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07 Nocoes de Direito Penal

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Instituto Maximize Educação
Instituto Maximize Educação
Sumário
1 Princípios básicos .....................................................................................1
2 Aplicação da lei penal ..............................................................................5
2.1 A lei penal no tempo e no espaço .................................................5
2.2 Tempo e lugar do crime ................................................................5
2.3 Lei penal excepcional, especial e temporária ...............................7
2.4 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal ......................7
2.5 Pena cumprida no estrangeiro .....................................................11
2.6 Eficácia da sentença estrangeira .................................................11
2.7 Contagem de prazo .....................................................................11
2.8 Frações não computáveis da pena...............................................12
2.9 Interpretação da lei penal ............................................................12
2.10 Analogia ....................................................................................12
2.11 Irretroatividade da lei penal ......................................................13
2.12 Conflito aparente de normas penais ..........................................13
3 O fato típico e seus elementos ................................................................15
3.1 Crime consumado e tentado........................................................16
3.2 Pena da tentativa .........................................................................18
3.3 Concurso de crimes .....................................................................19
3.4 Ilicitude e causas de exclusão .....................................................22
3.5 Excesso punível ..........................................................................23
3.6 Culpabilidade ..............................................................................23
3.6.1 Elementos e causas de exclusão .........................................24
4 Imputabilidade penal ..............................................................................28
5 Concurso de pessoas ...............................................................................30
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6 Crimes contra a pessoa ...........................................................................34
7 Crimes contra o patrimônio ....................................................................61
8 Crimes contra a fé pública ......................................................................85
9 Crimes contra a administração pública .................................................105
10 Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos) ................................................140
11 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal .....................143
AGENTE - POLÍCIA FEDERAL
1Instituto Maximize EducaçãoInstituto Maximize Educação
www.maxieduca.com.br
1 PRINCÍPIOS BÁSICOS.
Ísis Cordioli Agostin
Graduada em Direito pela Fundação Eurípedes Soares da Rocha - UNIVEM
Conciliadora do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Revisora de Texto do Instituto Maximize Educação
AGENTE - POLÍCIA FEDERAL
2Instituto Maximize EducaçãoInstituto Maximize Educação
1 PRINCÍPIOS BÁSICOS.
1. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO PENAL
Conceito de princípios: princípios são valores fundamentais que expiram a criação e a aplicação do Direito. 
Além disso, positivados ou não, eles são acolhidos pela doutrina e jurisprudência. Deve-se ter em mente que eles 
servem para orientar a atuação do legislador e também do aplicador (operador) do Direito. Os princípios são vetores 
que os legisladores e os aplicadores do Direito Penal usam para limitar o poder punitivo do Estado.
PRINCÍPIOS EM ESPÉCIE
Princípio da reserva legal ou estrita legalidade:
Origem: “nullum crimen nulla paena sine lege” (não há crime e não há pena sem lei). No Brasil, este princípio 
encontra amparo no art. 1º, CP e art. 5º, XXXIX, CF:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
(...).
Conceito: a lei tem o monopólio, a exclusividade na criação de crimes e na cominação de penas. A lei é a fonte 
formal imediata do Direito Penal.
 
Fundamentos: 
JURÍDICO: é a taxatividade, certeza ou determinação (a lei penal deve descrever com precisão o conteúdo 
mínimo da conduta criminosa, conteúdo mínimo para legitimar os crimes culposos, os tipos penais abertos e as 
normas penais em branco).
POLÍTICO: é a proteção do ser humano contra o arbítrio do Estado (direito fundamental de 1ª geração/dimensão).
DEMOCRÁTICO: o STF, além do fundamento jurídico e político, diz que o Princípio da Reserva Legal também 
tem um fundamento Democrático, que é a aceitação pelo povo da opção legislativa em âmbito criminal.
Princípio da anterioridade:
Previsto também nos artigos 1º, CP e art. 5º, XXXIX, CF.
Conceito: a lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende.
Efeito Automático: irretroatividade da lei penal (salvo para beneficiar o réu).
Princípio da alteridade:
Não há crime na conduta que prejudica somente quem a praticou. A autolesão não é punível. Ex.: o uso pretérito 
da droga não é crime (art. 28 da Lei 11.343/06 - Lei de Drogas).
Princípio da adequação social:
Não há crime na conduta que, embora tipificada em lei, não afronte o sentimento social de justiça. Ex.: trotes 
acadêmicos moderados, circuncisão, tatuagem.
Princípio da proporcionalidade:
A atividade penal (criação de crimes, cominação de penas) deve ser vantajosa para a sociedade. Tem que a 
atender interesses coletivos (interesses superiores).
AGENTE - POLÍCIA FEDERAL
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Espécies/Destinatário/Momentos:
a) Proporcionalidade ABSTRATA ou LEGISLATIVA: manifesta-se no momento da criação da lei e tem como 
destinatário o legislador. O legislador faz uma seleção qualitativa e quantitativa das penas.
b) Proporcionalidade CONCRETA ou JUDICIAL: diz respeito ao magistrado no momento da individualização 
da pena.
c) Proporcionalidade EXECUTÓRIA ou ADMINISTRATIVA: diz respeito ao cumprimento da pena, deve ser 
respeitada pelos órgãos da execução penal.
Princípio da ofensividade ou lesividade:
Só existe crime quando a conduta é capaz de lesar, de ofender ou, no mínimo, de colocar em perigo o bem 
jurídico penalmente protegido. O Princípio da Ofensividade é inseparável do “Princípio da Exclusiva Proteção do 
Bem Jurídico”.
Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico: a missão do Direito Penal moderno e democrático é a proteção 
de bens jurídicos. O Direito Penal não deve se ocupar de questões políticas, filosóficas, morais, religiosas, etc.
BEM JURÍDICO: são valores ou interesses relevantes para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e 
da sociedade.
Nem todo Bem Jurídico é penal (merece proteção penal). Bem Jurídico Penal são apenas os bens jurídicos 
importantes, indispensáveis para o indivíduo e para a sociedade (apenas estes merecerão proteção penal). Observação: 
a CF/88 é quem faz a seleção dos bem jurídicos relevantes.
Princípio da vedação do bis in idem:
Não se admite dupla punição pelo mesmo fato. Ex.: Súmula 241, STJ.
STJ Súmula nº 241 - A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, 
simultaneamente, como circunstância judicial.
Princípio da insignificância ou “da criminalidade dabagatela”:
Origem: Direito Romano: “de minimus non curat praetor” (os tribunais não cuidam do que é mínimo) – este 
princípio era restrito ao direito romano privado. Direito Penal: este princípio foi incorporado ao Direito Penal por 
Claus Roxin, na década de 1970. 
Natureza Jurídica: é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade. 
Tipicidade PENAL = Tipicidade Formal + Tipicidade Material.
Tipicidade FORMAL: juízo de adequação entre o fato e a norma.
Tipicidade MATERIAL: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Conclusão: O princípio da insignificância exclui a tipicidade, pois, em que pese existir a tipicidade formal, falta 
a tipicidade material.
Função: efetuar uma interpretação restritiva do tipo penal (limita o poder punitivo do Estado). Evita a banalização 
do Direito Penal.
Conceito: o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, insignificantes, incapazes de lesar ou, no 
mínimo, de colocar em perigo o bem jurídico tutelado.
Requisitos: segundo o STF, é possível dividir os requisitos em objetivos (dizem respeito ao fato: mínima 
ofensividade da conduta; ausência de periculosidade social; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e 
inexpressividade da lesão ao bem jurídico tutelado) e subjetivos (dizem respeito ao agente e à vítima)
Observação: princípio da bagatela imprópria (ou insignificância imprópria) – trata-se de uma nova teoria 
criada pela Suprema Corte da Alemanha, que o Brasil começou a importar, porém, ainda não tem previsão legal.
Princípio da Bagatela Própria x Princípio da Bagatela Imprópria:
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
- Fato atípico (exclui a 
atipicidade)
- Não há ação penal
- Fato típico e ilícito
- Há ação penal
- Desnecessidade da pena
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Princípio da intervenção mínima:
Este princípio é a base do Direito Penal Mínimo. 
Origem: França – 1789 (Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão).
Conceito: o Direito Penal só é legítimo quando funciona como meio indispensável para a proteção do bem 
jurídico. O Direito Penal só deve ser utilizado quando o problema não puder ser solucionado por outros ramos do 
Direito.
O Princípio da Intervenção Mínima se subdivide em outros dois: fragmentariedade e subsidiariedade. 
-Fragmentariedade: (caráter fragmentário do Direito Penal) No universo da ilicitude, apenas alguns fragmentos 
representam os ilícitos penais. Nem todo ilícito obrigatoriamente é ilícito penal, mas todo ilícito penal também é 
ilícito perante os demais ramos do Direito. Essa fragmentariedade diz que o Direito Penal é a última etapa, última 
fase, de proteção do bem jurídico. Ex.: deixar de pagar um tributo (inadimplência), não é crime tributário, porém, é 
ilícito tributário. Fragmentariedade às avessas: existe um crime que com o passar do tempo se mostra desnecessário. 
Ex.: revogação do crime de adultério (art. 240 CP pela Lei 11.106/05).
-Subsidiariedade: se manifesta no plano concreto, pelo aplicador do Direito.
Ex.: um juiz só irá arquivar um Inquérito Policial de estelionato quando o fato puder ser resolvido na esfera 
cível.
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2 APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 2.1 A LEI PENAL NO TEMPO E NO 
ESPAÇO. 2.2 TEMPO E LUGAR DO CRIME. 2.3 LEI PENAL 
EXCEPCIONAL, ESPECIAL E TEMPORÁRIA. 2.4 TERRITORIALIDADE E 
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL. 2.5 PENA CUMPRIDA NO 
ESTRANGEIRO. 2.6 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA.
2.7 CONTAGEM DE PRAZO. 2.8 FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA 
PENA. 2.9 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL. 2.10 ANALOGIA. 
2.11 IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL. 2.12 CONFLITO APARENTE 
DE NORMAS PENAIS.
Ísis Cordioli Agostin
Graduada em Direito pela Fundação Eurípedes Soares da Rocha - UNIVEM
Conciliadora do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Revisora de Texto do Instituto Maximize Educação
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2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL
2.1. A lei penal no tempo e no espaço
LEI PENAL NO TEMPO
As leis, em geral, normalmente vigoram até que outras as modifiquem ou a revoguem. Em direito penal não é 
diferente, tanto que a isto se atribui o princípio da continuidade das leis. 
Em contrapartida, o ordenamento jurídico penal é composto por leis temporárias e excepcionais que são auto 
revogáveis, isto é, não dependem de outras leis para serem revogadas.
Vale lembrar, ainda, que o direito penal possui uma válvula de escape para solucionar os conflitos de leis penais 
no tempo, qual seja, o direito penal intertemporal. Nele encontra-se a regra do tempus regit actum, ou seja, aplica-
se ao fato concreto a lei vigente ao tempo da conduta. Todavia, em exceção a esta regra, pode ocorrer que várias 
leis entrem em vigor disciplinando a mesma matéria tratada na lei anterior (sucessão de leis penais). Assim, para 
facilitar a compreensão, destacaremos algumas situações em que isso poderá ocorrer:
a) Novatio legis incriminadora: a nova lei incrimina fatos até então considerados irrelevantes para o direito 
penal. 
b) Lei penal mais grave (ou lex gravior): dá-se tratamento mais rígido às condutas penais. 
c) Abolitio criminis: lei nova exclui um fato até então considerado criminoso para o direito penal. Neste caso, 
subsistirão apenas os efeitos civis do crime abolido pela lei nova.
d) Lex mitior: a lei nova é melhor em relação à anterior. 
Baseando-se nessas anotações, temos que o direito intertemporal é regido pelos princípios da irretroatividade da 
lei penal mais severa e da retroatividade da lei penal mais benéfica.
LEI PENAL NO ESPAÇO
O mesmo fato criminoso pode atingir, no espaço, o interesse de vários países igualmente soberanos. Neste caso, 
qual país deverá aplicar a lei penal? Destarte, um crime pode gerar o conflito da lei penal no espaço, onde vários 
países igualmente soberanos têm interesse em punir aquele determinado fato criminoso.
Assim, sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados 
igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa descobrir o âmbito territorial da aplicação da lei penal 
brasileira, bem como a forma como o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal.
É por isso que é importante o estudo da lei penal no espaço, isto é, para que possamos saber o âmbito territorial da 
nossa lei. Quando um fato punível atinge os interesses de vários países igualmente soberanos, temos cinco princípios 
para dirimir a matéria. Entretanto, como esse estudo também faz parte do tópico que trata da territorialidade, 
exploráramo-lo mais a frente. 
2.2. Tempo e lugar do crime
TEMPO DO CRIME
Quando (no tempo) um crime se considerada praticado?
Considera-se praticado o crime no momento da conduta Uma primeira corrente a denomina de TEORIA DA 
ATIVIDADE. Já uma segunda corrente diz que se considera praticado no momento do resultado. É a chamada 
TEORIA DO RESULTADO. Numa terceira corrente, considera-se praticado o crime no momento da conduta OU 
da consumação. Esta é a chamada TEORIA MISTA ou da UBIQUIDADE.
O Código Penal adotou a TEORIA DA ATIVIDADE. Vejamos:
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado.
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7Instituto Maximize EducaçãoInstituto Maximize Educação
Este artigo serve também para definir se o agente era imputável ou não ao tempo do crime. Se o agente comete 
o crime aos 17 anos e este vem a se consumar após ele completar 18 anos, considerar-se-á inimputável, visto que era 
menor ao tempo do crime. Se o agente comete o crime na data de seu aniversário, às 00h30min, quando do horário 
de verão (horário transitório, fictício, e que tem por finalidade economizar energia), será consideradoinimputável.
LUGAR DO CRIME (ou “locus commissi delicti”) – art. 6º do Código Penal e teorias: 
Teoria da Atividade ou da Ação: em que é considerado lugar do crime aquele onde o agente desenvolve a 
atividade criminosa ou onde praticou atos executórios.
Teoria do Resultado, do Evento ou do Efeito: considera lugar do crime aquele onde se deu a produção do 
resultado criminoso.
Teoria Mista, da Ubiquidade ou da Unidade: considera lugar do crime aquele em que se realizou qualquer 
momento do iter criminis, isto é, a pratica de qualquer ato executório ou o local onde se produziu o resultado. O que 
importa, para a aplicação da lei penal brasileira é que o crime tenha “tocado” o território nacional.
O Código penal Brasileiro adotou a TEORIA DA UBIQUIDADE nos termos do art. 6º, in verbis:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Mnemônico: LUTA
Lugar –> Ubiquidade
Tempo –> Atividade
Obs.: se em território brasileiro unicamente ocorre o planejamento ou preparação do crime, o fato não interessa 
ao direito brasileiro. 
2.3. Lei penal excepcional, especial e temporária
Lei excepcional ou temporária 
O instituto da ultratividade é aquele pelo qual será possível a aplicação da lei mesmo após o período em que 
a lei temporária e a excepcional estiveram em vigor. Aliás, entende-se por lei temporária como aquela que possui 
vigência predeterminada, ou seja, ela nasce com data certa para ser revogada; por lei excepcional como aquela 
criada para atender uma determinada situação de anormalidade.
2.4. Territorialidade e extraterritorialidade
Segundo o art. 5° do CP, a regra adotada pela lei penal é o princípio da territorialidade, ressalvadas as 
convenções de tratados e regras de direito internacional, como as imunidades diplomáticas e o Tribunal Penal 
Internacional. 
O princípio da territorialidade pode ser absoluto (aplica a territorialidade sem exceções) ou relativo (admite-
se exceção). Diferentemente do CPP, o CP adotou a territorialidade RELATIVA ou TEMPERADA PELA 
INTRATERRITORIALIDADE (“sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional”).
Territorialidade: o crime é 
praticado no Brasil e a lei 
aplicada é a brasileira.
Extraterritorialidade: o crime 
é praticado no exterior, porém, 
aplica-se a lei brasileira.
Intraterritorialidade: o crime 
é praticado no Brasil, porém, 
aplica-se a lei estrangeira (ex: 
imunidade diplomática).
A imunidade diplomática dos que se encontram no Brasil a serviço do Estado estrangeiro tem natureza jurídica 
de causa funcional de isenção de pena (excludente de punibilidade), não sendo causa de atipicidade, excludente de 
ilicitude ou de culpabilidade, pois, se assim o fosse, a imunidade diplomática agasalharia coautores não detentores 
de imunidade diplomática. 
AGENTE - POLÍCIA FEDERAL
8Instituto Maximize EducaçãoInstituto Maximize Educação
Portanto, não haverá ação penal, pois sob o ponto de vista processual, a imunidade diplomática é uma causa 
de exclusão da jurisdição penal donde o fato foi cometido. Os familiares do diplomata possuem a imunidade 
diplomática desde que não sejam brasileiros. 
Para aplicação da territorialidade deve-se primeiramente defini-la. Para tanto, além do espaço físico, o CP 
definiu o espaço jurídico (território por ficção ou extensão ou por equiparação). 
A lei está delimitada pelo território, mas o que é território?
Espaço físico + espaço jurídico
Segundo o art. 5º, §1º, do CP, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente nenhum país exerce 
soberania, por isso se aplica a lei brasileira. 
A embaixada e o consulado brasileiro no exterior, para efeitos penais, não são considerados territórios por 
extensão. São considerados territórios por extensão apenas para fins constitucionais e políticos, pois uma embaixada 
norte-americana no Brasil não poderá ser invadida pelo governo brasileiro (garantia da inviolabilidade), sendo 
inviolável.
Sendo o crime praticado em avião particular a serviço do Governo, independentemente do espaço aéreo onde se 
encontre ou da nacionalidade do sujeito ativo e passivo, aplica-se a lei brasileira.
Pelo princípio da reciprocidade, previsto no art. 5º, §2º, do CP, também se aplica a lei brasileira aos crimes 
praticados em embarcações ou aeronaves estrangeiras privadas que se encontrem em pouso ou voo no espaço aéreo 
brasileiro ou em porto ou mar territorial brasileiro. Se a embarcação ou aeronave for pública ou estiver a serviço de 
Governo estrangeiro, mesmo estando em mar territorial ou espaço aéreo brasileiro, aplica-se a lei do estrangeiro.
Suponha que um navio brasileiro naufragou em alto-mar, onde um americano veio a matar um holandês. Neste 
caso concreto, aplica-se a lei brasileira, pois os destroços do navio continuam ostentando a lei brasileira.
Imagine que uma embarcação brasileira em alto-mar colide com uma embarcação chilena. Os sobreviventes 
constroem uma jangada com os destroços de ambos os navios. Suponha que nesta jangada um português matou 
um argentino. Qual será a lei aplicável ao caso? A lei não resolve este problema, aplicando-se o princípio da 
nacionalidade ativa.
Se um navio esta atracado na costa brasileira, e um colombiano que estava a bordo, desce do navio e estupra 
uma brasileira, será julgado pela lei brasileira, desde que não esteja a serviço do governo colombiano. Se ele desceu 
da embarcação em dia que se encontrava de folga, aplica-se a lei brasileira. 
Suponha que uma aeronave que saia de Portugal com destino à Argentina, onde ocorre um homicídio no 
momento em que sobrevoa o espaço aéreo brasileiro. Neste caso, não se aplica a lei penal brasileira, mas sim o 
instituto da passagem inocente (passagem necessária para chegar ao seu destino). 
Já se entendeu na doutrina e na jurisprudência que crime cometido dentro do território nacional, a bordo de 
avião, que apenas sobrevoa o país, sem pousar aplica-se a lei penal brasileira. Hoje, porém, se adota a chamada 
TEORIA DA PASSAGEM INOCENTE, não se aplicando a lei brasileira quando o navio ou a aeronave passa pelo 
território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino (aqui não atracará ou aterrissará). 
Logo, é mais uma hipótese de intraterritorialidade.
Havendo dúvida quanto à bandeira da embarcação em alto mar, aplica-se o princípio da nacionalidade ativa. 
Se, por exemplo, a embarcação holandesa em alto mar recebe brasileiros para a prática de aborto, não haverá crime, 
tendo em vista que é permitido o aborto na Holanda. Ressalta-se que, em alto mar aplica-se a lei da bandeira.
Não há aplicação da lei brasileira nas contravenções penais cometidas no estrangeiro. Ou seja, não existe 
aplicação do princípio da extraterritorialidade para contravenções. 
O mesmo crime pode percorrer países envolvendo vários espaços soberanos. Vários países igualmente soberanos 
têm interesse em punir o criminoso pelo mesmo fato. Por isso, é importante saber o âmbito territorial da nossa lei.
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir o interesse de dois ou mais estados igualmente 
soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa descobrir o âmbito territorial da aplicação da lei penal brasileira, 
bem como a forma como o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal. 
Quando um fato punível atinge interesse de vários estados igualmente soberanos, temos cinco princípios para 
dirimir a matéria.
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Princípios aplicáveis ao conflito da lei penal no espaço:
1º - Princípio da Territorialidade:
Aplica-se a lei do local do crime (onde o crime é praticado), não importando a nacionalidade dos agentes, das 
vítimas (dos sujeitos) ou dos bens jurídicos tutelados.
2º - Princípio da Nacionalidade Ativa:
Aplica-se a lei da nacionalidade do sujeito ativo. Não importa o local do crime ou a nacionalidade da vítima. 
3º - Princípio da Nacionalidade Passiva:
Aplica-se a lei da nacionalidade do sujeito ativo quando atingir um co-cidadão (um patrício). Eu aplico a lei 
brasileira ao brasileiro se ele matar um brasileiro, não importando o local do crime. No princípio da nacionalidade 
passiva, aplica-se a lei da nacionalidade do sujeito passivo se atingir um co-cidadão. 
4º - Princípio da Defesa (ou Real):
Aplica-se a lei da nacionalidade da vítima ou bem jurídico. Não importando o local do crime ou nacionalidade 
do agente. 
5º - Princípio da Justiça Penal Universal:
O agente fica sujeito à lei penal do país em que for encontrado. Esse princípio rege os crimes onde o Brasil se 
compromete a punir por tratados, independente do local, do agente, ou da vítima. 
6º - Princípio da Representação:
Também chamado de princípio da subsidiariedade ou da bandeira. A lei nacional aplica-se aos crimes praticados 
em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro e lá não sejam julgados. 
Quais desses princípios acima o Brasil adotou?
O Brasil adotou o princípio da TERRITORIALIDADE como regra. 
Extraterritorialidade da lei penal: 
Na extraterritorialidade da lei, a lei penal brasileira irá alcançar o território estrangeiro, ou seja, a lei penal sairá 
do território brasileiro.
Conforme se verifica, o art. 7º, CP, possui vários incisos e alíneas. Mas qual princípio adotado em cada alínea 
do art. 7º?
Art. 7º, inciso I, CP:
Alínea “a”:
Para fundamentar a extraterritorialidade da lei o princípio adotado aqui foi o da defesa (ou real).
Alínea “b”:
Aqui se preocupa com o bem jurídico tutelado, portanto também princípio da defesa.
Alínea “c”:
Preocupado com a nacionalidade do bem jurídico, princípio da defesa também.
Alínea “d”:
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Apesar de a doutrina pátria ser divergente, prevalece que o princípio aqui aplicado é o da justiça penal universal, 
pois o genocídio é crime pelo qual Brasil se comprometeu, por tratado internacional, a punir independentemente 
por quem e onde é praticado. 
Art. 7º, inciso II, CP:
Alínea “a”:
Princípio da justiça penal universal. 
Alínea “b”:
Aqui se preocupa com a nacionalidade do agente. Princípio da nacionalidade ativa. 
Alínea “c”:
É exatamente o conceito de um princípio estudado. Princípio da representação do pavilhão ou da bandeira.
Art. 7º, § 3º:
Preocupado com nacionalidade do agente e da vítima, o princípio adotado é o da defesa ou real. 
Princípios aplicáveis ao conflito da lei penal no espaço que o Brasil adotou:
-Princípio da territorialidade – art. 5º;
-Princípio da nacionalidade ativa – art. 7º, II, “b”;
-Princípio da nacionalidade passiva – o Brasil não adotou. 
-Princípio da defesa – art. 7º, I, “a”, “b”, “c” e § 3º;
-Princípio da justiça universal – art. 7º, II, “a”;
-Princípio da representação – art. 7º, II, “c”.
Hipóteses de extraterritorialidade:
O legislador fala em extraterritorialidade e, ao invés de colocar um rol com oito situações, ele coloca um rol 
com quatro, um com três e um com uma situação. A extraterritorialidade no inciso I tem 4 alíneas, no inciso II há 3 
alíneas e no § 3º há outra hipótese. 
Não colocou tudo junto porque as hipóteses do inciso I são de extraterritorialidade incondicionada, no inciso II 
são condicionadas aos requisitos do § 2º e as hipóteses do § 3º a doutrina chama de hipercondicionada, pois precisa 
do § 2º mais os requisitos do § 3º.
Na extraterritorialidade incondicionada aplica lei brasileira pouco importando se o agente foi processado, 
absolvido ou condenado no estrangeiro. Na condicionada, o fato dele ser absolvido ou condenado impede a lei 
brasileira de ser aplicada. Na hipercondicionada, dependendo do que acontece com ele no estrangeiro, não poderá 
ser processado no Brasil.
Requisitos do § 2º:
São indispensáveis para que a lei brasileira saia do território nacional alcançando os fatos os seguintes requisitos 
cumulativos:
1º - entrar o agente no território nacional. A lei brasileira, para alcançá-lo, depende de o agente entrar no território 
nacional. O crime cometido por brasileiro no estrangeiro depende do brasileiro entrar no território nacional. Entrar 
no território nacional não se confunde com permanecer no território. A letra “a” tem natureza jurídica de condição 
de procedibilidade. Sem a prova de que o agente entrou no território nacional o juiz não pode receber a denúncia. É 
a mesma natureza jurídica da representação no crime de ação penal pública condicionada. 
2º - O fato tem que ser punível também no país em que foi praticado. O brasileiro se casa com 270 mulheres 
no Afeganistão, aqui no Brasil ele praticou o crime de poligamia, lá não é crime, não pode aplicar a lei brasileira.
3º - O crime praticado no exterior tem que estar no rol dos crimes pelos quais o Brasil autoriza a extradição.
4º - Diferentemente da territorialidade incondicionada, se o agente já foi absolvido no estado estrangeiro ou ali 
cumpriu pena não poderá ser processado no Brasil. 
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5º - a alínea “e”. Não pode ser perdoado no estrangeiro ou ter extinta a sua punibilidade por outra razão. 
Requisitos do § 3º:
A hipótese do § 3º, além das condições do § 2º, ainda devem ser preenchidas as condições da alínea “a” e “b” 
do parágrafo 3º.
RESUMINDO
-Lei brasileira aplicada ao crime cometido no território nacional: territorialidade.
-Lei brasileira aplicada ao crime cometido fora do território: extraterritorialidade.
-Lei estrangeira aplicada ao crime cometido no território nacional: intraterritorialidade. 
O art. 5º traz o princípio da territorialidade excepcionado pelo princípio da intraterritorialidade.
2.5. Pena cumprida no estrangeiro 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, 
ou nela é computada, quando idênticas. 
Não evita dois processos, duas condenações ou duas execuções. Ele tempera, atenua o bis in idem. Se no 
estrangeiro o agente é condenado a uma pena de 10 anos e no Brasil é condenado a uma pena de 20 anos (são 
espécies idênticas de pena), o tempo de pena a ser cumprido no Brasil abate a pena cumprida no estrangeiro e no 
Brasil ele cumprirá 10 anos. 
2.6. Eficácia de sentença estrangeira
Compete ao Superior Tribunal de Justiça a homologação da sentença penal estrangeira (CF, art. 105, I, i, com 
redação da EC n. 45/04). Os requisitos da homologação estão previstos no parágrafo único do art. 9º, CP.
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, 
pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária 
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
Além dos efeitos previstos no dispositivo, a sentença penal estrangeira produz outros, pelos quais fazem 
referência à reincidência, sursis e livramento condicional. Nesses casos, o seu reconhecimento não depende de 
homologação. Diferentemente do dispostono art. 787 do Código de Processo Penal, esta só é exigível quando 
tratar-se de execução de julgamento proferido no estrangeiro.
2.7. Contagem de prazo
Contagem de prazo 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum. 
Primeiramente, é necessário diferenciar os prazos processuais dos prazos penais. Nos prazos processuais, 
exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do vencimento. Já nos prazos penais, a contagem é simples, incluindo-se 
o dia do início, não importando se o marco inicial ou o termo incidem em feriados ou dias úteis. Para o prazo penal, 
não importa o número de dias do mês ou do ano. Assim, há a falsa impressão que o dia final é excluído, mas na 
verdade o dia inicial é computado para efeito de contagem de prazo. Por exemplo, se o autor do fato, com 17 anos 
de idade, praticou o crime às 23h57, à véspera de seu aniversário de 18 anos, ele será considerado inimputável e não 
sofrerá as consequências do Código Penal, mas sim, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), já que a data 
em questão foi considerada como um dia completo.
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2.8. Frações não computáveis da pena 
Frações não computáveis da pena 
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na 
pena de multa, as frações de cruzeiro. 
No que se refere à quantidade de pena aplicada ao caso concreto, serão desconsideras as frações, isto é, serão 
sempre considerados os números por inteiro, desprezando-se os números “quebrados”. Por exemplo, se houver um 
aumento de metade numa pena de detenção de 15 dias, a nova pena passará a ter 22 dias (15 dias + 7 dias) e não 22 
dias e 12h.
2.9. Interpretação da Lei Penal
A doutrina estuda a interpretação da lei penal sobre três enfoques: quanto ao sujeito, quanto ao modo, quanto 
ao resultado.
 
Quanto ao sujeito (origem):
 
a) Autêntica (legislativa): a interpretação feita pela própria lei (ex: conceito de funcionário público previsto no 
art. 327 do CP).
b) Doutrinária ou científica: é a interpretação feita pelos estudiosos do direito.
c) Jurisprudencial: é fruto das decisões reiteradas de nossos tribunais. Em regra, não vincula, salvo as súmulas 
vinculantes.
 
Quanto ao modo:
a) Gramatical: quando leva em conta o sentido literal das palavras.
b) Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada na lei.
c) Histórica: indaga-se a origem da lei (analisam-se os fatos sociais, as discussões no Congresso Nacional).
d) Sistemática: interpreta-se a lei considerando o sistema, ou seja, a lei é interpretada com o conjunto da 
legislação ou dos princípios gerais de direito. 
e) Progressiva: interpreta-se a lei de acordo com o progresso da ciência.
 
Observação: o uso de um modo de interpretação não obsta que outro seja usado concomitantemente.
Quanto ao resultado:
a) Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer.
b) Extensiva: amplia-se o alcance da palavra do texto para se chegar até a vontade ou intenção do texto.
c) Restritiva: restringe-se o alcance da palavra do texto para se chegar a vontade ou intenção do texto. 
 
Observação: a interpretação extensiva não se confunde com a interpretação analógica, pois nesta o significado 
que se busca é extraído do próprio dispositivo, levando-se em conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo 
legislador. Exemplos: art. 121, § 2º, I, CP (“ou por outro motivo torpe”); art. 121, § 2º, III (“ou outro modo insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”). Em ambos os exemplos dados, o legislador, por não conseguir 
prever todos os modos, exemplificou uma conduta e terminou os incisos com ordenamento genérico.
É importante frisar que as hipóteses de interpretação acima expostas (extensiva e analógica) não se confundem 
com a analogia. Nesse caso, ao contrário dos anteriores, partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser 
aplicada ao caso concreto, socorrendo-se daquilo que o legislador previr para outro similar. A seguir, aprofundaremos 
referido instituto.
2.10. Analogia
Analogia não é fonte do Direito Penal, mas sim, uma forma de integração da lei, isto é, havendo lacuna na lei, o 
juiz deverá valer-se deste instituto (ou também dos costumes e dos princípios gerias do direito) para suprir a norma 
penal diante de um determinado caso concreto.
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Segundo Damásio E. de Jesus, o recurso da analogia exige a concorrência dos seguintes requisitos:
-Que o fato considerado não tenha sido regulado pelo legislador;
-Que tenha o legislador regulado situação que oferece relação de coincidência, de identidade com o caso não 
regulado;
-Que o ponto comum entre as duas situações constitua o ponto determinante na implantação do princípio 
referente à situação considerada pelo julgador.
No direito penal, a analogia também pode ser:
- in bonam partem: quando o sujeito é beneficiado pela sua aplicação.
- in malam partem: quando o sujeito é prejudicado pela sua aplicação.
Entretanto, o direito penal brasileiro admite apenas a analogia in bonam partem, isto é, a lacuna da lei penal 
poderá ser suprida somente quando for para beneficiar o réu; nunca para prejudicá-lo.
2.11. Irretroatividade 
Irretroatividade da Lei Penal
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela 
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Previsão na Constituição Federal:
A lei penal só retroagirá em benefício do réu. Assim, temos que, em regra, a lei penal não pode retroagir. Porém, 
há exceção: poderá retroagir quando trouxer algum benefício para o agente no caso concreto. Vale lembrar que isto 
se restringe somente às normas penais.
Hipóteses de Lei Posterior:
a) Abolitio criminis (lei posterior desconsidera um fato criminoso). Efeitos: inquérito policial ou processo penal 
são imediatamente trancados e extintos; sentença condenatória cessa imediatamente sua execução e todos os seus 
efeitos penais, principais e secundários;
b) Novatio legis in mellius (lei posterior que, de qualquer modo, venha agravar a situação do agente no caso 
concreto);
c) Novatio legis in pejus (lei posterior que, de qualquer modo, traz um benefício para o agente no caso concreto);
d) Novatio legis incriminadora (lei posterior que cria um tipo incriminador, tornando típica conduta considerada 
irrelevante penal pela lei anterior).
2.12. Conflito aparente de normas
Conceito: 
Ocorre quando a um só fato, aparentemente, duas ou mais leis vigentes são aplicáveis. Por isso há quem prefira 
falar em conflito aparente de leis penais.
Requisitos:
1º Requisito: Fato único.
2º Requisito:Duas ou mais leis vigentes aparentemente aplicáveis.
Se a lei não está vigente, você tem uma sucessão da lei penal no tempo. É diferente. 
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Fundamentos:
1º Fundamento: O direito é um sistema coerente, logo, precisa resolver seus conflitos internos.
2º Fundamento: Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo crime.
Princípios:
 
A doutrina costuma citar três princípios que resolvem o conflito aparente de leis penais. Quais são? Especialidade, 
subsidiariedade e consunção. Vamos começar a estudar os três agora. 
a) Princípio da especialidade
Pelo princípio da especialidade, a lei especial derroga a lei geral (a lei é especial quando contém todos os 
requisitos típicos da lei geral e mais alguns específicos). Exemplo:homicídio comparado com infanticídio. O 
homicídio pune ‘matar alguém’. O infanticídio pune ‘matar alguém’ 
b) Princípio da subsidiariedade
Uma lei tem caráter subsidiário relativamente a outra (principal) quando o fato por ela incriminado é também 
incriminado por outra, tendo um âmbito de aplicação comum (mas abrangência diversa). Na especialidade, a 
relação não é do mais grave para o menos grave, mas do especial para o geral. A subsidiariedade pode ser Expressa 
(prevista em lei) ou Tácita (implícita na lei). Exemplo: o art. 132 - periclitação da vida e da saúde e o art. 121 – 
homicídio; ambos têm um ponto de abrangência comum, que é a vida da pessoa. Se você colocou uma pessoa em 
risco, responde pelo art. 132, salvo se o fato constituir crime mais grave.
c) Princípio da consunção ou da absorção
Verifica-se a relação de consunção quando o crime previsto por uma norma (dita consumida) não passa de uma 
fase de realização do crime previsto por outra (consuntiva) ou é uma forma normal de transição para o crime (crime 
progressivo).
No princípio da especialidade, a relação é entre espécie e gênero. No princípio da subsidiariedade a relação é 
entre menor e maior gravidade. E na consunção? A relação é entre parte e todo, meio e fim. 
ATENÇÃO! 
“Ante factum impunível”
São fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave.São fatos-meios para fatos-fins. 
A relação aqui é de meio para fim. Mas qual a diferença do ante factum imipunível para o crime progressivo? No 
crime progressivo, o crime-meio é o crime necessário, é uma ação de passagem para o crime-fim. Aqui, ele foi 
casualmente o crime-meio para se atingir o crime-fim.
“Post factum impunível”
Pode ser considerado um exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, portanto, por ele, o agente 
não pode ser punido.
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3 O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS. 
3.1 CRIME CONSUMADO E TENTADO. 
3.2 PENA DA TENTATIVA. 3.3 CONCURSO DE CRIMES. 
3.4 ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO. 3.5 EXCESSO 
PUNÍVEL. 3.6 CULPABILIDADE. 3.6.1 ELEMENTOS E 
CAUSAS DE EXCLUSÃO.
Ísis Cordioli Agostin
Graduada em Direito pela Fundação Eurípedes Soares da Rocha - UNIVEM
Conciliadora do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Revisora de Texto do Instituto Maximize Educação
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Conceito de crime
No estudo do direito penal, há várias teorias explicando a concepção de crime, contudo, nos concentraremos nas 
mais relevantes para o concurso público.
Conforme a explicação do professor Gustavo Octaviano Diniz Junqueira, o crime, sob o aspecto material, 
é “ação humana que, consciente ou descuidadamente, lesa de maneira grave ou expõe a risco de grave lesão 
bem jurídico vital para a vida em sociedade, que de outra forma, que não a intervenção penal, não poderia ser 
protegido”. Já sob o aspecto analítico, o conceito de crime é dividido em estratos. Para a doutrina majoritária e 
atualmente adotada no Brasil, essa divisão compõe-se de três estratos (teoria tripartite), ou seja, neste caso, crime é 
o fato típico, antijurídico e culpável. A seguir, analisaremos cada um deles:
Fato típico: composto pela ação humana (conduta), culposa ou dolosa; pelo resultado; pelo nexo causal; e pela 
tipicidade. Para facilitar o entendimento, é necessário explicarmos cada um desses elementos. 
Conduta é todo comportamento humano voluntário, comissivo ou omissivo, criminalmente relevante para o 
direito penal. 
Resultado: modificação do mundo exterior causado pela conduta.
Nexo causal: relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado.
Tipicidade: adequação perfeita entre o comportamento humano ilícito e a descrição do tipo penal presente na 
norma incriminadora.
Antijurídico: é o comportamento contrário ao ordenamento jurídico. Por definição, temos: anti (contrário) + 
juridicidade (legalidade, licitude). Resumindo, é uma conduta típica não justificada.
Culpável (culpabilidade): é um juízo de reprovação extraído da análise de como o sujeito ativo se comportou 
diante do episódio com o qual se envolver. 
3.1. Crime consumado e crime tentado
CRIME CONSUMADO
Previsão legal: 
Art. 14, I, do Código Penal.
Art. 14 - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Conceito: 
Considera-se crime consumado a realização do tipo penal por inteiro, nele encerrando o iter criminis.
Observação: iter crimines é o conjunto das fases (cogitação, atos preparatórios, atos executórios e, por fim, 
consumação) que se sucedem cronologicamente no desenvolvimento do delito.
Crime consumado X crime exaurido
A consumação não se confunde com o exaurimento. Diz-se crime exaurido (ou esgotado plenamente) quando 
os acontecimentos são posteriores ao término do iter criminis.
O exaurimento está fora do iter criminis. Por exemplo, o recebimento da vantagem na concussão. O recebimento 
do resgate na extorsão mediante sequestro. São acontecimentos posteriores ao iter criminis. São dois exemplos que 
mostram que esse enriquecimento e mero exaurimento, é ato posterior.
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Classificação do crime quanto ao momento consumativo
Quanto ao momento consumativo, o crime se divide em três espécies: Crime material, crime formal e crime de 
mera conduta.
1. CRIME MATERIAL - No crime material, o tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico. O resultado 
naturalístico é indispensável para a consumação. Sem o resultado naturalístico, esse crime não se consuma. Exemplo: 
homicídio.
2. CRIME FORMAL - No crime formal, o tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico. A diferença do 
crime formal para o material é que no crime formal, o resultado naturalístico e dispensável. Por que é dispensável? 
Porque ele já se consumou com a conduta. É o chamado crime de consumação antecipada. Exemplo: extorsão 
mediante sequestro, extorsão, concussão, etc. Se o resultado naturalístico dispensável ocorreu, é mero exaurimento. 
E o que o juiz faz com o exaurimento? Ele trabalha com o exaurimento na fixação da pena, não na tipicidade. Crime 
exaurido é mais severamente punido.
3. CRIME DE MERA CONDUTA - O tipo penal descreve mera conduta. Não há resultado naturalístico. 
Exemplo: violação de domicílio, omissão de socorro. 
Consumação formal e consumação material 
-Consumação formal se dá quando ocorre o resultado naturalístico nos crimes materiais ou quando o agente 
concretiza a conduta descrita no tipo formal ou de mera conduta.
-Consumação material se dá quando presente a relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico 
tutelado.
CRIME TENTADO
Previsão legal: 
Art. 14, II, do Código Penal.
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
Conceito: 
O disposto no art. 14, II, CP já é o suficiente para conceituá-la.
Elementos da tentativa
1º Elemento: Início da execução.
2º Elemento: Não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Classificação doutrinária da tentativa
a) Quanto ao iter criminis percorrido – A tentativa se divide em:
-Tentativa Perfeita (ou Acabada) – O agente, apesar de praticar todos os atos executórios à sua disposição, não 
consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. Observação: a tentativa perfeita também é 
conhecida como crime falho.
 
-Tentativa Imperfeita (ou Inacabada) – O agente é impedido de esgotar os atos executórios à sua disposição. Ele 
não conseguiu realizar todos os atos executórios que pretendia. 
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Exemplo: você tem 5 projéteis no seu revólver e dá dois tiros. Uma pessoa consegue desarmá-lo. A tentativa 
será perfeita ou imperfeita? Imperfeita. Você tinha mais três tiros para o que pretendia realizar e foi impedido. 
Digamos que você desse os 5 tiros e o médico conseguisse salvar a vida da vítima. Neste caso, é tentativa perfeita. 
O que dependia de você, você executou.
b) Quanto ao resultado produzido na vítima – A tentativa se divide em:
-Tentativa cruenta (ou Tentativa vermelha) – A vítima é atingida. 
-Tentativa incruenta (não cruenta ou Tentativa Branca) – O golpe desferido não atinge o corpo da vítima.
c) Quanto à possibilidade de alcançar o resultado – A tentativa se divide em:
-Tentativa idônea – O resultado, apesar de possível de ser alcançado, só não ocorre por circunstâncias alheias 
à vontade do agente.
-Tentativa inidônea (ou crime impossível) – O resultado é impossível de ser alcançado, por absoluta ineficácia 
do meio ou absoluta impropriedade do objeto material.
Infrações penais que não admitem tentativa
-Crime culposo – Não admite tentativa porque o segundo elemento da tentativa é a não consumação por 
circunstâncias alheias à vontade e não há que se falar em vontade em crime culposo. O agente não tem vontade de 
produzir o resultado. Jamais se vai poder dizer que o resultado não foi produzido por circunstâncias alheias a uma 
vontade que ele nunca teve. No crime culposo não há dolo de consumação.
-Crime preterdoloso – Não admite tentativa pelo mesmo motivo: o agente não pretendia produzir o resultado 
mais grave. Cuidado porque isso aqui não é verdade absoluta. Crime culposo não tem tentativa porque o que 
fica frustrado é o resultado culposo mais grave. Se ocorrer o resultado culposo mais grave, mas ficar frustrado o 
desdobramento doloso, aí admite tentativa. O crime preterdoloso é constituído de antecedente e consequente. O 
antecedente é doloso e o consequente é culposo. O crime de aborto seguido de morte é exemplo. 
-Contravenção penal – Não admite tentativa. Mas aí vai um alerta: está errado falar que contravenção penal não 
admite tentativa. O art. 4º da LCP (Lei de Contravenções Penais) diz não ser punível a tentativa. De fato, admite. 
Só não interessa para o direito penal.
-Crime de atentado – Não admite tentativa. No crime de atentado, a pena do consumado é igual à pena do 
tentado. 
-Crime habitual – Aqui, se há um ato, ele é atípico. Se há dois ou mais atos, já se está na seara da consumação. 
-Crimes unissubsistentes (são os que não admitem fracionamento da execução) – Nós temos dois tipos 
claros aqui: crimes omissivos puros e os crimes de mera conduta. O omissivo puro não admite tentativa porque é 
unissubsistente, não há como fracionar a sua execução. O crime de mera conduta não admite tentativa porque é 
unissubsistente, não tem como parcelar a sua execução. Exceção: Crime de mera conduta que admite tentativa – 
violação de domicílio (“tentar entrar”).
-Dolo eventual - É incompatível com a tentativa. Isso é muito discutido e não há doutrina que prevaleça. 
3.2. Pena da tentativa
Previsão legal:
Art. 14, II, parágrafo único, CP.
Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime 
consumado, diminuída de um a dois terços.
A consequência é, em regra, punir com a pena da consumação reduzida de 1 a 2/3. É o que diz o parágrafo único 
do art. 14: “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, 
diminuída de um a dois terços.”.
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3.3. Concurso de crimes
Conceito:
Ocorre quando o agente com uma ou mais condutas realiza um ou mais crimes. Difere do concurso de pessoas, 
que ocorre quando se tem pluralidade de agentes concorrendo para o mesmo crime. Também difere do conflito 
aparente de normas, onde há um só crime, aparentemente se ajustando a duas ou mais normas. Todas as infrações 
penais admitem concurso de crimes, não importando se se trata de crime ou condenação.
Espécies de concurso de crimes:
a) Concurso Material (art. 69 do CP):
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação 
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, 
por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º - Quando 
forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis 
entre si e sucessivamente as demais. 
b) Concurso Formal (art. 70 do CP):
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, 
aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, 
de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os 
crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
c) Crime continuado (art. 71 do CP):
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma 
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se 
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à 
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agen-
te, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, 
se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
Observação: TODOS OS CRIMES ADMITEM CONCURSO! Doloso-doloso, doloso-culposo e culposo-cul-
poso. Todas as infrações penais admitem concurso de delitos. Umas infrações podem admitir só uma espécie, ou-
tras, somente outras espécies, mas todas as infrações penais admitem concurso de delitos.
CONCURSO MATERIAL:
Requisitos:
a) Pluralidade de condutas (duas ou mais condutas).
b) Pluralidade de crimes (dois ou mais crimes).
Espécies:
a) Homogêneo: (dois ou mais crimes idênticos).
b) Heterogêneo: (crimes diversos).
Regras de fixação das penas:
Ex: roubo (art. 157) e estupro (art. 213)
Art. 157 – fixa-se a pena para este crime individualmente.
Art. 213 – fixa-se a pena para este crime individualmente.
Após, somam-se as duas penas. (Sistema do Cúmulo Material)
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Se um crime for punido com reclusão e outro com detenção, adota-se o art. 69, caput, segunda parte.
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação 
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Se para o crime A o juiz impõe pena privativa de liberdade, é possível a aplicação de pena restritiva de direitos 
para o crime B?
O art. 69, § 1.º diz que não é possível, salvo se o crime A está com a pena suspensa pelo sursis. Só se vai poder 
substituir a pena por restritiva de direitos se a pena privativa de liberdade for suspensa. Se nãofoi suspensa, não é 
possível substituir por restritiva de direitos.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, 
por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
O § 2.º do art. 69 trata da aplicação das penas restritivas de direitos. Por exemplo, pode-se cumprir a prestação 
de serviços à comunidade e prestação pecuniária. Com efeito, o réu vai cumprir simultaneamente as penas, porém, 
ele cumpre uma e depois cumpre a outra.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que 
forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
CONCURSO FORMAL:
A previsão legal é a do art. 70 do CP:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e 
os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Requisitos:
a) uma conduta, que não importa obrigatoriamente um ato único.
b) pluralidade de crimes.
Ex: roubo em ônibus, onde há vários crimes de roubo em concurso formal. É a posição do STF. Há uma só 
conduta, constituída de vários atos com pluralidade de crimes.
O concurso formal difere do material porque neste há pluralidade de condutas, enquanto que no concurso for-
mal há apenas uma conduta, com pluralidade de crimes.
Espécies de concurso formal:
a) Homogêneo:
Ocorrerá quando os crimes forem idênticos.
Ex: atropelamento onde o motorista mata culposamente três pedestres.
b) Heterogêneo:
Ocorrerá quando os crimes forem distintos.
ex: atropelamento quando há morte e lesões corporais.
c) Perfeito, Próprio ou Normal:
Não há desígnios autônomos em relação a cada um dos crimes.
Ex: A queria matar B. Atira nele mas acerta também C, matando-o. A tinha intenção de matar apenas B, mas 
também matou C.
Outro exemplo – acidente de trânsito com várias vítimas.
d) Imperfeito, Impróprio ou Anormal:
Há desígnios autônomos em relação a cada um dos crimes.
Ex: se A quer matar B, mas aceita matar C, então há desígnios autônomos, logo há concurso formal imperfeito. 
Por desígnios autônomos entende-se a vontade independente.
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Regras para a fixação da pena:
Se o concurso formal for homogêneo, escolhe qualquer das penas. Mas se for um concurso heterogêneo, escolhe 
a pena mais grave. Com base na pena, aplica o critério trifásico. Atente que na terceira fase de aplicação da pena, 
deve ela ser aumentada de um sexto até a metade. A esse aumento de pena chama-se de sistema da exasperação.
O concurso formal de delitos é um benefício, logo não pode ser pior do que o concurso material. Por isso, há a 
regra do Parágrafo único do art. 70:
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Ex: homicídio doloso e lesão corporal culposa em concurso formal. A pena do homicídio é de 06 a 20 anos. A 
pena da lesão culposa é de 02 meses a 01 ano. Ora, se se somar 06 anos mais 01 ano a pena é de 07 anos. Mas se se 
somar 06 anos com 02 meses, há um benefício para o autor, logo não será aplicado o sistema da exasperação. Nesse 
caso, há o cúmulo material benéfico, porque o concurso formal é um benefício para o autor.
Regras para a fixação da pena no concurso formal imperfeito:
É a mesma regra do art. 69 do CP. Para o crime X aplica-se o critério trifásico; para o crime Y, também o critério 
trifásico. Após, a pena X e a pena Y são somadas. Trabalha-se como se fosse concurso material.
CRIME CONTINUADO:
A previsão legal é a do art. 71 do CP:
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma 
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, 
se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à 
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agen-
te, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, 
se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
Natureza jurídica do crime continuado:
Há três teorias que tratam do tema:
a) Teoria da Unidade Real: efetivamente, todos os crimes configuram um só delito.
b) Teoria da Ficção Jurídica: apenas para efeito da pena, todos os crimes formam um só delito. Foi a teoria 
adotada no Brasil. A prova encontra-se no art. 119 do CP:
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isola-
damente. 
Ainda, a exposição de motivos do CP diz que a teoria adotada foi a da ficção jurídica.
c) Teoria Mista: todos os crimes formam um terceiro tipo de delito.
Súmula 605 do STF:
NÃO SE ADMITE CONTINUIDADE DELITIVA NOS CRIMES CONTRA A VIDA. 
Não mais vigora, porque é anterior á reforma da parte geral do CP de 1984.
Assim, é perfeitamente admissível continuidade delitiva mesmo nos crimes contra a vida.
Espécies de crime continuado:
a) Crime Continuado Genérico (art. 71, caput):
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Requisitos:
1) Pluralidade de condutas;
2) Pluralidade de crimes da mesma espécie. Crime da mesma espécie, para o STF, é aquele que pertence ao 
mesmo tipo penal.
Exemplo 01 – Furto seguido de furto. É possível a continuidade delitiva? É possível!
Exemplo 02 – Roubo e extorsão. É possível continuidade delitiva entre roubo e extorsão? Roubo e extorsão não 
estão previstos no mesmo tipo penal, logo, não é possível a continuidade delitiva entre os dois.
Exemplo 3 – Roubo e Latrocínio – O STF não admite continuidade delitiva porque eles possuem bens jurídicos 
distintos. Isso porque o latrocínio atinge um bem jurídico diverso, ou seja, além do patrimônio, ele também atinge 
a vida, impedindo a continuidade delitiva.
3) Elo de continuidade:
Os vários crimes devem ser praticados nas mesmas condições de tempo, que a jurisprudência entende ser prazo 
não superior a 30 dias entre os vários delitos. Além das condições de tempo, deve-se observar também as mesmas 
condições de lugar, onde a jurisprudência entende que os crimes devem ser praticados na mesma comarca, podendo 
abranger comarcas vizinhas. Por fim, os crimes devem ser praticados com o mesmo modo de execução.
Concurso Material (Art. 69) Concurso Formal (Art. 70) Continuidade Delitiva (Art. 71)
Pluralidade de condutas Unidade de conduta gerando 
pluralidade de crimes
Pluralidade de condutas
Pluralidade de crimes Pluralidade de crimes da mesma 
espécie
Pluralidade de crimes da mesma espé-
cie.
Não existe o elo de continuidade. Não existe o elo de continuida-
de.
Elo de continuidade
3.4. Ilicitude e causas de exclusão
EXCLUSÃO DA ILICITUDE
Previsão legal:
Art. 23, CP.
Conceito de ilicitude: é o fato típico que, uma vez praticado por alguém, é contrário ao ordenamento jurídico. No 
entanto, o dispositivo mencionado prevê as causas de sua exclusão, que são: legítima defesa, estado de necessidade, 
estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito. 
Legítima defesa:
Conceito: bastao disposto no art. 25, CP: Art. 25 – “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente 
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”.
Requisitos objetivos:
-Agressão injusta; 
-Agressão atual ou iminente;
-Uso moderado dos meios necessários;
-Salvar direito próprio ou alheio.
Requisito subjetivo: conhecimento da situação de fato justificante.
Estrito cumprimento do dever legal:
Conceito: como não há conceito legal a respeito, esclarece Cleber Masson: “Pode-se defini-lo, contudo, como 
causa de exclusão da ilicitude que consiste na prática de um fato típico, em razão de cumprir o agente uma obrigação 
imposta por lei, de natureza penal ou não.(...) É o caso, por exemplo, do cumprimento de mandado de busca 
domiciliar em que o morador ou quem o represente desobedeça à ordem de ingresso na residência, autorizando o 
arrombamento da porta e a entrada forçada(CPP, art. 245, §2º). Em decorrência do estrito cumprimento do dever 
legal, o funcionário público responsável pelo cumprimento da ordem judicial não responde pelo crime de dano, e 
sequer pela violação de domicílio.”.
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Exercício regular do direito:
Conceito: compreende ações do cidadão comum autorizadas pela existência de direitos definidos em lei e 
condicionadas à regularidade do exercício desse direito
Estado de necessidade:
Conceito: conforme preceitua o art. 24, CP: “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou 
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”.
Requisitos objetivos:
-Perigo atual;
-Involuntariedade;
-Salvar direito próprio ou alheio;
-Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo;
-Inevitabilidade do comportamento lesivo;
-Inexigibilidade do sacrifício do direito ameaçado.
Requisito subjetivo:
-Conhecimento da situação de fato justificante.
3.5. Excesso punível
Trata-se de uma intensidade desnecessária desenvolvida a partir de uma ação justificada. Tem aplicação em 
quaisquer das excludentes de ilicitude previstas no art. 23, CP e, ainda, subdivide-se em:
Excesso punível doloso: a ação desmedida é consciente e proposital. Neste caso, o agente responderá pelo crime 
como se dolosamente o tivesse praticado.
Excesso punível culposo: a ação desmedida advém de uma conduta culposa, ou seja, realizada com negligência, 
imprudência ou imperícia. Neste caso, o autor do delito responderá culposamente pelo crime que cometeu.
Há, ainda, mais duas espécies de excesso punível as quais são supralegais:
a) Causal ou acidental: a ação injustificada advém de um caso fortuito ou de força maior.
b) Exculpante: neste caso a ação excessiva é resultante do temor do agente diante do contexto fático.
3.6. Culpabilidade
Conceito
Primeiramente deve-se estar atento que o conceito se divide em duas correntes. Vejamos:
Conceito segundo a 1ª CORRENTE – A culpabilidade não integra o crime. Objetivamente, para a existência 
do crime, é prescindível a culpabilidade. O crime existe por si mesmo com os requisitos fato típico e ilicitude 
(bipartite). Mas o crime só é ligado ao agente se este for culpado. Para a primeira corrente, culpabilidade não 
é substrato do crime, não integra o crime, que se integra do fato típico e ilicitude. Mas para você ligar esse fato 
objetivo ao agente você precisa da culpabilidade. Então, para essa corrente, culpabilidade é mero pressuposto de 
aplicação da pena, juízo de reprovação e censurabilidade.
Conceito Segundo a 2ª CORRENTE – A culpabilidade é o terceiro substrato do crime (sem culpabilidade não 
tem crime). Para essa corrente, a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade são os pressupostos da pena. Existe pena 
sem tipicidade? Não. Existe pena sem ilicitude? Não. Também não existe pena sem culpabilidade. A tipicidade, a 
ilicitude e a culpabilidade são pressupostos de aplicação da pena. Essa segunda corrente é a chamada de tripartite. 
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Teorias da culpabilidade
Teoria PSICOLOGICA da culpabilidade 
A teoria psicológica da culpabilidade tem base causalista, ou seja, aqui iremos encontrar o Dolo e a culpa. 
Para a teoria psicológica da culpabilidade, a culpabilidade tem espécies. Você tem uma culpabilidade-dolo e uma 
culpabilidade-culpa. Se você agiu com dolo, sua culpabilidade é dolosa, se você agiu com culpa, sua culpabilidade 
é culposa. E ela tem um só elemento, que é a imputabilidade. 
Teoria PSICOLOGICA-NORMATIVA da culpabilidade 
Para esta teoria, o dolo e a culpa passam a ser elementos da culpabilidade. Assim, tem-se que o dolo é constituído 
de consciência, vontade e consciência atual da ilicitude. Essa consciência atual da ilicitude é o elemento normativo 
desse dolo. Trata-se, portanto, de dolo normativo (base neokantista). 
Teoria NORMATIVA PURA ou EXTREMADA da culpabilidade 
Essa teoria tem base finalista. Assim, o dolo não pode mais ser chamado de dolo normativo porque perdeu o 
elemento normativo. Neste caso, trata-se de dolo natural (é o dolo da teoria normativa pura, de base finalista, que 
está no fato típico, despido do elemento normativo que integra a culpabilidade).
Elementos da culpabilidade para a teoria normativa pura: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e 
potencial consciência da ilicitude. 
Teoria LIMITADA da culpabilidade 
Ela também tem base finalista. A culpabilidade também tem os elementos imputabilidade, exigibilidade de 
conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. A teoria limitada e a teoria extremada estão idênticas. A única 
observação é o art. 20, § 1º, o qual, para ela, é erro de tipo. É só nisso que ela se diferencia da outra. Para a anterior, 
o art. 20, § 1º é erro de proibição. No mais são idênticas. 
3.6.1. Elementos e causas de exclusão da culpabilidade
São três: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude.
a) Imputabilidade: 
É a capacidade de imputação, ou seja, a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de 
uma infração penal. 
→ Sistemas de inimputabilidade:
I) Sistema Biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento mental do agente, isto é, doença mental ou 
idade, não importando se no momento da conduta tinha capacidade de entendimento e autodeterminação. Pelo 
sistema biológico, pois, todo louco é inimputável.
II) Sistema Psicológico: é exatamente o oposto do anterior – o que interessa para aquele não interessa para este, 
e vice-versa. Este critério considera apenas se o agente, no momento da conduta tinha capacidade de discernimento 
e autodeterminação, independentemente da presença de eventual anomalia psíquica.
III) Sistema Biopsicológico: considera inimputável o agente que, em razão de sua condição mental, era, ao 
tempo da conduta, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato (capacidade de entendimento) ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento (autodeterminação). Assim, nem todo louco é inimputável. É o 
sistema adotado, em regra, no Brasil (art. 26, caput, CP) – excepcionalmente adotamos o sistema biológico.
→ Hipóteses de inimputabilidade:
1- Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica: 
Art. 26, CP: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado (SISTEMA BIOLÓGICO), era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento” (SISTEMA PSICOLÓGICO).
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No Brasil, não basta ser louco para ser inimputável, tem também que ser incapaz deentender o caráter ilícito 
do fato. 
2- Inimputabilidade em razão da idade do agente: 
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas 
na legislação especial (ECA).
Este artigo adotou o critério biológico. Assim, se o agente já completou 18 anos ele é imputável, pouco 
importando se ele sabia ou não o que estava fazendo. 
Obs: o art. 28, I, CP: a emoção (estado súbito e passageiro) ou a paixão (sentimento crônico e duradouro) não 
excluem a imputabilidade. 
3- Embriaguez
Art. 28, §1º, CP: “É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou 
força maior (CRITÉRIO BIOLÓGICO), era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender 
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento” (CRITÉRIO PSICOLÓGICO).
Atenção! O CP adotou o critério biopsicológico. 
Conceito de embriaguez: é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool (ou substância de efeitos 
análogos), cujos efeitos podem progredir de uma ligeira excitação inicial, até o estado de paralisia e coma.
 
Análise da embriaguez, de acordo com sua origem e seu grau:
 
Origem: 
Embriaguez acidental: (proveniente de) 
1) Caso fortuito: o agente desconhece o caráter inebriante da substância que ingere. Ex. tomar gelatina de pinga 
sem saber. 
2) Força maior: o agente é obrigado a ingerir a substância. Esta embriaguez, quanto ao grau pode ser completa 
ou incompleta. 
Grau:
1) Completa: não há capacidade de entendimento e autodeterminação. É caso de inimputabilidade, isenta de 
pena (art. 28, §1º - critério biopsicológico). 
2) Incompleta: não há inteira capacidade de entendimento e autodeterminação. Acarreta uma diminuição de 
pena (art. 28, §2º).
Embriaguez não acidental: (pode ser)
1) Voluntária: ocorre quando o agente quer se embriagar; 
2) Culposa: quando a pessoa não quer se embriagar, mas acaba se embriagando (porque exagera na dose). O 
agente se embriaga negligentemente. Esta embriaguez também pode ser completa ou incompleta. Não excluem 
a imputabilidade (art. 28, II).
Embriaguez patológica: é doentia, equipara-se a doença mental. Também pode ser completa ou incompleta. Se 
completa, será analisada de acordo com art. 26, caput. Se incompleta, será tratada de acordo com o art. 26, parágrafo 
único.
Embriaguez preordenada: é aquela em que o agente se embriaga para praticar o crime. A embriaguez é meio 
para a prática do crime. Também pode ser completa ou incompleta. Este tipo de embriaguez não só não exclui a 
imputabilidade, como é uma agravante de pena.
Só é possível punir a embriaguez não acidental completa e a embriaguez preordenada completa devido à teoria 
da actio libera in causa.
Teoria da Actio libera in causa: o ato transitório revestido de inconsciência decorre de ato antecedente que foi 
livre na vontade, transferindo-se para esse momento anterior a constatação da imputabilidade. 
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O uso indiscriminado dessa teoria pode gerar responsabilidade penal objetiva.
Para a embriaguez isentar o agente de culpabilidade é imprescindível a presença dos 4 requisitos: a) causal 
(proveniente de caso fortuito ou força maior); b) quantitativo (completa); c) cronológico (ao tempo da ação ou 
omissão); d) consequencial (inteira incapacidade intelectiva ou volitiva). Somente quando presentes os 4 requisitos 
é que a embriaguez exclui a imputabilidade. 
OBS. Índio: Não existe exclusão da imputabilidade pelo simples fato de uma pessoa ser um índio. Para que 
seja inimputável, o índio deve ter alguma anomalia psíquica, ou ser menor de 18 anos ou padecer de embriaguez 
completa.
b) Potencial consciência da ilicitude:
Para que o agente seja culpável, não basta ser imputável, sendo indispensável a potencial consciência da ilicitude 
(possibilidade de conhecer que o fato contraria o direito).
Art. 21, CP - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de 
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Atenção: o simples desconhecimento da lei é inescusável. Mas, o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável 
isenta o réu de pena, e se evitável poderá diminuir de 1/6 a 1/3 a pena.
Situações e suas consequências:
1ª) o agente desconhece a lei, porém tem potencial consciência da ilicitude, isto é, possibilidade de conhecer a 
proibição do fato. Não há erro de proibição, mas pode gerar atenuante de pena (art. 65, II, CP);
2ª) o agente conhece a lei, porém não tem potencial consciência da ilicitude do seu comportamento, assim, se 
não era possível conhecer a ilicitude → erro de proibição (art. 21, CP). Se inevitável, isenta de pena; se evitável, 
diminui a pena. Ex. marido acredita que está no seu direito manter conjunção carnal com sua mulher, sem seu 
consentimento. Para distinguir se o erro é evitável ou inevitável, utilizava-se a análise do homem médio. A doutrina 
moderna analisa as circunstâncias do caso concreto.
3ª) o agente desconhece a lei e não tem potencial consciência da ilicitude do seu comportamento, ou seja, não 
lhe era possível conhecer a proibição 
Assim, nem sempre quem conhece a lei conhece a ilicitude, e nem sempre quem não conhece a lei desconhece 
a ilicitude.
c) Exigibilidade de conduta diversa: 
Não é suficiente que o sujeito seja imputável e tenha cometido o fato com possibilidade de lhe conhecer o 
caráter ilícito para que surja a reprovação social (culpabilidade). Além dos dois primeiros elementos exige-se 
que nas circunstâncias de fato, que o agente tenha a possibilidade de realizar outra conduta, de acordo com o 
ordenamento jurídico.
Este elemento, por sua vez, tem duas excludentes, ou seja, temos duas hipóteses de inexigibilidade de conduta 
diversa, e ambas estão no art. 22: “Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, 
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da ação ou da ordem”. São, pois, elas:
I) Coação irresistível:
Previsão legal: art. 22, 1ª parte, CP.
Requisitos:
- deve haver uma coação moral: promessa de realizar um mal injusto e grave. Observações: a coação física 
exclui conduta (tipicidade). Obs. não é necessário que o mal prometido pelo coator se dirija contra o coato. Pode se 
dirigir contra pessoas ligadas ao coato. 
- deve ser irresistível: aquela em que o coato não tinha alternativa a não ser sucumbir a ela (ou seja, é de 
sucumbência inevitável). Obs.: se a coação moral for resistível, poderá configurar apenas uma atenuante de pena 
(art. 65, III, c, CP).
Consequências: só será punível o autor da coação (autor mediato).
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II) Obediência hierárquica:
Previsão legal: art. 22, 2ª parte, CP.
Requisitos:
- que a ordem não seja manifestamente (claramente) ilegal;
- que seja oriunda de superior hierárquico: ordem de superior hierárquico é a manifestação de vontade do titular 
de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado. Não abrange a superioridade doméstica (pai e 
filho), eclesiástica (bispo e sacerdote) e privada (diretor e gerente de empresa).
Consequência: só é punível o autor da ordem, na condição de autor mediato. 
O subordinado não é culpável nos estritos limites do cumprimento da ordem.
Situações:
1ª) ordem ilegal: o superior hierárquico pratica crime, e o subordinado também.
2ª) ordem legal: o superior hierárquico, e o subordinado estão ambos no estrito cumprimento de um dever legal 
(não respondem pro nada).
3ª) ordem não claramente ilegal: o superior hierárquico pratica crime, o subordinado é não culpável (era 
inexigível comportamento diverso).
RESUMINDO
Culpabilidade – dirimentes (excludentes):
1) Imputabilidade: 
- doença

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