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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO AULA 1 Profª Leila Lucia Arruda 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Sou a Profª Leila e teremos, ao longo das aulas, uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP), suas alterações e a chamada convergência às normas internacionais, mas, antes, porém, será preciso entender o que é o Estado como Administração Pública, conceituando as ferramentas, como os diversos tipos de orçamento, os instrumentos previstos na Constituição Federal, os chamados princípios orçamentários, e suas classificações, para, então, estudarmos a Contabilidade Aplicada ao Setor Público. A Contabilidade Aplicada ao Setor Público, assim como as demais ramificações da contabilidade, tem por finalidade a tomada de contas e, para o ponto de partida, destaque especial para as informações contábeis, que devem ser fidedignas, íntegras e confiáveis, sem isso não há como tomar decisão. CONTEXTUALIZANDO Vamos à nossa aula de hoje! Historicamente, verifica-se que a contabilidade pública, ao longo do desenvolvimento do Brasil, teve um papel importante, visto que seu objetivo é proporcionar conhecimentos que possam subvencionar as decisões, bem como os órgãos internos de fiscalização e controle do governo. No Período Colonial, a contabilidade tinha como finalidade o controle de riqueza patrimonial do povo. Nesse momento, a contabilidade pública visava ao interesse de arrecadação de riqueza para a majestade, principalmente por volta de 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil. Lembrando que a nobreza precisava passar informações contábeis para a Inglaterra, visto os empréstimos concedidos. Dessa data em diante, verificou-se algumas mudanças, no entanto, sem muita relevância. Ressaltando que a Administração Pública se baseava por um modelo patrimonialista, no qual o do Estado era intrinsicamente ligado ao patrimônio do soberano. Na metade do século XX, esse modelo foi substituído pelo burocrático e gerencial. Nesse contexto, verifica-se a Contabilidade Aplicada ao Setor Público é a ciência que estuda, orienta, controla e demonstra a programação 3 orçamentária e sua execução, a movimentação patrimonial e a formação do resultado que integram o conteúdo para a tomada de decisão dos responsáveis por bens e valores públicos. Nesse contexto, verifica-se a importância de estudar a Contabilidade Pública, principalmente no tocante aos conceitos básicos, inseridos na Administração Pública, como é o caso do orçamento público, analisando seus princípios norteadores e instrumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA). TEMA 1 – ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA É essencial destacar logo no início deste tema que, para poder estudar finanças públicas, em especial, Contabilidade Aplicada ao Setor Público, não basta estar limitado aos estudos orçamentários e fiscais. Além da Lei nº 4.320/64, da promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, LC nº 101 em 2000, e da Harmonização das Normas Internacionais da Contabilidade, com a emissão de novas regulamentações relacionadas ao Setor Público nos últimos anos, é necessário que o profissional da Contabilidade esteja atento não só as mudanças ocorridas, mas também estude os conceitos que permeiam a Administração Pública. Posto que cabe ao profissional dessa área participar da elaboração dos mecanismos de planejamento, execução e prestação de contas da aplicação dos recursos públicos, bem como fazer a devida orientação, clara, simples e concisa, aos gestores governamentais. Nesse cenário, o conceito de Estadoé verificado no ano de 1513, quando Maquiavel utilizou para definir, na Itália, uma cidade com caráter independente, com conotação política, que aparece no século XVI. Entretanto, o conceito de Estado é variável segundo a dimensão considerada. Do ponto de vista sociológico, é conceituado como um grupo de pessoas que têm poder de autoridade em sua origem. Do ponto de vista político, é o agrupamento de pessoas fixadas em determinada base física com poder, autoridade e força para valer o direito. Entretanto, o código civil, em seu art. 41, define como pessoa jurídica de direito público. Como detentor de direitos, o Estado pode exercer sua ação tanto no direito público quanto no direito privado, mas mantendo sempre a titularidade no direito público. Nesse contexto, são elementos do Estado a população, o povo, o território e a soberania. Por população, entende-se que esta tem o aspecto de 4 quantidade, a multidão de indivíduos que compõe o Estado. Com relação ao povo, entende-se que se trata de indivíduos com vínculos de nacionalidade. Enquanto o território é percebido como o espaço geográfico onde o Estado exerce a soberania. E, por conseguinte, soberania é o poder do Estado na sua plêiade, no seu exercício interno extremo. Em se tratando de Estado, desde a Antiguidade, Aristóteles já mencionava poderes separados. Para Montesquieu, em seu livro O espírito das leis, este previu o equilíbrio dos poderes em 1748. Enquanto que nos países modernos e contemporâneos existe a tripartição de poderes. Assim, tem-se que considerar as funções dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O Poder Executivo tem a função administrativa de converter as leis. Já o Poder Legislativo tem a função normativa, ou seja, elaboração de leis. Ao Poder Judiciário compete a aplicação dessas leis. Destacamos que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes e harmônicos entre si e reciprocamente indelegáveis, conforme o art. 2º da Constituição Federal de 1988. No tocante à organização do Estado, alude-se que esta é formada por União, Estado e Municípios e outras entidades que fazem parte por lei, como autarquias, fundações e entidades paraestatais. Vale destacar que constituem a Administração Pública o conjunto de entidades estatais, como União, Estados, Municípios e o Distrito Federal, as autorizadas por lei – Autarquias, Fundações e Entidades Paraestatais. Essa divisão se deu em decorrência do disposto no Decreto-Lei nº 200 de 1967, que estabeleceu a reforma administrativa em âmbito federal, incluindo os princípios de descentralização do Estado. Nesse mesmo Decreto-lei, encontramos a dicotomia da Administração Pública em Direta e Indireta. Isso implica, portanto, afirmar que na administração direta os serviços são considerados dentro de uma estrutura que abrange a Presidência da República e dos Ministérios. Evidencia-se, portanto, que administração pública também deve ser entendida na percepção orgânica, ou formal, onde é contemplada a partir do conjunto dos órgãos públicos, na dimensão da personalidade jurídica e de seus agentes. Nesse conjunto, são respeitados apenas na performance da função administrativa, caso de adoção no Brasil. Assim, a administração com relação ao ordenamento jurídico é composta essencialmente de órgãos da administração direta. Essa sopesada por 5 aqueles órgãos de mesma estrutura política, exercendo função administrativa, e também pelas instituições da administração indireta. Neste caso, são entidades da administração indireta as autarquias, as fundações públicas (alteração dada pela redação da Lei n. 7.596, de 10 de abril de 1987, e do Decreto-Lei n. 200, art. 4º), empresas públicas e empresas de economia mista. Percebe-se, assim, que temos entidades formais que fazem parte da administração pública brasileira, entretanto, não exercem a função administrativa, mas o chamadosentido stricto da atividade econômica, como é o caso das empresas públicas e das sociedades de economia mista, no que tange ao art. 173 da Constituição Federal. Todavia, há que se ponderar que existem entidades privadas que não fazem parte da administração formal, no entanto, suas funções são caracterizadas como administrativas, como são as entidades concessionárias e permissionárias (atuam por delegação) e também as organizações sociais (instituições de utilidade pública que desenvolvem atividades mediante contrato de gestão com o poder público). No aspecto centralizado e direto que revela ações do próprio governo nas suas finalidades, temos os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e seus respectivos órgãos. No Legislativo, encontram-se: Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa, Câmaras Municipais, Câmeras Distritais e Tribunais e Conselhos de Contas. No Executivo, estão o Presidente da República, os governadores, prefeitos, ministros de Estados e secretários. No Judiciário, temos: Superior Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral, Superior Tribunal Militar, Tribunais de Justiça e Tribunal de Alçada Estaduais. No aspecto de trabalhos essenciais ao Judiciário, consideram-se o Ministério Público, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública. No sentido da descentralização, ou seja, da administração indireta, encontram-se autarquias, fundações, estatais e empresas de economia mista. 1.1 Autarquias Autarquias, etimologicamente tratando, advém de autos – próprio e arquia – comando, direção, ou seja, comando próprio. Elas são as pessoas jurídicas de direito público, com personalidade jurídica e patrimônios próprios 6 destinadas ao interesse público, é o caso do INSS e Banco Central (Bacen) – têm prerrogativas da administração direta. Vale dizer que é a pessoa pública política, são criadas por Lei, com capacidade de autoadministração e especialização dos fins (atividades de serviços determinados) e, ainda, estão na administração no âmbito da lei. As autarquias podem ser classificadas por tipo de atividade: Econômicas – destinadas à produção, à circulação e ao consumo: Instituto do Açúcar e do Álcool; Crédito – Industriais: Previdência e Assistência – INSS; Profissionais – Fiscalização de profissões: OAB; Culturais – Universidades. Elas têm os mesmos privilégios e prerrogativas do Estado. No processo especial de execução – art. 100 da Constituição Federal e arts. 730 e 731 do CPC – a impenhorabilidade de seus bens e com o juízo privativo (art. 109, CF); Prazos dilatados em juízo e duplo grau de jurisdição; imunidade tributária e impostos sobre patrimônio, entre outros. 1.2 Fundações Entre os órgãos da administração indireta, está a Fundação, que na Lei n. 7.596, de 10 abril de 1987, alterou a redação do art. 4 do Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967, incluindo-as e estabelecendo-as como pessoa jurídica de direito privado, para consecução e realização de fins públicos e atividades por lei. São, portanto, instituídas pelo Poder Público, com características específicas por ser um patrimônio, total ou parcialmente público (semipública ou semiprivada). Elas têm capacidade de autoadministração, estão sujeitas ao controle administrativo ou tutela por parte da administração direta estabelecida nos limites da Lei. Têm os mesmos privilégios e prorrogativas das autarquias. 1.3 Empresas públicas estatais ou governamentais As empresas públicas, das empresas que fazem parte da administração indireta no Brasil, são aquelas especialmente com predisposição ao exercício de atividade econômica, na sua criação, elas podem, estruturalmente tratando, ter características próprias de empresas, desde que seja respeitada a 7 combinação de fatores que venham a resultar no menor custo, e ser voltadas à geração ou à circulação de bens ou prestação de serviços. Essa está prevista na Lei n. 13.303/2016, em seu art. 3: Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Em suma, a empresa pública é constituída juridicamente de direito privado, faz parte da administração indireta, sua constituição se dá mediante o poder público, desde que com autorização de Lei. O objeto de constituição, em geral, é a execução de atividades econômicas, prestando ou não serviços públicos de natureza econômica. Com relação a seu capital, pondera-se que é de origem a pessoa política que a instituiu, contudo, esta deve manter o controle societário, a participação de outras pessoas políticas, bem como de entidades da administração indireta de quaisquer entes federativos; 1.4 Fundação As fundações públicas, ou também chamadas de fundação governamental, são constituídas juridicamente, ligadas a um patrimônio. Neste caso, como foi de origem estadual, as atividades serão para execução na área social, como saúde, cultura, entre outros, atividades estas finalísticas. Apesar da autonomia administrativa, estão vinculadas à administração direta. Diferentemente das Fundações Privadas, aqui o Ministério Público não existe, detém poder controlador. São, portanto, destinadas à prestação de serviços, criadas por Lei ou escritura pública, desde que autorizadas por Lei, como FIO CRUZ e IBGE. 1.5 Economia mista De acordo com o inciso III, do art. 5º do Decreto-Lei n. 200/67, a sociedade de economia mista apresenta personalidade jurídica de direito privado, sua criação necessita de lei própria e seus efeitos estão descritos no 8 inciso XIX do art. 37 da Constituição da República, que, inclusive, definirá as áreas de atuação, e sendo necessário poderá dispor de Lei Complementar. Como características da sociedade de economia destaca-se que está não se dará apenas com a presença do Estado como acionista majoritário. Ela é constituída, portanto, de capital do Estado de terceiros. Considerando-se que uma sociedade de economia mista pode vir a controlar outra sociedade, tendo em vista que a maioria do seu capital é votante, essa se chamará controlada ou subsidiária integral. Especialmente definida na Lei n. 13.303/2016, as sociedades de economia mista estão dispostas no art. 4º. Art. 4. Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta. § 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista tem os deveres e as responsabilidades do acionista controlador, estabelecidos na Lei n.0 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e deverá exercer o poder de controle no interesse da companhia, respeitado o interesse público que justificou sua criação. § 2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários sujeita-se às disposições da Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Em síntese, a sociedade de economiamista será constituída sob a forma obrigatória de sociedade anônima, tendo, portanto, capital público e privado, seu objeto será a participação obrigatória de capital privado e público, sendo da pessoa política instituidora ou de entidade da respectiva administração indireta o controle acionário, tendo como objeto, em regra, a exploração de atividades econômicas, ou ainda a possibilidade de prestação de serviços públicos de natureza econômica. Terá a cooperação administrativa do poder público societário. Entretanto, predomina a doutrina de que o interesse público deve ser bem deliberado na lei de sua criação. Nesse item, classificam- se como economia mista o Banco do Brasil S/A e Petrobrás S/A. Por derradeiro, cabe salientar que existem também autores que classificam em empresas estatais. Neste item, eles incluem todas as empresas públicas e sociedades de economia mista, as respectivas subsidiárias e as demais empresas controladas direta ou indiretamente pelo poder público. Colocadas as formas de constituição da administração direta e indireta, cabe ressaltar que a diferença relevante entre pessoas públicas e privadas 9 que compõem a Administração Indireta do Estado consiste nas prerrogativas e restrições próprias do regime-jurídico. TEMA 2 – ORÇAMENTO PÚBLICO Assim como as empresas privadas, outras entidades, como o terceiro setor e a administração pública, também utilizam o orçamento. No Brasil, estabelecer um orçamento anual é uma prerrogativa prevista na Constituição Federal para o setor público, e este, para ser colocado em prática, depende da aprovação do Poder Legislativo, ou seja, da aceitação dos representantes eleitos que, neste momento, aprovarão o uso, a destinação e o gasto do recurso público. O estudo do orçamento pode ser considerado do ponto de vista objetivo ou subjetivo. No aspecto objetivo, designa o ramo das Ciências das Finanças que estuda a Lei do Orçamento de normas que se referem à sua preparação, sanção legislativa, execução e controle, ou seja, considera a fase jurídica de todas as etapas do orçamento, preventiva, executiva e crítica). No aspecto subjetivo, constitui a faculdade adquirida pelo povo de aprovar, a priori, por seus representantes legitimamente eleitos, os gastos que o Estado realizará durante o exercício. (Martins, 2002, p. 26). Cabe destacar que, uma vez aprovado, ele subsidiará a execução orçamentária, a análise e, posteriormente, a prestação de contas (accountability), proporcionando aos usuários da informação e aos gestores condições para que possam balizar suas ações para os anos seguintes e embasar as tomadas de decisões. Neste momento, você deve estar se perguntando o que é orçamento público e, assim, apresenta-se a definição à luz de alguns teóricos. Essa ferramenta de gestão administrativa tem por finalidade cuidar dos recursos da instituição, seja no aspecto objetivo, seja no subjetivo. Considerando-se que o orçamento é um instrumento, ou ferramenta de planejamento, execução e controle, deve-se ponderar que ele fornecerá informações aos usuários decorrentes do plano operacional do governo de um determinado período. Esse instrumento serve sobremaneira também para a captação de recursos, bem como para observar as saídas de recursos. Nesse cenário, destacam-se as características de suas funções específicas como: tipos, princípios e aspectos do orçamento. Ferramenta legal de planejamento do Estado onde são apresentadas as receitas previstas e despesas fixadas que serão realizadas pelo 10 ente, em um determinado período, objetivando a execução de programas de governo (manutenção e investimentos), bem como as transferências legais e voluntárias, os pagamentos de dívidas e outros encargos decorrentes da atividade estatal. (Bezerra Filho, 2008, p. 5). É importante lembrar que a sociedade em geral perpassa níveis de empregos, desempregos e fica exposta as variações de preço, em situações de economia instável, independentemente do regime estabelecido no país, o que evidentemente exige, por parte das administrações públicas, um maior controle no planejamento e na execução de receitas e despesas. Por conseguinte, a elaboração e o controle do orçamento público tornam-se instrumentos essenciais de gestão, os quais poderão contribuir com a estabilização econômica. Nesse sentido, a classificação dos tipos de orçamento é decorrente do regime político, portanto, podem ser distribuídos em legislativo, executivo e misto. No legislativo, é de competência do Poder Legislativo a preparação, o voto e a aprovação do orçamento (utilizado no parlamentarismo). No executivo, a preparação, a execução e o controle é de alçada do Poder Executivo (utilizado regimes absolutista). No Misto, o Poder Executivo é quem elabora e executa, e o poder legislativo é responsável pela votação e pelo controle. Empregado no Brasil e em países onde a função legislativa é exercida pelo congresso ou parlamento. Com relação aos tipos de orçamento público, são elencados na visão de Silva (2014) como tradicional, desempenho, orçamento base zero, participativo e orçamento-programa, conforme descritos a seguir. Orçamento tradicional: técnica mais antiga, não ocorria uma responsabilidade com a aderência aos programas de trabalho do governo. A preocupação era tão somente com as necessidades governamentais, sem, contudo, levar em conta metas e objetivos propostos. Orçamento de desempenho: técnica mais evoluída que o tradicional. Nessa perspectiva, o gestor dá indícios de preocupação com os gastos, posto que se interessa com “os resultados dos gastos, e não com o gasto em si” (Silva, 2014, p. 31). Entretanto, está em descompasso com o planejamento do governo. 11 Orçamento base zero ou por estratégia: utilizado tanto na iniciativa privada quanto em órgãos da administração pública, incide em fazer uma análise crítica na solicitação dos recursos dos órgãos governamentais sem, entretanto, considerar algum valor de origem anterior que possa vir a balizar o montante da dotação inicial. As etapas de um orçamento-base zero seguem a definição dos objetivos, com otimização do custo benefício; da identificação das atividades uniformes e de resultados; análise por níveis de atendimento; elencar as prioridades e suas alternativas e consolidação das decisões. Orçamento-programa: considera-se que o foi a partir do orçamento tradicional que houve o desenvolvimento do Orçamento-Programa, visto que ele está se integrando ao planejamento e, dessa forma, permite monitoramento e controle das ações governamentais. Entre suas peculiaridades, está a possibilidade de destinar a aplicação dos recursos de tal forma que a visualização da execução é voltada aos objetivos e às metas traçados. Essa técnica tem em seu entendimento uma das fases do planejamento, onde são evidenciadas a política econômica – financeira do governo. As despesas e as receitas têm por meta cumprir as definições do programa do governo, no curto, médio e longo prazos. Também serve de base de mensuração para verificação da execução da administração orçamentária, bem como tem a característica de avaliação dos programas de governo. Orçamento participativo: técnica que completa a democracia, pois é um instrumento que conta, em sua fase de elaboração, com o apoio da comunidade, por meio de contestações entre a população e o governo. Nele, a prioridade é definida pelo cidadão, que vai indicar os investimentos em obras e serviços, fazendo com que a população seja também responsável pela aplicação dos recursos nas cidades. Cabe salientar que, segundo Paludo (2017), devemconter no orçamento-programa, os objetivos e os propósitos, os programas (instrumentos de integração), os custos dos programas medidos e as medidas de desempenho. O orçamento-programa é um importante instrumento de ação governamental, pois faz a integração entre planejamento e alocação de recursos, o que permite a administração buscar eficiência e eficácia da gestão com bases de mensuração de desempenho. 12 Dessa forma, a elaboração de relatórios permite a tomada de decisões com maior agilidade e efetividade para poder corrigir possíveis desvios que venham a ser identificados, visto que ele considera também a estrutura administrativa e os custos dos programas. Por conta disso, usa classificações de programação, e não mais a classificação funcional programática como no início da implantação. Paulo (2017) também classifica o orçamento em: Orçamento- programa, base zero, participativo e incremental. Sendo assim, na visão desse autor, o orçamento participativo é utilizado nos municípios e, excepcionalmente, nos estados, proporcionando um momento de estímulo do exercício da cidadania, permitindo ao cidadão uma participação ativa na gestão e na aplicação dos recursos públicos. Cabe ressaltar que esse procedimento está disposto no art. 48, parágrafo único, da LRF, onde está assegurada a transparência por meio de “incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, Lei de Diretrizes Orçamentárias e orçamentos”. Com relação ao orçamento incremental, conforme o STN, destaca-se que ele permite alterações e ajustes em seus itens de receita e despesa. Diante disso, a partir da realização dos gastos atuais, preconiza uma alteração positiva para o próximo ano, sem, contudo, verificar as possibilidades. Na atualidade, o orçamento é realmente um mecanismo de planejamento e execução das contas públicas, pois está intrinsecamente ligado à previsão de receitas e à consolidação das despesas. Neste momento, acentua-se que a Contabilidade propicia à Administração Pública controles e informações para melhorar o gerenciamento e, assim, cabe a Contabilidade robustecer com informações todo o processo de planejamento e orçamento, bem como trabalhar em conjunto com os demais setores para a elaboração e realização do Relatório de Gestão Fiscal. A Contabilidade aplicada ao Setor Público também tem a responsabilidade de informar a Fazenda pública no tocante à arrecadação das receitas e da realização das despesas (quanto, como e de que forma). Além disso, por meio da escrituração das operações financeiras e patrimoniais, repassará análises e demonstrativos dos atos e fatos ocorridos na administração dos recursos públicos. 13 TEMA 3 – INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Considerando que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público tem em seus dispositivos legais a Lei de Responsabilidade Fiscal e que existem as Normas aplicáveis ao Setor Público, novas parametrizações foram traçadas para o planejamento e execução dos recursos públicos, nos três níveis (municipal, estadual e federal), passando a ressaltar a transparência e a publicidade das ações governamentais, bem como da elaboração de um planejamento integrado para as atividades do ano subsequente. Nesse cenário, a NBCT 16.3, além de definir conceitualmente o que seja planejamento, vem colaborar para que outras práticas de gestão que incluam objetivos, meios, metas, custos, responsabilidades, assim como prazos de execução, corroborem com a tomada de decisão e, desta forma, mais uma vez, está a Contabilidade contribuindo com todo esse processo, gerando relatórios de execução para servir de subsídios aos gestores, por ocasião da elaboração dos mecanismos de planejamento. Dessa forma, e para poder entender esses instrumentos, cabe relembrar que, nos anos 30, o Brasil se preparava para a fase industrial, deixando para trás uma economia baseada na agricultura. Nesse momento, por meio do então presidente da República Getúlio Vargas, ocorre a intervenção estatal na economia, a qual introduz os princípios da administração científica na área pública. Na mesma linha de pensamento, o sucessor de Vargas, o presidente Eurico Gaspar Dutra, estendeu o planejamento para as áreas de saúde, alimentação, transporte e energia. Ressalta-se, ainda, o presidente Emílio Garrastazu Médici que, em 1972, desenvolveu o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), com integração nacional e crescimento econômico. A Constituição Federal de 1988, em ser art. 165, institui os principais instrumentos de planejamento em médio prazo – Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentarias (LDO) e Lei Orçamentaria Anual (LOA) – que determinam condutas de programação que ditam a necessidade de um planejamento público. Todavia, em 2001, é promulgada a Lei n. 10.257, que prevê a obrigatoriedade da participação popular no planejamento estatal. 14 3.1 Plano plurianual (PPA) Sobre esses instrumentos de planejamento constitucional, vale ressaltar o Plano plurianual, que consiste num instrumento que eleva o programa de trabalho do governo, com ênfase nas políticas, diretrizes e ações programadas no longo prazo, com seus objetivos a serem alcançados, devidamente quantificados. Estando esse previsto no art. 165, parágrafo 1º, da CF de 1988: A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas de administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Neste plano, as diretrizes estão pautadas nos anseios sociais, sendo as ações previstas em médio prazo a serem executadas, logo deverá contemplar quatro anos de abrangência, sendo instituído no primeiro ano de mandato, estendendo-se um ano do mandato seguinte, conforme Constituição Federal de 1988, no art. 35, parágrafo 2º, inciso 1º. Pode-se entender que o PPA tem como objetivo a viabilização de um cenário futuro almejado, com consequente realização dos objetivos do governo. Logo, um planejamento que pormenorizado dos programas para a realização das diretrizes. Ressalta-se que as metas do PPA, conforme a Lei n. 4.320/64, deverão estar atreladas à disponibilidade de recursos para a elaboração do plano plurianual. Em suma, o plano plurianual é um mecanismo de planejamento, previsto na legislação, que prevê as prioridades do governo, entrelaçando o orçamento público e os anseios estatais na estipulação de programas a serem realizados. O art. 165, parágrafo 4º, da Carta Magna, estabelece que o PPA seja elaborado em consonância com o plano plurianual, bem como apreciados pelo Congresso Nacional. Lembrando que esse plano se refere a um conjunto de propostas de médio e longo prazos do governo federal. Pode-se entender que o PPA se relaciona a um planejamento estratégico do governo, o qual apresenta uma proposta que conecta os objetivos e as metas que nortearam as diretrizes estatais. É importante destacar o art. 165, parágrafo 1°, da CF, que vai estabelecer por região “as diretrizes, os objetivos e metas da administração pública federal para as 15 despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”. Para a elaboração do PPA, são consideradas as regiões de acordo com a classificação do Brasil, ou seja, Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul. As chamadas instruções do PPA são, na verdade, as diretrizes ou linhas que vão nortear e balizar as ações para que o governo atinja seus objetivos.No entanto, em nível de órgão/entidade/unidade administrativa, existe outro Planejamento Estratégico, sendo o PPA apenas um planejamento de longo prazo. Os objetivos são, na verdade, os propósitos a serem atingidos, eles serão, ao longo da execução, o resultado que se propõe a alcançar com a realização das ações do governo, tendo em vista o bem-estar da coletividade. Salienta-se que um programa incluso no PPA tem objetivo(s) específico(s), no entanto, também corrobora para o atingimento dos objetivos gerais. Para a elaboração do PPA, consideram-se metas os objetivos divididos por meio de mensuração física dos programas e projetos, que proporcionarão medições que acompanhem os objetivos. A motivação legal está disposta na CF/1988, que destaca a regionalização no art. 165: § 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de controle de suas receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia; § 7º Os orçamentos previstos no § 5º, 1 e 11, deste artigo, em compatibilidade com o plano plurianual, terão entre as suas finalidades a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. O parágrafo 5º, incisos I e I (citado no parágrafo 7º), refere-se ao orçamento fiscal e de investimento das empresas estatais. O orçamento da seguridade social não está incluído, visto que seus recursos são insuficientes para atender às suas necessidades, o que evidencia, neste ponto, a falta de recursos que poderiam ser usados para outras finalidades. Uma vez elaborado o PPA, a vigência será de quatro anos, conforme estabelece o art. 35, parágrafo 2.º, das Disposições Constitucionais: até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e 11 (ainda não elaborada), serão obedecidas as seguintes normas: I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do Capítulo 41 Plano Plurianual – PPA 101. primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa 16 Ao iniciar o mandato, o PPA será enviado ao Congresso Nacional para aprovação e somente a partir do segundo ano do mandato do presidente é que ele passa a vigorar. A data de envio ao Congresso Nacional, no primeiro ano do mandato, será dia 31 de agosto, com retorno para sanção até 22 de dezembro do mesmo ano. Dessa forma, os instrumentos de planejamento utilizados no primeiro ano de mandato do novo presidente são os do presidente anterior, tanto para o PPA quanto para o LDO e a LOA). Uma vez tratados esses itens, temos que definir o que se entende por programas, ou seja, mecanismos de organização da ação governamental e que vão colaborar com as dificuldades ou com as oportunidades. Todas as prerrogativas do Plano e as Ações Orçamentárias são orientadas de forma a combater as causas dos problemas, e não apenas minimizar os feitos. Dessa forma, podemos afirmar que o programa pronuncia um conjunto de iniciativas ou de ações necessárias e aceitáveis para encarar os desafios da administração pública. Esses programas que compõem o PPA são os elementos que fazem a interface do planejamento, do orçamento e da gestão e que têm por finalidade dar maior visão às ações, aos resultados e aos benefícios, proporcionado transparência na aplicação dos recursos públicos. Cabe ressaltar que esses instrumentos são controlados e monitorados em sua execução a partir da implantação de cada programa. 3.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é o instrumento que preside a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA), realizando a seleção dos programas do Plano Plurianual que deverão ser contemplados com dotações na Lei Orçamentaria Anual (LOA) correspondente. Esse instrumento de planejamento antecipa e orienta a direção e o sentido dos gastos públicos, bem como parametriza a elaboração do Projeto de Lei Orçamentária para o exercício subsequente. Instrumento organizado pela Secretaria de Orçamento Federal, conta com o apoio técnico da Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, no tocante aos itens relacionados à dívida mobiliária federal e às normas para a execução orçamentária. Essa lei também pode se materializar numa lei ordinária a partir da proposta exclusiva do chefe do Poder Executivo. É um instrumento de planejamento e faz interface com dois outros 17 instrumentos, o PPA e a LOA. Cabe ressaltar que o prazo de condução do Projeto de Lei ao Legislativo finaliza em 15 de abril de cada ano. As peculiaridades compreendidas da Lei de Diretrizes Orçamentárias estão dispostas no art. 165, parágrafo 2º da CF/1988: as metas e prioridades da Administração Pública Federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Pode-se afirmar que as metas propostas são os objetivos traçados – física e financeiramente – que mensurarão o nível de alcance. Destaque especial para as prioridades, uma vez que elas são extraídas do Plano Plurianual contemplando as obrigações constitucionais e legais; a manutenção e o funcionamento e as obras inacabadas com execução física superior a 50%; outras despesas priorizadas pela LDO. 3.3 Lei Orçamentária Anual – LOA Diante do fato de que a Constituição Federal de 1988, em seu art. 165, estabelece e define os instrumentos de Planejamento e Orçamento e de que a Lei Orçamentária Anual (LOA) é de responsabilidade de realização do Poder Executivo e de acordo com o discriminado pela Lei Federal n. 4.320/1964, ela vai orientar a execução das ações governamentais, sempre com o monitoramento e o controle orçamentário, proporcionando a facilitação do PPA e da LDO, para que, desta forma, o Estado cumpra com sua finalidade precípua no exercício financeiro. Cabe salientar que, neste momento, o foco é tentar estimar as receitas e as despesas para determinado período, de tal forma que sejam asseguradas as execuções previstas, bem como sejam evidenciadas as fontes de recursos, os contribuintes e os que serão beneficiados. Uma vez autorizadas as demandas, serão transformadas em lei, discutida e, posteriormente, aprovada e publicada. Despois disso, ela se transformará num documento formal que vai direcionar a aplicação dos recursos públicos, permitindo a garantia e a execução dos créditos orçamentários, bem como das fontes de financiamentos, 18 passando a ser, inclusive, um novo mecanismo governamental de planejamento no curto prazo, em relação ao PPA. Tem em sua estruturação o orçamento fiscal, da Seguridade Social e de investimentos estatais, a partir das demandas dos recursos do Governo Federal. Cabe destacar que, além da LOA estar de acordo com a CF/1988, com a LRF, com a Lei n. 4.320/1964, deve ser compatível com o PPA e com a LDO. E, ainda, que seu envio ao Presidente da República e ao Poder Legislativo deve ser feito até dia 31 de agosto de cada ano e que, por consequência, deverá ser aprovada até o fim das sessões do legislativo, sendo sua vigência anual, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Portanto, a LOA permite a viabilização da finalidade do Estado, mediante aplicação de recursos financeiros e créditos orçamentários. Dessa forma, é também chamada de lei dos meios, justamente por ser um meio para a viabilização dos programase ações governamentais. Você sabia? É durante a execução da LOA que são cumpridas as metas fiscais constituídas na LDO. E, ainda, todos os itens de prioridades destacados têm a mesma primazia absoluta. Evidenciam-se as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, pois existem metas e prioridades também para as despesas de capital. Essas metas se referem ao exercício subsequente, já que a execução orçamentária ocorrerá apenas naquele exercício. E, ainda, a LDO vai balizar a elaboração e a execução do orçamento público do ano subsequente e preparar mudanças na legislação tributária, uma vez que a principal fonte de financiamento das despesas públicas são os tributos e qualquer alteração de alíquota ou a criação de novos impostos devem estar devidamente previstos nesse instrumento. TEMA 4 – PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Antes de tratar de princípios orçamentários, deve-se considerar que o orçamento trata de elencar alocação de recursos de entradas e saídas, de receitas e despesas de recursos e, dessa forma, o Poder Legislativo poderá ter concretamente o controle. Portanto, devem ter em sua grandeza a visão de contabilidade enquanto ciência. Nessa dimensão, os princípios são vistos como 19 pressupostos, ou premissas, que nortearão a elaboração do orçamento. Assim, temos os princípios orçamentários gerais, que são aplicados nas receitas e nas despesas, e os princípios orçamentários específicos, aplicados somente nas receitas. Anualidade ou periodicidade – Estabelece que a vigência do orçamento é de um período de ano, com fundamentos econômicos e institucionais. No entanto, considera-se que, em relação à despesa, as autorizações estão dependentes da votação do Poder Legislativo. Cabe ressaltar que a Lei n. 4.320/1964, em seu art. 34, destaca que deve coincidir com o ano civil. Unidade – Destaca que a lei orçamentária é única para receitas e despesas e que estas devem estar em consonância com as necessidades coletivas. Tem por prerrogativa, além da Lei n. 4.320/1964, o art. 165 da Constituição Federal, em seu parágrafo 5º, o que evita vários tipos de orçamento. § 5º – A lei orçamentária anual compreenderá: I – O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público; II – O orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III – O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público. Como se constata, é necessário que os órgãos da administração pública elaborem um único orçamento e que essa legislação se aplique também a fundações que sejam instituídas ou mantidas pelo poder público. Por conseguinte, torna-se mais fácil para o poder público cumprir a execução orçamentária e, portanto, a prestação de contas para fiscalização do Poder Legislativo. Universalidade – Neste princípio, entende-se que não é possível encontrar despesas ou receitas diferentes das previstas, pois trata-se de um planejamento financeiro geral e que nele são elencadas as necessidades para manutenção dos serviços públicos. Também conhecido como princípio do orçamento bruto, destaca que a administração não pode efetuar deduções da arrecadação, por exemplo, 20 destinar parte da arrecadação para determinado munícipio. Caso contrário, se houver elaboração considerando-se a receita líquida, estará incorreto tecnicamente e passível de atendimento à legislação. Art. 167. São vedados: § 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. Equilíbrio – Como a própria nomenclatura, sugere o balanceamento, e o que ocorre é isso mesmo. Ou seja, o orçamento deve manter o equilíbrio financeiro entre os valores das receitas e das despesas, o diferencial só será possível se as receitas forem maiores; quanto à despesa, não é aceitável que despesas sejam lançadas sem que os recursos para sua liquidação estejam discriminados. Pode-se comprovar nos arts. 166, parágrafo 3°, inciso II, e 167, incisos II, IV e V. Exclusividade – O art. 165, parágrafo 8º, da Constituição Federal (CF), respalda o princípio da exclusividade ao destacar que não podem ser incluídos dispositivos diferentes aos da receita. Destaque apenas ao item que permite a inclusão de créditos suplementares ou a antecipação da receita. Especificação – também chamado de princípio da especialização ou discriminação, esse item deixa claro que todas as receitas e despesas devem estar especificadas, devidamente classificadas no orçamento, de forma a manter a formalidade e a relevância para a gestão da administração pública. Ressaltamos, no entanto, que as receitas seguem os critérios do Código Tributário; as despesas, critérios econômicos. Não se pode prescindir de informar que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em seus arts. 50, parágrafo 2º, e 67, imputa o acompanhamento e a avaliação da gestão da operacionalização da gestão fiscal. Enquanto na CF art. 166, parágrafo 8º, encontramos o reforço do referido princípio. Publicidade – Partindo do contexto que o orçamento é um instrumento de planejamento e controle, o orçamento que prevê a utilização dos recursos não poderia estar à margem do princípio da publicidade, o que, por conseguinte, o torna um princípio básico da administração pública, respaldado pela CF/1988 no seu art. 37, assim como na Lei n. 21 4.320/1964, inclusive por meios eletrônicos, acompanhado dos relatórios resumidos da execução orçamentária e do relatório de gestão fiscal. Clareza –Não basta que os documentos orçamentários estejam aprovados pelo Poder Legislativo, eles devem, além de seguir os referidos princípios, ser claros e de fácil compreensão para qualquer cidadão, sem, contudo, deixar de lado as especificações e as exigências técnicas. Uniformidade – Também chamado de princípio da consistência, mostra- nos que o orçamento deve manter a formalidade, ao resguardar a estrutura uniforme, e a homogeneidade dos dados orçamentários ao longo dos exercícios, de forma a permitir a comparação entre eles. Precedência – Esse é um princípio que tem por objetivo a aprovação prévia do orçamento, antes de iniciar o exercício financeiro consecutivo. A fundamentação legal encontra-se em Ato das Disposições Constitucionais e Transitória (ADCT), art. 35, parágrafo 2º, alíneas I, II e III. Destaca-se que, caso esse princípio seja desrespeitado, haverá problemas na execução orçamentária. Convém lembrar que, além desses princípios, temos ainda os aplicados peculiarmente as receitas, os quais estão expostos a seguir. 1. Não afetação da receita – Vedado pelo inciso IV do art. 167 da CF/1988, veda a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo ressalvas constituídas pela própria Constituição Federal, in verbis: Art. 167. São vedados: [...] IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2º, 212 e 37,XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.165, §8º, bem como o disposto no §4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...] § 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de débitos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). 22 Podemos considerar modelos das exceções elencadas na CF aquelas que, se estabelecidas pela própria Constituição e que sejam as relacionadas à distribuição do produto da arrecadação dos impostos aos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e Municípios (FPM), e Regiões, entre outros, como os recursos para as áreas de saúde e educação, e das garantias às operações de crédito por antecipação de receitas. 2. Legalidade da tributação – Trata-se das limitações legais quanto ao poder de tributação do estado, previsto no art. 150 da CF/1988. Em especial, cabe destacar que as novas publicações atribuem um outro princípio, o da transparência, aplicado de acordo com a lei de Responsabilidade Fiscal, em seus arts. 48 e 49, que atribuem ao governo a determinação legal de dar publicidade ao orçamento de forma ampla a toda sociedade, bem como dar publicidade aos relatórios de execução orçamentária e de gestão fiscal. E por falar em transparência... A Lei n. 12.527/2011 regula o acesso a informações. Passou a vigorar em 2012, proporcionando ao cidadão maior acesso a informações da gestão governamental. Mecanismos foram proporcionados ao cidadão para que ele tenha acesso à aplicação dos recursos e a acountabilitty, sem, contudo, a necessidade explícita de motivação para receber informações públicas dos órgãos e suas entidades. Essa lei tem abrangência nos três poderes, seja da União, Estados e Municípios, bem como Ministério Público e Tribunais de Contas, incluindo as instituições sem fins lucrativos que trabalhem com recursos públicos, passando pela publicação dos instrumentos jurídicos que proporcionaram os recursos públicos, passando pela execução física e financeira e culminado com a prestação de contas. TEMA 5 – CLASSIFICAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS Após a publicação dos orçamentos, o que ocorre em até 30 dias, considerando-se os dispositivos encontrados na lei de Diretrizes Orçamentárias, o Poder Executivo vai, então, programar o cronograma de execução do desembolso mensal, como consta no art. 8º da Lei de Reponsabilidade Fiscal. 23 Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. (Vide Decreto nº 4.959, de 2004) (Vide Decreto nº 5.356, de 2005). Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. Essa programação financeira, instrumento básico da ação governamental, vai detalhar e apresentar a liberação do recurso por órgão da administração, de forma que, se for identificado que, por bimestre, houve alguma distorção na realização da receita e que este venha a não permitir o cumprimento das metas, os Poderes e o Ministério Público poderão, por ato próprio, tomar medidas necessárias para o ajuste do montante do recurso, desde que cumpridos os critérios apresentados no art. 9 da LRF. É, portanto, no cronograma de desembolso que estarão fixados os valores e as cotas dos recursos para saque e que viabilizarão a execução e o pagamento das despesas. Nesse cenário, considerando que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve objetivar o provimento de informações aos gestores para a tomada de decisões e que estas devem estar atualizadas, e ponderando que na esfera governamental existem os órgãos de controles interno e externo que fiscalizam a consonância da execução com a legislação, o orçamento apresenta, em sua constituição organizacional, a classificação das receitas e das despesas sob diversos critérios, os quais têm por essência proporcionar a maior compreensão das origens e aplicações de recursos, evidenciando, assim, as prováveis destinações dos recursos públicos. Nesse cenário, são usadas por ocasião do orçamento público as classificações para as receitas, de forma a evidenciar e indicar a provável destinação da aplicação dos recursos, seja por natureza econômica, seja por fontes (receitas e de recursos), seja institucional. No caso das despesas públicas, as codificações são usadas para que, na execução, sejam monitoradas e avaliadas as aplicações desses recursos. As despesas seguem classificadas por institucional, funcional, estrutura – programática e por natureza (categoria econômica e grupos de natureza de despesa). Além dessas, desde 2000, outros critérios foram estabelecidos como os indicadores, 24 por tipo de orçamento, doação e operação de crédito, de uso e de resultado primário. 5.1 Critérios de classificação da receita Estabelecido o critério econômico pela Lei n. 4.320/1964, tem-se que as receitas na categoria econômica se tipificam em Receitas Correntes e Receitas de Capital. Essa parametrização tem por destinação evidenciar a origem dos recursos a partir de seu fato gerador, mostrando quais deles serão aplicados em despesas correntes e quais serão aplicados em despesas de capital, assim como o superavit do orçamento corrente. Dessa forma, as receitas correntes estão subdivididas em: Além dessas tipificações, elas são oriundas do recebimento de outas pessoas jurídicas de direito público ou privado, desde que venham a atender despesas correntes. No caso das receitas de capital, destaca-se que elas advêm da realização de recursos financeiros de constituição de dívidas e de bens e direitos recebidos de pessoas jurídicas de direito público ou privado e que são destinadas a atender às despesas de capital, as em espécie e de conversão, bem como do superavit do orçamento corrente (Lei n. 4.320/1964, art. 11, parágrafo 2º). Com relação ao superavit do Orçamento Corrente, ele é decorrente do confronto das receitas correntes com as despesas correntes e apresenta saldo positivo. O superavit do Orçamento de Capital é proveniente do saldo 25 positivo do confronto das receitas e despesas de Capital e evidenciará o desempenho do setor público. Saiba mais Para poder explorar melhor esse conteúdo de classificação orçamentária, faça uma leitura do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, que apresenta as Tabelas de Resumo da classificação orçamentária à luz da nova Estrutura de Codificação válida para União a partir de 2016 e para Estados e Municípios a partir de 2018, disponível em <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/mcasp>. 5.2 Critérios de classificação das despesas Quanto à relevância do orçamento na esfera pública, posto que é o instrumento onde a lei orçamentária vai propor e aprovar a despesa pública para um exercício financeiro, as despesas estão dispostas no art. 35 da Lei n. 4.320/1964 e classificadas como dispêndios orçamentários e extraorçamentários. Assim, são consideradas despesas orçamentárias as transações previstas no instrumento de planejamento e são autorizadas pela Assembleia Legislativa para sua efetiva realização e como extraorçamentárias aquelasque não constam na Lei Orçamentária Anual. No âmbito contábil, de acordo com MCASP (2017), as despesas orçamentárias podem ser tipificadas com relação ao resultado na situação patrimonial líquida em dois tipos de despesas orçamentárias: Mesmo sendo característica da despesa orçamentária efetiva ser classificada como despesa corrente, pode ocorrer despesa corrente não Efetivas •Quando coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de saída, é autorizado por um empenho. Não efetivas •Quando afeta o orçamento. 26 efetiva, como no caso da despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos. A despesa orçamentária não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Todavia, existe despesa de capital que é efetiva, como as transferências de capital, posto que provocam variação patrimonial diminutiva. Com relação às despesas, destaca-se que elas são classificadas como institucional, funcional, estrutura programática e por natureza. Na aula 2, assim como as receitas, estão melhor classificadas. TROCANDO IDEIAS No cenário da convergência das normas internacionais da contabilidade aplicada ao setor público, muitas são as dificuldades encontradas, no entanto, acredita-se que os benefícios futuros podem proporcionar maior comparabilidade e, por consequência, o controle das contas públicas, bem como contribuir com o processo de transparência e controle social. O que você acha? Para poder entender melhor, faça a leitura deste artigo e depois registre sua opinião: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/16069/1 4896>. Sugestões de leitura Disponível em: _____. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasilia-DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 9 set. 2017. (Faça a leitura dos arts. 165 a 167). _____. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 10 set. 2017. _____. Lei n. 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10180.htm>. Acesso em: 10 set. 2017. 27 _____. Princípio da universalidade do orçamento. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/orcamento/glossario/principio-da-universalidade- do-orcamento>. Acesso em: 10 set. 2017. _____. Orçamento da União. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao>. Acesso em: 10 set. 2017. FERREIRA NETO, R. Organização da sociedade civil de interesse público (Oscip). Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/19265/organizacao-da- sociedade-civil-de-interesse-publico-oscip>. Acesso em: 10 set. 2017. NA PRÁTICA Questão: 1 (Concurso – FCC – 2017) Lei Orçamentária Anual, para o exercício de 2017, de determinado ente público, previu receitas e fixou despesas no valor de R$ 2.750.600.000. Não constou na Lei Orçamentária as despesas com pessoal a serem realizadas pelo respectivo Poder Legislativo, sob a alegação de que muitos servidores seriam demitidos a partir de janeiro de 2017, portanto, não seria possível fixar o montante exato de tais despesas. Nestas condições, a Lei Orçamentária NÃO atendeu ao princípio orçamentário da: a. Universalidade. b. Moralidade. c. Transparência. d. Exclusividade. e. Unidade. Questão: 2 (Concurso – FUNIVERSA – 2016) O Estado, pessoa jurídica de direito público interno, compreende tanto atribuições de governo como de administração pública. No desempenho da atividade de administração pública, o Estado: a. Comanda com responsabilidade técnica e legal, contudo sem responsabilidade constitucional ou política. b. Comanda com responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade profissional pela execução. 28 c. Estabelece seus objetivos, conduzindo os negócios públicos. d. Executa atos decisórios que impliquem a fixação de metas, de diretrizes ou de planos governamentais. e. Comanda com responsabilidade técnica, legal, constitucional e política. Questão: 3 (Concurso – CESPE/ TRE – PI – 2016) Acerca das mudanças institucionais que afetaram diretamente a administração pública, como a criação de conselhos e organizações sociais, entre outras entidades, conforme a Constituição Federal de 1988 (CF), assinale a opção correta. a. Agências executivas como a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) possuem atribuições de regulação e fiscalização, podendo exercer também atividades de controle econômico. b. As organizações sociais, cuja qualificação é concedida pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, são constituídas por pessoas jurídicas de direito público com a finalidade de atender assuntos que correspondam às relações entre o Estado e a sociedade. c. As organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP), cuja qualificação é concedida pelo Ministério da Justiça, são constituídas por pessoas jurídicas de direito privado, mediante termo de parceria com o poder público, e visam atender ao princípio da universalização dos serviços. d. As agências executivas são compostas por órgãos da administração pública direta que têm como finalidade executar atividades delegadas pelo poder público em função da comprovada capacidade de gestão estratégica nos dois anos de atuação anteriores à delegação. e. As agências reguladoras, compostas por autarquias e fundações, são vinculadas ao Poder Executivo e exercem atividades delegadas pelo poder público. Questão: 4 (Concurso – IBGE 2016) Acerca dos instrumentos de orçamento público no Brasil, leia o fragmento a seguir. 29 “Com vigência de quatro anos, o(a) _____ tem como função estabelecer as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da administração pública. Por sua vez, cabe ao(à) _____, anualmente, enunciar as políticas públicas e respectivas prioridades para o exercício seguinte. Finalmente, o(a) _____ tem como principais objetivos estimar a receita e fixar a programação das despesas para o exercício financeiro.” Assinale a alternativa cujos itens completam corretamente as lacunas do fragmento acima. a. LDO – LOA – PPA. b. LOA – PPA – LDO. c. PPA – LDO – LOA. d. PPA – LOA – LDO. e. LDO – PPA – LOA. Questão: 5 (Concurso – FCC – 2016) Considere as afirmações: I. Elaborar e supervisionar a execução de planos e programas nacionais e setoriais de desenvolvimento econômico e social. II. Realizar estudos e pesquisas socioeconômicas e análises de políticas públicas. III. Coordenar, consolidar e supervisionar a elaboração dos projetos da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária. Segundo a Lei n. 10.180/2001, essas ações são de competência, respectivamente, das unidades responsáveis pelas atividades de a. planejamento, planejamento e planejamento. b. planejamento, planejamento e orçamento. c. planejamento, orçamento e orçamento. d. orçamento, orçamento e planejamento. e. orçamento, orçamento e orçamento. FINALIZANDO Ao refletir sobre os temas voltados para o Estado, seus conceitos, verificar como é formada a estrutura da administração pública que se divide em 30 direta e indireta, percebemos como este assunto é relevante para nós, que temos a reponsabilidade de eleger nossos dirigentes e, por conseguinte, compreender como funciona toda essa máquina. Nossos conteúdos desta aulavão muito além dos conceitos dos mecanismos de planejamento, como os diversos tipos de orçamento elencados, ou ainda do PPA, da LDO e da LOA. Passamos pelos critérios de classificações orçamentárias, que são itens colocados em prática tão logo o orçamento seja aprovado. A partir dessas colocações, na próxima aula, vamos, cada vez mais, consolidar nossos conhecimentos nesse ramo da contabilidade, que tem por finalidade subsidiar o gestor na área governamental na tomada de decisão quanto à aplicação dos recursos nas áreas críticas evidenciadas nos programas de governo. 31 REFERÊNCIAS ASSUMPÇÃO, M. Contabilidade pública. Curitiba: InterSaberes, 2012. BRASIL. Tesouro Nacional. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/mcasp>. Acesso em: 9 set. 2017. _____. Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm>. Acesso em: 10 set. 2017. _____. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasilia-DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 9 set. 2017. _____. Lei n. 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10180.htm>. Acesso em: 9 set. 2017. _____. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 9 set. 2017. _____. Orçamento. Disponível em: <http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/manual- tecnico/mto_2017-1a-edicao-versao-de-06-07-16.pdf>. Acesso em: 9 set. 2017. _____. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2 %AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7- 490c-8967-b0acd3923f6d>. Acesso em: 9 set. 2017. BERNADONI, D. L. Planejamento e orçamento na administração pública. Curitiba: InterSaberes, 2013. BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade pública: teoria, técnica de elaboração de balanços e questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. CORBARI, E. C.; MACEDO, J. J. Controle interno e externo na administração pública. Curitiba: InterSaberes, 2012. DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 32 PALUDO, A. V. Orçamento público, administração financeira e orçamentária e LRF7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. SILVA, L. M. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2009. 33 RESPOSTAS 1. a Comentário: Princípio da Universalidade: o orçamento é uno, deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado; Princípio da Moralidade: rege todos os públicos, não só dentro do Orçamento Público. De acordo com a CF/1988, “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte [...]”. Princípio da Transparência: princípio constitucional implícito, ou seja, não está expressamente previsto na Constituição Federal. Esse princípio anda ao lado do da Publicidade dos atos públicos e de forma clara, permitindo, com isso, que qualquer um possa fiscalizar o Orçamento Público. Princípio da Exclusividade: CF/1988, art. 165, parágrafo 8º, “A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei”. Com isso, evita-se que dentro da Lei Orçamentaria, que tem prioridade de votação sobre as demais, contenha dispositivos estranhos à causa orçamentária. Princípio da Unidade: preleciona que cada unidade governamental deve ter apenas um orçamento. Unidade Orçamentária tende a reunir em um único total todas as receitas do Estado, de um lado, e todas as despesas, de outro. 2. a Comentário: O conhecimento de administração pública em sentido estrito. Amplo: são os órgãos políticos mais os órgãos administrativos. No sentido estrito, podemos dizer que são um conjunto de órgãos de governo (com função política de planejar, comandar e traçar metas) e de órgãos administrativos (com função administrativa, executando os planos governamentais). Estrito: Num sentido estrito (stricto sensu), podemos definir administração pública como o conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos que desempenham a função administrativa do Estado. Ou seja, num sentido estrito, a Administração Pública é representada apenas pelos órgãos administrativos. 34 3. c Comentário: agências executivas × agências reguladoras, estas têm como função precípua exercer controle sobres os particulares, enquanto as agências executivas exercem atividades estatal. Agências reguladoras – São autarquias em regime especial, criadas para disciplinar e controlar atividades determinadas. Agências executivas – Espécie de autarquia ou fundação pública (autarquia fundacional), exercem os normais objetivos das autarquias e fundações (não exercem controle). Organizações sociais – título outorgado pelo poder público às instituições de direito privado, sem fins lucrativos, com o fim de estabelecer parcerias para a execução de ações gerenciais, em nome do Estado, mediante a assinatura de contrato de gestão. Agências executivas – compostas de autarquias e fundações, e não de órgãos da administração pública direta. Agências reguladoras – compostas de autarquias em regime especial, com função de regular e fiscalizar. 4. c Comentário: O modelo orçamentário brasileiro é definido na Constituição Federal de 1988 do Brasil. Compõe-se de três instrumentos: o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA. “Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais.” O PPA, com vigência de quatro anos, tem como função estabelecer as diretrizes, os objetivos e as metas de médio prazo da administração pública. Cabe à LDO, anualmente, enunciar as políticas públicas e respectivas prioridades para o exercício seguinte. Já a LOA tem como principais objetivos estimar a receita e fixar a programação das despesas para o exercício financeiro. Assim, a LDO, ao identificar no PPA as ações que receberão prioridade no exercício seguinte, torna-se o elo entre o PPA, que funciona 35 como um plano de médio prazo do governo, e a LOA, que é o instrumento que viabiliza a execução do plano de trabalho do exercício a que se refere. 5. b Comentário: Lei n. 10.180/2001. Art. 7º Compete às unidades responsáveis pelas atividades de planejamento: I – elaborar e supervisionar a execução de planos e programas nacionais e setoriais de desenvolvimento econômico e social; VII – realizar estudos e pesquisas socioeconômicas e análises de políticas públicas; Art. 8º – Compete às unidades responsáveis pelas atividades de orçamento: I – coordenar, consolidar e supervisionar a elaboração dos projetos da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária da União, compreendendo os orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimento das empresas estatais; [...]
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