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trabalho bioterismo

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1 INTRODUÇÃO
Para o uso de animais em pesquisas, necessitam-se locais adequados denominados biotérios, que são destinados à criação de animais para o uso em pesquisas experimentais, onde são utilizadas normas e leis para regulamentação deste uso. Esses animais de laboratório são usados para testes de novos fármacos, técnicas cirúrgicas e para descoberta de doenças genéticas.
O objetivo desse trabalho é mostrar o funcionamento e os métodos de operação desses biotérios, além de citar os modelos de animais envolvidos e como a parte da ética entra nesse meio.
2 BIOTERISMO
Bioterismo é o uso de animais de laboratório para a pesquisa biomédica. Ele é utilizado em estudos de anatomia, fisiologia, imunologia, virologia e parasitologia, isso permitiu um grande avanço no desenvolvimento da ciência e tecnologia.
3 NECESSIDADES BÁSICAS DE UM BIOTÉRIO
Para criar ou manter animais de laboratório é necessário equipamentos e instalações adequadas, uma vez que suas necessidades básicas deverão ser atendidas, para que possam sobreviver e para que possam obter os resultados desejados. 
3.1 Instalações
As instalações de um biotério devem ser projetadas de forma a atender às recomendações para a criação e/ou manutenção de animais, bem como às necessidades particulares de cada instituição. Na escolha do local para a construção de um biotério, devemos levar em consideração os seguintes aspectos: não devem haver fontes poluidoras nas proximidades (aerossóis, ruídos etc.); a área deve permitir ampliação das instalações e modernização dos equipamentos. Uma instalação moderna deve ser constituída por um edifício reservado para a criação animal e/ou experimentação, com total independência de suas áreas. Além disso, deve ter tamanho suficiente para assegurar que não haja criação/manutenção de espécies diferentes em um mesmo ambiente. Como regra geral, recomenda-se a seguinte distribuição de áreas:
3.2 Equipamentos
São equipamentos desejáveis em um biotério: Autoclave, o principal equipamento de esterilização de materiais e insumos em um biotério. Deve ter dupla porta para impedir que haja comunicação entre as áreas de higienização e estoque de materiais esterilizados; Isoladores: utilizados principalmente para manter animais livres de germes e em estudos de alto risco; Estantes/Racks com Microisoladores: permite o estabelecimento de sistema fechado de criação para cada microambiente, cada gaiola de animais. Constituído de dois motores, responsáveis pelo insulflamento e a exaustão do ar por meio de ductos com orifícios, para cada gaiola de animais, sob as prateleiras. Dando segurança aos mesmos quando transportados; Estufa de Esterilização: equipamento usado para materiais que não possam ser esterilizados por calor úmido; Câmara para Eutanásia: normalmente se usa o gás dióxido de carbono (CO2). O seu tamanho depende das espécies a serem sacrificadas; Máquinas de lavar gaiolas, frascos e bicos: existem muitos tipos dessas máquinas, seu tamanho e capacidade dependem do tipo e do número do material a ser lavado.
4 MODELO E CLASSIFICAÇÃO DOS ANIMAIS
Para realização de uma pesquisa os animais de laboratório são selecionados principalmente a partir de suas características biológicas. Os animais que são produzidos com a finalidade de serem utilizados em trabalhos científicos devem possuir características genéticas e sanitárias avaliadas regularmente, visando assegurar padrões pré-estabelecido. Conforme a característica genética dos animais é classificada em dois tipos de linhagem “inbred” e “outbred”. Outbred: são de linhagens heterozigotas, são mantidas em sistema de cruzamentos aleatórios. Inbred: são obtidas por acasalamento entre irmãos por mais de 20 gerações, sendo homozigota, a manutenção dessas linhagens deve ser feita de maneira rigorosa, de modo que as variações, através das gerações, sejam mínimas. E por fim, os animais transgênicos, que são os que carregam incorporados em seu genoma um segmento de DNA de outra espécie.
Os animais transgênicos muitas vezes são manipulados por engenharia genética que consiste na mistura de pedaços de um DNA vindo de diversas origens. Esses animais são poderosas ferramentas de pesquisa para descoberta e o desenvolvimento de novos tratamentos para várias doenças humanas. A aplicação das técnicas de genes recombinantes têm tornado possível à produção de animais transgênicos de diferentes espécies como boi, porco, ovelha, coelho, rato e camundongo, porem roedores são os mais utilizados até hoje, pois são de fácil manuseio, é dócil e se adapta em ambientes variados.
A classificação dos animais quanto ao status sanitário ou ecológico pode ser definida como a relação dos animais com o seu particular e específico ambiente. Este ambiente inclui os organismos associados aos animais e os organismos presentes dentro dos limites do ambiente físico e barreiras sanitárias. O conjunto de organismos associados é denominado microbiota (vírus, bactérias, fungos e parasitas), e quanto mais eficientes forem às barreiras sanitárias deste ambiente, menores as chances de contaminação dos animais. Podemos classificá-los em três grupos distintos:
I. Animais Gnotobióticos: são animais que possuem microbiota associada definida e devem ser criados em ambientes dotados de barreiras sanitárias absolutas, e eles possuem flora microbiológica conhecida, porém não detectável. Estes animais são divididos em grupos: Axênios(germe-free), Flora definida, Specific Pathogen Free (SPF) e Vírus, Antibody Free (VAF).
II. Animais Livres de Germes Patogênicos Específicos (Specific Pathogen Free – SPF): são animais livres de micro-organismos e parasitos específicos, porém não necessariamente livres de outros não específicos. São obtidos e mantidos livres de contaminantes específicos. Estão sendo cada vez mais utilizados, à medida que os pesquisadores necessitam de respostas mais confiáveis e seguras de seus experimentos.
III. Animais Convencionais: são animais que possuem microbiota indefinida por serem mantidos em ambiente desprovido de barreiras sanitárias rigorosas.
5 BIOÉTICA 
Ética é a ciência da moral e tem relação com o certo e o errado; é uma atitude cultural, crítica, sobre valores e posições de relevância no momento de atuar, porém, não é fácil pensar racionalmente sobre ciência quando a mesma envolve o uso de animais, o que nesse caso, há muita emoção envolvida. Dois cientistas ingleses, Russell & Burch (apud Remfry, 1987), conseguiram sintetizar com três palavras o Princípio Humanitário da Experimentação Animal. Por sua grafia em inglês conter a letra R no início de cada palavra – Replacement, Reduction e Refinement –, ficou definido como o Princípio dos 3 Rs. 
REPLACEMENT – traduzido como Alternativas, indica que sempre que possível devemos usar, no lugar de animais vivos, materiais sem sensibilidade, como cultura de tecidos ou modelos em computador. Os mamíferos devem ser substituídos por animais com sistema nervoso menos desenvolvido. O Fundo para Alternativas ao Uso de Animais em Experimentação (FRAME, sigla original em inglês), fundado em 1969, no Reino Unido, procura encontrar novas técnicas para a substituição dos animais em pesquisas. Já surgiram várias alternativas como, por exemplo, culturas de tecidos humanos para a produção de vacinas da pólio e da raiva e testes in vitro para testar a segurança de produtos. Porém, há inúmeras áreas onde não é possível usar alternativas como pesquisa de comportamento, da dor, cirurgia experimental, ação de drogas etc. 
REDUCTION – traduzido como Redução; já que devemos usar animais em certos tipos de experimentos, o número utilizado deverá ser o menor possível, desde que nos forneça resultados estatísticos significativos. Atualmente, o número de animais usados em experimentação diminuiu porque utilizam-se animais com estado sanitário e genético conhecidos, bem como são feitos o delineamento experimental e a análise estatística antes de se iniciar a pesquisa ou teste. Os cursos ministrados sobre animais de laboratório contribuíramenormemente para a redução no número de animais utilizados, pois ensinam como usar o menor número possível deles. 
REFINEMENT – traduzido como Aprimoramento, refere-se a técnicas menos invasivas, ao manejo de animais somente por pessoas treinadas, pois uma simples injeção pode causar muita dor quando dada por pessoa inexperiente.
Estamos ainda longe de atingir os 3 Rs. Atualmente, a maioria dos cientistas envolvidos com experimentação animal possui respeito pela vida e se preocupa em conduzir suas pesquisas sem causar dor e sofrimento aos animais, seguindo os princípios éticos da experimentação animal. Sabemos que não é fácil policiar a pesquisa, pois esta é realizada em laboratórios fechados e pode-se dizer que o uso ético de animais depende muito da ‘integridade e consciência de cada cientista.
6 CONCLUSÃO
O biotério é uma ferramenta muito importante para as pesquisas e seu correto funcionamento torna essas pesquisas mais eficientes e confiáveis.
Os animais são selecionados principalmente pelas suas características biológicas, atualmente os animais transgênicos são poderosas ferramentas para o avanço das pesquisas cientificas, no campo da agricultura, medicina e indústria. Sem duvida representam um grande passo da Ciência no desenvolvimento de novos fármacos, fitoterápicos e no estudo de modelos biológicos de doenças humanas.
Relacionado à bioética em primeiro lugar educação pode ser adquirida por meio de palestras sobre ética, bem-estar, métodos alternativos, aprimoramento, intercambio de conhecimentos, incorporar cursos de experimentação animal ao currículo de graduação e pós-graduação de medicina veterinária, ciências biológicas e áreas afins para tentarmos sensibilizar nossos colegas cientistas e todas as pessoas que trabalham com animais. Os pesquisadores precisam ter consciência de que mais importante do que responder à uma pergunta cientifica, eles precisam ensinar aos estudantes a pensar na validade de um experimento, faze-los entender que seus trabalhos envolvem seres que possuem sensibilidade, sentem dor e medo igualmente a um ser humano. Também devem dar treinamento ao pessoal com quem irão trabalhar; repensar se esse experimento necessário? É relevante? Não será uma repetição desnecessária? E usar sempre os 3 Rs.
 O empirismo da experimentação animal, inevitável quando dos albores da ciência, deve dar lugar a uma aproximação mais racional e, portanto, mais apropriada a uma ciência exata. Assim, não haverá conflito entre os apelos da ciência e a obrigação de humanidade para com os animais.
7 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://riee.ufjf.emnuvens.com.br/riee/article/viewFile/955/820
http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/viewFile/430/413
http://static.scielo.org/scielobooks/sfwtj/pdf/andrade-9788575413869.pdf

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