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Capítulo 1 – Evolução Histórica da Contabilidade Prof. Moreira Curso de Ciências Contábeis 2° TERMO Profª Esp. Ana Lucia Pereira de Oliveira Analucia_alpo@hotmail.com TEORIA DA CONTABILIDADE APOSTILA SUMÁRIO SUMÁRIO ...................................................................................................................... 1 CAPÍTULO 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE ..............................6 1.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1.2 EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA CONTÁBIL ..................................................................... 1.2.1 Período Antigo .................................................................................................... 1.2.2 Período Medieval ................................................................................................ 1.2.3 Período Moderno ................................................................................................ 1.2.4 Período Científico.............................................................................................. CAPÍTULO 2 NOÇÕES PRELIMINARES ................................................................. 14 2.2 CONCEITO DE CONTABILIDADE ......................................................................... 2.3 USUÁRIOS DA CONTABILIDADE ......................................................................... 2.4 RAMOS DA CONTABILIDADE .............................................................................. 2.5 A CONTABILIDADE COMO PROFISSÃO ............................................................. 2.6 RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL ......................................................... CAPÍTULO 3 O PATRIMÔNIO ..................................................................................21 3.1 CONCEITO.............................................................................................................. 3.2 BENS....................................................................................................................... 3.3 DIREITOS................................................................................................................ 3.4 OBRIGAÇÕES ........................................................................................................ 3.5 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO................................................. 3.6 ELEMENTOS PATRIMONIAIS ............................................................................... 3.7 PATRIMÔNIO LÍQUIDO.......................................................................................... 3.7.1 Situações ou Estados Patrimoniais................................................................... CAPÍTULO 4 CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS I ......................29 4.1 BALANÇOS SUCESSIVOS .................................................................................... 4.2 OPERAÇÕES.......................................................................................................... CAPÍTULO 5 CONTAS DE RESULTADO .................................................................36 5.1 RECEITAS .............................................................................................................. 5.2 DESPESAS ............................................................................................................. 5.3 APURAÇÃO DO RESULTADO .............................................................................. 5.4 REGIME DE COMPETÊNCIA ................................................................................. 5.5 REGIME DE CAIXA ................................................................................................ 5.6 REGIME DE COMPETÊNCIA × REGIME DE CAIXA ............................................. CAPÍTULO 6 CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS II.....................42 6.1 ATIVO × DESPESA ................................................................................................ 6.2 OPERAÇÕES..........................................................................................................53 CAPÍTULO 7 BALANÇO PATRIMONIAL................................................................ 7.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7.2 ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS ......................................................... 7.3 CONCEITO DE CURTO E LONGO PRAZOS......................................................... 7.4 GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO......................................................................... 7.4.1 Ativo Circulante ................................................................................................. 7.4.2 Ativo Não-Circulante ......................................................................................... 7.4.2.1 Ativo Realizável a Longo Prazo.................................................................. 7.4.2.2 Investimentos ............................................................................................. 7.4.2.3 Imobilizado ................................................................................................. 7.4.2.4 Intangível .................................................................................................... 7.5 GRUPOS DE CONTAS DO PASSIVO.................................................................... 7.5.1 Passivo Circulante ............................................................................................ 7.5.2 Passivo Não-Circulante..................................................................................... 7.5.3 Patrimônio Líquido ............................................................................................ 7.6 BALANÇO PATRIMONIAL – UM RESUMO........................................................... 7.7 ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL (VIGENTE) .................................... CAPÍTULO 8 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ....................65 8.1 EFEITO DO LUCRO NO BALANÇO ...................................................................... 8.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ......................................... 8.3 COMO APURAR A RECEITA LÍQUIDA ................................................................. 8.4 COMO APURAR O LUCRO BRUTO ...................................................................... 8.5 DIFERENÇA ENTRE DESPESA E CUSTO............................................................ 8.6 COMO APURAR O RESULTADO ANTES DO IR E CS ......................................... 8.7 COMO APURAR O RESULTADO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES ...................... 8.8 COMO APURAR O RESULTADO LÍQUIDO .......................................................... 8.9 ESTRUTURA COMPLETA DA DRE....................................................................... CAPÍTULO 9 PRINCÍPIOS E NORMAS CONTÁBEIS ..........................................75 9.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE SEGUNDO A RESOLUÇÃO CFC 750/93 ......................................................................................... 9.1.1 Princípio da Entidade .................................................................................... 9.1.2 Princípio da Continuidade ............................................................................. 9.1.3 Princípio da Oportunidade ............................................................................9.1.4 Princípio do Registro pelo Valor Original ...................................................... 9.1.5 Princípio da Atualização Monetária............................................................... 9.1.6 Princípio da Competência ............................................................................. 9.1.7 Princípio da Prudência .................................................................................. CAPÍTULO 10 DÉBITO E CRÉDITO ....................................................................... 79 10.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10.2 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS ........................................................... 10.3 NATUREZA DAS CONTAS ................................................................................ 10.4 RAZONETE ......................................................................................................... 10.5 EXEMPLO PRÁTICO .......................................................................................... CAPÍTULO 11 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ........................................................ 87 11.1 LIVRO DIÁRIO .................................................................................................... 11.1.1 Exemplo de Lançamento no Diário (bicolunado) .......................................... 11.1.2 Diário Manuscrito (três colunas) ................................................................... 11.1.3 Fórmulas de Lançamentos............................................................................ 11.2 RAZÃO ................................................................................................................ 11.2.1 Exemplo de Lançamento no Razão .............................................................. 11.3 PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DA ESCRITURAÇÃO ............................... 11.4 VANTAGENS DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL............................................... 11.5 PADRONIZAÇÃO DE HISTÓRICOS .................................................................. 11.6 RESPONSABILIDADE PELA ESCRITURAÇÃO ............................................... 11.7 SPED................................................................................................................... 11.7.1 SPED Contábil .............................................................................................. BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................102. 6 CAPÍTULO 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE 1.1 INTRODUÇÃO A história da Contabilidade é tão antiga quanto a própria História da Civilização e du- rante um longo período, foi tida como a arte da escrituração mercantil. Utilizava técni- cas específicas que se foram aperfeiçoando e especializando. Nos primeiros tempos da Humanidade havia apenas o senso do coletivo em tribos pri- mitivas. Com o rompimento da vida comunitária surgiram as divisões e o senso de pro- priedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual. Ao morrer, o espólio deixado pelo indivíduo era passado como herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se patrimônio. O ter- mo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados. A origem da Contabilidade está ligada à necessidade de registros do comércio. O homem enriquecia, e isso impunha o estabelecimento de técnicas para controlar e pre- servar os seus bens. À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros. Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. 7 Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa administrada. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios. À medida que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se refi- na. No período medieval, diversas inovações na Contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela igreja. 1.2 EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA CONTÁBIL Podemos resumir a evolução da ciência contábil da seguinte forma: Período Antigo, Período Medieval, Período Moderno e Período Científico. 1.2.1 Período Antigo A Contabilidade empírica praticada pelo homem primitivo, já tinha como objeto, o Pa- trimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes de processar os seus registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos. O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado para o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, escravos etc. A palavra Conta designa o agrupamento de itens da mesma espécie. As primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando o homem conseguiu fazer os seus primeiros desenhos e gravações. Os registros combi- navam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal cuja existência se queria controlar e o número correspondente às cabeças existentes. 8 Com a dinamização do Sistema Contábil, os registros se tornaram diários e, posterior- mente, foram sintetizados em papiros ou tábuas, no final de determinados períodos, o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual. Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas. Reconhecia-se a receita, a qual era confrontada com a despesa. Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da Contabilidade, e seus registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo. A escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os escriturários zelosos e sérios em sua profissão. O inventá- rio revestia-se de tal importância, que a contagem do boi, divindade adorada pelos e- gípcios, marcava o início do calendário adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de forma primitiva, controles administrativos e financeiros. As Partidas de Diário assemelhavam-se ao processo moderno: o registro iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, transporte, se ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas. Pode-se citar, entre outras contas: Conta de Pagamento de Escravos, Conta de Vendas Diárias, Conta Sintética Mensal dos Tributos Diversos, etc. Tudo indica que foram os egípcios os primeiros povos a utilizar o valor monetário em seus registros. Usavam como base, uma moeda, cunhada em ouro e prata, denomina- da "Shat". Era a adoção, de maneira prática, do Princípio do Denominador Comum Monetário. Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais no tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam a conta do que se tinha (Gênesis 41:49). Houve um homem muitorico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente descrito no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inventário é apresentado em Jó, capítulo 42, verso 12. 9 Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados (I Reis 4:22-26 e 10:14- 17). Em uma parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (Lucas 14:28-30). Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua dívida registrada (Mateus 18:23-27). Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o controle de ativos era prática co- mum. 1.2.2 Período Medieval Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liber Abaci, de Leonardo Pisano. Estudavam- se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc., tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros. Se os sumérios-babilônios plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a rega- ram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita. Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da Contabi- lidade. A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos ve- nezianos, surgindo, como conseqüência das necessidades da época, o Livro-Caixa, que recebia registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o Débito e o Crédito, oriundos das relações entre direitos e obriga- ções, e referindo-se, inicialmente, a pessoas. O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a conseqüência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando 10 os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa. No final do século XIII apareceu, pela primeira vez a conta Capital, representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária. No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento; mão-de-obra direta agregada; armazenamento; tingi- mento etc., o que representava uma apropriação bastante analítica para época. A escri- ta já se fazia no moldes de hoje, considerando, em separado, gastos com matérias- primas, mão-de-obra direta a ser agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases separadamente, até que fossem transferidos ao exercí- cio industrial. 1.2.3 Período Moderno A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúme- ras riquezas que o Novo Mundo representava. A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comer- ciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimen- tos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos co- merciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados. O aparecimento da obra de Frei Lucca Paccioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. Escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito correspon- de a teoria dos números positivos e negativos. 11 Paccioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionali- tá, impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e Es- crituração. Paccioli, apesar de ser considerado o Pai da Contabilidade, não foi o criador das Par- tidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o Século XIV. O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir concei- tuava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e ra- zão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações: aquisições, permutas, sociedades; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de armazena- mento; lucros e perdas; sobre correções de erros; sobre arquivamento de contas e do- cumentos etc. Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Lucca Paccioli expôs a terminologia adap- tada: "Per", mediante o qual se reconhece o devedor; "A", pelo qual se reconhece o credor. Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até hoje. A obra de Paccioli não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu preceden- te que para novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a formalização da Contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período instau- rou-se a mercantilização, sendo as cidades italianas os principais interpostos do co- mércio mundial. Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da Contabilidade por um indiví- duo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores, pessoas devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria au- 12 mentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas nos séculos XVIII e XIX, que consagraram numerosas falências e a conseqüente necessi- dade de se proceder à determinação das perdas e lucros entre credores e devedores. 1.2.4 Período Científico O Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes autores consagra- dos: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que, com sua obra "La Con- tabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche", inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano. Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse inventa- do a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência da Ad- ministração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos. Nessa época, na Itália, a Contabilidade já chegara à universidade. A Contabilidade co- meçou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809. A obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre Contabilida- de, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de Professor Universitário. Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Contabilidade, segundo os quais escrituração e guarda livros poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Foi o início da fase científica da Contabilidade. Fábio Bésta, seguidor deFrancesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos. Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou muito perto de definir patrimônio como objeto da Contabilidade. Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. 13 A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-americana dentro da Contabilidade. Enquanto declinavam as escolas européias, floresciam as es- colas norte-americanas com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certield Public Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios contábeis; várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em pesquisas nos Estados Unidos. Havia uma total integração entre acadêmi- cos e os já profissionais da Contabilidade, o que não ocorreu com as escolas européi- as, onde as universidades foram decrescendo em nível e importância. A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por exem- plo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas, foi a causa primeira do esta- belecimento das teorias e práticas contábeis, que permitissem correta interpretação das informações, por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo. No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade colonial, exigin- do – devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados – um melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, res- ponsáveis por toda a arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal. Hoje, as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente fiscal, tornan- do-se, num mercado de economia complexa, vital para empresas, ao fornecer informa- ções mais precisas possíveis para tomada de decisões e para atrair investidores. O profissional vem ganhando destaque no mercado em Auditoria, Controladoria e Atuari- al. 14 CAPÍTULO 2 NOÇÕES PRELIMINARES 2.1 CONCEITO DE CONTABILIDADE A Contabilidade é uma ciência social que estuda e pratica as funções de controle per- manente e eficiente da gestão do Patrimônio de uma entidade. A Contabilidade é a forma mais organizada e eficaz de se controlar um empreendimento. A aplicação da Contabilidade na empresa tem por finalidade fornecer aos usuários in- ternos e externos, o máximo de informações úteis sobre aspectos de natureza econô- mica, financeira e física do Patrimônio e suas mutações. Isso compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos expressos sob a forma de rela- tos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios que possam auxiliar a tomada de de- cisões. O conceito de Contabilidade é aplicável a pessoas físicas ou jurídicas, independente da finalidade ou atividade destas. No entanto, na prática, ela é voltada mais para empre- sas, principalmente pelas exigências da legislação comercial e fiscal. 2.2 USUÁRIOS DA CONTABILIDADE De forma geral, o objetivo da Contabilidade é a geração de informações que serão utili- zadas por determinados usuários que buscam a realização de interesses e objetivos próprios. Os usuários podem ser tanto internos (pessoas que fazem parte da empresa) 6 Factoring são empresas que compram cheques pré-datados de lojistas cobrando comissão. 15 como externos. Como usuários internos das informações produzidas pela Contabilida- de, podemos ter: O Empresário, os sócios ou acionistas da sociedade: usam as informações contábeis para avaliar o retorno do capital investido, valorização da empresa etc. Diretores, gerentes e administradores dos diversos níveis: utilizam as in- formações para otimização de decisões, definição de mix de produtos, custos, ponto de equilíbrio, preço etc. Empregados: visam analisar a capacidade de pagamento dos salários, pers- pectivas de crescimento. Como usuários externos podemos ter: Bancos: utilizam os relatórios para aprovar empréstimos, limite de crédito etc. Fornecedores: usam os relatórios para analisar a capacidade de pagamento da empresa compradora. Clientes (no caso de Licitação7): em processos licitatórios, a ente público po- derá exigir das empresas licitantes a apresentação das demonstrações contá- beis, para a análise da capacidade financeira. Governo (fiscalização): não só usa os relatórios contábeis com a finalidade de arrecadação de impostos como também para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia. Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator preponderante para reajuste de salários. Investidores: é através dos relatórios contábeis que se identifica a situação e- conômico-financeira da empresa; dessa forma, o investidor tem às mãos ele- mentos necessários para decidir sobre as melhores alternativas de investimen- tos. Os relatórios evidenciam a capacidade da empresa em gerar lucros e outras informações. Candidatos a emprego: analisam a capacidade de pagamento dos salários e as perspectivas de crescimento. 7 Licitação é o procedimento administrativo para contratação de serviços ou aquisição de produtos pelos governos Federal, Estadual, Municipal ou entidades de qualquer natureza. Para licitações, no Brasil, por entidades que faça uso da verba pública, o processo é regulado pela lei ordinária brasileira nº 8.666/93. 16 2.3 RAMOS DA CONTABILIDADE Para efeitos didáticos, a Contabilidade normalmente é dividida em áreas ou ramos. Es- ta divisão tem por objetivos o aprimoramento das técnicas aplicadas a determinadas atividades e o estudo de aspectos específicos da Contabilidade. As áreas da Contabili- dade podem ser estudadas de forma autônoma. No entanto, elas não são matérias in- dependentes, pois tratam do mesmo assunto: o patrimônio. Assim, a Contabilidade po- de ser dividida em: Contabilidade Geral (Financeira); Contabilidade de Custos; Contabilidade das Instituições Financeiras; Contabilidade Pública; Contabilidade Agropecuária; Contabilidade de Seguros; Contabilidade Tributária; Contabilidade Internacional; Contabilidade Gerencial, etc. 19 A Contabilidade Geral é a Contabilidade Financeira, necessária a todas as empresas. Fornece informações básicas aos seus usuários e é obrigatória conforme legislação comercial. A Contabilidade Gerencial por sua vez, é voltada para fins internos, procura suprir os gestores de um elenco maior de informações, exclusivamente para tomada de deci- sões. O profissional que exerce a Contabilidade Gerencial é conhecido como Controller. 2.4 A CONTABILIDADE COMO PROFISSÃO A contabilidade é uma das profissões que mais proporcionam oportunidades para o profissional. O estudante que optou pelo curso de Ciências Contábeis terá inúmeras alternativas, conforme demonstrado a seguir: 20 2.5 RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL A escrituração contábil da empresaé de responsabilidade exclusiva do profissional qualificado (Técnico de Contabilidade ou Contador) devidamente registrado no CRC (Conselho Regional de Contabilidade). De acordo com a Resolução CFC8 n.º 1.167/09, que dispõe sobre o Registro Profissio- nal dos Contabilistas, somente poderá exercer a profissão contábil, em qualquer moda- lidade de serviço ou atividade, segundo normas vigentes, o Contabilista registrado em CRC. Todos os demonstrativos contábeis, tais como: Balanço Patrimonial, Demonstrações de Resultado e quaisquer documentos contábeis devem ser assinados por Técnico de Contabilidade ou Contador, com indicação do número do registro no CRC. Esses pro- fissionais, dentro do âmbito de sua atuação e no que se referir à parte técnica, serão responsabilizados, por qualquer falsidade dos documentos que assinarem e pelas irre- gularidades de escrituração praticadas para fraudar impostos. 8 CFC (Conselho Federal de Contabilidade): Tem, dentre outras finalidades, nos termos da legislação em vigor, principalmente a de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermé- dio dos Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no Distrito Federal; decidir, em última instância, os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos Regio- nais, além de regular acerca dos princípios contábeis, do cadastro de qualificação técnica e dos progra- mas de educação continuada, bem como editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profissional. 21 CAPÍTULO 3 O PATRIMÔNIO 3.1 CONCEITO O Patrimônio é o campo de atuação da Contabilidade, e representa o conjunto de Bens, Direitos (valores a receber) e Obrigações (valores a pagar) de propriedade de uma pessoa física ou jurídica. 3.2 BENS Bens, no sentido geral, são todas as coisas úteis, capazes de satisfazer as necessida- des das pessoas ou empresas. Podem ser classificados em: a) Bens Tangíveis: têm existência física, são palpáveis, e classificam-se em: Bens Numerários: dinheiro; Bens de Venda: estoque de mercadorias, estoque de matérias-primas, esto- que de produtos em fabricação, estoque de produtos acabados; Bens de Uso: imóveis, terrenos, móveis e utensílios, veículos, máquinas e equipamentos, computadores, instalações; Bens de Renda: imóveis para aluguel. 22 b) Bens Intangíveis: não são palpáveis, não possuem existência física, como por exemplo: capital intelectual, marcas, direitos autorais, patentes de invenção (do- cumento pelo qual o Estado garante a pessoa ou empresa o direito exclusivo de explorar uma invenção), franquias, copyrights e softwares. 3.3 DIREITOS Em Contabilidade, entende-se por Direito ou Direito a receber, o poder de exigir algu- ma coisa, ou ainda, valores de propriedade da empresa em posse de terceiros. São exemplos de direitos: valores a receber, títulos a receber, contas a receber, aluguéis a receber, promissórias a receber, duplicatas a receber (ou clientes), aplicações financei- ras, adiantamentos a empregados, adiantamentos a fornecedores, ações, etc. Após um mês de trabalho, desde que o colaborador ou empregado seja mensalista, o mesmo tem o direito de receber seu salário ou ordenado. Dessa forma, salários a rece- ber é um direito. Se uma empresa deposita uma determinada quantia numa conta cor- rente, ela possui o direito de sacar essa importância a qualquer tempo. Assim, dinheiro depositado em bancos é um direito a receber. Numa empresa, o direito a receber mais comum é o proveniente das vendas a prazo, quando o pagamento pelo cliente não é efetuado no ato, mas no futuro. A empresa vendedora emite um título de crédito denominado Duplicata como um documento com- probatório. Esse direito é classificado como Duplicatas a Receber ou Clientes. 3.4 OBRIGAÇÕES Obrigações são dívidas com terceiros (fornecedores, empregados, Governo, bancos etc.). Em Contabilidade, são denominadas Obrigações a pagar ou exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, exigidos na data do vencimento. No caso dum empréstimo bancário, a empresa fica devendo ao banco (empréstimo a pagar). Se a obrigação não for quitada na data de vencimento, o banco exigirá o pagamento. 23 Uma Obrigação a pagar muito comum nas empresas é decorrente da compra de mer- cadorias a prazo (o contrário de duplicatas a receber). Ao comprar a prazo, a empresa 24 fica devendo ao fornecedor da mercadoria, sendo que essa dívida é conhecida como Fornecedores ou Duplicatas a Pagar. Outras obrigações exigíveis são: salários a pagar, impostos a recolher, financiamentos, promissórias a pagar, encargos sociais a pagar, aluguéis a pagar, contas de luz, água, gás, adiantamentos de clientes, etc. 3.5 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO O Patrimônio da Cia. Moreira pode ser representado graficamente da seguinte forma: Patrimônio da Cia. Moreira (em R$ mil) BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES BENS OBRIGAÇÕES Dinheiro 1.000 Empréstimos a Pagar 5.000 Veículos 7.000 Fornecedores (Dupl. a Pagar) 10.000 Imóveis 15.000 Salários a Pagar 6.000 Máquinas 5.000 Encargos Sociais a Pagar 5.500 Ferramentas 3.000 Financiamentos 5.000 Móveis e Utensílios 2.500 Impostos a Pagar 6.000 Marcas e Patentes 8.000 Aluguéis a Pagar 1.000 41.500 Títulos a Pagar 500 DIREITOS Promissórias a Pagar 800 Depósitos em Bancos 5.000 Contas a Pagar 500 Duplicatas a Receber 30.000 40.300 Títulos a Receber 15.000 Aluguéis a Receber 1.000 Ações 10.000 61.000 Na representação gráfica do patrimônio coloca-se os Bens e Direitos no lado esquerdo e as Obrigações no lado direito, por mera convenção. 25 3.6 ELEMENTOS PATRIMONIAIS No sistema patrimonial da pessoa jurídica, os elementos patrimoniais Bens e Direitos são registrados com a nomenclatura de ATIVO (lado positivo), refletindo as aplica- ções de recursos que os administradores fizeram dos recursos recebidos. Os elemen- tos patrimoniais classificados como Obrigações são registrados com a nomenclatura de PASSIVO (lado negativo), refletindo a origem dos recursos. O Patrimônio da Cia. Mo- reira pode ser representado agora, da seguinte forma: Patrimônio da Cia. Moreira (em R$ mil) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Dinheiro 1.000 Empréstimos a Pagar 5.000 Veículos 7.000Fornecedores (Dupl. a Pagar) 10.000 Imóveis 15.000 Salários a Pagar 6.000 Máquinas 5.000 Encargos Sociais a Pagar 5.500 Ferramentas 3.000 Financiamentos 5.000 Móveis e Utensílios 2.500 Impostos a Pagar 6.000 Marcas e Patentes 8.000 Aluguéis a Pagar 1.000 41.500 Títulos a Pagar 500 DIREITOS Promissórias a Pagar 800 Depósitos em Bancos 5.000 Contas a Pagar 500 Duplicatas a Receber 30.000 40.300 Títulos a Receber 15.000 Aluguéis a Receber 1.000 Ações 10.000 61.000 3.7 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Ao passar por uma rodovia e avistar uma fábrica, com letreiros luminosos, jardins ao redor, uma pessoa pode imaginar: “Como é grande o patrimônio desta empresa!” Há possibilidade, no entanto, de essa pessoa estar enganada, pois patrimônio envolve 26 também obrigações. A empresa poderá estar a um passo da falência ou completamen- te endividada. Assim também, se um amigo seu tem uma bela casa, um carro zero e outros bens, es- se patrimônio elevado não significa necessariamente grandes vantagens: pode ser que ele deva muitas prestações ao banco financiador, que seu carro e outros bens tenham sido financiados, que sua dívida seja consideravelmente grande. Riqueza, portanto, não se mede somente pelos bens. É necessário conhecermos a riqueza líquida da pessoa ou empresa: somam-se os bens e os direitos e, desse total, subtraem-se as obrigações; o resultado é a riqueza líquida, ou seja, a parte que sobra do patrimônio para a pessoa ou empresa, denomi- nada patrimônio líquido ou situação líquida. Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações O Patrimônio da Cia. Moreira pode ser representado resumidamente da seguinte for- ma: Cia. Moreira Balanço Patrimonial em 31-12-X1 (em R$ mil) ATIVO PASSIVO Bens 41.500 Obrigações 40.300 Direitos 61.000 Patrimônio Líquido 62.200 Total do Ativo 102.500 Total do Passivo 102.500 Observe que o gráfico patrimonial aparece agora com o título Balanço Patrimonial. A palavra balanço decorre do equilíbrio: Ativo = Passivo, ou da igualdade: Aplicações = Origens. Parte-se da idéia de uma balança de dois pratos, onde sempre encontrarmos a igualdade. Mas em vez de se denominar balança denomina-se balanço. O termo pa- trimonial tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e 27 obrigações. Daí o chamar-se patrimonial. Em sentido amplo, o balanço evidencia a si- tuação patrimonial da empresa em determinada data. Note que agora temos dois tipos de obrigações registradas sob a nomenclatura Passi- vo. A primeira (Obrigações) representa os compromissos ou obrigações que a empresa contraiu com terceiros, e que tem um tempo determinado para promover a liquidação, também chamadas de Passivo exigível ou Capital de Terceiros. A segunda repre- senta as obrigações da empresa com os seus proprietários, que, assumindo o risco das atividades empresariais, mantém os seus capitais a serviço da sociedade por tempo indeterminado, chamados assim de Passivo não exigível ou Capital Próprio. Devemos ter em mente que, a equação do Patrimônio somente deve ser usada quando é necessário conhecer a Situação Patrimonial Líquida de uma empresa que não man- tém escrita fiscal regular, seja por ser informal, ou estar dispensada pela legislação brasileira fiscal. Caso a empresa mantenha escrita contábil regular, a Situação Líquida já estará registrada contabilmente, mediante os elementos que compõem o grupo do Patrimônio Líquido. 3.7.1 Situações ou Estados Patrimoniais Podemos ter três situações líquidas patrimoniais possíveis: Situação Patrimonial Líquida Positiva: quando os bens e direitos excedem o valor das obrigações exigíveis. Exemplo: ATIVO PASSIVO Bens 10.000 Obrigações 7.000 Direitos 5.000 Patrimônio Líquido 8.000 Total do Ativo 15.000 Total do Passivo 15.000 Situação Patrimonial Líquida Negativa (Passivo a Descoberto): quando a os bens e direitos forem menores que as obrigações exigíveis. Exemplo: 28 ATIVO PASSIVO Bens 10.000 Obrigações 18.000 Direitos 5.000 Patrimônio Líquido (3.000) Total do Ativo 15.000 Total do Passivo 15.000 Situação Patrimonial Líquida Nula: quando os bens e direitos forem iguais às obrigações exigíveis. Exemplo: ATIVO PASSIVO Bens 10.000 Obrigações 15.000 Direitos 5.000 Patrimônio Líquido - Total do Ativo 15.000 Total do Passivo 15.000 Veja a seguir um quadro resumo: Situação Fórmula Positiva (Bens + Direitos) > Obrigações Negativa (Bens + Direitos) < Obrigações Nula (Bens + Direitos) = Obrigações 30 CAPÍTULO 4 CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS I 4.1 BALANÇOS SUCESSIVOS A Contabilidade por balanços sucessivos é bastante simples: a cada operação realiza- da pela empresa faz-se a alteração em um novo balanço. Para averiguar se as modificações efetuadas estão corretas, basta observar se o total do Ativo é igual ao total do Passivo, pois o equilíbrio do Balanço Patrimonial jamais po- de ser afetado com o registro de uma transação. No caso de diferença, deve-se revisar todo o trabalho realizado, pois certamente houve um erro de lançamento9. 4.2 OPERAÇÕES A Contabilidade utiliza-se de uma das maiores convenções da humanidade: o método das partidas dobradas10, no qual, para cada operação ou fato administrativo11, o Con- tador identifica e registra a origem (de onde veio o recurso) e a aplicação (onde foi apli- cado o recurso). Veja a seguir, o impacto de cada transação no Balanço Patrimonial: Fato 1 – Constituição de uma Empresa: Moreira e Franco, pessoas físicas, resolve- ram constituir uma sociedade (pessoa jurídica) que terá a seguinte razão social: Morei- ra & Franco Comércio Ltda. Para tanto assinaram um Contrato Social, datado de 02/01/X1, e disponibilizaram à sociedade, a importância de R$ 100.000,00 (em dinhei- ro) cada um, que passa a constituir o Capital Social da nova entidade: 9 Lançamento contábil é a forma como a Contabilidade registra os fatos que afetam (ou que possam vir a afetar) o patrimônio da empresa. 10 Ver tópico 1.3 - Período Moderno. 11 Acontecimentos que provocam variações nos elementos do patrimônio. 31 Aplicação (onde foi aplicado o recurso): Caixa (dinheiro) Origem (de onde veio o recurso): Capital Social ATIVOPASSIVO BENS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa (Dinheiro) 200.000 Capital Social 200.000 Total do Ativo 200.000 Total do Passivo 200.000 Fato 2 – Depósito em Banco: em 03/01/X1 foi aberta uma conta bancária no Banco “X” com depósito inicial de R$ 190.000,00: Aplicação: Banco Origem: Caixa ATIVO PASSIVO BENS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 10.000 Capital Social 200.000 DIREITOS Banco 190.000 Total do Ativ o 200.000 Total do Passivo 200.000 Fato 3 – Empréstimo Bancário12: em 10/01/X1 foi realizado um empréstimo bancário, no valor de R$ 50.000,00, sendo o valor creditado na conta bancária da empresa: Aplicação: Banco Origem: Empréstimos ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa (Dinheiro) 10.000 Empréstimos a Pagar 50.000 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 240.000 Capital Social 200.000 Total do Ativo 250.000 Total do Passivo 250.000 12 Para fins didáticos, não estão sendo considerados os encargos decorrentes de empréstimos, neste momento. 32 Fato 4 – Compra de Móveis e Utensílios à Vista: em 15/01/X1, a empresa efetuou a compra de móveis e utensílios para uso no escritório da empresa, no valor de R$ 5.000,00, sendo o pagamento realizado com cheque da empresa: Aplicação: Móveis e Utensílios Origem: Banco ATIVO PASSIVO BENS Caixa (Dinheiro) 10.000 OBRIGAÇÕES Empréstimos a Pagar 50.000 Móveis e Utensílios 5.000 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 235.000 Capital Social 200.000 Total do Ativo 250.000 Total do Passivo 250.000 Fato 5 – Compra de Veículo à Vista: em 19/01/X1, a empresa adquiriu um veículo, à vista, no valor de R$ 60.000,00, sendo o pagamento efetuado em cheque: Aplicação: Veículo Origem: Banco ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa (Dinheiro) 10.000 Empréstimos a Pagar 50.000 Móveis e Utensílios 5.000 Veículo 60.000 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 175.000 Capital Social 200.000 Total do Ativo 250.000 Total do Passivo 250.000 Fato 6 – Compra de Mercadorias para Revenda a Prazo com Entrada: em 20/01/X1, a empresa realizou uma compra de mercadorias para revenda, no valor de 34 R$ 150.000,00, sendo R$ 100.000,00 pagos através de cheque da empresa, e o res- tante a prazo: Aplicação: Estoque de Mercadorias Origem: Banco / Fornecedores ATIVO PASSIVO BENS Caixa (Dinheiro) 10.000 OBRIGAÇÕES Empréstimos a Pagar 50.000 Móveis e Utensílios 5.000 Fornecedores 50.000 Veículo 60.000 Estoque de Mercadorias 150.000 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 75.000 Capital Social 200.000 Total do Ativo 300.000 Total do Passivo 300.000 Fato 7 – Pagamento a Fornecedor: em 05/02/X1, o tesoureiro efetuou o pagamento ao fornecedor de mercadorias, no valor de R$ 50.000,00, através de cheque: Aplicação: Fornecedor (pagamento) Origem: Banco ATIVO PASSIVO BENS Caixa (Dinheiro) 10.000 OBRIGAÇÕES Empréstimos a Pagar 50.000 Móveis e Utensílios 5.000 Fornecedores - Veículo 60.000 Estoque de Mercadorias 150.000 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 25.000 Capital Social 200.000 Total do Ativo 250.000 Total do Passivo 250.000 Fato 8 – Saque de Dinheiro: em 06/02/X1, foi efetuado um saque da conta bancária no valor de R$ 2.000,00, para aumento da reserva de caixa: 35 Aplicação: Caixa Origem: Banco ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa (Dinheiro) 12.000 Empréstimos a Pagar 50.000 Móveis e Utensílios 5.000 Fornecedores - Veículo 60.000 Estoque de Mercadorias 150.000 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 23.000 Capital Social 200.000 Total do Ativo 250.000 Total do Passivo 250.000 36 CAPÍTULO 5 CONTAS DE RESULTADO 5.1 RECEITAS As Receitas correspondem às vendas de produtos, mercadorias ou prestação de ser- viços. No Balanço Patrimonial, as receitas são refletidas através da entrada de dinheiro no Caixa (Vendas a Vista) ou através de direitos a receber (Vendas a Prazo). É impor- tante notar que, a Receita sempre aumenta o Ativo, embora nem todo aumento de Ati- vo representa uma Receita, como é o caso dos Empréstimos e Financiamentos bancá- rios. São exemplos de Receitas: Receitas de Vendas de Mercadorias; Receitas de Vendas de Produtos; Receitas de Prestação de Serviços; Descontos Obtidos; Aluguéis Ativos; Juros Ativos. 5.2 DESPESAS As Despesas representam o sacrifício ou esforço da empresa para se obter Receita. Todo consumo de bens ou serviços com o objetivo de gerar Receita é considerado Despesa. O consumo de materiais, por exemplo, é considerado uma Despesa. Neste caso, no ato em que o material dá entrada no Almoxarifado, o valor é contabilizado co- mo bem no Ativo Circulante, e quando o mesmo é requisitado por alguma área para ser consumido, o valor do bem é transferido para Despesa. A Despesa é refletida no Balanço Patrimonial, pela redução do Caixa (quando é paga a vista), ou mediante aumento de uma dívida - Passivo (quando a despesa é contraída no presente para ser paga no futuro - a prazo). A despesa pode ainda originar-se de outras reduções de Ativo (além do Caixa), como é o caso do desgaste dos bens do I- mobilizado (depreciação) etc. Todo dinheiro que sai do Caixa para pagamento de uma despesa denomina-se Desembolso. 37 São exemplos de Despesas: Água e Esgoto; Aluguéis Passivos; Café e Lanches; Combustíveis; Descontos Concedidos; Despesas Bancárias; Energia Elétrica; Fretes e Carretos; Impostos e Taxas; Juros Passivos; Serviços de Terceiros; Telefones; Orde- nados e salários; Seguros. Operações A Vista A Prazo Receita + Caixa + Duplicatas a Receber Despesa – Caixa + Contas a Pagar Veja a seguir, um exemplo de Balanço Patrimonial, incluindo as contas de Resultado (Receitas e Despesas). Note que as Despesas, por convenção, são elencadas do lado esquerdo e as Receitas do lado direito: ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 20.000 Empréstimo 35.000 Mercad. p/ Revenda 50.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 10.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 30.000 Total do Ativo 360.000 Total do Passivo 335.000 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 50.000 Vendas de Mercadorias 100.000 Salários 25.000 Rendimento Aplicações 5.000 Água, Luz e Telefone 5.000 Total das Despesas 80.000 Total das Receitas 105.000 ATIVO + DESPESAS 440.000 PASSIVO + RECEITAS 440.000 Como apresentado acima, podemos expressar da seguinte forma a equação contábil:ATIVO + DESPESAS = PASSIVO + RECEITAS 38 5.3 APURAÇÃO DO RESULTADO A cada exercício social a empresa deve apurar o resultado do seu negócio, para averi- guar se obteve lucro ou prejuízo. Este trabalho é feito através da confrontação das Re- ceitas e Despesas. Se o total das Receitas for maior que o total das Despesas, a em- presa obteve Lucro. Caso contrário, Prejuízo. Exemplo 1 Receita 100.000,00 ( – ) Despesa (60.000,00) ( = ) Lucro 40.000,00 Exemplo 2 Receita 60.000,00 ( – ) Despesa (100.000,00) ( = ) Prejuízo (40.000,00) 5.4 REGIME DE COMPETÊNCIA É universalmente adotado e aceito pelo Imposto de Renda. Evidencia o resultado de forma mais adequada e completa. As regras são: Receita: será contabilizada no período em que for gerada, independentemente do seu recebimento. Dessa forma, se a empresa vendeu a prazo em Maio/05 para receber em Junho/05, considera-se que a receita foi gerada em Maio/05 e deverá pertencer a este mês; Despesa: será contabilizada no período em que for incorrida, consumida, utili- zada, independentemente do pagamento. Assim, se em Maio/05 a empresa pa- gar os salários de seus colaboradores (que trabalharam em Abril/05), a despesa pertence a Abril/05, pois foi neste período que ela efetivamente incorreu. 40 Dessa forma, toda despesa gerada num determinado período (mesmo que ainda não tenha sido paga) será subtraída do total da receita gerada no mesmo período (mesmo que ainda não tenha sido recebida), apurando-se o respectivo resultado, pelo regime de competência. 5.5 REGIME DE CAIXA É uma forma simplificada de contabilidade, aplicado basicamente às microempresas ou entidades sem fins lucrativos. As regras básicas são: Receita: será contabilizada no momento do seu recebimento, ou seja, quando entrar dinheiro no caixa; Despesa: será contabilizada no momento do pagamento, ou seja, quando sair dinheiro do caixa (desembolso). Assim, o resultado será apurado, pelo regime de caixa, subtraindo-se toda despesa paga da receita recebida. 5.6 REGIME DE COMPETÊNCIA × REGIME DE CAIXA A Cia. Moreira vendeu em X1, $ 100.000 e só recebeu $ 60.000 (o restante será rece- bido em X2). Teve como despesa incorrida $ 80.000 e pagou somente $ 50.000 até o último dia do ano X1. Os resultados pelos dois regimes seriam: Resultado Competência Caixa Receita 100.000,000 60.000,00 ( – ) Despesa (80.000,00) (50.000,00) ( = ) Lucro/Prejuízo 20.000,00 10.000,00 41 A Cia. Franco Ltda. vendeu em Dezembro/2004 uma máquina por R$ 120.000,00, para ser paga da seguinte forma: R$ 50.000,00 de entrada; R$ 35.000,00 para 30 dias (Ja- neiro/2005) e R$ 35.000,00 para 30 dias (Fevereiro/2005). A mesma máquina foi comprada pelo valor de R$ 80.000,00 no mês de Novem- bro/2004 a ser paga da seguinte forma: R$ 40.000,00 de entrada; R$ 20.000,00 para 30 dias (Dezembro/2004) e R$ 20.000,00 para 60 dias (Janeiro/2005). Sem considerar impostos, o resultado da Cia. Franco no exercício de 2004, pelos dois regimes seria: Resultado Competência Caixa Receita 120.000,00 50.000,00 ( – ) Despesa (80.000,00) (60.000,00) ( = ) Lucro/Prejuízo 40.000,00 (10.000,00) 42 CAPÍTULO 6 CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS II 6.1 ATIVO × DESPESA No lado do Ativo, Balanço Patrimonial, encontram-se os itens que trarão benefícios fu- turos para a empresa. No momento em que esses itens perderem a capacidade de tra- zer benefícios, passarão a ser classificados como despesas. Por exemplo, quando uma empresa adquire Materiais de Escritório (papel sulfite, grampeadores etc.), estes são lançados no Ativo, numa conta chamada Estoques. À medida que esses materiais são requisitados do almoxarifado para serem consumidos, são baixados do Ativo e contabi- lizados como despesa, pois já não trarão benefícios futuros para a empresa (pois foram consumidos). Outro exemplo seria o caso dos Seguros. Se uma empresa fizer um seguro pelo perío- do de 01-07-X1 a 30-06-X2, será considerado despesa de X1, apenas o corresponden- te a 6 meses. O restante será classificado no Ativo, pois é um gasto que trará benefí- cios futuros, ou seja, beneficiará o ano seguinte. Para exemplificar, vamos admitir que a Cia. Moreira contrate seguro de automóvel pelo período de um ano, em 31-10-X1, pagando R$ 6.000 (prêmio de seguro) e também, nesta data, adquira R$ 1.000 de material de escritório. Em 31-12-X1, constata-se que havia em estoque apenas R$ 200 de material de escritório. Observe-se que apenas dois meses de seguro (novembro e dezembro) foram utiliza- dos. Dessa forma, classifica-se como despesa R$ 1.000. O restante, ou seja, R$ 500 × 10 = R$ 5.000, beneficiará o ano X2, e deverá ser registrado no Ativo Circulante como Despesa do Exercício Seguinte. No Caso do material de escritório, R$ 200 beneficiarão o ano seguinte, portanto, serão classificados no Ativo Circulante como Estoques. O 43 restante, ou seja, R$ 800 serão considerados como Despesa, pois já foram consumi- dos no ano X1. Balanço Patrimonial em 31-12-X1 BENS ATIVO PASSIVO Caixa Estoque Materiais 200 Despesas Antecipadas 5.000 DESPESAS RECEITAS Material de Escritório 800 Seguros 1.000 6.2 OPERAÇÕES Veja a seguir, as alterações que cada transação contábil provoca no Balanço Patrimo- nial: Fato 1 – Constituição de uma Empresa: Entrada inicial de capital social em dinheiro, em 01/03/X2, no valor de R$ 300.000: Aplicação (onde foi aplicado o recurso): Caixa (Bem) Origem (de onde veio o recurso): Capital Social (Patrimônio Líquido) ATIVO PASSIVO BENS Caixa PATRIMÔNIO LÍQUIDO 300.000 Capital Social 300.000 Total do Ativ o 300.000 Total do Passivo 300.000 Fato 2 – Depósito em Banco: abertura de uma conta bancária no Banco Y, em 01/03/X2, com depósito inicial de R$ 298.000: 44 Aplicação: Banco (Direito) Origem: Caixa (Bem) ATIVO PASSIVO BENS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 2.000 Capital Social 300.000 DIREITOS Banco 298.000 Total do Ativo 300.000 Total do Passivo 300.000 Fato 3 – Aquisição de Móveis e Imóveis: em 05/03/X2 foi adquirido um imóvel no valor de R$ 200.000 e móveis no valor de R$ 50.000, pagos em cheque no valor de R$ 250.000: Aplicação: Imóvel / Móveis (Bens) Origem: Banco (Direito) ATIVO PASSIVO BENS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 2.000 Capital Social 300.000 Imóvel 200.000 Móveis 50.000 DIREITOS Banco 48.000 Totaldo Ativo 300.000 Total do Passivo 300.000 Fato 4 – Empréstimo Bancário: obtenção de um empréstimo junto ao Banco Y, em 06/03/X2, no valor de R$ 70.000, creditado em sua conta bancária. O pagamento ocor- rerá dentro de 60 dias. Nesse momento, não houve nenhuma despesa ou cobrança de juros: 45 Aplicação: Banco (Direito) Origem: Empréstimo (Obrigação) ATIVO PASSIVO BENS Caixa 2.000 OBRIGAÇÕES Empréstimo 70.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 118.000 Capital Social 300.000 Total do Ativ o 370.000 Total do Passivo 370.000 Fato 5 – Aquisição de Mercadorias para Revenda: aquisição de três veículos para revenda, em 10/03/X2, nos respectivos valores de R$ 20.000, R$ 30.000 e R$ 40.000, totalizando R$ 90.000, pagos em cheque: Aplicação: Mercadorias para Revenda (Bem) Origem: Banco (Direito) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 2.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 90.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 28.000 Capital Social 300.000 Total do Ativo 370.000 Total do Passivo 370.000 Fato 6 – Aplicação Financeira: aplicação financeira com parte do saldo bancário no valor de R$ 25.000: 46 Aplicação: Aplicação Financeira (Direito) Origem: Banco (Direito) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 2.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 90.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Total do Ativo 370.000 Total do Passivo 370.000 Fato 7 – Venda de Mercadorias a Vista: venda à vista de um carro (adquirido por R$ 20.000) por R$ 22.000 em dinheiro, em 15/03/X2: Aplicação: Caixa (Bem) Origem: Vendas de Mercadorias (Receita) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 24.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 90.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Total do Ativo 392.000 Total do Passivo 370.000 DESPESAS RECEITAS Vendas de Mercadorias 22.000 Total das Despesas - Total das Receitas 22.000 ATIVO + DESPESAS 392.000 PASSIVO + RECEITAS 392.000 47 Aplicação: Custo das Mercadorias Vendidas (Despesa) Origem: Mercadorias para Revenda (Bem) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 24.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 70.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Total do Ativo 372.000 Total do Passivo 370.000 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 20.000 Vendas de Mercadorias 22.000 Total das Despesas 20.000 Total das Receitas 22.000 ATIVO + DESPESAS 392.000 PASSIVO + RECEITAS 392.000 Fato 8 – Venda de Mercadorias a Prazo: em 20/03/X2 foi efetuada uma venda a pra- zo de um carro (adquirido por R$ 40.000) por R$ 45.000, para ser recebido dentro de 30 dias, com emissão de uma nota promissória pelo cliente. Aplicação: Clientes (Direito) Origem: Vendas de Mercadorias (Receita) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 24.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 70.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Clientes 45.000 Total do Ativo 417.000 Total do Passivo 370.000 48 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 20.000 Vendas de Mercadorias 67.000 Total das Despesas 20.000 Total das Receitas 67.000 ATIVO + DESPESAS 437.000 PASSIVO + RECEITAS 437.000 Aplicação: Custo das Mercadorias Vendidas (Despesa) Origem: Mercadorias para Revenda (Bem) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 24.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 30.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Clientes 45.000 Total do Ativo 377.000 Total do Passivo 370.000 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 60.000 Vendas de Mercadorias 67.000 Total das Despesas 60.000 Total das Receitas 67.000 ATIVO + DESPESAS 437.000 PASSIVO + RECEITAS 437.000 Fato 9 – Pagamento de Despesas: em 31/03/X2 foi feito o pagamento de salários do mês de março no valor de R$ 10.000,00, em dinheiro: Aplicação: Salários (Despesa) Origem: Caixa (Bem) 49 ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 14.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 30.000 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Clientes 45.000 Total do Ativo 367.000 Total do Passivo 370.000 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 60.000 Vendas de Mercadorias 67.000 Salários 10.000 Total das Despesas 70.000 Total das Receitas 67.000 ATIVO + DESPESAS 437.000 PASSIVO + RECEITAS 437.000 Fato 10 – Apropriação de Despesa a Pagar: em 31/03/X2 foi feita a apropriação de despesa de Energia Elétrica consumida no mês de março, no valor de R$ 500,00, a ser paga em 10/04/X2: Aplicação: Energia Elétrica (Despesa) Origem: Contas a Pagar (Obrigação) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 14.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 30.000 Contas a Pagar 500 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Clientes 45.000 Total do Ativo 367.000 Total do Passivo 370.500 50 DESPESAS RECEITAS Custo Merc.Vendidas 60.000 Vendas de Mercadorias 67.000 Salários 10.000 Energia Elétrica 500 Total das Despesas 70.500 Total das Receitas 67.000 ATIVO + DESPESAS 437.500 PASSIVO + RECEITAS 437.500 Fato 11 – Contratação de Seguro: em 31/03/X2 foi efetuada contratação de seguro de automóvel com vigência de 01/04/X2 a 31/03/X3, pagando R$ 6.000,00 de prêmio em dinheiro: Aplicação: Despesa Antecipada (Direito) Origem: Caixa (Bem) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 8.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 30.000 Contas a Pagar 500 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 25.000 Clientes 45.000 Despesa Antecipada 6.000 Total do Ativo 367.000 Total do Passivo 370.500 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 60.000 Vendas de Mercadorias 67.000 Salários 10.000 Energia Elétrica 500 Total das Despesas 70.500 Total das Receitas 67.000 ATIVO + DESPESAS 437.500 PASSIVO + RECEITAS 437.500 51 Fato 12 – Rendimento de Aplicação Financeira: em 31/03/X2 foi incorporado o ren- dimento da aplicação financeira ao principal, no valor de R$ 10.000,00: Aplicação: Aplicação Financeira (Direito) Origem: Rendimentos de Aplicações (Receita) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 8.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 30.000 Contas a Pagar 500 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 35.000 Clientes 45.000 Despesa Antecipada 6.000 Total do Ativo 377.000 Total do Passivo 370.500 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 60.000 Vendas de Mercadorias 67.000 Salários 10.000 Rendimentos de Aplicações 10.000 Energia Elétrica 500 Total das Despesas 70.500 Total das Receitas 77.000 ATIVO + DESPESAS 447.500 PASSIVO + RECEITAS 447.500 52 Fato 13 – Apropriação de Seguro: em 30/04/X2 foi apropriado 1/12 do gasto com o seguro do veículo como despesa do exercício: Aplicação: Seguros (Despesa) Origem: Despesa Antecipada (Direito) ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 8.000 Empréstimo 70.000 Mercad. p/ Revenda 30.000 Contas a Pagar 500 Imóvel 200.000 Móveis DIREITOS 50.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Banco 3.000 Capital Social 300.000 Aplicação Financeira 35.000 Clientes 45.000 Despesa Antecipada 5.500 Total do Ativo 376.500 Total do Passivo 370.500 DESPESAS RECEITAS Custo Merc. Vendidas 60.000 Vendas de Mercadorias 67.000 Salários 10.000 Rendimentos de Aplicações 10.000 Energia Elétrica 500 Seguros 500 Total das Despesas 71.000 Total das Receitas 77.000 ATIVO + DESPESAS 447.500 PASSIVO + RECEITAS 447.500 53 CAPÍTULO 7 BALANÇO PATRIMONIAL 7.1 INTRODUÇÃO O Balanço Patrimonial é considerado o relatório mais importante gerado pela Contabili- dade. Sua função é identificar a saúde financeira e econômica da empresa no fim do exercício ou em qualquer outra data estipulada. O termo balanço vem do latim, da expressão bi-lancis, que lembra Balança de dois Pratos. Antes do advento das balanças atuais, os comerciantes utilizavam a Balança de dois Pratos, colocando num prato a mercadoria a ser pesada e no outro prato “pe- sos” representando quilos e gramas. Ao se obter o equilíbrio nos dois pratos somavam- se os pesos simbólicos e se conhecia quando pesava a mercadoria. Etimologicamente, então, balanço significa equilíbrio, os mesmos valores em ambos os lados. AAttiivvoo PPaassssiivvoo O Ativo, lado esquerdo do quadro, representa o conjunto de bens e direitos de proprie- dade da empresa. São os itens do patrimônio que trazem benefícios, proporcionando ganhos para a empresa. O Passivo, lado direito do quadro, representa: 54 As obrigações exigíveis da empresa, ou seja, as dívidas que serão reclama- das pelos credores; As obrigações não exigíveis, ou patrimônio líquido. A legislação brasileira (art. 178 da lei 6.404/76) estabelece dois grupos de contas para o Ativo e três grupos de contas para o Passivo, conforme demonstrado no quadro a seguir: Ativo Passivo Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Não-Circulante Passivo Não-Circulante Patrimônio Líquido 7.2 ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS Todos os recursos que entram numa empresa passam obrigatoriamente pelo passivo e patrimônio líquido. Os recursos são originados dos proprietários, fornecedores, gover- no, bancos, financeiras etc. O Ativo, por sua vez, representa todas as aplicações de recursos: aplicação no caixa, em estoques, imóveis, veículos, máquinas e equipamentos etc. Vale destacar que a empresa só poderá aplicar aquilo que tem origem, daí a explicação do equilíbrio entre Ativo e Passivo. 7.3 CONCEITO DE CURTO E LONGO PRAZOS Normalmente, Curto Prazo significa um período de até um ano. Assim, todas as contas a receber e a pagar nos próximos 365 dias devem ser classificadas a curto prazo. Lon- 56 go Prazo, por sua vez, identifica um período superior a um ano. Dessa forma, todas as contas a receber e a pagar após 365 dias são classificadas a longo prazo. Admitindo-se que a Cia. Moreira tenha encerrado seu exercício em 31/12/2002. Nesse momento, todas as contas a pagar ou a receber em 2003 são classificadas como curto prazo. Todas as contas a pagar ou a receber em 2004, 2005 etc. são classificadas co- mo longo prazo. Outro conceito de curto prazo está relacionado ao ciclo operacional da empresa. En- tende-se por ciclo operacional o período de tempo que uma indústria, por exemplo, leva para produzir seu estoque, vendê-lo e receber as duplicatas geradas na venda, entran- do em caixa. Em síntese, é o tempo que a empresa leva para produzir, vender e rece- ber. O ciclo operacional de um supermercado é relativamente rápido (em média 30 dias), pois este tipo de empresa possui um giro rápido. Uma indústria naval, no entanto, tem um ciclo operacional mais demorado, podendo ultrapassar um ano. Pela Lei das Socie- dades Anônimas, se o ciclo operacional de uma empresa for superior a um ano, o con- ceito de curto prazo passa a valer pelo ciclo operacional. A regra geral é: considera-se curto prazo o período de 12 meses ou o ciclo operacional, valendo o maior. 7.4 GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO No Ativo as contas são dispostas em ordem decrescente de grau
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