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Criada como um ponto de difusão da cultura japonesa para a comunidade internacional, a Japan House combina tradição e modernidade. Da fachada impactante aos interiores minimalistas, a edificação foi projetada pelo consagrado arquiteto Kengo Kuma, em parceria com o FGMF Arquitetos. Localizado na icônica avenida Paulista, o edifício possui 2.500 m² distribuídos em três andares. No programa há salas de exposições, biblioteca multimídia com 1.900 livros, café, restaurante e duas lojas com artigos nipônicos.
Os espaços internos foram pensados para serem quase todos de uso múltiplo
Lourenço Gimenes
O projeto foi conduzido de modo a garantir a flexibilidade e a neutralidade necessárias a um local em que as exposições devem ser destaque. “Os espaços internos foram pensados para serem quase todos de uso múltiplo”, afirma o arquiteto Lourenço Gimenes, sócio titular do FGMF. Daí a ampla utilização de divisórias retráteis e de grandes portas de correr que podem criar novas composições de espaço. Nos interiores minimalistas, chamam a atenção os forros e as divisórias compostos de malha expandida recobertos de massa de papel (washii) e que criam planos translúcidos e leves.
REFORMA E AMPLIAÇÃO
A construção da Japan House em São Paulo consistiu de uma intervenção relativamente simples, aproveitando uma estrutura existente que foi reforçada com fibra de carbono e acrescida de estruturas metálicas.
O engenheiro Luis Eduardo Cavagioni, gerente de obras da construtora Toda, conta que todo o serviço transcorreu em oito meses. Entre as atividades que aconteceram ao longo desse período destaca-se a demolição da laje, necessária para a construção do conjunto de escada, elevador e rampa de acesso.
FACHADA ARTESANAL
O elemento de maior complexidade na construção da Japan House foi a fachada principal do edifício, que utilizou seis toneladas de tábuas de hinoki, madeira aromática extraída de um tipo de pinheiro e muito usada na construção de templos sagrados japoneses.
Kuma conta que a inspiração para o uso do material surgiu após uma visita ao Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera, desenhado por Sutemi Horiguchi. Tanto no Pavilhão do Parque, quanto no centro cultural recém-inaugurado, as peças de madeira são encaixadas por junções meticulosamente talhadas. Para garantir precisão às conexões, as peças utilizadas na Japan House foram produzidas e pré-montadas no Japão antes de embarcarem para São Paulo, onde foram montadas por cinco artesãos japoneses mestres nesse tipo de técnica.
Já a fachada lateral do edifício empregou elementos vazados, como cobogós e brises de madeira, definindo uma linguagem marcante e facilmente identificável na paisagem urbana.
KENGO KUMA
Conhecido pelo uso criativo de materiais naturais e por propor uma releitura contemporânea de técnicas construtivas tradicionais japonesas, Kengo Kuma tem entre seus projetos mais famosos o Conservatório de Música em Aix-em-Provence e a Cite des Arts et de la Culture em Besançon, ambos na França, além do Victoria and Albert Museum, na Escócia. Kuma também é o autor do estádio olímpico de Tóquio, que será o principal palco dos Jogos Olímpicos realizados na cidade em 2020.
Sobre a Japan House, o arquiteto diz que um dos propósitos do projeto foi estreitar a colaboração cultural entre o Brasil e o Japão. “No caso do uso da madeira, por exemplo, japoneses e brasileiros trabalharam de perto para expressar as melhores características arquitetônicas de ambas as culturas através desse material”, revela. Segundo Kuma, o grande charme da arquitetura brasileira decorre do espírito aberto e livre de seus arquitetos. Isso, combinado com a sensibilidade japonesa, cria uma interação especial que se reflete na Japan House. “Espero que todos os visitantes possam sentir essa química, assim como eu”, conclui o arquiteto japonês.

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