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A Ilíada e a Guerra de Tróia

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Aula 2 – Formação do Mundo Grego
A Ilíada
A Ilíada (do grego Iλιάς, Ilias) é um poema épico grego e narra uma série de acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da guerra de troia. O título da obra deriva do nome grego de Tróia, Ílion. A Ilíada e a Odisséia são comumente atribuídas a Homero, que se acredita ter vivido por volta do século VIII a.C. na Jônia (lugar que hoje é uma região da Turquia), e trata-se dos mais antigos documentos literários gregos a sobreviverem aos nossos dias. Porém, até hoje se debate a existência desse poeta e se os dois poemas foram compostos pela mesma pessoa. Os gregos acreditavam que a guerra de Troia era um fato histórico ocorrido no período micênico, durante as invasões dóricas, por volta de 1200 a.C. Entretanto, há na Ilíada descrições de armas e técnicas de diversos períodos, do micênico ao século VIII a.C., indicando ser este o século de composição da epopeia.
A Ilíada influenciou fortemente a cultura clássica, sendo estudada e discutida na Grécia (onde era parte da educação básica) e, posteriormente, no Império Romano. Sua influência pode ser sentida nos autores clássicos, como na Eneida, de Virgílio. Até hoje é considerada uma das obras mais importantes da literatura mundial.
A Guerra de Tróia
A Guerra de Tróia A Guerra de Troia se deu quando os aqueus atacaram a cidade de Troia, buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau, irmão de Agamémnom. Os aqueus eram o povo que hoje conhecemos como gregos e que compartilhavam elementos culturais. Na época, no entanto, não se enxergavam como um só povo.
A lenda conta que a deusa (ninfa) do mar, Tétis, era desejada como esposa de Zeus e seu irmão, Poseidon. Porém, Prometeu profetizou que o filho da deusa seria maior que seu pai. Os deuses, temerosos, resolveram dá-la como esposa a Peleu, um mortal já idoso, tencionando enfraquecer o filho. O filho de ambos é o guerreiro Aquiles e sua mãe, visando fortalecer sua natureza imortal, o mergulhou quando ainda bebê nas águas do mitológico rio Estige. As aguas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde sua mãe o segurou para mergulhá-lo no rio. Aquiles se torna o mais poderoso dos guerreiros, porém ainda é mortal. Mais tarde, sua mãe profetiza que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Tróia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem; ou permanecer na sua terra natal e ter uma longa vida, porém ser logo esquecido. Para o casamento de Peleu e Tétis, todos os deuses foram convidados menos Éris, ou Discórdia. Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “a mais bela”. As deusas Hera, Afrodite e Atena disputaram o título de a mais bela e o pomo. Zeus então ordenou que o príncipe troiano Páris, à época sendo criado como um pastor ali perto, resolvesse a disputa. Para ganhar o título, Atena ofereceu a Páris poder na batalha; Hera, o poder e Afrodite o amor da mais mulher mais bela do mundo. Páris deu o pomo à Afrodite, ganhando assim a sua proteção, mas atraindo o ódio das outras duas deusas contra si e contra Tróia. A mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e Leda. Leda era casada com Tíndaro, rei de Esparta. Helena possuía vários pretendentes, que incluíam muitos dos maiores heróis da Grécia, e o seu pai adotivo, Tíndaro, hesitava em tomar uma decisão em favor de um deles, temendo enfurecer os outros. Finalmente, um dos pretendentes, Odisseu (cujo nome latino era Ulisses), rei de Ítaca, resolveu o impasse propondo que todos os pretendentes jurassem proteger Helena e sua escolha, qualquer que fosse. Helena então se casou com Menelau, que se tornou rei de Esparta. Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática, se enamorou de Helena e ambos fugiram para Tróia, enfurecendo Menelau. Este apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamemnom então assumiu o comando de um exército de mil naus e atravessou o mar Egeu para atacar Tróia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima a Tróia e iniciaram um cerco que durou e custou a vida de muitos heróis de ambos os lados. Finalmente, seguindo uma estratégia proposto por Odisseu, o famoso Cavalo de Tróia, os gregos conseguiram invadir a cidade governada por Príamo e terminam a guerra. 
A Ilíada não conta o final da guerra, nem narra a morte de Aquiles. A Ilíada é um poema extenso e possui uma grande quantidade de personagens da mitologia grega e Homero assumia que seus ouvintes estavam familiarizados com esses mitos, o que pode causar confusão no leitor moderno.
Traduções
Existem muitas traduções para a Ilíada em português, tanto em verso como adaptações em prosa. A qualidade e fidelidade das traduções variam bastante, mas destacam-se três, todas em verso. A mais antiga das três é a de Odorico Mendes, feita no século XIX (1874), que possui a peculiaridade de trocar os nomes dos deuses gregos pelos seus arquétipos equivalentes latinos. Ou seja, em vez de Zeus, Júpiter, de Poseidon, Netuno etc. A outra tradução é a de Carlos Alberto Nunes, feita em 1962. Por fim, há a tradução de Haroldo de Campos, em uma edição bilíngue em dois volumes de 2002 (editora Arx), em versos que buscam resgatar a sonoridade do original grego, inclusive com diversos neologismos. Todas as três são consideradas de grande qualidade e têm características próprias.
Temas
Embora a Ilíada narre uma série de acontecimentos da guerra de Troia e se refira a uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira de Aquiles, da sua causa ao seu arrefecimento. Isso fica claro logo na primeira linha do poema. A palavra grega menin, ira, é a primeira do poema, cuja famosa primeira linha é Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos. Em português seria "ira canta, Deusa, Peléio Aquiles" ou, adaptando, "Cante, Deusa, a ira do filho de Peleu, Aquiles". 
Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do herói e semideus Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza, filho de deusa e homem e, portanto, mortal. A questão da escolha entre valores materiais, como a segurança, a vida longa e valores morais mais elevados, como a glória e o reconhecimento eterno é tratada na escolha com que Aquiles se defronta: lutar, morrer jovem e ser lembrado para sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido. A soberba de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade de Heitor, também grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta pela segurança de sua família, de sua cidade e a preservação de suas raízes troianas. A guerra e suas consequências também é tema central na Ilíada, sendo ricamente retratada.
Origens Arqueológicas do Mundo Grego
Período Pré-Homérico: Séc. XX a XII a.C. ( Período Homérico: Séc XII a VII a.C. ( Período Arcáico: Séc. VII a VI a.C. ( Período Clássico: Séc. V a IV a.C.
No século XX a.C. os povos indo-europeus enfrentaram os Pelágios que habitavam a região e os dominaram.
Habitação:
Ilhas Próximas ( Como a superfície contínua da Grécia era bastante limitada, os gregos passaram a habitar também as ilhas próximas que eram numerosas. A história egeana teve suas origens na ilha de Creta, irradiando-se daí para a Grécia continental e também para a Ásia Menor. Essas ilhas constituíam a Grécia colonial, composta por terras mais distantes:
Ásia Menor (Eólia, Jônica,Dória);
Sul da Itália (Magna,Crécia);
Costa egípcia (Náucratis).
Tempos Pré-Helênicos ( Nos tempos pré-helênicos - na época neolítica - a Grécia passou por várias ondas de povoamento. Na Tessália foram descobertos Sexklo e Dhimini importantes vestígios de comunidades agrícolas e pastoris.
Período Heládico ( De 2600 a 1900 a. C., o período dito heládico antigo corresponde ao bronze antigo. O conjunto do território grego povoou-se pouco a pouco e as relações marítimas com as ilhas do mar Egeu, estabelecidas há muito, intensificaram-se.
A Idade Média Helênica (Do Séc. XI ao VIII a.C.) ( Referem-se a esse período obscuro os textos de Homero e de Hesíodo. A arqueologia revelou a extensãodo uso do ferro, o aparecimento de uma nova cerâmica com elementos geométricos e a prática da cremação. Um movimento de migração e de conquista levou os gregos para as costas da Ásia menor. Foi aí, sem dúvida, que se moldaram, progressivamente, os traços da Grécia Clássica, imediatamente retomados e desenvolvidos no resto do mundo helênico. Nesse local apareceu também, a organização política e social da cidade (ou pólis), na qual o proprietário mais poderoso exercia a função de rei (basileu). Mas uma mesma civilização (língua, depois escrita, deuses e regras morais comuns) compensou a dispersão territorial.
Os Tempos Arcaicos (Do Séc. VIII ao VI a.C.) ( Essa época deve seu nome à arqueologia, que nela situa as primeiras manifestações da arte grega. Um regime aristocrático estendeu-se, então, a todas as cidades gregas. A realeza do tipo homérico desapareceu e uma minoria de privilegiados pelo nascimento e pela fortuna (os Eupátridas) possuía a terra e a autoridade do Séc. VIII a VI a. C. Um vasto movimento de colonização levou a fundação de cidades gregas para as costas do Mediterrâneo e do ponto Euxino.
Competições
A competição entre as cidades gregas, tão presente em todos os aspectos da cultura grega,
pôde ser documentada a partir da época arcaica. A rivalidade entre as cidades também perceptível nos festivais pan-helênicos, entre os quais,
os Jogos Olímpicos. Era uma ocasião em que se desenvolvia o que já foi classificado de
"uma guerra sem armas" e que propiciava o exercício das disputas entre as poleis,
em situação controlada, definida por regras. E interessante apontar também que esse momento era solenemente aberto por um ritual religioso, o mais significativo da religião grega - o sacrifício - do qual participavam, em comunhão, todos os gregos.
Assim, paralelamente a explicitação da disputa latente entre as cidades pelo reconhecimento da superioridade de umas sobre as outras, reafirmava-se a identidade grega frente aos não gregos. Estes não usavam a língua grega, não compartilhavam os cultos nem os princípios artísticos que estavam na raiz do que significava "ser grego". Nos Jogos Olímpicos, as disputas entre atletas, somavam-se aquelas entre artistas e poetas, nos concursos que ocorriam paralelamente aos jogos. A competição entre as cidades envolvia, pois, os vários tipos de excelência entendidos como ideais na cidade grega. Ao vencedor cabia tanto a gloria individual pelo feito extraordinário realizado como, e talvez principalmente, o mérito de ter alçado à sua cidade a uma posição de destaque frente a comunidade pan-helênica.
O espirito competitivo, como aponta Antonaccio no trecho citado em epigrafe, aparece muito antes do surgimento dos santuários pan-helênicos e das próprias cidades gregas. E interessante percorrer a Tonga trajetória de formação das poleis e identificar como a competição a um dos traços marcantes nesse processo. As fontes escritas não são de muita valia para os estágios iniciais do processo de formação das cidades gregas, mas a Arqueologia vem, nos Últimos cinquenta anos, fornecendo um excelente conjunto de dados que nos permitem propor modelos mais sofisticados de interpretação desse processo.
F. de Polignac ( Podemos citar o estudo sobre a relação entre a religião e a estruturação da cidade antiga, realizado por F. de Polignac. Esse autor baseia seu olhar em fontes de característica textual tradicionais, como Aristóteles, para as informações advindas das escavações da Grécia e área colonial ocidental. Ele demonstrou como os santuários urbanos e especialmente os extraurbanos articulavam, por meio de cultos, tacos entre a população que se agrupava na asty (área que abrigava, além de habitações, as edificações de caráter público) e na chora (território arável e onde era praticado o pastoreio, também espaço habitacional) sedimentando a interdependência dos dois espaços, um dos elementos que caracterizam a pólis. Embora nesta obra Polignac não aborde a questão dos santuários pan-helênicos, a ênfase na relação entre os cultos e a dinâmica da vida política na Grécia antiga é uma perspectiva que se adequa ao estudo do papel dos festivais cívico-religiosos na vida das cidades gregas.
No que diz respeito ao espirito competitivo, característico da cultura grega, dispomos de dados interessantes recuperados pelas escavações arqueológicas de vários sítios gregos referentes ao período imediatamente anterior ao advento das poleis. Nesta época, inadequadamente chamada de Idade Obscura e, em especial o final do séc.XI e o X (*), pôde ser documentado, com os achados das necrópoles, a competição entre famílias integrantes de elites em formação, visível na quantidade e qualidade do mobiliário funerário. Trata-se de famílias que ostentam e reafirmam seu poder construindo monumentos funerários repletos de objetos valiosos. Inspirando-se com certeza na tradicao oral relativa a época heroica, buscam reproduzir o aparato das cerimonias fúnebres devidas aos heróis e que, mais tarde, serão consolidadas por Homero na Ilíada (nos funerais de Patroclo, por exemplo). Nessa época, o poder estaria nas mãos daquele que ostentasse maior riqueza - em vida e na morte - e qualidades de liderança na condução dos conflitos, certamente frequentes em um momento em que as instituições ainda não estavam consolidadas.
Estas chefias podem ser associadas aos basileis descritos por Homero na Odisseia e cujo poder estava baseado no consensus, no use da coerção, no carisma pessoal, riqueza em objetos, terras, produtos com os quais atraiam seguidores e aliados. A hereditariedade não é direito reconhecido pelos pares, o poder há que ser conquistado e a ostentação de riqueza é um dos procedimentos utilizados na competição pela proeminência entre os pares. Na Odisseia, as disputas entre os pretendentes ao casamento com Penélope - e por consequência a riqueza e talvez ao poder de Ulisses - e a indiferença desses aristocratas diante da figura de Telêmaco podem ser indícios do tipo de autoridade que se instituía entre as famílias importantes e ricas. A riqueza das oferendas funerárias - com alto índice de objetos em bronze - insere-se, pois, em processo competitivo no âmbito de uma elite que, posteriormente, como grupo, estará a frente do poder político nas poleis. Assim, as tumbas principescas - como a de Lefkandi, na Eubeia -integram-se ao processo que a Arqueologia vem desvendando em sítios da Idade do Ferro Inicial, a partir do final do séc.X em várias regiões da Grécia metropolitana, e que culminara, no sec. VIII, com a emergência da polis.
As Colônias
A partir do século VIII, concomitantemente com a emergência das poleis na área balcânica, os gregos espalham colônias pelo Mediterrâneo. A área colonial grega do Ocidente é um excelente estudo de caso no que tange competição entre as cidades, incorporando, em um espectrum mais amplo, essa disputa. Por outro lado, o caso colonial esclarece, ao explicitar as suas diferenças, a própria situação das metrópoles.
As colônias fundadas não tinham obrigatoriamente tacos de dependência política ou econômica com as metrópoles, mas buscavam preservar e valorizavam muito a sua identidade helênica: conservavam os cultos, os padrões arquitetônicos e artísticos em geral, imitavam as novas tendências em todos os campos, importavam filósofos e artistas. Ao mesmo tempo, também buscavam assegurar a sua independência. A arte provê as colônias de meios efetivos de expressado para demonstrar seu sucesso. Especialmente nos santuários pan-helênicos criava-se o ambiente ideal para o desenvolvimento e a exposição da arte.
As Cidades e os Jogos Olímpicos
A emergência da cidade como uma forma de estado e uma forma de vida são contemporâneos do surgimento de um fenômeno religioso original e, ao mesmo tempo, consequente desse arranjo político: os santuários "supracidades". Nesta categoria, incluem-se os santuários pan-helênicos de Olímpia, Delfos, Nemeia. Localizavam-se afastados das maiores cidades da Grécia e, embora sob o controle administrativo de cidades-Estadovizinhas ou de uma anfictiônia, assumiam uma aura de neutralidade. Assim, formavam-se em locais ideais para a interação política.
Eram locais onde gregos podiam encontrar outros gregos em condições de igualdade para competir e estabelecer pactos, consignar a superioridade em competições atléticas, ler a propaganda um do outro, sob a forma de inscrições dedicatórias, inteirar-se das novidades. Sem os santuários pan-helênicos, a cultura grega poderia não ter atingido tal riqueza, decorrente da constante exposição a estímulos e variações regionais. Gregos podiam compartilhar com outros gregos as últimas tendências em técnicas e tendências em arte, que traziam de diferentes partes do mundo. Ou então, como afirma Spivey (Greek Art, p. 126): "Quando não estavam lutando em campos de batalha, Delfos oferecia a estes estados um stadium para disputas atléticas".
Os santuários pan-helênicos eram a arena perfeita para a competição entre todas as cidades integrantes da comunidade cultural grega. Se os templos gregos já eram verdadeiros museus de guerra, o mesmo pode ser dito em relação aos thesauroi, edificações que as cidades construíam no espaço dos santuários pan-helênicos. Além da construção arquitetonicamente bem elaborada - reproduzindo um templo em tamanho menor - e da decoração bem cuidada, os tesouros estavam repletos de oferendas valiosas e botins de guerra. Sua função era claramente propagandística. Os botins de guerra eram para serem vistos por todos e possuíam inscrições apropriadas, especificando o vencedor e o vencido. Tanto em Olímpia quanto em Delos os tesouros estavam localizados em posição de destaque nos santuários, próximos às áreas de maior circulação dos visitantes.
Quando o grande templo de Zeus foi consagrado em Olímpia, um enorme escudo - troféu da guerra vencida pelos Eleanos - foi exposto em posição de destaque sobre o pedimento. Os tesouros eram símbolos do poder das cidades que os erigiam, pois abrigavam, como já foi dito, botins e troféus de guerra, assinalavam, pelas inscrições, vencedores e vencidos. Em síntese, estavam em sintonia com o ambiente altamente politizado do santuário e dos jogos realizados em Olímpia.
A competição nos santuários proporcionava oportunidades também para o estrelato político; não era por acaso que alguns vencedores olímpicos emergiam como políticos de destaque: foi o caso de Cílon, por exemplo. Tucídides (1.126), ao descreve-lo, destaca três pontos: sua vitória olímpica, sua origem em uma família nobre e seu poder pessoal. Também a respeito de Cimon, vencedor por três vezes sucessivas em Olímpia, atribuía-se alta popularidade em Atenas, o que gerou desconfiança a respeito de seus propósitos políticos e consequente assassinato pelos agentes de Pisístrato. (MORGAN; ATHLETES, p. 212).
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