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EFEITOS DA CONDENAÇÃO Conceito: A sanção penal é a consequência jurídica direta e imediata da sentença penal condenatória. No entanto, além dessa consequência jurídica direta, a sentença condenatória produz outros tantos efeitos, ditos secundários ou acessórios, de natureza penal e extrapenal. 1. EFEITOS PENAIS Passada em julgado a condenação: Pode revogar facultativa ou obrigatoriamente, o sursis ou o livramento condicional. Impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, se a condenação anterior tiver sido por crime doloso. É pressuposto para eventual reincidência futura. Revoga a reabilitação, se condenado como reincidente. Aumenta e interrompe o prazo da prescrição chamada pretensão executória, se reincidente. Impede o reconhecimento de certos privilégios. Impede a transação penal e a suspensão condicional do processo. 2. EFEITOS EXTRAPENAIS 2.1 GENÉRICOS As consequências extrapenais genéricas da condenação passada em julgado são automáticas, dispensando sua expressa declaração na sentença condenatória. Reparação do dano A condenação penal, a partir do momento em que se torna irrecorrível, faz coisa julgada no cível, para fins de reparação do dano. Tem a natureza de título executivo, permitindo ao ofendido reclamar a indenização civil sem que o condenado pelo delito possa discutir a existência do crime ou a sua responsabilidade por ele. Quanto ao valor do dano, o art. 387, IV, do CPP dispõe que o juiz ao proferir a sentença condenatória: “fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido”. Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”. Perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, de instrumentos e do produto do crime. Instrumentos: Perda dos instrumentos do crime, quando coisas de fabricação, uso, alienação, porte ou guarda ilegais. São considerados instrumentos os objetos usados para cometimento do delito, devendo-se lembrar que há armas cuja posse pode legal ou ilegal. A lei não se refere a instrumentos de contravenção, não se podendo, assim, incluí-los. Produto do crime ou qualquer bem ou valor: Perda do produto ou do proveito auferido pelo condenado com a prática do crime. Incluem-se as coisas obtidas diretamente com o crime ou mesmo indiretamente (alteradas, adquiridas ou criadas com elas). Transação penal (art. 76 da Lei n° 9.099/95): Tratando-se de sentença homologatória e não condenatória, são incabíveis, em função delas, os efeitos referidos no Art. 91 do CP. 2.2 ESPECÍFICOS São efeitos específicos e não automáticos. Só se aplicam a certas hipóteses de determinados crimes e dependem de a sentença condenatória tê-los motivadamente declarado, de modo a deixar claras a necessidade e a adequação ao condenado. Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, desde que a condenação seja igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. Condenação por tempo superior a quatro anos, nos demais casos. Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela: para que possa ser declarada, são exigidas duas condições concomitantes: crimes dolosos, sujeitos a pena de reclusão (ainda que se obtenha sursis). Cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática do crime doloso. Não depende ser o agente legalmente habilitado, pois o que se prevê não é a suspensão, mas a própria inabilitação. Quanto a duração desta interdição, jamais poderá ser perpétua, devendo vigorar enquanto não tiver havido a reabilitação criminal. 3. REABILITAÇÃO – ART. 93, CP. Benefício que tem por finalidade restituir o condenado à situação anterior à condenação, retirando as anotações de seu boletim de antecedentes. É um direito do condenado, decorrente da presunção de aptidão social. Trata-se de causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação (art.92, CP) e dos registros criminais. Assim, justamente por não se tratar de causa extintiva da punibilidade é que é possível a revogação da reabilitação com o restabelecimento dos efeitos penais da condenação que foram suspensos. Sigilo sobre o processo e a condenação. Pela reabilitação, deve-se esperar pelo menos dois anos após a extinção da pena para dar entrada ao pedido que, se deferido, levará ao mesmo sigilo que é automático e deve existir a partir da própria data da extinção da pena. Suspender os efeitos extrapenais específicos da condenação, previstos no art. 92 e parágrafo único do CP. Todavia, expressamente consigna-se que fica vedada a reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II daquele art. 92. Assim, reabilitação mesmo só ocorrerá na hipótese do item III, pois o reabilitado poderá ser, então habilitado ou “reabilitado” apenas para dirigir veículo. Com relação a perda de cargo ou função pública, não poderá ser reconduzido ao cargo que ocupava, mas apenas se candidatar a outro cargo ou função. Também para a incapacidade de exercício do pátrio poder, tutela e curatela poderá o reabilitado exercê-los com relação a outros filhos, tutelados ou curatelados, mas não com relação àquele contra quem foi o crime cometido. 3.1. Requisitos – Decurso de dois anos a contar da extinção da pena ou do término de sua execução, computados os prazos de prova do sursis e do livramento condicional, quando não revogados. Observe-se que, no caso de extinção da pena pela ocorrência de sua prescrição, o prazo para requerimento de reabilitação há que ser contado do dia em que, efetivamente, ocorreu a prescrição da pena, e não do ato de sua formal declaração. No caso de condenação à pena de multa, conta-se o prazo a partir do pagamento desta. É da índole e da finalidade do instituto ser de efeitos totais, gerais, para total reintegração social do condenado. – Domicílio no país, por dois anos. – Demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado durante esses 02 anos. – Reparação do dano, salvo absoluta impossibilidade de fazê-lo ou renúncia comprovada da vítima. 3.2. Revogação Pode ser decretada de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Ocorre se sobrevier condenação que torne o reabilitado reincidente, a não ser que essa condenação imponha apenas pena de multa. 3.3. Competência para a concessão A competência é do juiz da condenação, uma vez que a reabilitação só se concede após o término da execução da pena. Se a condenação tiver sido proferida por tribunal, ainda assim a competência será do juízo de primeira instância responsável pela condenação. DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Conceito: As medidas de segurança são também sanções penais, por vezes assumindo caráter mais gravoso do que as próprias penas, dada a severíssima restrição à liberdade da pessoa internada, sendo impostas como decorrência do poder de coação estatal, em razão da prática, devidamente comprovada, de um fato penalmente típico e antijurídico, por uma pessoa considerada inimputável ou semi-imputável. As medidas de segurança diferem, porém, das penas, principalmente pela natureza e fundamento. Enquanto as penas tem caráter retributivo, de prevenção geral e especial, segundo o nosso CP, e se baseiam na culpabilidade, as medidas de segurança têm função exclusiva de prevenção especial e encontram fundamento da periculosidade do sujeito, denotada pela prática de uma conduta típica e ilícita. Outras características: São indeterminadas no tempo, só findando ao cessar a periculosidade e não são aplicáveis aos agentes plenamente imputáveis, mas só aos sujeitos inimputáveis ou semirresponsáveis. Princípios Constitucionais: Ao inimputável e ao semi-imputável,à evidência, também são assegurados todos os direitos e garantias previstos em nossa Constituição. Dessa forma, não se submete o cidadão a medidas terapêutico-penais que contrariem preceitos de legalidade, irretroatividade, presunção de inocência e dignidade da pessoa humana. Da Periculosidade: A periculosidade, que constitui o fundamento da imposição das medidas de segurança, é a probabilidade de o sujeito tornar a praticar crimes. Deve ela, sempre, e dentro do possível, ser concretamente aferida mediante laudos periciais devidamente fundamentados. Sistemas: – Vicariante: pena ou medida de segurança – Duplo binário: pena e medida de segurança Nosso Código Penal adotou o sistema vicariante, sendo impossível a aplicação cumulativa de pena e medida de segurança. Aos imputáveis, pena; aos inimputáveis, medida de segurança; aos semi-imputáveis, uma ou outra, conforme recomendação do perito. Requisitos para aplicação: Prática de fato típico punível: É indispensável que o sujeito tenha praticado um ilícito punível. Periculosidade: É imprescindível, também, que o sujeito que praticou o ilícito punível seja dotado de periculosidade, que deve ser real (devidamente fundamentada em laudo pericial), não se admitindo a sua presunção, em face do princípio favor libertatis e do reconhecimento da dignidade do ser humano, que fundamentam todo Estado Democrático de Direito. ESPÉCIES Internação (Art. 96, I, CP): Também chamada detentiva, consiste na internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta dele, em outro estabelecimento adequado. Tratamento (Art. 96, II, CP): Também denominada restritiva, consiste na sujeição a tratamento ambulatorial, pelo qual são dados cuidados médicos à pessoa submetida a tratamento, mas sem internação, salvo a hipótese desta tornar-se necessária, nos termos do § 4° do art. 97, CP, para fins curativos. Doença mental superveniente à condenação: Se no curso da execução da pena privativa de liberdade sobrevier doença mental, o juiz poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança (Art. 183 da LEP), a qual, todavia, não poderá durar mais que o restante da pena. PRAZO: Será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade. A cessação da periculosidade será averiguada após um prazo mínimp, variável entre um e três anos. DESINTERNAÇÃO: Será sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de um ano, pratica fato indicativo de sua periculosidade (não necessariamente crime)
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