Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ESQUADRIAS USADAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA – CARACTERÍSTICAS E EXECUÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Jonas Vieira Rodrigues Santa Maria, RS, Brasil 2015 ESQUADRIAS USADAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA – CARACTERÍSTICAS E EXECUÇÃO Jonas Vieira Rodrigues Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientadora: Prof. Dr. Joaquim C. Pizzutti dos Santos (UFSM) Santa Maria, RS, Brasil 2015 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia Curso de Engenharia Civil A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso ESQUADRIAS USADAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA – CARACTERÍSTICAS E EXECUÇÃO elaborado por Jonas Vieira Rodrigues como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil COMISSÃO EXAMINADORA: _________________________________ Joaquin C. Pizzutti dos Santos, Prof. Dr. (Presidente/Orientador) ________________________________ Eduardo Rizzatti, Prof. Dr. (UFSM). ________________________________ Jorge L. Pizzutti dos Santos, Prof. Dr. (UFSM). Santa Maria, 08 de julho de 2015. RESUMO Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Graduação em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria ESQUADRIAS USADAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA – CARACTERÍSTICAS E EXECUÇÃO AUTOR: JONAS VIEIRA RODRIGUES ORIENTADOR: JOAQUIM C. PIZZUTTI DOS SANTOS Data e Local da Defesa: Santa Maria, 08 de julho de 2015. Atualmente, a construção civil brasileira presencia um cenário bastante positivo, em que além do notável crescimento de empreendimentos buscam-se novas opções construtivas e novos materiais com o intuito de proporcionar um produto final diferenciado, tanto esteticamente quanto funcionalmente. Agilidade, consumo consciente e conforto aliam-se à estética final dos imóveis, contribuindo para um aumento considerável do valor de venda. O presente trabalho de conclusão de curso apresenta um estudo e compilação de um dos elementos construtivos que melhor exemplifica os valores supracitados: as esquadrias. São apresentados os diferentes tipos de esquadrias encontrados diariamente nos canteiros de obras brasileiros, apresentando suas características, processos de fabricação e execução em obra. Também serão apresentadas as principais patologias encontradas na relação esquadria-alvenaria de acordo com o diferente material da qual a esquadria é constituída. Ao fim do trabalho proposto, tem-se uma fonte de consulta para estudantes e profissionais que necessitem um melhor conhecimento técnico global nas particularidades de esquadrias, a fim de que sejam auxiliados na escolha da melhor esquadria a ser utilizada de acordo com seu tipo de projeto. Palavras-chave: Esquadrias; Materiais e construção; Novos materiais; LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Função das esquadrias. ............................................................................ 15� Figura 2 - Exemplo de brise-soleil. ............................................................................ 17� Figura 3 - Exemplo de cobogós. ................................................................................ 17� Figura 4 - Janela de abrir. ......................................................................................... 19� Figura 5 - Janela de correr de madeira. .................................................................... 20� Figura 6 - Janela basculante de alumínio. ................................................................. 21� Figura 7 - Janela do tipo guilhotina. .......................................................................... 22� Figura 8 - Esquadria fixa. .......................................................................................... 22� Figura 9 - Janela maxim-ar. ....................................................................................... 23� Figura 10 - Janela sanfonada. ................................................................................... 23� Figura 11 - Tonalidades de madeira. ......................................................................... 25� Figura 12 - Esquadrias de madeira. .......................................................................... 26� Figura 13 - Fixação do batente. ................................................................................. 29� Figura 14 - Localização dos pontos de espuma. ....................................................... 29� Figura 15 - Exemplo de espuma expansiva. ............................................................. 30� Figura 16 - Tipos usuais de esquadrias de alumínio. ................................................ 32� Figura 17 - Fábrica de esquadrias de alumínio. ........................................................ 33� Figura 18 - Processo de extrusão do alumínio. ......................................................... 34� Figura 19 - Exemplo de macho e cunha. ................................................................... 35� Figura 20 - Chumbamento de contramarco de alumínio. .......................................... 36� Figura 21 - Alumínio sendo mergulhado em tamque para anodização. .................... 37� Figura 22 - Pintura eletrostática ................................................................................ 39� Figura 23 - Comparação de proteção de alumínio. ................................................... 39� Figura 24 - Fluxograma simplificado da obtenção do PVC. ...................................... 40� Figura 25 - Esquadrias de PVC. ................................................................................ 43� Figura 26 - Exemplo de esquadria de ferro e aço. .................................................... 48� Figura 27 - Fluxograma de produção de esquadria de ferro/aço............................... 50� Figura 28 - Alvenaria antes da fixação da esquadria. ............................................... 51� Figura 29 - Fachada moderna executada com vidro. ................................................ 54� Figura 30 - Vidro serigragado com logo da empresa. ............................................... 56� Figura 31 – Efeitos na iluminação de um ambiente em função do vidro colorido. ..... 56� Figura 32 - Efeito do vidro impresso em esquadria. .................................................. 57� 5 Figura 33 - Vidro refletivo em esquadria. .................................................................. 57� Figura 34 - Fissura devido a ausência de contraverga. ............................................. 59� Figura 35 - Processo avançado de degradação em esquadria de madeira. ............. 60� Figura 36 - Corrosão em esquadria de ferro. ............................................................ 61� LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Materiais usados em esquadrias e cundutibilidade térmica. .................... 42� LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Tipos de portas metálicas. ......................................................................49� LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AFAP-PVC Associação Brasileira de Fabricantes de Perfis de PVC Cm Centímetro HCl Ácido clorídrico M Metro NBR Norma Brasileira PVC Policloreto de polivinila (ou policloreto de vinil) THF Tetraidrofurânico SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................... 11� 1.1�Justificativa ........................................................................................................ 12� 1.2 Objetivos.. .......................................................................................................... 13� 1.2.1�Objetivo Geral ................................................................................................... 13� 1.2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 13� 2.�ESQUADRIAS .................................................................................. 14� 2.1�Histórico e definição ......................................................................................... 14� 2.2�Classificação quanto à função das esquadrias .............................................. 16� 2.3�Classificação quanto à forma de abertura ...................................................... 19� 2.4�Classificações quanto à matéria-prima ........................................................... 24� 3.�ESQUADRIAS DE MADEIRA .......................................................... 25� 3.1�Fabricação de esquadrias de madeira ............................................................. 27� 3.2�Execução em obra de esquadrias de madeira ................................................ 28� 3.2.1�Execução de portas de madeira ....................................................................... 28� 3.2.2�Execução de janelas de madeira ...................................................................... 30� 4.�ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO.......................................................... 31� 4.1�Fabricação das esquadrias de alumínio .......................................................... 32� 4.2 Execução em obra das esquadrias de alumínio ............................................. 35� 5. ESQUADRIAS DE PVC ................................................................... 40� 5.1 Fabricação de esquadrias de PVC ................................................................... 44� 5.2 Execução em obra de esquadrias de PVC ...................................................... 45� 6. ESQUADRIAS METÁLICAS DE FERRO E AÇO ............................ 47� 6.1�Fabricação de esquadrias metálicas ............................................................... 50� 6.2�Execução em obra de esquadrias metálicas ................................................... 51� 10 7.�ESQUADRIAS DE VIDRO ................................................................ 53� 7.1�Fabricação e execução de esquadrias de vidros ........................................... 58� 8.�PATOLOGIAS RELACIONADAS ÀS ESQUADRIAS ...................... 59� 9.�CONCLUSÕES................................................................................. 62� REFERÊNCIAS .................................................................................... 64� �� INTRODUÇÃO Desde os primórdios, quando os povos começaram a se sedentarizar, os primeiros refúgios e resquícios do que se podem chamar de primeiras moradias são caracterizados por serem constituídos de aberturas, sejam designados para entrada, saída e circulação ou para iluminação. Antigamente constituídos exclusivamente de madeira e meramente com caráter funcional, hoje as aberturas, que são preenchidas com o que chamamos de esquadrias, são elementos que possuem caráter estético e possibilitam um maior conforto ao produto final. Como a especulação imobiliária atualmente vem se desenvolvendo cada vez mais, influenciada tanto por investimentos públicos como privados, visto que em nosso país a demanda por moradias e empreendimentos comerciais é constante, existe uma preocupação crescente com a otimização dos materiais e da estrutura da edificação. Com isso, devem ser analisadas as opções mais viáveis que estão disponíveis no mercado e, com as esquadrias, essa preocupação torna-se inevitável, pois elas podem valorizar a construção final, além de uma escolha correta de tipo de esquadria poder reduzir custos, agilizar cronogramas e evitar problemas posteriores, como possíveis patologias. O trabalho desenvolvido em sequência tem a finalidade de apresentar diferentes tipos de esquadrias presentes no mercado nacional, além de demonstrar seus processos de fabricação e execução em obra. Primeiramente será apresentado o conceito e tipos de esquadrias, particularmente portas e janelas, pois estes são itens de relevante importância em uma obra e necessitam ser fundamentalmente selecionados seguindo os melhores critérios de desempenho e funcionalidade, a fim de proporcionar um melhor custo benefício no empreendimento qual é executado, ou seja, prevê-se uso de diferentes esquadrias para diferentes padrões de obras. Após esse primeiro momento, serão apresentados alguns possíveis problemas envolvendo esquadrias. Dentre as principais matérias primas utilizadas para a confecção das esquadrias estão: alumínio, metal, madeira, PVC e vidro. Nota-se que existe uma gama de esquadrias fabricadas com esses materiais, por isso é relevante apontar a diferenciação, vantagens e desvantagens de cada uma, com o intuito de proporcionar informações mais precisas para o planejamento da 12 obra. Há também uma classificação quanto ao modelo das mesmas e tal classificação pode influenciar na escolha correta para cada caso. É fundamental o estudo desses itens na construção civil, dada sua relevância. Devido a isso, esse trabalho proporcionará um conhecimento passível de uma posterior aplicação tanto no mercado, como para embasamento teórico na ciência da Engenharia Civil, auxiliando tanto os graduandos quanto os profissionais, pois o trabalho final resulta em uma fonte de pesquisa com caráter de sintetizar as principais características do elemento construtivo denominado esquadria. 1.1 Justificativa O mercado da construção civil encontra-se em crescimento, havendo uma constante busca por novos materiais e técnicas que sejam funcionais, agreguem valor estético ao projeto e que diminuam o custo final da obra. Nesse cenário, o estudo acerca das esquadrias torna-se bastante relevante, pois elas são um importante elemento no custo final da obra, agregando custos diferenciados de acordo com sua matéria-prima, padrão estético e agilidade no processo construtivo. Por esta razão o presente trabalho final de graduação mostra-se relevante, pois, diante das necessidades apresentadas pelo mercado e pelas inovações que constantemente apresentam-se no setor da construção civil, é importante que se pesquise acerca dos mais diversos aspectos envolvendo esquadrias, a fim de que haja subsidio para as escolhas feitas para cada projeto específico. Assim, ao término do presente trabalho, têm-se uma ferramenta de pesquisa, um panorama para auxiliar acadêmicos e profissionais da área no momento de optarem pelo material a ser incorporado na construção. 13 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral O presente trabalho final de graduação tem por finalidade apresentar diferentes tipos de esquadrias, suas principais características e patologias, reunindo informações que sejam importantes, tanto para graduandos quanto para profissionais da área de construção civil. 1.2.2 Objetivos específicos - Apresentar a conceituaçãogeral de esquadrias e qual sua funcionalidade na construção civil. - Destacar quais são as espécies de esquadrias utilizadas com maior frequência na construção civil brasileira. - Observar, em cada uma das espécies de esquadrias mais utilizadas no Brasil, quais são as condições de fabricação, procedimentos para execução e eventuais patologias encontradas na utilização de determinado material. 2. ESQUADRIAS 2.1 Histórico e definição No início da civilização humana, a moradia, em seu primeiro estágio, caracterizava-se por possuir uma pequena abertura, preenchido por um elemento, em madeira, denominado de porta, que propiciava a entrada e saída de seus moradores. No segundo estágio de moradia do ser humano - cabanas ou choças – as habitações apresentam o surgimento de uma pequena abertura para entrada de luz, caracterizando as primeiras janelas. Nos demais estágios de habitação, as esquadrias consolidaram-se como componentes básicos das edificações residenciais. (D’ÁVILA, 2000 apud FERNANDES, 2004, p.22). Santiago (1996, apud Fernandes, 2004, p.22), define simplificadamente que “as esquadrias são componentes das edificações, que ligam e integram os espaços e as pessoas. Cada ambiente de uma edificação possui uma função que, consequentemente, exige diferenciadas tipologias de esquadrias”. O termo esquadrias é geralmente utilizado para designar janelas e portas. Em síntese, denomina-se esquadria o elemento de vedação usado no fechamento de vãos que propicia a circulação de pessoas, luz (caráter de luminosidade e térmico) e ar (caráter térmico). São exemplos de esquadrias: portas e janelas, os quais são os dois exemplos que receberão melhor tratamento no presente trabalho pois são itens tradicionais em construções, de segurança de uma edificação, visto que podem controlar a entrada e saída de pessoas e também contribuem para diminuir a deterioração da residência diante das intempéries climáticas. Também são exemplos de esquadrias: telas, alçapões, brises, grades, portões, cobogós, entre outros. A figura 1 apresenta o fluxo propiciado por esquadrias. 15 Figura 1 - Função das esquadrias. Fonte: Aula 01: Esquadrias (2007). Segundo elucida Fernandes (2004, p. 15): A esquadria pode ser considerada como o componente que apresenta maior número de funções e o seu estudo, em muitos casos, não recebe atenção semelhante. O custo deste componente da edificação residencial é, relativamente, significativo, variando de 5 a 14% do custo total, mas pode ser aumentado quando projetado, produzido ou instalado sem eficácia, tornando-se um elemento gerador de desconforto do espaço construído. Em muitos casos, a especificação de esquadrias padronizadas é adotada de forma indiscriminada para qualquer região do país. Como resultado pode ocorrer a incompatibilidade entre esses componentes e variáveis, tais como o meio ambiente, o clima, os acessórios, as ferragens, a legislação, o usuário, etc. As esquadrias são normalizadas pela NBR 10821 - Esquadrias externas para edificações (ABNT, 2011-B) a qual se divide em três partes: terminologia; requisitos e classificação; e métodos de ensaio. Dependendo da matéria-prima constituinte da esquadria, podem ser inclusas outras normas, como o vidro na NBR 7199/89 - Projeto, execução e aplicações de vidro na construção civil (ABNT, 1989) e também dependendo do tipo de esquadria, como a janela necessita de caixilhos para guarnição, deve-se levar em conta a NBR 10821/1: Caixilhos para edificações – Janelas (ABNT, 2011-A). 16 Em síntese, as esquadrias devem apresentar: estanqueidade à água e ao ar (devem proteger o ambiente contra calor, frio e infiltrações); resistência suficiente para se manter intacta no transporte, execução em obra, resistir a agentes atmosféricos; resistência ao vento; e por fim, comportamento acústico, a fim de reduzir a propagação sonora originada do ambiente externo (ZULIAN et al., 2002) Cada material que será estudado no decorrer do trabalho trará uma maior ou menor performance frente às funções que a esquadria deve obedecer. As esquadrias podem ser divididas em diferentes formas, de acordo com o tipo de material, a qual é a divisão principal utilizada no trabalho: alumínio, metal, PVC, madeira e vidro, quanto a sua função (serão apresentadas, principalmente, portas e janelas) e forma de abertura. A seguir serão apresentadas as três divisões supracitadas, começando pela função, seguido pela forma de abertura e por fim e com mais importância serão apresentados os materiais constituintes. 2.2 Classificação quanto à função das esquadrias A classificação quanto à função baseia-se no caráter funcional da esquadria. É a divisão tipicamente conhecida, composta pelas tradicionais portas (função de circulação de pessoas, separação de ambientes) e janelas (circulação de ar e luminosidade), além de grades (caráter de proteção da edificação, geralmente constituídas de metal), cobogós (superfície vazada, com função de aeração, luminosidade e estético; possuindo como matéria-prima cimento, cerâmica ou outros materiais), alçapão (possibilita acesso a porão e sótão) e brise-soleil (elemento com caráter de proteger da luminosidade e calor). As figuras 2 e 3 ilustram um brise-soleil e cobogós. 17 Figura 2 - Exemplo de brise-soleil. Fonte: Duco (2014). Figura 3 - Exemplo de cobogós. Fonte: FAUFBA (2014). Importante salientar que portas e janelas podem ser regulamentadas por instrumentos legais, que tem como propósito determinar dimensões e requisitos mínimos para a execução de projetos de modo a garantir padrões de segurança, habitabilidade e conforto (SILVA 1982 apud FERNANDES, 2004). Desse modo, algumas das escolhas durante o projeto e a execução ficam restritas aos padrões determinados em legislação. 18 Na cidade de Santa Maria existe o Código de Obras e Edificações do Município de Santa Maria (Lei Complementar nª 070, de 04 de novembro de 2009), que possui algumas previsões nesse sentido. Por exemplo, o artigo 105 do referido código determina que: Art. 105. Não pode haver aberturas para iluminação e ventilação em paredes levantadas sobre a divisa do terreno ou a menos de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros) de distância da mesma. Parágrafo único. As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não podem ser abertas a menos de 0,75m (setenta e cinco centímetros) da divisa (SANTA MARIA, 2009, p. 28). De mesmo modo, observam-se limitações em relação ao tamanho das portas em determinados locais, tendo como objetivo garantir a acessibilidade, conforme pode ser observado no artigo 175 do Código de Obras e Edificações do Município de Santa Maria no qual consta que “portas situadas nas áreas comuns de circulação, bem como as de ingresso na edificação e nas unidades autônomas, devem ter largura livre mínima de 0,80 m (oitenta centímetros)” (SANTA MARIA, 2009, p. 47). Ademais, acerca das determinações para vãos de ventilação e iluminação, o que pode englobar esquadrias, a lei municipal santa-mariense define que: Art. 104. A soma total das áreas dos vãos de iluminação e ventilação de um compartimento tem seus valores mínimos expressos em função da área deste compartimento, conforme tabela seguinte: Compartimento Vãos mínimos de iluminação Vãos mínimos de Ventilação Principal 1/6 1/12 Secundário(exceto garagens) 1/12 1/24 Garagens -- 1/20 Parágrafo único. Nos ambientes integrados, permitidos, o vão de iluminação e ventilação deve ser igual à soma dos vãos de iluminação e ventilação das dependências que integrarem e formarem o conjunto (SANTAMARIA, 2009, p. 28). Já no código de obras municipal de Porto Alegre, estabelecidas pela Lei Complementar 284, de 27 de outubro de 1992, observam-se determinações esparsas por toda a lei, referindo, por exemplo, que as janelas devem permitir a renovação do ar, em pelo menos 50% da área mínima exigida; ter área para ventilação superior a 0,40 m² em qualquer compartimento; ter as vergas das janelas posicionadas acima de 2,20 m do piso; ter entradas de ar localizadas, no máximo, a 19 0,30 m do piso, em compartimentos que tiverem janelas com peitoril superior a 3,00 m; ter área total das janelas dos compartimentos principais superior à fração de 1/6 da área do piso para iluminação e, consequentemente, de 1/12 para ventilação; ter proteção térmica e luminosa externa, como venezianas, persianas ou similares nas janelas de dormitório (PORTO ALEGRE, 1992). Especificamente, acerca das portas o Código de Edificações de Porto Alegre estabelece que qualquer porta deve ter altura mínima de 2,00 m; que porta de entrada deve ter largura mínima de 90 cm; as portas de dormitórios devem ter largura mínima de 80 cm; as de sanitários devem ter largura mínima de 60 cm (PORTO ALEGRE, 1992). 2.3 Classificação quanto à forma de abertura A classificação das esquadrias quanto à forma de abertura baseia-se no método em que ocorre a abertura das folhas ou caixilhos, geralmente por movimentos de rotação, translação e ou movimentos combinados de ambos. Dentre os modelos predominantes no cenário nacional, destacam-se: - De abrir ou pivotante: exemplo tradicional, na qual a esquadria, por meio de dobradiça, gira proporcionando a abertura do vão. Quando se utiliza pivô ao invés de dobradiça, denomina-se pivotante. A figura 4 apresenta um exemplo de esquadria de estilo abrir. Figura 4 - Janela de abrir. Fonte: Esquadrias Styllo (2014). 20 Janelas de abrir/pivotantes podem ser formadas por diversos números de folhas. Folhas são as superfícies principais da esquadria, por exemplo, quando a janela abre-se em duas abas, temos 2 folhas. A abertura das folhas podem ser internas e externas, facilitando a limpeza e estanqueidade da região protegida pela esquadria. A principal desvantagem do uso desse tipo de janela diz respeito à aeração do ambiente, pois não há um controle adequado da entrada de ar no cômodo guarnecido pela esquadria. - De correr: é o exemplo tão tradicional quanto às esquadrias de abrir, pois são as esquadrias que “correm” no sentido lateral de acordo com a superfície que a guarnece, podendo ser apoiadas ou suspensas em trilhos com auxilio de acessórios. Possui vantagens similares às esquadrias de abrir, porém alguns fabricantes limitam a abertura até outra folha da esquadria, reduzindo cerca de 50% a possibilidade de entrada de ventilação. Tal limitação é solucionada quando há um trilho que se prolonga após a limitação do corpo da esquadria, tornando a folha “escondida”. O principal problema apresentado em sua longevidade é o desgaste da superfície que a sustenta, pois com o decorrer do tempo os trilhos inferiores se deterioram permitindo a infiltração de água e o aparecimento de fissuras. Um exemplo é apresentado na figura 5. Figura 5 - Janela de correr de madeira. Fonte: Leroy Merlin (2014). 21 - Basculante: outro tipo constantemente presente nas mais diversas edificações, as esquadrias basculantes (geralmente janelas e tipicamente utilizada em banheiros) são caracterizadas pela abertura parcial devido à presença de pivôs na lateral que possibilitam a projeção interna ou externa ao ambiente. Sua principal desvantagem é a necessidade de modulação especial, pois possui dimensões inferiores às janelas tradicionais. A figura 6 apresenta um exemplo de janela basculante. Figura 6 - Janela basculante de alumínio. Fonte: Trishopping (2014). - Guilhotina: a janela do estilo guilhotina é um dos tipos que vêm caindo em desuso, antigamente eram utilizadas em moradias e atualmente são encontradas com mais frequência em casas de campo e hotéis-fazenda. Possuem como característica a abertura ao deslizar verticalmente uma folha sobre outra, com um melhor controle de aeração ao ser comparada com janelas de abrir e correr. São esquadrias que levam certo risco, principalmente em cômodos que possuem a presença de crianças, pois estas podem destravar a trava de segurança que as mantém seguras e abertas. Um exemplo é ilustrado na figura 7. 22 Figura 7 - Janela do tipo guilhotina. Fonte: Unimade (2014). - Esquadrias Fixas: possuem funções meramente estéticas ou de iluminação. São comuns em corredores e escadas, como se pode ver na figura 8. Figura 8 - Esquadria fixa. -Maxim-ar: São caracterizadas por serem semelhantes às basculantes, com translação em torno de eixo horizontal, podendo ser para dentro ou fora da edificação a sua projeção. Pode ter sua abertura regulada, pois possui uma corrediça em suas laterais (a basculante só possui um pivô). São fáceis de limpar e possuem boa estanqueidade. A figura 9 ilustra uma janela maxim-ar. 23 Figura 9 - Janela maxim-ar. Fonte: Madeira Madeira Imóveis (2014). - Camarão: são esquadrias que também são conhecidas como sanfonas, caracterizadas pela presença de mais que uma folhas as quais permitem a dobra e corrida, possibilitando uma quase que completa abertura dos vãos. Necessitam de trilhos, inferiores ou superiores para efetuar o correto sanfonamento e a possibilidade de abertura. Possuem vantagens semelhantes às janelas de correr, porém podem tornar-se dificultosas com o passar do tempo, pois emperram com certa facilidade com intempéries e limpeza ineficiente.. A figura 10 apresenta um diagrama de dobras de uma janela sanfonada. Figura 10 - Janela sanfonada. Fonte: Panazzolo Esquadrias (2014). 24 2.4 Classificações quanto à matéria-prima A classificação quanto à matéria-prima será a classificação utilizada para realizar um detalhado estudo das esquadrias em geral. Os diferentes materiais, além de possuírem diferentes características, são facilmente adaptáveis em diferentes tipos de abertura e podem ser utilizados, quase sempre, diferentes materiais para diferentes funções. Assim, as matérias-primas tornam-se o principal diferencial na comparação das esquadrias, possuindo distintos valores no comércio e, para uma correta escolha no uso da esquadria na obra, deve-se conhecer os materiais presentes no mercado da construção civil brasileira. No transcorrer do trabalho, serão apresentadas as cinco matérias-primas mais utilizadas no cenário nacional: madeira, alumínio, metal, PVC e vidro, exemplificadas nos dois elementos mais comuns: portas e janelas. As matérias-primas possuem distintas particularidades, possuindo diferentes elasticidades, conforto termo acústico, resistência às intempéries e agentes biológicos, garantia do produto, enfim, uma infinidade de características que devem ser analisadas para a correta escolha por parte do profissional. Nos próximos capítulos serão apresentados os materiais e suas singularidades. 3. ESQUADRIAS DE MADEIRA Segundo Bauer (1994 apud HUTH, 2007), a madeira é um dos materiais de construção mais utilizados pelo homem, possuindo características técnicas que favorecem sua utilização nas mais diversas etapas e elementos construtivos de uma obra. Boa resistência mecânica, bom nível de isolamento termo acústico e facilidade de afeiçoamento (podem ser trabalhadas com ferramentas simples) aliado com o valor estético que proporciona, faz da madeira uma excelente matéria-prima para execuçãode esquadrias, as quais se destacam pela nobreza e sofisticação nos acabamentos. Conforme Silva. e Silva (2007), há uma grande gama de espécies de madeiras que podem ser utilizadas como matérias-primas para a fabricação de esquadrias, devendo ser analisado basicamente dois critérios: maleabilidade e resistência a umidade. Vale destacar que para que se possa executar uma esquadria com qualidade é necessário que a madeira esteja completamente seca, caso contrario, a madeira continuará com o processo de secagem mesmo depois da esquadria instalada, podendo ocorrer deformações irreversíveis. Dentre as espécies mais utilizadas, destacam-se: Cumaru, Ipê, freijó, cedro- mara, itaúba (FERNANDES, 2004). A figura 11 apresenta algumas tonalidades de madeira utilizadas na fabricação de esquadrias. Figura 11 - Tonalidades de madeira. Fonte: Celso Moveis (2015). 26 A madeira é utilizada tanto em obras com características rusticas quanto obras sofisticadas, destacando-se pelo valor estético que proporcionam em seus acabamentos. A principal desvantagem que este material apresenta é a vulnerabilidade de grande parte das espécies, quando expostas a condições climáticas adversas. A umidade, radiação solar e agente biológico, interfere na estrutura da madeira acarretando primeiro a perda de seu valor estético e posteriormente sua degradação. Outra desvantagem é que este material pode apresentar variações de volume (retração ou inchamento), em função da variação da umidade, mesmo depois de trabalhadas. No entanto, existem maneiras de proteger a madeira e minimizar os efeitos causados por agente naturais. A aplicação de substâncias químicas é a melhor forma de protege-la e aumentar sua vida útil, sendo que existem uma vasta linha de produtos disponíveis no mercado com diferentes características. Porém é importante que a aplicação destes produtos seja rotineira, o que também acaba se tornando uma desvantagem. A seguir, a figura 12 ilustra algumas esquadrias de madeira presentes no cotidiano do engenheiro civil brasileiro. Figura 12 - Esquadrias de madeira. Fonte: Alexandre Brito Esquadrias (2014). 27 3.1 Fabricação de esquadrias de madeira Os fabricantes de esquadrias de madeira buscam por espécies que apresentem boa maleabilidade, boa resistência à umidade e que se adaptem as diversas particularidades de projetos com custos viáveis. Segundo Silva e Silva (2007), o processo de fabricação de portas e janelas de madeira segue as etapas descritas na sequencia: 1º Passo: Preparação – Antes do início do processo de fabricação de esquadrias, a madeira deve se apresentar seca, a fim de se evitar possíveis deformações durante a produção. O processo de secagem natural é o mais recomendado, porém uma secagem completa ao natural pode levar até 2 anos. 2º Passo: Corte – Nessa primeira etapa do procedimento industrial propriamente dito, deve-se cortar a madeira que dará forma à estrutura futura. Ocorre o corte e também se tem o fresamento dos perfis de madeiras que formarão os caixilhos, por exemplo (essa etapa tem a função de formar o perfil de madeira que vai construir o caixilho). 3º Passo: Proteção - Após a transformação da madeira bruta em peça, deve- se tratar o produto contra agentes biológicos, com passagem de resinas e antissépticos. O processo de proteção é dado colocando a estrutura dentro de um recipiente com substâncias químicas que irão neutralizar a ação de insetos e microrganismos que possam prejudicar a longevidade do material ou a perda de resistência. 4º Passo: Acabamento e Colagem – Depois da proteção concedida pela ação de substâncias químicas, as peças são levadas até máquinas, como desempenadeiras, plainas e lixadeiras, que possuem a função de retirar possíveis deformações, como curvaturas indesejadas e realizam lixamento superficial, proporcionando forma final à estrutura. Após esse acabamento, as partes da estrutura final são montadas (geralmente possuem encaixe do tipo espiga, porém ocorre variação de acordo com o fabricante, podendo ocorrer encaixe tipo cavilha) e coladas, finalizando o processo de montagem. A fabricação da esquadria é finalizada com a colocação das ferragens, como: dobradiças, fechaduras, rodízios, borboletas, trincos, visores, entre outras. A esquadria finalizada é protegida no seu esquadro, embalada e estocada até ser solicitada em obra. É recomendada a 28 estocagem na posição vertical em piso nivelado e livre de possíveis agentes externos que possam prejudicar a estrutura. 3.2 Execução em obra de esquadrias de madeira 3.2.1 Execução de portas de madeira. As portas são as esquadrias com função de privacidade e transição de ambientes, sendo constituídas além da peça de madeira de materiais como: dobradiças, fechaduras, marcos, visores, entre outros. A execução de portas de madeira é um processo considerado simples, geralmente é utilizada uma espuma de poliuretano expansiva, que auxilia na correta adequação da esquadria junto ao vão. Com base em Silva e Silva (2007), a instalação de uma porta de madeira ocorre da seguinte forma, considerando o método mais atual de execução, com utilização de espuma de poliuretano. 1º Passo – Preparação do vão: O cuidado na preparação dos vãos na alvenaria é fundamental para a fim de se evitar problemas posteriores à aplicação da peça de esquadria. É necessário prover uma folga entre a alvenaria e a esquadrias para que a mesma possa ser posicionada, aprumada e nivelada. 2º Passo – Colocação do marco: Deve-se colocar o batente, fixando e travando com cunhas, posicionando-as preferencialmente nos cantos dos caixilhos e sem excesso de força, pois este movimento exagerado pode ocasionar empenamento; também se deve averiguar o prumo, nível e cotas. A figura 13 ilustra a fixação de batente. 29 Figura 13 - Fixação do batente. Fonte: AEC WEB (2014). 3º Passo – Após o posicionamento da esquadria no vão, devidamente aprumada e nivelada, é feito a aplicação da espuma. A figura 14 ilustra a posição correta de aplicação dos pontos de espuma. Figura 14 - Localização dos pontos de espuma. Fonte: Casa da Madeira (2014). 30 Após a aplicação da espuma é recomendada uma pausa a fim de que ocorra a correta ação desta. O tempo de pausa varia de fabricante, podendo ser de 2hs até um dia. Na figura 15 é apresentada uma espuma de determinado fabricante, com suas características. Figura 15 - Exemplo de espuma expansiva. Fonte: Cascola (2014). 4º Passo – Após o intervalo de colocação da espuma deve ser cortado o excesso desta, por meio de estilete, por exemplo. Também deve ser retiradas cunhas, ripas e travamentos. 5º Passo – Por fim, deve-se colar os encaixes finais como guarnições, em meia esquadria para encaixe perfeito com a parte superior, fixando-as nos marcos reguláveis. 3.2.2 Execução de janelas de madeira A execução de uma janela de madeira segue basicamente os mesmos passos usados na instalação de uma porta, devendo atentar-se ao nivelamento da cabeceira e peitoril. 4. ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO O histórico do uso das esquadrias de alumínio no país já é antigo, desde 1940 pode-se encontrar fábricas com produção de esquadrias deste material, porém não existiam perfis extrudados, ou seja, as chapas eram cortadas e trefiladas (espécie de dobras) até chegar ao tipo de perfil que se desejava. Este processo era demorado e muitas vezes ocorriam defeitos, com dobras imprecisas, sendo melhorado somente em 1952 quando os Estados Unidos difundiram ao mundo a técnica de extrusão (ASA ALUMINIO, 2006). Extrusão, deacordo com a NBR 6599 (ABNT, 2000), é o processo metalúrgico que consiste na deformação plástica a quente do material, fazendo-o passar, pela ação de um pistão, através de um orifício e uma matriz que apresenta o contorno da secção do produto a ser obtido. O uso do alumínio é difundido no mundo devido às suas características, tais como: aparência limpa e moderna, é um material leve, facilitando sua execução e não acrescentando muita sobrecarga à edificação. Além disso, possui defesa natural à ação da água e, consequentemente, à corrosão, propiciando maior longevidade quando em comparação a esquadrias de metais e de madeiras mais simples, necessitando uma menor manutenção. A fim da obtenção de um melhor caráter estético ou de uma maior vida útil, pode facilmente receber pintura eletrostática ou anodização, conferindo ao material final uma maior resistência frentes às intempéries (ASA ALUMINIO, 2006) Além de possibilitar vários acabamentos e ser de um material extremamente durável, a esquadria de alumínio é geralmente muito precisa e estanque (com exceções das janelas padrão de má qualidade que são vendidas em diversos centros de construção no país). O alumínio oferece muitas opções de acabamento e não enferruja, sendo adequado para construções à beira-mar, por exemplo. Este material é extremamente leve, facilitando a fabricação, instalação e funcionamento do produto, além disso, diminui o peso nas estruturas principais dos edifícios. Sintetizando toda a introdução acima, a utilização do alumínio em esquadrias pode ser justificada pelas suas vantagens: resistência à corrosão, baixo peso, 32 característica estética, disponibilidade no mercado, ser reciclável, fácil moldagem (podendo ser transformado em diversas formas), variedade dos acabamentos de superfície, tecnologia moderna, fácil manutenção, durável, boa vedação. 4.1 Fabricação das esquadrias de alumínio A fabricação de esquadrias em alumínio é bem difundida em todas as regiões do país, estando presente em quase todo o território nacional. As fábricas produzem todas as classificações de esquadrias trabalhadas no presente trabalho, como portas e janelas, como ilustrado na figura 16. Figura 16 - Tipos usuais de esquadrias de alumínio. Fonte: Asa Alumínio (2015). 33 Na fabricação das esquadrias de alumínio estão presentes máquinas como: policorte (serra de disco), entestadeira, pantógrafo, curvadeira, estampo, entre outras (ASA ALUMINIO, 2006). A figura 17 ilustra uma fábrica de esquadrias de alumínio. Figura 17 - Fábrica de esquadrias de alumínio. . Fonte: Portal do Alumínio (2015). Segundo Almeida (1991 apud Santos, 2004, p.52), “o processo de fabricação de perfis para esquadrias, através da extrusão, produz barras com comprimentos médios de 6 metros.” O processo de extrusão consiste basicamente nas seguintes etapas: os lingotes de alumínio são transformados em tarugos cilíndricos, com posição química de acordo com sua aplicação. A extrusão é dada por meio de prensas hidráulicas, nos quais os tarugos são introduzidos e prensados passando através de uma matriz que dá a forma ao perfil, como apresentado na figura 18. 34 Figura 18 - Processo de extrusão do alumínio. Fonte: Info Escola (2015) As fases de fabricação, apresentadas por Almeida (1991 apud Santos, 2004), podem ser sinteticamente demonstradas nas seguintes etapas: 1º passo: Preparação - É a etapa de avaliação da função da esquadria, dependendo de seu projeto. Levam-se em conta a região de utilização do caixilho, pé direito da edificação, dimensões e futuros acabamentos do vão. 2º passo: Usinagem - Nesta etapa ocorre as operações de usinagem, em que as barras de alumínio necessitam de um tratamento de vaselina líquida para a proteção na fabricação durante o manuseio do material. Dentre os tipos de processos tem-se cortes (por meio de serras circulares) e estampagem (operação realizada através de ferramentas especiais para cada tipo de furo, rasgo ou encaixe). Os dois processos são importantes para a fabricação dos caixilhos de alumínio, necessitando de precisão para tornar o produto final estanque e nas dimensões pretendidas para a execução em obra. 3° passo: Montagem – Após as operações de corte e usinagem dos perfis, é feito a montagem do quadros, com auxilio de acessórios (geralmente macho e cunha ou parafusos). Após a montagem ocorre a instalação das ferragem e demais acessórios. 35 4.2 Execução em obra das esquadrias de alumínio Para a execução das esquadrias de alumínio em obra utiliza-se contramarco cortado a 45º e fixado com macho e cunha. A figura 19 ilustra o macho e cunha. Figura 19 - Exemplo de macho e cunha. Fonte: Propacto (2015). Almeida (1991 apud Santos, 2004) define que o contramarco é um quadro suplementar de alumínio, chumbado diretamente na alvenaria a fim de garantir uma vedação e exatidão no preenchimento do vão, racionalizando o processo de execução e evitando possíveis locais vazados ou não alinhados, ou seja, proporciona a exatidão nas dimensões de projeto além de garantir prumo, nível e a proteção na fase de acabamento. O contramarco também permite acabamentos finais no vão sem prejuízo, pois a esquadria só é adicionada após a colocação deste. A figura 20 apresenta um exemplo de chumbamento de contramarco de alumínio. 36 Figura 20 - Chumbamento de contramarco de alumínio. Fonte: PDG (2015). Também se utiliza na execução de esquadrias de alumínio o marco, que é o quadro que fica aparente, na periferia da região da esquadria. Marco e contramarco podem possuir diferentes funções de acordo com a forma de abrir de peças de esquadrias, por exemplo, caso a esquadria seja do tipo “abrir” marco e contramarco funcionam como batentes, em caso de portas/janelas de correr, funcionam como trilhos para a corrida das folhas. A união dos quadros pode ser de duas formas, com corte a 45º, como o contramarco (também fixado com o macho e cunha) ou com usinagem a 90º, unido com olhal e parafusos. (ALMEIDA, 1991 apud SANTOS, 2004). Continuando a execução das esquadrias de alumínio, temos elementos como folhas, vidros e outros acessórios que se diferenciam de acordo com o fabricante do material, como borboletas, trincos e roldanas. As folhas podem necessitar de encaixes para baguetes de alumínio para a fixação de vidros ou estes serão instalados com o auxílio de gaxetas de borracha ou massas de silicone. Por fim, após a instalação de folhas e vidros resta somente um acabamento final que pode ser feito por meio de arremates (ALMEIDA, 1991 apud SANTOS, 2004). 37 Também se deve salientar que a esquadria de alumínio necessita de um tratamento para proteção a fim de evitar possíveis danos como corrosão e uma deterioração da sua superfície. Frente a isto, têm-se três possibilidades de tratamento para evitar que danos ocorram e diminuam a vida útil da estrutura: anodização, coloração inorgânica eletrolítica e pintura eletrostática (ALMEIDA, 1991 apud SANTOS, 2004). Primeiramente, a anodização tem a função de conferir melhor padrão estético final à esquadria e também proporcionar melhorar proteção frente à corrosão, maresias e quaisquer outros ataques que a esquadria possa ser submetida. O processo de anodização se dá através de um banho de ácido eletrolítico com tensão de alimentação na faixa de 14 a 20 volts e intensidade de corrente de 1,5 A/dm² proporcionando um aquecimento do banho (ALMEIDA, 1991 apud SANTOS, 2004). Além disso, têm-se cuidados como temperatura entre 18 e 20ºC e refrigeração com ar contínua. Com este ambiente criado, hádecomposição do ácido e uma reação que gera óxido de alumínio, conhecido como alumina que possui a característica de ser mais resistente que o material inicial. Após o processo de anodização deve ocorrer a selagem que é descrita como uma etapa complementar e obrigatória, pois confere uma melhor resistência à corrosão atmosférica. O processo de selagem é sinteticamente descrito como um mergulho do alumínio anodizado em uma cuba d’água (destilada ou dionizada) levado à ebulição (98 a 100 graus Celsius). Nestas condições a alumina se hidrata e aumenta seu volume, o que acarreta o fechamento total de seus poros. A figura 21 apresenta uma estrutura de alumínio sendo anodizada. Figura 21 - Alumínio sendo mergulhado em tamque para anodização. Fonte: Prodec (2015). 38 A segunda forma de proteção é a coloração inorgânica eletrolítica que se baseia no uso de corrente alternada que acaba por atrair sais metálicos para o fundo dos poros. A diversidade de tons se dá devido à quantidade de sais metálicos utilizados no processo. A última forma de proteção é a pintura eletrostática, sendo o processo mais utilizado na proteção e decoração do alumínio. O processo de aplicação da pintura é realizado em uma cabina utilizando uma pistola de ar comprimido de baixa pressão. Em sua ponta existem dois eletrodos ligados uma fonte de alta voltagem (até 90 mil volts). Ao passar por ela, o pó recebe uma carga positiva e, pelo princípio de atração eletromagnética, é atraída pela peça metálica ligada a terra. Este princípio oferece ao produto segurança de uma cobertura perfeita e uniforme, mesmo nas reentrâncias e cavidades de difícil acesso, cobrindo- as com uma camada que pode variar de 40 a 100 micra. O sistema de pintura eletrostática exige que a peça passe por um pré- tratamento antes de ser pintada, eliminando-se resíduos como óleo, graxa, sujeira e remoção de oxidação. Após o pré-tratamento, a peça vai para a cabina de pintura e depois para uma estufa a uma temperatura de aproximadamente 230º à 250º C, por um tempo de 15 a 30 minutos, onde é feita a polimerização do produto. (ALMEIDA, 1991 apud SANTOS, 2004, p.57). A pintura eletrostática também é conhecida como sendo o processo chamado de lacagem e a imagem 22 pode ilustrar a pintura. 39 Figura 22 - Pintura eletrostática Fonte: Comofas (2015). As principais vantagens da pintura eletrostática são: acabamento homogêneo, pintura total da esquadria, aderência elevada, resistência a impactos, a ferrugem e a altas temperaturas. A figura 23 mostra um comparativo da pintura final, comparando alguns tipos de anodização com a pintura eletrostática. Figura 23 - Comparação de proteção de alumínio. Fonte: Esquadrimetal (2015). 5. ESQUADRIAS DE PVC O Policloreto de Vinila (PVC) é obtido a partir do etileno, um dos subprodutos do petróleo, que representa 43% de seu peso, combinado com o cloro retirado do cloreto de sódio, o sal de cozinha, que representa 57% de seu peso. Esses dois recursos naturais, sal e petróleo (ou gás natural) são à base da fabricação dos componentes do PVC (GODOI, 2005). O etileno é obtido através dos processos de refinamento do petróleo, já o cloro provém da eletrólise, reação que consiste na passagem de uma corrente elétrica por uma certa quantidade de água salgada obtendo o cloro (SANTOS, 2004). O processo de industrialização do PVC dá-se conforme o fluxograma da figura 24. Figura 24 - Fluxograma simplificado da obtenção do PVC. Fonte: Santos (2014). 41 A procura por esquadrias de PVC vem aumentando significativamente ao longo dos anos, pois o produto apresenta características técnicas que favorecem sua aplicação nos mais variados projetos de engenharia, adaptando-se a diferentes situações, regiões e padrões (GODOI, 2005). O PVC é um material de alta resistência a intempéries, maresias e agentes biológicos possuindo longa durabilidade. Pode ser aplicado nas mais adversas condições climáticas, pois possuem a propriedade de ser bom isolante térmico. Além de todas estas vantagens, o PVC ainda pode ser pigmentado de diversas cores, atingindo os padrões estéticos desejáveis (HUTH, 2007). Acerca do início da aplicação de PVC na produção de esquadrias, Santos (2004, p. 09) esclarece: As esquadrias de PVC surgiram nos anos de 1950 e 1960 na Alemanha Ocidental. No início o PVC foi pouco utilizado no mercado, mas só em 1970 houve uma fase de rápido desenvolvimento, atingindo 45% do mercado em 1980. A partir daí, o PVC propagou-se pela Europa e Estados Unidos, sempre conseguindo parcelas significativas dos mercados locais. No Brasil, as primeiras tentativas de produção e comercialização de perfis de PVC, datam meados de 1970[...] Segundo Rauber (2012), um aspecto importante que faz crescer a demanda pelo PVC é a conscientização das pessoas acerca da necessidade de preservação de florestas e matas. Diante dessa nova preocupação os empreendedores têm se empenhado em buscar alternativas no ramo de esquadrias que aliem tecnologia à funcionalidade e atendam às necessidades dos clientes. Ademais, importante notar que a escassez de madeiras nobres em razão do crescente controle mais rigoroso do desmatamento, leva inevitavelmente ao uso de novos materiais e nesse caso o PVC se destaca por causa de sua qualidade, versatilidade e acessível produção (RAUBER, 2012). As esquadrias são produzidas a partir de perfis extrudados, os quais possuem aço galvanizado em sua estrutura interna, o que aumenta sua resistência. Existe uma grande variedade de topologias de perfis, que se adaptam aos projetos garantindo um produto final qualificado. Ponto positivo das esquadrias de PVC é que são excelentes isolantes termo acústicas e não propagam chamas, sendo bastante utilizadas em países da América do Norte e Europa há bastante tempo (HUTH, 2007). 42 Comparado com outros materiais, o PVC apresenta-se como o melhor isolante térmico, conforme demonstra a Tabela 1, a seguir: Tabela 1 - Materiais usados em es quadrias e condutibilidade térmica. Material Condutibilidade térmica (kcal/m².hºC) PVC 1,1 – 1,6 Alumínio 1,5 – 1,9 Ferro 4,3 – 4,7 Madeira 5,0 – 6,0 Fonte: Santos (2004). Cabe mencionar, também que o consumo energético na produção e transformação do PVC é um dos mais baixos, se comparado com o de outros materiais utilizados na construção civil, na confecção dos caixilhos, tais como ferro alumínio, madeira e aço. O consumo bruto para a fabricação do PVC representa, em média, menos de 0,25% da quantidade de petróleo bruto extraído no mundo (SANTOS, 2004, p. 18). A ligação dos perfis que formam os quadros das esquadrias acontece em fábrica atravéz de soldas térmicas, com isso não ocorre a descontinuidade nos cantos das peças como no caso da madeira e alumínio, consequentemente a esquadrias apresenta maior estanqueidade a água. (SANTOS, 2004) Outrossim, o PVC pode ser produzido com diversas cores e padrões, dentre eles pode assemelhar-se a esquadrias de madeira, visto que ele pode ser dimensionado e pintado de forma a se parecer esteticamente com ela. (OLIVEIRA, 2012). Nesse sentido, vale lembrar que a esquadria de madeira agrega valor estético, simbolizando rusticidade. 43 Figura 25 - Esquadrias de PVC. Fonte: Elkras (2015). Porém, o PVC apresenta como desvantagem ser sensível à ação de alguns elementos orgânicos, tais como os solventes cetônicos e tetraidrofurânicos (THF), os quais podem eventualmente ser encontrados em algumas tintas, vernizes e em certos produtos de tratamento de madeira (EUROSYSTEM, 2005 apud GODOI,2005). Ademais, o PVC, ainda que possuam vida útil significativa, é material termoplástico, podendo apresentar acentuadas deformações ao longo do tempo, seja por tensões diversas ou por exposição a temperaturas elevadas (OLIVEIRA, 2012). Outra desvantagem do uso do PVC é que, ainda que seja difícil sua combustão, quando inflama o material produz um gás que contém ácido clorídrico (HCl), o qual é altamente tóxico e prejudicial à saúde Desse modo, há de se observar com atenção o uso de esquadrias de PVC em ambientes fechados (SANTOS, 2004). Os caixilhos de PVC, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), seguem as seguintes normas: - NBR 10821/EB 1968: Caixilho para Edificação – janela - Especificação. Rio de Janeiro, 1988. - NBR 10820/TB 354: Caixilho para Edificação – janela - Termologia. Rio de Janeiro, 1988. NBR 6485/MB 1225: Caixilho para Edificação – janela, fachada cortina e porta externa – verificação da penetração de ar – método de ensaio. Rio de Janeiro, 1988. - NBR 10829/MB 3071: Caixilho para Edificação – janela – medição da atenuação acústica – método de ensaio Termologia. Rio de Janeiro, 1988. 44 5.1 Fabricação de esquadrias de PVC Como já foi citado anteriormente, as esquadrias de PVC são executadas a partir de perfis extrudados, os quais possuem diversas formas que propiciam a execução de praticamente todas as tipologias de aberturas. Na sequência será apresentado o processo de fabricação destas esquadrias. Segundo Santos (2004), o início da fabricação se dá com o corte, podendo ser executado com equipamentos simples. Recomenda-se que a serra utilizada nesta etapa não seja utilizada em outros materiais, como alumínio e aço, de modo a evitar contaminações, ou seja, é importante que a lâmina da serra esteja limpa e livre de gordura para não prejudicar a qualidade da solda. Godoi (2005) salienta que no início do processo de fabricação é importante observar que a área de montagem deve ser climatizada a uma temperatura de no mínimo 15ºC, do contrário corre-se o risco de obter uma má qualidade de junta na solda. Os perfis, após cortados, devem ser soldados dentro de um período de 24 horas, para evitar que as superfícies acabem sofrendo avarias. O plano de corte deve ser perpendicular à linha visual dos perfis, do contrário a solda poderá não ser homogênea. O comprimento do corte deve ser dimensionado alguns milímetros maior em cada canto para compensar o material que é reduzido durante o processo de solda (GODOI, 2005). Antes da solda os perfis de PVC passam por um reforço com aço galvanizado, que são inseridas na câmara interior a cada peça, destinada à colocação desses reforços que contribuem para a estabilidade da esquadria produzida. Os reforços de aço devem ser cortados com comprimentos menores que o perfil original, de modo que ele também permita a operação de soldagem sem interferências (GODOI, 2005). Mendes (2005, apud Godoi, 2005) destaca que nesta etapa também são executadas as operações de usinagem para a colocação dos acessórios como dobradiças e maçanetas. Após a inserção do aço galvanizado e as operações de usinagem os perfis de PVC são encaminhados para a solda termoplástica para fazer a ligação definitiva dos perfis. Posteriormente, encaminha-se a peça a outra máquina para que seja 45 limpa, sendo retirados os pedaços excedentes de PVC decorrente dos processos anteriores, dando acabamento à esquadria (GODOI, 2005). Por fim, as esquadrias são submetidas a um processo de finalização, momento em que são adicionados acessórios como vidros e mosquiteiros encaixilhados (MENDES, 2005 apud GODOI, 2005). Os produtores, por intermédio da Associação Brasileira de Fabricantes de Perfis de PVC (Afap-PVC), têm programa de garantia de qualidade desenvolvido desde 1989, envolvendo nove empresas, e normas abrangentes, que englobam desde a matéria-prima utilizada e o controle do processo de fabricação até a instalação (ARCOWEB, 2004 apud SANTOS, 2004, p. 69). 5.2 Execução em obra de esquadrias de PVC Com base em Godoi (2005), o processo de instalação de uma esquadria de PVC será apresentado na sequência: Primeiramente confere-se o prumo e nível do vão, bem como as dimensões do mesmo para averiguar se estão adequadas à colocação daquela esquadria. Após esse procedimento, estando as dimensões corretas, coloca-se o marco da esquadria com os calços que auxiliam na instalação, conferindo, o prumo e nível do marco. Após a colocação do marco, realizam-se os furos na parede, necessários à instalação, por onde passarão as buchas e parafusos de fixação. Apertam-se os parafusos e aplicam-se neles pontos de espuma de poliuretano que, juntamente com os parafusos, farão a fixação da esquadria no vão. Posteriormente, aplica-se espuma em todo o perímetro da esquadria, deixando uma reentrância interna ao marco para que ali, posteriormente, seja aplicado o silicone de vedação. É importante não aplicar quantidade exagerada de espuma, o que pode causar a deformação da esquadria. Após a secagem da espuma, a quantidade que expandiu para fora do marco é removida e inicia a vedação da peça. A vedação começa com a aplicação de silicone na reentrância deixada no perímetro da peça. Imediatamente após a 46 aplicação do silicone, sobre esse são colocados os acabamentos da esquadria, usualmente meia cana, pinázio ou guarnição. 6. ESQUADRIAS METÁLICAS DE FERRO E AÇO As esquadrias metálicas são esquadrias tradicionais, muito utilizadas antigamente e que, atualmente, vêm perdendo espaço para novas tecnologias, como esquadrias de PVC. A fácil disponibilidade no mercado com custos relativamente baixo torna o ferro uma matéria prima bastante competitiva para a indústria de esquadrias, pois o material apresenta a propriedade de ser facilmente personalizado, tornando-se uma boa opção para obras onde se necessita de um dimensionamento particular da esquadria. Porém o fato de o material ser susceptível aos efeitos da corrosão, necessitando de constante manutenção, acaba muitas vezes contribuindo para a escolha de outro material. O aço, que possui características semelhantes ao ferro, porém com melhor desempenho frente às intempéries, ainda é tido como uma boa alternativa na hora da escolha do material utilizado em obra, sendo utilizado em diversas tipologias de esquadrias, porém apresenta custo superior ao ferro (FLEXEVENTOS, 2006 apud HUTH, 2007). Como o presente trabalho prioriza portas e janelas, a presença de esquadrias metálicas nestas duas tipologias se dá em maior volume na produção de janelas, enquanto portas metálicas, atualmente, são pouco encontradas em residências de médio a alto padrão. O aço utilizado em esquadrias é composto por ferro, carbono e uma leva de outros materiais em menor quantidade, como silício, cobre e manganês. Cada elemento, quando adicionado à liga metálica, confere certa particularidade, por exemplo, a adição de cobre confere ao aço uma maior resistência frente à corrosão, proporcionando uma maior durabilidade ao material. A adição de zinco, comumente chamada de galvanização, também confere ao aço maior resistência frente ao ataque corrosivo, além de proporcionar uma melhor aparência ao produto (ORSE, 2004). As esquadrias de aço e ferro, assim como os outros tipos apresentados no presente trabalho, devem apresentar eficácia frente aos seguintes aspectos: 48 - estanqueidade ao ar e água (deve apresentar vedação adequada); estanqueidade a agentes externos e pó (proteger contra a entrada de animais e sujeira originadas do meio externo); - isolamento térmico e acústico (não deve transmitir com facilidade o calor nem propagar sons para o ambiente interno); - satisfatória aeração (proporcionara circulação do ar, podendo alternar o fluxo dependendo do modo de sua abertura/fechamento); - satisfatória iluminação (permitir a entrada de luz); - resistência própria (apresentar resistência para não se degradar durante o transporte, - resistência quanto à presença de cargas de vento, independente da altura de utilização desta esquadria; - devem ser de fácil manuseio, execução e manutenção. A figura 26 apresenta um exemplo de esquadrias de ferro e aço facilmente encontradas no cenário nacional atual. Figura 26 - Exemplo de esquadria de ferro e aço. Fonte: Balaroti (2015). As esquadrias de ferro e aço são recomendadas para quaisquer ambientes, exceto em regiões litorâneas em que este é submetido à maresia e pode perder sua durabilidade. O aço define uma estrutura robusta ao produto final, possuindo maior 49 resistência a impactos quando comparado aos outros materiais em estudo, como o alumínio e o PVC. As desvantagens na utilização de janelas e portas em aço são, além do custo, o aspecto não tão atraente e um menor conforto térmico acústico quando comparado ao alumínio e ao PVC. Já o ferro possui menor custo, porém apresenta menor resistência a impactos e à corrosão, necessitando de maior manutenção. Uma característica diferente dos outros materiais é que as portas metálicas possuem tipologias nem sempre encontradas em outras matérias-primas, como as portas corta-fogo. O quadro 1 apresenta os tipos de portas metálicas encontradas na construção civil nacional. Quadro 1 - Tipos de portas metálicas. Tipo de porta Sistema e características Indicação e uso Giratória folhas, batentes e sistemas em função do uso locais onde há brusca variação de temperatura, com fluxo intenso de pessoas (lojas, metrôs) e mais recentemente em segurança bancária De correr sistemas com rodízios, mecanismos de controle para abrir e fechar Garagens, indústrias e comércio Portas corta-fogo Folhas de aço com núcleo isolante e incombustível com fechaduras e dobradiças especiais que mantém a porta sempre fechada, como opcional podem ter molas e sistemas de alarme eletrônico todas as edificações nas quais é obrigatório o uso de portas corta-fogo De suspender vários sistemas mecanizados ou não (articulada, deslizante e basculante) garagens Cortinas sistemas de correr verticais, articuladas, de enrolar, embutir, etc... lojas, galpões e depósitos Fonte: Zulian et al. (2002). 50 6.1 Fabricação de esquadrias metálicas As esquadrias de aço são geralmente produzidas em perfis “I”, “T” e “L”, podendo ser encontrados também perfis em chapas de aço ou tubulares enquanto as estruturas de ferro são geralmente fabricadas em barras circulares, por se tratarem, geralmente, de grades. O ferro também é encontrado na fabricação de janelas, pois o aço, embora mais durável, não apresenta facilidade em ser modulado e, assim, é encontrado em dimensões específicas. As estruturas de ferro também possuem baixo custo de produção, tornando o produto final mais barato que a maioria dos outros materiais. Os passos para fabricação de esquadrias metálicas são basicamente semelhantes aos descritos na fabricação de quadros de alumínio. A imagem 27 ilustra os passos para produção de esquadrias metálicas. Figura 27 - Fluxograma de produção de esquadria de ferro/aço. Fonte: COPEMA (2015). A principal diferença na produção dá-se na fase de limpeza e proteção, na qual o aço sofre o processo de galvanização. Galvanização é o processo de revestimento de um metal por outro mais nobre a fim de proporcionar melhor resistência frente à corrosão ou até mesmo conferir melhor aparência ao metal. 51 6.2 Execução em obra de esquadrias metálicas Para a execução das esquadrias de aço e ferro deve-se prestar atenção nas características de fábrica, pois a estrutura vem composta por acessórios, como grapas e chumbadores, que servem de guia para a fixação da esquadria. Também se deve cuidar o armazenamento das peças em obra, evitando empilhamento, e a conferência no ato do recebimento quando comprada. Em síntese, pode-se dizer que a execução de esquadrias de aço e ferro é dada pelas seguintes etapas: 1º Passo: Conferência das medidas de projeto e das medidas em obra (a abertura do vão deve apresentar, geralmente, uma folga de 2,0 cm a cada lado para preenchimento) a fim de evitar maiores problemas caso o vão não esteja correto. Também se deve verificar a conformidade de vergas (em portas) e contravergas (em janelas), a imagem 28 demonstra como deve se apresentar a alvenaria antes da fixação. Figura 28 - Alvenaria antes da fixação da esquadria. Fonte: REDECASAMAIS (2015). 52 2º Passo: Deve-se centralizar a posição da esquadria no vão, conferindo nivelamentos e correto posicionamento do peitoril, do prumo, e das possíveis diferenças de cotas, como o assentamento de um futuro piso. 3º Passo: Deve-se calçar vergas e contravergas em suas regiões periféricas, com distância de 60 cm entre os diferentes calços. Não deve ocorrer presença de calço na região central, somente em posições laterais, permitindo, após a execução, o correto funcionamento de abertura que a esquadria conter. Após o calçamento, deve-se verificar níveis e prumos novamente. 4º Passo: Chumbar e parafusar a esquadria, fixando-a e testando sua abertura. Também deve-se verificar todo o quadro da esquadria a fim de evitar que esta apresente algum problema antes do preenchimento final de argamassa. 5º Passo: Preencher a folga da esquadria e vão com argamassa (traço 1:3) a fim de conferir estanqueidade à estrutura. Este passo deve ser extremamente cuidadoso a fim de evitar a penetração de água e o surgimento de possíveis infiltrações. 6º Passo: Secagem da argamassa e proteção final da esquadria, protegendo ela contra a corrosão e o ataque de agentes externos. Também deve-se cuidar para que a esquadria pronta não seja prejudicada com a presença de pó de cimento, cal e outros materiais. Para isto, geralmente a esquadria é plastificada. 7. ESQUADRIAS DE VIDRO O uso do vidro na construção civil cresceu rapidamente a partir do século XX, devido a diversas pesquisas tecnológicas que permitiram o desenvolvimento deste produto, deixando de ser produzido artesanalmente e passando para produção massiva. Por definição o vidro trata-se de uma substância inorgânica, homogênea e amorfa, obtida através do resfriamento de uma massa de fusão, sendo que, em decorrência disso, suas principais qualidades são a transparência e a dureza (BUENO, 2000). O vidro é utilizado primeiramente pela qualidade da transparência, sinônimo de luz e de comunicação. Huth, (2007, p. 24), descreve: “é o único material que possibilita a visualização do produto que ele contém ao mesmo tempo em que o protege contra radiações que o deteriorariam”. Outra propriedade importante é a dureza deste material, o vidro não é poroso e nem absorvente, trata-se de um bom isolante acústico, com baixo índice de dilatação e condutividade térmica (BUENO, 2000). . Adicionalmente, o vidro exerce a função de equilibrar a temperatura e a luminosidade nos ambientes, podendo tanto favorecer quanto impedir a passagem de luz e calor. Em regiões de baixas temperaturas, indica-se a utilização de vidros incolores que permitem a máxima entrada de luz e calor. Já em regiões de temperaturas elevadas, deve-se optar por tipologias termoabsorventes, que restringem a entrada de calor. Com isso, ocorre uma redução significante no consumo energético, pois reduz a necessidade de sistemas artificias de calefação. (BUENO,2000). O vidro encontra-se na construção civil sob diversas formas, como em janelas, portas, blocos, elemento decorativo, divisória, entre outros. As esquadrias de vidro, especificamente, adequam-se perfeitamente em diversos tipos de obras, sejam elas residenciais, comerciais e industriais 54 Em síntese, podemos destacar que a importância do vidro na composição das esquadrias está relacionado às seguintes propriedades: Transparência, dureza, proteção contra radiação solar, isolamento térmico e acústico, além do valor estético que os diversos tipos de vidros proporcionam nos acabamentos. A figura 29 apresenta a fachada de uma moderna edificação executada com vidro. Figura 29 - Fachada moderna executada com vidro. Fonte: Imobiliária versátil (2015) São várias as tipologias de vidros disponíveis no mercado. O vidro sem nenhuma espécie de transformação é chamado recozido, devido ao seu processo de fabricação. A partir desse, são produzidos todos os outros diversos tipos de vidros. Dentre os principais tipos de vidros utilizados nas edificações, destacam-se os vidros de segurança, que possuem características favoráveis à resistência mecânica e proporcionam padrões de segurança superior ao vidro comum. As esquadrias de vidros de segurança são indicadas para áreas de maior risco de acidentes, sujeitos a impactos, choques térmicos ou utilização sob condições adversas, que requeiram resistência mecânica (BUENO, 2000). 55 Bueno (2000, p.35) esclarece que “a diferença fundamental entre o vidro de segurança e o comum é que ao ser fraturado o vidro de segurança produz fragmentos menos suscetíveis de causar ferimentos graves do que o vidro comum.” Os vidros de segurança são basicamente dois: o aramado e o laminado (HUTH, 2007). O vidro laminado caracterizam-se por possuir duas ou mais lâminas de vidro interligadas, sob calor e pressão, por uma película. Oferecem boa segurança, pois, ao se quebrarem, os cacos do vidro ficam grudados na película e não se dispersam pelo ambiente. Assim como o vidro temperado, o vidro laminado não pode ser cortado na obra, devendo ter suas dimensões especificadas previamente (BUENO, 2000). O vidro aramado, por sua vez, é incorporada uma rede metálica de malha quadrada, tendo como principal característica a resistência ao fogo e diminui o risco de acidentes, pois ao ser quebrado, não estilhaça, sendo que os fragmentos de vidro mantem-se presos à tela metálica (BUENO, 2000). Outro tipo de vidro muito utilizado com diferentes aplicações são os vidros temperados, o qual tem sua resistência aumentada pela têmpera, processo no qual o material é aquecido a uma temperatura critica e depois resfriado rapidamente. Estre processo faz com que ocorram tensões residuais de compressão na sua superfícies e tensões de tração na parte internas, aumentando consideravelmente sua resistência mecânica, sendo que o vidro apresenta grande resistência as tensões de compressão (HUTH, 2007). São indicados para locais susceptíveis a impactos, choques térmicos e principalmente onde se deseja o máximo de transparência com o mínimo de elementos estruturais de sustentação. Um exemplo comum de utilização são em fachadas de edifícios e vitrines (BAUER, 1994 apud HUTH, 2007). Outro ponto da versatilidade das esquadrias de vidro se dá pelas diversas possibilidades de acabamento que ele apresenta, podendo ser incolor ou colorido, serigrafado, impresso, reflexivo, fosco, dentre outros beneficiamentos que possuem função estética e funcional. Os vidros coloridos, serigrafados, pintados a frio ou impressos são muito utilizados em fachadas e vitrines, servindo a fins comerciais e publicitários, podendo estampar identidade visual de empresas, por exemplo, na figura 30. 56 Figura 30 - Vidro serigragado com logo da empresa. Fonte: Speedtemper (2015). Ademais, importante mencionar que o vidro colorido também pode cumprir uma função estética adicional, que é a de influenciar nos padrões de iluminação do ambiente em que é aplicado, conforme a imagem 31 abaixo: Figura 31 – Efeitos na iluminação de um ambiente em função do vidro colorido. 57 Fonte: AECWEB (2014). Uma desvantagem do vidro é que em locais em que a segurança do imóvel deve ser maior, a utilização de portas e janelas de vidro pode não ser uma boa opção, já que deixa o local mais exposto, posto que grande parte dos vidros possibilita visão completa dos ambientes, e podem ser estilhaçados facilmente. Para atenuar parcialmente esse problema, no que se refere à exposição do interior do imóvel, uma alternativa são as esquadrias de vidro impresso, serigrafados ou refletivo, que contribuem significativamente para aumentar a segurança quando se faz uso desse material na aplicação de esquadrias, conforme fica demonstrado nas figuras 32 e 33. Figura 32 - Efeito do vidro impresso em esquadria. Fonte: Vidraçaria Acorci (2015). Figura 33 - Vidro refletivo em esquadria. 58 Fonte: Guaporé Vidros (2015). 7.1 Fabricação e execução de esquadrias de vidros O vidro é obtido através da fusão, em altas temperaturas, de uma mistura de materiais como sílica (areia), potássio, alumina, sódio (barrilha), magnésio e cálcio. Apresentam propriedades que os tornam elementos importantes na composição de diversas tipologias de esquadrias utilizadas na construção civil. A execução das esquadrias de vidros pode ser através de caixilhos ou autoportante. Para execução onde se utiliza caixilhos, Zulian et al. (2002) orientam os seguintes cuidados: - Utilização de mão de obra treinada, preferencialmente por profissionais da própria empresa fornecedora do material. - O vidro, após o recebimento deve ser armazenado, devendo ser posicionado verticalmente com leve inclinação. - Utilização de massa na parte interna e externa do caixilho, mesmo com a utilização de baguetes. - Após a instalação do vidro, sinalizá-lo com um “X”, de maneira que fique bem visível, afim de evitar acidentes. - Na limpeza final, tomar cuidado para não utilizar produtos químicos, que possam danificar o vidro. Deve-se utilizar apenas água detergente neutro, ou produtos limpa vidro apropriados. Nas instalações autoportantes (quando não são utilizados caixilhos), Bauer (1994 apud Huth, 2007) explica que: a instalação de vidros autoportante é feita através de ferragens metálicas fixadas diretamente no vidro e na estrutura de sustentação, ou seja, as ferragens fazem a ligação direta desses elementos, transmitindo os esforços sem a utilização de caixilhos de outros materiais. Entre as ferragens e o vidro, devem-se utilizar materiais imputrescíveis, não higroscópicos que não escoem ou desgastem com o passar do tempo para garantir melhor funcionamento da esquadria. 8. PATOLOGIAS RELACIONADAS ÀS ESQUADRIAS Assim como os demais elementos construtivos, as diversas tipologias de esquadrias também sofrem com manifestações patológicas ao longo de sua vida útil. Seja por falhas durante a produção e execução ou devido a condições climáticas desfavoráveis, é necessário conhecer os principais fatores que interferem na funcionalidade e durabilidade das esquadrias, afim de que se possa evitar a ocorrência de futuros problemas. Uma manifestação patológica bastante comum nas edificações ocorre na interface esquadrias/alvenaria. O aparecimento de fissuras inclinadas nos vértices superior e inferior dos vãos das esquadrias são causadas por sobrecargas uniformemente distribuídas. Para evitar essas manifestações deve-se utilizar vergas e contra-vergas prolongadas além do vão, para que se tenha uma melhor distribuição de esforços (MOCH,
Compartilhar