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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Rafael Junior Santos Gualandi PROJETO DE GALPÃO EM ESTRUTURA METÁLICA COM USO DE FERRAMENTA COMPUTACIONAL Rio de Janeiro – RJ 2016 Rafael Junior Santos Gualandi PROJETO DE GALPÃO EM ESTRUTURA METÁLICA COM USO DE FERRAMENTA COMPUTACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário Augusto Motta como requisito parcial à obtenção ao título em Bacharel. Orientador: Prof. Igor Leite, Esp. Rio de Janeiro - RJ 2016 Rafael Junior Santos Gualandi PROJETO DE GALPÃO EM ESTRUTURA METÁLICA COM USO DE FERRAMENTA COMPUTACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário Augusto Motta como requisito parcial à obtenção ao título em Bacharel. Data da aprovação: __/__/____ ________________________________________ Prof. Igor Charlles Siqueira Leite Centro Universitário Augusto Motta Orientador ________________________________________ Prof. Paulo de Tarso Machado Leite Soares Centro Universitário Augusto Motta ________________________________________ Prof. Monique Coutinho Nunes Universidade Federal de Minas Gerais AGRADECIMENTOS Á Deus por ter me dado saúde, força e paciência para superar as dificuldades encontradas. E também por estar presente nos momentos de felicidade. À minha mãe Cátia, ao meu Pai Manoel, aos meus avós Edyr e Luzia e meu irmão Rodrigo, por toda educação, amor, apoio incondicional e exemplo de vida. Aos familiares que fazem parte da minha vida e que de certa forma também influenciaram na minha formação. Aos amigos da graduação que estiveram comigo nos cinco anos de curso, especialmente ao Vajacsom que gastou seu tempo para me auxiliar sempre que precisei. A esta universidade, seu corpo docente, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia. Ao meu orientador Igor Leite, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. E a todos que diretamente e indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu agradecimento. DEDICATÓRIA Gostaria de dedicar este trabalho aos meus pais, pois sem eles absolutamente nada disso estaria sendo realizado. Foram eles que concretizaram financeiramente este meu sonho, que estiveram me apoiando e me acompanharam do início ao fim da minha graduação. Dedico este trabalho inteiramente a eles. GUALANDI, Rafael Junior Santos. Projeto de Galpão em Estrutura Metálica com Uso de Ferramenta Computacional. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Civil) – Centro Universitário Augusto Motta - Unisuam, Rio de Janeiro, 2016. RESUMO Neste trabalho são apresentados os procedimentos necessários para o dimensionamento de estrutura metálica de um galpão com finalidade de armazenar materiais de grande porte. A estrutura é dimensionada para suportar todos os esforços devidos aos vários carregamentos solicitantes, garantindo ótimas condições de uso, durante sua vida útil. O dimensionamento da estrutura é realizado com o auxílio do software Novo Metálicas 3D. Integram neste trabalho os memoriais de cálculo, detalhamento, vistas, desenhos e considerações tanto teóricas quanto práticas. Serão abordadas informações, de forma geral, em relação às construções em aço, que no Brasil não é tão utilizado como em outros países, porém há possibilidade de vir a se tornar uma forma de construção tão utilizada quanto o concreto. Existe uma combinação entre como projetar, calcular, fabricar, transportar e montar uma estrutura de aço, fornecendo uma solução mais econômica e mais eficiente, porém os profissionais devem ser bem qualificados para estudar integralmente essas etapas do projeto, desde a concepção até sua manutenção para atingir a vida útil esperada e obter os resultados esperados, já que a tolerância ao erro em qualquer dessas etapas pode onerar demasiadamente a execução. No final do trabalho, é apresentado um relatório da análise estrutural que o software proporciona após todos os cálculos serem efetuados, de modo que possa ser verificado o procedimento de cálculo dos elementos estruturais da estrutura. Palavras-chave: Estrutura Metálica. Novo Metálicas 3D. Ventos. Dimensionamento Estrutural. Detalhamento. GUALANDI, Rafael Junior Santos. Warehouse Project in Metallic Structure with the Use of Computational Tool. Term Paper (Graduation in Civil Engineering) – Centro Universitário Augusto Motta - Unisuam, Rio de Janeiro, 2016. ABSTRACT In this coursework are presented the procedures necessary for the sizing of metal structure of a with the purpose of storing materials of large size. The structure has been dimensioned to support all the efforts due to the multiple loads applied, ensuring the optimum conditions of use, during their useful life. The sizing of the structure is realized with the aid of the software Cypecad. Will be presented memorials calculation, detailing, views, drawings and considerations, both theoretical and practical. Will be discussed also information, in general, in relation to steel structures in Brazil, which is not so used as in other countries, however there's the possibility of eventually become a form of construction as used as the reinforced concrete. There’s a combination between how to design, calculate, manufacture, transport and assemble a steel structure, providing a solution more economic and more efficient, but the professionals must be well qualified to study fully these stages of the project, from conception to maintenance to achieve the expected life and get the expected results, since the tolerance for error in any of these steps may encumber too much the execution. At the end of the work, is presented a report of the structural analysis that the software provides after all the calculations are carried out, so that it can be verified the calculation procedures of the structural elements of the structure. Keywords: Steeç Structure. CypeCad. Winds. Sizing Structural. Detailing. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS E QUADROS ................................................................................... 14 LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................................... 14 LISTA DE QUADROS........................................................................................................................................ 14 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15 1.1 Considerações iniciais ................................................................................................................................. 15 1.2 Motivação .................................................................................................................................................... 16 1.3 Justificativa .................................................................................................................................................. 17 1.4 Definições ..................................................................................................................................................... 17 1.5 Metodologia .................................................................................................................................................18 1.6 Objetivos do trabalho ................................................................................................................................. 18 1.6.1 Objetivo geral ............................................................................................................................................ 19 1.6.2 Objetivos específicos .................................................................................................................................. 19 1.7 Fechamento .................................................................................................................................................. 20 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 21 2.1 Breve histórico do aço ................................................................................................................................. 21 2.2 Classificação do aço .................................................................................................................................... 23 2.2.1 Aço-carbono ............................................................................................................................................... 24 2.2.2 Aço de baixa liga ........................................................................................................................................ 24 2.2.3 Influência dos elementos químicos nas propriedades do aço .................................................................... 26 2.3 Vantagens e desvantagens do aço .............................................................................................................. 27 2.3.1 Vantagens..... .............................................................................................................................................. 27 2.3.2 Desvantagens ............................................................................................................................................. 28 2.4 Propriedades do aço .................................................................................................................................... 29 2.5 Pórticos transversais e suas particularidades ........................................................................................... 30 2.5.1 Pórtico simples de alma cheia ................................................................................................................... 31 2.5.2 Pórticos treliçados ..................................................................................................................................... 32 2.5.2.1 Pórticos com treliça em arco ................................................................................................................... 34 2.5.2.2 Pórticos com treliça triangular ................................................................................................................. 35 2.5.2.3 Pórticos com treliça de banzos paralelos ................................................................................................. 37 2.5.2.4 Pórticos com treliça trapezoidal .............................................................................................................. 38 2.6 Pequeno comparativo entre o aço e o concreto armado .......................................................................... 40 2.7 Fatores que influenciam o custo da estrutura em aço .............................................................................. 48 2.8 Métodos de cálculo ...................................................................................................................................... 50 2.8.1 Objetivos do projeto estrutural .................................................................................................................. 50 2.8.2 Etapas do processo .................................................................................................................................... 50 2.8.3 Descritivo dos softwares empregados ........................................................................................................ 51 2.8.3.1 Ciclone..................................................................................................................................................... 51 2.8.3.2 Gerador de pórticos ................................................................................................................................. 52 2.8.3.3 Novo metálicas 3D .................................................................................................................................. 53 3 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 55 3.1 Dados e características do galpão .............................................................................................................. 55 3.2 Escolha do aço ............................................................................................................................................. 56 3.3 Escolha da telha........................................................................................................................................... 57 3.3.1 Cobertura....... ............................................................................................................................................ 57 3.3.2 Fechamento lateral .................................................................................................................................... 58 3.4 Ações na estrutura ...................................................................................................................................... 58 3.4.1 Ações permanentes ..................................................................................................................................... 59 3.4.2 Ações excepcionais ..................................................................................................................................... 61 3.4.3 Ações variáveis........................................................................................................................................... 62 3.4.3.1 Carga acidental............ ............................................................................................................................ 62 3.4.3.2 Carga de vento.......... ............................................................................................................................... 64 3.5 Análise efetuada pelo programa ................................................................................................................ 84 4 DIMENSIONAMENTO .................................................................................................... 85 4.1 Combinações das solicitações ..................................................................................................................... 85 4.2 Perfis adotados ............................................................................................................................................ 86 4.2.1 Colunas............. ......................................................................................................................................... 87 4.2.2 Tesouras........ ............................................................................................................................................. 88 4.2.2.1 Montantes.................. .............................................................................................................................. 88 4.2.2.2 Diagonais..................... ............................................................................................................................ 89 4.2.2.3 Banzo inferior............. .............................................................................................................................91 4.2.2.4 Banzo superior........... .............................................................................................................................. 92 4.2.3 Terças.............. ........................................................................................................................................... 93 4.2.3.1 Laterais...................... .............................................................................................................................. 93 4.2.3.2 Cobertura central ......................................................................................................................................93 4.2.3.3 Extremidades da cobertura ...................................................................................................................... 95 4.2.4 Contraventamentos .................................................................................................................................... 96 4.2.4.1 Verticais.......................... ......................................................................................................................... 97 4.2.4.2 Horizontais.................... ........................................................................................................................ 105 4.3 Análise das flechas .................................................................................................................................... 106 4.3.1 Terças de cobertura ................................................................................................................................. 108 4.3.2 Vigas de fechamento lateral ..................................................................................................................... 109 4.3.3 Tesoura............ ......................................................................................................................................... 110 4.3.4 Colunas.......... .......................................................................................................................................... 111 4.4 Ligações...................................................................................................................................................... 112 4.4.1 Dimensionamento de solda no montante .................................................................................................. 114 4.4.2 Dimensionamento de solda na diagonal .................................................................................................. 116 4.4.3 Dimensionamento de solda no banzo superior ........................................................................................ 119 4.4.4 Dimensionamento de solda no Banzo inferior ......................................................................................... 122 4.4.5 Detalhamento das soldas na tesoura........................................................................................................ 125 4.5 Placas de base ............................................................................................................................................ 127 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 131 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 133 ANEXOS ............................................................................................................................... 138 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Ponte sobre o rio Paraíba do Sul, Rio de Janeiro. .................................................................................. 22 Figura 2. Rolos de aço laminados (chapas longas enroladas) ................................................................................ 23 Figura 3. Perda da espessura em ambiente agressivo ............................................................................................ 25 Figura 4. Pórtico de alma cheia ............................................................................................................................. 32 Figura 5. Galpão industrial formado por pórticos de alma cheia ........................................................................... 32 Figura 6. Pórtico com treliça em arco .................................................................................................................... 35 Figura 7. Galpão industrial formado por treliças em arco ..................................................................................... 35 Figura 8. Pórtico com treliça triangular ................................................................................................................. 36 Figura 9. Galpão industrial formado por treliças triangulares ............................................................................... 37 Figura 10. Pórtico com treliça de banzos paralelos ............................................................................................... 38 Figura 11. Galpão industrial formado por treliças de banzos paralelos ................................................................. 38 Figura 12. Pórtico com treliça trapezoidal ............................................................................................................. 39 Figura 13. Galpão industrial formado por treliças trapezoidais ............................................................................. 39 Figura 14. Cadeia da escolha do método estrutural ............................................................................................... 40 Figura 15. Gráfico do custo de construção em concreto armado ........................................................................... 46 Figura 16. Gráfico do custo de construção em estrutura metálica ......................................................................... 47 Figura 17. Programa "Ciclone" ............................................................................................................................. 52 Figura 18. Módulo “Gerador de Pórticos” ............................................................................................................. 52 Figura 19. Tela inicial “Novo Metal 3D” .............................................................................................................. 54 Figura 20. Perspectiva do galpão ........................................................................................................................... 56 Figura 21. Vista frontal do galpão ......................................................................................................................... 56 Figura 22. Peso telha trapezoidal ........................................................................................................................... 57 Figura 23. Peso chapa metálica ............................................................................................................................. 58 Figura 24. Painel de fechamento ........................................................................................................................... 58 Figura 25. Aplicação da carga da telha .................................................................................................................. 60 Figura 26. Aplicação da carga da chapa ................................................................................................................ 61 Figura 27. Aplicação da carga acidental ................................................................................................................ 63 Figura 28. Mapa de isopletas da velocidade básica V0 (m/s) ................................................................................ 65 Figura 29. Coeficiente de pressão externa (parede) ...............................................................................................70 Figura 30. Coeficiente de pressão externa (telhado).............................................................................................. 70 Figura 31. Coeficiente de forma externo (0°) ........................................................................................................ 71 12 Figura 32. Coeficiente de forma externo (90°) ...................................................................................................... 72 Figura 33. Coeficiente de pressão interna (0°) ...................................................................................................... 73 Figura 34. Coeficiente de pressão interna (90°) .................................................................................................... 73 Figura 35. Carregamento do vento (0°) ................................................................................................................. 74 Figura 36. Carregamento do vento (90°) ............................................................................................................... 74 Figura 37. Aplicação da carga de vento a 0° na cobertura .................................................................................... 75 Figura 38. Aplicação da carga de vento a 90° na cobertura .................................................................................. 76 Figura 39. Aplicação das cargas de vento nas terças da cobertura ........................................................................ 77 Figura 40. Aplicação da carga do vento de sucção a 0° na coluna ........................................................................ 78 Figura 41. Aplicação da carga do vento de sucção a 90° na coluna ...................................................................... 79 Figura 42. Aplicação da carga do vento de sobrepressão a 90° na coluna ............................................................ 80 Figura 43. Aplicação da carga do vento de sucção nas terças laterais ................................................................... 81 Figura 44. Aplicação da carga do vento de sobrepressão nas terças laterais ......................................................... 82 Figura 45. Plano de atuação da força ..................................................................................................................... 83 Figura 46. Carregamentos atuantes no galpão ....................................................................................................... 83 Figura 47. Verificação perfil W tipo “H” .............................................................................................................. 87 Figura 48. Perfil W tipo “H” adotado .................................................................................................................... 88 Figura 49. Verificação do perfil do montante ........................................................................................................ 89 Figura 50. Perfil adotado para os montantes ......................................................................................................... 89 Figura 51. Verificação do perfil da diagonal ......................................................................................................... 90 Figura 52. Perfil adotado para as diagonais ........................................................................................................... 90 Figura 53. Verificação do perfil do banzo inferior ................................................................................................ 91 Figura 54. Perfil adotado para o banzo inferior ..................................................................................................... 91 Figura 55. Verificação do perfil do banzo superior ............................................................................................... 92 Figura 56. Perfil adotado para o banzo superior .................................................................................................... 92 Figura 57. Perfil adotado para as terças laterais .................................................................................................... 93 Figura 58. Análise de barras pós-dimensionamento .............................................................................................. 94 Figura 59. Erro gerado nas terças da cobertura e lateral ........................................................................................ 94 Figura 60. Perfil adotado para as terças de cobertura ............................................................................................ 95 Figura 61. Detalhe da terça apoiada sobre o pilar.................................................................................................. 95 Figura 62. Perfil adotado para as terças das extremidades .................................................................................... 96 Figura 63. Esforços axiais solicitantes no contraventamento vertical ................................................................... 97 Figura 64. Espaçamento máximo de furos .......................................................................................................... 100 Figura 65. Verificação da barra de contraventamento horizontal ........................................................................ 105 Figura 66. Barra adotada para o contraventamento horizontal ............................................................................ 106 13 Figura 67. Plano do contraventamento horizontal ............................................................................................... 106 Figura 68. Flecha absoluta das terças de cobertura ............................................................................................. 109 Figura 69. Flecha absoluta das terças laterais ...................................................................................................... 110 Figura 70. Flecha absoluta da tesoura ................................................................................................................. 111 Figura 71. Deformação absoluta da coluna passante ........................................................................................... 112 Figura 72. Esquema de soldagem com eletrodo revestido ................................................................................... 113 Figura 73. Maior esforço axial solicitante nos montantes ................................................................................... 114 Figura 74. Representação do esforço no montante .............................................................................................. 115 Figura 75. Maior esforço axial solicitnte nas diagonais ...................................................................................... 117 Figura 76. Representação do esforço na diagonal ............................................................................................... 117 Figura 77. Maior esforço axial solicitante no banzo superior .............................................................................. 120 Figura 78. Representação do esforço no banzo superior ..................................................................................... 120 Figura 79. Maior esforço axial solicitante no banzo inferior ............................................................................... 122 Figura 80. Representação do esforço no banzo inferior ...................................................................................... 123 Figura 81. Detalhamento da solda em perfis da tesoura ...................................................................................... 125 Figura 82. Detalhamento de ligações na tesoura ................................................................................................. 126 Figura 83. Cortes do detalhamento da solda ........................................................................................................126 Figura 84. Força normal na coluna mais solicitada ............................................................................................. 127 Figura 85. Momento fletor da coluna mais solicitada ......................................................................................... 128 Figura 86. Dimensões da placa de base ............................................................................................................... 130 14 LISTA DE TABELAS E QUADROS LISTA DE TABELAS Tabela 1. Influência dos elementos químicos ........................................................................................................ 26 Tabela 2. Influências no custo de construção ........................................................................................................ 49 Tabela 3. Valor do fator topográfico ..................................................................................................................... 65 Tabela 4. Definição da categoria do terreno .......................................................................................................... 66 Tabela 5. Definição das classes da edificação ....................................................................................................... 67 Tabela 6. Definição dos parâmetros meteorológicos ............................................................................................. 67 Tabela 7. Valores mínimos do fator estatístico ..................................................................................................... 68 Tabela 8. Deslocamentos máximos ..................................................................................................................... 107 Tabela 9. Dimensão mínima de perna de uma solda de filete ............................................................................. 113 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Comparativo do controle de obra (aço x concreto) ............................................................................... 41 Quadro 2. Comparativo de Fundações (aço x concreto) ........................................................................................ 42 Quadro 3. Comparativo dos elementos estruturais básicos (aço x concreto) ......................................................... 42 Quadro 4. Comparativo de instalações, temperatura, proteção contrafogo e corrosão (aço x concreto) ............... 44 Quadro 5. Comparativo de prazos e custos (aço x concreto) ................................................................................. 45 Quadro 6. Comparativo ambiental (aço x concreto) .............................................................................................. 47 Quadro 7. Valores de (b/t)lim .............................................................................................................................. 104 15 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações iniciais No mercado brasileiro da construção em aço, há uma predominância de estruturas de um único pavimento, destinadas ao uso comercial e industrial. Dentro desse importante segmento, os galpões lideram as construções com soluções econômicas e versáteis para uma larga faixa de vãos e uma infinidade de aplicações na construção e na indústria, tais como pequenas fábricas, depósitos, lojas, academias, ginásios cobertos, garagens, entre outros (PINHO, 2016). A construção civil, na atualidade, é conceituada como um dos mercados mais concorridos e por isso é imprescindível buscar soluções econômicas, duráveis e que sejam efetuadas nos prazos necessários. Devido a crescente taxa de ocupação nos centros urbanos e a grande demanda de materiais que precisam ser estocados, surge a conveniência de construir galpões para armazenamento de material com um menor espaço físico, agilizando assim a capacidade de transporte e armazenamento, garantindo que seja benéfico para indústria e para o comércio. O processo para construções em estruturas em aço se destaca, pois, o aço tem uma maior resistência mecânica se comparada a outros materiais. É um dos processos construtivos mais velozes e é o que suporta os maiores vãos. Por isso são muito utilizados principalmente em indústrias e supermercados que precisam de grandes vãos e velocidade na execução e também é bastante utilizado em ginásios, pavilhões, telhados, torres, guindastes, escadas, passarelas, pontes, garagens, hangares, depósitos, lojas entre outros. (CHAVES, 2007, p.1). Devido ao seu peso próprio reduzido, também deve-se relatar que a estrutura em aço causa uma grande economia nos gastos com as fundações, podendo chegar a 30% (CHAVES, 2007). A grande procura de soluções que proporcionem menores custos faz com que o mercado seja cada vez mais competitivo nessa área, sendo essencial explorar as ferramentas tecnológicas para buscar soluções mais racionais e viáveis (CHAVES, 2007). Na construção civil, o interesse maior está sobre os aços estruturais de média e alta resistência mecânica, termo designativo de todos os aços que, devido a sua resistência, ductilidade e outras propriedades, são adequadas para a utilização em elementos da construção sujeitos a carregamento (CBCA, 2016). 16 No Brasil não existem estatísticas específicas de percentual de tipo de estrutura por metro quadrado. Porém, informações obtidas com base em levantamentos junto aos fabricantes de estruturas metálicas, verifica-se que, enquanto nos Estados Unidos 50% das edificações são construídas em aço e, no Reino Unido, em 70% delas, no Brasil essa participação é de cerca de 15% (CBCA, 2016). Este trabalho apresenta a memória de cálculo do dimensionamento da estrutura metálica de um galpão comercial de duas águas para armazenamento de materiais em grande escala, de apenas um pavimento, com área de 1050 m². As peças que integram o galpão são perfis metálicos, sendo ligados entre si de modo a formar pórticos. Para garantir a estabilidade global da estrutura foram utilizados contraventamentos horizontais e verticais, vigas laterais, criando zonas de rigidez. Serão utilizadas placas de base para fixação das colunas nas fundações. O galpão será dimensionado atendendo ao Estado Limite Último (ELU), para que tenha garantia de segurança estrutural, evitando-se o colapso da estrutura. Ao Estado Limite de Serviço (ELS), para garantir bom desempenho da estrutura evitando-se a ocorrência de grandes deslocamentos, vibrações e danos locais (PFEIL; PFEIL, 2009). Além disso, o dimensionamento seguirá todas as normas vigentes necessárias. O galpão estará localizado em uma região urbanizada. Apesar de necessário, não será apresentado e dimensionado as fundações para a estrutura, já que o objetivo do mesmo é a construção em aço. Para análise e dimensionamento do galpão são utilizados os softwares Novo Metálicas 3D, Ciclone, AutoCad e Gerador de Pórticos. O processo de dimensionamento está de acordo com as seguintes normas: * NBR-8800/2008 – Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios; * NBR-6123/88 – Forcas Devidas ao Vento em Edificações; * NBR 6120/80 – Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações; 1.2 Motivação As estruturas metálicas têm a seu crédito o valor residual que não é perdido com a execução da obra, pois ela pode ser desmontada e transferida para outro local sem maiores 17 problemas, tendo grande poder de reaproveitamento, apresentando material de alta resistência e rapidez na execução (METÁLICA, 2010). A motivação de um estudo profundo e realização do projeto foi devido às estruturas, em aço, serem ainda pouco utilizadas, mesmo dispondo de muitos. Com diversas construções de galpões em aço sendo feitas no Brasil, despertou o interesse de realizar um projeto estrutural desta natureza, com amparo do programa de dimensionamento, com a finalidade de agregar os conhecimentosadquiridos na graduação juntamente com o desafio de dimensionar de maneira “distinta” da doutrinada durante o curso, para experimentar o diferente. 1.3 Justificativa Evidenciar a utilização das estruturas metálicas para otimizar o trabalho na construção civil. A utilização do sistema construtivo em aço proporciona mais liberdade na criação de projetos, soluções para atuar em solos pouco resistentes com um custo menor devido a sua leveza, quando comparado ao concreto; tende a obter um canteiro de obras mais limpo, um controle maior na qualidade da construção, dentre outras vantagens. Esse projeto de conclusão de curso mostrará o melhor aproveitamento das características do aço e exemplifica com um estudo de caso de um galpão em estrutura metálica. Bellei (1998, p. 12) afirma: “Atualmente, as estruturas de aço são aplicadas em praticamente todos os setores construtivos”. Sendo assim, além do dimensionamento completo de um galpão em estrutura metálica, também será mostrado o porquê de se construir em aço, já que o mercado está tendenciado a esse tipo de construção. 1.4 Definições Este trabalho apresenta a descrição de todo o dimensionamento de um galpão comercial para armazenamento de materiais, necessitando de cuidados com os fechamentos e cargas, porque o material deve ser armazenado e mantido em condições perfeitas. 18 A função básica dos galpões leves em duas águas é a de transmitir aos pilares, através das tesouras, as cargas resultantes do peso próprio e as provenientes da cobertura. Desse modo, deve-se dimensionar a estrutura delicadamente para que exista uma padronização de elementos estruturais que seja compatível com os equipamentos disponíveis na empresa fabricante, o que garantirá rapidez, segurança e economia no processo de fabricação, tornando viável a industrialização dos elementos (CHAVES, 2007). Devido à sua característica didática, apresenta longas rotinas de cálculo, que no cotidiano do projetista, são simplificadas através de sua experiência anterior ou de processos automatizados empregáveis em microcomputadores ou máquinas programáveis (CBCA, 2003). Logo, o trabalho será dimensionado com o auxílio de programas tecnológicos para que facilite essas longas rotinas de cálculo e que sejam favoráveis ao menor custo. O trabalho se baseia nas normas já aqui citadas anteriormente para que atenda todos os requisitos necessários e no Sistema Internacional de Unidades (SI), que aplica: Newton (N) para forças, o milímetro (mm) para medidas lineares e o Pascal (Pa) para as tensões. 1.5 Metodologia Apresentam-se conceitos e definições das estruturas metálicas, tendo como revisão bibliográfica a pesquisa em livros, teses, trabalhos, revistas e artigos, também de sites da internet. Reúne informações para compreender as partes integrantes de um galpão metálico e o procedimento de montagem da cobertura de estrutura de aço. O estudo de caso mostra os conceitos referidos no trabalho, apresenta a execução de dimensionamento de um edifício industrial metálico com projeto e concepção bem definidos. 1.6 Objetivos do trabalho Os objetivos do trabalho são definidos em dois: objetivo geral e objetivos específicos. 19 1.6.1 Objetivo geral O objetivo geral deste trabalho é que baseado na norma de projeto de estrutura de aço, NBR 8800/2008, seja executada uma sequência de cálculo, facilitando os processos para o dimensionamento de toda estrutura. Todo o desenvolvimento deste trabalho, desde a pesquisa até a conclusão, tem como objetivo contribuir para o aprendizado, aperfeiçoando conhecimentos neste ramo específico da engenharia civil. Durante o trabalho, foram utilizadas e detalhadas algumas das técnicas e conhecimentos absorvidos ao longo de todo o curso, fazendo deste modo, com que o trabalho se torne um projeto de estrutura metálica completo, preciso, detalhado e de fácil compreensão. É objetivo deste obter resultados significativos do software, já que este é um dos atuantes principais do trabalho. 1.6.2 Objetivos específicos Dimensionar a estrutura metálica de um galpão para que este possa armazenar materiais em escala; Garantir a segurança e o bom comportamento da estrutura; Elaborar alguns detalhes para a execução; Obter soluções tanto econômicas quanto estéticas para este projeto, já que economia no projeto é algo que o cliente exigirá; 20 1.7 Fechamento No capítulo 2 é realizada uma revisão bibliográfica sobre diversos temas relacionados ao projeto de estruturas metálicas, apresentando uma pequena história do aço no Brasil, características de maneira geral do aço, apresentação de modelos de galpões, métodos de cálculo e até uma descrição dos softwares utilizados no projeto. No capítulo 3 é onde se dá início ao projeto do edifício industrial, já que apresenta as características do projeto, estudos das ações e cargas e também demonstra de forma é realizado a análise pelo programa. No capítulo 4 realiza-se com auxílio do programa, a análise, dimensionamento e detalhamento dos componentes do projeto, da solda, de algumas ligações, da placa de base, apresentando os resultados obtidos. No capítulo 5 apresentam-se as considerações finais do trabalho, apresentando algumas particularidades que ocorreram durante todo o processo. 21 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Breve histórico do aço As estruturas em aço têm em seu histórico obras que datam de 1750, quando se descobriu a maneira de produzir industrialmente. Por volta de 1780, foi feito seu primeiro emprego estrutural, na escadaria do Louvre e no Teatro do Palais Royal, ambos na França. O início da fabricação em ferro no Brasil começou por volta de 1812. Acredita-se que a primeira obra em estrutura metálica, usando ferro pudlado, fundido no Brasil, no Estaleiro Mauá em Niterói, foi a Ponte de Paraíba do Sul, com vãos de 30 metros, sendo inaugurada em 1857, estando em uso até hoje (BELLEI, 1998). No Brasil o início de sua fabricação foi no ano de 1812, sendo que o grande avanço na fabricação de perfis em larga escala ocorreu com a implantação das grandes siderúrgicas. Como exemplo, tem-se a Companhia Siderúrgica Nacional — CSN, que começou a operar em 1946. (PINHEIRO, 2005, p.1). No Brasil, a indústria siderúrgica de grande porte foi implantada após a Segunda Guerra Mundial, em 22 de junho de 1946, com a construção da usina Presidente Vargas, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, no Estado do Rio de Janeiro (PFEIL; PFEIL, 2009). O Brasil importava quase todo o aço que precisava de tal maneira que as instalações industriais da própria CSN foram construídas por empresas estrangeiras. Por aquele período, com exceção dos produtos planos (chapas) que tinham demanda garantida, os demais produtos, tais como trilhos e perfis laminados, encontravam dificuldades na sua comercialização, quando foi proposta pela USX (United States Steeel), empresa norte- americana fabricante de aço e fornecedora de estruturas metálicas, após pesquisa de mercado, que a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) instalasse uma fábrica de estruturas com o objetivo de consumir a produção de laminados e de incentivar o seu uso (DIAS, 1999). Então, para ajudar a difundir o uso do aço nas construções, a CSN criou, em 1953, como um dos seus departamentos, a FEM – Fábrica de Estruturas Metálicas, hoje com sua nova razão social FEM – Projetos, Construções e Montagens S.A., que iniciou a formação de mão-de-obra 22 qualificada e do ciclo completo do aço, com a fabricação de várias obras importantes, criando uma tecnologia brasileira de construção metálica (BELLEI, 1998). Roosevelt de Carvalho, funcionário da CSN, foi uma pessoa de fundamental importância neste processo.Após um breve estágio nos E.U.A. voltou para organizar na fábrica recém-criada, um curso de detalhamento de estruturas metálicas. O desenvolvimento do trabalho possibilitou a formação de uma equipe de primeira linha e tornou-se uma verdadeira escola. Com Paulo Fragoso, a construção metálica conheceu um de seus momentos mais estimulantes. Com a implantação da CSN, ele começou a se preparar para colaborar no desenvolvimento da nova tecnologia que haveria de ganhar grande impulso no país. O início do escritório Paulo Fragoso não se limitou apenas ao arrojo, que propiciou a construção das primeiras grandes edificações de aço no Brasil. Introduziu e aperfeiçoou nos seus projetos os conceitos de vigas mistas, trazido da Alemanha, um dos fatores mais importantes para a viabilização econômica da solução metálica para edifícios altos. Estava deflagrado o processo que daria início às edificações de aço no Brasil (DIAS, 1999). Figura 1. Ponte sobre o rio Paraíba do Sul, Rio de Janeiro. Fonte: Site Alô, Rio de Janeiro (2016) 23 Figura 2. Rolos de aço laminados (chapas longas enroladas) Fonte: Site Metálica (2016) 2.2 Classificação do aço Segundo Fonseca (2005), o Aço é uma liga metálica constituída basicamente por carbono e ferro, sendo composto quase totalmente de ferro (98%), com percentagens de carbono variando entre 0,008 e 2,11%. Existe outro tipo de ligação metálica entre ferro e carbono, que é o ferro fundido, além de apresentar uma diferença na constituição química, onde o teor de carbono está entre 2,11% e 6,67%. Existe ainda uma diferença básica entre ambos: o aço é facilmente deformável por forja, laminação, extrusão devido a sua ductilidade, enquanto uma peça em ferro fundido é consideravelmente frágil. O carbono é o material que exerce o maior efeito nas propriedades do aço, tendo suas propriedades são bem definidas. Entre elas podemos citar: a alta resistência mecânica e a ductilidade (capacidade que o aço tem de se deformar antes da ruptura). Os aços utilizados em estruturas são classificados em dois grupos: aços-carbono e aços de baixa liga (BELLEI, 1998). Os dois tipos podem receber tratamentos térmicos que modificam suas propriedades mecânicas (PFEIL; PFEIL, 2009). Na construção civil, o interesse maior recai sobre esses dois grupos de aços estruturais, porque devido a média e alta resistência mecânica, as suas resistências, ductilidades e outras http://www.metalica.com.br/images/stories/Id1955/maior/acolaminado-G.jpg 24 propriedades, são adequadas para a utilização em elementos da construção sujeitos a carregamento. Os principais requisitos para os aços destinados à aplicação estrutural são: elevada tensão de escoamento, elevada tenacidade, boa soldabilidade, homogeneidade microestrutural, susceptibilidade de corte por chama sem endurecimento e boa trabalhabilidade em operações tais como corte, furação e dobramento, sem que se originem fissuras ou outros defeitos (CBCA, 2014). 2.2.1 Aço-carbono Aço-carbono são os tipos mais usados, nos quais o aumento de resistência em relação ao ferro puro é produzido pelo carbono e, em menor escala, pelo manganês (BELLEI, 1998). Eles contêm as seguintes porcentagens máximas de elementos adicionais: carbono (2,0%), manganês (1,65%), silício (0,60%) e cobre (0,35%). Em função do teor de carbono, distinguem-se em três categorias: baixo carbono (C < 0,29%), médio carbono (0,30% < C < 0,59%) e alto carbono (0,60 < C < 2,0%). O aumento de teor de carbono eleva a resistência do aço, porém diminui a sua ductilidade, tornando-o mais quebradiço e diminuindo consideravelmente a soldabilidade (PFEIL; PFEIL, 2009). Os aços-carbono mais usados são: ASTM A36 (mais utilizado no mercado nacional para estruturas metálicas) e A570, e os ABNT NBR 7007, 6648, 6650 e DIN 5137 (SANTOS, 2007). 2.2.2 Aço de baixa liga Segundo Pfeil e Pfeil (2009, p. 10), os aços de baixa liga, são aços-carbono acrescidos de elementos de liga (cromo colúmbio, cobre, manganês, molibdênio, níquel, fósforo, vanádio, zircônio), os quais melhoram algumas propriedades mecânicas. Muito utilizados no Brasil são os aços de baixa liga, de alta e média resistência mecânica, soldável e com características de elevada resistência atmosférica (obtida pela adição de 0,25% a 0,40% de cobre). Alguns elementos de liga produzem aumento de resistência do aço através da modificação da microestrutura para grãos finos (PFEIL; PFEIL, 2009). Este processo oferece 25 um aço com elevada resistência e um teor de carbono na ordem de 0,20%, permitindo assim a soldagem sem preocupações. Nesta ordem os mais usados são: ASTM A572, A441, A588, A992, os ABNT 7007, 5000, 5004, DIN St52 (SANTOS, 2007). Aços patináveis, são formados através dos aços de baixa liga que com uma pequena variação química e adição de alguns componentes de liga, como: vanádio, fósforo, cromo, cobre, níquel, silício, entre outros, podendo ter sua resistência à corrosão atmosférica aumentada de duas a quatro vezes. Quando expostos à atmosfera, iniciam a formação de uma camada de óxido compacta e aderente, a pátina, que funciona como barreira de proteção contra a corrosão. No Brasil estão disponíveis sob a forma de chapas, bobinas e perfis soldados, possuindo denominações especiais conforme a siderúrgica produtora. Pode-se citar os seguintes: ASTM A588 e A242, os ABNT NBR 5920, 5921, 5002 e seus nomes comerciais são: COR 420, produzido pela CSN; SAC, produzido pela USIMINAS; COS – AR – COR, produzido pela Cosipa (SANTOS, 2007). A figura 3 mostra as curvas típicas de avaliação da resistência à corrosão de um aço patinável e de outros, como o aço carbono comum, ambos expostos à ambientes agressivos. Figura 3. Perda da espessura em ambiente agressivo Fonte: BELLEI (1998, p. 8) Nota-se que nos primeiros anos de exposição à atmosfera, a perda de massa metálica por unidade de superfície cresce devido a uma função potência do tipo Δm = kt1-n, onde Δm é a perda de massa por unidade de superfície (mg/cm2), “k” e “n” são constantes e “t” é o 26 tempo de exposição, dada em meses (CBCA, 2014). Embora inicialmente sofra corrosão de maneira semelhante ao aço carbono comum, o aço patinável ASTM A588, com o passar do tempo apresente taxa de corrosão decrescente, e, após alguns anos, praticamente não ocorre corrosão. A camada de óxido protetora apresenta uma textura fina e é altamente aderente ao substrato metálico, atuando como uma barreira à entrada de oxigênio e umidade, evitando o prosseguimento da corrosão. Por outro lado, no aço carbono comum à camada de óxido formada apresenta textura grosseira e aspecto escamoso, não evitando a penetração de oxigênio e umidade, que assim atingem o substrato metálico e o corroem (INFOMET, 2009). 2.2.3 Influência dos elementos químicos nas propriedades do aço A composição química determina muitas das características dos aços, importantes para aplicações estruturais. Alguns dos elementos químicos presentes nos aços comerciais são consequência dos métodos de obtenção, outros são adicionados intencionalmente para atingir objetivos específicos. A composição química de cada tipo de aço pode variar de uma situação para outra, e é fornecida pelas normas correspondentes, em duas situações: composição do aço na panela e composição do produto acabado (BELLEI, 1998). As influências de alguns dos elementos químicos são descritas brevemente na tabela (1). Deve-se levar em conta que os efeitos de dois ou mais elementos, usados simultaneamente, podem diferir dos efeitos correspondentes a cada elemento isolado (BELLEI, 1998). Tabela 1. Influência dos elementos químicos Elemento Solução Sólida Formando carbonetos Tamanho de grão Temperatura de transformação Tenacidade Resistência à tração Resistência à corrosão Soldabilidade Si (Silício) SimNão ↗ ↗ ↗ ↗ ↗ ↘ Mn (Manganês) Sim Não ↗ ↘ ↗ ↗ ... ↘ Cr (Cromo) Parte Parte ↗ ↗ ↗ ↗ ↗ ↘ Ni (Níquel) Sim Não Refina ↘ ↗ ↗ ↗ ↘ Cu (Cobre) Sim Não Refina ↘ ↘ ↗ ↗ ↘ V (Vanádio) Não Sim Refina ↗ ↗ ... ... ... W (Tungstênio) Não Sim Refina ↗ ↗ ... ... ... Co (Cobalto) Sim Não Impede aumento ... ... ... ... ... Mo (Molibdênio) Não Sim Impede aumento ↗ ↘ ↗ ↗ ↗ Fonte: PANNONI (2016) 27 2.3 Vantagens e desvantagens do aço 2.3.1 Vantagens Segundo Bellei (1998) pode ser citado as principais vantagens do aço como: a) Alta resistência do material nos diversos estados de tensão (tração, compressão, flexão, etc.), o que permite aos elementos estruturais suportarem grandes esforços apesar da área relativamente pequena de suas seções, criando um melhor aproveitamento do espaço interno e aumento da área útil. Por isso as estruturas de aço, apesar da sua grande densidade (7850 kg/m³), são mais leves do que elementos produzidos de concreto armado. b) Os elementos de aço oferecem uma grande margem de segurança no trabalho, o que se deve ao fato de o material ser isotrópico e homogêneo, com limites de escoamento, ruptura e módulo de elasticidade bem definidos e confiáveis devido a seu processo de produção nas siderúrgicas. c) Os elementos de aço são fabricados em oficinas, sua montagem é bem mecanizada, com mão-de-obra altamente qualificada, garantindo qualidade superior devido ao rígido controle existente durante todo processo industrial, permitindo com isso diminuir o prazo final de construção. d) Os elementos de aço podem ser facilmente desmontados e substituídos com facilidade, o que permite reforçar ou substituir facilmente diversos elementos da estrutura. Desse modo, podem ser reaproveitados com menor geração de rejeitos, sendo 100% reciclável e) Flexibilidade de aplicação em situações especiais, tais como: reformas, reforços, canteiros exíguos, estruturas temporárias, além de facilitar a passagem de água, ar condicionado, eletricidade, esgoto, telefonia, etc. f) Construção em aço é perfeitamente compatível com qualquer tipo de material de fechamento, tanto vertical como horizontal, admitindo desde os mais convencionais (tijolos e blocos, lajes moldadas in loco) até componentes pré-fabricados (lajes e painéis de concreto, etc.). g) Pode-se ter uma redução de até 40% no tempo de execução comparado com outros processos convencionais, paralelo com a execução das fundações, a possibilidade de se trabalhar em diversas frentes de serviços simultaneamente, a diminuição de formas e escoramentos e o fato da montagem da estrutura não ser afetada pela ocorrência de chuvas. 28 h) Por serem mais leves, podem reduzir em até 30% o custo das fundações. i) Em função da maior velocidade de execução da obra, haverá um ganho adicional pela ocupação antecipada do imóvel e pela rapidez no retorno do capital investido. j) Por serem totalmente pré-fabricadas, a estruturas metálicas possuem um canteiro mais organizado, devido à ausência de grandes depósitos de areia, brita, cimento, madeiras e ferragens, reduzindo também o desperdício de materiais. O ambiente limpo com menor geração de entulho oferece ainda melhores condições de segurança contribuindo para a redução dos acidentes na obra. l) É menos agressiva ao meio ambiente em termos de uso de energia, consumo de matérias-primas e geração de detritos. Além de reduzir o consumo de madeira, diminui a emissão de material particulado e poluição sonora gerada por serras e outros equipamentos. 2.3.2 Desvantagens Embora as construções em aço tenham também lado negativo, sem dúvida, são em dimensões bem menores em relação as suas vantagens. Pode citar as desvantagens como: a) A suscetibilidade à corrosão, exigindo tratamentos especiais para que melhore a resistência, tendo que proteger a estrutura com pintura ou galvanização, pode-se ainda trabalhar com aços de alta resistência à corrosão atmosférica, que são capazes de durar quatro vezes mais que os aços comuns (BELLEI, 1998). b) Sensibilidade estrutural, na resistência e rigidez, em caso de incêndio (SILVA, 2016). c) Por tratar de estruturas esbeltas, é importante atentar-se a vibrações indesejáveis na estrutura (SILVA, 2016). d) Contrações e dilatações constantes, tendo que serem respeitadas para que não ocorram trincas (SOUZA, 2016). e) Necessidade de mão de obra mais especializada e equipamentos para serviços de montagem e execução (SILVA, 2016). f) Dificuldade de transporte devido às possíveis grandes dimensões das peças (SOUZA, 2016). g) Por se tratar de estruturas pré-fabricadas, o projeto necessita de adaptar-se à disponibilidade do fornecimento e não o contrário (SILVA, 2016). 29 2.4 Propriedades do aço Segundo Pfeil e Pfeil (2009, p.16), as características físicas que podem ser adotadas em todos os tipos de aços estruturais que estejam na faixa normal de temperatura atmosférica são: a) Ductilidade: é a capacidade que o material tem de se deformar sob a ação das cargas e vai até o material atingir a sua ruptura. A esta propriedade está associada a capacidade que estruturas construídas com materiais dúcteis apresentam de se deformar plasticamente, redistribuindo as tensões internas. b) Fragilidade: é exatamente o oposto do material dúctil. O material se torna frágil quando expostos a diversos agentes como baixas temperaturas, efeitos térmicos locais causados, por exemplo, por solda elétrica e estado múltiplo de tensões não previsto no projeto. c) Resiliência e Tenacidade: essas propriedades são diretamente relacionadas à capacidade do metal de absorver energia mecânica, podendo ser definidas com o auxílio dos diagramas tensão-deformação. d) Dureza: é a resistência ao risco ou abrasão. Na prática mede-se dureza pela resistência que a superfície do material oferece à penetração de uma peça de maior dureza. e) Fadiga: quando as peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos em grande número, com ciclos de carga e descarga, o aço estrutural, como outros materiais, podem sofrer ruptura sob tensões inferiores às obtidas em ensaios estáticos. f) Elasticidade: é a capacidade de um material ter grandes deformações antes do escoamento. g) Efeito de Temperatura Elevada: as temperaturas elevadas modificam as propriedades dos aços, reduzindo as resistências a escoamento (fy), a ruptura (fu) e o módulo de elasticidade (E). Para a temperatura de 500°C, essas grandezas são reduzidas pela metade e para uma temperatura acima desse valor se reduzem a quase zero. A NBR-8800 em seu item 1.6 remete o dimensionamento de estruturas metálicas sob o efeito de incêndio para outra norma, a NBR 14323. h) Corrosão: é o processo de reação do aço com alguns elementos presentes no ambiente em que se encontra exposto, sendo o produto desta reação um óxido, ou outro composto análogo ao minério do qual ele se originou. A corrosão promove a perda de seção das peças de aço, podendo se constituir em causa principal de colapso. A proteção contra corrosão dos aços é feita através da pintura ou por galvanização. 30 As seguintes constantes físicas podem ser aplicadas em todos os tipos de aço estrutural, dentro da faixa normal de temperatura atmosférica: - E = 205.000 MPa = 205 GPa ≅ 2.100.000 kgf/cm² (módulo de elasticidade) - ν = 0,3 (coeficiente de Poisson) - β = 12×10−6 por °C (coeficiente de dilatação térmica) - ρa = 77 KN/m³ ≅ 7850 kgf/m³ (massa específica) 2.5 Pórticos transversais e suas particularidades Os pórticos transversais são essenciais já que constituem a estrutura principal e suportam as ações e carregamentos transversais transmitindo-as até as fundações. São constituídos pelas colunas e vigas-tesoura de cobertura, podendo ser de alma cheia ou treliçadas, com seção constante ou variável. Os vínculos dos pilares com as bases podem ser rotulados,sendo propício para as fundações, ou engastados, apropriado para manter a estabilidade e rigidez, sempre se atentando a esses detalhes estruturais pois pode transfigurar os esforços transmitidos para as fundações e os deslocamentos horizontais (CHAVES, 2007). Nos pórticos, as ligações entre as barras são engastes ou rótulas internas, fazendo com que a estrutura trabalhe em conjunto e não de forma individual como acontece em estruturas de colunas e vigas (LA ROVERE; PILLAR; VALLE, 2013). Os edifícios industriais podem ser de vão simples ou múltiplos vãos, sendo relativo com a grandeza da área a ser coberta (BELLEI, 1998). A inclinação da cobertura, o que nem parece ser algo importante para análise, influi significativamente no comportamento do pórtico, pois uma pequena inclinação favorece um telhado mais plano sendo ideal para grandes áreas sem calhas, e reduzem a eficiência do pórtico, exigindo seções maiores para as colunas e vigas. Já as inclinações maiores, favorecem o comportamento dos pórticos, mas podem exigir um maior número de calhas. (PINHO, 2016). Os pórticos devem resistir à ação do vento nas fachadas longitudinais e na cobertura, além das cargas gravitacionais que a estrutura está sujeita (PFEIL; PFEIL, 2009). Normalmente, para efeito de cálculo, são considerados sobrecargas na cobertura, para atender às cargas adicionais devidas à água de chuva, poeira acumulada, tubulações, instalações elétricas, talhas de manutenção, etc. Já em construções pesadas, as sobrecargas são definidas 31 por norma ou pela firma projetista de instalação (SANTOS, 1977). As solicitações máximas dão-se nas ligações entre as colunas e vigas, deixando-as mais vulneráveis. Sendo assim, como alternativa para aumentar as seções nestes pontos críticos, podem ser utilizadas mísulas, que servem de reforço entre um elemento vertical e um elemento horizontal superior, ajudando a reduzir as tensões na região. Quanto menor for a distância entre pórticos, menor também serão as cargas em cada um, favorecendo os elementos secundários, a cobertura e o tapamento, porém aumentará a quantidade de pórticos, consequentemente, a quantidade de bases e fundações. Por oposição, os espaçamentos maiores aumentam os elementos secundários da cobertura, como as terças, reduzindo o número de pórticos e de fundações (PINHO, 2016). Sendo assim, deve-se conhecer e entender o composto portante do galpão, ou seja, as características de cada modelo de pórtico associado a distância entre eles, para que se utilize sempre a opção mais adequada, estruturalmente e economicamente, para as circunstâncias específicas de uma determinada obra. Os telhados podem ser de uma água, duas águas, três águas, quatro águas ou múltiplas águas, de acordo com os planos de escoamento das águas. Os pórticos que serão exemplificados serão dos tipos mais comuns, com apenas um vão transversal, cobertura em arco e duas águas, serão compostos por coluna de alma cheia e somente as vigas de cobertura terão variações. 2.5.1 Pórtico simples de alma cheia As principais vantagens são: a concepção estética, a demanda de uma pequena altura do elemento estrutural, a facilidade de limpeza, de pintura, de conservação, a eficiência no processo de fabricação e montagem, pois possui um número reduzido de elementos e ligações, com poucas peças desiguais, conduzindo a um tempo de fabricação inferior ao dos sistemas treliçados, deixando o canteiro de obras mais organizado e obtendo tempo de montagem menor. (CHAVES, 2007). Embora esse sistema tenha muitos pontos positivos, o consumo de aço é maior que os demais, porém não altera a sua competitividade no custo final (PINHO, 2016). O pórtico com vigas e colunas de mesma seção é apropriado para pequenos e médios vãos (esses últimos frequentemente misulados). Para médios e grandes vãos é comum utilizar perfis de diferentes dimensões para vigas e colunas (BELLEI, 1998). 32 Bellei (1998, p. 115) afirma: “Os referidos pórticos podem ser executados com bases rotuladas, o que simplifica as fundações, ou com bases engastadas, o que requer fundações mais onerosas. Para vãos médios e grandes existe pouca vantagem em se engastar as bases”. Figura 4. Pórtico de alma cheia Fonte: CHAVES (2007, p. 34) Figura 5. Galpão industrial formado por pórticos de alma cheia Fonte: CHAVES (2007, p. 34) 2.5.2 Pórticos treliçados De acordo com Chaves (2007, p. 19), esse modelo estrutural é formado por colunas e vigas de cobertura treliçadas, podendo ter ou não continuidade com as colunas do pórtico, já que depende do tipo de viga e de ligação das mesmas com os pilares. As principais vantagens 33 são: notável eficiência estrutural, os equipamentos necessários para fabricação são simples e possui vasta possibilidade para composição das treliças. As treliças são estruturas constituídas de segmentos de hastes, unidos nas extremidades em pontos denominados nós, formando uma configuração geométrica estável, de base triangular, podendo ser isostática (estaticamente determinada) ou hiperestática (eletricamente indeterminada). Teoricamente, para efeito de cálculo, as cargas são aplicadas diretamente nos nós e as barras unidas por rótulas, não sendo transmitidos momentos fletores porque não há impedimento à rotação entre as barras, atuando esforços normais de tração e compressão. Na prática, devido ao alto custo, os nós raramente são rotulados, sendo as barras conectadas através de rebites, parafusos ou soldas, fazendo com que os nós sejam rígidos, gerando momentos fletores nas barras (PFEIL; PFEIL, 2009). Nogueira (2009, p. 12) reforça a ideia de que se deve analisar detalhadamente para que no fim tenha a escolha do modelo ideal de treliça para um determinado projeto: A forma da treliça e a disposição das peças são escolhidas em função de requisitos estruturais, funcionais, estéticos e econômicos, mas dependem muito da capacidade de julgamento do projetista, pois não há apenas um determinado tipo de treliça mais adequado para cada condição específica. Na escolha de um tipo de viga treliçada pode-se levar em conta, por exemplo, a possibilidade da utilização dos vazios para passagem de utilidades (tubos, dutos, equipamentos, etc.). A altura da viga varia em função do vão e do vínculo nas extremidades, embora possa ser condicionada também por aspectos funcionais, estéticos ou por problemas de transporte. As diagonais e montantes normalmente são posicionados de modo que as cargas transmitidas pelas terças e pelos dispositivos de apoio de equipamentos e utilidades estejam aplicadas apenas nos nós das treliças e que todas as peças sejam submetidas apenas a esforços normais. Normalmente, esses pórticos são economicamente viáveis para a utilização de grandes vãos livres e ações verticais moderadas, sobretudo devido à eficiência gerada por não existir alma. (NOGUEIRA, 2009). Segundo Pfeil; Pfeil (2009, p. 229), as configurações geométricas de vigas treliçadas mais conhecidas são intituladas por nomes específicos, como Pratt, Howe e Warren. Na Pratt, as diagonais são tracionadas e os montantes comprimidos. Na Howe, as diagonais são comprimidas e os montantes tracionados. E na Warren é formada por triângulos isósceles, inicialmente sem montantes verticais, todavia quando a distância entre os nós fica muito grande, utilizam-se montantes. Serão apresentadas algumas das tipologias de pórtico treliçado mais comuns encontradas no Brasil. 34 2.5.2.1 Pórticos com treliça em arco Uma cobertura em curva pode ser projetada em arco conectado às colunas ou em arco vencendo todo o vão, sem colunas. Normalmente, a treliça em arco apresenta banzos paralelos, sendo as diagonais e montantes de mesmo comprimento. Os sistemas estruturais mais empregados no caso de arco conectado às colunas são o arco contínuo com as colunas e o arco simplesmenteapoiados sobre as colunas. Também se pode empregar o arco atirantado, que é econômico caso haja predominância de carregamentos verticais na direção da gravidade, mas se houver inversão do carregamento, o arco tende a se fechar e o tirante não terá mais função estrutural (CHAVES, 2007). Chaves (2007, p. 20) garante que o processo de fabricação dos pórticos com treliça em arco é mais trabalhoso do que treliças de duas águas, visto que é necessário fazer fôrmas (gabarito) específicas para modelar os banzos que a compõem, aumentando o tempo de fabricação. Ou então usar uma calandra para modelar o perfil, apesar de ainda não ser um equipamento corriqueiro nas fábricas de estruturas metálicas de pequeno e médio porte no Brasil, pode ser uma alternativa. Devido a sua ótima resistência aos esforços externos, não só às cargas uniformemente distribuídas, mas também às cargas assimétricas dos ventos, os arcos metálicos treliçados têm demonstrado na prática, enormes vantagens econômicas sobre outras modalidades, por exemplo, os pórticos retos de duas águas. As estruturas arqueadas metálicas e treliçadas, podem ser desmembradas em partes e subpartes construtivas, pois a rigidez garante maior estabilidade nas montagens em campo (BARROSO, 2011). Quando submetida a ações verticais, a treliça em arco introduz esforços horizontais significativos no topo das colunas, o que geralmente requer a utilização de perfis mais pesados nas colunas para se garantir que os limites de deslocamento horizontal sejam atendidos (CHAVES, 2007). 35 Figura 6. Pórtico com treliça em arco Fonte: CHAVES (2007, P. 38) Figura 7. Galpão industrial formado por treliças em arco Fonte: CHAVES (2007, p.38) 2.5.2.2 Pórticos com treliça triangular As treliças triangulares, mais conhecidas como tesouras triangulares, são geralmente utilizadas para pequenos vãos. Como o ângulo formado junto aos apoios é pequeno, geram esforços excessivos no banzo superior próximo a esses apoios e ocasionam à aplicação de alguns detalhes construtivos desfavoráveis (CHAVES, 2007). Esse é um dos modelos de pórticos mais antigos, e mesmo assim, provavelmente o mais barato para construção de galpão, tendo o peso por unidade de área (kg/m²) muito baixa (BELLEI, 1998). No entanto, como já mencionado anteriormente, modelos de pórticos treliçados, inclusive o triangular, 36 tem o tempo de fabricação mais longo, pois tem muitos elementos e ligações, com muita diferenciação de peças. A tesoura é simplesmente rotulada com a coluna, pois nas extremidades há um estreitamento gerado pela formação das barras, fazendo com que a viga esteja apenas bi apoiada sobre as colunas. Consequentemente esse modelo de treliça suporta sozinha todas as ações resultantes da cobertura, reduzindo consideravelmente a eficiência estrutural, já que não contribui para o enrijecimento do pórtico transversal (CHAVES, 2007). Para inclinações inferiores a 15°, a forma de tesoura triangular torna-se inconveniente e uma geometria alternativa deverá ser adotada (BELLEI, 1998). Caso haja grande espaçamento entre colunas, pode-se adotar tesouras intermediárias para que a estrutura seja mais econômica. Porém, havendo liberdade na concepção do projeto, escolhe-se o espaçamento que acarrete a maior economia no custo global de terças e tesouras (SANTOS, 1997). Na hipótese de as cargas verticais não serem aplicados apenas nos nós da tesoura, deve-se atentar a evitar problemas dessa natureza, já que haverá momentos de flexão, nas barras carregadas, normalmente maior do que a tensão de compressão direta. Se as cargas estiverem aplicadas no banzo superior, montantes verticais são introduzidos para que seja transmitida a carga diretamente para juntas ou nós no banzo inferior. Da mesma maneira, se forem aplicadas cargas no banzo inferior, membros verticais são adicionados para transmiti- las para juntas ou nós no banzo superior (SANTOS, 1977). Figura 8. Pórtico com treliça triangular Fonte: CHAVES (2007, p.51) 37 Figura 9. Galpão industrial formado por treliças triangulares Fonte: CHAVES (2007, p.50) 2.5.2.3 Pórticos com treliça de banzos paralelos Por apresentarem montantes e diagonais de mesmo comprimento, facilita a padronização dos elementos estruturais e proporciona uma grande racionalização do processo de fabricação. Esse sistema apresenta um desempenho estrutural parecido com o pórtico treliçado em arco, já que introduz esforços horizontais significativos no topo das colunas (CHAVES, 2007). Para vãos muito grandes entre pórticos, existem vantagens no uso de menores inclinações associadas a vigas treliçadas, em vez de tesouras. Se a inclinação da cobertura for próxima a 6°, é aconselhável aumentar o recobrimento das emendas das telhas ou vendá-las com selante. As vigas treliçadas e outros elementos de cobertura podem ser construídos com perfis estruturais ocos feitos de chapas dobradas a frio, que oferecem perfis mais rígidos que os perfis estruturais laminados a quente, além de serem mais leves (BELLEI,1998). 38 Figura 10. Pórtico com treliça de banzos paralelos Fonte: CHAVES (2007, p. 43) Figura 11. Galpão industrial formado por treliças de banzos paralelos Fonte: CHAVES (2007, p. 42) 2.5.2.4 Pórticos com treliça trapezoidal Apresentam bom desempenho estrutural visto que podem ser conectadas de forma contínua com as colunas do pórtico, redistribuindo melhor os esforços entre a viga e a coluna e melhorando o desempenho do sistema estrutural. A ligação da extremidade da treliça com a coluna forma um binário que garante certo grau de rigidez entre a viga de cobertura e a coluna do pórtico transversal (CHAVES, 2007). Após todo o estudo de caso dos diferentes pórticos transversais, Chaves (2007, p. 107) conclui que a tipologia que apresenta melhores resultados é a de treliça trapezoidal, onde a 39 taxa de consumo de aço para os vãos livres tem valores menores que as demais tipologias e até mesmo o deslocamento vertical desse pórtico se sobressai das demais. O banzo inferior da treliça trapezoidal funciona como um tirante que contribui significativamente para absorver os carregamentos do pórtico. Além disso, a inércia equivalente desta viga de cobertura é superior a das demais tipologias. Esse tipo de pórtico funciona de forma praticamente semelhante ao triangular, com algumas diferenças na geometria que são vantajosas para a trapezoidal, principalmente nas extremidades da tesoura. O tempo de fabricação também é mais longo já que contém muitos elementos em sua estrutura e com diferentes tamanhos. Figura 12. Pórtico com treliça trapezoidal Fonte: CHAVES (2007, p. 47) Figura 13. Galpão industrial formado por treliças trapezoidais Fonte: CHAVES (2007, p. 46) 40 2.6 Pequeno comparativo entre o aço e o concreto armado Santos (2007, p. 15) destaca que o Brasil é líder em estruturas de concreto, mesmo tendo um grande mercado produtor de aço, porém a competitividade do mercado econômico tem recebido com sucesso as estruturas mistas e as estruturas somente em aço, deixando para trás a tradição de construir somente em concreto. Abordando a respeito do melhor uso de cada sistema, as estruturas mistas ainda podem ser mais proveitosas, sendo cada material adequadamente utilizado num trabalho conjunto. A tendência na área de construção é aumentar a utilização das estruturas metálicas, ainda carente no Brasil por um fato cultural e histórico. Esta mentalidade está mudando, especialmente por parte dos arquitetos, que são sempre os grandes aliados dos sistemas construtivos. Com a existência de fábricas maiores e de projetos mais sofisticados, a quantidade de estruturas metálicas para grandes obras tem aumentado (ANDRADE, 2016). Um dos processos mais importantes da concepção de um projeto é o planejamento,
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