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Armagedom ARMAGEDOM Hans K. LaRondelle, TH.D. CURSO DE EXTENSÃO ANDREWS IPAE – 1976 ÍNDICE Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Esboço: CINCO PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA DAS ESCRITURAS DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 CAPÍTULO 1 : PRIMEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . 13 CAPÍTULO 2 : SEGUNDO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 18 CAPÍTULO 3 : TERCEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 32 CAPÍTULO 4 : QUARTO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 56 CAPÍTULO 5 : QUINTO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . . 69 CAPÍTULO 6 : TEXTOS DE DIFÍCIL INTERPRETAÇÃO (Rom. 11:25 e 26; Mat. 23:39; Luc. 21:34) . . . . . . 73 CAPÍTULO 7 : OBJETIVO DA ESCATOLOGIA ADVENTISTA . . . 80 CAPÍTULO 8 : A IDENTIDADE BÁSICA DA GUERRA APOCALÍPTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 CAPÍTULO 9 : DOIS PARTIDOS – ISRAEL E OS PAGÃOS . . . . . . 86 CAPÍTULO 10: O VALE DE JOSAFÁ E O ARMAGEDOM . . . . . 95 CAPÍTULO 11: AS SETE ÚLTIMAS PRAGAS . . . . . . . . . . . . . 112 CAPÍTULO 12: INTERPRETAÇÃO CRISTOCÊNTRICA DAS 6ª E 7ª PRAGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 APÊNDICE: OBSERVAÇÕES SOBRE URIAS SMITH . . . . . . . 145 1 Armagedom PREFÁCIO Os benefícios e conhecimentos que obtivemos no Curso de Extensão do Seminário da Universidade de Andrews, realizado em Fevereiro, 1976, no Instituto Petropolitano Adventista de Ensino, não podem ficar limitados somente a nós que tivemos o grande privilégio de nos tornarmos discípulos, durante 15 dias, do eminente e fecundo professor Hans K. LaRondelle que com muita maestria e facilidade de expressão descortinou os horizontes da linda matéria denominada "Escatologia Bíblica". Através desse estudo apurado e meticuloso das profecias de Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e Joel, pudemos compreender o seu cumprimento no Novo Testamento, especialmente no livro do Apocalipse. A matéria contida nesta apostila, referente a "Escatologia Bíblica", foi colhido durante as aulas do ilustre e preclaro Professor Hans K. LaRondelle, num esforço monumental dos Pastores Samuel Rodrigues e Alcides Cruz, que gravaram, para não perder uma só palavra daquilo que foi ministrado. É um material muito precioso e utilíssimo, tanto para pastores como também para leigos, especialmente para o tempo em que as Profecias indicam o fim de todas as coisas e o retorno de nosso Senhor Jesus Cristo à Terra. Portanto, como um dos alunos do Professor LaRondelle no referido curso e como Secretário do Departamento Ministerial e de Evangelismo Público da Associação Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia, recomendo a todos os colegas e irmãos em Cristo esta obra de valor inestimável. Pastor Alcides Campolongo. 2 Armagedom CINCO PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA 1. A Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio intérprete. S. João 5:39; Heb. 1:1,2; I Ped. 1:10-12; II Tim. 3:15-16; II Cor. 1:20; 3:14-16; II Ped. 1:19-21. Conselhos aos Professores, p. 391; Educação, p. 190; Parábolas de Jesus, p. 127-128; Veja L. Froom, Movement of Destiny, cap. 5. 2. O Novo Testamento ensina o cumprimento Cristológico- eclesiológico das profecias do Reino no Velho Testamento em duas fases, centralizadas nos dois adventos de Cristo. Mat. 12:6, 28, 32; 13:37-43; 28:20; Heb. 1:2; 9:26-28; Atos 2:16- 17, 33; 3:21; I Cor. 10:1-11; 15:50; I Ped. 1:20; II Ped. 3:13. 3. As muitas promessas do concerto à casa de Israel e à casa de Judá no Velho Testamento tiveram um cumprimento inicial depois do exílio assírio-babilônico, estão tendo um cumprimento presente no ajuntamento de judeus e gentios crentes na igreja de Cristo e terão seu cumprimento futuro na reunião universal de todos os judeus e gentios crentes de todos os cantos da Terra para a visível Volta de Cristo dos céus e para o reino da glória. Deut. 30:1-10; Isa. 11:11-16; 43:5-7; 49:10-13; Ezeq. 36:24; 34:21-24; 34:11-23; Osé. 1:10-11; 1:12; Amós 9:11-12. A: Esdras 1 e 7. PR, 703-704. B: Mat. 12:30; 18:20; 23:37; João 10:11; 14-16; 12:49-52; Atos 15:13-21. PR, 374- 375, 714-715 C: Mat. 24:30-31; 25:31-33. I Tess. 4:16-17; PR, 720; PJ 179. 3 Armagedom 4. Ao aplicarmos as promessas de ajuntamento do Velho Testamento à dispensação cristã e ao futuro, o Novo Testamento oferece estas promessas aos crentes em Cristo de todas as raças e amplia a terra prometida ao mundo inteiro, removendo todas as limitações étnicas e geográficas, mesmo quando a terminologia e os símbolos usados no Velho Testamento são mantidos. Êxo. 19:4-6 em I Ped. 2:9 e Apoc. 5:10; Jer. 31:31-34 em Heb. 8:8-12 e Apoc. 21:3-4; 22:3-4. Mat. 5:5, 14; João 4:21-23; Rom. 4:13; Heb. 12:22-24; Apoc. 14:1; II Ped. 3:13; He. 11:9-10, 13-16. 5. Ao aplicarmos as profecias de reunião do Velho Testamento ao tempo pós-milênio, o Apocalipse de João (cap. 20-22) não mais se refere à Jerusalém antiga, mas à Nova Jerusalém, a noiva do Cordeiro, que descerá de Deus dos Céus à Terra no fim do Milênio. Esta é a consumação final de todas as profecias apocalípticas, centralizadas em Cristo e Sua Santa Cidade, a capital da Nova Terra. Gál. 3:16; II Cor. 5:14; Gál. 3:27-29; Gál. 6:15, 16; II Cor. 1:1, 2; Êxo. 19:5 e 6. 4 Armagedom INTRODUÇÃO A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é uma Igreja como as outras, e sim um cumprimento das profecias bíblicas. Isto é o que nós cremos. Onde encontramos na Bíblia as características da igreja remanescente? Em Apoc. 14:6-12 – a tríplice mensagem angélica. Temos muita coisa em comum com as outras igrejas protestantes, como por exemplo, a justificação pela fé. Não ensinamos nenhum meio de salvação diferente do que ensinaram Lutero e Calvino. A singularidade dos adventistas não reside na maneira da salvação, mas na maneira de ver os últimos acontecimentos. Aí está a base de nossa missão como igreja. Esta doutrina dos últimos acontecimentos, todavia, não é algo diferente dos evangelhos, mas restaura o evangelho em sua plenitude. Lemos em Apocalipse 14 que o resultado das três mensagens angélicas será um povo que guarda os mandamentos da Lei de Deus e conserva o evangelho de Jesus Cristo. "Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus." (Apoc. 14:12). Esta é a descrição da igreja remanescente nos últimos dias. Notamos que há três características: (1) Um povo que persevera apesar das perseguições. (2) Um povo que guarda os mandamentos de Deus. (3) Um povo que persevera na fé em Jesus. Em outras palavras, esta igreja remanescente une novamente o evangelho e a lei. As igrejas apostatadas divorciaram a lei do evangelho. Quando separamos a lei do evangelho, temos o LEGALISMO, ou senão ANTINOMIANISMO (ausência de lei). São dois extremos. Somos considerados pelas outras igrejas como legalistas. O que fazer? Devemos exaltar Jesus Cristo como o centro e o coração da lei e do evangelho. Cristo une a lei e o evangelho, tornando-as uma só coisa. Cristo é a personificação da lei e da graça divina. Cristo é mais do que os Dez Mandamentos. É mais que o perdão. Tendo Cristo, possuímos tudo o que 5 Armagedom precisamos. Cristo é mais que todas as doutrinas. Nenhuma doutrina podenos salvar, mesmo que seja correta. Há pessoas que simplesmente aceitaram as 27 doutrinas de nossa igreja. É possível que elas se converteram à igreja e não a Cristo. Há perigo de buscar apenas números, quantidade, e não qualidade. Se queremos que o nosso trabalho permaneça pela eternidade, devemos ter a preocupação de conquistar almas para Cristo e não para a igreja – levá- las a um relacionamento íntimo com Jesus. Se essas almas encontrarem a Jesus, então permanecerão na igreja. Devemos estar enraizados em Cristo, e isto leva algum tempo. A Sra. White aconselha-nos a meditar em Jesus uma hora por dia. Se desejamos uma vida espiritual forte não saiamos de nossa casa sem antes falar com Deus. Todo trabalho sem meditação e oração será infrutífero. O que fará tal povo? Três anjos são mencionados. Falamos em três mensagens angélicas, mas na verdade há uma só mensagem evangélica. Qual é essa mensagem? Encontramos a resposta em Apoc. 14:6 – o Evangelho Eterno. O que significa evangelho eterno? Evidentemente, o primeiro anjo é um anjo evangélico. Ele fala sobre o juízo, a adoração, mas é o evangelho como sempre tem sido. É a única vez em que é mencionado o "evangelho eterno" na Bíblia. Se considerarmos esta expressão "eterno" somente no futuro, está errado. Ela envolve também os seis mil anos de história passada. Significa evangelho antigo que não pode mudar. Por que Deus enfatiza tanto que a última geração deve pregar este evangelho que não muda? Porque o evangelho parece estar enfrentando o perigo de ser torcido. Nós também podemos correr o risco de torcê-lo. Como saber se estamos pregando o evangelho certo? Paulo dá a resposta em Gál. 1:6-9. Ele nos diz que estamos sob a maldição de Deus se pregamos outro evangelho. O evangelho não é sentimentalismo, tem uma estrutura definida, divinamente revelada, de salvação e santificação. É necessário dar uma segura orientação ao pensamento e nossa pregação. 6 Armagedom No Antigo Testamento, encontramos em Isaías 53 uma exposição bem estruturada do Evangelho. É a culminação das profecias do Antigo Testamento. No Novo Testamento, o livro de Romanos apresenta o evangelho bem sistematizado. Lutero e Calvino usaram os livros de Romanos e Gálatas. Eles não compreendiam o sábado como nós. Como fizeram para identificar o papado como o Anticristo? O Anticristo é a falsificação do Cristo; portanto, é necessário identificar primeiramente o Cristo. Devemos estabelecer o Anticristo a partir do Cristo, e não da lei. Somente quando Lutero encontrou o Cristo pôde ele identificar o Anticristo. O ponto a ser observado é o evangelho da graça (gratuita). Isto é negado pelo Anticristo, que mistura a graça com as obras. Graça nunca será graça enquanto estiver misturada com justificação pelas obras. A primeira mensagem angélica é a restauração do verdadeiro evangelho e implica num estudo renovado das epístolas de Romanos e Gálatas. A mensagem do segundo anjo encontramos em Apoc. 14:8 – "Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da ira da sua prostituição." É a primeira vez que a palavra Babilônia é mencionada no último livro da Bíblia. O autor presume que todos compreendem seu significado. Por que este segundo anjo anuncia a queda de Babilônia? Primeiro é preciso compreender o que é Babilônia. Dizer que Babilônia é igual a confusão é apresentar um estudo lingüístico sobre a palavra, e lingüística não é Bíblia. Esta explicação não é adequada. A maneira correta é procurar saber o que é Babilônia no Antigo Testamento. Há outros termos do Antigo Testamento usados no Apocalipse, por exemplo, Ancião de Dias, Armagedom, Jezabel, 144.000, Monte de Sião. Serpente, etc. Temos a impressão de que o último livro da Bíblia é um eco do Velho Testamento. 7 Armagedom Como entender estes termos? Não é suficiente saber que há uma correspondência ou analogia. É preciso saber aplicar à Babilônia de Nabucodonosor? Não. Existe uma analogia, mas não uma identidade. O essencial da Babilônia do Velho Testamento está relacionado com esta dos últimos dias. Esta correspondência recebe o termo teológico de relacionamento tipológico. São o tipo e o antítipo. O tipo é a prefiguração, uma sombra de outra coisa. É uma profecia não meramente em palavras, mas em atos, eventos, pessoas. Uma profecia só em palavras não é um tipo. O antítipo é o cumprimento da prefiguração, por exemplo: Davi é um tipo de Cristo. O cordeiro no ritual do santuário era um tipo de Cristo. Israel é um tipo da igreja. O antítipo é sempre maior que o tipo. Esta relação entre o tipo e o antítipo deve aplicar-se aos termos no Novo Testamento referidos no Velho Testamento. Babilônia no Novo Testamento não é um tipo, pois os tipos estão normalmente no Antigo Testamento, e os antítipos no Novo Testamento. A Babilônia ou Segunda mensagem angélica deve ser compreendida no Antigo Testamento (tipo). O tipo está relacionado com a nação de Israel, e esta com Jeová, Deus de Israel. BABILÔNIA ISRAEL JEOVÁ Como identificar Babilônia no Antigo Testamento? Devemos defini-la não historicamente mas teologicamente, isto é, do ponto de vista de Deus. Pelo contexto do Velho Testamento, o Criador relacionou-se com seu povo, Israel, por meio de um concerto. Babilônia era inimiga de Deus e de Israel, no culto a Jeová, do evangelho de Jeová, do caminho da salvação. O meio de salvação defendido por Israel era justificação pela fé, representada pelo serviço do Santuário. Todo cordeiro lá sacrificado era uma confissão desta justificação pela fé. O meio de salvação babilônico era totalmente diferente, como podemos notar já pela torre de Babel, que é a primeira Babilônia. A torre significa a salvação pelas obras. Este é o princípio que Lutero descobriu no papado. 8 Armagedom Nunca, ao tratar este assunto com luteranos, pentecostais, etc., devemos mencionar o sábado. Em primeiro lugar deveríamos tocar neste ponto comum entre metodistas, pentecostais, etc., dizendo que a Babilônia do Novo Testamento é basicamente a mesma Babilônia do Antigo Testamento. Para descobrir as características de Babilônia de hoje precisamos saber quais as características de Babilônia no passado. É fácil dizer a um católico romano: "Você é Babilônia", mas ele dirá: "Fora daqui!" Devemos conquistá-lo, despertar seu interesse pelo assunto. Não podemos dizer que o papado é Babilônia. Não temos autoridade para isto. A única autoridade é a Bíblia. O católico romano aceita o Velho Testamento porque é histórico, é um fato. Se ele descobre no Antigo Testamento que Babilônia é inimiga de Israel, do próprio Deus e da salvação, possivelmente concordará com esta explicação. Ele ainda não sabe que esta Babilônia do Velho Testamento é um tipo da Babilônia Moderna. Como explicar-lhe isto sem ofendê-lo? Não posso convencer ninguém através de minhas convicções ou meu entusiasmo, mas através das razões da minha convicção. Fazer apelos sentimentais não é suficiente. É preciso um trabalho responsável, para que as razões penetrem em seu coração e o Espírito Santo o convença, então ele dirá: "Eu creio." Para identificar a Babilônia atual é preciso identificar o Israel de hoje e o Deus de Israel nos dias atuais. Jeová do Novo Testamento é Cristo – todas as igrejas concordam que Israel corresponde à igreja do Novo Testamento. Portanto, a Babilônia de hoje deve ser inimiga de Cristo e de Sua igreja. Todos concordam ainda. O problema é que cada um pensa que a sua igreja é a de Cristo. MasApoc. 14:12 configura a legítima igreja: a que guarda os mandamentos e o testemunho de Cristo. Até aqui temos considerado as duas primeiras mensagens angélicas. A terceira será considerada mais adiante. Para entender a Bíblia, precisamos estudar toda a Bíblia. O livro do Apocalipse está enraizado no Antigo Testamento. Mais de 400 expressões 9 Armagedom do Velho Testamento são usadas no Apocalipse. Este livro é um mosaico de todas as imagens e terminologias do Antigo Testamento. Temos aqui uma porção de relações tipológicas Cristocêntricas – centralizadas em Deus e em Cristo. Em Testemunhos para Ministros, à pág. 113, diz-nos a Sra. White: "Quando nós, como um povo, compreendermos o que este livro (Apocalipse) para nós significa, ver-se-á entre nós um grande reavivamento. Não compreendemos plenamente as lições que ele ensina, não obstante a ordem que nos é dada seja de examiná-lo e estudá-lo." Se este curso não proporcionar um reavivamento, ele fracassou. O estudo de Daniel e Apocalipse trouxe um reavivamento ao meu coração. A mente só fala a outras mentes, contudo o coração fala a outros corações. Eu falo de coração a coração porque foi o estudo destes livros que fez de mim um Adventista do Sétimo Dia. Lemos em Testemunhos para Ministros, à pág. 114: "Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos, terão os crentes uma experiência religiosa inteiramente diferente." Que diferença será esta? Será uma experiência que salva? Esta experiência ocorre na conversão. Há muitos cristãos em outras igrejas. Os Adventistas do Sétimo Dia têm uma segunda experiência: Daniel e Apocalipse nos dão um senso de urgência e missão para este mundo. Fala-se muito de política, pouco de Cristo. Assim nos distanciamos de Jesus. Neste mesmo livro Ellen White afirma à pág. 118: "Deixemos que Daniel fale, que fale o Apocalipse e digam a verdade. Mas seja qual for o aspecto do assunto apresentado, elevai a Jesus como o centro de toda a esperança, 'a RAIZ e a Geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã' Apoc. 22:18." Cristo deve ser elevado em todo aspecto deste assunto – eis um conselho muito importante. Ela não diz que Urias Smith, ou Ellen White, mas que Daniel e Apocalipse devem falar. Nossa primeira inclinação é: Urias Smith, o Dicionário, o Comentário, a Igreja diz, mas não é o método correto. A primeira regra hermenêutica é: "A Bíblia é seu 10 Armagedom próprio intérprete." A Bíblia foi escrita por pessoas simples e pode ser explicado de uma forma simples para pessoas simples e a nossa excelência e grandeza pode ser provada através da simplicidade ao explicar a Bíblia. Alguns têm perguntado se devemos nos satisfazer com as obras de Urias Smith sobre Daniel e Apocalipse. Ver Apêndice. Devemos estudar as profecias não cumpridas com normas que chamamos de "princípios de hermenêutica". Deixemos que Daniel e Apocalipse se interpretem pela própria Bíblia. Precisamos nos unir quanto a estes princípios, que serão analisados a seguir. Por que precisamos destas regras ou princípios de interpretação? Há três razões básicas: (1) Para nossa salvaguarda contra especulações e heresias. (2) Uma garantia de certeza da tríplice mensagem angélica. (3) Segurança quanto à unidade das Escrituras Sagradas e a fé. Se os princípios hermenêuticos forem claros, os erros poderão ser detectados, e teremos uma compreensão mais ampla dos assuntos. Em relação à hermenêutica, ou seja, regras de interpretação, há duas posições extremas: a) LITERALISMO b) ALEGORISMO LITERALISMO: Divorcia a palavra do seu contexto literal e histórico. É uma especulação sobre o termo, isolado do seu contexto. ALEGORISMO: Os rabinos eram mestres no alegorismo. Deve-se notar que nem toda alegoria é alegorismo. O sufixo ismo indica um falso uso. A alegoria é válida, dentro do seu contexto, mas alegorismo entra no campo da especulação. Ele sempre rejeita o contexto histórico ou literal. Agora que já conhecemos duas posições erradas, qual seria a posição correta? Não é só pelo fato de recusarmos os dois extremos que teremos o correto, que poderia ser definido como "interpretação histórico- redentora" (de acordo com o contexto histórico e com o plano da redenção). Este termo não diz tudo; poderíamos também dizer que é uma 11 Armagedom interpretação tipológica, porque a tipologia leva em consideração o contexto histórico e literal e o seu progresso na história da redenção. Adverte-nos a Sra. White em O Grande Conflito, pág. 521: "Com o intuito de sustentar doutrinas errôneas ou práticas anticristãs, alguns apanham passagens das Escrituras separadas do contexto, citando talvez a metade de um simples versículo, como prova de seu ponto de vista, quando a parte restante mostraria ser bem contrário o sentido. Com a astúcia da serpente, entrincheiram-se por trás de declarações desconexas, interpretadas de maneira a convir a seus desejos carnais. Muitos assim voluntariamente pervertem a Palavra de Deus. Outros, possuindo ativa imaginação, lançam mão das figuras e símbolos das Escrituras Sagradas, interpretam-nos de acordo com sua vontade, tendo em pouca conta o testemunho das Escrituras como seu próprio intérprete, e então apresentam suas fantasias como ensinos da Bíblia." O SDA Bible Commentary, vol. IV, pág. 37, diz: "Não há proteção mais segura contra as divagações religiosas especulativas de visionários do que um conhecimento claro do contexto histórico das Escrituras." Isto está em harmonia com o contexto das Escrituras. Todos os estudiosos da Bíblia aceitarão estes princípios, exceto os fanáticos. Diz o nosso Comentário, à mesma página, que "o estudante da Bíblia procurará em primeiro lugar reconstruir o contexto histórico de cada passagem." É por isso que tentamos fazer o contexto histórico de Babilônia. 12 Armagedom PRIMEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA A Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio intérprete. (Todas as passagens indicadas no esboço à pág. 3 devem ser lidas). Não devemos partir de uma falsa posição ou de idéias preconcebidas, pois este é o sistema do literalismo. Se queremos ter princípios hermenêuticos de interpretação bíblica, devemos buscá-los na própria Bíblia, e não impô-los sobre a Bíblia. Por exemplo, o ser humano é composto de carne e sangue. Mas se fosse apenas sangue e carne, sua forma seria como gelatina. O que mantém o ser humano em pé é uma estrutura de ossos. Mas não se vê nenhum osso exposto, porque eles estão sob a carne. Se algum osso estiver aparecendo, é caso de levar ao hospital. Mas ele é feito de carne e osso, e possui um princípio de vida que o mantém vivo ao perseguir seu alvo. Alguns têm considerado a Bíblia como uma biblioteca de 66 volumes, mas este conceito não é correto. A Bíblia é uma unidade, ou mais que isto, é um organismo, possui vida. Tem carne, sangue, mas também tem um esqueleto, que não está na superfície, mas escondido, é preciso procurá-lo. É por esta razão que devemos testar estes princípios de hermenêutica. Não queremos compreender as profecias ainda não cumpridas? Queremos compreender Daniel 11 sobre os Reis do Norte e do Sul, queremos estudar o secamento do rio Eufrates e os 144.000 no Monte Sião. Mas há muita confusão quanto a estes assuntos. Não devemos dizer simplesmente: "Isto é assim." Estaríamos sendo autoritários, e implicaria que as pessoas teriam que acreditar em nós. Há um caminho melhor – o único legítimo: Estudar as profecias já cumpridase descobrir os princípios que regem profecia e cumprimento. Depois, transportar estes princípios para as profecias ainda não 13 Armagedom cumpridas. As mesmas regras válidas para uma, devem ser válidas para as outras. O que necessitamos é coerência em Cristo Jesus. A Sra. White diz: "Coerência, és uma jóia!" Qualquer hermenêutica que não esteja fundamentada na unidade da Bíblia não é hermenêutica. A Bíblia é uma unidade espiritual. Lutero, Calvino e Zuinglio acreditavam neste primeiro princípio. "A Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio intérprete." Aqui residiu o poder da primeira Reforma. Eles formularam "A Escritura é seu próprio intérprete". Eu acrescentei as palavras "como um todo orgânico em Cristo Jesus". É Jesus Cristo que mantém a Bíblia em unidade, "como um todo orgânico". Ela não foi feita por homens. A Igreja Católica atribui a si o direito de fixar o Cânon das Escrituras, mas a Reforma não aceitou esta autoridade. O Cânon Bíblico não foi absolutamente estabelecido por homens, mas cresceu organicamente dirigido por Deus. O homem pode fazer cadeiras a partir da madeira da árvore, mas isto não é um todo orgânico. Não há árvore que cresça como uma madeira; o homem não pode fazer uma árvore, nem ao menos uma folha. Uma árvore é um organismo e há um princípio de vida nela. Assim é a Bíblia. Ela não é um livro devocional escrito por homens, mas um Livro Divino, que cresceu na História sob a liderança de Deus. O povo judeu, particularmente os rabinos, aceitaram o Velho Testamento, mas recusam o Novo. O que faz do primeiro princípio de hermenêutica um princípio cristão? Por acaso há alguma disputa com os judeus sobre a legitimidade do Velho Testamento? Não. A igreja crê que o Novo Testamento é a interpretação correta do Velho Testamento, mas os judeus dizem: "Nós é que temos a interpretação do Velho Testamento, é o Talmud." O conflito, portanto, reside entre o Talmud e o Novo Testamento. Qual é a interpretação correta do Velho Testamento? O Talmud ou o Novo Testamento? Nós cremos no Novo Testamento por causa da fé 14 Armagedom em Jesus Cristo. E Ele era judeu. Foi o maior judeu que já existiu. O apóstolo Paulo também era judeu. Portanto, a fé no Novo Testamento nasceu no seio do judaísmo. O Novo Testamento foi escrito por judeus, inspirados pelo maior judeu, que é Cristo, para mostrar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Em outras palavras, o nosso princípio de hermenêutica pressupõe fé em Jesus Cristo. Ele é um princípio cristão. Ele não se impõe sobre a Bíblia, mas é derivado da Bíblia. Em S. João 5:39 lemos: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim." O verbo examinar no Indicativo mostra que as pessoas com as quais Jesus falava já examinavam as Escrituras e acreditavam que nelas estava a vida, mas o que elas não sabiam é que as Escrituras davam testemunho dEle. No verso 40 lemos que não queriam acreditar em Jesus. Jesus quis dizer que eles aceitavam a Bíblia, e isto é vida eterna, mas rejeitavam Aquele do qual as Escrituras testemunhavam. Como é possível separar as Escrituras de Cristo? Cristo está nas Escrituras, tornando-a um todo orgânico, uma unidade espiritual. Ele não estava falando do Novo Testamento, mas referia-se a Moisés, aos Salmos e aos Profetas. Nos versículos finais do capítulo, Ele diz que se não creram em Moisés, como crerão nas Suas palavras? Os judeus que rejeitaram a Jesus não criam mesmo em Moisés nem nos profetas. Quem não aceita o Velho Testamento não pode aceitar o Novo. O apóstolo Paulo enfatiza isto em II Cor. 3:14-16. Aqui ele faz uma comparação com Moisés, ao descer do Monte com a face brilhando por causa da glória de Deus. O povo pediu que ele cobrisse o rosto. Isto simbolizava velar a lei, não apontar o pecado. Aí começou a apostasia de Israel. O povo temia contemplar aquele brilho por causa de seu sentimento de culpa. É exatamente isto que acontece agora, diz Paulo. Rejeitaram Cristo como o Messias, negando as Escrituras (II Cor. 1:20). 15 Armagedom Jesus de maneira alguma anula o Velho Testamento, mas respeita e confirma-o no Novo Testamento. Jesus não traz uma nova religião diferente de Moisés. Em Heb. 1:1 e 2 aprendemos que Cristo é a continuação da revelação de Deus, que primeiro falou aos pais pelos profetas, e que agora fala por meio dEle. Isto estabelece a unidade básica entre o Novo Testamento e o Velho Testamento. Jesus é o Filho do Deus de Israel. O Velho e o Novo Testamento não estão em conflito. A Bíblia real é o Velho Testamento. O Novo Testamento mostra que o Velho Testamento deve ser interpretado e cumprido. É esta a resposta que devemos dar aos que dizem que o Velho Testamento é para os judeus e o Novo é para a igreja. Gostamos de achar um texto sobre o Sábado no Novo Testamento. É melhor perguntar à pessoa interessada: "Qual é o tamanho da sua Bíblia? Ela é só o Novo Testamento?" Depois deve-se ler Heb. 1:1 e 2 e provar Jesus Cristo no Velho Testamento e que ambos são um em Jesus Cristo. O Novo Testamento tem um relacionamento todo especial com o Velho Testamento. Poderíamos dizer que o Velho são as promessas e o Novo o cumprimento das promessas. O Antigo é sombra e o Novo a substância dessa sombra. O relacionamento mais importante entre ambos é que o Antigo Testamento é o tipo e o Novo o antítipo. E qual a relação entre o tipo e o antítipo? Tipo é a prefiguração e antítipo o cumprimento. Embora haja uma correspondência entre ao dois, o tipo não é igual ao antítipo. O antítipo é sempre mais que o tipo. Há uma intensificação de um para o outro. Cristo é mais do que Davi. O antítipo aperfeiçoa o tipo. Jesus iniciou a era especial do antítipo. Nunca nenhum rabino ousou fazer a afirmação de Cristo fez: "Eis aqui está quem é maior do que Jonas" (Mat. 12:41, ú.p.). O que isto significa? Ele estava Se referindo à Sua própria Pessoa. Ele era maior do que Jonas. Ao assim dizer, Ele queira dizer que a Sua mensagem de arrependimento era muito mais séria do que a de Jonas. Portanto, Ele comparou-Se com Jonas e a sua mensagem. Esta é uma relação 16 Armagedom tipológica. Jonas era um tipo de Cristo. Da mesma forma que ele esteve três dias no ventre do grande peixe, Cristo esteve três dias na sepultura. Não é interessante? Em Mat. 12:42 (ú.p.) Jesus afirmou: "Eis aqui está quem é maior do que Salomão." O que significa isto? Salomão foi o rei mais sábio que já existiu. Jesus disse que era maior do que ele – comparando com a sabedoria de Salomão, Ele era mais sábio. Afirmou também que era um rei maior do que Salomão. Jesus afirmava ser o mais exato cumprimento de todas as profecias e tipos dos profetas e reis do Velho Testamento. Afirmava ser o maior dos sacerdotes, e até o SHEKINAH como lemos em Mat. 12:6. Esta foi a mais inesperada afirmação feita por Jesus. Maior que o templo? Quem estava no lugar santíssimo do templo? A presença de Jeová, o SHEKINAH. Jesus afirmou ser o SHEKINAH encarnado. Diante disto, não havia outra escolha. Ou apedrejá-Lo ou adorá-Lo. Em Mat. 26:28 Ele afirmou que o Seu sangue era o cumprimento de todas as profecias que falavam em sangue. Cristo declarou que Ele foi o Antítipo perfeito. Portanto, a estrutura fundamental do Velho e do Novo Testamento é um relacionamento tipológico. Só podemos compreender a tipologia na Bíblia se pudermos compreender que Cristo é o centro desta estrutura tipológica. 17 Armagedom SEGUNDO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA "O Novo Testamento ensina o cumprimento Cristológico- Eclesiológico dasprofecias do Reino do Velho Testamento em duas fases, centralizadas nos dois adventos de Cristo." Vamos agora verificar se esta segunda regra é bíblica. Devemos nos conscientizar do que a Bíblia diz sobre o assunto. Esta segunda regra não tem provocado controvérsias em nossa igreja, é aceita por todos os cristãos. O termo CRISTOLÓGICO significa "cumprimento em Cristo". O termo ECLESIOLÓGICO significa "cumprimento na Igreja". Fala-se em profecias do Reino. Quais são estas profecias do Velho Testamento? O texto bíblico mais importante sobre este assunto é Gên. 3:15. Aqui está a chave para a compreensão de toda a Bíblia – suas promessas, concertos e profecias. Foi a primeira promessa dada ao homem. Foi um juízo contra a serpente. O que está implícito nesta profecia? Esta primeira promessa foi dirigida à serpente, e nossos primeiros pais a ouviram: "inimizade entre ti" – serpente; "e a mulher" – este mundo, humanidade; "entre a tua semente a sua semente." O que isto significa? Deus declarou que haveria guerra entre estas duas partes. A palavra semente é muito espiritual. Os que seguem a serpente são chamados semente da serpente, filhos de Satanás; os que seguem os princípios das promessas de Deus são chamados semente da mulher. Agradeçamos a Deus por ter posto esta inimizade entre a semente da serpente e nós, semente da mulher. Graças da Deus por nos conscientizar disto. A promessa diz que a semente da mulher esmagará a cabeça da serpente, no entanto, a semente da serpente ferirá o calcanhar da mulher. Quando matamos uma serpente com o calcanhar, ela pode ter 18 Armagedom a oportunidade de morder nosso calcanhar. Portanto, sofrimento está implícito neste esmagar da serpente. Foram estabelecidas duas profecias nesta promessa. Elas não se apresentam na ordem cronológica. A promessa do sofrimento da semente da mulher refere-se ao primeiro advento de Cristo. Na cruz, o calcanhar da semente da mulher foi ferido. A cabeça da serpente será esmagada por ocasião do segundo advento de Cristo, ou mais precisamente, do terceiro advento, após o milênio. Vemos neste único verso (Gên. 3:15) todo o plano da salvação delineado. Não é surpreendente? Esta promessa foi feita com o objetivo do homem conquistar o Paraíso e ali ser readmitido. As últimas páginas da Bíblia têm uma correspondência com as primeiras. No Gênesis, temos o homem no paraíso, com direito à árvore da vida. Nas últimas páginas da Bíblia temos o homem neste Paraíso restaurado, novamente com acesso à árvore da vida. A Bíblia é um Livro com final feliz. É por esta razão que temos uma boa mensagem para o mundo. Estas boas-novas, embora centralizadas nos adventos de Cristo, têm um escopo muito mais amplo do que o 1º e 2º adventos de Cristo, que têm como objetivo restabelecer o reino de Deus e reivindicar o Seu caráter. Seu principal propósito é que o único Governador desta Terra – Deus – seja reconhecido como tal. O que está sendo discutido neste grande conflito é o governo de Deus e Seu caráter em relação ao governo do Universo. Gên. 3:15 é a primeira profecia do Reino. Há muitas profecias na Bíblia, usualmente conhecidas como profecias messiânicas, que ressaltam o novo governo sobre a Terra. Um outro governo em Gênesis 49, versos 10-12 relata a promessa da descendência de Jacó, Judá. Um reino de prosperidade e abundância, cujo cetro seria obedecido por todas as nações. Há, portanto, uma gradação seletiva desde a semente da mulher até Judá. É um interessante desenvolvimento. Semente da mulher (humanidade) Sem 19 Armagedom Abraão Isaque Jacó Judá Davi Jesus Em primeiro lugar temos a humanidade. O Redentor viria da semente da mulher. Deus começa a escolher alguns dentre a humanidade para cumprir os seus propósitos. Noé mencionou que o Deus de Sem seria bendito (Gên. 9:26); logo, o Redentor devia nascer de origem Semita. A partir de Sem, encontramos Abraão e Isaque. Não foi Ismael, pois este foi rejeitado. A seguir vem Jacó, e não Esaú. Quantos filhos teve Jacó? 12. Onze são rejeitados para este propósito, e apenas um é escolhido – Judá. De Judá viria este governador. Há ainda outro passo a ser dado. Em II Samuel 7 encontramos o Messias viria da casa de Davi. Este foi Jesus Cristo, que representa a casa de Israel e toda a humanidade. Ele é o Segundo Adão, representando toda a raça humana. O novo Líder desta nova era é filho de Abraão e de Davi. É isto que Mateus enfatiza no início do Novo Testamento. Por outro lado, Lucas, que escreveu seu evangelho para os gentios, enfatiza Jesus como sendo a Cabeça da humanidade, e não filho de Davi. O profeta que mais ressalta as profecias do reino é Isaías. Em Isaías 9:6 e 7 destacamos: "o governo está sobre os seus ombros". É uma profecia do reino. Em Isaías 11:1-9 lemos que não haverá mais violência neste reino. O cordeiro e o leão serão apascentados juntos. O conhecimento de Deus encherá a Terra "como as águas cobrem o mar." São profecias do reino. Conhecemos também as profecias de Isaías 53, que estabelecem como condição do estabelecimento deste reino a morte e o sofrimento do Messias. Esta linha de pensamento de um Messias humilde e sofredor foi muito negligenciada. 20 Armagedom Há duas classes de profecias do reino no Velho Testamento: as que mostram este governo de forma gloriosa e as que enfatizam o Messias humilde. Algumas vezes, estas duas perspectivas encontram-se juntas no mesmo contexto. Consideremos Zacarias 9:9, onde as duas linhas estão no mesmo texto. Em Mat. 21:5 lemos que Jesus cumpriu esta profecia, vindo de forma humilde. Mas logo no verso 10 (Zac. 9:10) lemos que Ele viria como Rei, triunfantemente, para destruir os inimigos. Esta profecia de Zacarias 9 teve um cumprimento parcial no primeiro advento e terá um segundo cumprimento no segundo advento. Nós não temos dúvidas quanto a isto, pois já conhecemos os fatos referentes ao primeiro advento, mas como poderiam os judeus daquela época discernir entre o primeiro e o segundo advento? Eles negligenciaram a segunda linha de profecias e prenderam-se à vinda gloriosa do Messias. Não há desculpas para eles, pois em Isaías 53 é dito claramente que o Messias precisava sofrer primeiro, para depois ser exaltado. Também lemos isto em Isaías 52:13. Em Luc. 24:25-27 Jesus esclarece: "Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?" Creio que Jesus começou a demonstrar isto em Gên. 3:15, onde este "ferir do calcanhar" já foi cumprido, e o "esmagar da serpente" demonstra que o Messias será finalmente vitorioso. As profecias que se referem à Sua glória, ao Seu triunfo, são mais amplas do que as que falam do Seu sofrimento. Isto nos anima, fazendo- nos crer que este Messias triunfará! Vamos agora entrar em um assunto que pode ser novo para muitos. Tem a ver com a designação do tempo após o evento da cruz. Estudaremos cerca de sete textos muito importantes. O Novo Testamento nos diz que os "últimos dias" preditos no Velho Testamento começaram no primeiro advento de Cristo. Verifiquemos as implicações deste fato para a escatologia (estudo dos últimos acontecimentos). Começamos com Atos 2:16, 17. Todos devem ler em sua própria Bíblia. Estes versos relacionam-se com o Pentecostes e trazem uma 21 Armagedom explanação do apóstolo Pedro de como Israel deveria interpretar a "chuva" do Espírito Santo sobre os apóstolos. Os israelitas da época interpretaram erroneamente o fato, achando que os apóstolos estavam embriagados. Todas as palavras de Deus necessitam interpretação.Todas as obras de Deus podem ser interpretadas erroneamente. O apóstolo Pedro, vendo a distorção dos fatos, levanta-se e fala: "O que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel" (que nos últimos dias o Espírito seria derramado). Por este texto concluímos que os últimos dias haviam chegado. Isto não é muito fácil de aceitar. Se perguntarmos a qualquer adventista quando começaram os últimos dias, a resposta será: 1798 ou 1844. Mas lemos aqui em Atos que os últimos dias tiveram seu início no Pentecostes. O "tempo do fim" conforme Daniel, é uma intensificação dos últimos acontecimentos. O que Joel quer dizer com esta expressão: "últimos dias" (Joel 2:28)? Outros profetas também a usaram. É o tempo da vinda do Messias. É chamada a Era Messiânica. Quantas vezes virá o Messias? Duas. Logo, o primeiro advento é o início desta era messiânica, que foi inaugurada na cruz e culminará no segundo advento. As profecias de Daniel dão as datas de 1798 e 1844 para indicar uma intensificação destes últimos dias. Através da cruz de Cristo, a Velha Era ou Velha Dispensação se cumpriu. Inicia-se aqui o período dos últimos dias. Várias passagens bíblicas não deixam dúvidas quanto a isto. Entretanto, as profecias de Joel citadas pelo apóstolo Pedro terão um segundo cumprimento nesta fase final da história do mundo, nesta intensificação dos últimos dias, ou seja, um pouco antes do segundo advento. É por isso que a Sra. White afirma que todas as profecias de Joel que tiveram cumprimento no primeiro advento cumprir-se-ão também no segundo advento. Por esta razão são usados os termos "chuva temporã" e "serôdia". Este é um fato muito importante, porque podemos afirmar que a Escatologia Bíblica está entre o primeiro e o segundo adventos. 22 Armagedom Escatologia é um termo teológico que significa "a doutrina das últimas coisas". Todas as profecias referentes ao sofrimento de Cristo foram cumpridas no primeiro advento. O evangelho é profecia cumprida. E então começam os últimos dias. Para nós constitui-se um problema de que estes últimos dias têm durado 2.000 anos. Parece que isto enfraquece o argumento. Como podemos chamar de últimos dias 2.000? Entretanto, é isto que diz a Bíblia. O segundo texto a ser considerado se encontra em Heb. 1:1, 2. "Nestes últimos dias". No verso 1 encontramos a Velha Dispensação, e no verso 2 a Nova Dispensação. As duas dispensações são aqui consideradas. É demonstrada também a continuidade das duas eras. O mesmo Deus que inspirou os profetas inspirou também o Filho, que é maior que os profetas e tem mais autoridade que eles. Encontra-se nEle uma interpretação superior e maior para as profecias, por isso, uma nova era começou – a Era Messiânica – que é chamada os "últimos dias". Atos 2 é confirmado por Hebreus 1:1, 2. O terceiro texto é Heb. 9:26 – "..." "ao se cumprirem os tempos". Observemos a segunda parte do verso 26: "se manifestou uma vez por todas". O autor está se referindo ao primeiro advento, que já era uma realidade quando este texto foi escrito. Conforme o original grego, isto aconteceu "no fim das eras". Como pode ser isto no primeiro advento? Por não analisarmos muito o primeiro advento, relacionamos estes termos com o segundo advento. No entanto, os apóstolos aplicaram-nos primeiramente ao primeiro advento. Para eles, este primeiro advento era o fim dos tempos. Eu não teria coragem de fazer esta afirmação. Meus alunos diriam: "Dr. LaRondelle, volte para Michigan, por favor, pois esta é uma doutrina falsa." Mas temos a Bíblia diante de nós, e precisamos compreendê-la toda, não apenas algumas passagens isoladas. Há sempre novas coisas a descobrir na Bíblia, e esta é uma delas. Jesus na Sua primeira vinda, começou os últimos dias, ou seja, o "fim dos tempos". 23 Armagedom O primeiro advento é o fim da Era Antiga, da Velha Dispensação. Esta é uma explicação simples, mas muito importante. Precisamos evangelizar os judeus também. Falar com os judeus requer mais conhecimento que falar com outros. Eles crêem que o Velho Testamento está acontecendo, isto é, que as profecias do Velho Testamento serão literalmente cumpridas com eles como nação. Martin Huber, um judeu de renome dos nossos dias, disse: "Jesus de Nazaré é meu maior irmão, mas não é meu Salvador." Este é o espírito da judaísmo moderno. Eles lêem o Novo Testamento e falam positivamente de Jesus, mas não O reconhecem como Salvador e Senhor. A mensagem de que Jesus cumpriu os Velhos Tempos e começou a Era Messiânica é decisiva para os judeus. O tempo do cumprimento chegou. O Messias unicamente interpreta completa e corretamente o Velho Testamento. Em Heb. 9:28 nós podemos ver que o segundo advento está descrito no futuro: "aparecerá segunda vez". Há um extraordinário equilíbrio entre os versos 26 e 28. Os últimos dias começaram, o fim das eras chegou. É muito importante que nos relacionemos não apenas com o futuro, mas também com o passado, e então olhar para o futuro e dizer: Cristo virá segunda vez, mas com uma função diferente. Virá sem pecado, ou seja, não virá para tratar com o pecado (Verso 28). O 4º texto é I Pedro 1:20. Trata-se aqui do primeiro ou do segundo advento? Sim, o primeiro. Como é caracterizado este tempo? Como o fim dos tempos. O mesmo ponto é aqui enfatizado. É preciso haver um fim. O 5º texto é I Cor. 10:1-4. É necessário que cada um leia esta passagem. Paulo fala sobre a Velha Dispensação neste belo capítulo. No verso 6 lemos que "estas coisas se tornaram exemplos para nós". A palavra grega traduzida por exemplos é TIPOI = prefiguração. A história do Velho Israel é um tipo de admoestação para a igreja. A igreja é um cumprimento deste Israel antigo, em dois sentidos: em FIDELIDADE e em 24 Armagedom APOSTASIA. No verso 11 lemos: "Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa." No original é: "Estas coisas lhes sobrevieram como TIPO." (Tipologia é uma expressão bíblica.) O apóstolo está dizendo que o Velho Testamento foi escrito para a igreja, em relação a nós, "sobre quem os fins dos séculos têm chegado". O mesmo fato está mencionado em Tiago 5:3, que é o nosso próximo texto. O 6º texto é Tiago 5:3. "Tesouros acumulastes nos últimos dias." Sempre interpretamos este verso em relação ao nosso tempo, mas Tiago está falando do seu próprio tempo. Não é uma profecia para este ano, mas um cumprimento para a era apostólica, como percebemos pelo contexto. Isto não quer dizer, no entanto, que não haja uma aplicação para hoje. Se isto era verdade há 2.000 anos, é muito mais verdade hoje. O 7º texto é I João 2:18. "já é a última hora". É uma expressão surpreendente. Última hora no primeiro século? Não estaria o apóstolo enganado? Depende de como encaramos o fato. Se, com nossa visão estreita, olhamos desde hoje para trás até os primeiros séculos, diremos: "Muito tempo passou; certamente, houve um engano nesta afirmação. Não é possível a última hora durar 2.000 anos." Isto acontece quando olhamos a Bíblia sem compreensão, quando não conhecemos a maneira de pensar hebraica. Neste texto o apóstolo está dizendo que as profecias do Anticristo estavam sendo cumpridas, e que isto era o sinal de que estavam vivendo nos últimos dias. Ele afirma que muitos Anticristos apareceram – os professores do gnosticismo, que já se haviam tornado cristãos mas ainda se apegavam à filosofia gnóstica, negando que o Messias se encarnara em Jesus (podemos ler isto no cap. 4:1). Resumindo o que aprendemos nestes textos, os apóstolos estavam convencidos de que as profeciasdo Velho Testamento do reino cumpriram-se por ocasião do primeiro advento de Cristo. Jesus endossa este conceito quando afirmou: "Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós." (Mat. 25 Armagedom 12:28). Este é o texto-chave para provar que por ocasião do primeiro advento o reino chegou. Como, então, compreender o fato de Jesus ter dito na oração do Senhor: "Venha o Teu reino"? Como pode Ele ter dito que o reino chegou e então dizer: "Orai para que o reino de Deus venha"? O primeiro advento de Cristo iniciou o Reino da Graça e o segundo advento iniciará o Reino da Glória. Este é o cumprimento cristológico destas profecias do Antigo Testamento. ("Como a mensagem do primeiro advento de Cristo anunciava o reino de Sua graça, assim a de Sua segunda vinda anuncia o reino de Sua glória." – DTN, pág. 234). Jesus disse que também no futuro haveria um "fim dos tempos". Lemos em Mat. 13:39, 40 – "consumação do século". Trata-se do primeiro ou do segundo advento? Notem a expressão "consumação do século", que é a mesma expressão grega usada em Heb. 9:26, referindo- se ao primeiro advento. Em Mat. 28:20 esta expressão grega é também usada e se refere ao primeiro advento. Portanto, a consumação ou fim dos tempos pode significar tanto o primeiro como o segundo advento. (Em Heb. 9:26 é o primeiro, e em Mat. 13:39 é o segundo advento). Como poderemos saber a que evento se refere este termo quando o encontrarmos na Bíblia? Pelo contexto. As duas interpretações (1º ou 2º adventos) são Cristocêntricas – isto é que é importante. A mesma terminologia pode ser utilizada tanto para um cumprimento presente como para um cumprimento futuro, pois Cristo cumpre as profecias do Antigo Testamento em duas fases. Este é o segundo princípio hermenêutico. Ambas as fases são centralizadas em Cristo. Poderíamos dizer que o primeiro advento é um cumprimento das promessas do Velho Testamento, e o segundo é a consumação destas promessas, como afirma um erudito. O cumprimento presente não é o cumprimento final, mas no segundo advento haverá uma consumação deste cumprimento. O segundo princípio hermenêutico diz que o cumprimento não é simplesmente Cristológico, mas também Eclesiológico. Vamos estudar o cumprimento Eclesiológico, isto é, o cumprimento na igreja. 26 Armagedom Consideremos Mateus 16:18. Este texto é sempre usado em relação à Igreja Católica Romana.. Jesus disse: "Minha igreja". No Velho Testamento Israel era a igreja de Jeová, e quando Jesus diz "Minha", apropriando-Se daquilo que pertence a Jeová, é o cumprimento Cristológico; e quando Ele diz "Minha igreja" é um cumprimento Eclesiológico. Jesus seleciona de todo o Israel um remanescente que agora Lhe pertence. Por que teria Jesus escolhido doze apóstolos, e não treze, catorze ou dez? Ele quer com isso indicar que as doze tribos de Israel têm continuidade. Os doze apóstolos são os representantes destas doze tribos. Todo israelita deve agora tornar-se um crente e ser batizado para vir a ser um verdadeiro israelita. O que tornou os doze apóstolos diferentes dos demais israelitas? O que fez deles um remanescente fiel? Todos eram de Deus, mas alguns judeus não eram mais ISRAEL. Jesus escolheu desta nação um pequeno rebanho. Ao usar este termo "rebanho" e ao dizer "Eu sou o bom Pastor", estava fazendo uma reivindicação messiânica. Ele era agora o verdadeiro Rei de Israel. Todos os reis de Israel eram chamados pastores. Jesus disse: "Eu sou o verdadeiro Rei de Israel – Eu sou o Pastor de Israel. Todos os que ouvem a Minha voz Me seguem." Portanto, o que faz a diferença entre os apóstolos e os demais israelitas? Crer que Jesus era o cumprimento de todos os tipos do Velho Testamento, que Jesus foi o maior Rei, o mais elevado dos sacerdotes e o maior dos profetas – a fé em Jesus de Nazaré como o Messias. Os doze apóstolos eram judeus e, ao mesmo tempo, a igreja. ISRAEL é a IGREJA. Cristo seleciona agora de toda a nação israelita um novo Israel. Com que direito? Ele próprio era o Deus do concerto de Israel. Da mesma forma que Jeová escolheu as doze tribos, Jesus escolheu os doze apóstolos. Jesus fez então um novo concerto com Israel. O novo concerto não foi feito para os gentios, mas somente com os judeus. E qual é a qualificação do real judeu? Crer que Jesus é o Messias. Esta era a verdade presente para a igreja primitiva. 27 Armagedom Lemos em Gál. 3:16 que "as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo." Em hebraico o termo "descendente" não tem qualquer distinção entre singular e plural; portanto, o apóstolo deve ter tomado este texto da Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento. Alguns estudiosos da Bíblia acham que Paulo neste verso, não está falando de Teologia, mas usa de malícia, algum truque – uma engenhosidade rabínica – para transmitir alguma mensagem, mas um estudioso holandês do Novo Testamento apresenta uma solução melhor. Diz ele que esta interpretação não é rabínica, mas é teológica, porque na verdade há duas sementes de Abraão. Há a semente do ponto de vista nacional, portanto no plural (descendentes), e há a linha especificamente messiânica (o descendente). Paulo menciona qual é a única semente qualificada de Abraão, a semente da mulher que esmaga a cabeça da serpente. Paulo, neste texto, não está simplesmente fazendo uma distinção entre um e outro de modo aritmético, mas está pensando de um modo muito mais profundo. Em hebraico, uma pessoa pode representar muitas pessoas, ou uma nação, ou mesmo a humanidade toda. Por exemplo, Adão representa a humanidade. O que aconteceu com Adão, acontece com a humanidade. Poderíamos dizer que não comemos da árvore que Adão comeu, mas a Bíblia diz que quando Adão comeu, todos nós participamos; quando Adão caiu, todos nós caímos. I Cor. 15:22 diz: "em Adão todos morrem". Este sistema é chamado "personalidade representativa". Também em I Cor. 15 Jesus é chamado o Segundo Adão. Portanto, Ele representa uma nova humanidade – aqueles que crêem nEle, que são um com Ele, que são por Ele representados. Paulo começa a falar sobre ter Adão como representante ou ter Cristo. Em II Cor. 5:14 falando sobre o amor de Cristo lemos: "um morreu por todos; logo, todos morreram." Como compreender isto? Ele morreu em nossa carne, e quando a carne humana morreu na cruz do Calvário, sob a ira de Deus, toda a 28 Armagedom humanidade nesta ocasião pagou o preço, e a lei foi cumprida. Este é o coração do evangelho. Precisamos pensar mais de modo Cristocêntrico. Ninguém absolutamente pode ser salvo por sua própria justiça, mesmo após estar 50 anos na igreja adventista. A única maneira de ser salvos é através da justiça de Cristo em nós e sobre nós. Leiamos Gál. 3:27-28. É uma bela passagem cheia de significado. O batismo significa uma incorporação no próprio corpo de Cristo. Em Romanos 8 lemos que quando somos batizados, somos batizados na morte de Cristo. Às vezes dizemos, por ocasião do batismo, que a pessoa está sendo sepultada na sua própria sepultura, e por amar Cristo está sendo batizada. Isto não tem profundidade, é um ponto de vista muito subjetivo. É alguma coisa centralizada na emoção humana. Mas a Bíblia dá-nos uma dimensão mais profunda em relação ao batismo. Diz-nos que a sepultura na qual somos sepultados não é nossa, mas a do próprio Cristo. Não somos batizados porque amamos a Cristo, masporque temos fé nEle. Quando morremos, Cristo morre por nós. E quando Cristo morreu, morreu a nossa própria morte. E quando Jesus foi para a sepultura, fomos sepultados com Ele. Pelo batismo confessamos que cremos assim. Por este sagrado direito somos incorporados no próprio corpo de Cristo. Somente então estamos em Cristo. No verso 29 o apóstolo Paulo diz: "E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa." Se vocês são de Cristo são contados como Israel, e semente de Abraão. E no verso 16 ele havia dito que há somente um descendente de Abraão. Não é isto uma contradição? Se a descendência de Abraão refere-se somente a Cristo, como pode envolver a todos? Ao escrever o verso 29, Paulo sabia o que estava no verso 16, portanto ele aqui está falando teologicamente. Cristo é a única Semente perfeita de Abraão. E todos aqueles que pela fé são batizados em Cristo, tornam-se um em Cristo. São representados por 29 Armagedom Cristo. E estes que são um em Cristo, recebem todas as bênçãos de Cristo. E que bênçãos recebeu Cristo? As promessas a Abraão. As promessas feitas a Abraão e Israel eram uma bênção para todo o mundo, todas as famílias da Terra, e que todo o mundo seria uma propriedade de sua semente. Portanto, estas promessas são de natureza mundial. Pensemos em Gênesis 3:15. O Paraíso será reconquistado. A Terra será renovada. Por acaso, não estava Abraão olhando para esta Cidade de Deus, esta Nova Jerusalém construída pelo próprio Deus, apresentando toda a Terra renovada? Este é um cumprimento Eclesiológico. Há implicações para nós hoje, como também há para o futuro. Em Gál. 6:16 Paulo chama a igreja de Israel de Deus. Israel não é mais considerado como nação, foi deserdado das promessas. Que choque foi para os israelitas saber que somente através da fé em Cristo poderiam eles ter direito a essas promessas. O importante não é o sangue de Abraão, mas a fé de Abraão. Esta é a mensagem de Romanos 4. Lemos em Gál. 6:15 sobre "ser nova criatura" – novo nascimento através da fé em Cristo. E a seguir, "paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus." Este "e" no original grego não quer dizer que se trata de outra classe de pessoas. O sentido exato é: "paz e misericórdia sejam sobre eles, que são o Israel de Deus." Os judeus que rejeitaram a Cristo são Israel simplesmente segundo a carne. Em I Cor. 1:2 Paulo fala de santos. No Velho Testamento, quem era considerado santo? O povo de Israel. Mas muito pouco desses israelitas naturais eram israelitas espirituais. Após a cruz, começou a haver uma aplicação diferente desse termo "santo". Os israelitas espirituais são agora chamados "cristãos", a "igreja de Cristo". Eles agora são os santos. Portanto, a palavra "santo" deve ser aplicada segundo a sua dispensação (Velha ou Nova). O contexto é que deve explicar, como vimos anteriormente quanto aos textos 'fim dos tempos" "consumação dos séculos". 30 Armagedom Em Êxodo 19:5, 6 também fala em "santos". Para explicar este termo precisamos saber qual era o seu relacionamento com Deus. Da mesma forma, qual era o relacionamento com Deus na Nova Dispensação? VELHA DISPENSAÇÃO: Quem é Deus? Jeová Quem são os santos? Israel (nação) 12 tribos Segundo I Cor. 1:2 na: NOVA DISPENSAÇÃO: Senhor Jesus Quem são os santos? Igreja 12 apóstolos Existe uma diferença entre os dois casos. A nação Israel estava confinada ao seu território. A igreja hoje (aqueles que crêem em Jesus e guardam os Seus mandamentos) está em todo o mundo, não tem qualquer restrição geográfica ou étnica (de raça). O único laço que une a igreja é a fé em Cristo. No Novo Testamento, os gentios também têm direito às promessas. Por exemplo, Raabe, a prostituta, que se tornou uma das ancestrais de Jesus. Que Deus maravilhoso! Rute é outro exemplo. Ela era moabita, mas disse à sua sogra: "O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus", sendo assim incorporada à Israel. 31 Armagedom TERCEIRO PRINCÍPIO HERMENÊUTICO "As muitas promessas do concerto à casa de Israel e à casa de Judá no Velho Testamento tiveram um cumprimento inicial depois do exílio assírio-babilônico, estão tendo um cumprimento presente no ajuntamento de judeus e gentios crentes na igreja de Cristo, e terão um cumprimento futuro na reunião universal de todos os judeus e gentios crentes de todos os cantos da Terra para a visível Volta de Cristo nos céus e para o Reino de Glória." Esses princípios hermenêuticos não são isolados, mas cada um aprimora um pouco mais o princípio que o precede. O que nós quisemos dizer na primeira regra é mais explicado na segunda. E o que dissemos a respeito da segunda será mais explanado na terceira. Para compreender o 3º princípio precisamos estudar o seguinte diagrama: AS QUATRO FASES DO ANTIGO ISRAEL A primeira fase de Israel é muito simples: começa com Moisés e termina com Salomão. Com Moisés, as doze tribos foram constituídas como uma nação religiosa. Isto foi aproximadamente em 1400 AC. 32 Armagedom Quando Salomão morreu, por volta do ano 1900 AC. esta nação dividiu- se em dois reinos. Dez tribos juntaram-se numa organização separada, e duas tribos (Judá e Benjamim) permaneceram ao redor de Jerusalém. Esta divisão em dois reinos é a segunda fase. Veremos que Israel também é chamado de Efraim, pois Efraim foi a maior entre as dez tribos, e a que as conduziu à apostasia. Eles tiveram 20 reis, dos quais nenhum andou nos caminhos do Senhor. Chegaram mesmo a criar um falso templo, com culto falso, com adoração de imagens (a nação do Norte). Deus lhes enviou dois profetas: Amós e Oséias. Isto foi no século VIII AC. Ao mesmo tempo, Deus enviou dois profetas ao reino do Sul: Isaías e Miquéias. Em 722 (observar no gráfico) houve o juízo sobre as dez tribos. Veio o grande rei dos assírios, venceu, e conduziu essas dez tribos para o cativeiro assírio. Em II Reis 17 estão as razões por que foram levados a este cativeiro – rebelião e desobediência. Este é um dos mais tristes capítulos do Velho Testamento. Os profetas Amós e Oséias tentaram evitar esse juízo. Sabemos o quanto sofreu Oséias com uma esposa infiel, que representava o infiel Israel, que deveria voltar a seu Deus. Os profetas sofreram ao proclamar sua mensagem. Era muito difícil ser um profeta. Muitas vezes fizeram referência ao livro de Deuteronômio, onde Deus afirmava que se eles fossem desobedientes, viria sobre eles maldição e eles seriam espalhados por todas as nações. Especificamente, a maldição é uma dispersão. Deus, ao cumprir Sua promessa de separar Israel, está sendo justo ou injusto? Deus é sempre fiel – nas bênçãos e nas maldições. Ele havia feito um concerto com Israel, falando com Moisés: "Há dois caminhos. Se vocês forem obedientes e fiéis, receberão as bênçãos e serão ajuntados na terra da promessa. Mas, se forem desobedientes e infiéis (descrentes), então receberão essas maldições." Portanto, quando Deus derrama Suas maldições, Ele é tão fiel quanto quando derrama Suas bênçãos. 33 Armagedom Surge agora um problema: Há 1.900 anos os judeus estão espalhados por toda a Terra. Repentinamente, em 1948, a nação judaica foi restabelecida na Palestina. Muitos cristãos começaram a dizer: "Agora sim, Deus está provando Sua fidelidade em relação ao Seu povo Israel." Esta é a doutrina do Dispensacionalismo, que prega o futurismo. Os que a defendem têm a sua própria Bíblia, a Bíblia de Scofield, milhões de exemplares já foram vendidos (emespanhol). Esta Bíblia está baseada no princípio do Literalismo. Ela afirma que Israel não pode jamais significar a igreja, e a igreja não pode ser Israel. Portanto, em 1948 Deus começou novamente a cumprir suas promessas com relação a Israel. Mas o que Deus provou em relação com os judeus nesses 1.900 anos passados? Isto é, se somente após 1948 Deus provou Sua fidelidade, o que Ele provou antes disto? Portanto, é sugerir que Deus foi infiel ao Seu concerto com Israel – é uma pressuposição falsa. Deus provou durante 1.900 anos que Ele é fiel a este concerto feito com Israel ao proporcionar-lhe essa maldição sobre Jerusalém e espalhá-lo em todas as outras nações. Em Primeiros Escritos, pág. 213, a Sra. White afirma: "Deus preservou de uma maneira maravilhosa e miraculosa os judeus, desde o início até o dia de hoje." Eis um exemplo para nós: o que acontece a uma nação que rejeita o concerto de Deus. Este problema do Literalismo quanto ao Israel nacional de hoje, o Dispensacionalismo, é nos EUA o maior rival do Adventismo. Sem dúvida, em breve virá para o Brasil também. A obra-prima de Satanás é trazer à nossa mensagem um falso conceito. E esta é uma interpretação falsa sobre Israel. Precisamos ter uma cabal compreensão de Israel para compreender as demais doutrinas, como o Armagedom, que se relaciona com o Monte de Sião, etc. O Dispensacionalismo está varrendo o mundo no momento. É um movimento interdenominacional, promulgado por um seminário 34 Armagedom teológico em Dallas, Texas. Eles possuem cursos por correspondência da Bíblia em todo o mundo. E o grande Instituto Moody, de Chicago, está se espalhando por toda a América. Praticamente todas as igrejas cristãs da América do Norte crêem no fato de que Deus está agora cumprindo Suas promessas ao Israel literal. E a Igreja Adventista é a única que ainda se apega à interpretação cristológica destas profecias. Voltemos agora ao diagrama. Vemos que as tribos do Sul (Judá) permanecem unidas, enquanto que as do Norte já estão no cativeiro. Surge então a pergunta: "Esta nação do Sul aprendeu com o exemplo da nação do Norte?" Houve bons reis em Judá. Josafá, Ezequias, Josias eram homens de Deus. Eles conseguiram trazer reforma e reavivamento à nação. Mas o que aconteceu no ano 605 AC.? (Daniel 1:1) Veio Nabucodonosor a Jerusalém. E ele era mais forte que Judá para poder dominá-la? Lemos no verso 2 que Deus entregou Jerusalém nas suas mãos. Isto aconteceu exatamente em 605 AC. Daniel e outros príncipes da linhagem real foram levados à Babilônia. E o rei de Judá em Jerusalém tornou-se um vassalo submisso ao rei de Babilônia. Este é o início do cativeiro babilônico. Vemos então outra data – 597 AC. O que aconteceu nessa ocasião? Novamente Nabucodonosor veio a Babilônia, porque o rei Jeoaquim não lhe estava sendo fiel. Ele estava fazendo um complô secreto com o Egito, a fim de afastar Babilônia de Jerusalém. E nestes dias Deus enviou outro profeta – Jeremias – para admoestar a Sua nação a que se submetesse e obedecesse ao poder babilônico. Jeremias introduziu este conceito, que o poder babilônico duraria 70 anos, podemos ler em Jeremias 25 a 29. Quando Nabucodonosor voltou, colocou o novo rei, ainda da casa de Davi, sobre a cidade de Jerusalém, que jurou fidelidade a Jeová e também a Nabucodonosor. Este rei foi Zedequias, o último rei de Judá. Ele era ainda jovem, com 20 anos de idade, e deu mais ouvidos aos seus conselheiros do que ao profeta de Deus. Ele mesmo levou Jeremias à 35 Armagedom prisão, mas secretamente queria ouvir a mensagem do Senhor. Que estranha situação! Acreditava em Deus, mas não queria obedecê-Lo. Jeremias disse que se ele não se submetesse, quando rei de Babilônia chegasse, toda a cidade seria destruída, e com ela o lindo templo. Temos ainda outra data – 586 AC., talvez a mais importante, porque desta vez Jerusalém tornou-se uma montanha de ruínas onde as raposas caminhavam livremente. Mas em 597 AC. (a data anterior, no gráfico) Deus chamou outro profeta para suceder Jeremias – Ezequiel. Em 597 AC., Ezequiel estava em Babilônia, Daniel estava na capital e Jeremias estava em Jerusalém. Três profetas ao mesmo tempo. Deus não abandonou o Seu povo, mas estava interessado em levá-lo ao arrependimento e iniciar uma nova era após o cativeiro babilônico. Mas eles se sentiam como se estivessem no vale de ossos secos. E o profeta Ezequiel (capítulo 37) disse que esses ossos secos seriam ligados, receberiam carne e viveriam outra vez – seriam uma nova nação. Deus nunca deu somente juízos. Por meio de Jeremias, Ezequiel e Daniel Ele concedeu promessas de restauração. O povo falha, mas Deus jamais falha. Dentre o povo há sempre fiéis por meio dos quais Ele pode continuar Seu plano de redenção. Que Deus maravilhoso! Quando o velho está falhando, Ele diz: "Vou criar um novo que não vai falhar!" Todas as promessas estão relacionadas com as profecias messiânicas, porque se todos os israelitas e judeus falhassem, Jesus jamais falharia. Podemos crer em Deus. Passemos à terceira fase. Israel e Judá estão no cativeiro babilônico a partir de 536 AC. Em II Crônicas 36 podemos também descobrir por que estas nações foram levadas cativas. A Assíria, que era uma nação entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, foi conquistada por outra nação maior – Babilônia. Portanto, a Babilônia conquistou o território que era a Assíria. As dez tribos foram agora juntadas às duas tribos no cativeiro – temos então as 36 Armagedom doze tribos reunidas neste cativeiro babilônico. Daí veio o patriarca Abraão – de Ur dos caldeus. A desobediência levou-os de volta ao mesmo lugar de onde vieram. Quando desobedecemos a Deus, voltamos para onde iniciamos. O que seríamos sem este movimento? Somos o que somos porque cremos em Jesus Cristo. Não nos esqueçamos deste detalhe: Todas as promessas de restauração que Deus deu ao profeta Jeremias e a outros foram para as doze tribos juntas. Deus jamais deu qualquer promessa às dez tribos como se fossem ser restauradas separadamente das duas tribos. Deus quer um povo, sob a liderança de um só pastor. É por isso que nesta fase final encontramos uma nação somente. Quando findou o cativeiro babilônico? Iniciou em 605 AC. e em 569 Babilônia foi vencida. Em 536 AC. os primeiros cativos começaram a retornar à Palestina. Podemos então calcular: 605-536 = 69. Como devemos contar a data inclusiva, como é o sistema hebraico, obteremos os 70 anos profetizados. Agora vamos considerar as datas dos retornos. Segundo o nosso Comentário Bíblico, houve apenas dois retornos: O primeiro foi em 538/537 AC. Os líderes eram Zorobabel e Josué. O segundo foi em 457 AC., o sétimo ano de Artaxerxes. O líder era Esdras. Em 444 AC. Neemias chegou com o pequeno grupo para restaurar os muros de Jerusalém, mas isto não é considerado um retorno, pois Neemias voltou para Babilônia após os 52 dias da restauração. Em 537 AC. uma pequena minoria voltou com Zorobabel. A maioria permaneceu. Alguns se tornaram ricos comerciantes, por isso não queriam voltar ao lar. Eram desobedientes. Quantos voltaram da primeira vez? 50.000 (Isto está em Esdras 1 e 2). E da segunda? 5.000 (relato em Esdras 7). 37 Armagedom Há algo muito mais importante entre estes dois retornos – o livro de Ester, onde é retratada uma situação muito crítica: é o único livro da Bíblia que fala em decreto de morte. É um tipo do decreto final (Apocalipse 13). Abandonou Deus estes judeus que foram desobedientes e não voltaram? Em Sua graça, Eledemonstrou que ainda estava com este povo desobediente. Os que haviam retornado estavam construindo o templo. Em 520 AC a reconstrução foi interrompida porque houve oposição. Então Deus enviou dois profetas – Zacarias e Ageu – no segundo ano de Dario. Há ainda um profeta que deve ser mencionado, o último: Malaquias – 430 AC. Existe uma tríplice aplicação para esta terceira regra. Isto torna o Velho Testamento muito importante para o seu próprio tempo, para a igreja cristã, e especialmente importante para a igreja remanescente. Se queremos estudar as profecias para o tempo do fim, temos que ir ao VT. O primeiro texto que vamos estudar para este princípio é Deuteronômio 30:1-10. Nos três primeiros versos temos uma grande promessa de ajuntamento e dispersão. Quem fez esta promessa? Quando? Onde? Resposta: Moisés, em pé diante da entrada da terra prometida. Todas as demais promessas que os outros profetas apresentaram mais tarde são baseadas nesta acima. Israel vagara no deserto por quarenta anos. Havia sido rebelde e obstinado. No capítulo 28 Deus disse que todas as promessas seriam condicionais e, no entanto no capítulo 27 disse que as maldições também seriam condicionais. Todas as bênçãos e todas as maldições são condicionais. Sabemos que as condições são semelhantes, tanto na Velha como na Nova Dispensação. A condição para a bênção é a fé e obediência; e a condição para a maldição é descrença e desobediência. 38 Armagedom Nesta ocasião Moisés dá um resumo do que Deus havia dito anteriormente: "Quando, pois, todas estas coisas vierem sobre ti, a bênção e a maldição que pus diante de ti, se te recordares delas entre todas as nações para onde te lançar o SENHOR, teu Deus" (Deut. 30:1). Conforme o verso 3, apesar da maldição, ainda haverá uma porta aberta. O filho pródigo sempre terá condições de voltar. Que Deus maravilhoso o nosso! Ele não castiga os Seus filhos por causa desta maldição, mas castiga com o objetivo de curar. O seu propósito é sempre abençoado. No verso 2 lemos que quando nos voltamos a Deus de todo o coração e damos ouvidos à Sua voz: "e tornares ao SENHOR, teu Deus, tu e teus filhos, de todo o teu coração e de toda a tua alma, e deres ouvidos à sua voz, segundo tudo o que hoje te ordeno". De todo o coração – é a maneira da obediência que Deus pede. Obediência total. Deus revelou a Moisés que não está interessado na obediência exterior. Isto é o que se observa nas organizações militares do mundo e na Igreja Católica. Deus solicita obediência interior, de todo o coração, um perfeito amor, como lemos em Deut. 6:5 (obediência voluntária). Qualquer outra obediência não é obediência, é legalismo. Quando é atingida esta condição, vamos no verso 3 o que acontece: "o SENHOR, teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá de ti, e te ajuntará, de novo, de todos os povos entre os quais te havia espalhado". Há aqui dois verbos com um conteúdo teológico: "ajuntar" e "dispersar". A bênção que foi prometida por Deus é "ajuntar" – o ajuntamento ao próprio Deus e também ao lugar onde Deus vive, o Monte de Sião. A maldição é a dispersão. Nos versos seguintes este mesmo princípio é repetido. O verso 6 diz que só Deus pode mudar o coração. Deus somente pede o que primeiro Ele concede. Em Deut. 30:10 lemos: "... se te converteres ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma". Uma nova oportunidade é dada. Podemos então compreender porque o livro de 39 Armagedom Deuteronômio é chamado o livro do amor, muito diferente do que seu próprio nome sugere – "o livro da lei". Vamos agora a um profeta que apresenta estas promessas de uma maneira mais ampla. Sem dúvida, ISAÍAS foi o maior profeta que já viveu. Recebeu as maiores revelações da parte de Deus sobre a glória e o sofrimento do Messias e sobre o reino de Deus. Temos em Isaías 11 uma profecia messiânica muito importante. Os primeiros cinco versos falam diretamente sobre o Messias. Os versos 1-3 primeiros referem-se ao primeiro advento, enquanto que os versos 4 e 5 quinto falam do segundo advento. Os versos 6 a 9 falam a respeito do reino do Messias. Lemos no verso 9: "Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar." Eu quero estar neste reino. Meu coração está esperando por ele. Estamos vivendo num mundo de crime e violência, de sofrimentos e angústia de coração. Mas Deus nos promete este reino, e devemos ansiar por ele. É para ele que fomos criados. Mas o capítulo não termina no verso 9. Nos versos 10 a 16 é-nos dito como Deus vai novamente ajuntar o Seu povo. O Messias virá ajuntar os Seus escolhidos de todos os cantos da Terra. Quem é a raiz de Jessé, mencionada no verso 10? Sabemos que Jessé era o pai de Davi, e aqui o profeta refere-se a este descendente de Jessé, que era seu filho, e também seu Senhor. Sabemos pelo Novo Testamento, que este era Jesus. Eles não sabiam o seu nome, mas nós sabemos. É-nos dito que esse filho de Davi e de Jessé reuniria novamente o Seu povo. E é um poder muito grande este de atrair os povos a Si. Alguns de nossos grandes evangelistas conseguem atrair muitas pessoas, mas nenhum deles poderia atrair a todos. As pessoas variam em grau de inteligência e de emoção, e somente Um poderia atrair a todos: "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo." Seu nome é Maravilhoso, é o nosso Salvador Jesus Cristo. 40 Armagedom Este é o cumprimento do verso 10. Jesus não veio para estabelecer uma religião diferente, mas veio para cumprir. Sem dúvida, Jesus recusou o Judaísmo, mas o Judaísmo era um desvio daquilo que Moisés e os profetas ensinaram. O versículo 11 também é muito importante. Mostra-nos de onde o Senhor atrairá o Seu povo. Deus não quer apenas dar-nos um conceito, mas apresentar-nos as realidades históricas da verdade. O que quer dizer este novo estender da mão, este novo ajuntamento? Para haver esta segunda vez, deve ter havido uma primeira. O Dispensacionalismo defende que o primeiro ajuntamento de Israel ocorreu no retorno de Babilônia em 536 AC, e que o segundo é o ajuntamento de todas as nações que aconteceu em 1948 DC, quando a nação dos israelitas foi estabelecida na palestina, e em 1966, quando Jerusalém foi reconquistada. Esta interpretação não está correta, apesar de ser aceita por todos os cristãos, menos os adventistas. Quando lemos do versículo 12 em diante, notamos que duas nações são mencionadas – Assíria e Egito. O cativeiro assírio seria semelhante ao cativeiro do Egito, ou melhor, o livramento do cativeiro assírio seria igual ao livramento do cativeiro egípcio. Sabemos que Deus livrou Israel por meio do secamento do Mar Vermelho, da mesma forma, Ele os livraria do cativeiro assírio, pelo secamento do rio Eufrates. Vemos assim que no Velho Testamento existe uma teologia do remanescente. Sempre existe um remanescente após uma crise. Houve um remanescente no tempo de Noé, e Deus sempre promete enviar bênçãos após os juízos, como aconteceu com Israel no dia em que subiu da terra do Egito. Pelo contexto concluímos que o primeiro ajuntamento mencionado neste capítulo é o livramento do Egito. Qualquer Comentário Bíblico confirma esta declaração. E o segundo é o livramento do cativeiro assírio-babilônico. Portanto, a teoria do Dispensacionalismo é falsa. Quando conhecemos o falso, damos muito mais valor à verdade. 41 Armagedom Recordemos: Em 722 AC
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