Buscar

Modelos Clássicos da Análise Sociológica de Durkheim

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 6 - Modelos Clássicos da Análise Sociológica: a Contribuição de Émile Durkheim
Émile Durkheim
Você sabe quem foi Émile Durkheim? É o criador da Escola Sociológica Francesa. Com ele, a sociologia se constitui como uma disciplina rigorosamente cientifica. Émile Durkheim define o objeto da sociologia como fatos sociais e atribui-lhe um método de investigação: a análise objetiva dos fatos sociais, que deveriam ser estudos como “coisas”, ou seja, o investigador deveria manter uma relação de objetividade com o objeto estudado, desfazendo-se de qualquer pré-noção em relação a eles.
Fatos Sociais
Em seu livro As Regras do Método Sociológico, Durkheim define os fatos sociais como maneiras de agir, pensar e sentir que apresenta a característica marcante de existir fora da consciência individual. Estes tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores aos indivíduos, são também gerais na extensão de toda sociedade conhecida e dada, são dotados de um poder imperativo e coercitivo que constitui características intrínsecas de tais fatos. Para Durkheim, a sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos (saudáveis e doentios).
Fato Social Normal
É normal o fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que refletem os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. Por isso, em sua concepção, o crime é considerado um fato social normal, porque pode ser entendido como necessário (útil) para uma sociedade, pois, se a consciência coletiva (moral) fosse excessiva, se cristalizaria e a consciência individual inovadora não se manifestaria. Desse modo, onde o crime existe os sentimentos coletivos estão no estado de maleabilidade necessária para tomar nova forma: ele representa um fato social que integra as pessoas em torno de uma conduta valorativa, que pune o comportado considerado nocivo, que fere a consciência coletiva. Quando os sentimentos coletivos são fortemente atingidos, algumas ofensas passam de faltas morais para delitos e crimes. É por essa lógica que ele irá avaliar o castigo imposto não como forma de acabar com o crime, mas sim para mantê-lo na taxa social “média”.
Normalidade x Patologia
O que é normal? Quais os parâmetros estabelecidos para diferenciar o “normal” do “anormal”? É importante que você tenha em mente que o conceito de normalidade é discutível. O que chamamos de “normal” varia de sociedade para sociedade. Segundo Richard Miskolci: “Os anormais nada mais são do que construções sociais naturalizadas, as quais derivam de relações de poder que atribuem a eles uma posição de inferioridade e submissão na ordem social. Nossos corpos socializados trazem o passado ao presente e contribuem para a manutenção das categorias sociais e da hierarquia imposta pelo padrão de normalidade burguês. Assim, a desigualdade de poder chega aos indivíduos nos seus próprios corpos e no uso destes, dos prazeres e capacidades reprodutivas”.
Em seu livro Da divisão do trabalho social, Durkheim definiu consciência coletiva ou consciência comum como ”o conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma mesma sociedade”. Ele afirma que ela forma um sistema determinado que tem sua vida própria: "Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único; é, por definição, difusa, ocupando toda a extensão da sociedade; mas nem por isso deixa de ter características específicas, que a tornam uma realidade distinta. Com efeito, ela é independente das condições particulares em que se situam os indivíduos. Estes passam, ela fica. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda em cada geração, mas, ao contrário, liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se confunde com as consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, condições de existência, seu modo de desenvolvimento, exatamente como os tipos individuais, embora de outra maneira." Pode ser verificada em fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de consciência que contrapõe indivíduo/sociedade. As torcidas organizadas e os grandes festivais de música, por exemplo, representam fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de consciência que contrapõe indivíduo/sociedade.
Anomia
É a ausência, desintegração ou inversão das normas vigentes em uma sociedade, neste caso, a consciência “perde” os parâmetros de julgamento da realidade. Ela vai acontecer em momentos extremos, tais como guerras, desastres ecológicos, econômicos etc.
Divisão do Trabalho Social
É a organização da sociedade em diferentes funções, exercidas pelos indivíduos ou grupos de indivíduos. Nas sociedades mais simples predomina a divisão social do trabalho, baseada principalmente em critérios biológicos de sexo e idade. Essa divisão parece decorrer de uma extensão analógica das diferenças naturais de funções entre membros de um grupo. Durkheim classifica a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade como solidariedade mecânica. Nas sociedades mais complexas, em especial quando tem início o desenvolvimento da agricultura, a sedentarização e o sistema de propriedade privada, surge uma divisão social mais complexa, com a criação de novas funções sociais. A indústria foi o sistema produtivo que mais desenvolveu a divisão social do trabalho, criando uma imensa gama de funções e atribuições diferenciadas. Durkheim classifica a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade como solidariedade orgânica. A divisão social do trabalho envolve sempre uma divisão não só de funções, mas também de privilégios, regalias e poder.
�PAGE \* MERGEFORMAT�2�

Outros materiais