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TCC Thiago 3 de setembro ATUAL

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O IMPACTO DA CORRUPÇÃO SOBRE AS EMPRESAS
Thiago Gonçalves de Pinho[1: Graduando do Curso de Administração pelo Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte. E-mailthiaggo_7@hotmail.com]
Orientador: Professor Miguel Arcanjo da Silva
RESUMO
Palavras chave: corrupção, impacto financeiro, empresa e economia.
1 – INTRODUÇÃO
Atualmente temos visto várias notícias a respeito da corrupção no nosso país, um inimigo que vem se tentando combater há vários anos, envolto em investigações e escândalos com participação de nomes importantes e conhecidos no cenário da vida brasileira. A Controladoria-geral da União (2009) define o fenômeno da corrupção como:
Relação social (de caráter pessoal, extramercado e ilegal) que se estabelece entre dois agentes ou dois grupos de agentes (corruptos e corruptores), cujo objetivo é a transferência de renda dentro da sociedade ou do fundo público para a realização de fins estritamente privados. Tal relação envolve a troca de favores entre os grupos de agentes e geralmente a remuneração dos corruptos ocorre com o uso de propina ou de qualquer tipo de pay-off, prêmio ou recompensa.
Vemos também que não é fácil se livrar da corrupção devido a mesma estar bastante enraizada na política e na sociedade e suas instituições políticas, segundo FERREIRA (2017). Este fato está presente no nosso cotidiano sendo muito divulgado nos meios de comunicação em massa. Embora, não seja explicitado amplamente, o fenômeno da corrupção afeta de forma bastante específica e expressiva as empresas e o seu desenvolvimento. Neste trabalho, pretendemos analisar o impacto que a corrupção pode causar nas empresas, sendo que a corrupção pode ser tanto externa às empresas, quanto interna, envolvendo os empregados que agem de forma desonesta.
A corrupção vem sendo um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta na atualidade. Esse assunto é marcado não só pela ampla divulgação na mídia, mas também pela sensação da falta de leis penais mais duras e eficazes e consequentemente a impunidade. Essas podem ser algumas das razões que fazem com que a corrupção perdure por bastante tempo no país, o afetando de forma alarmante. Conforme diz Santos, Amorim e Hoyos (2010, p. 4):
De fato, a corrupção deve ser encarada como um dos principais problemas a enfrentar. A sociedade começa reconhecer a corrupção como um dos entraves para o desenvolvimento, provocando ineficiência, incentivos errados para os investimentos econômicos, e desestimulando a população na busca pelo bem comum, gerando altos custos econômicos, sociais e políticos.
Já é conhecido que existe a corrupção no setor público e na política, e que suas consequências se refletem na sociedade de forma negativa. Todo dinheiro que é desviado pelos órgãos públicos de forma desonesta poderia ser investido em melhorias no Brasil.
A corrupção, porém, também tem uma faceta mais ampla, e não afeta só a sociedade em si, mas as empresas também, a começar pela burocracia. Quando se quer abrir uma empresa, existem várias licenças necessárias para funcionamento e autenticidade, mas são tantos processos que a abertura acaba sendo bastante dificultada no Brasil, prejudicando o crescimento econômico. Outro aspecto a ser considerado são os altos impostos no país que juntamente com a corrupção fazem com que a competitividade nas indústrias diminua. Isto porque com os impostos altos, a população passa a deixar de comprar este ou aquele produto para poder arcar com as despesas dos impostos, influindo diretamente no rendimento das empresas, que serão forçadas a reduzir a produção. Com a produção reduzida, os gestores terminam sendo obrigados a ter que demitir funcionários, gerando aumento crescente de desemprego. Nota-se que há um processo em cadeia que ocorre de forma cíclica, pois o desempregado também terá que deixar de comprar produtos para redução de gastos, o que definitivamente vai afetar outras empresas no futuro.
Outro problema que a corrupção pode provocar até a falta de investimento externo de outros países nas empresas nacionais, pois um país nessa situação desestimula o investimento estrangeiro, o que também impacta economicamente o Brasil.
Dessa forma, quem mais sofre com a corrupção é a sociedade, pois além de desemprego, o problema gera deficiências na educação, na saúde, moradias, saneamento básico e transportes públicos eficientes, que são fatores chave para o desenvolvimento e prosperidade do Brasil. Porém, durante o decorrer deste trabalho, teremos a oportunidade de discutir que a sociedade não é a total vítima, e sim até mesmo uma das responsáveis por essa situação.
Justificativa
Pelo fato de a corrupção ser um dos temas atuais de grande destaque na mídia, é importante ressaltar o quanto ela pode trazer danos à empresa, mesmo se for a corrupção de fora envolvendo o país inteiro ou se for a que estiver presente dentro da própria empresa, mesmo que em pequenos gestos desonestos dos próprios empregados. Tal ideia é defendida por Klittgard (1988), que comenta que o fenômeno da corrupção é bastante abrangente, afetando quaisquer empresas tanto de forma interna quanto externa. A mídia até divulga várias notícias envolvendo o tema, mas não com a profundidade que se deveria ter. Grande parte da população, na sua maioria jovem, não se importa com esse problema, estando totalmente alheios à situação. Este trabalho tem o intuito de mostrar o quanto que a corrupção é extensiva, algo que está enraizada na nossa cultura desde antigamente, e o efeito que pode provocar na empresa, alertando a quem ler este trabalho o quanto precisamos mudar nossos hábitos antes que maiores estragos venham a seguir, atingindo a todos nós de forma impactante.
Problematização e Objetivos
Tendo em vista as inúmeras notícias a respeito da corrupção, e de como algumas empresas estão sofrendo financeiramente, é possível estabelecer qual o impacto e os efeitos que a corrupção exerce sobre uma empresa?
Desta forma, o objetivo geral deste trabalho é: investigar qual o real impacto que a corrupção pode provocar nas empresas de uma forma geral. E os objetivos específicos:
Analisar a situação atual da corrupção no Brasil e fazer um resgate histórico dessa situação.
Descrever as principais consequências que a corrupção no Brasil pode provocar.
Pesquisar o papel que a sociedade tem em relação à corrupção, e como isso afeta as organizações onde trabalham. 
2–O IMPACTO DA CORRUPÇÃO SOBRE AS EMPRESAS
Essa seção do presente artigo visa apresentar a corrupção no Brasil, fazendo o resgate histórico, descrevendo as principais consequências que a corrupção pode provocar nas empresas e como isto afeta a vida dos brasileiros. Cabe salientar que as fontes sobre a corrupção são muitas, mas derivadas de jornais, sítios e revistas. Os artigos científicos ou livros que abordam o assunto no contexto deste são mais escassos. 
2.1 – A situação atual da corrupção no Brasil
Como já é de conhecimento da sociedade, estamos em uma época em que existem várias reportagens e notícias na televisão abordando sobre o tema da corrupção. Tais notícias envolvem vários nomes importantes da política brasileira, como o nome de Michel Temer, o atual presidente do Brasil. Há informações de que ele recebeu propina para a assinatura do Decreto dos Portos, beneficiando uma empresa do litoral de Santos, isso somado ao fato dele também ter recebido recursos ilícitos de um grupo criminoso, tudo em seu benefício próprio e de seus apaniguados (BENITES, 2017), o que coloca em dúvida a integridade do dito presidente. Até mesmo nomes de algumas empresas envolvidas no esquema da corrupção acabam vindo à tona, como a Petrobrás por exemplo. O que mais se ouve falar também é sobre a Operação Lava Jato, que teve início em 2009, levando esse nome por focar primeiramente em uma rede de postos de combustíveis e lava a jatos, que movimentava recursos ilícitos para uma organização criminosa que já estava sobinvestigação. Embora outras organizações tenham sido descobertas, o nome original permaneceu. Esta operação visava, e ainda visa investigar principalmente esquemas de lavagem de dinheiro e corrupção, e é a maior operação que o Brasil já teve contra esses crimes, de acordo com a página oficial do Ministério Público Federal. A imagem abaixo mostra como funcionava o esquema de desvio de recursos envolvendo a Petrobrás.
Imagem 1 – Esquema de Desvios de Recursos da Petrobrás
Fonte: Portal MPF – Ministério Público Federal[2: Disponível em http://www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/caso-lava-jato/entenda-o-caso]
A página também diz que os resultados positivos mais perceptíveis começaram a aparecer no ano de 2013, por meio de interceptações telefônicas entre doleiros que chefiavam organizações criminosas. Então no início de 2014, durante a época em que Dilma Rousseff era presidente, as primeiras medidas começaram a ser tomadas. Houve expedição de vários mandatos de busca e apreensão, e prisões preventivas e temporárias foram realizadas em vários estados do Brasil, acarretando no recolhimento de muitas provas como registros telefônicos e contas bancárias dos acusados na Operação Lava Jato, que tiveram seus patrimônios totalmente congelados em seguida. Com isso, parte do dinheiro recuperado poderia ser usado em benefício da sociedade. Todas as provas somadas apontavam que havia um grande esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, envolvendo a empresa estatal mais famosa de extração e produção de petróleo: a Petrobrás. Descobriu-se que tais operações fraudulentas tiveram início desde o governo de Luís Inácio “Lula” da Silva em 2004, envolvendo vários partidos políticos, como PT e PMDB. Estima-se que os recursos que foram desviados da Petrobrás estejam na casa dos bilhões de reais, e sem dúvida, foi uma das empresas mais afetadas pela corrupção, fato agravado ainda mais pela Lava Jato em 2015, época em que a fraude veio a público.
Então, com esse bombardeio de notícias, a reação da sociedade brasileira é imediatamente atribuir a culpa dessa situação caótica à falta de moral dos nossos políticos e empresários relacionados ao esquema. Para entender como que a corrupção ficou de certa forma enraizada na nossa cultura, temos que entender como ela surgiu de fato desde os primórdios. GAMA (2006) diz que corrupção é uma palavra que vem do latim corruptione, e significa decomposição, depravação, perversão, e bem se sabe que tais significados são levados praticamente ao pé da letra: a corrupção advém de pessoas que tiveram uma educação um pouco depravada e deturpada, o que permite que, no ato de quererem obter vantagem própria, acabem praticando perversidades que atingem de forma impactante os outros ao redor, como a sociedade e as instituições às quais pertencem, conforme dito por Klein e Alencar (2017).
2.2- A corrupção no Brasil: de Cabral até atualidade
A historiografia da corrupção em terras brasileiras, iniciadas no descobrimento até a atualidade teve como fontes de referência em sua maioria autores de livros, mas também incluem autores de revistas acadêmicas e científicas, sítios especializados no tema da corrupção, e portais de jornais e revistas nacionais.
Os primeiros relatos da corrupção no Brasil datam desde a época da sua descoberta no ano de 1500 por Pedro Álvares Cabral. Com a chegada dos portugueses a terra brasileira, logo se iniciou um período de reconhecimento de uma terra até então desconhecida e sua exploração. Com isso, houve a descoberta do pau-brasil, que pela sua coloração avermelhada, podia ter seu cerne usado como corante, e por conta da sua resistência, a madeira serviria de matéria-prima para a fabricação de navios e móveis. Os responsáveis pela sua extração eram os índios nativos, que não demoraram muito a se tornarem escravos. Eles cortavam toras da madeira e as carregavam até as caravelas portuguesas.Porém o que simplesmente recebiam em troca pelo serviço eram tecidos, espelhos, facas, canivetes e outros objetos que praticamente não tinham valor algum para os portugueses (FAUSTO, 1994), sendo esse o primeiro sinal da corrupção existente há séculos atrás. Entretanto, até mesmo os índios praticavam a corrupção de certa forma, embora fizessem isso mais para se proteger e manter seus costumes. Um exemplo era o método da tapiragem, em que se alterava a coloração das penas de aves, e o resultado era uma pena que parecia ter sido pintada manualmente pelos índios, isso em troca de objetos que lhes interessavam. Mas o que os nativos fizeram nem se compara às ações dos portugueses, que enriqueciam mais e mais às suas custas (CORRÊA, sem data). As práticas corruptas eram bastante abundantes na fase colonial, através do contrabando de produtos brasileiros.
Há relatos também de pessoas corruptas na época, como Pero Borges. PENNAFORT (2013) comenta que Borges estava envolvido em uma obra em Portugal que estava com superfaturamento. Em 1543, ele foi condenado em Portugal por ter desviado verbas que seriam utilizadas para a construção de um aqueduto, o que fez com que tal obra fosse inviável. Ele levava o dinheiro para sua casa sem a presença de algum escrivão ou contador. Por conta de tal ato, Borges teve que devolver o dinheiro e foi obrigado a não tomar posse de cargos públicos por alguns anos. Porém, em 1549, Borges acabou sendo nomeado como ouvidor-geral, e acabou vindo ao Brasil como castigo, mas ele conseguiu propagar ainda mais a corrupção ao se beneficiar do erário brasileiro. De fato, essa situação remete a situação de hoje, pois são inúmeros os políticos acusados de corrupção que são sentenciados a irem para a prisão, mas que logo ganham a liberdade e retornam a política, sendo inclusive eleitos novamente. Na época também era comum o aparecimento de nepotismo e tráfico de influência: os portugueses que possuíssem parentes ligados à Coroa portuguesa quase sempre eram nomeados para cargos importantes na colônia.
Outro momento em que a corrupção se fez presente refere-se à época do Brasil Império, após a Declaração de Independência do Brasil, que foi marcada pela corrupção eleitoral, mais precisamente no período do Segundo Reinado, com a Eleição do Cacete, acontecimento que recebeu este nome por causa da violência empregada com o intuito de vencer as eleições, conforme dito por CARVALHO (2003). Para se ter uma ideia, o direito ao voto não era aplicado a todos, pois só quem tivesse certa renda mínima poderia participar da votação.
A Constituição monárquica do Brasil garantiu aos homens livres de mais de 25 anos e com renda anual superior a 100$000 a participação no processo de escolha dos detentores do Poder Legislativo. A base ampla de votantes escolhia eleitores (de quem se exigia renda mínima de 200$000 anuais) e estes, por sua vez, escolhiam os membros das Assembleias Provinciais e da Câmara dos Deputados, além de definirem uma lista tríplice de candidatos ao Senado a ser submetida ao imperador. (SABA, 2011 p. 127)
CARVALHO (2003) também diz que as restrições impostas iam contra a cidadania, excluindo cada vez mais da população o direito ao voto. A corrupção no campo eleitoral se devia por conta da extrema interferência do governo nas eleições. Conforme dito por MUNARI (2015) existe a ideia de que as eleições da época não visavam a opinião dos eleitores, mas sim dos partidos que detinham o poder, e que os candidatos eram eleitos de forma desonesta, usando-se de fraudes e até mesmo de violência. Para reforçar a afirmação do autor, CARVALHO (2001, p. 33-34) chega até mesmo a citar figuras importantes responsáveis por praticarem as fraudes.
Surgiram vários especialistas em burlar as eleições. O principal era o cabalista. A ele cabia garantir a inclusão do maior número possível de partidários de seu chefe na lista de votantes [...]. O cabalista devia ainda garantir o voto dos alistados. Na hora de votar, os alistados tinham que provar sua identidade. Aí entrava outro personagem importante: o "fósforo". Se o alistado não podia comparecer por qualquer razão, inclusivepor ter morrido, comparecia o fósforo, isto é, uma pessoa que se fazia passar pelo verdadeiro votante [...].Outra figura importante era o capanga eleitoral. Os capangas cuidavam da parte mais truculenta do processo. Eram pessoas violentas a soldo dos chefes locais. Cabia-lhes proteger os partidários e, sobretudo, ameaçar e amedrontar os adversários, se possível evitando que comparecessem à eleição. 
O mesmo autor afirma que havia outros tipos de fraude também, como roubo de urnas com votos, eleições sem eleitores presentes e falsificação das atas eleitorais. Todos estes acontecimentos tiveram seu fim em 1841, quando o Imperador Dom Pedro II destituiu o seu próprio Ministério formado por políticos liberais, sendo a violência das eleições uma das causas para tal conduta.
Este período do Brasil envolvia também o uso de mão-de-obra escrava composta por negros vindos da África, por serem mais baratos e se sujeitarem mais ao trabalho que os índios (FAUSTO, 1994), o que não significa que eles não tentassem fuga das condições que lhes eram impostas. Os escravos trabalhavam arduamente e só se alimentavam no máximo duas vezes por dia, viviam e eram acorrentados em senzalas em bandos, e sofriam maus tratos físicos. DOHLNIKOFF (2017) explicita que em 1826, Dom Pedro I assinou um tratado com a Inglaterra que visava coibir o tráfico de negros para o Brasil, e quem continuasse a fazer tal ato, sofreria repressão por parte da Inglaterra. No Brasil, muitos foram contra esse tratado, pois o tráfico negreiro era uma boa fonte de renda na economia, e o Parlamento do país não foi consultado no momento da assinatura do mesmo. Apesar de tais críticas, o tratado passou a entrar em vigor. Diante do que parecia ser inevitável, o Parlamento criou uma lei que punia os traficantes de escravos e os seus compradores.
Mesmo com a lei, os traficantes ainda sim ousavam quebrar as regras para escapar dos ingleses e das autoridades brasileiras, praticando o tráfico na forma de contrabando. Com o passar do tempo, os próprios ministros, senadores e deputados queriam até mesmo preservar o tráfico de negros, e as autoridades do Brasil fingiam não ver a situação. O tratado com a Inglaterra expirou em 1844, mas os ingleses queriam que os brasileiros o renovassem, mas estes se recusaram afirmando que o assunto sobre a proibição do tráfico era de âmbito nacional. Por conta desta resposta, os ingleses criaram a lei Bill Aberdeen, que possibilitava apreensão de navios negreiros tanto em alto-mar quanto ancorados no Brasil. Os brasileiros mais uma vez se opuseram à lei, mas esta passou a entrar em ação em seguida. Em 1850, o ministro da Justiça Eusébio de Queirós finalmente cria a lei que leva o seu nome, que efetivamente interrompeu o tráfico de negros no Brasil por completo. Tal fato acabou dando origem a um tráfico interno de escravos, que vinham do Norte até o Centro-Sul do Brasil, mas já em 1860, começa a luta para abolir a escravidão, que acabou somente em 1888, com a assinatura da lei Áurea pela Princesa Isabel, promovendo a queda da escravidão de negros do Brasil. 
Em 1889, veio a Proclamação da República, e então há o início do período conhecido como a República Velha. Entre 1889 e 1894, houve várias mudanças no Brasil, que agora teve suas províncias chamadas de Estados e a criação da Constituição Brasileira de 1891 e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ao invés de um Imperador, agora seria um Presidente da República a comandar o Brasil junto com seu vice-presidente, em um mandato que duraria quatro anos. Após uma grave crise econômica e a deposição do Marechal Deodoro da Fonseca, Prudente de Morais acaba sendo eleito Presidente do Brasil em 1894 (OLIVEIRA e PEREIRA, 2016). A República Velha foi intensamente marcada pelo coronelismo, que era “um sistema de política de dominação em que um chefe político local, influente e grande possuidor de terras – o coronel –, induz o eleitorado de sua região a votar nos candidatos por ele escolhidos em troca de favores, prestígio ou emprego público” (OLIVEIRA e PEREIRA, 2016, p. 74).Conforme a citação diz, a corrupção mais uma vez se encontra no ramo eleitoral, sendo que eleições também ainda tinham muita exclusão social, conforme explicitado por Prado (2010).
Uma marca registrada de corrupção eleitoral residia na forma do voto de “cabresto”. Os coronéis obrigavam seus eleitores a votarem em seus candidatos escolhidos, e se caso alguém não cumprisse a ordem, os jagunços a mando dos coroneis se encarregavam de aplicar violência e ameaças (OLIVEIRA e PEREIRA, 2016). Outro fato marcante eram as famosas “degolas políticas”. NAPOLITANO (2016) explica que a “degola” ocorria pelo fato de não haver uma justiça eleitoral para controlar os resultados dos votos, então essa função acabava ficando para a Comissão de Verificação de Poderes, que também se encarregava de eleger candidatos indicados pelos coronéis. Se caso outro candidato vencesse, este era automaticamente impedido de assumir o cargo. Todos esses esquemas continuaram a persistir até 1930, quando Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil, marcando o fim do coronelismo.
	
Mais um fato envolvendo a corrupção nas eleições se deu em 1929, entre os candidatos Júlio Prestes e Getúlio Vargas. Biason (2009) comenta que Júlio representava as oligarquias paulistas que produziam café e Getúlio os grupos que eram contra o domínio destas oligarquias. Quem acabou vencendo foi Júlio Prestes, dando origem a uma revolta por parte dos grupos que apoiavam Getúlio. As acusações de fraude eleitoral por parte da Aliança Liberal que o apoiavam, mais a Revolução de 1930 provocada pela população fizeram com que Júlio deixasse de ser empossado no cargo e fosse exilado do país, ao passo que Getúlio assumiu a presidência em 1930. A democracia acabou sendo violada, pois a fraude eleitoral serviu de desculpa para a ascensão ao poder. 
Na década de 50, um caso de corrupção ficou famoso: a caixinha de Adhemar, batizada assim em referência ao político Adhemar de Barros. Adhemar era um político da Era Vargas que costumava sempre andar entre o povo brasileiro, e apoiou fortemente Getúlio em seu retorno para a presidência, além de ter investido em obras de rodovias que ajudaram o Estado e o Hospital das Clínicas (ARAÚJO, 2017). Entretanto, como foi dito, acabou também se entregando à corrupção com a sua famosa “caixinha”, que consistia precisamente em arrecadação de dinheiro e troca de favores: os empresários financiavam a campanha de Adhemar em troca de benefícios vindos do próprio político, o que o enriqueceu muito, e dava chances para ele financiar suas campanhas políticas (BIASON, 2009).
No regime militar após o golpe de 1964, teve o caso Capemi e Coroa- Brastel, que mostrava um pouco do que acontecia nas empresas estatais. Durante a década de 80 havia um grupo privado chamado Capemi, criado pelos militares, que cuidavada previdência privada. A função dessa empresa era amparar as crianças e idosos por meio da filantropia e gerar recursos para dar suporte à previdência e assistência aos seus clientes que usavam seus recursos. Sendo o Capemi chefiado por Ademar Aragão, este decidiu inovar, participando de um consórcio com outras organizações para extrair e comercializarmadeira em uma área que seria submersa para dar lugar a usina hidroelétrica Tucuruí. Com a licitação vencida, dever-se-ia por três anos fazer a obra de retirada e comércio da madeira, mas a empresa nada fez.Descobriu-se, ao invés disso, que a Capemi desviou o dinheiro de todos os pensionistas para a caixinha de Otávio Medeiros, que queria ser presidente do país. Isso gerou consequências desastrosas para a empresa, que acabou indo à falência e prejudicou várias pessoas no processo que eram pensionistas e dependiam do dinheiro. Já no caso da Coroa-Brastel, o dono da empresa, Assis Paim Cunha, quis agradar o governo federal da época oferecendo um empréstimo a Corretora de Valores Laureano, mas passado um ano, o pagamento não ocorreu. Para contornar a situação, Cunha acabou comprandoa empresa, e em troca, ele não teria limitações ao financiamento de compras a prazo. Com isso, ele acabou pedindo empréstimo a Caixa Econômica Federal para absorver a Laureano, mas todo esse dinheiro na verdade havia sido desviado dos cofres públicos para saldar as dívidas. Em 1983, houve a intervenção federal, e tudo acabou sendo descoberto, levando a Brastel a inevitável falência, e Cunha acabou perdendo seu prestígio que tanto lutou para conquistar.
Em 1985, o regime militar teve fim e a democracia nas eleições voltou a ter espaço. Mas em 1989, a corrupção volta à tona no famoso caso envolvendo o presidente Fernando Collor de Mello. Por meio de um esquema, recursos foram captados para que ocorresse sua eleição como presidente, que vieram de usineiros de Alagoas em troca de benefícios. Quando Collor começou a atrair mais atenção da mídia, o esquema PC Farias entrou em ação, tendo esse nome sido tirado do tesoureiro do presidente, Paulo César Farias, que captava dinheiro para a campanha de Collor, por meio de chantagens, compromissos e promessas com empresas. E não demorou muito para que em 1992, Collor sofresse impeachment e fosse deposto do seu cargo de presidente, mas depois de oito anos, conseguiu ingressar novamente na política. 
Após a passagem de século, no ano de 2005, mais um ato de corrupção ganha destaque na mídia, esse que é o famoso caso do Mensalão, que envolvia compra de votos parlamentares a favor de projetos do governo, e transferência ilegal de dinheiro para deputados. Conforme noticia o Portal R7 (2009), esse é um dos casos mais extensos de corrupção, que envolveu partidos políticos, ministros, empresários, parlamentares, funcionários públicos e várias outras figuras políticas, incluindo o presidente da época, o Lula. Além de compra de votos, havia desvio de recursos públicos e concessão de benefícios em troca de dinheiro. O esquema veio a público quando o deputado Roberto Jefferson falou em entrevista que o Mensalão realmente existia, e que envolvia principalmente o partido de Lula, o PT. Com isso um inquérito foi instaurado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Mensalão, e o resultado foi a cassação de vários mandatos dos políticos envolvidos . O até então Partido Trabalhista havia perdido então a confiança da população, e uma crise política se instalou no país. Mesmo com o escândalo, Lula conseguiu ser reeleito para presidente em 2006, até que passasse o cargo para Dilma Rousseff, que mais tarde teria seu nome envolvido no escândalo da Petrobrás e a Operação Lava Jato, que é a situação mais atual de corrupção que vivenciamos.
É importante ressaltar nesses exemplos é o quanto a corrupção foi se instalando e ramificando com o passar do tempo em vários setores públicos e privados desde exploração dos índios e dos e escravos na época colonial até as suas raízes na política do Brasil. Embora tenham sido citados casos famosos deste problema, existem vários outros que ocorreram principalmente a partir da década de 60, com ampla cobertura da mídia, mas supõem-se que existam ainda mais atos corruptos que ainda podem nem ter sido descobertos, principalmente os que ocorrem no setor privado do Brasil. A marca registrada da corrupção é a impunidade, pois como foi visto, os políticos e outros envolvidos no crime não são punidos de forma efetiva, o que faz com a corrupção perdure por muito tempo entre nós. 
2.3- Como a corrupção afeta as empresas
Aqui cabe ressaltar que o fenômeno da corrupção de uma forma geral afeta as empresas. De acordo com várias notícias da mídia ao longo dos anos, algumas delas eram prósperas, mas por conta da corrupção, rapidamente faliram. Então pode-se deduzir que a corrupção tem um certo impacto no rendimento das empresas, seja de forma direta, ou pelas suas consequências. Para se ter uma ideia, os problemas começam já quando se quer abrir e manter uma empresa. Por conta da burocracia excessiva, são necessárias várias licenças para funcionamento e autenticidade, mas são tantos processos que a abertura acaba sendo bastante dificultada no Brasil, o que faz com que as pessoas recorram ao trabalho informal para sobreviverem. JÚNIOR, FILHO e NUSDEO (2009) completam dizendo que tal fato age em favor das grandes empresas, enquanto que as de médio e pequeno porte acabam sendo prejudicadas, por terem que arcar com custos muito altos relativos a faturamento, o que impede também seu crescimento, e comprovam que países com burocracia excessiva e alta taxa de trabalhos informais são os que possuem problemas com corrupção. Por conta disso, o número de trabalhos informais acaba aumentando.
Outra consequência decorre dos altos impostos no país, que junto com a corrupção, fazem com que a competitividade nas indústrias diminua. Com os impostos altos, a população passará a deixar de comprar este ou aquele produto para poder arcar com as despesas dos impostos, influindo diretamente no rendimento das empresas, que serão forçadas a reduzir a produção. Com a produção reduzida, os gestores acabam sendo obrigados a ter que demitir funcionários, gerando aumento crescente de desemprego. Nota-se que há um processo que ocorre de forma cíclica, pois o desempregado também terá que deixar de comprar produtos para redução de gastos, o que definitivamente vai afetar outras empresas no futuro. PESSOA (2015) ressalta que o poder econômico não é o único causador da corrupção, mas é um dos principais, contribuindo para a reação de consequências em cadeia que irão afetar a tudo e todos no país.
Outro problema é a falta de inovação nas empresas, o que poderia ajudá-las a crescer mais. FILHO (2014) justifica a situação pelo fato da política industrial do Brasil sempre enfatizar algumas empresas elegendo-as como campeãs nacionais, então o resto se sente desmotivado a inovar. Ele também afirma que empresas que contam com recursos do governo não inovam, e que elas poderiam utilizar recursos internos para isso. Para reforçar, PUGLIESE (2017) destaca que a corrupção afeta os incentivos dos gestores e funcionários em relação à inovação e produtividade. Outro fator chave que influencia no desempenho de uma empresa é a situação econômica atual. SANTOS (2013) diz que a corrupção não favorece a prosperidade da economia do Brasil, o que deixa o país sem investimentos necessários para o funcionamento econômico das empresas. A corrupção afeta também a educação do Brasil, por conta dos desvios de recursos que seriam utilizados para isso. De posse dessa informação, podemos dizer que isso pode afetar uma empresa no futuro de forma indireta, pois se uma pessoa não tiver uma educação boa, desperdiça-se a chance de ter um profissional capacitado que poderia dar bons rendimentos a uma empresa. FILHO (2014) reforça o investimento na educação para que se tenham profissionais competentes em curto prazo, como engenheiros e cientistas, que são profissões bastante valorizadas.
A corrupção também ameaça a ética dos negócios, que poderá acarretar problemas algum tempo depois, pois uma empresa que só visa o lucro não irá se importar com os danos que causará ao ambiente e à sociedade para alcançar esse objetivo. E se caso vier a público que certa empresa é duvidosa, automaticamente seu rendimento irá cair. ALENCASTRO e ALVES (2017) dizem que empresas adeptas a corrupção promovendo, por exemplo, fraudes fiscais e contábeis, acabam perdendo credibilidade, e que isso com certeza fará com que as chances de um investimento na empresa acabem diminuindo. Cialdini, Petrova e Goldstein (2004) também concluem que organizações que praticam atos corruptos chegam de fato a ter lucro rápido, porém acabam tendo que arcar com vários problemas com sua imagem perante ao público, e seus negócios acabam então sofrendo deterioração.
Outros problemas são a deterioração da qualidade dos produtos e serviços, a diminuição da capacidade de investimentos e a mitigação da confiança nos agentes econômicos, encarecendo os custos de transação. A corrupção deteriora o ambiente institucional a ponto de as empresas tornarem-segradativamente reféns dos agentes públicos corruptos e perderem qualquer acesso a salvaguardas legais que poderiam protegê-las. Pelo fato da corrupção ser um crime, se o esquema vier a público e envolver o nome da empresa, esta terá que arcar com inúmeros processos judiciais, com despesas de multas, e ainda ter seu nome manchado perante a sociedade podendo inclusive vir à falência e os funcionários envolvidos irem para a prisão. A corrupção pode parecer vantajosa no início, mas só trará mais problemas no futuro, que de uma forma ou de outra, afetará a todos no Brasil, principalmente a sociedade.
2.4–Relação entre corrupção, sociedade e as organizações
Ao abordamos o assunto da corrupção, não se pode excluir o fato de que tal fenômeno exerce impacto também sobre a sociedade, e que esta tem um papel fundamental na situação atual do Brasil. Pinotti (2016) também afirma que todos acabam de certa forma se tornando vítimas da corrupção, principalmente a sociedade, que acaba tendo que encarar vários problemas no setor público nas áreas de saúde, trânsito e construção, por exemplo. A sociedade paga os impostos que serão investidos nessas áreas para terem uma qualidade de vida melhor, mas com a corrupção na atualidade, isso não ocorre de forma adequada.
Mas não se pode atribuir a culpa da corrupção e suas consequências somente aos políticos e empresários: a própria sociedade em si é culpada também. A sociedade tem o direito de reclamar seus direitos básicos, como saúde, moradia e educação, por exemplo, mas boa parte da população não tem consciência na hora de votar nos representantes do Brasil, por estar totalmente alheia a situação atual que o país vive, e não querer se interessar por tal assunto. Outro fator que aponta para a culpa é o famoso “jeitinho brasileiro”, que se refere à forma como os brasileiros se livram de situações problemáticas, mesmo que essa forma seja habilidosa e criativa ou incorreta e ilegal. Um bom exemplo disso é o hábito de furar filas, compra de carteira de habilitação falsa, pirataria, utilizar vagas de deficientes, entre outros. Embora não se compara ao que os políticos fazem, tais atos também são atos de corrupção, e como afirmam KLEIN e ALENCAR (2017), muitas vezes não chegam a serem reconhecidas como tal, tornando-se algo do cotidiano.
Algo tão corriqueiro na sociedade pode ser trago até as empresas também, e causar problemas que a comprometem como um todo, levando a corrupção dentro da empresa. MUNIZ (2009) afirma que quando o jeitinho brasileiro tem seu uso em demasia, acaba levando ao aparecimento da corrupção, caracterizada pela vantagem obtida a partir dela ser muito grande. O quadro abaixo mostra os efeitos positivos e negativos que o uso do jeitinho brasileiro pode provocar, analisando-se alguns aspectos.
Quadro 1 – Crítica às características do jeitinho brasileiro
	Características do jeitinho brasileiro
	Aspectos considerados popularmente como positivos
	Críticas aos aspectos popularmente considerados como positivos
	
Criatividade e espontaneidade
	A criatividade e espontaneidade contribuem para a capacidade de buscar rapidamente soluções para problemas a serem resolvidos no mesmo tempo em que ocorrem.
	Nem sempre o que é resolvido de forma rápida, criativa e espontânea tem a resolução e consequência mais eficaz.
	
Humor
	Tratar problemas repentinos com humor pode auxiliar os indivíduos a diminuir o stress do momento e auxiliar na sua rápida resolução. Além disso, o humor pode ser utilizado como uma forma de abrandar e solucionar determinado problema que necessite de solução imediata.
	A simpatia e o humor são utilizados muitas vezes como uma forma afetiva para atingir os objetivos estritamente individuais, desconsiderando o prejuízo a terceiros.
	
Busca por atalhos
	Pela exigência de respostas rápidas e resolução imediata de determinado problema, a busca por atalhos pode ajudar na rapidez de sua resolução.
	Em primeiro lugar, a maneira mais rápida nem sempre é a mais eficiente. Além disso, a repetição do atalho, pelo indivíduo, grupo ou organização pode institucionalizar estas ações, mantendo-os posteriormente como um procedimento padrão, de forma preguiçosa e malandra.
	
Relações interpessoais
	A facilidade nas relações interpessoais reduz o stress em momentos de soluções emergenciais, e pode contribuir no auxílio ao jeitinho.
	Privilegiar alguns indivíduos e manter a impessoalidade com outros não condiz com os princípios de uma sociedade igualitária.
	
Gingado
	O gingado ou swing atua como elemento cultural facilitador da flexibilidade e do desvio de problemas.
	Somente o gingado não auxilia em praticamente nenhum jeitinho. Nem sempre a norma mais flexível é a mais eficiente.
	
Flexibilidade
	O jeitinho às vezes pode atuar como uma forma de romper com as disfunções da burocracia, onde padrões e normas rígidos às vezes são tornados mais flexíveis, no intuito de atender ao objetivo.
	A flexibilidade nos padrões e normas pode causar prejuízo a terceiros, até mesmo sem o consentimento dos mesmos.
	
Economia de esforços
	Redução dos stress e do gasto de energia com determinado jeitinho, com a opção por ações que acarretem menor perda de tempo e energia.
	A escolha por ações que acarretem menor perda de tempo e energia muitas vezes se confunde com preguiça e malandragem, que definitivamente não são aceitáveis.
	
Informalidade
	Dependendo da situação e do contexto, a fuga de pequenas normas ou regras, desde que não acarrete prejuízo a terceiros, pode resolver eficientemente a alguma emergência ocasional.
	Pode ocorrer de a exceção se tornar uma regra, acarretar danos a terceiros, ou mesmo influenciar indivíduos que cumprem de maneira correta as formalidades.
Fonte: Gestão e Planejamento, Revista do Programa de Pós-Graduação em Administração, Salvador, v. 12 n. 3, 
p. 508 (2012) .[3: Disponível em: <http://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/view/1197/1852>]
Embora o jeitinho estimule de forma positiva uma empresa em relação à flexibilidade e inovação, por exemplo, ele também pode ser ruim para a empresa e favorecer a corrupção organizacional.
O jeitinho resulta em excesso de malandragem, prejuízos a terceiros, como: mentira, corrupção, fofoca, protecionismo, imediatismo (preocupação extrema com o curto prazo e pouca preocupação com médio e longo prazo), preguiça e economia exagerada de esforços. Exemplos como ‘levar as coisas com a barriga’ e ‘dar um jeitinho na última hora’ talvez sejam característicos do jeitinho brasileiro. E dependendo do nível em que se encontram, podem acarretar prejuízos como desorganização, descumprimento de prazos e metas, indisciplina, desordem e estímulo à anarquia. (FLACH, 2012, p. 505)
O mesmo autor também diz que o jeitinho é uma forma de ganhar vantagem utilizando-se de formas controversas e desonestas que ferem a moral e as normas da empresa para alcance de um objetivo. Zurbriggen (2008) também diz que a empresa é prejudicada por conta das ações de empregados corruptos, acarretando em prejuízos financeiros e deterioração da sua imagem perante a sociedade. Por outro lado, Cialdini, Petrova e Goldstein (2004) concluem que uma empresa que não segue à risca os bons valores tem funcionários que praticam vários atos desonestos como receber propina e cometer furtos, levando a falta de trabalho em equipe e cooperação mútua. 
Gino e Ariely (2012) apontam também que a criatividade proporcionada pelo jeitinho pode também ser prejudicial à empresa, por acabar levando a comportamentos desonestos ao querer tentar resolver os problemas que a organização enfrenta. Para acrescentar, Gino, Ayal e Ariely (2009) alertam que quando uma pessoa age desonestamente no ambiente organizacional, seus colegas de trabalho também podem seguir o mesmo caminho. Dentro de uma empresa pode haver também vários desvios de conduta e comportamento. Berry, Ones e Sackett (2007) dizem que os desvios podem ser interpessoais, envolvendo fofocas e violência dentrodo trabalho, por exemplo, ou podem envolver consequências negativas para empresa, quando se rouba algo dentro dela, ou danificação de seus bens materiais. Todas as citações acima reforçam a teoria de que o “jeitinho brasileiro” de fato propicia a corrupção dentro das empresas. 
3–METODOLOGIA
Leite e Macedo (2017) definem corrupção como o ato ou efeito de corromper algo ou alguém por métodos condenáveis pela sociedade, para se obter benefício e satisfação próprios.
https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/19343
http://www.okara.ufpb.br/ojs/index.php/tematica/article/view/33882
http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/pensarcontabil/article/view/2947
http://www.revistas.uneb.br/index.php/financ/article/view/3665/2433
http://bdm.unb.br/handle/10483/12228
https://monografias.ufrn.br/jspui/handle/123456789/3949
http://www.redalyc.org/html/1170/117051921007/
https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/333/229
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/2102/2323
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