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PSICOTERÁPIA1

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Psicopatologia
A disciplina Psicopatologia Especial abarca um conteúdo teórico e prático complexo. Iniciamos pelo estudo da Reforma Psiquiátrica no Brasil conhecendo a Declaração de Caracas, 1990. A lei no. 10.216 de 06/04/2001 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em Saúde Mental. A Reabilitação Psicossocial no Brasil. A utilização das oficinas terapêuticas, a clínica do acompanhamento terapêutico. Na sequencia através da experiência prática com os usuários dos serviços de Saúde Mental, revisamos os conteúdos teóricos apresentados em Psicopatologia Geral que implica na compreensão dos grandes quadros clínicos em Psiquiatria conforme descrito pela CID10 (Classificação Internacional das Doenças em sua décima edição). Esquizofrenia. transtornos de humor com sintomas psicóticos, transtornos neuróticos relacionados ao estresse e somatoforme, transtornos de personalidade.
A escolha desse sistema de classificação (CID10) é justificada pelo uso mundial nos serviços de Saúde Mental. A seguir estudamos um capítulo de extrema importância na Saúde Pública que se refere ao uso abusivo de substâncias psicoativas. Prosseguimos com o estudo das psicoses orgânicas para podermos compreender a diferença dos quadros orgânicos e funcionais e, finalmente, seguimos para o conhecimento dos tratamentos em Saúde Mental e para as considerações sobre as condições necessárias para se tornar um psicoterapeuta.
Para facilitar sua compreensão dividiremos o conteúdo em oito módulos. Todos serão ministrados no semestre letivo em curso. Os módulos de 1 a 4 tratam de conteúdos que serão objeto da primeira avaliação do semestre (NP1). Os módulos de 5 a 8 serão objeto da segunda avaliação. (NP2). É importante que você estude o material na sequencia em que está apresentado. Os conteúdos posteriores pressupõem sempre a compreensão dos apresentados anteriormente.
Módulo 1
Declaração de Caracas, 1990.
Presidência da República. Casa Civil. Lei no. 10.216 de 06/04/2001 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
O movimento pela reforma psiquiátrica no Brasil.
Reabilitação Psicossocial no Brasil.
Vamos refletir sobre o conteúdo do módulo 1
Na segunda metade do século XX, operaram-se importantes desenvolvimentos no tocante à assistência à enfermidade mental. Apoiados em experiências concretas realizadas em diversos países (como as comunidades terapêuticas na Inglaterra, a psicoterapia institucional na França, a psiquiatria democrática na Itália, entre outros), tais desenvolvimentos promoveram a substituição das práticas de assistência psiquiátrica tradicional, gerando a fundação do campo da “saúde mental” e dos paradigmas “antimanicomial” ou da “desinstitucionalização da doença mental”. Em relação a este novo paradigma, o conjunto de princípios e procedimentos de intervenção que melhor representa é:
A ( ) Compreensão da enfermidade mental em seu contexto sócio-político-cultural; crítica à hegemonia do modelo médico-psiquiátrico; transformação das relações de poder entre instituição e os sujeitos; fomentação da sociabilidade de grupo e da inclusão social; importância do trabalho interdisciplinar.
B ( ) Desospitalização e redução do período de internação psiquiátrica; crescente psiquiatrização dos problemas sociais; extensão e modernização da psiquiatria; expansão da ação medicalizante; importância do trabalho interdisciplinar. A alternativa é falsa.
C ( ) Crítica ao arcaísmo do hospital psiquiátrico; instrumentalização e tecnicização das relações humanas; Melhoria das condições materiais do hospital psiquiátrico, atenuação da ruptura hospital-mundo exterior; racionalização administrativa e financeira dos equipamentos de saúde.
D( ) Atenuação da ruptura hospital-mundo exterior; racionalização administrativa e financeira dos equipamentos de saúde; instrumentalização e tecnicização das relações humanas; redução dos problemas subjetivos à sua causalidade social; especialização das técnicas de intervenção.
 E ( ) Complementaridade entre os serviços extra-hospitalares e o hospital; difusão, especialização e hierarquização dos serviços psiquiátricos na comunidade; expansão da ação medicalizante; difusão capilar dos mecanismos de controle social na comunidade; importância do trabalho interdisciplinar.
Se você respondeu a alternativa A como correta, você compreendeu que não se trata de melhorar as condições do hospital psiquiátrico, nem de atenuar rupturas, nem tão pouco de expandir a ação medicalizante. A proposta está bem especificada na primeira alternativa.
Módulo 2
As oficinas terapêuticas.
A clínica e o acompanhamento terapêutico.
O acompanhante terapêutico poderia ser situado, no contexto da reforma psiquiátrica, como um agente que permite novas formas de sociabilidade apoiadas na interação dialógica, desenvolvendo posicionamentos que saem da interdição para assumirem a interlocução, o livre trânsito e para reposicionar os sujeitos dentro da dimensão subjetiva, sociocultural e histórica. Essas ações tornam o sujeito agente produtor e transformador, mobilizando-o como protagonista do seu tratamento (Fiorati & Saeki, 2008),
As oficinas terapêuticas são uma das principais formas de tratamento oferecido nos CAPS. Os CAPS têm, frequentemente, mais de um tipo de oficina terapêutica. Essas oficinas são atividades realizadas em grupo com a presença e orientação de um ou mais profissionais, monitores e/ou estagiários. Elas realizam vários tipos de atividades que podem ser definidas através do interesse dos usuários, das possibilidades dos técnicos do serviço, das necessidades, tendo em vista a maior integração social e familiar, a manifestação de sentimentos e problemas, o desenvolvimento de habilidades corporais, a realização de atividades produtivas, o exercício coletivo da cidadania.
Agora responda:
De acordo com a Portaria SNAS189 de 19 de novembro de 1991, da Secretaria do Ministério da Saúde e tendo em vista o disposto nos artigos 141 e 143 do Decreto No. 99.244, de 10 de maio de 1990 que considera:
1. a necessidade de melhorar a qualidade da atenção às pessoas portadoras de transtornos mentais;
2. a necessidade de diversificação dos métodos e técnicas terapêuticas, visando à integralidade da atenção a esse grupo;
3. a necessidade de compatibilizar os procedimentos das ações de saúde mental com o modelo assistencial proposto resolve pelo Código 846 Os Procedimentos relativos ao Atendimento em Oficinas Terapêuticas. A partir do texto podemos afirmar que:
I ( ) A escolha das oficinas terapêuticas está ancorada na proposta de Benedetto Saraceno, Diretor do Departamento de Saúde Mental da OMS, segundo a qual a necessidade nos serviços de saúde é superar a ideia de modelos e trabalhar com premissas.
II ( ) A premissa que melhor define a qualidade de um programa ou projeto em saúde mental é a decorrente do conceito de acessibilidade, que ele assim sistematiza: geografia local, fluxo viário, barreiras físicas, turnos de funcionamento do Serviço Único ou Integrado, menu de programas (assistência, reinserção, lazer, hospitalidade, trabalho).
Quais afirmativas estão corretas
A I e II
B Apenas I
C Apenas II
D I e II estão incorretas.
E Apenas I está incorreta.
Ambas as alternativas estão corretas e são parte da lei.
Módulo 3 Transtorno de humor e esquizofrenia
Leia atentamente o caso clínico descrito.
Mário é o mais velho de três filhos homens. Sua mãe faleceu um mês depois de seu nascimento, em um acidente de automóvel. Foi criado durante sete meses por sua tia materna que, depois de sérios desentendimentos com o pai de Mário, deixou de cuidar dele. Sua avó paterna tomou para si o menino e cuidou dele até os três anos, quando voltou a viver com seu pai que havia se casado de novo.
A família sempre o considerou uma criança fácil de cuidar, pois parecia tudo aceitar. Sempre foi quieto e introvertido, e gostava de brincarsozinho. Cursou normalmente a escola e não apresentou problemas de aprendizagem. Apesar de ter poucos amigos, participava das atividades e eventos sociais.
Aos dezesseis anos foi passar seis meses nos EUA em regime de intercâmbio. No segundo mês de viagem liga para o pai dizendo que temia que seu irmão americano estivesse planejamento prejudicá-lo na escola, pois tinha a sensação de ser seguido pelas ruas e observado em casa.
O pai deu pouca importância e esqueceu o fato. Um mês depois recebe um telefonema da família que hospedava Mário, dizendo que ele não dormia à noite, vagueava pela casa e mostrava-se bastante arredio e desconfiado.
De volta ao Brasil, Mário vivia isolado, conversando com personagens imaginários que, segundo ele, transmitiam-lhe mensagens de extraterrestres que o elegeram como aquele que “iria mudar a mentalidade dos homens” e que por isso vinha sofrendo ameaças de espíritos maus. Em alguns momentos tornava-se agressivo com o pai e a madrasta, dizendo que eles faziam sexo e que isto “sujava o ambiente”.
Deixou de se cuidar e abandonou suas atividades. Às vezes dizia frases sem sentido que, segundo ele, deviam ser interpretadas como enigmas.
Qual a hipótese diagnóstica mais plausível:
a) esquizofrenia paranóide
b) neurose fóbica
c) transtorno obsessivo–compulsivo
d) esquizofrenia hebefrênica
e) neurose histérica
Se você respondeu alternativa A acertou. Mario apresenta sintomas típicos de um quadro esquizofrênico do tipo paranóide caracterizada por alucinações e ideias delirantes, principalmente de conteúdo persecutório.
Leia o caso clínico e depois responda.
Clóvis foi internado contra a sua vontade em uma clínica psiquiátrica. Dizia sentir-se muito bem, mostrando-se agitado e falante. Seu humor alterava-se com facilidade, tornando-se agressivo quando frustrado. A família relatou que ele dormia pouco, falava sobre vários assuntos ao mesmo tempo, não conseguia concentrar-se em uma única situação, e insistia em chamar a atenção das pessoas com suas roupas extravagantes e com o relato de suas conquistas amorosas. Decidiram interná-lo quando começou a afirmar que tinha poderes curativos sobrenaturais.
 Os sintomas apresentados por Mário caracterizam melhor:
a) um quadro histérico com inequívoca necessidade de chamar a atenção e de sentir-se amado.
b) um quadro maníaco com a presença de agitação psicomotora e ideação delirante.
c) um surto esquizofrênico com agressividade exacerbada e labilidade de humor.
d) um quadro tipicamente neurótico com baixa tolerância à frustração e conflitos relativos à sexualidade.
e) Um quadro de esquizofrenia paranóide com a presença de delírios de grandeza.
 Se você respondeu a alternativa B acertou. Clóvis apresenta os sintomas que preenchem os critérios diagnósticos para uma síndrome maníaca: aumento de autoestima, elação, insônia, agitação psicomotora, irritabilidade e delírio de grandeza.
Módulo 4 Transtornos neuróticos relacionados ao estresse e somatoforme. 
Leia atentamente o caso descrito e responda
Sra. Maria, 41 anos, trabalha numa fábrica têxtil. Chegou ao ambulatório acompanhada por vários familiares e vizinhos. A parte inferior de sua perna direita estava paralisada e ela tinha uma sensação de peso no lado direito do corpo. Um dia antes houve uma grande discussão familiar, Maria discutiu muito com a filha mais velha em relação ao namorado desta, que ela considerava inaceitável. A filha abandonou a discussão e trancou-se no quarto. A mãe considerou este comportamento insultante e rude. Na manhã seguinte, Maria acordou com sensações de formigamento no lado direito do corpo e era incapaz de mover sua perna, ela caiu em lágrimas e gritou por ajuda, ao que os filhos, incluindo a mais velha, prestaram socorro e levaram-na ao ambulatório.
 Na entrevista foi cooperativa e sua fala era coerente, dramatizando a discussão que tinha ocorrido no dia anterior. Ela gesticulava muito enquanto falava. Estava totalmente orientada e estava convencida que o problema da perna era orgânico.
 Qual a sua hipótese diagnóstica
A ( ) Ansiedade generalizada
B ( )Depressão
C ( V ) Transtorno Conversivo
D ( ) Mania
E ( )Hipocondria
Se você respondeu a alternativa C acertou. A senhora Maria apresenta uma síndrome histérica de conversão. As manifestações clínicas de paralisia sem alteração orgânica, a dramaticidade, a necessidade de contato e a incapacidade de mantê-lo, são características do quadro.
Módulo 5 Transtornos de personalidade
 Qual das alternativas abaixo apresenta algumas diretrizes diagnósticas para o transtorno de personalidade paranóide?
A ( )Indiferença aos sentimentos alheios; comportamento cruel; desrespeito às normas, regras e obrigações sociais; dificuldade em manter relacionamentos; limiar de frustração rebaixado; tendência a culpar os outros e a racionalizar suas atitudes.
B ( ) Intenso tremor ou desconforto; taquicardia; sudorese; falta de ar; tontura ou desmaio; medo de enlouquecer; medo de morrer; desrealização ou despersonalização.
C ( ) Sem prazer em suas atividades; frieza emocional; afetividade embotada; indiferença a elogios ou críticas; desinteresse por experiências sexuais; comportamento solitário; fantasias excessivas e introspecção; falta de pessoas íntimas e confidentes.
D ( V ) Sensibilidade excessiva ao ser contrariado ou rejeitado; dificuldade em perdoar; desconfiança excessiva; interpreta ações neutras como hostis; suspeitas infundadas de infidelidade sexual; comportamento tendencioso de auto-referencia.
E ( ) Tendência ao comportamento dramatizado; teatralidade; sugestionabilidade; afetividade superficial, pueril e lábil; busca de atividades em que seja o centro das atenções; necessidade de apreciação dos outros; comportamento manipulativo para alcançar as necessidades; intolerante e tendendo a reações infantis.
 Se você respondeu a alternativa D acertou. Segundo os critérios da CID 10. Essas são as características da personalidade paranóide.
Módulo 6 Síndromes relacionadas ao uso de substâncias psicoativas.
Partindo das alterações causadas pelo uso de Substâncias Psicoativas, considere as relações abaixo:
F - Intoxicação
G - Abuso
H - Dependência
I - Abstinência
Relacione estas alterações com as afirmações abaixo.
I- ( H ) - Conjunto de comportamentos cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após uso repetido de substâncias psicoativas, associado ao desejo poderoso de usá-la e com a dificuldade de controlar este consumo. H - Dependência
II- ( F ) - Padrão desajustado do uso de substâncias psicoativas, com uso mais longo e repetido ocorrendo em situações arriscadas ou apesar do conhecimento dos problemas associados ao seu uso. F - Intoxicação
III- ( I ) - Conjunto de sintomas que se manifestam de diversas formas, com gravidade variável. A pessoa pode apresentar sintomas físicos (sudorese, taquicardia) e psíquicos (medos, ilusões, alucinações) após períodos sem uso da substância psicoativa.
I - Abstinência
Qual das alternativas é correta em relação às afirmações acima?
A- ( )I - H, II - F, III - G.
B- ( ) I - G, II - H, III - I
C- ( ) I - F, II - I, III - G
D- ( ) I - H, II - G, III - I.
E- ( ) I - I, II - G, III - F.
As definições corretas estão na alternativa D. Essa questão avalia seu grau de compreensão das nomenclaturas usadas como referência na clínica da dependência de substâncias.
Módulo 7 Tratamentos em Saúde Mental. Condições necessárias a um psicoterapeuta.
Vamos refletir sobre o tratamento combinado.
Leia as afirmações abaixo.
I A psicoterapia e a farmacoterapia não são competitivas ou excludentes, embora cada uma possua seus efeitos diferenciados ou âmbitos de atuação distintos.
II Cada uma pode servir melhor a diferentes transtornos ou seus subtipos. Os medicamentos para transtornos autônomos de “estado” e limitados no tempo, à psicoterapia para os transtornos de “traço” de longa duração.
A ( ) A primeira alternativa está correta e a II está incorreta.
B ( ) A primeira e a IIalternativa estão corretas. A segunda afirmativa não justifica a primeira.
C ( Y) A primeira e a II alternativa estão corretas. A segunda afirmativa justifica a primeira.
D ( ) A primeira afirmativa é incorreta e a segunda é correta.
E ( ) A primeira afirmativa e a II são incorretas.
Se você respondeu a alternativa c acertou. A segunda alternativa justifica a indicação do uso do tratamento combinado.
Módulo 8 Síndromes mentais orgânicas
Leia o caso descrito com atenção.
A senhora Patrícia é uma viúva paulistana de 75 anos que vive sozinha. Ela foi internada no setor de ortopedia de um hospital após quebrar a perna. Ela estava tão confusa e inquieta que perambulava pela enfermaria à noite, perturbando os demais pacientes. Ela fora encaminhada para avaliação psiquiátrica devido à consciência embotada e comportamento hiperativo. Após ser submetida a uma cirurgia do fêmur, sua confusão aumentou. Ela não podia lembrar o que lhe havia acontecido ou porque estava no hospital. Durante o dia apresentava hiperatividade leve, sem objetivo. Ela era incapaz de ler ou assistir televisão, e nem sempre podia reconhecer parentes que a visitavam. Ela foi vista tendo conversas imaginárias e olhando fixamente para um ponto no teto. Era irritável e podia ter ataques de raiva, à noite parecia totalmente incapaz de dormir, e a hiperatividade aumentava. No exame psíquico, a Sra. Patrícia parecia perplexa e desatenta. Estava totalmente desorientada e não cooperativa.
A partir da descrição responda:
A ( ) Podemos dizer que a Sra. Patrícia apresenta uma alteração da consciência denominada estado onírico onde predomina a atividade alucinatória visual intensa.
B ( V) Podemos dizer que a Sra. Patrícia apresenta uma síndrome psicopatológica associada ao rebaixamento do nível da consciência denominada delirium que é o termo atual mais utilizado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas.
C ( ) Podemos dizer que a Sra. Patrícia apresenta uma alteração da consciência denominada estado crepuscular onde ocorre estreitamento transitório do campo da consciência, caracterizado por surgimento e término abrupto.
D () Podemos dizer que a Sra. Patrícia apresenta uma alteração do juízo da realidade denominada delírio que se caracteriza por ser um juízo patologicamente falseado, com convicção extrema e certeza subjetiva.
E () Podemos dizer que a Sra. Patrícia apresenta uma alteração do juízo da realidade denominada delírio primário que se caracteriza por ser algo inteiramente novo que se insere, em um determinado instante na curva vital daquela pessoa.
Se você respondeu alternativa B acertou. A senhora Patrícia apresenta um quadro de delirium. Mostra-se confusa, com rebaixamento da consciência em função da queda e do período pós-cirúrgico.
Modulo 1 A reforma psiquiátrica no Brasil As formas de tratamento em Saúde Mental tem sido objeto de transformação ao longo do século.O modelo manicomial de exclusão e perda da cidadania vai sendo descontruído gradativamente. No documento apresentado à Conferência Regional de reforma dos serviços de saúde mental em novembro de 2005 recuperamos o processo histórico da desospitalização.O início do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil é contemporâneo da eclosão do“movimento sanitário”, nos anos 70, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva, eqüidade na oferta dos serviços, e protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de tecnologias de cuidado. Embora contemporâneo da Reforma Sanitária, o processo de Reforma Psiquiátrica brasileira tem uma história própria, inscrita num contexto internacional de mudanças pela superação da violência asilar. Fundado, ao final dos anos 70, na crise do modelo de assistência centrado no hospital psiquiátrico, por um lado, e na eclosão, por outro, dos esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos, o processo da Reforma Psiquiátrica brasileira é maior do que a sanção de novas leis e normas e maior do que o conjunto de mudanças nas políticas governamentais e nos serviços de saúde. A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, composto de atores,instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. Compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios. Os principais componentes da história da Reforma Psiquiátrica no Brasil, com destaque para o processo de delineamento progressivo da política de saúde mental do Ministério da Saúde, alinhada com os princípios da Reforma são:
1 A crítica do modelo hospitalocêntrico (1978-1991)
A Declaração de Caracas, Venezuela, adotada pela Organização Mundial de Saúde,em 14 de novembro de 1990.
2 Início da implantação da rede extra-hospitalar (1992-2000)
3 A Reforma Psiquiátrica depois da lei Nacional (2001 -2005)
A Lei Federal 10.216 que redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios.
Estamira. Ilustra o indivíduo portador de sofrimento psíquico intenso.
Com esse percurso histórico descrito reflita:
Na segunda metade do século XX, operaram-se importantes desenvolvimentos no tocante à assistência à enfermidade mental. Apoiados em experiências concretas realizadas em diversos países (como as comunidades terapêuticas na Inglaterra, a psicoterapia institucional na França, a psiquiatria democrática na Itália, entre outros), tais desenvolvimentos promoveram a substituição das práticas de assistência psiquiátrica tradicional, gerando a fundação do campo da “saúde mental” e dos paradigmas “antimanicomial” ou da “desinstitucionalização da doença mental”. Em relação a este novo paradigma, o conjunto de princípios e procedimentos de intervenção que melhor representa é:
A ( ) Compreensão da enfermidade mental em seu contexto sócio-político-cultural; crítica à hegemonia do modelo médico-psiquiátrico; transformação das relações de poder entre instituição e os sujeitos; fomentação da sociabilidade de grupo e da inclusão social; importância do trabalho interdisciplinar.
B ( ) Desospitalização e redução do período de internação psiquiátrica; crescente psiquiatrização dos problemas sociais; extensão e modernização da psiquiatria; expansão da ação medicalizante; importância do trabalho interdisciplinar. A alternativa é falsa.
C ( ) Crítica ao arcaísmo do hospital psiquiátrico; instrumentalização e tecnicização das relações humanas; Melhoria das condições materiais do hospital psiquiátrico, atenuação da ruptura hospital-mundo exterior; racionalização administrativa e financeira dos equipamentos de saúde.
D( ) Atenuação da ruptura hospital-mundo exterior; racionalização administrativa e financeira dos equipamentos de saúde; instrumentalização e tecnicização das relações humanas; redução dos problemas subjetivos à sua causalidade social; especialização das técnicas de intervenção.
 E ( ) Complementaridade entre os serviços extra-hospitalares e o hospital; difusão, especialização e hierarquização dos serviços psiquiátricos na comunidade; expansão da ação medicalizante; difusão capilar dos mecanismos de controle social na comunidade; importância do trabalho interdisciplinar.
Se você respondeu a alternativa A como correta, você compreendeu que não se trata de melhorar as condições do hospitalpsiquiátrico, nem de atenuar rupturas, nem tão pouco de expandir a ação medicalizante. A proposta está bem especificada na primeira alternativa.
Módulo 2: O Acompanhamento terapêutico e as Oficinas Terapêuticas
O acompanhamento terapêutico (AT) constitui um importante instrumento de integração de projetos assistenciais centrados na atenção psicossocial. Suas ações se inserem como práticas opostas aos modelos asilares de tratamento, alinhando-se a propostas da reforma psiquiátrica e sanitária (Fiorati, 2006).
A atenção psicossocial se apresenta como projeto ético-estético-político, no sentido proposto por Guattari (1996), que busca a autonomia do indivíduo a partir do desenvolvimento de sua cidadania e participação política e integração ao território, além da horizontalização das relações profissionais intra e interinstitucionais (Brasil, 1988, 1994, 2002, 2010); assim, vem consolidando-se como o referencial teórico predominante do modelo assistencial em saúde mental no Brasil, constituindo as bases da política pública oficial (Guljor, 2003). Desse modo, a atenção psicossocial caracteriza-se como uma diretriz da reforma psiquiátrica brasileira e assume um papel preponderante no campo assistencial por nortear a construção de novas práticas e serviços em saúde mental.
Essa construção advém de movimentos reformistas em torno do cuidado à loucura, sendo ancorada, principalmente, no modelo italiano da psiquiatria democrática, o qual tinha como pressupostos uma reorganização dos serviços em torno de práticas de territorialização (e desinstitucionalização), atribuição de responsabilidade ao louco e questionamento do poder psiquiátrico em torno das ações de saúde mental. Oficialmente, a inserção do modelo de atenção psicossocial se inicia com a implantação do Centro de Atenção Psicossocial Luiz Cerqueira e dos Núcleos de Atenção Psicossocial, na cidade de Santos (SP) – década de 80 (Amarante, 2000).
Busca-se, portanto, que a atenção à loucura seja promovida fora do âmbito asilar (que a segregou e tutelou por tantas décadas), através da integração de diversos setores sociais, em especial a saúde, a assistência social, a educação e a Justiça (Brasil, 2002). Contudo, essas ações ainda se encontram delimitadas em torno de alguns serviços, sendo questionável a existência de uma rede integrada em saúde mental.
De acordo com autores como Costa-Rosa, Luzio e Yasui (2001), a atenção psicossocial pode ser descrita a partir da seguinte matriz: 1) a integralidade das ações de cuidado no território, 2) horizontalização das relações profissionais e intrainsitucionais, 3) a construção de uma ética da autonomia e da singularização do indivíduo em sofrimento psíquico e 4) a implicação subjetiva desse indivíduo no cuidado territorializado. Além disso, de acordo com a III e a IV Conferência Nacional de Saúde Mental, enfatiza-se que a atenção psicossocial deve possuir como premissas: 5) a intersetorialidade nas práticas desenvolvidas e 6) a desinstitucionalização do usuário aos serviços (Brasil, 2010, 2002).
Nesse sentido, o trabalho desenvolvido pelo acompanhante terapêutico se alinha a essa lógica. O AT pode ser definido como uma prática cujo espaço clínico está nas ruas (Bezerra & Dimenstein, 2009; Palombini, 2009), como um dispositivo clínico que almeja, entre outros, aproximar o sujeito das ofertas de laço social (Pitiá & Furegato, 2009; Hermann, 2010; Reis-Neto, Pinto, & Oliveira, 2011), resgatando vínculos, sua cidadania e sua circulação em espaços que façam sentido para o portador (Carniel & Pedrão, 2010; Chauí-Berlinck, 2010).
De acordo com Fiorati e Saeki (2008), essas ações de inserção social promovem a expressão de formas particulares de existência. Para Silva, Costa e Neves (2010), através dessas estratégias, desenvolve-se um recurso em saúde mental alternativo à internação em hospital psiquiátrico. Estellita-Lins, Oliveira e Coutinho (2009) consideram que o AT se caracteriza como uma intervenção em saúde mental baseada em cuidados domiciliares, facilitando um retorno a condições existenciais perdidas e, por conseguinte, ambicionadas. Pitiá e Furegato (2009) descrevem a ação do AT como um instrumento de ação terapêutica em que se considera o sujeito em seu contexto socio-histórico-psíquico-biológico e cultural.
Com origem na década de 60, na Argentina, o trabalho do acompanhante terapêutico supre uma necessidade clínica para pessoas que não tinham respostas para as ações terapêuticas tradicionais (Mauer & Resnizky, 1987; Sereno & Porto, 1991). No Brasil, com o surgimento das primeiras comunidades terapêuticas, esse profissional surge com a denominação de auxiliar psiquiátrico (Ibrahim, 1991).
O trabalho do auxiliar psiquiátrico era desenvolvido, nessa época, dentro das instituições, sendo suas funções ligadas ao desenvolvimento de jogos e festas, dentre outras atividades recreacionais. Contudo, na década de 70, com a política do regime militar de internação asilar em detrimento de outros modelos de cuidado, as comunidades terapêuticas entram em declínio e os auxiliares psiquiátricos perdem seu espaço de atuação. Por conseguinte, começam a ser solicitados para trabalhos particulares, dentro do ambiente doméstico, que proporcionam o contato direto com o cotidiano e o universo familiar do indivíduo em sofrimento psíquico (Berger, Morettin & Braga Neto, 1991).
Com isso, esses profissionais passaram a ser solicitados para trabalhos particulares na res idênci a dos pacientes e os acompanhamentos passaram a ser feitos no ambiente doméstico, o que proporcionava a oportunidade de entrar em contato direto com seu cotidiano e universo familiar. Esse modelo interventivo definiu sua área de atuação, principalmente com pacientes psicóticos, em uma busca por reintegrá-los na sociedade e para reconstruir os vínculos familiares (Zamignani & Wielenska, 1999). Apesar de ter se destacado, inicialmente, no acompanhamento de casos de psicose, esse profissional se consolida na assistência de diversos transtornos.
Desse modo, o acompanhante terapêutico poderia ser situado, no contexto da reforma psiquiátrica, como um agente que permite novas formas de sociabilidade apoiadas na interação dialógica, desenvolvendo posicionamentos que saem da interdição para assumirem a interlocução, o livre trânsito e para reposicionar os sujeitos dentro da dimensão subjetiva, sociocultural e histórica. Essas ações tornam o sujeito agente produtor e transformador, mobilizando-o como protagonista do seu tratamento (Fiorati & Saeki, 2008). 
As oficinas terapêuticas são uma das principais formas de tratamento oferecido nos CAPS. Os CAPS têm, freqüentemente, mais de um tipo de oficina terapêutica. Essas oficinas são atividades realizadas em grupo com a presença e orientação de um ou mais profissionais, monitores e/ou estagiários. Elas realizam vários tipos de atividades que podem ser definidas através do interesse dos usuários, das possibilidades dos técnicos do serviço, das necessidades, tendo em vista a maior integração social e familiar, a manifestação de sentimentos e problemas, o desenvolvimento de habilidades corporais, a realização de atividades produtivas, o exercício coletivo da cidadania.
De um modo geral, as oficinas terapêuticas podem ser:
• Oficinas expressivas: espaços de expressão plástica (pintura, argila, desenho etc.), expressão corporal (dança, ginástica e técnicas teatrais), expressão verbal (poesia, contos, leitura e redação de textos, de peças teatrais e de letras de música), expressão musical (atividades musicais), fotografia, teatro.
• Oficinas geradoras de renda: servem como instrumento de geração de renda através do aprendizado de uma atividade específica, que pode ser igual ou diferente da profissão do usuário. As oficinas geradoras de renda podem ser de: culinária, marcenaria costura, fotocópias, venda de livros, fabricação de velas, artesanato em geral, cerâmica, bijuterias, brechó, etc. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde)
1 Portaria GM/MS 1.077, de agosto de 1999.
2 A Portaria SAS/MS nº 345, de 15/5/2002,estabelece Protocolo Único e Diretrizes Terapêuticas para o tratamento da esquizofrenia refratária.
Na disciplina de Psicopatologia Geral temos aulas teóricas e práticas. As aulas práticas têm início na sexta semana do curso. Essas aulas têm o objetivo de colocar o aluno em contato com os usuários dos Serviços de Saúde Mental. Em nossa proposta de ensino elegemos as oficinas como forma de fazer essa aproximação. Desta maneira, tanto os alunos que desenvolvem as oficinas como os usuários em Saúde Mental são beneficiados com o encontro.
"As oficinas terapêuticas enquanto dispositivos da atual Política Nacional de Saúde Mental, objetivam se diferenciar das práticas antecessoras, práticas decorrentes da idéia de estabelecer o trabalho como um recurso terapêutico, conhecido como ‘tratamento moral’. Neste contexto, entende-se que as oficinas, não se apresentam por si só uma forma inaugural de lidar com a loucura. A experiência do trabalho das oficinas torna-se positiva quando uma de suas funções é também o de intervir no campo da cidadania. Assim, atuando no âmbito social, contribui como possibilidade de transformação da realidade atual no que diz respeito ao tratamento psiquiátrico".(Valladares,A.C.A.)
 Vamos ver sua compreensão em relação ao lugar do AT na relação com o paciente.
 Familiares de um paciente psicótico entraram em contato com um acompanhante terapêutico e pediram que ele traçasse uma estratégia de tratamento para o filho de 30 anos que estava há 10 anos institucionalizado.Qual deve ser a conduta do AT?
A) Estimular os cuidados de vida diária com o paciente dentro da casa de seus familiares.
B) Estimular as atividades de vida diária com o paciente fora do ambiente familiar.
C) Fazer passeios semanais com o paciente na cidade onde reside.
D) Trabalhar o vínculo familiar do paciente.
E) Nenhuma das Altenativas Anteriores.
Se você respondeu a alternativa E acertou. Os dados informados são insuficientes para se traçar uma estratégia terapêutica. E fundamentalmente, o trabalho de AT não deve ser isolado. É necessário que as estratégias de trabalho estejam integradas com outros profissionais que acompanham o paciente
Modulo 3 - Transtornos de Humor e Esquizofrenia
Transtornos de Humor.
 Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma elação. A alteração do humor em geral se acompanha de uma modificação do nível global de atividade, e a maioria dos outros sintomas são secundários a estas alterações do humor e da atividade, quer facilmente compreensíveis no contexto destas alterações. As maiorias destes transtornos tendem a ser recorrentes e a ocorrência dos episódios individuais pode freqüentemente estar relacionada com situações ou fatos estressantes.
Este agrupamento contém as seguintes categorias de três caracteres:
·F30 Episódio maníaco
·F31 Transtorno afetivo bipolar
·F32 Episódios depressivos
·F33 Transtorno depressivo recorrente
·F34 Transtornos de humor [afetivos] persistentes
·F38 Outros transtornos do humor [afetivos]
Um episódio hipomaníaco ou maníaco em indivíduo que já tenha apresentado um ou mais episódios afetivos prévios (depressivo, hipomaníaco, maníaco, ou misto) deve conduzir a um diagnóstico de transtorno afetivo bipolar (F31. -).
F30. 0 Hipomania
Transtorno caracterizado pela presença de uma elevação ligeira mas persistente do humor, da energia e da atividade, associada em geral a um sentimento intenso de bem-estar e de eficácia física e psíquica. Existe freqüentemente um aumento da sociabilidade, do desejo de falar, da familiaridade e da energia sexual, e uma redução da necessidade de sono; estes sintomas não são, entretanto, tão graves de modo a entravar o funcionamento profissional ou levar a uma rejeição social. A euforia e a sociabilidade são por vezes substituídas por irritabilidade, atitude pretensiosa ou comportamento grosseiro. As perturbações do humor e do comportamento não são acompanhadas de alucinações ou de idéias delirantes.
F30. 1 Mania sem sintomas psicóticos
Presença de uma elevação do humor fora de proporção com a situação do sujeito, podendo variar de uma jovialidade descuidada a uma agitação praticamente incontrolável. Esta elação se acompanha de um aumento da energia, levando à hiperatividade, um desejo de falar e uma redução da necessidade de sono. A atenção não pode ser mantida, e existe freqüentemente uma grande distração. O sujeito apresenta freqüentemente um aumento da auto-estima com idéias de grandeza e superestimativa de suas capacidades. A perda das inibições sociais pode levar a condutas imprudentes, irrazoáveis, inapropriadas ou deslocadas.
F30. 2 Mania com sintomas psicóticos
Presença, além do quadro clínico descrito em F30. 1, de idéias delirantes (em geral de grandeza) ou de alucinações (em geral do tipo de voz que fala diretamente ao sujeito) ou de agitação, de atividade motora excessiva e de fuga de idéias de uma gravidade tal que o sujeito se torna incompreensível ou inacessível a toda comunicação normal.
F31 Transtorno afetivo bipolar
Transtorno caracterizado por dois ou mais episódios nos quais o humor e o nível de atividade do sujeito estão profundamente perturbados, sendo que este distúrbio consiste em algumas ocasiões de uma elevação do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade (depressão). Pacientes que sofrem somente de episódios repetidos de hipomania ou mania são classificados como bipolares (F31. 8).
F32 Episódios depressivos
Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos "somáticos", por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave.
F33 Transtorno depressivo recorrente
Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos correspondentes à descrição de um episódio depressivo (F32. -) na ausência de todo antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de energia (mania). O transtorno pode, contudo, comportar breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo, e por vezes precipitados por um tratamento antidepressivo. As formas mais graves do transtorno depressivo recorrente (F33. 2 e F33. 3) apresentam numerosos pontos comuns com os conceitos anteriores da depressão maníaco-depressiva, melancolia, depressão vital e depressão endógena. O primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade, sendo que o início pode ser agudo ou insidioso e a duração variável de algumas semanas a alguns meses. O risco de ocorrência de um episódio maníaco não pode jamais ser completamente descartado em um paciente com um transtorno depressivo recorrente, qualquer que seja o número de episódios depressivos apresentados. Em caso de ocorrência de um episódio maníaco, o diagnóstico deve ser alterado pelo de transtorno afetivo bipolar (F31. -). 
F34 Transtornos de humor[afetivos] persistentes
Transtornos do humor persistentes e habitualmente flutuantes, nos quais os episódios individuais não são suficientemente graves para justificar um diagnóstico de episódio maníaco ou de episódio depressivo leve. Como persistem por anos e, por vezes, durante a maior parte da vida adulta do paciente, levam contudo a um sofrimento e à incapacidade consideráveis. Em certos casos, episódios maníacos ou depressivos recorrentes ou isolados podem se superpor a um transtorno afetivo persistente.
 F34. 0 Ciclotimia
Instabilidade persistente do humor que comporta numerosos períodos de depressão ou de leve elação nenhum deles suficientemente grave ou prolongado para responder aos critérios de um transtorno afetivo bipolar (F31. -) ou de um transtorno depressivo recorrente (F33. -). O transtorno se encontra freqüentemente em familiares de pacientes que apresentam um transtorno afetivo bipolar. Algumas pessoas ciclotímicas apresentarão elas próprias ulteriormente um transtorno afetivo bipolar.
 F34. 1 Distimia
Rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos, mas cuja gravidade não é suficiente ou na qual os episódios individuais são muito curtos para responder aos critérios de transtorno depressivo recorrente grave, moderado ou leve. 
Agora leia o caso clínico descrito abaixo e responda.
Uma mulher de 30 anos chega no PS com o resgate. O policial diz que ela foi encontrada há pouco. Ela diz que está bem e que estava fazendo compras. Realmente há com ela algumas notas fiscais. Diz que comprou 2 camas de casal, um fogão, três armários, quatro bicicletas e outras coisas. Ela diz que estava precisando destas coisas para dar para os assistidos da Comunidade que ela fundou em seu bairro. Conta que trabalha na fábrica da “Panela de Ouro” como secretária e ganha R$ 2.000,00 mas que terá um aumento porquê foi promovida como Diretora da fábrica e agora ganha 20.000, 00. Comprou tudo no crediário. Chamou a atenção da Polícia o fato dela ter abordado o capitão fazendo-lhe uma proposta de fundo erótico. No atendimento você percebeu que ela, esta com maquiagem excessiva, diz que irá comprar mais coisas para doar aos pobres. Você com estes dados acha que há uma patologia psíquica e espera que ela apresente alguns outros sintomas ou que logo os terá. Por exemplo: (vale 1,0)
A – taquipsiquismo, desagregação do pensamento, falso juízo da realidade, fuga de idéias, euforia
B - delírio de grandeza, falta de crítica, déficit de memória, confabulação, salada de palavras
C – internações anteriores, dificuldade com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), idéias de menos valia, esteriotipias, insônia
D – bradipsiquismo, estado de euforia, falta de crítica, conteúdo persecutório, gastos excessivos
E – sensação de bem estar, taquipsiquismo, fala rápida, insônia, liberação instintiva 
Se você respondeu a alternativa A acertou. Quando uma pessoa apresenta taquipsiquismo todas às funções psíquicas se tornam aceleradas com isto há uma sensação de bem estar e uma “falta de peso” nas suas atitudes. O diagnóstico é de uma fase maníaca. Os outros sintomas que pode ter são: desatenção pode ter falsos reconhecimentos, salada de palavras, perda de peso, idéias delirantes de grandeza, pode ter desorientação, irritabilidade. 
O texto acima foi extraído do Relatório da Conferência Internacional para a Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças - Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português (Centro Brasileiro de Classificação de Doenças) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo/Organização Mundial de Saúde/Organização Pan-Americana de Saúde
PSICOSES ESQUIZOFRÊNICAS
ESQUIZOFRENIA: s.f. Enfermidade mental que se caracteriza por dissociação das funções mentais. Gr. skhizo, separo e phren, enos, mente, espírito. Deriv.: esquizofrênico, adj. suf. ico.
Entre a multiplicidade de manifestações da doença mental, existe um grupo de indivíduos chamados esquizofrênicos, que correspondem em linhas gerais, ao que a maioria das pessoas entende por louco, alienado, demente. É importante ressaltar para vocês alunos sobre o significado que essa palavra tem na linguagem técnica, limita-se a debilitação intelectual, global profunda. O radical comum está na falta de lógica e na incompreensão de sua conduta. 
Kraepelin, psiquiatra alemão, considerado o pai da psiquiatria moderna, foi um dos expoentes mais expressivos na classificação dos doentes mentais. Intitulou de “demência precoce”, uma entidade clínica definida como uma série de síndromes clínicas cuja característica comum constituía a destruição da correlação ou harmonia interna. Chamou atenção de Kraepelin, o início precoce da doença e o freqüente término em um estado profundo de deterioração intelectual. (demência). Distinguiu três formas clínicas principais que até hoje são usadas. Vide CID 10. São elas:
I-Hebefrênica: (Hebefrenia: distúrbios da inteligência que costumam aparecer na puberdade. Gr. hebe, mocidade e phren, enòs, mente espírito; suf ia. deriv.: hebefrênico, adj. diz-se do que está atacado de hebefrenia, suf. ico)
II-Catatônica: (Catatonia: forma de alienação mental, caracterizada por perda momentânea da consciência e dos movimentos, melancolia com estupor (mal súbito, abolição instantânea das funções cerebrais por causas mórbidas). Do grego Kata, para baixo; tônus, tensão; ia, sufixo. Deriv. Catatônico.
III- Paranóide: (paranóia: demência, loucura com delírio. Latim paranoea, grego paránoia, de paránoos, demente. Deriv.: paranóico, adj. Louco, demente, suf. ico.).
 Kraepelin se limitou a um estudo descritivo. Considerava a demência precoce como a expressão psíquica de uma doença orgânica. É um psiquiatra organicista, apoiado por toda a medicina de sua época. Quando dizemos, organicista nos referimos a uma concepção da doença mental que afirma que se encontra no indivíduo a causa única de seu estado mórbido. (do latim morbidus, deriv. de morbus, doença).
A segunda etapa do estudo da esquizofrenia começa então com E. Bleuler, que substituiu o nome demência precoce por esquizofrenia. Para Bleuler existe um transtorno fundamental, cuja presença decide o diagnóstico de esquizofrenia, e cuja ausência o elimina. Esse transtorno fundamental se expressa com a própria palavra esquizofrenia, que significa cisão, fenda ou dissociação.
Tal corte ou ruptura do psiquismo seria o transtorno básico, e desse transtorno básico derivariam os sintomas primários, de tipo negativo, “defeitual”. A resposta do psiquismo a esse déficit, a esses sintomas primários, por veredas patológicas é o que produz a abundante floração de sintomas secundários da esquizofrenia. Bleuler criou o termo autismo, para expressar o retraimento afetivo e o refúgio em um mundo interno próprio, e ruptura do contato com a realidade, nos quais o esquizofrênico submerge como conseqüência de sua cisão ou dissociação do psiquismo. Nesse mundo autista, como nos sonhos, os pensamentos e sentimentos têm uma expressão simbólica distinta do habitual, e os simbolismos expressivos são precisamente os sintomas secundários ou produtivos da esquizofrenia.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS SÍNDROMES ESQUIZOFRÊNICAS.
A DIVISÃO DA PERSONALIDADE, que dá o nome a esquizofrenia, supõe uma cisão, uma ruptura dos mecanismos psíquicos normais. A mente esquizofrênica se rege por leis diferentes, novas, distintas das pessoas normais e de qualquer outro doente mental, por isso o esquizofrênico nos resulta incompreensível psicologicamente. O espectador não compreende as vivências do esquizofrênico. Quando estamos diante de um quadro paranóico, ou maníaco depressivo, conseguimos imaginar o que o doente sente. Diante do esquizofrênico, não. Domina o quadro clínico um colorido especial de absurdo: os sintomas esquizofrênicos têm um selo indefinível de estranheza que não sabendo precisar bem, os clínicos expressam com frases do tipo: cheira a esquizofrenia, colorido esquizofrênico.
Outra conseqüência da cisão da personalidade é a incongruência da condutado esquizofrênico. Parece que seu psiquismo funciona em compartimentos isolados, sem relação de uns com os outros, pois em sua atividade, se intercalam sucessivamente sintomas de perturbação mental gravíssima (delírios, incoerências, sintomas catatônicos), com horas de pensamento de comportamento normal.
A estranheza que o observador sente, também é vivida pelo paciente, principalmente nos primeiros estágios da doença. Não compreende o que lhe ocorre e nem o que se passa ao seu redor, pela qual se estabelece uma ruptura do contato com a realidade, e o doente é incapaz de estabelecer relações adequadas com o mundo externo. Tende dessa forma, a refugiar-se cada vez mais em seu mundo interior, isolando-se do ambiente, fenômeno que se denomina autismo.
Os sintomas esquizofrênicos surgem com a consciência clara. Os sintomas fundamentais da esquizofrenia, os que identificam a doença aparecem com o caráter de sintomas primários, ou seja, não são derivados de outros sintomas. Brotam espontaneamente do próprio processo mórbido, como algo novo. O doente sente nos primeiros períodos da doença a falta de justificativa para seus sintomas, e vive-os como impostos, como induzidos do exterior, e atribuirá a sua presença a telepatia, a uma máquina elétrica. A um aparelho de transmissão de pensamentos.
Outro fenômeno muito típico do começo da esquizofrenia é a sensação intuitiva que tem o doente da destruição de sua personalidade. Em raras ocasiões percebe o significado do fenômeno e manifesta essa percepção dizendo que nota que vai ficar louco, ou que tem medo de tornar-se louco. Porém, o mais freqüente é que o doente não consiga avaliar suas novas e estranhas sensações. O mais comum é que manifeste um pressentimento que ocorrerá uma grande calamidade, sem que possa especificar o que acontecerá. A sensação interna, carregada de angústia, da iminência de um grave acontecimento, denomina-se vivência catastrófica, e também vivência de fim de mundo, já que em muitas ocasiões é isso que o doente pensa que vai ocorrer.
Tudo que foi descrito é o colorido dos sintomas esquizofrênicos que dá ao espectador a sensação de encontrar-se diante de uma doença mental muito grave, que corresponde mais ou menos, ao que o espectador chama de loucura.
Aspecto geral do doente: é muito variável, desde uma apresentação razoável até traços absurdos e pitorescos. Em geral, o modo de vestir é extravagante. Mulheres com maquiagens estranhas, descuido da limpeza e vestimenta. Homens com barbas grandes, sem aparas, cabelos descuidados e cumpridos, roupas originais, etc. Em algumas ocasiões usa algum símbolo de suas idéias delirantes, condecorações fabricadas por ele mesmo.
Psicomotricidade: os gestos são afetados, estereotipados e poucos expressivos, não tendo irradiação afetiva. São freqüentes todas as classes de estereotipia da fala e motoras. É comum um gesto com a boca, com projeção dos lábios para frente como se o paciente fosse assobiar. Na esquizofrenia catatônica os sintomas da psicomotricidade são especialmente importantes, pois dominam o quadro clínico.
Consciência: o esquizofrênico percebe com nitidez o que o rodeia. A consciência é clara.
Orientação auto e alopsíquica: orientação autopsíquica apresenta alterações graves (despersonalização, quem sou?) 
Orientação alopsíquica é muito freqüente, especialmente em relação ao tempo e lugar.
Transtornos da identidade do ego: relacionadas às idéias delirantes e tem um caráter absurdo. Ex: sou o rei da Europa, sou um cavalo, não tenho nome, estou morto, sou Cristo. Pode coexistir a orientação delirante com a normal. Ex: Sou Pedro I, porém sou também o José. O paciente não consegue dar uma razão para sua identidade criada e não tenta prová-la e responde “sou, porque sim”, “sou porque sou”.
Transtorno de perda ou transformação do ego: um dos sintomas mais precoces e quase patognomônico (adj. referente à patognomonia. Patognomonia: s.f. diagnóstico de uma enfermidade, parte da patologia que trata dos diagnósticos, dos sinais externos de uma doença. Gr. pathos, doença; gnomon, conhecimento e suf. ia) da esquizofrenia, é a sensação de “desgoverno” da atividade psíquica, que pode acontecer em um vários setores do psiquismo. É expressa pelo paciente com afirmações que lhe roubaram o pensamento, ou lhe colocaram idéias à força, ou que lhe fazem sentir o que não quer em relação à sua família.
Despersonalização: sintoma muito importante. O transtorno fundamental da esquizofrenia que é a cisão do ego provoca juntamente com a sensação de desgoverno da atividade psíquica, a estranheza do ego. O paciente se sente diferente de antes, mudado, estranho, quando analisa a si mesmo e projeta essas mesmas sensações quando analisa o que o rodeia. Tem a vivência de estranheza do mundo, encontra as pessoas e as coisas modificadas.
Então, a despersonalização é o sentimento de perda ou transformação do eu. O paciente perde a relação empática básica da familiaridade do eu consigo mesmo. O doente transforma-se em um estranho para si mesmo. Vive sentimentos angustiantes de profunda perplexidade.
Desrealização: designa a perda da familiaridade com o mundo comum. As pessoas e os lugares parecem estranhos, os sons são percebidos de forma diferente. Tanto a despersonalização como a desrealização, geralmente, são vivenciadas com muita angústia.
Consciência da doença: Em alguns casos o paciente admite ter uma doença mental, o mais freqüente é que reconheça que tem uma enfermidade orgânica ou que negue estar doente.
Linguagem: São muito característicos no esquizofrênico, os neologismos, que são palavras novas inventadas pelo paciente. Os neologismos estão ligados as alucinações auditivas. As vozes que ouve lhe ensinam as palavras. Podem ser também criações para expressar suas novas sensações após a experiência de ruptura. A linguagem normal é insuficiente para expressar o que vivencia. Podem ainda estar relacionados as idéias delirantes que o induzem a falar de forma misteriosa
ESQUIZOFRENIA
CID 10
F-20-29
Esquizofrenia, transtorno esquizotípico e delirante.
Esquizofrenia é o mais comum e importante transtorno desse grupo.
Transtorno esquizotípico: possui muito dos aspectos característicos dos transtornos esquizofrênicos. Estão ausentes as alucinações, os delírios e as perturbações grosseiras do comportamento da esquizofrenia.
Transtornos delirantes a maioria não relacionado à esquizofrenia. Constituem um grupo de transtornos heterogêneos e mal-compreendidos, que podem convenientemente ser divididos com sua duração típica dentro de um grupo de transtornos delirantes persistentes e um grupo de transtornos agudos e transitórios.
Esquizofrenia
Transtorno esquizotípico
Transtorno delirante: persistentes
 Agudos e transitórios.
Esquizofrenia:
A- Eco do pensamento ou sonorização do pensamento: o paciente escuta seus pensamentos ao pensa-lo. Inserção ou roubo do pensamento. Irradiação do pensamento.
B- Delírios de controle, influência ou passividade, claramente referindo-se ao corpo ou movimento dos membros ou pensamentos específicos, ações ou sensações, percepção delirante. O paciente sente que uma força ou ser externo age sobre seu corpo, sobre seus órgãos, emitindo raios, influenciando as funções corporais. Vivências de influência sobre o pensamento referem-se à experiência de que algo influencia seus pensamentos, recebe pensamentos impostos de fora, pensamentos feitos postos em seu cérebro. São vivências impostas de fora. Percepção delirante: uma percepção absolutamente normal recebe uma significação delirante, que ocorre simultaneamente ao ato perceptivo, como uma experiência de revelação.
C- Vozes alucinatórias comentando o comportamento do paciente ou discutindo entre elas sobre o paciente ou outro tipo de vozes alucinatórias vindo de alguma parte do corpo.
D- Delírios persistentes de outros tipos culturalmente inapropriados e completamente impossíveis, tais como identidade política ou religiosa ou poderes e capacidades sobre-humanas. Ex: ser capazde se comunicar com alienígenas de outro planeta, ser capaz de controlar o tempo, etc.
E- Alucinações persistentes de qualquer modalidade, quando acompanhadas por delírios superficiais ou parciais, sem claro conteúdo afetivo.
F- Intercepção ou interpolação no curso do pensamento, resultando em discurso incoerente, irrelevante ou neologismos.
G- Comportamento catatônico, excitação, postura inadequada ou flexibilidade cérea, negativismo, estupor e mutismo.
H- Sintomas negativos: apatia, pobreza do discurso e embotamento ou incongruência de respostas emocionais, usualmente resultando em retraimento social e diminuição do desempenho social, deve ficar claro que esses sintomas não são decorrentes de depressão ou medicação neuroléptica.
I- Uma alteração significativa e consistente na qualidade global de alguns aspectos do comportamento pessoal, manifestada por perda de interesse, falta de objetivos, inatividade, uma atitude ensimesmada e retraimento social.
Diretrizes diagnósticas
Exigência: mínimo de um sintoma claro (e em geral dois ou mais se são menos claros) pertence a qualquer um dos grupos listados como (a) e (d).
(a) eco do pensamento ou sonorização do pensamento: o paciente escuta seus pensamentos ao pensá-lo. Inserção ou roubo do pensamento. Irradiação do pensamento.
(d) Delírios persistentes de outros tipos culturalmente inapropriados e completamente impossíveis, tais como identidade política ou religiosa ou poderes e capacidades sobre-humanas. Ex: ser capaz de se comunicar com alienígenas de outro planeta, ser capaz de controlar o tempo, etc.
Sintomas de pelo menos dois grupos referidos como (e) a (h)
E-Alucinações persistentes de qualquer modalidade, quando acompanhadas por delírios superficiais ou parciais, sem claro conteúdo afetivo.
F-Intercepção (ou bloqueio) ou interpolação no curso do pensamento, resultando em discurso incoerente, irrelevante ou neologismos: são palavras inteiramente novas criadas pelo paciente ou palavras já existentes que recebem uma acepção totalmente nova. Salada de palavras: produção de frases e palavras sem sentido, um fluxo verbal desorganizado e caótico.
G-Comportamento catatônico, excitação, postura inadequada ou flexibilidade cérea, negativismo, estupor e mutismo.
H-Sintomas negativos: apatia, pobreza do discurso e embotamento ou incongruência de respostas emocionais, usualmente resultando em retraimento social e diminuição do desempenho social deve ficar claro que esses sintomas não são decorrentes de depressão ou medicação neuroléptica.
Essa sintomatologia deve estar claramente presente pela maior parte do tempo no período de um mês ou mais.
As condições que preenchem essas exigências sintomatológicas, porém de duração menor do que um mês (tratadas ou não), devem ser diagnosticadas em primeira instância como transtorno psicótico esquizofreniforme agudo (F23. 2) e reclassificadas como esquizofrenia, se os sintomas persistirem por períodos mais longos.
Vendo retrospectivamente, pode ficar claro que uma fase prodrômica na qual sintomas e comportamentos tais como perda de interesse pelo trabalho, atividades sociais, aparência pessoal e higiene juntos com ansiedade generalizada com graus leves de depressão e preocupação, precedeu o início dos sintomas psicóticos durante semanas ou mesmo meses. Pela dificuldade de indicar o início, o critério de um mês de duração aplica-se somente para os sintomas específicos listados acima e não para qualquer fase prodrômica não psicótica.
Não se deve fazer o diagnóstico de esquizofrenia na presença de sintomas depressivos ou maníacos claros, a menos que seja claro que os sintomas esquizofrênicos precederam o transtorno afetivo.
Se os sintomas esquizofrênicos e afetivos estiverem balanceados o diagnóstico é transtorno esquizoafetivo. (F25).
Não se deve diagnosticar esquizofrenia na presença de doença cerebral clara ou em estados de intoxicação ou de abstinência a drogas.
Vamos ver a sua compreensão até aqui sobre a Esquizofrenia.
Leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta:
I ( ) Antes do surgimento dos sintomas da esquizofrenia acontece um período que chamamos de pródromos. Nele, gradativamente a pessoa vai mudando sua maneira de perceber o mundo a sua volta e o relacionamento com os outros.
II ( ) as mudanças na vida de relação resultam em um isolamento e na dificuldade de dividir com as pessoas próximas as vivências difíceis que a vida colocou em sua história.
III ( ) Aos poucos o paciente começa a ter percepções diferenciadas das
coisas e dos acontecimentos que o cercam. Começa a encontrar evidências
de que as atitudes das pessoas se relacionam com ele.
IV ( ) Junto com essa desconfiança, o paciente também começa a perceber o ambiente de uma forma diferente. As pessoas, as cores das coisas e os lugares, assim como os sons que escuta são sentidos
com uma intensidade maior. O paciente passa a entrar em uma maneira de estar no mundo marcada por uma grande perplexidade, que ele não consegue explicar para as outras pessoas. Essas novas percepções o levam a isolar-se ainda mais e tornam sua experiência diante da vida ainda mais difícil.
V ( ) Esse retraimento nas relações sociais não é um dos fatores que alimentam o estigma em relação à doença, porque a distância favorece a manutenção de preconceitos, que são uma visão negativa e pré-concebida das pessoas.
Estão corretas as afirmações:
A ( ) Apenas a alternativa I está incorreta.
B ( ) Todas as alternativas estão corretas.
C ( ) Apenas a alternativa V está incorreta.
D ( ) As alternativas III e V estão incorretas.
E ( ) A alternativa II está incorreta.
Se você respondeu a alternativa C acertou. O retraimento do paciente é um dos fatores que alimentam o estigma em relação à doença, porque a distância favorece a manutenção de preconceitos, que são uma visão negativa e pré-concebida das pessoas.
F.20.0 Esquizofrenia paranóide
É o tipo de esquizofrenia mais comum no mundo. Quadro clínico dominado por delírios relativamente estáveis, com freqüência paranóides, usualmente acompanhado por alucinações, particularmente, auditivas, e perturbações da percepção. Não são proeminentes as perturbações do afeto, da vontade e do discurso. Sintomas catatônicos não são proeminentes.
Exemplos de sintomas paranóides mais comuns:
(a) Delírios de perseguição, referência, ascendência importante, missão especial, mudanças corporais ou ciúmes.
(b) Vozes alucinatórias que ameaçam o paciente ou lhe dão ordens ou alucinações auditivas sem conteúdo verbal, tais como assobios, zunidos ou risos.
(c) Alucinações olfativas ou gustativas, de sensações sexuais ou outras corporais, alucinações visuais podem ocorrer, mas raras vezes são predominantes.
F20. 1 Esquizofrenia hebêfrenica
Mudanças afetivas são proeminentes, os delírios e alucinações são fugazes e fragmentários e o comportamento irresponsável e imprevisível; maneirismos são comuns.
O afeto é superficial e inadequado e muitas vezes acompanhado por risadinhas ou sorrisos de auto-satisfação, sorrisos de absorção em si mesmo ou por uma postura altiva, caretas, maneirismos, brincadeiras, queixas hipocondríacas e frases reiteradas. O pensamento está desorganizado e o discurso é cheio de divagações incoerentes. Há uma tendência a permanecer solitário e o comportamento parece vazio de propósito e sentimento. Usualmente se inicia entre 15 e 25 anos e tende a ter um diagnóstico pobre por causa do rápido desenvolvimento dos sintomas negativos, particularmente embotamento afetivo e a perda da volição.
Perturbações do afeto e de volição e os transtornos do pensamento são usualmente proeminentes.
O impulso e a determinação estão perdidos e os objetivos abandonados. O comportamento do paciente se torna sem objetivo e vazio de propósito. Uma preocupação superficial com religião, filosofia e outros temas abstratos podem aumentar a dificuldade do ouvinte em seguir o curso do pensamento.
Diretriz diagnóstica:
Deve ser diagnosticada pela primeira vezem adolescentes e adultos jovens.
Para um diagnóstico confiável é necessário um período de observação contínua de 2 a 3 meses.
F20. 2 Esquizofrenia catatônica
Perturbações psicomotoras proeminentes são aspectos essenciais e dominantes e podem se alternar entre extremos tais como hipercinesia e estupor ou obediência automática e negativismo. Atitudes e posturas forçadas podem ser mantidas por longos períodos. Episódios de agitação violenta podem ser um aspecto notável da condição.
Diretriz diagnóstica: Sintomas catatônicos transitórios e isolados podem ocorrer no contexto de qualquer outro subtipo de esquizofrenia. Para um diagnóstico de esquizofrenia catatônica, um ou mais dos seguintes sintomas deve dominar o quadro clínico:
(a) Estupor (diminuição marcante da reatividade ao meio-ambiente e de movimentos e atividades espontâneos) ou mutismo;
(b) Excitação (atividade motora aparentemente sem sentido, não influenciada por estímulos externos);
(c) Postura inadequada (manutenção de posturas inadequadas ou bizarras);
(d) Negativismo (uma resistência aparentemente imotivada a todas as instruções ou tentativas de ser movido ou movimento em direção oposta);
(e) Rigidez (manutenção de uma postura rígida contra esforços de ser movido);
(f) Flexibilidade cérea (manutenção de membros e corpo em posições externamente expostas) e
(g) Outros sintomas, tais como obediência automática (cumprimento automático de instruções) e perseveração de palavras e frases.
Diretriz diagnóstica:
Em pacientes que não se comunicam, com manifestações comportamentais de transtorno catatônico, o diagnóstico de esquizofrenia pode vir a ser provisório, até que a evidencia adequada da presença de outros sintomas seja obtida. Os sintomas catatônicos não são diagnósticos de esquizofrenia. Podem ser provocados por doença cerebral, perturbações metabólicas ou por álcool e drogas e podem ocorrer também em transtorno de humor.
F20. 5 Esquizofrenia residual
Um estágio crônico no desenvolvimento de um transtorno esquizofrênico, no qual houve uma progressão clara de um estágio inicial para um estágio mais tardio caracterizado por sintomas negativos de longa duração, embora não necessariamente irreversíveis.
(a) os sintomas negativos são proeminentes: retardo psicomotor, hipoatividade, afeto embotado, passividade e falta de iniciativa, pobreza da quantidade ou do conteúdo do discurso, comunicação não verbal pobre através da comunicação facial, do olhar, da modulação da voz e da postura, autocuidado e desempenho social pobre
(b) evidência no passado de pelo menos um episódio psicótico bem definido satisfazendo os critérios diagnósticos para esquizofrenia.
(c) Um período de pelo menos um ano durante o qual a intensidade dos sintomas floridos, tais como delírios e alucinações, foram mínimos, ou substancialmente reduzidos e a síndrome esquizofrênica negativa esteve presente.
(d) Ausência de demência ou outra doença ou transtorno cerebral orgânico e de depressão crônica ou institucionalismo suficientes para explicar os comprometimentos negativos.
F20. 6 Esquizofrenia simples
Um transtorno incomum, no qual há um desenvolvimento insidioso mas progressivo de conduta estranha, incapacidade para atender as exigências da sociedade e um declínio no desempenho total. Delírios e alucinações não são evidentes e o transtorno é menos obviamente psicótico que os subtipos hebefrênico, catatônico e paranóide da esquizofrenia. Os aspectos negativos da esquizofrenia residual (embotamento afetivo, perda da volição) se desenvolvem sem serem precedidos por nenhum sintoma francamente psicótico. Com o aumento do empobrecimento social pode seguir-se a adoção de uma conduta de vagante e o indivíduo pode então tornar-se absorto em si mesmo, inativo e sem objetivo.
Diretriz diagnóstica
Diagnóstico difícil de ser feito com confiabilidade porque depende do estabelecimento do desenvolvimento lentamente progressivo dos sintomas negativos característicos da esquizofrenia residual, sem nenhuma história de alucinação, delírio ou outras manifestações de um episódio psicótico anterior e com alterações significativas no comportamento pessoal, manifestadas como uma perda de interesse marcante, inatividade e retraimento social.
 F21 Transtorno esquizotípico
Caracteriza-se por comportamento excêntrico e anomalias do pensamento e do afeto, os quais se assemelham àqueles vistos na esquizofrenia, embora nenhuma anomalia esquizofrênica definida e característica tenha ocorrido em qualquer estágio. Não existe perturbação dominante ou típica, mas algumas das seguintes podem estar presentes:
(a) afeto inapropriado e constrangido (o indivíduo parece frio e distante).
(b) Comportamento ou aparência que é estranho, excêntrico ou peculiar;
(c) Pobre relacionamento com outros e uma tendência a retraimento social
(d) Crenças estranhas ou pensamento mágico influenciando o comportamento e inconsistentes com normas subculturais.
(e) Suspeita ou ideação paranóide
(f) Ruminaçoes obsessivas sem resistência interna, freqüentemente com conteúdos dismorfofóbicos, sexuais ou agressivos.
(g) Experiências perceptivas inusuais, incluindo somatosensoriais (corporais) ou outras ilusões, despersonalização ou desrealização;
(h) Pensamento vago, circunstancial, metafórico, superelaborado ou estereotipado, manifestado por um discurso estranho ou de outras formas, sem incoerência grosseira;
(i) Episódios quase psicóticos ocasionais e transitórios, com intensas ilusões, alucinações auditivas ou outras e idéias deliróides, usualmente ocorrendo sem provocação externa.
O transtorno segue um curso crônico com flutuações de intensidade. Ocasionalmente, evolui para a esquizofrenia franca.
Diretriz diagnóstica
Não é recomendado para uso geral. 3 ou 4 dos aspectos listados acima devem estar presentes, contínua e episodicamente, por pelo menos dois anos. O indivíduo nunca deve ter preenchido os critérios para esquizofrenia.
F22 Transtornos delirantes persistentes.
Os delírios de longa duração constituem a única ou a mais evidente característica clínica e que não podem ser classificados como orgânicos, esquizofrênicos ou afetivos.
F22. 0 Transtorno delirante
Caracterizado de um delírio isolado ou um conjunto de delírios relacionados entre si, que são persistentes e muitas vezes duram toda a vida. Variáveis no conteúdo. Freqüentemente são persecutórios, hipocondríacos ou grandiosos, mas podem estar relacionados com litígio, ciúmes, expressar a convicção de que o corpo é disforme, que os outros pensam que ele cheira mal ou é homossexual. O conteúdo do delírio e o momento de sua emergência podem estar relacionados com a situação de vida do indivíduo, por exemplo delírios persecutórios em membros de minorias. Excetuando-se as ações e atitudes diretamente relacionadas ao delírio ou ao sistema delirante, o afeto, a fala e o comportamento são normais.
Diretriz diagnóstica:
Os delírios constituem a única evidencia clínica. Devem estar presentes por pelo menos 3 meses e são claramente pessoais. Sintomas depressivos podem estar presentes de forma intermitente, desde que o delírio persista em épocas em que não há alteração do humor.
F25 Transtornos esquizoafetivos
Transtornos episódicos, nos quais ambos os sintomas, afetivos e esquizofrênicos, são proeminentes dentro do mesmo episódio da doença, preferentemente de forma simultânea ou pelo menos distam de forma simultânea um do outro.
Modulo 4 Transtornos neuróticos, transtornos ansiosos
Neuroses
Transtornos relacionados ao estresse e somatoformes
Na CID-10 o termo neurose foi suprimido e em seu lugar encontramos a denominação transtornos. O termo neurótico é usado ocasionalmente na CID 10. Exemplo: no título de um grupo maior ou bloco de transtornos. “F40-48 – Transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes”. A maioria dos transtornos considerados como neuroses para quem ainda usa o conceito (psicanálise) são encontrados nesse bloco e nos subseqüentes.
O termo psicóticofoi mantido na CID 10, como um termo descritivo conveniente, seu uso não envolve pressupostos acerca de mecanismos psicodinâmicos, indica apenas a presença de alucinações, delírios e um número limitado de anormalidades do comportamento (excitação psicomotora, hiperatividade, comportamento catatônico).
O termo transtorno, como vocês sabem, indica um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecíveis associado a sofrimento e interferências com funções pessoais. (CID-10).
Passamos agora ao termo neurose.
O termo neurose foi introduzido na medicina por William Cullen (médico escocês) em 1777, em um tratado de medicina para designar afecções nervosas, sem lesão de órgão.
Em psicanálise chamamos de neurose, afecções psíquicas sem substrato anatômico detectável, cuja sintomatologia está ligada ao conflito intrapsíquico entre idéias fantasmáticas inconscientes, associadas ao Complexo de Édipo e às defesas que elas suscitam.
Do ponto de vista tópico defini-se por certa diferenciação do ego.
Do ponto de vista dinâmico por uma tomada de posição do ego (sob a influência do superego) a favor do princípio da realidade em detrimento do princípio do prazer e, de modo geral, de todas as exigências pulsionais do Id (tendo como conseqüência o surgimento de uma angústia de castração).
Do ponto de vista do desenvolvimento libidinal (genético), pelo acesso a uma simbolização dos conflitos intrapsíquicos segundo um modelo edipiano.
Em 1984, Freud distingue duas ordens de fenômenos psicopatológicos: as neuroses atuais e as psiconeuroses.
As neuroses atuais dividem-se em: neurastenia e neurose de angústia.
As causas das neuroses atuais estão vinculadas a uma disfunção sexual do sujeito, contemporânea do distúrbio. A definição de Freud para neuroses atuais estava totalmente de acordo, com a classificação médica da época.
A Neurastenia foi definida como uma afecção que compreende um quadro clínico centrado na fadiga física de origem nervosa, cefaléias, etc (. O excesso de masturbação, principalmente nos homens) seria a causa do quadro.
A Neurose de angústia foi definida pela predominância da angústia, manifestada através de espera ansiosa crônica, acessos de angústia, etc. A causa da neurose de angústia é um acúmulo da excitação sexual que se transforma em sintoma de forma direta, não está presente o conflito psíquico.
Essas duas definições são vistas hoje com reservas, mas essa definição conserva seu valor nosográfico em clínica.
Na CID 10 a classificação de neurastenia persiste e é codificada em “Outros transtornos neuróticos – F48. 0”. Os sintomas descritos para que o diagnóstico seja realizado são:
Queixas persistentes e angustiantes de fadiga aumentada, sentimentos de dores musculares, tonturas, perturbação do sono, incapacidade de relaxar. É um diagnóstico difícil, podendo ser confundido com um transtorno depressivo ou um transtorno de ansiedade.
A neurose de angustia está codificada na CID-10 como transtorno de ansiedade generalizada. (F-41. 1). Os sintomas compreendem: queixas constantes de sentimentos contínuos de nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, sensação de cabeça leve, palpitação, tontura e desconforto epigástrico.
Lembrem-se das equivalências. O termo neurose foi suprimido dos manuais de classificação atuais (CID 10 e DSM-IV). Nesses manuais, encontramos o termo transtorno. Com ressalvas, há uma subdivisão entre neuroses atuais e psiconeuroses, sendo que as neuroses atuais são consideradas neuroses em que não há inscrição simbólica de um conflito psíquico. Será possível?
Em Freud a classificação das neuroses sofreu alteração ao longo da elaboração da teoria, vejam a evolução do conceito.
1915: neuroses atuais
 Psiconeuroses: de transferência
 Narcísicas
1924: Neuroses atuais
 Neuroses
 Neuroses narcísicas
 Psicoses
Atualidade: Afecções psicossomáticas
 Neuroses
 Psicoses: Maníaca depressiva
 Paranóia
 Esquizofrenia 
Após esse breve histórico que tem o objetivo que vocês saibam a origem do termo neurose, a mudança de nomenclatura, o uso feito atualmente, passaremos para a compreensão da psicodinâmica da neurose.
ESQUEMA DE COMPREENSÃO DA NEUROSE.
Freud, 1924, Artigo: Neurose e Psicose
Vamos só lembrar que o modelo básico que serve à compreensão dos fenômenos mentais é o arco reflexo. Estímulos que vem do exterior ou do corpo iniciam um estado de tensão que exige descarga motora ou secretória, acarretando o relaxamento. Entre o estímulo e a descarga, contudo, trabalham forças que se opõem à tendência de descarga. A tarefa da psicologia é estudar as forças inibidoras, sua origem e o efeito sobre a tendência à descarga. Se não existissem essas forças que se opõem à descarga, não haveria psique, apenas reflexos.
A psicanálise busca mais que a simples descrição de fenômenos, explica os fenômenos mentais como o resultado da interação e da contra ação de forças, ou seja, de maneira dinâmica.
Explicação dinâmica que também é genética, uma vez que, examina não só o fenômeno como tal, mas também as forças que o produzem; examina os fenômenos em função de processos de desenvolvimento, de progressão ou de regressão.
Então: Os impulsos instintivos são experimentados diretamente como energia urgente. Os impulsos instintivos têm a tendência geral de baixar o nível de excitação pela descarga de tensões que os estímulos excitantes produzem. Existem contra forças, que se opõem a isso; e a luta que assim se cria constitui a base do reino dos fenômenos mentais.
Na neurose há um conflito entre as demandas pulsionais do Id e as exigências do Superego. Com um ego forte que suporta o conflito e tenta resolvê-lo graças aos mecanismos de defesa. O ego mantém contato com a realidade externa. O neurótico percebe os sintomas, critica sua irracionalidade e não consegue fazê-los desaparecer. Sente-os como estranhos, sofre e procura ajuda para suprimir os sintomas. Também por isso dizemos que são ego-distônicos.
Repetindo o que dissemos: em todos os sintomas neuróticos alguma coisa acontece que o paciente experimenta como estranho ou ininteligível, essa “alguma coisa” pode ser, movimentos involuntários, outras alterações das funções corporais e várias sensações, como ocorre na histeria, uma emoção ou um estado esmagador e injustificado (depressão ou ansiedade) ou impulsos, ou idéias estranhas- compulsões e obsessões. Todos os sintomas dão a impressão de algo que parece irromper na personalidade, vindo de uma fonte ignorada. Os sintomas transtornam a continuidade da personalidade. O sintoma está fora do reino da vontade consciente.
As dificuldades produzidas pelas neuroses aparecem essencialmente no campo das relações sociais e afetivas. O paciente vai exprimir queixas do tipo: distúrbios das grandes funções fisiológicas, tais como, apetite, sono, sexualidade. Vai ainda, trazer queixas como um estado de ansiedade crônica. Vai se queixar de vivência depressiva profundas com ausência de interesse. Vai se queixar de tristeza, emotividade, de ter reações agressivas sem causa aparente. Vai ter queixas corporais com uma atenção exagerada às manifestações do próprio corpo. Lembre-se que esses sintomas são plenos de sentido e devem ser considerados pelo terapeuta, que através do trabalho analítico, vai trilhar um caminho de busca de sentido. Não se esqueçam que o homem é sempre o remédio do homem. 
Na CID 10 a classificação atual é:
F40 - 48: Transtornos neuróticos 
relacionados ao estresse e somatoformes
F40 Transtornos fóbico-ansiosos
 F40.0 - Agorafobia
 .00 - Sem transtorno de pânico
 .01 - Com Transtorno de pânico
 F40.1 - Fobias sociais
 F40.2 - Fobias especificas (isoladas)
 F40.8 - Outros transtornos fóbico-ansiosos
 F40.9 - Transtorno fóbico-ansioso, não especificado
F41 Outros transtornos ansiosos
 F41.0 - Transtornos de pânico (ansiedade paroxística episódica)
 F41.1

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