitado e venerado. 
Quando ficou sabendo da consulta e da resposta do oráculo, Sócrates diz que ficou perplexo:
Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir assim: Que quererá dizer o deus? Que sentido 
oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que 
quererá ele, então, significar declarando-me o mais sábio? Naturalmente, não está mentindo, 
porque isso lhe é impossível (ibidem).
Dessa forma, não é pouca coisa a afirmação de que “Sócrates é o homem mais sábio”, pois foi uma 
afirmação feita pelo próprio deus Apolo. O que leva o próprio Sócrates à perplexidade, uma vez que é 
impossível ao deus mentir. Dessa forma, Sócrates empreende uma investigação para elucidar o sentido 
oculto da resposta do deus. 
Uma vez que não se considera sábio, Sócrates passa a investigar aqueles que se passam por sábios. 
Vai dialogar com um político e conclui que ele se passa por sábio, mas não é. “Parece”, diz Sócrates, “que 
sou um nadinha mais sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei” (Platão, 1978, p. 
17). Vai falar com outro político e sai com a mesma impressão, além de perceber que ganhou o ódio dele 
e de muitos outros circunstantes. “Depois disso, não parei, embora sentisse, com mágoa e apreensões, 
que me ia tornando odiado; não obstante, parecia-me imperioso dar a máxima importância ao serviço 
do deus” (idem, p. 18).
Depois dos políticos, Sócrates passa a investigar os poetas. Conclui que eles dizem muitas coisas 
belas por inspiração, mas nada sabem do que dizem. Depois vai ter com os artesãos e entende que esses 
por praticarem bem a sua arte acham que sabem também dos outros assuntos, mas não sabem. Sócrates 
tem consciência que com essa investigação conseguiu irritar muitas pessoas: “Dessa investigação é que 
procedem, Atenienses, de um lado, tantas inimizades, tão acirradas e maléficas, que deram nascimento 
a tantas calúnias, e, de outro, essa reputação de sábio” (idem, p. 19).
8O rei Creso da Lídia fez um desafio ao oráculo: o que faria cem dias depois da consulta? O oráculo respondeu: “...
fustiga meus sentidos o sabor da tartaruga e do cordeiro cozidos em bronze”. Era isso que o rei pretendia: cozinhar uma 
tartaruga e um cordeiro em uma panela de bronze. Confiante, posteriormente, perguntou: Deveria guerrear com a Pérsia? O 
oráculo respondeu “Se cruzar o rio Hális destruirá um grande império”. O rei foi confiante para a guerra e teve o seu Império 
destruído. Outro exemplo: diante da invasão persa em Atenas o oráculo foi consultado e respondeu: “Apenas a muralha de 
madeira resistirá”. Os gregos interpretaram que a “muralha de madeira” eram as embarcações, assim guerrearam pelo mar 
e conseguiram vencer os persas.
 9De certa forma se opõe ao deus Dioniso ou Baco, que é o deus do vinho, do delírio místico da desmedida, 
da hybris.
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Sócrates também explica que a dedicação a “serviço do deus”, ou seja, a “missão socrática” 
desencadeada após a revelação do oráculo, lhe consumiu todo o tempo, o que explica sua precária 
condição financeira: “Essa ocupação não me permitiu lazeres para qualquer atividade digna de menção 
nos negócios públicos nem nos particulares; vivo numa pobreza extrema, por estar a serviço do deus” 
(idem, p. 19). Mas além dos desafetos, Sócrates também teve discípulos:
Além disso, os moços que espontaneamente me acompanham (...) imitam-me muitas vezes; 
nessas ocasiões, metem-se a interrogar os outros; suponho que descobrem uma multidão de 
pessoas que supõem saber alguma coisa, mas pouco sabem, quiçá nada. Em consequência, os 
que eles examinam se exasperam contra mim e não contra si mesmos, e propalam que existe 
um tal Sócrates, um grande miserável, que corrompe a mocidade (idem, p. 19).
Esses jovens discípulos imitam o seu mestre e desmascaram pessoas que fingem saber, mas não 
sabem. Com isso Sócrates recebe a ira também destes, além da acusação de corromper a juventude.
6.7 Condenação e discussão da pena
Após Sócrates explanar várias outras considerações sobre as acusações que sofre, chegou o momento 
da votação. Sócrates foi condenado10 e passou-se a discutir sobre sua pena. “Ora”, diz Sócrates, “o 
homem propõe a sentença de morte. Bem; e eu que pena vos hei de propor em troca, Atenienses?” 
(Platão, 1978, p. 33). Sócrates defende que não merece nenhuma pena, muito pelo contrário, deve ser 
tratado como um benfeitor da cidade e, dessa forma, merece ser sustentado no Pritaneo, como se fazia 
com os heróis de guerra. Sócrates explana que não pode propor ser desterrado, uma vez que se nem 
os seus concidadãos o suportam, com outros povos seria pior. Como outra opção, Sócrates diz que se 
tivesse muito dinheiro proporia pagar uma multa, mas como não tem, só poderia pagar uma mina de 
prata. Com a interferência de Platão e outros discípulos presentes ao julgamento, Sócrates aumenta 
a proposta da multa para trinta minas de prata, já que estes se fizeram proponentes e fiadores dessa 
quantia.
Com as propostas de Sócrates sobre sua pena ele conseguiu irritar ainda mais muitos dos presentes 
no tribunal, não restando praticamente outra alternativa senão a pena capital. No livro O julgamento 
de Sócrates, de I.F. Stone, ele defende a tese que, na verdade, Sócrates queria morrer. Segundo Stone, 
Sócrates poderia facilmente ter conseguido sua absolvição e o próprio júri, a princípio, não estava 
disposto a condená-lo a morte. Mas, Sócrates fez tudo, segundo Stone, para que a pena de morte 
fosse votada. Sabe-se que Sócrates não temia a morte, mas pode se afirmar que ele queria morrer? 
Na Apologia de Sócrates, escrita por Xenofonte, encontra-se um diálogo em que Sócrates explica a 
Hermógenes porque era vantajoso para ele deixar a vida naquela fase, diz Sócrates:
(...) Se for além, sei que terei forçosamente de pagar meu tributo à velhice. A vista se me 
enfraquecerá, ouvirei menos, minha inteligência se turbará e esquecerei maisdepressa o que 
aprender. (...) Talvez seja por benevolência que me concede a deidade, como dom especial, 
 10O júri foi composto pelo sorteio de 501 cidadãos atenienses. Destes, 281 o condenaram e 220 o absolveram. 
Faltaram, portanto, 31 votos para que Sócrates fosse absolvido por maioria simples.
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terminar a vida não só na época mais conveniente, como do modo menos penoso. (...) Razão, 
pois, tiveram os deuses dissuadindo-me de preparar minha defesa, quando todos vós acháveis 
que deveria por todos os meios buscar subterfúgios. Fizesse-o eu, e teria refugido o morrer 
hoje para, sem nenhum consolo, vir a findar atormentado de doenças ou então de velhice, 
para a qual vergem todas as enfermidades (Sócrates, 1972, p. 170).
Essa passagem, que retrata um diálogo após o julgamento, demonstra que Sócrates, tendo 
consciência da sua idade avançada, vê como vantagem a divindade lhe haver proporcionado deixar a 
vida nessa fase, antes que as dificuldades advindas do envelhecimento se manifestem de modo mais 
explicito e iminente. 
Na Apologia de Sócrates, de Platão, Sócrates reflete sobre o que é a morte:
Morrer é uma destas duas coisas: ou o morto é igual a nada, e não sente nenhuma sensação de 
coisa nenhuma; ou, então, como se costuma dizer, trata-se de uma mudança, uma emigração 
da alma, do lugar deste mundo para outro lugar. Se não há nenhuma sensação, se é como um 
sonho em que o adormecido nada vê nem sonha, que maravilhosa vantagem seria a morte! 
(Platão, 1978, p. 37).
Em qualquer uma das duas alternativas do que possa ser a morte, Sócrates não vê nenhum problema. 
No primeiro caso, seria como uma noite de sono profundo, sem sonhos e sem despertar. No segundo 
caso, segundo diz a tradição, iria para o Hades e, uma vez lá, poderia continuar dialogando e investigando 
a sabedoria daqueles de lá como fazia com os de cá. 
 Saiba mais
Ciência e missão de Sócrates
Algum de vós, aqui, poderia talvez se opor a mim:–Mas Sócrates, que é que fazes? De onde 
nasceram tais calúnias? Se não tivesses te ocupado em coisa alguma diversa das coisas que fazem 
os outros, na verdade não terias ganho tal fama e não teriam nascido acusações. Dizes, pois, o 
que é isso, a fim de que não julguem a esmo. Quem diz assim, parece-me que fala justamente, e 
eu procurarei demonstrar-vos que jamais foi essa a causa produtora de tal fama e de tal calúnia. 
Ouvi-me. Talvez possa parecer a algum de vós que eu esteja gracejando; entretanto, sabei-o 
bem, eu vos direi toda a verdade. Porque eu, cidadãos atenienses, se conquistei esse nome, foi 
por alguma sabedoria. Que sabedoria é essa? Aquela que é, talvez propriamente, a sabedoria 
humana. É, em realidade, arriscado ser sábio nela: mas aqueles de quem falávamos ainda há 
pouco seriam sábios de uma sabedoria mais que humana, ou não sei que dizer, porque certo 
não a conheço. Não façais rumor, cidadãos atenienses, não fiqueis contra mim, ainda que vos 
pareça que eu diga qualquer coisa absurda: pois que não é meu o discurso que estou por dizer, 
mas refiro-me a outro que é digno de vossa confiança. Apresento-vos, de fato, o deus de Delfos 
como testemunha de minha sabedoria, se eu a tivesse, e qualquer que fosse. Conheceis bem 
Xenofonte. 
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Era meu amigo desde jovem, também amigo do vosso partido democrático, e participou 
de vosso exílio e convosco repatriou-se. E sabeis também como era Xenofonte, veemente 
em tudo aquilo que empreendesse. Uma vez, de fato, indo a Delfos, ousou interrogar o 
oráculo a respeito disso e – não façais rumor, por isso que digo–perguntou-lhe, pois, se 
havia alguém mais sábio que eu. Ora, a pitonisa respondeu que não havia ninguém mais 
sábio. E a testemunha disso é seu irmão, que aqui está. Considerai bem a razão por que digo 
isso: estou para demonstrar-vos de onde nasceu a calúnia. Em verdade, ouvindo isso, pensei: 
que queria dizer o deus e qual é o sentido de suas palavras obscuras? Sei bem que não sou 
sábio, nem muito nem pouco: o que quer dizer, pois, afirmando que sou o mais sábio? Certo 
não mente, não é possível. E fiquei por muito tempo em dúvida sobre o que pudesse dizer; 
depois de grande fadiga resolvi buscar a significação do seguinte modo: fui a um daqueles 
detentores da sabedoria, com a intenção de refutar, por meio dele, sem dúvida, o oráculo, 
e, com tais provas, opor-lhe a minha resposta: este é mais sábio que eu, enquanto tu dizias 
que eu sou o mais sábio. Examinando esse tal – não importa o nome, mas era, cidadãos 
atenienses, um dos políticos, este de quem eu experimentava essa impressão – e falando 
com ele, afigurou-se-me que esse homem parecia sábio a muitos outros e principalmente a 
si mesmo, mas não era sábio. Procurei demonstrar-lhe que ele parecia sábio sem o ser. Daí 
me veio o ódio dele e de muitos dos presentes. Então, pus-me a considerar, de mim para mim, 
que eu sou mais sábio do que esse homem, pois que, ao contrário, nenhum de nós sabe nada 
de belo e bom, mas aquele homem acredita saber alguma coisa, sem sabê-la, enquanto eu, 
como não sei nada, também estou certo de não saber. Parece, pois, que eu seja mais sábio 
do que ele, nisso – ainda que seja pouca coisa: não acredito saber aquilo que não sei. Depois 
desse, fui a outro daqueles que possuem ainda mais sabedoria que esse, e me pareceu que 
todos são a mesma coisa. Daí veio o ódio também deste e de muitos outros. 
Depois prossegui sem mais me deter. Embora vendo, amargurado e temeroso, que estava 
incorrendo em ódio; mas também me parecia dever fazer mais caso da resposta do deus. 
Para procurar, pois o que queria dizer o oráculo, eu devia ir a todos aqueles que diziam saber 
qualquer coisa. E então, cidadãos atenienses, já que é preciso dizer a verdade, me aconteceu 
o seguinte: procurando segundo o dedo do deus, pareceu-me que os mais estimados eram 
quase privados do melhor, e que, ao contrário, os outros, reputados ineptos, eram homens mais 
capazes, quanto à sabedoria.(...) Por isso, ainda agora procuro e investigo segundo a vontade 
do deus, se algum dos cidadãos e dos forasteiros me parece sábio; e quando não, indo em 
auxílio do deus, demonstro-lhe que não é sábio. E, ocupado em tal investigação, não tenho tido 
tempo de fazer nada de nada de apreciável, nem nos negócios públicos, nem nos privados, mas 
encontro-me em extrema pobreza, por causa do serviço do deus. Além disso, os jovens ociosos, 
os filhos dos ricos, seguindo-me espontaneamente, gostam de ouvir-me examinar os homens, 
e muitas vezes me imitam, por sua própria conta, e empreendem examinar os outros; e então, 
encontram grande quantidade daqueles que acreditam saber alguma coisa, mas, pouco ou 
nada sabem. Daí, aqueles que são examinados por eles encolerizam-se comigo assim como com 
eles, e dizem que há um tal Sócrates, perfidíssimo, que corrompe os jovens.11 
11PLATÃO. Apologia de Sócrates. Tradução de Maria Lacerda de Souza. Disponível em <http://www.domíniopúblico.
org>.
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6.8 “Conhece-te a ti mesmo”
Para Cortella, a principal preocupação de Sócrates é em relação ao seguinte problema: “como 
estabelecer verdades que sejam válidas para todas as pessoas?” (2002, p.74) Segundo Sócrates, 
os conhecimentos chegam até nós pela via dos sentidos e da razão. Mas eles são confiáveis? 
A resposta é não, já que os sentidos podem nos enganar e os discursos e debates da Ágora 
também.
Em um dosseus diálogos,12 Platão relata inicialmente o encontro entre Sócrates e Fedro em uma rua 
de Atenas. Ao estabelecerem um diálogo, Sócrates é convidado a acompanhá-lo para fora dos muros da 
cidade. Após caminharem, enquanto conversavam sobre um discurso de Lisias, chegam a um aprazível 
lugar, às margens cristalinas do rio Ilisso. Fedro então pergunta a Sócrates se não havia sido por ali que 
o deus do vento Bóreas raptou Orítia. Em seguida, questiona se Sócrates realmente acredita que esse 
mito seja verdadeiro.
Se eu não acreditasse, como sucede com os homens sábios (os sofistas), não ficaria 
embaraçado. Poderia dar facilmente uma explicação engenhosa, dizendo que um sopro 
de Bóreas, o vento norte, tinha lançado Orícia abaixo das rochas enquanto se divertia 
com as companheiras e que, morta dessa maneira, tinha sido levada por Bóreas. (...) Mas 
eu, Fedro, penso que tais explicações são, em geral, muito interessantes, mas que são 
invenções de um homem muito esperto e engenhoso, mas não inteiramente invejável, 
porque depois disso terá de explicar a forma dos Centauros e depois das Quimeras, e 
ei-lo perseguido por uma multidão de tais criaturas, Górgonas e Pégaso, e multidões de 
estranhas, inconcebíveis, portentosas naturezas. Se alguém não acredita nelas, e com 
uma espécie de sabedoria rústica pretende explicar cada uma dessas naturezas de acordo 
com a probabilidade, precisara de muito tempo para isso. Mas eu justamente não tenho 
tempo para todas elas, e a razão, meu amigo, é esta: ainda não sou capaz de me conhecer 
a mim próprio como recomenda a inscrição délfica; portanto, parece-me ridículo, quando 
ainda não atingi o conhecimento de mim mesmo, investigar coisas irrelevantes. E, por 
conseguinte, deixo de parte tais matérias e, aceitando a crença vulgar acerca delas, como 
estava dizendo agora mesmo, investigo, não essas coisas, mas a mim mesmo, para saber se 
sou um monstro mais complicado e furioso que Tufão ou uma criatura bondosa e simples 
a quem a natureza concedeu um destino divino e tranquilo (Platão, Fedro, passagem 229 
e 230).
No templo de Apolo, situado em Delfos, havia várias inscrições gravadas. Sócrates elege uma 
delas como lema: “conhece-te a ti mesmo!” Assim, com Sócrates, a problemática será deslocada do 
âmbito cosmológico para o antropológico. Sócrates coloca o ser humano no centro da problemática 
e preocupa-se em buscar verdades que pudessem ser válidas para todos. O “conhece-te a ti mesmo” 
que ele pega emprestado do oráculo de Delfos e toma como lema, é a tentativa de buscar em cada um 
(particular) extrair uma verdade universal. Através da maiêutica, seu método de perguntas e respostas, 
busca dar a luz a verdades gerais. Tarefa nem sempre fácil, já que muitos diálogos que chegaram até nós, 
relatados por Platão, são aporéticos.
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Maiêutica: método socrático que consiste na multiplicação de perguntas, induzindo 
o interlocutor na descoberta de suas próprias verdades e na conceituação geral de um 
objeto (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa).
No diálogo O banquete, Platão relata uma conversação acerca do amor, que teve como participantes 
Apolodoro, Fedro, Agatão, Sócrates, entre outros. Nesse diálogo, aparece a famosa concepção do amor 
como filósofo exposto por Sócrates, que por sua vez, narra o que lhe falou a sacerdotisa Diotima. Veja a 
seguir um trecho desse diálogo.
Aporia: etim.gr. aporía,as ‘embaraço, incerteza em uma discussão ou pesquisa’, de áporos ‘que 
não tem passagem’, daí ‘que está embaraçado’. FIL dificuldade ou dúvida racional decorrente de 
uma impossibilidade objetiva na obtenção de uma resposta ou conclusão para uma determinada 
indagação filosófica (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa). 
6.9 O banquete
- [Sócrates] E quem é seu pai – perguntei-lhe – e sua mãe?
- [Diotima] É um tanto longo de explicar, disse ela; todavia, eu te direi. Quando nasceu 
Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de 
Prudência, Recurso. Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pobreza, 
e ficou pela porta. Ora, Recurso, embriagado com o néctar – pois vinho ainda não havia 
– penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando em sua falta de 
recurso engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o Amor. Eis por 
que ficou companheiro e servo de Afrodite o Amor, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo 
que por natureza amante do belo, porque também Afrodite é bela. E por ser filho o Amor de 
Recurso e de Pobreza foi esta a condição em que ele ficou. Primeiramente ele é sempre pobre, 
e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem 
lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos, porque 
tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é 
insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador terrível, sempre a 
tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio ele recursos, a filosofar por toda a vida, terrível 
mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele 
germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; 
e o que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o Amor nem enriquece, 
assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis com efeito o que se 
dá. Nenhum deus filosofa ou deseja ser sábio – pois já é -, assim como se alguém mais é 
sábio, não filosofa. Nem também os ignorantes filosofam ou desejam ser sábios; pois é nisso 
mesmo que está o difícil da ignorância, no pensar, quem não é um homem distinto e gentil, 
nem inteligente, que lhe basta assim. Não deseja portanto quem não imagina ser deficiente 
naquilo que não pensa lhe ser preciso.
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- Quais então, Diotima – perguntei-lhe – os que filosofam, se não são nem os sábios nem os 
ignorantes?
- É o que é evidente desde já – respondeu-me – até a uma criança: são os que estão entre esses 
dois extremos, e um deles seria o Amor. Com efeito, uma das coisas mais belas é a sabedoria, e o 
Amor é amor pelo belo, de modo que é forçoso o Amor ser filósofo e, sendo filósofo, estar entre 
o sábio e o ignorante. E a causa dessa sua condição é a sua origem: pois é filho de um pai sábio 
e rico e de uma mãe que não é sábia, e pobre. É essa então, ó Sócrates, a natureza desse gênio; 
quanto ao que pensaste ser o Amor, não é nada de espantar o que tiveste. Pois pensaste, ao que 
me parece a tirar pelo que dizes, que Amor era o amado e não o amante; eis por que, segundo 
penso, parecia-te todo belo o Amor. E de fato o que é amável é que é realmente belo, delicado, 
perfeito e bem-aventurado; o amante, porém é outro o seu caráter, tal qual eu expliquei.
E eu lhe disse: 
- Muito bem, estrangeira! É belo o que dizes! Sendo porém tal a natureza do Amor, que 
proveito ele tem para os homens?
- Eis o que depois disso – respondeu-me – tentarei ensinar-te. Tal é de fato a sua natureza e tal a sua 
origem; e é do que é belo, como dizes. Ora, se alguém nos perguntasse: O que é o amor do que é belo, 
ó Sócrates e Diotima? ou mais claramente: Ama o amante o que é belo; que é que ele ama?
- Tê-lo consigo – respondi-lhe.
- Mas essa resposta – dizia-me ela – ainda requer uma pergunta desse tipo: que terá aquele 
que ficar com o que é belo?
- Absolutamente – expliquei-lhe – eu não podia mais responder-lhe de pronto a essa pergunta.
- Mas é, disse ela, como se alguémtivesse mudado a questão e, usando o bom em vez do belo, 
perguntasse: Vamos, Sócrates, ama o amante o que é bom; que é que ele ama?
- Tê-lo consigo – respondi-lhe.
- E que terá aquele que ficar com o que é bom?
- Isso eu posso – disse-lhe – mais facilmente responder: ele será feliz.
- É com efeito pela aquisição do que é bom, disse ela, que os felizes são felizes, e não mais é 
preciso ainda perguntar: E para que quer ser feliz 
aquele que o quer? Ao contrário, completa parece a 
resposta.
- É verdade o que dizes – tornei-lhe.13
Para refletir
Qual o significado da expressão 
socrática: “Só sei que nada sei”?
13PLATÃO. O banquete. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000048.pdf>.
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Saiba mais
Sócrates, segundo Émile Bréhier 
(...) No mês de fevereiro de 399 a.C., Sócrates morreu aos 71 anos, condenado por seus 
concidadãos. Defronte o tribunal democrático, foi acusado de impiedade e de não cultuar 
os deuses da cidade, de introduzir novas divindades e de corromper a juventude com seus 
ensinamentos. Este homem extraordinário não foi, como os outros de quem falamos até 
agora, líder de uma escola. As escolas que vão se declarar socráticas são numerosas e, 
em muitos pontos, opostas: não têm em comum nenhuma tradição doutrinal. Também 
não chegamos a Sócrates diretamente, já que ele não deixou nada escrito, e não há uma 
tradição única, mas tradições múltiplas, que nos dão, cada uma, um retrato diferente. Além 
disso, esses retratos não têm nenhuma intenção de serem fiéis. O mais antigo de todos, 
As Nuvens de Aristófanes (que se passa em 423 a.C., quando Sócrates tinha 47 anos), em 
que Sócrates entra em cena, é uma sátira. Depois de sua morte há toda uma literatura de 
Diálogos Socráticos onde os seus discípulos lhe dão o papel principal. 
(...)
O que ensinou ele? Se dermos crédito a Xenofonte e Aristóteles, Sócrates foi sobretudo o 
inventor da ciência moral e o iniciador da filosofia dos conceitos. Sócrates, disse Aristóteles, 
tratou das virtudes éticas, e a respeito disso, procurou defini-las universalmente. Ele procurava 
saber o que as coisas são. Tentava fazer silogismos, e o princípio do silogismo é saber o que as 
coisas são. O que se atribui a Sócrates, com razão, é, ao mesmo tempo, o raciocínio indutivo e 
as definições universais, que estão, de uma forma ou de outra, no princípio da ciência. Mas para 
Sócrates as definições e os universais não estão separados. São os platônicos que os separam 
e lhes dão o nome de ideias”. Portanto, de acordo com Aristóteles, Sócrates compreendeu que 
as condições para a ciência moral estavam no estabelecimento metódico, pela via indutiva, 
de conceitos universais, como a justiça ou a coragem. Esta interpretação de Aristóteles tem 
apenas o objetivo de atribuir à Sócrates a criação da doutrina idealista que, através de Platão, 
prossegue até ele e é, evidentemente, inexata. Se seu objetivo tivesse sido definir as virtudes, 
seria preciso admitir que nos diálogos onde Platão mostra Sócrates procurando, sem sucesso, 
o que é a coragem (Laques), a piedade (Eutífron) ou a moderação (Cármides), seu objetivo era 
apenas o de mostrar insistentemente o fracasso do método do mestre. É algo positivo este 
teórico dos conceitos, que diz de si mesmo estar “ligado aos atenienses pela vontade dos 
deuses, para incitá-los como um mosquito que morde o cavalo”, e que não cessa de exortá-los 
e reprová-los, obcecando-os da manhã até o entardecer? De fato, o ensinamento de Sócrates 
consiste em examinar e testar não apenas os conceitos, mas os homens mesmo, levando-os 
a compreender o que são. Cármides, por exemplo, é na opinião de todos o modelo de um 
adolescente modesto; porém ignora o que seja essa modéstia ou temperança, e Sócrates 
conduz o interrogatório de maneira a lhe mostrar que não sabe o que ele mesmo é. Da mesma 
forma, Laques e Nicias são dois bravos que não sabem o que é coragem. O justo e piedoso 
Eutífron, interrogado de todas as formas, não consegue chegar a dizer o que seja coragem.
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 Assim, todo o método de Sócrates consiste em fazer os homens conhecerem a si mesmos. 
Sua ironia consiste em lhes mostrar que a tarefa é difícil, e que eles acreditam erroneamente 
que conhecem a si mesmos. Enfim, sua doutrina, se é que tem uma, é a de que esta tarefa 
é necessária, porque ninguém é voluntariamente mal, e que todo mal deriva unicamente de 
uma ignorância que se toma como ciência. A única ciência, afirma Sócrates, é saber que nada 
se sabe.
Uma conversa como essa modifica o ouvinte: o contato de Sócrates é como o de um 
torpedo, paralisa e desconcerta, induz a olhar-se a si mesmo, a dar um sentido diferente 
à sua visão. Os apaixonados, como Alcibíades, bem sabem que encontraram junto a ele 
todo o bem de que são capazes, mas ainda assim fogem dele, porque temem esta forte 
influência que os levará a repreender a si mesmos. O efeito do exame de Sócrates força 
o ouvinte a efetivamente perder sua falsa tranquilidade, colocando-o em desacordo 
consigo, e propondo-lhe como o bem reencontrar este acordo. Sócrates não tem outra 
arte que não a maiêutica, a arte de dar à luz de sua mãe Fenarete, tira das almas aquilo 
que já está nelas, sem pretensão nenhuma de introduzir um bem que já não exista como 
embrião.
Não podemos, de nenhum modo, ter uma ideia da quantidade de assuntos de suas 
conversas. Não há nenhuma razão para crer que Sócrates não tenha sido um homem culto, 
capaz de se interessar pelas ciências e pelas artes. A bem dizer, tudo lhe convinha para testar os 
homens, desde as discussões estéticas sobre a expressão na arte até a escolha do destino dos 
magistrados, quando demonstrava o absurdo do regime democrático de Atenas. É necessário 
lembrar, contudo, ao contrário da crítica dos sofistas, a de Sócrates não se dirige nem às 
leis nem aos costumes religiosos, mas somente aos homens e suas qualidades humanas. Na 
mesma medida em que é conservador nas suas ideias políticas, é liberal em relação àqueles 
que quer conservar e aos quais mostra sua ignorância. É sem dúvida esta liberdade radical que 
o derrubou. O governo tirânico de Crítias tinha lhe proibido a palavra, mas foi a democracia 
que lhe tirou a vida.14
7 LÓGICA FORMAL
No nosso dia a dia frequentemente utilizamos a expressão “é lógico” ou “isso é lógico”. Por exemplo: 
“É lógico que meu time será campeão este ano”. “É lógico que gosto de pizza”, “É lógico que vou assistir 
aula de filosofia hoje”. Nesses casos, a expressão “é lógico” é utilizada no sentido de algo que parece ser 
evidente, em que não há nenhuma dúvida.
No nosso cotidiano conversamos com as pessoas e nem sempre concordamos com suas 
opiniões sobre determinados assuntos. Daí buscamos argumentar para defender o nosso ponto 
de vista. Ora, o que significa argumentar? Significa que procuramos concatenar ideias de forma 
coerente para persuadir nosso interlocutor da validade das nossas ideias. A lógica pode nos 
ajudar nessa tarefa.
14BRÉHIER, Émile. Sócrates. Disponível em <http://www.consciencia.org/socrates-por-emile-brehier>.
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A lógica formal foi desenvolvida por Aristóteles no século IV a.C. e tem como objetivo analisar as 
formas do correto pensar. Vamos ver como as autoras Aranha e Martins (2003) explicam alguns dos 
conceitos dessa lógica:
Etimologicamente, a palavra lógica vem do grego lógos, que significa “palavra”,“expressão”, 
“pensamento”, “conceito”, “discurso”, “razão”. Podemos defini-la como o estudo dos métodos 
e princípios de argumentação. Ou, então, como a investigação das condições em que a 
conclusão de um argumento se segue de suas premissas (Aranha e Martins, 2003, p. 101). 
Vamos ver um exemplo:
a) Todo paulista é brasileiro.
b) João é paulista.
c) Logo, João é brasileiro.
“O argumento é um discurso em que encadeamos proposições de maneira a chegar a uma conclusão. A 
proposição é tudo o que pode ser afirmado ou negado” (ibidem). Como por exemplo, “Sócrates é mortal”, 
“o fogo é quente”. As duas primeiras proposições do nosso exemplo (a e b) são também chamadas de 
premissas, que significa “o que vem antes” da conclusão. A partir delas extraímos uma conclusão (c). 
A passagem das premissas para a conclusão corresponde à inferência (do latim inferre, “levar 
para”). A inferência é um processo de pensamento pelo qual, a partir de certas proposições, 
chegamos a uma conclusão. Cabe ao lógico examinar a forma da inferência, a concatenação 
existente entre os diversos enunciados, a fim de verificar se é válido chegar a determinada 
conclusão. Em outras palavras, a lógica examina se a estrutura da inferência é válida ou 
inválida (...).
Podemos dizer das proposições que elas são verdadeiras ou falsas. Mas quando se trata de 
argumentos, dizemos que são válidos ou inválidos. Uma proposição é verdadeira quando 
corresponde ao fato que expressa. Um argumento é válido quando sua conclusão é 
consequência lógica de suas premissas (idem, p. 102).
7.1 Argumento dedutivo
Em um argumento dedutivo correto, a conclusão é inferida necessariamente das premissas. Ou 
seja, o que está dito na conclusão é extraído das premissas, pois na verdade já está implícito 
nelas. Na dedução lógica, o enunciado da conclusão não excede o conteúdo das premissas, 
isto é, não se diz mais nada na conclusão do que já foi dito (idem, p. 103). 
Exemplo:
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
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7.2 Argumento indutivo
A indução por enumeração é uma argumentação pela qual, a partir de diversos dados 
singulares constatados, chegamos a proposições universais. Nesse tipo de argumento ocorre 
uma generalização indutiva. Enquanto na dedução a conclusão deriva de proposições 
universais já conhecidas, a indução, ao contrário, chega à conclusão a partir de evidências 
parciais (idem, p. 104). 
Exemplo:
O cobre, o ferro, o zinco,
dilatam com o calor.
Logo, todo metal dilata com o calor.
7.3 Argumento por analogia
Analogia (ou raciocínio por semelhança) é uma indução parcial ou imperfeita, na qual 
passamos de um ou de alguns fatos singulares não a uma conclusão universal, mas a uma 
outra enunciação singular ou particular, inferida em virtude da comparação entre objetos 
que, embora diferentes, apresentam pontos de semelhança:
 Paulo sarou de suas dores de cabeça com este remédio.
Logo, João há de sarar de suas dores de cabeça com este mesmo remédio (ibidem).
7.4 Falácias
A falácia é uma forma de raciocínio que parece correta, mas quando examinada melhor se revela 
incorreta.
Muitas falácias decorrem do fato de algumas premissas serem irrelevantes para a aceitação 
da conclusão, mas são usadas com a função psicológica de convencer, mobilizando emoções 
como medo, entusiasmo, hostilidade ou reverência (idem, p. 105). 
Vamos ver agora alguns entre os vários tipos de falácias.
Argumento contra o homem. Neste tipo de falácia ataca-se a pessoa e não o seu argumento. Exemplo: 
“Ele costuma ir ao bar, logo tudo o que ele diz é mentira”. Ou “Ele não frequenta a igreja, portanto não 
é um bom aluno”.
Argumento de autoridade. Quando se utiliza o prestígio de uma pessoa para defender algo que não 
é da sua competência. Exemplo: “Esse remédio para emagrecer é ótimo, pois quem fez a propaganda foi 
a Hebe” Ou “Vou votar nesse candidato, pois meu cantor favorito o está apoiando”.
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Falácia de acidente. Quando se extrai uma conclusão de 
algo que é acidental. Exemplo: “Ele nunca estudou e se deu 
bem. Logo, o estudo não serve para nada”. Ou “A primeira 
vez que meu tio foi ao hospital não voltou mais. Logo, toda 
medicina é inútil”.
Saiba mais
Dedução e indução
Dedução e indução são procedimentos racionais que nos levam do já conhecido ao 
ainda não conhecido, isto é, permitem que adquiramos conhecimentos novos graças a 
conhecimentos já adquiridos. Por isso, se costuma dizer que, no raciocínio, o intelecto opera 
seguindo cadeias de razões ou os nexos e conexões internos e necessários entre as ideias 
ou entre os fatos.
A dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida (seja por intuição, seja por 
uma demonstração anterior) e que funciona como um princípio geral ao qual se subordinam 
todos os casos que serão demonstrados a partir dela. Em outras palavras, na dedução 
parte-se de uma verdade já conhecida para demonstrar que ela se aplica a todos os casos 
particulares iguais. Por isso, também se diz que a dedução vai do geral ao particular ou do 
universal ao individual. O ponto de partida de uma dedução é ou uma ideia verdadeira ou 
uma teoria verdadeira.
(...)
A indução realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução. Com a indução, 
partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição 
geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares. A definição 
ou a teoria são obtidas no ponto final do percurso. E a razão também oferece um conjunto 
de regras precisas para guiar a indução; se tais regras não forem respeitadas, a indução será 
considerada falsa.
Por exemplo, colocamos água no fogo e observamos que ela ferve e se transforma em 
vapor; colocamos leite no fogo e vemos também que ele se transforma em vapor; colocamos 
vários tipos de líquidos no fogo e vemos sempre sua transformação em vapor. Induzimos 
desses casos particulares que o fogo possui uma propriedade que produz a evaporação dos 
líquidos. Essa propriedade é o calor (Chaui, 1997, p. 67).
Para refletir
A lógica foi denominada como 
uma disciplina propedêutica, isto é, 
preparatória ou instrumental para 
se fazer filosofia. Você concorda? 
Comente.
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Exercícios
(Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul–SP–USCS 
– 2009) 
1. Sócrates foi considerado um dos maiores sábios 
da humanidade. Nada deixou escrito. Suas ideias foram 
divulgadas por dois de seus discípulos, Xenofonte e Platão. 
O ponto de partida da filosofia socrática encontra-se no 
fato de que: 
A) A verdadeira filosofia encontra-se na physis, na natureza, cabendo ao homem buscá-la com todos 
os seus esforços. 
B) A verdade não está ao alcance dos seres humanos. 
C) O primeiro passo em direção à verdade é o reconhecimento da ignorância. 
D) A aquisição do conhecimento se dá por meio da retórica. 
(Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul–SP–USCS – 2009) 
2. Sócrates inaugura o período clássico da filosofia grega, também chamado de período 
antropológico. O problema do conhecimento passou a ser uma problemática central na filosofia 
socrática, pois “a briga” de Sócrates com os sofistas tinha por objetivo resgatar o amor pela sabedoria 
e a valorização pela busca da verdade. 
Nesse contexto, Sócrates inaugura seu método que se fundamenta em dois princípiosbásicos, que 
são: 
A) A indução e dedução das verdades lógicas. 
B) A doxa e o lógos convergindo para o conceito racional. 
C) A ironia e a Maiêutica enquanto caminhos para conhecer a verdade através do autoconhecimento 
(conhecer-te a ti mesmo). 
D) O diálogo e a dúvida dialética. 
E) A amizade e a justiça social. 
Alguns filmes que podem propiciar 
uma inter-relação com os conteúdos da 
unidade
Sócrates. Dir. Roberto Rossellini, 120 
minutos, 1971.
Obrigado por fumar. Dir Jason 
Reitman, 92 minutos, 2005.
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(Prefeitura Municipal de Barueri–SP – 2006)
 3. A filósofa Terezinha Rios mostra que as utopias nos fazem caminhar, e que só há diálogo nas 
diferenças. Os filósofos têm em comum com as crianças o fato de serem:
A) “Calados”, reflexivos capazes de aceitar explicações mesmo sem compreender os temas. 
B) “Enxeridos”, tudo querem saber e exigem explicações prolongadas e minuciosas. 
C) “Cabeçudos”, ideias fixas. Quando defendem uma ideia não aceitam a existência de outras maneiras 
de pensar. 
D) “Perguntadeiros”, não admitem respostas definitivas. Não querem apenas explicações, querem 
compreender. 
E) “Barulhentos” semelhantes a um bando de latas que rolam a ladeira abaixo, num movimento 
aparentemente caótico. 
(Estado do Tocantins–Fundação Cesgranrio – 2009)
4. “Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer 
perguntas inesperadas. Em vez de “que horas são?” ou “que dia é hoje?”, perguntasse: O que é 
o tempo? Em vez de dizer “está sonhando” ou “ficou maluca”, quisesse saber: O que é o sonho? 
A loucura? A razão? Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas 
afirmações por outras. (...) Este alguém estaria começando a adotar o que chamamos atitude 
filosófica” (CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 2000, p.11-12).
Marilena Chaui comenta uma das principais habilidades a serem desenvolvidas no ensino de filosofia, 
de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, que é:
A) Ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas. 
B) Ler, de maneira significativa, os textos clássicos da filosofia. 
C) Questionar os diferentes saberes dominantes no mundo. 
D) Articular diferentes modos discursivos nas ciências e nas artes. 
E) Contextualizar os conhecimentos filosóficos. 
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(Prefeitura Municipal de Pacatuba–Ceará–Instituto Pró-Município – 2009)
5. Como parte essencial da missão da Filosofia nas escolas, está a tarefa de desenvolver no estudante 
o senso crítico. Qual o resultado desse processo? 
A) Pensamento contemplativo sobre o mundo.
B) Ampliação da consciência reflexiva.
C) Conhecimento das reflexões filosóficas já desenvolvidas na história.
D) Desenvolvimento do espírito de contestação. 
E) Surgimento de uma massa subversiva em relação à ordem constituída. 
6. Leia o seguinte raciocínio depois assinale a alternativa correta:
“Esta porção de água ferve a cem graus, esta outra porção de água ferve a cem graus e esta outra, e 
esta outra...; logo, a água ferve a cem graus.”
Trata-se de qual tipo de argumento?
A) Indução.
B) Dedução.
C) Analogia.
D) Falácia de acidente.
E) Argumento contra o homem.
7. A afirmação de Sócrates: “Só sei que nada sei” pode ser interpretada das seguintes formas:
I. Ele reconhecia a sua própria ignorância.
II. Sócrates assumia que a tarefa da filosofia é superar o enganoso saber baseado em ideias 
preconcebidas.
III. Reconhecia que o saber começava com o reconhecimento do não saber.
IV. Apesar de falar muito bem, Sócrates não deixou nada escrito, o que prova que ele não sabia 
escrever.
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Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ções) correta(as):
A) Apenas I. 
B) Apenas I e II. 
C) Apenas II e III. 
D) Apenas I, II e III.
E) I, II, III e IV.
8. Leia o seguinte raciocínio depois assinale a alternativa correta:
Todos homens são mortais.
Aristóteles é homem.
Logo, Aristóteles é mortal.
O racicínio utilizado acima pode ser descrito como:
A) Intuição. 
B) Dedução. 
C) Indução. 
D) Falácia. 
E) Desrazão.
9. Leia as afirmações abaixo:
I. A filosofia é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema fechado em si mesmo.
II. A reflexão filosófica permite que se busque a raiz, os fundamentos dos problemas.
III. A filosofia pode ter como objeto de reflexão tanto um mito primitivo quanto à ciência ou a 
educação.
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Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ões) correta(s):
A) Apenas I. 
B) Apenas I e II. 
C) Apenas II. 
D) Apenas II e III. 
E) I, II e III.
10. Leia o seguinte raciocínio e assinale a alternativa correta:
Toda estrela tem luz própria.
Vega é uma estrela.
Logo, Vega tem luz própria.
O racicínio utilizado acima pode ser descrito como:
A) Intuição.
B) Dedução. 
C) Indução. 
D) Falácia. 
E) Desrazão.

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