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1 Pontos gatilho são áreas localizadas de tecido neural hiper-irritável que se encontram em bandas tensas em músculos ou fáscias que foram estressadas. Eles causam prejuízos locais e em áreas distantes, incluindo dor e atividade alterada do sistema nervoso autônomo, e são fonte de uma enorme perda de energia. Seu envolvimento em quase todo tipo de dor crônica está bem estabelecido, ainda assim, muitos terapeutas ignoram ou não estão nem mesmo conscientes de sua existência. Existem métodos eficientes para sua desativação, usando técnicas manuais simples. Liebenson (1) resume a maneira pela qual padrões disfuncionais no sistema musculoesquelético podem ser corrigidos: Leon Chaitow Adaptação: Prof. Marcus Lima Reeducar padrões de movimento em uma base reflexa, sub-cortical. Identificar, relaxar e alongar músculos hiperativos e tensos. Mobilizar e/ou ajustar articulações restritas. Facilitar e fortalecer músculos fracos. Pontos gatilho no esternocleidomastóideo e seus padrões de dor irradiada. 2 Nem todos terapeutas concordariam com esta sequência, ou com todos ingredientes do protocolo, no entanto, ele é baseado em um sólido conhecimento e pesquisa em biomecânica (2, 3) e serve como uma base útil para o cuidado e a reabilitação dos indivíduos. A resistência neuronal nas vias locais torna-se mais fraca em virtude do estresse repetitivo de origem mecânica, bioquímica ou reflexa (Ex. viscerosomática), tornando a área hiper-irritável. Qualquer estresse, de qualquer tipo, que faça demandas adaptativas no indivíduo será focado posteriormente na área de facilitação, quer seja paraespinal (facilitação segmental) ou local (ponto gatilho) – nos músculos, fáscia, ligamento, tecido cicatricial, etc. Essa é uma lente virtual neurológica (4, 5). Temperatura diferente dos tecidos ao redor. Pele exibe uma elasticidade reduzida. Banda tensa contendo um ponto gatilho. Tecido local desalinhado. Umidade cutânea aumentada sobre o ponto Miofascial. A pele adere mais firmemente à fáscia abaixo. Direção da palpação. Banda tensa. Fibras musculares relaxadas. Contração local da banda tensa. 3 A normalização das influências nocivas de pontos gatilho demanda desensibilização local e a redução global de influências negativas, quer sejam nutricionais, psicológicas ou estruturais/mecânicas. Pontos gatilho, portanto, surgem de um cenário de disfunção somática, frequentemente envolvendo múltiplos estressores que podem incluir (6-12): Fatores congênitos (perna curta/longa, hemipelve pequena, extremidade superior curta, distorções fasciais, craniais, etc.) que podem impor demandas adaptativas no corpo. Fatores como uso excessivo, mau uso (e falta de uso) do corpo, como lesões ou padrões inapropriados no trabalho, esporte ou atividades regulares. Estresse postural adquirido. Fatores reflexos (pontos gatilho, regiões espinais facilitadas) que geram demandas adaptativas adicionais nos tecidos alvo. Estados emocionais negativos crônicos (ansiedade, etc.) com consequentes mudanças miofasciais. Déficits nutricionais. Acumulações tóxicas. Infecções. Desequilíbrios hormonais – particularmente da glândula tireoide. Como resultado de tais demandas adaptativas, que afetam cada um de nós de alguma forma, problemas agudos e dolorosos sobrepostos cronicamente nos tecidos moles tornam-se a norma – e dentro destes padrões, pontos gatilho miofasciais são inevitáveis. Quando o sistema musculoesquelético é “estressado” por uma ou outra combinação de tais fatores, ocorre uma sequência que pode ser resumida como: 4 Algo (como listado acima) ocorre, o que leva à um tônus muscular aumentado. Tônus muscular aumentado, se for além do curto prazo, leva a retenção de resíduos metabólicos. Tônus muscular aumentado simultaneamente leva a algum grau de falta de oxigênio local (relativo às demandas de esforço dos tecidos) – resultando em isquemia. Tônus muscular aumentado também pode levar a algum grau de edema. Estes fatores (retenção de resíduos/tônus muscular aumentado/edema) resultam em desconforto/dor. Desconforto/dor leva a uma hipertonicidade aumentada ou mantida. Inflamação ou ao menos irritação crônica pode ser o resultado. Estações neurológicas que reportam informações em tecidos hipertônicos irão bombardear o Sistema Nervoso Central com informações em relação à sua situação, levando a um grau de sensibilização de estruturas neurais e a evolução da facilitação – hiper-reatividade. Macrófagos são ativados assim como vascularidade aumentada e atividade fibroelástica. A produção de tecido conectivo aumenta com ligações cruzadas (Cross linkage) levando a um encurtamento da fáscia. Uma vez que toda fáscia/tecido conectivo é contínuo através do corpo, qualquer distorção ou restrição que se desenvolvam em uma região podem potencialmente criar compensações e mudanças em qualquer lugar, influenciando negativamente estruturas que são suportadas ou inseridas na fáscia, incluindo nervos, músculos, estruturas linfáticas e vasos sanguíneos. Mudanças ocorrem nos tecidos elásticos (músculos), levando a hipertonicidade crônica e em última análise a mudanças fibróticas. Hipertonicidade em um músculo irá produzir inibição em seus músculos antagonistas. Reações em cadeia surgem, em que alguns músculos (posturais – tipo 1) encurtam, enquanto outros (fásicos – tipo 2) tornam-se fracos. Em virtude da tensão muscular aumentada sustentada, ocorrem isquemias em estruturas tendinosas, como ocorre em áreas localizadas dos músculos. Se desenvolve dor em áreas periosteais, e restrições articulares evoluem. Ocorre falta de coordenação do movimento, com grupos de músculos antagônicos tornando-se hipertônicos (Ex: eretores da espinha) ou fracos (Ex: Grupo do reto abdominal). Ocorrem áreas localizadas de hiper-reatividade em áreas neurais (áreas facilitadas, ou pontos gatilho miofasciais) em regiões paraespinais ou dentro de músculos estressados. Perda de energia devido à hipertonicidade mantida leva à fadiga. 5 Neste estágio, a restauração da função requer que o terapeuta forneça uma informação (N.T: Um “input”) que vise às múltiplas mudanças que ocorreram, assim como as necessidades para uma reeducação do indivíduo em relação a como usar seu corpo, como respirar, carregar coisas e usar o corpo de maneiras menos estressantes. As mudanças adaptativas crônicas que se desenvolveram levam a uma probabilidade de futuras exacerbações agudas (N.T: Da dor), já que as estruturas cronicamente cada vez menos flexíveis tentam se adaptar com novos fatores de estresse, resultantes das demandas normais da vida diária. Independentemente da evolução de pontos gatilho miofasciais, ocorrem múltiplas mudanças estruturais nos tecidos que estão cronicamente estressados. Demandas funcionais na estrutura disfuncional frequentemente causa a ocorrência de mudanças estruturais. A “Lei de Wolff” observa que o cálcio é depositado ao longo das linhas de estresse, resultando em esporões ósseos, imobilidade articular e calcificação nos ligamentos... Hipertrofia muscular ocorre em músculos que recebem sobrecarga; atrofia por desuso ocorre naqueles que não são trabalhados adequadamente. Mudanças crônicas na pele (secura, escamação, espessamento, espinhas, etc.) ocorrem quandosubstâncias tróficas (carregadas através de canais vasculares ou pelo fluxo axoplasmático) não fornecem nutrição adequada. Se desenvolvem mudanças funcionais generalizadas – afetando a função respiratória, por exemplo – com repercussões na economia total do corpo. Excitação aumentada, havendo uma capacidade reduzida de relaxar adequadamente, com consequente aumento ainda maior da hipertonicidade. Surgem padrões funcionais de uso que são insustentáveis, envolvendo problemas musculoesqueléticos crônicos e dor. N.T: Em termos simples, a Lei de Wolff, de 1892, diz que os ossos respondem de acordo com o estresse colocado sobre eles. De forma que as forças mecânicas alteram seu formato. Cada mudança na função é seguida por certa mudança na arquitetura. 6 Levar em consideração os padrões musculoesqueléticos disfuncionais associados (articulação, fáscia ou músculo). Oferecer educação para assegurar a prevenção de asserbações futuras. Assegurar a remoção ou correção dos fatores que precipitaram ou mantém o problema – possivelmente incluindo: Hábitos posturais, fatores de estresse emocional, desequilíbrios nutricionais, desequilíbrio hormonal (especialmente a tireoide), etc. Incluir a introdução de medidas de autoajuda adequadas, incluindo alongamento, reeducação postural, etc. Identificação do ponto gatilho (ver os métodos de palpação abaixo). Pressão de inibição (também conhecido como compressão isquêmica e acupressão). Métodos de liberação posicionais (como o contraestiramento). Relaxamento pós-isométrico ou inibição recíproca dos tecidos que abrigam pontos gatilho, seguido por um alongamento usando a técnica de Energia Muscular (N.T: Técnicas abordadas adiante no texto). Spray e alongamento (uso de um spray de gelo durante o alongamento prolongado de um músculo que abriga pontos gatilho). Trabalho em tecidos profundos (técnica neuromuscular/massagem). Procaina ou injeções similares. Agulhamento a seco (ou acunpuntura). Liberação Miofascial de tecidos que abrigam pontos gatilho. Manipulação de articulações associadas, se necessário. 7 A combinação sequencial dos 3 primeiros elementos desta lista forma a base da Técnica Integrada de Inibição Neuromuscular. Individualmente, cada um deles pode parcialmente ou totalmente desativar pontos gatilho. Combinados, os resultados são mais eficientes e mais duradouros. Sobre uma área de disfunção aguda ou crônica, local ou reflexa, a pele irá parecer tensa na palpação e será relativamente difícil movê-la ou deslizar sobre as estruturas abaixo. A pele que cobre áreas reflexivamente ativas, como pontos gatilho (ou pontos ativos de acunpuntura) tende a produzir uma sensação de “arrastar” na medida em que é levemente manipulada – devido a hidrose aumentada, uma vez que o aumento induzido, de maneira simpática (N.T: Ou seja, da atividade simpática do Sistema Nervoso Autônomo) na atividade de baixo nível das glândulas sudoríparas tem o efeito de alterar o grau de fricção da pele. Existe também uma aparente sensação de ondulação palpável na manipulação leve da pele – descrita ilustrativamente como “colinas e vales”. Por que combinar estes métodos? Testando a elasticidade da pele, que está mais tensa sobre um ponto gatilho 8 – Aplique uma firme compressão digital ao ponto gatilho, suficiente para produzir dor/desconforto localizado, assim como os sintomas na área alvo. – Mantenha esta compressão por cerca de 10 segundos, aumente o grau de pressão ligeiramente e mantenha por mais 10 segundos. Aumente a pressão uma vez mais e mantenha por mais 10 segundos. – Lentamente libere a pressão. A pele irá perder sua qualidade totalmente elástica, de modo que um leve alongamento (pegar uma área de pele que tenha pouca resistência ao alongamento) irá testar uma área menos elástica nas vizinhanças. (N.T: Ou seja, tomar como parâmetro uma superfície de pele não afetada pelo aparecimento de pontos gatilho, a partir daí, usar essa percepção do que seria normal em termos de elasticidade da pele para comparar com uma área que apresente pontos gatilho). A pele acima de estruturas reflexivamente ativas também será mais aderente à fáscia abaixo, algo que será evidente em qualquer tentativa de deslizamento, quando comparada com áreas normais. Todas estas mudanças podem se tornar aparentes na aplicação de avaliação/palpação neuromuscular. Existem diferentes abordagens para a aplicação de Compressão Isquêmica. – Aplique uma firme compressão digital ao ponto gatilho, suficiente para produzir dor/desconforto localizado, assim como os sintomas na área alvo. – Mantenha esta compressão por 5 segundos, libere a pressão por 2-3 segundos. – Reaplique a pressão (mesmo nível) e continue repetindo essa sequência (5 segundos de pressão – 2-3 segundos de folga) até que o paciente relate uma redução na dor local ou referida OU um aumento na dor (o que é raro) OU até que 2 minutos tenham se passado sem mudanças nos níveis de dor. Compressão isquêmica de um ponto gatilho. A Sequência da Técnica Integrada de Inibição Neuromuscular então avança para um componente de liberação posicional (N.T: Mais sobre a Liberação Posicional adiante no texto). 9 Todas as áreas dolorosas na palpação estão respondendo, ou estão associadas com, a algum grau de desequilíbrio, disfunção ou atividade reflexa que pode muito bem envolver tensão aguda ou crônica. Jones, identificou posições de pontos dolorosos relacionados à determinadas posições de tensão. Faz sentido trabalhar de maneira inversa e identificar onde a tensão provavelmente ocorrerá em relação a qualquer ponto de dor que tenha sido identificado. Podemos considerar que qualquer ponto doloroso, encontrado durante a palpação (incluindo pontos gatilho miofasciais), poderiam ser tratados usando a Liberação Posicional, quer se saiba ou não que tipo de tensão o produziu, e quer o problema seja agudo ou crônico. A experiência e a lógica nos dizem que a resposta à liberação posicional de uma área cronicamente fibrosada será menos dramática do que a de tecidos que simplesmente estão em espasmo ou hipertônicos. No entanto, mesmo em um contexto crônico, um grau de liberação pode ser produzido, permitindo um acesso mais fácil a uma fibrose mais profunda. Esta abordagem, de ser capaz de tratar qualquer tecido doloroso usando liberação posicional, é válida quer a dor esteja sendo monitorada através da resposta do paciente (usar a redução do nível de dor ao se palpar o ponto como guia) ou se for usado o conceito de avaliar a redução no tônus do tecido (como na técnica funcional osteopática). É recomendado sustentar a posição por 60-90 segundos para o máximo relaxamento – embora alguns especialistas sugiram apenas 20 segundos se alguma informação adicional de facilitação possa ser alcançada – por exemplo, ao “dobrar” ou “amontoar” os tecidos para reduzir ainda mais a sensibilidade. A Sequência da Técnica Integrada de Inibição Neuromuscular então avança para um componente de liberação posicional. 10 Aplicar pressão suficiente em um ponto para causar um desconforto médio e então lentamente posicionar a área de maneira a reduzir ou remover o desconforto sentido no ponto. Se o ponto doloroso está na parte anterior do corpo, considere a flexão ou flexão lateral e/ou rotação em direção ao lado que dói,como as direções mais prováveis de se criar maior relaxamento. Se o ponto doloroso está na parte posterior do corpo, considere a extensão e girar se afastando do lado que dói como a direção mais provável de se criar maior relaxamento. Minha abordagem é dizer: Eu quero que você pontue a dor causada pela minha pressão como um 10 (de 0 a 10), antes de eu começar a te mover em diferentes posições, após começarmos a mexer o corpo em diferentes posições pontue a dor sentida sempre que eu pedir. O objetivo é alcançar uma resposta de dor do paciente de pontuação 3, ou menos, antes de terminar o processo de liberação posicional. A área é posicionada passivamente (usando o guia acima de flexão para os pontos na parte anterior do corpo e extensão para os pontos na parte posterior) até que algum grau de relaxamento é alcançado no ponto doloroso (baseado na pontuação ou valor informado pelo paciente) que nesse estágio está sendo constantemente comprimido (esta é a minha preferência, se o desconforto não é muito grande) (25) ou, pressionado de maneira intermitente (que é a preferência de Jones). Quando é alcançado uma redução ao redor de 50%, um grau de sintonia é alcançado, em que muitos poucos graus de posicionamento adicionais são necessários a fim de alcançar a posição de máximo relaxamento, em que a “pontuação” da dor seja reduzida para, ao menos, 70%. Neste momento, o paciente pode ser instado para inspirar/expirar profundamente enquanto percebe mudanças no ponto que está sendo palpado, a fim de avaliar em que fase do ciclo respiratório a pontuação da dor reduz mais. A fase do ciclo respiratório em que o paciente sente a maior redução na dor é mantido, pelo tempo em que for tolerado (segurando a respiração em inspiração/expiração ou em algum ponto entre os 2 extremos) enquanto a posição de relaxamento continua a ser mantida e a área tensa/dolorosa é monitorada. N.T: Em resumo, essa técnica usa a pressão tradicional nos pontos gatilho e movimento nos segmentos corporais ou no tronco a fim de achar uma posição em que desapareça ou ao menos diminua a dor causada pela pressão no ponto. 11 Durante a sustentação da posição de relaxamento a compressão direta pode ser reduzida a um mero toque no ponto, junto com um teste periódico para estabelecer que o relaxamento está sendo mantido. Após 90 segundos (ou menos quando se mostrar suficiente) a área é retornada lentamente para a posição inicial. Este retorno lento à posição inicial é um elemento vital no procedimento, uma vez que os receptores neurais (fusos musculares) podem ser provocados para um retorno ao seu estado disfuncional prévio se o movimento de retorno for muito rápido. A área/ponto doloroso pode ser retestada para sensibilidade neste momento, e deve ser esperado que ela esteja consideravelmente menos hipertônica e sensível. (N.T: Mais detalhes sobre a técnica podem ser encontrados no livro do Leon Chaitow – imagem ao lado). Então é hora de ir para o estágio final da Técnica Integrada de Inibição Neuromuscular – O alongamento dos tecidos, usando a Técnica de Energia Muscular. Uso dos mecanismos de Relaxamento Pós Isométrico ou Inibição Recíproca, a fim de induzir a redução no tônus muscular antes de alongar, é uma parte integral da Técnica de Energia Muscular, como usado inicialmente na osteopatia, e subsequentemente pela maioria das escolas de medicina manual. (33, 34, 35). Alongamento do peitoral maior usando Energia Muscular 12 N.T: O que ele chama de “barreira de restrição” é o primeiro sinal de resistência. O que não significa “alongar o máximo o tecido ou máxima amplitude articular”, é o primeiro sinal de mínima resistência ao alongamento. Evienth, de maneira sucinta, resume o benefício que os tecidos obtêm dessa técnica: “Cada paciente com sintomas envolvendo o sistema locomotor, particularmente sintomas de dor e/ou restrição de movimento, deveria ser examinado para avaliar a função articular e muscular. Se o exame mostra que o jogo articular está normal, mas revela músculos encurtados ou espasmo muscular, então o tratamento usando alongamento (e consequentemente Energia Muscular) é indicado” (36). É sugerido que quando for tratar problemas agudos nos tecidos moles (ou articulações em qualquer momento) usando energia muscular, o início da contração isométrica é quando se atinge a barreira de restrição (primeiro sinal de resistência no tecido). É sugerido que quando for tratar problemas crônicos nos tecidos moles usando energia muscular, o início da contração isométrica é um pouco além da barreira de restrição (primeiro sinal de resistência no tecido). Também é sugerido que quando se forem usar técnicas de energia muscular para tratar problemas agudos nos tecidos moles ou disfunção articular, a ação que se segue à contração isométrica não envolva alongamento e sim meramente levar os tecidos/articulação até uma nova barreira de restrição. Quando o caso for problemas crônicos nos tecidos moles, a ação que se segue à contração isométrica deve envolver alongamento um pouco além da nova barreira de restrição (N.T: Mais detalhes sobre a técnica podem ser encontrados no livro do Leon Chaitow – imagem ao lado). NOTA do Autor: Agudo = problemas que se iniciaram nas últimas 3 semanas ou qualquer problema agudamente doloroso. Ao usar a Energia Muscular na sequência da Técnica Integrada de Inibição Neuromuscular o músculo todo pode ser alongado (como no trapézio superior ou escalenos) ou partes do músculo (como nos eretores da coluna) dependendo da necessidade. 13 A fase de contração deve ser mantida por 7 segundos ou mais, seguida por um completo relaxamento da área (e do paciente) e um alongamento assistido (se possível) ATÉ (casos agudos), ou ATRAVÉS (casos crônicos), da barreira e deve ser mantido (o alongamento) por até 20 segundos. O procedimento é então repetido. A sensibilidade ao ponto gatilho provavelmente irá permanecer por algumas horas, mas deve ser reduzida ou ter desaparecido quando for testada novamente alguns dias depois do procedimento. Uma adição promissora para a sequência descrita acima, leva em conta o potencial oferecido pelos métodos desenvolvidos alguns anos atrás pelo médico osteopata T. J. Ruddy (37). Nos anos 40 e 50, Ruddy desenvolveu um método de rápidas contrações pulsadas contra resistência que ele chamou de “Ducção resistiva rítmica rápida”. Por óbvias razões, o termo mais curto “técnica de energia muscular pulsada” é agora aplicado ao método de Ruddy. Seu uso mais simples envolve o tecido ou articulação disfuncional sendo sustentado na sua barreira de restrição, nessa altura o paciente, contra a resistência oferecida pelo terapeuta, introduz uma série de pequenos esforços rápidos (2 por segundo) em direção a barreira. A aplicação desta abordagem de “condicionamento” envolve, nas palavras de Ruddy, contrações que são curtas, rápidas e rítmicas, gradualmente aumentando a amplitude e o grau de resistência, condicionando, portanto, o sistema proprioceptivo através de movimentos rápidos. Os efeitos prováveis, Ruddy sugere, incluem oxigenação melhorada, circulação venosa e linfática através da área sendo tratada. Além disso, ele acreditava que o método influencia a postura estática e dinâmica, por causa dos efeitos nas vias aferentes proprioceptivas e interoceptivas, ajudando, portanto, a manter o equilíbrio dinâmico, que envolve a manutenção da homeostase química, física, elétrica e dos fluidos corporais. Emum contexto em que músculos tensos, hipertônicos, possivelmente encurtados, têm sido tratados com alongamentos, é importante facilitar e fortalecer os antagonistas inibidos e fracos. 14 Flexores profundos do pescoço Trapézio superior, elevador da escápula Isto é verdade quer os músculos tensos em excesso estejam sendo tratados somente por razões de encurtamento/hipertonicidade ou porque acomodam pontos gatilho ativos dentro de suas fibras. A introdução do procedimento de energia muscular pulsada envolvendo estes antagonistas fracos oferece uma oportunidade para: Reeducação proprioceptiva. Fortalecimento dos antagonistas fracos. Maior inibição dos agonistas tensos. Circulação local e drenagem aumentados. E, nas palavras de Craig Liebenson, “reeducação de padrões de movimento de maneira reflexa, subcortical”. O pesquisador checo Vladimir Janda descreve as chamadas “Síndromes Cruzadas” Superior e Inferior (39, 40): Rombóides, trapézio médio e inferior Peitoral maior e menor A Síndrome Cruzada Superior envolve basicamente o seguinte desequilíbrio: Os peitorais maior e menor, trapézio superior, elevador da escápula e esternocleidomastóideo estão todos tensos em demasia e encurtados. Enquanto que os trapézios médio e inferior, romboides e serrátil anterior estão fracos. 15 Extensores lombares Flexores do qudril (ilíaco e psoas) Complexo dos abdominais Glúteo máximo É sugerido, portanto, que a fim de iniciar a reabilitação e a reeducação proprioceptiva, em seguida ao alongamento do trapézio superior o Método de Ruddy pode ser introduzido, como o exemplo que se segue: ➢ O profissional coloca um dedo, bem de leve, em contato com a borda medial inferior da escápula, no lado do trapézio superior que vai ser tratado, com o indivíduo sentado ou em pé. Ao indivíduo é pedido que tente relaxar a escápula. ➢ É dado o seguinte comando: “Empurre meu dedo em direção a sua coluna com a escápula, por menos que 1 segundo”. ➢ Uma vez que o indivíduo entenda como controlar este último movimento em particular (o que pode levar algumas tentativas), e puder fazer isso um segundo de cada vez repetitivamente é hora de começar a Sequência de Ruddy. ➢ Ao indivíduo é dito algo como: “Agora que você já sabe como ativar os músculos que empurram sua escápula levemente contra meu dedo, quero que você tente fazer isso 20 vezes em 10 segundos, começando e parando, para que nenhum real movimento ocorra, apenas a contração e relaxamento dela, repetitivamente”. ➢ Esta contração repetitiva irá ativar os romboides e os trapézios médio e inferior, produzindo uma inibição recíproca automática do trapézio superior. ➢ Ao indivíduo pode ser ensinado como colocar um dedo levemente contra sua própria borda medial da escápula, para fazer a sequência como tema de casa. N.T: O texto original não descrevia a Síndrome Cruzada Inferior, descrevo-a para fins de compreensão da teoria de Janda: A síndrome cruzada inferior envolve basicamente o seguinte desequilíbrio: Os extensores lombares e os flexores do quadril estão tensos em demasia e encurtados. Enquanto que o complexo dos músculos abdominais e o glúteo máximo estão fracos. 16 Um grau de criatividade pode ser levado a cabo ao se planejar aplicações semelhantes da Facilitação Antagonista Recíproca de Ruddy para uso em qualquer área do corpo, a fim de complementar procedimentos de alongamento e desativação de pontos gatilho, no conhecimento de que todo o processo de tratamento se estende portanto, a uma fase de reabilitação e educação, especialmente do tema de casa a ser passado para o indivíduo. Estes métodos e outras técnicas avançadas de tecidos moles são ensinados como parte dos cursos disponíveis na “University of Westminster”, Londres. Trapézio superior Trapézio médio Trapézio inferior Rombóide menor Rombóide maior Borda medial inferior da escápula 17 Para mais detalhes sobre estes métodos, consulte os seguintes textos: • A Massage Therapists Guide to Myofascial Trigger Points (With Sandy Fritz). Churchill Livingstone/Elsevier, Edinburgh. • A Massage Therapists Guide to Management of Back Pains (With Sandy Fritz). Churchill Livingstone/Elsevier, Edinburgh • Muscle Energy Techniques 3rd edition Churchill Livingstone/Elsevier, Edinburgh • Clinical Applications of NMT. Volume 1: Upper Body. 2nd edition (with Judith Delany) Churchill Livingstone/Elsevier, Edinburgh. • Positional Release Techniques 3rd edition Churchill Livingstone/Elsevier, Edinburgh Detalhes dos livros são encontrados no site: leonchaitow.com Referências (1) Liebenson, C. Active rehabilitation protocols, in Liebenson C (ed) Rehabilitation of the Spine. Williams & Wilkins. Baltimore, 1996. (2) Lewit, K. 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