Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
07/08/2013 1 Resistência de Plantas a Artrópodes com Ênfase em Plantas Transgênicas Prof. Eliseu José G. Pereira Entomologia/UFV • Influenciada por condições ambientais O que é resistência? • Relativa Características da resistência: • Hereditária Resistência de Plantas a Artrópodes Característica hereditária que possibilita à planta reprimir o crescimento de populações de insetos ou se recuperar de injúrias causadas por estas 07/08/2013 2 Componentes Fisiológico-Comportamentais do Inseto para Ataque a Hospedeiro • Localização do habitat do hospedeiro • Localização do hospedeiro • Reconhecimento do hospedeiro • Aceitação do hospedeiro • Adequabilidade hospedeira Mecanismos ou Tipos de Resistência • Antixenose (Não-preferência) • Antibiose • Tolerância 07/08/2013 3 • Físicas – Radiação refletida pelas plantas – Aspectos morfológicos da planta • Tipos de epiderme • Dimensão e formato dos órgãos • Disposição dos órgãos na planta Causas da Resistência de Plantas • Químicas – Metabólitos primários – Metabólitos secundários (aleloquímicos) • Alomônios (emissor favorecido) – Substâncias antixenóticas » repelentes, estimulantes de locomoção, supressantes e deterrentes – Substâncias antibióticas » toxinas, fatores redutores de digestibilidade, análogos hormonais • Cairomônios (receptor favorecido) – Atraentes, arrestantes, excitantes ou estimulantes Causas da Resistência de Plantas 07/08/2013 4 Passos na Produção de Variedades Resistentes • Identificação de fontes de resistência • Mecanismos e causas da resistência • Compreensão das interações inseto-planta que determinam o fenômeno • Estabilidade e fatores que influenciam a expressão da resistência • Programa de melhoramento Vantagens da Resistência • Facilidade de adoção • Especificidade • Relativa harmonia com o ambiente • Persistência • Efeito cumulativo • Baixo custo • Compatibilidade com outros métodos 07/08/2013 5 Limitações da Resistência • Longo tempo para obtenção • Limitações genéticas da planta • Ocorrência de biótipos • Características conflitantes Transformação Genética • Introdução de características de interesse provenientes de qualquer organismo vivo não depende de cruzamentos • Introdução de um ou poucos genes: foco no problema pragas-chave • Permite diminuição do tempo de melhoramento de uma característica específica • Precisa estar associada a um programa de melhoramento convencional 07/08/2013 6 Plantas Transgênicas Resistentes a Insetos no Agroecossistema Eliseu José Guedes Pereira Departamento de Entomologia Universidade Federal de Viçosa Universidade Federal de Viçosa Qual a importância de plantas transgênicas no manejo de insetos- praga? Qual as interações dessas plantas com com insetos e outros organismos do agroecossistema? Compreender esses aspectos para utilizar corretamente essas plantas 07/08/2013 7 Contexto Histórico da Transgenia de Plantas • Evolução das plantas silvestres importância da mutação e seleção natural • Agricultura origem das plantas cultivadas • Descoberta do princípios de hereditariedade • Melhoramento genético – Variabilidade genética silvestre – Indução de mutação – Transgenia • Insetos-Praga perdas econômicas consideráveis Como se Faz uma Planta Transgênica Bt? 07/08/2013 8 Visão Geral da Produção de Plantas Transgênicas Bt Resistentes a Insetos 1ª Geração de Plantas Transgênicas Resistentes a Insetos • Expressão de genes de Bacillus thuringiensis (Bt) que produzem proteínas inseticidas nas plantas Cry3Aa (Li et al. 1991) Colônia de Bt Célula de Bt 07/08/2013 9 O que é Bt? • Bactéria encontrada em solo, filoplano, etc. • Descoberta em 1908 e descrita em 1911 • Produz cristais protéicos (Cry) durante esporulação e proteínas na fase vegetativa (Vip) • Consistem de proteínas muito tóxicas a alguns insetos • Diferentes isolados de Bt produzem diferentes toxinas, cada uma codificada por 1 gene • Especificidade depende dos tipos de toxina produzida • Nomenclatura das toxinas baseada na atividade e estrutura Especificidade e Diversidade de Proteínas Inseticidas de Bt • Proteína Cry tem toxicidade específica – Cry1 Lagartas – Cry2 Lagartas e Mosquitos – Cry3 Besouros – Cry4 e 11 Mosquitos – Cry10 Besouros • Especificidade depende de: – Acidez do tubo digestivo – Enzimas digestivas – Proteínas receptoras no intestino • Alta diversidade, mas… – Atualmente apenas ~10 toxinas são promissoras para uso em plantas Bt 07/08/2013 10 Por que Toxinas de Bt só Matam Alguns Insetos? Solubilização pelo Alto pH Ingestão da Toxina de Bt Ligação ao Receptor Ativação Proteolítica Formação de Poro Mortalidade Rompe Parede do Intestino Bt como Bio-inseticida em Pulverização • Usado há mais de 50 anos • Não-tóxico para mamíferos e outros organismos não- alvo • Estreito espectro de ação e deve ser ingerido por larvas jovens • Baixa persistência no campo • Desvantagens superadas pelo uso em plantas transgênicas Foto: Matheus Waquil 07/08/2013 11 Adoção da Tecnologia por Agricultores a Nível Mundial Culturas Transgênicas em Uso Comercial no Brasil 07/08/2013 12 M ilh õe s ha Panorama Nacional • Milho • Algodão Bt ?? E a Soja Bt daqui algumas safras?? Céleres (2011) Milho Bt: >80% do total da área de milho em 2013 Culturas Bt (Eventos) Liberados no Brasil Cultura Proteína de Bt – comercial Algodão Cry1Ac – Bollgard I Cry1Ac/Cry1F – WideStrike (WS) Cry1Ac/Cry2Ab2 – Bollgard II Cry1Ab/Cry2Ae – Twinlink Milho Cry1Ab - Yieldguard Cry1F - Herculex Cry1A.105/Cry2Ab2 – VT PRO VIP3Aa20 - Viptera Cry1Ab/VIP3Aa20 Cry1A.105/Cry2Ab2/Cry1F – PowerCore Cry1Ab/Cry1F - Intrasect Cry1A.105/Cry2Ab2/Cry3Bb1 Soja Cry1Ac - Intacta Fonte: CTNBio, 2012 07/08/2013 13 Cultivares Bt x Pragas • Exemplo: Algodão Bt: Fonte: Thomazoni et al. 2013 Benefícios e Riscos no Uso de Plantas Transgênicas • Benefícios – Uso de genes de resistência de diferentes espécies – Redução no uso de inseticidas perigosos ao homem e ao meio ambiente – Supressão de praga- chave com aumento de produtividade em alguns casos • Possíveis problemas – Escape gênico • Vertical entre cultivares • Horizontal parentes silvestres – Segurança alimentar • Avaliada antes da liberação comercial – Organismos não-alvos • Baixo impacto – Desenvolvimento de resistência nos insetos alvos 07/08/2013 14 Impacto de Plantas Trangênicas no Ambiente, Organismos Não-Alvo e Segurança Alimentar Risco de Fluxo Gênico no Brasil 07/08/2013 15 Segurança Alimentar de Plantas Bt • Avaliada antes da liberação comercial • Começa desde a concepção da idéia de utilização da fonte de resistência • Comparado a similaridade molecular com algum alergênico e/ou toxina • Estudos toxicológicos com animais de laboratório (OMS/FAO) • Exigido equivalência substancial Segurança Alimentar de Plantas Bt • Rotulagem – Europa se conter > 1% de soja ou milho transgênicos – Brasil também > 1% produtos embalados, granel ou in natura • Deve ser informado a espécie doadora do gene • Se animal, informar se alimentado com ração tendo ingrediente transgênico • A cargo da CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança 07/08/2013 16 Efeitos em Organismos Não-Alvo • Dada a especificidade de Bt, é esperado efeito adverso significante? • Fitófagos não-alvos e insetos benéficos (IN e polinizadores)? • Efeito na biota do solo, como minhocas,colêmbolas, e microorganismos em geral? • Processos ecológicos, como decomposição? Plantas Bt são compatíveis com predadores / MIP ? Plantas Bt são compatíveis com parasitóides / MIP ? Algodão Bt e Controle Biológico --- um caso analisado --- Contribuição ao controle biológico natural ou ameaça aos programas de MIP? MIP ‐‐‐‐ Práticas biológicas de redução populacional 07/08/2013 17 Culturas Bt x Controle Biológico: Protocolo de Análise de Risco Sim Espera‐se que haja efeitos diretos na presa/hospedeiro, mas não são distinguiveis Nenhum efeito esperado sobre a presa/ Hospedeiro Espera‐se que haja efeito direto Sim Sim Efeitos via ingestão de presa/hospedeiro Efeitos via ingestão de tecidos da planta Será que a praga ingere a toxina? Será que o predador ou parasitoide ingere a toxina? Parasitoide/ predador é susceptivel à toxina? Será que o predador ou parasitoide ingere a toxina? N e n h u m e f e i t o e s p e r a d o Não Não Não Não Sim Parasitoide/ predador é susceptivel à toxina? 1 2 3 4 Não Não Sim Sim A praga é suscetível a toxina ? Sim Sim Plantas Transgênicas e Inimigos Naturais das Pragas-Alvo • Duas tendências gerais – Nenhuma indicação de efeito direto em IN – Efeitos adversos observados apenas em estudos com hospedeiro/presas que são fitófagos suscetíveis às toxinas de Bt • Mais provável do efeito advir da má qualidade da presa • Menor ou maior impacto comparado àquele causado pelo uso de inseticidas sintéticos? 07/08/2013 18 Redução no Uso de Inseticidas e Aumento de Produtividade em Algodão Bt na Índia Medias ± (desvio padrão). *Indica diferença significativa. Fonte: Qaim & Zilberman, 2007 Science 299, 900 ‐ Aumenta o efeito: redução de pulverizações de inseticidas - Riqueza e diversidade: não altera no agroecossistema - Abundância de IN pode ser alterada: redução do alimento (praga-alvo) Controle biológico por predadores e parasitóides ‐ Regulado pela presença do alimento - Redução de parasitóides na lavoura: ausência do hospedeiro (praga) - Equivalente ou aumento de predadores (polífagos e onívoros) Plantas Bt x Controle biológico: na lavoura e no agroecossistema 07/08/2013 19 Efeito de Culturas Bt no Complexo de Pragas • Supressão da praga alvo em alguns casos • Mudança de status em pragas secundárias • Não controla insetos sugadores Inimigos naturais, em geral tem aumentado em abundância em virtude da redução do uso de inseticidas de largo espectro e, provavelmente, aumentado a sua contribuição ao MIP 07/08/2013 20 Afinal, Qual a Importância das Plantas Transgênicas Bt para o MIP? Compatíveis com o controle biológico e podem reduzir aplicações de inseticidas de amplo espectro de ação Milho não‐Bt x Milho Bt (Cry1F) Foto: Matheus Waquil, 2010 07/08/2013 21 Alta adoção Alta exposição Alta persistência Pouco refúgio Intensa Pressão de Seleção O Risco de Resistência de Insetos a Plantas Transgênicas O que é Resistência a Inseticidas? “Desenvolvimento da capacidade, por uma população de insetos de dada espécie, de suportar doses de inseticidas que seriam letais para uma população normal de organismos da mesma espécie”(Comitê de Peritos da OMS, 1957) Difere de Tolerância => característica intrínseca da espécie da praga 07/08/2013 22 Resistência de insetos ao milho Bt a campo Casos de Resistência a Bt em Insetos • Seleção em laboratório – 11 de 18 populações desenvolveram significativos níveis de resistência (>10x) • 2 casos de sobrevivência em plantas transgênicas • Resistência a Bt no campo – Traça das crucíferas, Plutella xylostella – Resistência a plantas transgênicas • Spodoptera frugiperda - Porto Rico • Pectinophora gossypiella - Índia • Busseola fusca – África do Sul • Diabrotica virgifera - EUA 07/08/2013 23 Como a População do Inseto-Alvo Pode se Tornar Resistente? • Enzimas digestivas – Alteração na ativação ou – Degradação da toxina • Ligação ao Receptor – Redução de ligação, ou – Redução de No. sítios de ligação • Outros Fatores que Afetam o Desenvolvimento de Resistência • Ecológicos e comportamentais – Taxa de reprodução, mobilidade/dispersão, refúgio de exposição • Genéticos – Freqüência inicial de insetos resistentes, dominância da resistência, número de genes, custo fisiológico da resistência • Operacionais – Características das plantas transgênicas • Alta x Baixa dose – Implementação de estratégias de manejo da resistência 07/08/2013 24 Estratégias de Manejo da Resistência 1. Alta Dose/Refúgio A mais usada mundialmente, mas depende da tolerância das pragas-alvo à(s) toxina(s) de Bt expressa na planta 2. Piramidação de toxinas/Refúgio Uso de mais de uma toxina de Bt no cultivar, permite reduzir tamanho do refúgio 3. Moderada Dose/Refúgio/Manejo Integrado A estratégia mais comum no Brasil devido alta tolerância da maioria das lagartas-alvo à concentração de toxina das plantas Bt 4. Outras Uso conjunto das estratégias 2 e 3 tendência atual Fonte: Omoto, 2008 Importância de Manutenção de Áreas de Refúgio 07/08/2013 25 Considerações sobre Refúgio ‐ www.planterefugio.com.br ‐ • A existência de refúgio é importante em qualquer estratégia de Manejo de Resistência Insetos (MRI) Deve manter insetos suscetíveis em quantidade suficiente Deve estar próximo o suficiente do campo Bt para permitir o acasalamento aleatório dos insetos alvo Deve servir para o MRI de todas as espécies de pragas alvo da tecnologia • Tamanho do refúgio Depende do nível de controle dos insetos heterozigotos parcialmente resistentes e da abundância efetiva de refúgios naturais Configuração para Áreas de Refúgio Fonte: IMAmt/ABRSEM 07/08/2013 26 Manejo da Resistência • Conhecimento da bioecologia das pragas-chave • Conhecimento dos diversos agroecossistemas • Estabelecimento de linhas básicas de suscetibilidade • Monitoramento da resistência • Planos de mitigação em caso de falhas de controle • Importância das áreas de refúgio Considerações Importantes • Plantas Bt - Permitiu uso de resistência de plantas como principal método de controle • Possui vantagens e limitações Vantagem: Redução no uso de inseticidas de amplo espectro de ação Limitação: Adaptação das pragas (resistência) • Deve ser empregada de forma a promover sustentabilidade da agricultura em programas de MIP – Lembrar que não é a solução para todos os problemas com pragas! 07/08/2013 27 Considerações Importantes • Resistência de insetos a plantas transgênicas: problema sério – Para manejá-la é preciso compreendê-la – Pesquisa: estratégias e táticas – baseadas em princípios de ecologia e genética de populações – Implementação: esforço conjunto – Profissionais de campo: estar atentos a sinais de falhas de controle – Manejo preventivo (importância do refúgio) e adaptivo (medidas profiláticas em caso de falha de controle) – Manejo Integrado Sugestões de Leitura CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. 2013. Disponível em www.ctnbio.gov.br James, C., 2012. Status Global of Culturas Transgênicas: 2012. ISAAA, Ithaca. Disponível em www.isaaa.org/resources/publications/briefs/default.asp Mir, L. (Ed.) Genômica. Editora Atheneu, São Paulo. 2005. Cap. 35 - Plantas transgências; Cap. 36 - Considerações sobre segurança de alimentos geneticamente modificados; Cap. 38 - Organismos geneticamente modificados: impacto do fluxo gênico. Romeis, J., Shelton, A.M., Kennedy, G.G. (eds.),Integration of Insect-Resistant Genetically Modified Crops within IPM Programs. Springer, 2008.
Compartilhar