PATRIMÔNIO E BALANÇO PATRIMONIAL

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PATRIMÔNIO E BALANÇO PATRIMONIAL
A contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem, ela surgiu da necessidade do homem  de avaliar e controlar suas riquezas.
Apesar de se utilizar de métodos quantitativos (matemática e estatística), a contabilidade é considerada uma ciência social aplicada, pois sofre a interferência das ações do homem. Seu objeto é o patrimônio.
A contabilidade foi crescendo lentamente, sempre acompanhando o desenvolvimento econômico e social, hoje, podemos dizer que a contabilidade está na sua principal fase que é a harmonização das normas contábeis. Este fato teve início a partir das Lei nº 11.638/2007 e posteriormente da Lei nº 11.941/2009 que alteraram a Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas.  
De acordo com FAHL (2009, pág 2) “Essa nova lei, em conjunto com os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),  propicia uma harmonização das Normas Brasileiras de Contabilidade e as Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS (International Financial Reporting Standards). A adoção de um conjunto único de normas contábeis, trará, inegavelmente, uma série de benefícios para a comunidade global, além de melhorar a qualidade, a transparência e a confiabilidade das informações”.
Para estudarmos contabilidade é necessário compreendermos alguns conceitos.  Como o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio, é fundamental conhecermos a sua composição.
Todo patrimônio é formado por um conjunto de bens, direitos e obrigações.  Bens são as coisas úteis que são capazes de suprir as necessidades de seus donos (pessoa física ou jurídica), temos como exemplo:   dinheiro,  veículo,  imóvel,  mercadorias e etc. Direitos são todos os valores que os proprietários (pessoa física ou jurídica) têm a receber, temos como exemplo:  duplicatas a receber decorrente das vendas a prazo, promissória a receber, bancos, aplicações financeiras e etc. Os Bens e os Direitos compõem a parte positiva do patrimônio e são conhecidos como ATIVO.
As obrigações são todos os valores que a empresa ou pessoa física precisa pagar para terceiros, temos como exemplo: os fornecedores decorrentes das compras a prazo, promissórias a pagar, salários a pagar, impostos a pagar, empréstimos a pagar e outros. As obrigações representam a parte negativa do patrimônio e são conhecidas como PASSIVO.
O patrimônio é formado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações e há uma equação básica para descobrir a situação líquida da empresa.
Situação Líquida = Bens + Direitos – Obrigações
A Situação Líquida pode ser positiva, negativa ou nula. Se os bens e direitos forem maiores que as obrigações, temos uma situação líquida positiva. Se os bens e direitos forem menores que as obrigações, temos uma situação líquida negativa. Se os bens e direitos forem iguais as obrigações, temos uma situação líquida nula.
 
Veja a figura abaixo:
Figura 1: Situação Líquida
Fonte: Elaborada pela autora
 
A situação Líquida também pode ser chamada de Patrimônio Líquido, que  é considerado  a riqueza líquida da empresa, ou seja, a parte que resta para seus sócios e para a empresa,  é o retorno dos investimentos da empresa.
Agora que conhecemos todos os elementos do patrimônio da empresa, já temos condições de montar um Balanço Patrimonial. O Balanço Patrimonial, para efeitos didáticos tem o formato da letra “T”, e é composto de dois lados. Do lado esquerdo estão às contas que representam o ATIVO e do lado direito estão às contas que representam o PASSIVO e o PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
Observe a Figura:
 
Figura 2:  Representação do Balanço Patrimonial 
RESUMO
Vimos que o objeto da contabilidade é o PATRIMÔNIO, e seu objetivo principal é fornecer informações para tomada de decisão, seja ela de natureza financeira, econômica, produtiva ou outras. 
 
O Patrimônio é formado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações. Os bens e direitos constituem o ATIVO e as obrigações constituem o PASSIVO, temos ainda a SITUAÇÃO LÍQUIDA ou PATRIMÔNIO LÍQUIDO, que é a riqueza da empresa, ou seja, o retorno dos investimentos. Dessa forma é constituído o Balanço Patrimonial, um relatório que demonstra a posição financeira e patrimonial da empresa.
 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE)
A Demonstração do Resultado e o Balanço Patrimonial são os demonstrativos contábeis mais utilizados pelas empresas. Enquanto o Balanço Patrimonial mostra a situação financeira e patrimonial, a Demonstração de Resultado mostra a situação econômica da empresa, ou seja, demonstra se a empresa obteve lucro ou prejuízo durante o exercício social.
Este demonstrativo é composto de todas as contas de resultado e não envolvem as contas patrimoniais (ATIVO, PASSIVO E PL). As contas de resultados são classificadas em três grandes grupos: RECEITAS, CUSTOS e DESPESAS.
 
O CPC 00 - R1 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) – define as contas de resultado:
 
Figura 3: Conceito de Receitas de acordo com o CPC 
Fonte: Elaborada pela autora
 
Figura 4: Conceito de Despesas de acordo com o CPC 
Fonte: Elaborada pela autora
 
Foi comentado acima, que as contas patrimoniais e as contas de resultado não se misturam, as contas patrimoniais são alocadas no Balanço Patrimonial e as contas de resultado são alocadas na Demonstração de Resultado. Porém, existe uma relação entre estes demonstrativos, o resultado final da empresa (lucro ou prejuízo), demonstrado na DRE será transferido para o grupo do Patrimônio Líquido no Balanço Patrimonial.  
Através dos conceitos apresentados pelo CPC, fica claro que as Receitas aumentam o Patrimônio Líquido da empresa, enquanto as Despesas reduzem o Patrimônio Líquido. É importante notar que o CPC considera os custos como parte integrante das despesas.
A Demonstração de Resultado deve seguir o princípio da competência, ou seja, os registros das contas devem ocorrer de acordo com a realização das receitas, custos e despesas e não de acordo com o recebimento ou pagamento. As despesas e os custos devem ser reconhecidos no momento em que as receitas também são reconhecidas.
Veja os exemplos a seguir:
Salários a Pagar para os funcionários: Geralmente as empresas pagam o salário dos funcionários no 5º dia útil do mês seguinte. Se o funcionário trabalhou em janeiro, irá receber no 5º dia útil do mês de fevereiro. Pelo princípio da competência, o reconhecimento das despesas com salários será no mês de janeiro, pois, foi em janeiro que ocorreu o fato (o serviço que o funcionário prestou para a empresa),  independente do pagamento que acontecerá em fevereiro.
Receitas de Vendas a prazo:  Determinada  empresa vendeu seus produtos a prazo, a entrega dos produtos aconteceu no mês de fevereiro e o recebimento acontecerá em maio. Pelo princípio da competência, o reconhecimento das receitas de vendas será no mês de fevereiro, pois, foi em fevereiro que ocorreu o fato (venda e entrega das mercadorias), independente do pagamento que só acontecerá em maio.
 
As contas de resultado são contabilizadas durante o ano e encerradas no último dia do exercício contábil, ou seja, geralmente no  período de um ano, que se inicia em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro.
 
Para saber detalhadamente sobre as contas e a estrutura da DRE,  acesse o link a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm e leia o art. 187.
 
Veja o exemplo da Demonstração de Resultado (DRE) em consonância com a Lei das S.A.
Tabela 1 - Modelo da Demonstração de Resultado.
Fonte: Elaborada pela autora
 
Agora, chegou a hora de entender o conceito de cada item da DRE.
Receitas Brutas de Vendas: são as vendas de mercadorias, produtos ou prestação de serviços. Está relacionada à atividade principal da empresa.
Deduções da Receita Bruta: são itens que reduzem o valor da Receita Bruta, tais como: Impostos sobre Vendas, Devoluções e Abatimentos.
Receita Líquida de Vendas: são as vendas líquidas, ou seja, a diferença entre as vendas brutas e as deduções.
Custos das Vendas: é o reconhecimento do custo no momento da venda da mercadoria, produto ou serviço.Lucro Bruto: é o valor obtido através da diferença da Receita Líquida das Vendas e dos Custos das Vendas.
Despesas Operacionais: são os gastos necessários para a obtenção da receita. As Despesas são divididas em quatro grupos: despesas administrativas, despesas de vendas, resultado financeiro e outras despesas e receitas.
Resultado Operacional antes do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro: é a diferença do Lucro Bruto e das Despesas Operacionais.
Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro: é o valor devido do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro.
Resultado Líquido antes das Participações: é a diferença entre o Resultado antes dos Impostos e as Provisões dos Impostos.
Participações de Administradores, Empregados, Debêntures e Partes Beneficiárias: é o valor que deve ser distribuído aos administradores, empregados, debêntures e partes beneficiárias de acordo com o estatuto da empresa.
Resultado Líquido do Exercício: é o resultado final da empresa (Lucro ou Prejuízo). Se houver lucro, deverá ser distribuído como dividendos (passivo circulante) e reservas de lucros (patrimônio líquido), e no caso de Prejuízo deverá ser transferido para a conta Prejuízos Acumulados (patrimônio líquido).
 
Situação problema:
O gerente contábil da empresa Plutão S.A , precisa apresentar o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado, referente ao ano de 2015 para seus diretores.  Diante disto, ele solicitou para o analista contábil da empresa a relação das contas.
 
 
Agora, o gerente contábil deverá classificar as contas patrimoniais e contas de resultado e elaborar os demonstrativos solicitados.
 
Segue material que contribuirá para a resolução da situação problema.
http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/estruturabalanco.htm
http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/demonstracaodoresultado.htm
https://www.youtube.com/watch?v=ipUuFCrmUXk.
http://bibliotecadigital.pb.utfpr.edu.br/bibliotecadigital/index.php/ecap/article/viewFile/452/230.
 
RESUMO
A Demonstração de Resultado - DRE-  é um relatório muito importante para qualquer empresa. Esta demonstração mostra a situação econômica da empresa (lucro ou prejuízo). Ela é muito utilizada pelos gestores para o planejamento e controle, e juntamente com o Balanço Patrimonial,  tornam-se relatórios essenciais para qualquer  tomada de decisão.
As contas de resultado compõem-se de três grupos: Receitas, Custos e Despesas, e esses grupos são apresentados na DRE de forma dedutiva,  sempre cumprindo o princípio da competência.
O resultado apurado na DRE é transferido para o grupo do Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial, ou seja, não é possível elaborar um Balanço Patrimonial, sem antes, elaborar a DRE.
MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS - DÉBITO E CRÉDITO
 
O método das partidas dobradas é conhecido universalmente e sua obra foi publicada em 1494 pelo frei Luca Pacioli.
Este método é utilizado na escrituração dos fatos contábeis e determina que, para  todo débito existe um crédito de igual valor.
De acordo com FAHL (2009, pág 79) "Na contabilidade, débito e crédito servem para registrar as mudanças do patrimônio por meio dos aumentos ou diminuições dos saldos das contas contábeis".  
A escrituração ou contabilização é o início do processo contábil, é através da escrituração que se elabora os relatórios ou demonstrativos contábeis, úteis para a tomada de decisão. Antes de elaborar o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultado e outros demonstrativos contábeis, é necessário realizar a escrituração.
Para compreendermos melhor, veja a regra do débito e crédito. 
 
Regra: Débito e Crédito
 
Para saber mais sobre o método das partidas dobradas, assista o vídeo a seguir.
https://www.youtube.com/watch?v=CjMi_9lo22s 
 
RAZONETES OU RAZÃO
 
Após os registros dos fatos contábeis pelo método das partidas dobradas, é necessário inserir os dados nos razonetes, também conhecidos como razão contábil.  Este relatório demonstra a movimentação e o saldo de todas as contas contábeis individualmente. 
O razonete é representado pela letra "T". Veja  a figura.
 
Figura 5: Representação do Razonete
 
Fonte: Disponível em: http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/razao.php. Acesso em 26. jan. 2016.
 
Para preencher os razonetes, é necessário acompanhar a escrituração e seguir os seguintes passos:
1) Abrir um razonete para cada conta contábil de acordo com os fatos contabilizados.
2) Apurar os saldos finais de cada razonete (cada razonete terá um saldo final a débito ou a crédito).
 
Dica: As contas do ativo, custos e despesas (exceto as contas redutoras) sempre terão o saldo final devedor. E as contas do passivo, patrimônio líquido e receita (exceto as contas redutoras) terão o saldo final credor. 
 
Veja o vídeo a seguir, e entenda melhor a metodologia do Razonete ou Razão Contábil
https://www.youtube.com/watch?v=BwaTKQZtpa4
 
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO
O Balancete de Verificação é um relatório contábil que vêm após o razonete.  Ele tem a função de verificar se o total dos saldos devedores é igual ao total dos saldos credores.
Para compreendermos o Balancete, é necessário relembrar o processo contábil, que  se inicia com o registro dos fatos contábeis através dos lançamentos,  na sequência é feito os razonetes, que é o agrupamento dos lançamentos por conta contábil, e na sequência o Balancete de Verificação. Os razonetes e o Balancete  demonstram a movimentação e o saldo final de cada conta contábil, porém o modelo de relatório é diferente.
Há diversos modelos de estruturas referente ao Balancete de Verificação. Existem balancetes de duas, quatro, seis e oito colunas. A empresa escolhe o que for mais apropriado e úteis para suas necessidades.
O Balancete de Verificação identifica se os saldos contábeis estão em equilíbrio. Se houver o desequilíbrio contábil, ou seja, se o total do débito não for igual ao total do crédito, significa que existem lançamentos incorretos.
Existem alguns erros que o Balancete de Verificação não detecta como exemplo:
a) lançamento em conta incorreta.
b) inversão de lançamento.
c) duplicidade.
d) valores lançados a menor ou a maior.
 
Veja o vídeo a seguir sobre o método de preenchimento do Balancete de Verificação. 
ARE - APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Como já comentamos anteriormente, toda empresa é obrigada a encerrar suas contas de resultado no final de período,  para apurar se a empresa teve lucro ou prejuízo.  Esse método é conhecido como Apuração do Resultado do Exercício ou de forma simplificada ARE.
De acordo com FAHL (2009, pág 103) "Apurar o resultado do exercício consiste em confrontar contas de receita e contas de despesas com a finalidade de verificar se a movimentação patrimonial da empresa gerou um resultado positivo (lucro) ou um resultado negativo (prejuízo) durante o exercício social".
Ficou claro que o encerramento das contas contábeis, referem-se as contas de resultado e não as contas patrimoniais, portanto no final do período todas as contas de resultado serão zeradas e não levarão saldo para o ano seguinte. Já as contas patrimoniais carregam seus saldos para o próximo ano. 
A ARE é semelhante a DRE, pois utilizam-se do mesmo grupo de contas, ou seja, as contas de resultado. O mesmo resultado apurado na ARE (lucro ou prejuízo) será igual ao resultado da DRE. A diferença entre a ARE e a DRE é a sua representação, a ARE é um método contábil de encerramento das contas, enquanto a DRE é um relatório que demonstra essas contas. A DRE pode ser elaborada mensalmente, enquanto a ARE só é feita no último dia do exercício social, que geralmente é 31 de dezembro. 
PROCESSO CONTÁBIL 
Para você entender melhor o processo contábil completo, veja o o exemplo do caso da empresa JJ Informática Ltda.  Entenda como foi utilizado a regra do débito e crédito nos fatos contábeis e a aprenda a elaborar os demais demonstrativos contábeis.