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IDENTIFICAÇÃO
Nome: Laís Cristina Bandeira
Curso: Mestrado em Direito Semestre: último
Disciplina: Dissertação Prof.: Marcelino da Silva Meleu
Tema/Obra (s) do Fichamento: Derechos Humanos Estado de Derecho Y Constitucion.
Data e Local: 24 de outubro.
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 1.
CAPÍTULO 1 - DELIMITAÇÃO CONCEITUAL DOS DIREITOS HUMANOS.
1. A AMBIGUIDADE DA EXPRESSÃO - DIREITOS HUMANOS.
Se perguntarmos a um homem comum para que ele explique o que ele entende pelo termo
"razão" quase sempre ele reagirá com hesitação e embaraço. O que revela é na verdade o
sentido que não há nada a investigar, que o conceito de razão é explicado por si só e que a
questão em si é supérflua. Resultados muito semelhantes serão obtidos se este mesmo
cidadão for questionado sobre o que se entende por direitos humanos. Na maioria dos casos,
argumentar-se-ia que esta questão é supérflua, devido à alegada evidência de que cada ser
humano tem seus próprios direitos. Ao se aprofundar no escopo que cada pessoa que dá a
essa expressão, ou quando se tenta detalhar o conjunto de atribuições que se considera derivar
desses direitos, as divergências serão significativas, sem respostas ou contraditórias. Além
disso, algumas experiências sobre o assunto oferecem resultados desencorajadores, devido ao
grau de confusão e desorientação que as respostas revelam ( p. 21).
Hoje estamos acostumados a observar como, com referência a de obras artísticas, literárias ou
mesmo cinematográficas, a crítica refere-se ao seu valor desde o ponto de vista da sua atitude
em relação aos direitos humanos. Observamos também que os comentaristas políticos na
imprensa usam frequentemente o modelo de "direitos humanos" para julgar as alternativas da
realidade social e política. Os direitos humanos operam, em outra perspectiva, como uma
bandeira na luta pela reivindicação de indivíduos e grupos que se consideram marginalizados
por sua diversidade. Os exemplos poderiam ser multiplicados, já que todos eles estão
voltados a importância primordial que tem assumido a noção de direitos humanos no
tratamento dos argumento mais variados de caráter social, político ou jurídico. Assim, à
medida que o alcance do uso do termo "direitos humanos" foi tomando proporção, seu
significado tornou-se cada vez mais impreciso. Houve uma perda gradual de seu significado
descritivo, esta situação levou a que foi usado na luta ideológica para externalizar, justificar
ou afiar certas atitudes, desde posições em que o termo "direitos humanos" tem sido usado
com significados muito diferentes (p. 22).
Basta um breve exame das várias doutrinas de direitos humanos para verificar o profundo e
radical equívoco com o qual este termo foi assumido. Para alguns, os direitos humanos são
uma constante histórica cujas raízes se voltam às instituições e pensamento do mundo
clássico. Outros, por outro lado, argumentam que a ideia dos direitos humanos nasceu com a
afirmação cristã da dignidade moral do homem como pessoa. Frente ao último, por sua vez,
há aqueles que afirmam que o cristianismo não era uma mensagem de liberdade, mas sim
uma aceitação conformista do fato da escravidão humana. No entanto, o mais frequente é "a
primeira ideia de direitos humanos {...} surgiu durante a luta dos povos contra o regime
feudal e a formação das relações burguesas". Os direitos humanos são por vezes considerados
como fruto da afirmação de ideais naturalistas, enquanto que em outros é considerado que os
termos direitos naturais e direitos humanos são categorias que não estão necessariamente
envolvidas, nem mesmo entre aqueles que anteriormente eram de continuidade existe uma
alternativa.Por outro lado, é muito comum sustentar que os direitos humanos são o produto da
afirmação progressiva da individualidade. Agora, enquanto alguns consideram que tal
afirmação ocorre apenas após a dissolução da ordem natural, como uma ordem universal,
histórica e heterônoma, incompatível com a autonomia e o subjetivismo ético do mundo
moderno em que os direitos humanos são construídos, o argumento oposto é, que a lei
natural, como ética da razão, é o fundamento do clima liberal e democrático em que surgiram
os direitos do homem. As controvérsias não se esgotam aqui, uma boa prova disso nos dá o
esforço doutrinário destinado a desafiar a raiz individualista dos direitos humanos, com o
objetivo de reafirmar seu significado social. (p. 23-24).
Norberto Bobbio referiu-se expressamente a essa imprecisão conceitual dos direitos
humanos, para a qual, na maioria dos casos, essa expressão não está realmente definida, ou
está em termos insatisfatórios. Tendo em mente a sua abordagem, podem distinguir-se três
tipos de definições de direitos humanos: 1 - Tautológico, que não fornece elementos novos
que caracterizam tais direitos. Assim, por exemplo, os direitos do homem são aqueles que
correspondem ao homem pelo fato de ser um homem; 2 - Formais, que não especificam o
conteúdo desses direitos, limitando-se a alguma indicação do status desejado ou proposto. Do
tipo de: os direitos do homem são aqueles que pertencem ou devem pertencer a todos os
homens, e dos quais nenhum homem pode ser privado. 3 -Teleológicas, em que apelam a
certos valores finais, susceptíveis de diversas interpretações: os direitos do homem são os
essenciais para o desenvolvimento da civilização (p. 25).
É evidente que existem idéias como a perfeição da pessoa humana, o progresso social ou o
desenvolvimento da civilização, as opiniões mais diversas e polêmicas que dependem da
perspectiva ideológica a partir da qual são interpretadas. Portanto, se houver um acordo
inicial sobre a fórmula geral dessas definições, esse acordo desaparecerá assim que se passar
de sua declaração verbal à sua aplicação. Assim, no que diz respeito ao resultado, esta
definição é tão vaga como a que vem. Em qualquer caso, nenhum deles permite elaborar uma
noção de direitos humanos com limites precisos e significativos (p. 25).
2. A CRÍTICA DO CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS.
Grande parte da desorientação teórica e prática suscitada pelo significado errôneo e vago da
expressão direitos humanos decorre da própria ambiguidade da questão: o que são os direitos
humanos? Uma vez que não está claro se ela está sendo questionada sobre o significado ou
significados desta palavra, seus personagens, seu fundamento ou o fenômeno que ele designa,
ou do qual se entende que ele deve ser designado. A imprecisão da questão levou a uma série
de respostas na forma de definições reais, nascidas da pretensão de que cada palavra responde
à essência do objeto definido. Um exemplo valioso disso é fornecido pelo famoso trabalho de
Jeremy Bentham dedicadoespecialmente à crítica das declarações de direitos humanos,
contém observações interessantes sobre o significado geral desses direitos. Assim, na análise
do Bentham, enfatiza-se: 1 - A importância do uso de uma linguagem rigorosa no plano
jurídico-político. Bentham observa que palavras como leis, direitos, segurança, liberdade,
propriedade e poder soberano são termos que são freqüentemente usados na crença de que há
concordância em seu significado, sem perceber que tais expressões têm uma grande
quantidade de significados diferentes. Por isso, usá-los sem ter uma idéia clara de seu
significado está passando de erro para erro. 2 - Um exemplo claro desse uso impreciso e
enganador dos direitos humanos em declarações e linguagem vulgar é, na opinião de
Bentham, a confusão entre a realidade e o desejo. As boas razões para querer os direitos do
homem não são direitos, as necessidades não são remédios, a fome não é pão. A falácia mais
comum na linguagem dos direitos humanos consiste na confusão entre os níveis descritivo e
prescritivo. O primeiro artigo da Declaração Francesa de 1789, ao proclamar que os homens
nascem e permanecem livres e iguais em direitos,, incorreram nesse vício. A contradição
entre a realidade prática e as supostas faculdades de liberdade e igualdade que são formuladas
em termos descritivos, como fato, quando são meramente objetivos no plano do dever, é
evidente para Bentham. Essa confusão que surge da formulação dos direitos humanos em
termos descritivos, mas com uma função prescritiva, é uma constante na crítica de Bentham à
linguagem das declarações. 3 - No pensamento contemporâneo, os analistas de linguagem
distinguem entre o estudo lógico das relações entre palavras, entre palavras e objetos que
designam, e do comportamento dos sujeitos que os usam ou são influenciados por eles.
Antecipando-os, Bentham estava bem ciente dos efeitos práticos que o uso de linguagem
pobre pode ter no campo dos direitos humanos (p. 25-28).
3 - LIMITES LINGUÍSTICOS DO TERMO DIREITOS HUMANOS.
Para concretizar a análise linguística do termo direitos humanos, parece útil estabelecer,
como ponto de partida, seus limites internos e externos. Esses limites podem contribuir para o
significado preciso desta forma peculiar de linguagem normativa que constitui direitos
humanos. Para isso, será necessário estabelecer: por um lado, a distinção entre objetos que
podem ser indicados pelo termo e aqueles que não podem abranger essa expressão, para os
quais será útil confrontá-lo com outras categorias relacionadas e, por outro lado, o contexto
dentro do qual os direitos humanos têm significado, para o qual será necessário elucidar o
escopo dentro do qual o termo deve ser situado, reconstituindo para ele a função histórica e
real do conceito (p. 29).
3.1 - Limites internos. Os direitos humanos e outros conceitos afins.
Uma abordagem inicial da noção de direitos humanos pode ser propiciada pela consideração
dos limites dentro dos quais esta expressão pode ter um significado preciso. Para isso, é
conveniente estabelecer suas relações com outros termos, que nos usos linguísticos da teoria e
da política têm uma proximidade significativa com os direitos humanos. A análise atua aqui
em um nível principalmente descritivo e procura estabelecer um campo semântico de amplo
espectro, capaz de refletir o maior número possível de usos do termo. A expressão direitos
humanos aparece geralmente relacionada a outras denominações que, em princípio, parecem
designar realidades muito próximas, senão para uma mesma realidade. Essas expressões
incluem direitos naturais, direitos fundamentais, direitos individuais, direitos subjetivos,
direitos públicos subjetivos, liberdades públicas ... Portanto, é apropriado analisar as
respectivas relações entre cada um deles e a noção de direitos humanos. Esta análise deve ser
necessariamente breve, uma vez que um estudo detalhado do problema exigiria, por si só,
uma investigação específica (p. 29-30).
3.1.1 - Direitos humanos e direitos naturais.
Basta apontar para o momento que a tendência de considerar os direitos humanos como um
termo mais amplo do que a dos direitos naturais é muito difundida, mesmo a partir da
perspectiva doutrinária daqueles que reconhecem o vínculo entre as duas expressões. Assim,
uma tradição doutrinária, que já tinha uma expressão clara em Thomas Paine, tende a
considerar que os direitos humanos constituem a conjunção de direitos naturais, aqueles que
correspondem ao homem pelo simples fato de direitos existentes e civis, aqueles que
correspondem ao homem pelo fato de ser um membro da sociedade (p. 30).
3.1.2 - Direitos humanos e direitos fundamentais.
O termo direitos fundamentais aparece na França em torno de 1770 no movimento político e
cultural que levou à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. A expressão
alcançou subsequentemente proeminência especial na Alemanha, onde sob o título de direitos
fundamentais articulou o sistema de relações entre o Estado, como base de toda a ordem
legal-política. Este é o seu significado na lei fundamental de 1949. Por isso, grande parte da
doutrina entende que os direitos fundamentais são os direitos humanos positivados nas
constituições estatais. Além disso, para alguns autores, os direitos fundamentais seriam os
princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
sistema jurídico. De qualquer modo, pode-se notar uma certa tendência, não absoluta, como
evidenciado pela enunciação da referida Convenção Européia, reservar a denominação de
direitos fundamentais para designar os direitos humanos internamente internalizados,
enquanto a fórmula direitos humanos é a mais utilizada, ao nível das declarações e
convenções internacionais (30-31).
3.1.3 - Direitos humanos e direitos subjetivos.
A dimensão da lei como uma faculdade de ação reconhecida à vontade dos indivíduos, isto é,
como um direito subjetivo, também é muito próxima da noção de direitos humanos. A própria
imprecisão da figura do direito subjetivo, objeto de um desafio aberto por parte do realismo
escandinavo e da doutrina kelseniana, indica a dificuldade que também existe aqui para
delinear claramente as relações desta noção com a dos direitos humanos. Para aqueles que
sustentam que os direitos subjetivos são expressão de todos os atributos da personalidade, os
direitos humanos constituem uma subespécie daqueles: seriam os direitos subjetivos
diretamente relacionados às faculdades de autodeterminação do indivíduo. No entanto, se a
noção de lei subjetiva é assumida em seu significado técnico estritamente legal e positivo,
estes conceitualizam-nas como prerrogativas estabelecidas de acordo com certas regras e que
dão lugar a tantas situações especiais e concretas em benefício de indivíduos, ambos os
termos não são identificados.Esta tese contribui para explicar as concomitâncias que, em
certo momento histórico, poderiam existir entre as noções de direitos humanos e direitos
subjetivos, bem como as razões para a sua dissociação progressiva (p. 31-32).
3.1.4 - Direitos humanos e direitos públicos subjetivos.
A categoria de direitos públicos subjetivos foi elaborada pela dogmática alemã de direito
público no final do século XIX. Com esta categoria, foi feita uma tentativa de inscrever
direitos humanos em um sistema de relações jurídicas entre o Estado, como pessoa jurídica e
indivíduos. Desta forma, a categoria de direitos públicos subjetivos, entendida como uma
auto-limitação estatal em favor de certas esferas de interesse privado, perde seu significado à
medida que é superada pela dinâmica econômico-social de nosso tempo, na qual o gozo de
qualquer direito fundamental requer uma política legal ativa pelas autoridades públicas (p.
33-34).
3.1.5 - Direitos humanos e direitos individuais.
Como a noção de direitos públicos subjetivos, e por razões semelhantes, o conceito de
direitos individuais foi progressivamente abandonado em doutrina e legislação. Este termo foi
usado como sinônimo de direitos humanos no período em que foram identificados com o
reconhecimento de certas liberdades ligadas à autonomia de indivíduos. A expressão "direitos
individuais" é, nas palavras de Pablo Lucas Verdú, não muito correta, não só porque a
sociabilidade é uma dimensão intrínseca do homem, como a racionalidade é, mas mais
abundante na era atual, transposta pelas demandas sociais (p.34-35).
3.1.6 - Direitos humanos e liberdades públicas.
O termo liberdades públicas aparece na França no final do século XVIII e é expressamente
utilizado no artigo 9 da Constituição de 1793. Este artigo proclama que: a lei deve proteger a
liberdade pública e individual contra a opressão daqueles que governar. No plural, como é
usado hoje, mas com um significado diferente foi freqüentemente usado por alguns autores
tradicionalistas, especialmente por Chateaubriand, durante a Restauração. Então, seu uso foi
generalizado entre os publicistas ao estudar os proclamados nos artigos 1 a 12 da
Constituição de 1814. Ao examinar os limites lingüísticos internos da expressão direitos
humanos, pretendia estabelecer o significado usual deste termo a partir do confronto com
outras categorias relacionadas, também assumidas por meio de seus significados de uso.
Contudo, resulta desse exame que uma definição precisa dos direitos humanos não pode ser
derivada. Em qualquer caso, o que mostrou é a falta de uma prática linguística consistente e
pacificamente admitida no uso dessas categorias. Por isso, por uma abordagem mais completa
do significado dos direitos humanos, é conveniente estender essa análise com referência aos
limites linguísticos externos da expressão.
3.2 - LIMITES EXTERNOS: OS DIREITOS HUMANOS E A LEI NATURAL.
É verdade que a noção do que chamamos de direitos humanos não é uma peça de museu,
objeto de mero interesse retrospectivo; pelo contrário, é algo que está presente na nossa
cultura jurídica e política que incita nosso interesse teórico e que tem repercussões na nossa
vida prática. Em outras palavras, que sua história não terminou e isso depende, em grande
parte, de nossas ações que estão concluídas ou que elas continuam e como ela continua. Mas
também é verdade que muito do que é dito e feito no campo dos direitos humanos tende a
reproduzir, rejeitar ou reformar as idéias e os pressupostos que a tradição designou com esse
nome. Portanto, nada melhor para esclarecer seu significado do que aquela referência às
raízes históricas de sua consagração conceitual e terminológica, para poder determinar em
que contextos esses direitos tiveram e podem ser motivo para serem significativos (p.38).
O conceito de direitos humanos tem como antecedente imediato a noção de direitos naturais
em sua elaboração doutrinária pelo direito natural racionalista. Na minha opinião, esta
posição não ajuda a colocar os direitos humanos no significativo contexto gerador e doutrinal
que é próprio. De fato, durante os séculos XVI e XVII, uma série de teólogos e juristas da
Escola de Espanhol, que representou em grande parte um esforço para adaptar a escolástica
medieval aos problemas da modernidade, contribuiu decisivamente para a afirmação de
direitos de vários ângulos. Pouco depois da Declaração dos direitos humanos e do trabalho
dos direitos humanos de Thomas Paine, contribuiu poderosamente para espalhar no nível
normativo e doutrinal a expressão direitos do homem. Em qualquer caso, deve-se ter em
mente que os autores dos séculos XVII e XVIII afirmaram a prioridade dos direitos naturais
subjetivos em relação à lei objetiva positiva, mas nenhum deles pretendia, o que teria sido
uma contradição, para manter o primado dos direitos natural subjetivo sobre a lei natural
objetiva, mesmo que enfatizassem o antigo ou ocupados preferencialmente ou
exclusivamente desses (p. 39- 41).
Os direitos naturais são originais, e assim Samuel Pufendorf nos informará que todos os
homens têm por seu nascimento a mesma liberdade natural. Na mesma idéia, de direitos
inatos comuns a todos os homens, insistiu que John Locke proclamasse que o homem nascia
com um título de liberdade perfeita: o homem que nasceu, como provado, com um título,
como provado, com um título de liberdade perfeita. Por sua parte, Thomas Paine afirmou que
os direitos naturais são aqueles que correspondem ao homem pelo simples fato de existir. As
analogias entre o conceito tomista da lei natural e a noção moderna de direitos naturais são
evidentes (p. 42-43).
O desejo de colocar os direitos humanos no plano orbital do absoluto e incondicional levou as
principais construções modernas de sua teoria a serem inspiradas, conscientemente ou
inconscientemente, nas propriedades clássicas da lei natural, que a colocava acima de
qualquer contingência . Por esta razão, a atitude doutrinal que tenta traçar uma fratura entre a
lei e seu análogo legal, isto é, os direitos naturais, longe de ajudar a elucidar o significado
deste último, a obscurece. É precisamente da tese oposta que podem ser estabelecidos os
pressupostos que condicionam e explicam o significado dos direitos humanos, delineando o
contexto histórico que delimita os limites externos de expressão (p.43).
É verdade que, ao consertar esses limites, as disputas sobre o significado e o fundamento de
tais direitos não serão eliminadas, mas a partir daí a hipótese mítica que subjaz a sua
constituição pode ser esclarecida. Agora, é discutível em termos de análise semântica pode
parecer para projetar a termo secular de organização sociopolítica, teses estão ligados a uma
visão escatológica do universo, como emerge da lei natural na concepção tomista, tais foifundamentalmente importante. Por meio da metáfora afortunada dos direitos comuns a todos
os homens situados ao nível dos valores absolutos, universais e intemporais, o pensamento
naturalista do século XVIII encontrou uma fórmula de imposição capital para uma nova
legitimação do poder político. Pretendia colocar certas esferas de convivência humana acima
da possível arbitrariedade daqueles que possuíam poder. Em suma, era uma questão de tornar
a autoridade e da própria associação política um instinto para a realização dessas faculdades
intrinsecamente inerentes a toda a raça humana (p.43).
4. A PROJEÇÃO DA INFORMÁTICA E O ESTRUTURALISMO À ANÁLISE DO
CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS.
A função da palavra foi pervertida de tal forma que as palavras mais verdadeiras foram
mentidas de tal forma que as mais lindas e solene declarações são suficientes para dar às
pessoas a sua fé nos direitos do homem. Isso ocorre porque os direitos humanos, como tantos
outros conceitos-chave da filosofia jurídica e política, têm uma carga emocional inegável que
determina que a informação que subjaz a tais conceitos não é livre de ambiguidades e
contradições. No entanto, quando se percebe que essas ideias ou conceitos continuam a ser
reiterados, na teoria e na prática, embora não possam ser um objeto imediato de verificação
empírica; deve-se pensar que isso é porque eles cumprem uma determinada função
pragmática. Esta função, como foi apontado no caso dos direitos humanos, está intimamente
ligada ao seu papel como critério de legitimação política (p. 44).
Os esforços para construir uma ciência autêntica dos direitos humanos não podem ser
ignorados; A análise lingüística da noção de direitos humanos encontra um refinamento
notável de seus instrumentos de trabalho em duas contribuições recentes da cultura
contemporânea: o estruturalismo no mundo. campo da metodologia filosófica e cibernética e
informática na metodologia das ciências. Foi realizada uma pesquisa de umas 700 páginas de
texto sobre direitos humanos, esta análise informática forneceu 50.000 termos que foram
comparados com os 1.361 elementos do glossário previamente preparados manualmente para
determinar a frequência com que os termos do glossário apareceram em textos processados,
omissões, etc. Assim, foi possível retrabalhar o glossário e estabelecer as vozes fundamentais
da enciclopédia. Também foi possível verificar uma ordem quantitativa de freqüência na
repetição dos termos, e foi observado desta maneira; que o termo "lei" é usado com muita
freqüência do que as vozes "Estado"; "Tribunal"; «Constituição» (p.45).
Em qualquer caso, a análise representa uma contribuição muito valiosa para facilitar a análise
linguística e a análise estrutural dos direitos humanos. Este último foi abordado pelo
pesquisador francês Jean-Bernard Marie, que entende perfeitamente que os direitos humanos
constituem uma língua, ou seja, são expressas através de apoios linguísticos: palavras, e essas
palavras podem ajudar a conhecer sua natureza. Os direitos humanos não constituem
realidades imediatamente palpáveis diretamente perceptíveis como objetos do mundo físico;
os direitos humanos "são concebidos", "reivindicados", "respeitados", "violados" ou
"sancionados", mas nunca são encontrados, porque não são objetos materiais.Essas pesquisas,
ainda em fase embrionária, podem contribuir fortemente para os instrumentos para uma
análise linguística dos direitos humanos, desde que seja considerada a complementaridade
metódica entre filosofia analítica, estruturalismo e ciência da computação. Não se trata de
uma conclusão pessimista sobre a noção de direitos humanos, com base na sua pluralidade e
ambiguidade significativa, mas de estabelecer as bases para a luta pelos direitos humanos
escapa ao dogmatismo e se funde em uma deliberação racional sólida (p.46-48).
5. UMA PROPOSTA DE DEFINIÇÃO
A partir dessas precisões, uma definição de direitos humanos pode ser esboçada em termos
explicatitivos, ou seja, visando colocar em perspectiva como essa expressão deve ser usada na
teoria jurídica e política do nosso tempo, a fim de alcançar a máxima clareza e rigor de uso
mais representativo do termo. Sob isso, os direitos humanos aparecem como um conjunto de
faculdades e instituições que, em cada momento histórico, cumprem as exigências da
dignidade, da liberdade e da igualdade. que deve ser reconhecido positivamente pelos
sistemas jurídicos nacionais e internacionais. Pode-se considerar que esta definição não evita
os perigos mais frequentes nas tentativas de delimitar conceitualmente os direitos humanos
que foram delineados no início deste capítulo (p.48).
a) Assim, pode-se objetar que a definição de direitos humanos como faculdades que
correspondem às necessidades dos seres humanos está se tornando uma tautologia. Agora, a
referência imediata aos valores dessas faculdades constitui uma concretização e a insistência
No caráter histórico com o qual é realizado, são dados que contribuem para a determinação do
significado desses direitos. Há dias que julgamos serem muito importantes, especialmente no
nível econômico e social, que nem sequer foram intuídos pelos autores das declarações do
XVIII. b) Por outro lado, o apelo aos valores de dignidade, liberdade e igualdade pode ser
entendido como uma clara incidência desta proposta de definição no campo das chamadas
"definições teleológicas", isto é, referem-se a valores de conteúdo impreciso. A dignidade
humana tem sido na história e, no presente, é o ponto de referência de todas as faculdades que
são direcionadas para o reconhecimento e a afirmação da dimensão moral da pessoa. Sua
importância na gênese da teoria moderna dos direitos humanos é inegável. Basta lembrar-se
da idéia de dignitas humanas, como sendo eticamente livre, parte todo o sistema de direitos
humanos de Samuel Pufendorf, que, por sua vez, foi o fermento inspirador das declarações
americanas (p.49).
A liberdade constitui; sempre foi o princípio aglutinador da luta pelos direitos humanos, até o
ponto em que, durante muito tempo, a idéia de liberdade em suas diversas manifestações foi
identificada com a própria noção de direitos humanos. É significativo que, mesmo em um dia,
em um estudo interessante sobre a existência de direitos naturais desenvolvidos dentro de um
dos movimentos mais decididos da crítica radical da tradição metafísica, a liberdade foi
reconhecida como o único direito natural. É a análise lógica realizada por Herbert Hart, que
limitou a possibilidade da existência de direitos naturais a um único direito: "a igualdade
direito de todos os homens serem livres ". No que se refere à igualdade, deve ser lembrado,
como evidenciado pela referência à experiência informática do Instituto Internacional de
Direitos Humanos de Estrasburgo, que é o direito humano mais importante em nosso tempo,
sendo consideradocomo um postulado que apóia toda a construção teórica e jurídica positiva
dos direitos sociais (p. 49-50).
Finalmente, pode-se considerar que, ao se referir à necessidade de afirmação deste conjunto
de poderes, uma abordagem formalista estava sendo tomada na ausência de menção expressa
da realização efetiva dos direitos humanos. Por conseguinte, deve notar-se que o
reconhecimento positivo de tais direitos são entendidos aqui no sentido mais amplo, que
inclui os mesmos instrumentos normativos de positividade que as técnicas de proteção e
garantia. A definição proposta busca combinar as duas grandes dimensões que compõem a
noção geral de direitos humanos, isto é, o requisito naturalista para sua fundação e as técnicas
de positivação e proteção que dão a medida do seu exercício. É claro que com isso A proposta
de definição não se destina a dar uma resposta satisfatória a toda a série de problemas que,
como já vimos, envolvem qualquer tentativa definitiva de direitos humanos. Mas através da
análise dos principais usos linguísticos da expressão, procurou-se esclarecer o alcance em que
o mesmo pode ser usado com sentido; pelo menos esse propósito orientou as reflexões
anteriores (p.51).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 1.
CAPÍTULO 2- O PROCESSO DE POSITIVAÇÃO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS.
1. APROXIMAÇÃO: SENTIDOS EM QUE SE PODE ENTENDER A POSITIVAÇÃO
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
Quando nos referimos ao problema da positivação dos direitos fundamentais, podemos
referir-se a duas questões de natureza diferente e, portanto, são diversas. O problema da
intervenção é menos complexo quando é abordado a partir de sua dimensão institucional
perito legal. Desse ponto de vista do que não é mais uma questão de raciocínio sobre como a
positivação deve ser entendida, mas de consignar as instituições jurídico-políticas através das
quais foi realizada; e é sempre menos arriscado tentar descrever um processo a ser avaliado
ou fundamentado. Em qualquer caso, essas perspectivas de abordagem, embora
independentes no plano lógico, estão intimamente ligadas ao seu desenvolvimento histórico.
Assim, ao desenhar uma abordagem doutrinária para o processo de positivação de os direitos
fundamentais já prevêem um ponto de referência para o estudo da sua dimensão institucional
(p. 52-53).
2. PERSPECTIVAS DOUTRINÁRIAS PARA A POSITIVAÇÃO.
Se a luta pelo reconhecimento da dignidade da pessoa humana pode ser considerada como
uma constante na evolução da filosofia jurídica e política humanística, a tendência para a
positivização das faculdades que essa dignidade implica pode ser considerada como uma
preocupação intimamente ligada a as abordagens doutrinais atuais. Em qualquer caso, se se
levar em conta que as principais tendências filosóficas defendem ou trazem uma visão
definitiva dos direitos fundamentais, a necessidade de elaborar um quadro seletivo que, sem
pretensões de exaustão, será entendido; reflete os principais pontos de vista sobre a
positivização desses direitos. Já está que uma enumeração das diferentes opiniões doutrinais
na questão, além de ser muito difícil, dificilmente esclareceria. Portanto, parece mais
conveniente reduzir a exposição aos endereços que contribuíram mais fortemente para elevar
teoricamente o problema da positivação, agrupando-os convencionalmente de acordo com
três grandes posições doutrinais: o natural, o positivista e o realista (p.53-54).
2.1. TESES JUSNATURALISTAS.
Sob a bandeira da lei natural, uma série de doutrinas muito heterogêneas e até contraditórias
historicamente foram agrupadas, que serviram para defender e fundamentar a existência do
direito natural. Os diferentes concepções naturalistas se coincidirem de alguma forma tem
sido afirmar a existência de postulados anteriores de juridicidade e justificação de direito
positivo. Por este motivo, a Battaglia nos lembra que: a declaração que existem alguns
direitos essenciais do homem como tal em sua qualidade ou essência absolutamente humana,
não podem ser separados do reconhecimento prévio e necessário de um direito natural,
natural, diferente do positivo e, por sua vez, preliminar e fundamental em relação a este. Para
a lei natural, o termo "direito" não coincide com o de direito positivo e, portanto, defende a
existência de direitos naturais do indivíduo, originários e inalienáveis, segundo os quais o
Estado surge. A atitude naturalista em relação ao problema da positivação encontrou uma
certa síntese no pensamento de Maritain, que afirmou "a existência de direitos naturalmente
inerentes ao ser humano, anteriores e superiores às leis escritas e acordos entre governos,
direitos que Não é para a comunidade civil conceder, mas para reconhecer e sancionar
(p.54-55).
Nas principais declarações do XVII I, como resultado da lista inspiradora iusnatura, também
se nota o significado declarativo que implica a positivização dos direitos fundamentais.
Assim, no primeiro parágrafo do a Declaração dos Direitos do Bem-Povo da Virgínia em
1776 afirma que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e têm
certos direitos inerentes, dos quais, quando entram em estado da sociedade, não pode, por
qualquer acordo, privar ou tirar sua posteridade. Na mesma linha proclamou o segundo artigo
da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 que o objetivo de toda
associação política residia na "conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem
(p.55).
2.2 - TESES POSITIVISTAS.
Radicalmente diferente é neste aspecto a posição apoiada pelos defensores do positivismo
jurídico. Do seu ponto de vista, a legalidade é identificada com a noção de direito positivo,
com normas legais positivamente estabelecidas. Este endereço tem um dos seus expoentes
mais representativos em Bentham, que, em seu famoso folheto Anárquico Fallacies; O ser e o
exame da Declaração de Direitos emitida durante a Revolução Francesa, destacaram a
incongruência legal que implicava a demanda por direitos anteriores ao Estado. Na sua
opinião, onde não há leis ou estados positivistas, não há direito, e afirmá-lo envolve uma
metáfora perigosa cuja falácia é revelada antes da necessidade de recorrer à lei escrita para
definir os chamados "direitos naturais do homem" (p.56).
As razões pelas quais você quer que esses direitos existam não constituem, por si mesmas,
direitos, assim como a fome não cria pão. Portanto, a expressão "direitos naturais" não tem
sentido. Agora, é um sentido retórico que produz resultados sérios no nível jurídico e político.
Com efeito, aqueles que os defendem sustentam que esses direitos chamados têm valor legal
e que, portanto, o governo deve respeitá-los na sua totalidade. Isso leva a uma situação de
anarquia jurídica e política, uma vez que, em última instância, a teoria dos direitos naturais
"excita e mantém um espíritode resistência a todas as leis do espírito de insurreição contra
todos os governos". Qual é a natureza dos direitos do homem para a concepção positivista?
Austin, outro dos principais representantes do positivismo jurídico na Inglaterra,
desenvolverá neste momento a doutrina de Bentham. Na sua opinião, os direitos naturais são
apenas um setor das regras que integram a moralidade positiva em sua teoria: um conjunto de
normas sociais que emanam das opiniões e sentimentos coletivos que influenciam a lei, mas
que não são leis (p.56-57).
O descrédito progressivo da teoria dos direitos naturais na ciência jurídica alemã do final do
século XIX e início do século XX, motivado em grande parte pela crítica do positivismo
jurídico, determinou o surgimento de uma nova categoria: direitos públicos subjetivos. Na
verdade, a nova categoria será apresentada como uma tentativa de oferecer uma configuração
legal-positiva do requisito mantido pela teoria dos direitos naturais para afirmar as liberdades
do indivíduo contra a autoridade do Estado. Os direitos públicos subjetivos surgiram como
uma alternativa supostamente técnica e asséptica à noção de direitos naturais que, como já foi
dito, foram consideradas pelo positivismo jurídico como uma categoria abertamente
ideológica. Que tal alternativa não estava isenta de conotações políticas é comprovada
quando se percebe que era um mecanismo fundamental colocado ao serviço do
funcionamento do Rechtsstaat, do estado de direito burguês, criando, por sua vez, a mesma
dogma alemã de direito público. Afirma nela que a positividade dos direitos fundamentais
não têm caráter de mera declaração do direito natural, mas tem valor constitutivo. Não se
trata, portanto, de ratificar os postulados da lei natural, mas de dar vida no âmbito de uma
ordem a um conjunto de normas legais (p. 57-59).
2.3 TESES REALISTAS.
Diante das posições delineadas até agora, existe um grande setor doutrinal que mantém, com
importantes peculiaridades e de diversas perspectivas, uma atitude que convencionalmente
pode ser chamada de realista. correntes realistas acusam de abstração o mesmo para os
Jusnaturalistas iluministas para colocar o problema concreto de positivación dos direitos
fundamentais no domínio dos ideais eternos e metafísicos, que os positivistas que consideram
resolvido sua implementação em normas formalmente válido, mas muitas vezes são formas
puras desprovidas de conteúdo. Não está lá, dizem os realistas, temos de colocar o problema
da positivación, mas em termos de condições económicas e sociais para o efetivo gozo desses
direitos, que não são ideais atemporais ou fórmulas retóricas, mas o produto das exigências
sociais do homem histórico. Portanto, os autores estimam prática realista dos direitos
fundamentais não deve ser procurado somente na Constituição, mas nas relações de poder
que servem de suporte ou obedece certas condições sociais econômicas e culturais (p.59-60).
A realização dos direitos humanos exigiu, segundo Marx, uma emancipação humana que
ocorre quando o homem e o cidadão se fundem; isso implica o reconhecimento e organização
de suas próprias forças como forças sociais e, portanto, não separar de si mesmos a força
social sob a forma de força política. Esse processo de emancipação contribui para afirmar
uma liberdade real, baseada em condições materiais e tangíveis e, portanto, da liberdade
abstrata que é o produto da emancipação na teoria pura. Com base nessa abordagem, os
autores marxistas consideram que o problema da positividade dos direitos fundamentais não
pode ser separado das condições reais que permitem seu gozo efetivo. A positividade é
considerada a partir desta abordagem como um instrumento que permite definir e especificar
melhor o alcance desses direitos; Mas, em qualquer caso, são condições sociais que
determinam o verdadeiro significado dos direitos e liberdades, uma vez que sua proteção e
proteção dependem deles (p.60-61).
Às vezes, a demanda pela garantia dos direitos fundamentais foi formulada a partir de
atitudes sociológicas. Tal é o caso de Luhmann, para quem o processo geral de positivação
supõe uma resposta à pergunta: << wie cine Gesellschaft auf der Ebene ihrer Normen
strukturelle VariabiliUit erreichen und sicherstellen kann ». Por conseguinte, do ponto de
vista sociológico, o problema da positivação dos direitos fundamentais não está ligado na
opinião de Luhmann à consagração dos direitos humanos eternos, mas no desenvolvimento
da sociedade industrial e burocrática moderna, estes são Através da sua incorporação, eles
realizam instituições sociais. Os direitos fundamentais, portanto, perdem sua reivindicação,
dimensão emancipatória e até mesmo legitimatória. Sua função é relegada ao papel dos
subsistemas sociais, que são interpretados como garantias da diferenciação existente no
próprio sistema (p.61).
Na sociedade complexa do nosso tempo Luhmann entende que o processo de positivação dos
direitos fundamentais não se refere a critérios de inspiração fixo, mas parâmetros flexíveis
projetados para atender às demandas de uma sociedade em mudança. Resumindo o acima
pode ser visto que, enquanto a lei natural coloca o problema dos direitos humanos
positivación filosófica e positivismo em legal, para o realismo é inserido na arena política,
mas também, como vimos , dão uma importância decisiva às garantias jurídico-processuais
de tais direitos. É evidente que, no nível prático, essas três instâncias se condicionam, todas
as quais são necessárias para o desenvolvimento positivo dos direitos fundamentais. Que, ao
estudar o processo de vation positi deve insistir mais em seu significado legal não significa
que nele não estão gravitando certos conceitos filosóficos que, finalmente, formam o seu
apoio ideológico; nem que o problema da positivação possa ser totalmente desconectado dos
fatores sociais e das técnicas legais que determinam sua garantia. Portanto, as páginas ainda
estão colocando, por precisão metódica o problema da positivación na sua dimensão jurídica
não exibirá mais a co-implicação existente entre estas três perspectivas (p.61-62).
3. MARCO INSTITUCIONAL DA POSITIVAÇÃO.
Até agora, estamos estudando o problema da afirmação dos direitos fundamentais através de
sua abordagem de várias abordagens doutrinárias, mas, como eu disse, juntamente com esse
nível de consideração, é essencial ter em mente a sua expressão em várias instituições e
normas legais-positivas. . É conveniente lembrar que os direitos humanos fundamentais não
constituem um conjunto de elementos independentes que poderiam ser objeto de
consideração isolada, respondem historicamente a certos estímulos e foram moldados em
fórmulas que refletem os princípios organizacionais comuns. Os problemas técnico-jurídicos
que implicam a positivação dos direitos fundamentais serão analisados em primeiro lugar de
forma"síncrona", para então "diacronicamente" com o desenvolvimento histórico em que
essas técnicas positivas se refletiram (p. 62).
3.1 ANÁLISE SINCRÔNICA.
O objetivo da análise sincrônica da positivação de tais direitos é estudar as técnicas através
das quais este fenômeno foi realizado nos diferentes sistemas jurídicos. Eles se refletiram em
vários níveis institucionais e, dentro deles, com vários procedimentos regulatórios. Por esse
motivo, a análise sincrônica nos permite oferecer os principais recursos definidores do
sistema de direitos fundamentais (p. 63).
3.1.1 QUESTÕES DE MÉTODO.
O problema técnico-jurídico da promoção dos direitos fundamentais sugere, em primeiro
lugar, algumas questões de natureza metodológica que podem ser consideradas antes da
consideração dos mecanismos através dos quais essa positivação é realizada. Foi escrito, por
exemplo, que a formulação dos direitos humanos implica uma tarefa dupla: por um lado,
supõe um problema de linguagem jurídica, uma vez que trata de enunciar esses direitos de
maneira clara, unívoca e precisa; por outro, levanta uma questão de ordem sistemática, uma
vez que, como já foi observado, exige estabelecer e manter em mente os nexos que
relacionam os direitos com os outros e sua formulação deve responder a um certo princípio
de ordem; Ou seja, que sejam promulgados como um catálogo cuja estrutura é coerente (p.
63).
De forma especial, deve oferecer uma proposta de solução aos problemas colocados pela
colisão dos direitos fundamentais, estabelecendo uma relação hierárquica que responda ao
sistema de valores da comunidade em que são formulados. Esta tarefa ultrapassa, na opinião
de um setor amplo, o arcabouço teórico da dogmática para interessar à sociologia jurídica.
Esta tese parece vir da construção de Luhmann, para quem a técnica de positivação dos
direitos fundamentais. ter que refletir a incorporação destas nas instituições sociais, não pode
ignorar sua dimensão sociológica. Uma vez que essas instituições implicam, em sua opinião,
uma representação objetiva e social de expectativas de comportamento generalizadas, que,
assim, mostram a estrutura do sistema social. Embora a suposta orientação sociológica da
abordagem de Luhmann tenha sido desafiada, enfatiza-se que as instituições sociais acabam
identificando-se com normas positivas em sua construção analítica (p. 64).
3.1.2 NÍVEIS DE POSITIVAÇÃO.
Além desses detalhes metódicos, a abordagem técnica para a promoção dos direitos
fundamentais é desenvolvida através de um processo normativo que afeta diferentes níveis de
experiência jurídica, pois é o produto das ações dos grandes poderes jurídico-políticos
clássicos. Para eles, como os maiores depositários do poder regulatório, eles têm a
competência para contribuir para a elaboração, cada uma em sua própria esfera, do regime
positivo dos direitos fundamentais (p. 65).
3.1.2.1 CONSTITUCIONAL.
Em primeiro lugar, deve-se notar que dois sistemas de positividade foram utilizados no plano
constitucional. A doutrina alemã distinguiu o sistema de positivação através do / ex generalis,
isto é, da enunciação de grandes princípios como liberdade, igualdade, dignidade humana; do
sistema de leis especiais que proclamam liberdades ou direitos mais específicos, como
liberdade de pensamento, imprensa, consciência. Uma classificação tripartite também foi
apontada considerando a possibilidade de sistemas de positivação por: cláusulas gerais
(Generalklausel), equivalentes ao método do / ex generalis; casuística (kasuistisch Katalog),
que corresponderia ao sistema de leis especiais; e misturado, sistema utilizado nas
constituições que, após a enunciação dos grandes princípios ou postulados sobre os direitos
fundamentais, geralmente realizados no preâmbulo do texto constitucional, detalham no texto
articulado da constituição o catálogo sistematizado dos principais direitos dos cidadãos. Em
qualquer caso, o problema da formulação constitucional positiva dos direitos fundamentais
tem sido elevado por causa de seu tratamento peculiar no texto espanhol, uma questão de
interesse prioritário para uma teoria e prática que tendem a garantir a máxima perfeição legal.
no nível técnico e a maior virtualidade democrática no sistema político (p. 65-71).
3.1.2.1.1 VALOR POSITIVO DAS DECLARAÇÕES DOS DIREITOS E
PREÂMBULOS CONSTITUCIONAIS.
Este assunto foi especialmente debatido pela doutrina francesa do direito público, cujas obras,
embora tenham se concentrado em sua própria experiência constitucional, oferecem diretrizes
teóricas que podem ser usadas para uma abordagem geral da questão. Note-se que, para os
fins desta investigação, as declarações de direitos e os preâmbulos têm um significado
similar. Em ambos os casos, é uma questão de enunciar, por parte do constituinte, os grandes
princípios orientadores da vida política. Assim, pode-se afirmar que a diferença mais notável
reside na supra natureza constitucional supra-constitucional, concedida por algum setor da
doutrina às declarações, e na tendência que é notada hoje, no coração do constitucionalismo
comparativo, para uma maior utilização dos preâmbulos para a formulação desses princípios.
A) Tese negativa. Na França, um grande grupo de anunciantes, entre os quais deve ser citado
Esmein e Carré de Malberg, negam valor jurídico aos princípios contidos nas declarações.
Para o primeiro, estes são textos que contêm meros expostos de dogmas políticos sem força
legal ou, se preferir, uma soma dos preceitos da lei natural. Eles constituem um novo
evangile, formado por princípios tão gerais e abstratos que não podem ser aplicados, como se
fossem normas precisas de direito positivo. Tais princípios, que não têm status legal, não são
executáveis: apenas são adquiridos positivamente quando estão incluídos nas normas
constitucionais ou legislativas (p.71).
B) Tese positiva. O argumento apresentado por Mignon sobre a alegada falta de
intencionalidade legal nos autores do Preâmbulo da Constituição de 46 foi defendido por
Laferriere em relação à Declaração revolucionária de 1789. Por esta razão, não é
surpreendente que aqueles que afirmam o caráter jurídico desses textos, começam a partir de
uma análise historiográfica para fundar sua tese. Neste sentido, deve-se notar que aqueles que
admitem, em princípio, a natureza positiva das declarações e preâmbulos não estão de acordo
para determinar o alcance do seu significado legal. O exame sucessivo dessas posições
permitirá delinear o fundamento teórico desses argumentos. a) Valor supraconstitucional. Foi
escrito que votar para uma assembléia constituinte de uma declaração de direitos supõe a
manifestação de que existem três categorias principais de normas hierárquicas em todas as
sociedades políticas: os princípios fundamentais (incluídos nas declarações), que todos os
constituintes ou constituído deve respeitar; as regras que dizem respeito à organizaçãode
poderes públicos (ou leis constitucionais próprias); e as regras promulgadas pelos órgãos
constituídos (leis, regulamentos, decretos). Agora, o problema consiste em verificar até que
ponto as normas contidas nas declarações e preâmbulos constituem uma categoria específica
(p. 72-73).
b) Valor constitucional. Um dos principais obstáculos enfrentados pela tese de Duguit foi a
possibilidade de subsistir as declarações e preâmbulos, uma vez que o quadro constitucional
em que foram promulgadas foi revogado. Esta situação ocorreu em várias alternativas da vida
política francesa e, com respeito a elas, Duguit manteve a sobrevivência dos princípios
supra-constitucionais contidos nas declarações. Anos mais tarde, esta tese foi aplicada por
Duverger e Pelloux aos preâmbulos constitucionais, que, na sua opinião, vinculam o
legislador e em um duplo sentido: impondo a obrigação de não violar seus princípios e
orientar seu trabalho legislativo na formulação do estatuto dos direitos fundamentais. De
qualquer forma, esses autores consideram que o preâmbulo é parte integrante da constituição.
e) Valor legislativo. Dadas as dificuldades envolvidas na consideração constitucional desses
textos, parte da doutrina optou por considerá-los como meras disposições legais (p. 74).
A principal dificuldade teórica com a qual essa tese é enfrentada é que, embora seja correto
oferecer uma explicação legal do comportamento dos corpos que devem aplicar as
declarações ou preâmbulos. não fornece uma resposta satisfatória ao problema da natureza
jurídica destas disposições. d) Valor dos princípios gerais. A controvérsia sobre a natureza
jurídica dos direitos fundamentais reconhecidos nestes textos levou ao surgimento de cargos
que os qualificaram como costumes constitucionais e princípios gerais de direito. e) Valor do
material. As dificuldades que, para a precisão da natureza jurídica das declarações e
preâmbulos, suscitam a adoção de um critério estritamente formal levaram a doutrina a
considerar o problema do seu significado, tendo também em conta os critérios materiais já
apontados nas questões de método. Assim, ao examinar o conteúdo das disposições que
compõem esses textos, enfatizou-se que eles são formados por dois tipos de postulados: por
um lado, por regras de direito positivo que podem ser interpretadas com uma certa margem
de objetividade; por outro lado, por uma série de princípios filosóficos, morais e políticos de
caráter programático que determinam genericamente os objetivos da atividade estatal
(p.75-76).
Como um resumo do exposto, parece que a tese pode inferir que todas as disposições sobre
direitos fundamentais contidas em um texto constitucional, seja em seus artigos, ou em seu
preâmbulo, ou em uma declaração independente de igualdade de classificação, são
manifestações positivas de legalidade. O critério material determinará, em cada caso, se a
positivação tem o caráter de um preceito ou o de um princípio de direito geral e fundamental
(p.76).
3.1.2.1.2. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU.
As controvérsias doutrinais sobre o valor positivo das declarações e preâmbulos no direito
interno foram reproduzidas internacionalmente ao considerar o significado legal que a
atividade das Nações Unidas a favor dos direitos humanos tem implicado. A Declaração
consiste em 30 artigos de significância muito diferente. Os dois primeiros e os últimos três
são de natureza geral e se aplicam a todos os outros direitos contidos na Declaração. A maior
parte disso é dedicada a duas grandes categorias de direitos: pessoais, civis e políticas (artigos
3 a 21), que possuem a herança natural e liberal da defesa da pessoa contra os abusos de
poder; e os econômicos, sociais e culturais (artigos 22 a 27), fruto das reivindicações que
surgiram no século XIX, visando alcançar condições que possibilitaram o gozo efetivo e
pleno da liberdade e da igualdade (p. 77-78).
Entendo que o processo de direitos humanos realizado pelo O.N.U. Deve ser assumido
organicamente. Nesse sentido, a Declaração Universal não pode ser entendida como um
elemento isolado, mas como um marco em um processo mais amplo no qual se encontra seu
significado autêntico: o dos esforços das Nações Unidas para transferir a defesa dos direitos
humanos da dos princípios gerais de direito reconhecidos pelos seus membros (no sentido
postulado pelo artigo 38, 1.c, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça) e consagrados
nos princípios da Declaração ao do direito internacional convencional, através de de regras
expressamente reconhecidas e ratificadas pelos Estados membros da organização em Acordos
e Convênios (de acordo com o espírito do artigo 38, lb, do referido Estatuto) (p. 82).
3.1.2.1.3. OS DIREITOS ECONÔMICOS E SOCIAIS.
Outro dos principais problemas levantados pela positivação dos direitos fundamentais ao
nível constitucional é, sem dúvida, que diz respeito ao valor jurídico dos chamados direitos
econômicos e sociais estabelecidas internacionalmente e nos sistemas domésticos na maior
parte do Constituições promulgadas após a Segunda Guerra Mundial. Ao longo do século
XIX, os conflitos de classes foram traduzidos em uma série de demandas socioeconômicas,
que ressaltaram a inadequação dos direitos individuais se a democracia política também não
fosse convertida em social-democracia. Ele deve, em primeiro lugar, notar que o termo
"Qerechos social não tem um meio cados unívocos e que os mesmos requisitos
regulamentares dos sistemas que hospedam-los, que a doutrina engloba sob sua bandeira de
categorias muito heterogêneas, cujo único ponto em comum de referência é dada pela sua
rivalidade para detalhar as demandas que decorrem do princípio da igualdade. O surgimento
dos direitos sociais significou uma variante notável no conteúdo dos direitos fundamentais.
Os princípios originalmente orientados para limitar o desempenho do Estado tornaram-se
normas que exigem sua gestão na ordem econômica e social; As garantias concebidas para a
defesa da individualidade são agora regras em que o interesse coletivo ocupa o primeiro
lugar; declarações muito precisas sobre as faculdades que foram consideradas essenciais e
perenes deram lugar a normas que defendem bens múltiplos e circunstanciais (p. 82-83).
Em várias seções deste trabalho criticou esta abordagem de fratura, bem como os
pressupostos ideológicos a que responde. Assim, uma boa chance de ter dado um grau
constitucional a uma concepção dos direitos fundamentais, entendida como uma superposição
dialética das liberdades individuais bipartidas - direitos sociais, como compartimentos
mutuamente exclusivos, foi perdida. Outro aspecto importante que pode ser controverso em
nosso sistema de positivação de direitos sociais é o da remissão constitucional contínua das
leis orgânicas para imitar seu escopo. Isso implica uma práticaconstitucional dos interesses
coletivos reconhecidos no texto articulado como fundamental, mas relegada, em termos de
fixação de seu conteúdo, ao legislador ou ao editor; isto é. à opinião das maiorias
parlamentares (p.96).
De qualquer forma, a estreita dependência dos direitos sociais nas estruturas socioeconômicas
nas quais são construídas pode servir como uma explicação para as ambigüidades da
formulação constitucional positiva. Não se deve esquecer que a persistência em nosso país do
método de produção neo-capitalista condiciona, sem dúvida, o conteúdo do nosso sistema de
direitos econômicos, sociais e culturais. Mas, mesmo assim, deve-se sustentar que mesmo os
direitos sociais timidamente reconhecidos na Constituição como "princípios orientadores da
política social e econômica" não têm o caráter de postulados programáticos ideais, mas são
princípios autênticos constitucional como tal, envolvem esferas de normatividade legal
positiva que adquirirão eficácia progressiva na medida em que o desenvolvimento e a
transformação das condições econômicas permitam completar a democracia política com
democracia econômica e parceira(p.96-97).
3.1.2.2. LEGISLATIVO.
O quadro principal para a avaliação positiva dos direitos fundamentais é o institucional; No
entanto, o legislador também desempenha um papel muito importante na supressão positiva
desses direitos, sendo em muitos sistemas legais o responsável pelo desenvolvimento e o
estabelecimento da garantia. A) Princípio da legalidade e dos direitos fundamentais.
pensamento liberal em sua luta contra o absolutismo tinha assumido que seria perfeitamente
garantida a liberdade como as pessoas de fora irá realizar o exercício do poder por meio da
lei, entendida como uma expressão da vontade geral. Assim, surgiu na práxis política
constitucional o requisito de garantir direitos fundamentais contra o poder discricionário do
legislador, através do desenvolvimento progressivo, já estudado, das técnicas de
aprimoramento constitucional dos direitos fundamentais que mantinham uma classificação
mais elevada do que a da normas legislativas. B) Competência legislativa na promoção de
direitos fundamentais. No entanto, esse processo significou um controle em vez de uma
negação da competência da legislatura em termos de promoção de direitos fundamentais.
Seria um erro grave ignorar o papel que corresponde ao legislador na realização e
desenvolvimento dos direitos fundamentais, ao ponto que, às vezes, como no caso da Terceira
República Francesa, foi até mesmo relegado ao fundo a rota constitucional (p. 97-98).
Em termos gerais, a competência legislativa nesta matéria é geralmente exercida em dois
casos: a) Nos casos em que, como na Constituição italiana de 1 948 e Grundgesetz de Bonn
de 1949, a Constituição prevê o desenvolvimento de maneira legal de alguns direitos
fundamentais enunciados nele. Nesses casos, o legislador deve fazer referência expressa ao
direito fundamental constitucional que desenvolve, específica ou garante, sem de modo
algum violar seu conteúdo essencial. Em qualquer caso, o encaminhamento às leis orgânicas
pode envolver um atraso considerável na implementação de certos direitos e instituições
fundamentais. A experiência de outras democracias mostra com eloqüência como o retorno
ao legislador do status positivo dos direitos fundamentais às vezes entrou em conflito com os
interesses de certos partidos importantes que atrasaram deliberadamente seu desempenho
total (p. 98-100).
3.1.2.3. EXECUTIVO.
De onde é que você conhece o significado político e o direito jurídico dentro do qual se
desenvolve a concorrência regulamentar. A idéia de Montesquieu halló fiel reflejo no artigo
16 da Declaração Francesa de 1 789, que expressamente proclama: «Toda a sociedade na
demanda da garantia dos direitos não são assegurados, a separação dos poderes determinados,
não foi a Constituição ». Los constituyentes revolucionários dieron gran importancia a este
princípio, já é o que é o momento, o executivo era todavia monárquico e sinto como um
prudente representando uma forma de volta ao absolutismo. Por exemplo, execute o
envenenamento dos sistemas parlamentares no que é o executivo não tem o seu lugar
imediato no sufrágio popular, enquanto está no regime presidencial a separação de poderes
conserva mayor nitidez. Estabeleceu a concepção predominante em países sociais, em que os
direitos fundamentais se definem pelas relações socialistas de produção e refletem a vontade
da classe trabalhadora, que detenta o mecanismo do Estado. A actitud de los teóricos
socialistas é contrária ao princípio da separação de poderes, que, segundo o pensamento de
Vychinsky, na história da sociedade política burguesa só ha servido para enmascarar o prédio
real do executivo, que caracteriza a organização de poderes públicos estatales en los países
capitalistas (p.100-102).
3.1.2.4. JUDICIAL.
Nesta parte parece oportuno insistir em que, como regra, a positivação dos direitos
fundamentais compita ao constituyente e ao legislativo, e que, por tanto, o exercício de tal
competência pelo executivo o judiciário deve, como princípio, estima se subsidiaria y hallarse
encaminada a colmar las lagunas que se anunciam no sistema de direitos fundamentais, mas
são sempre como guia os princípios enunciados nas disposições de rango constitucional ou
legal (p. 108).
3.2. SINTESE.
O análise das instituições e técnicas por meio de uma série de ações, bem como a
implementação de uma base de dados fundamentais, agora é abordada, de forma ordenada, a
consideração de genética de tal processo. De este modo existe advertir a prevalência em cada
época de determinadas fórmulas de positivação, bem como o estudo histórico, longe de ser
um mero repertório cronológico de efemérides relacionados à definição de direitos humanos,
deviene su marco explicativo. Por ello, nos parágrafos que continua sem se ha pretendido
trazar uma. História da evolução dos direitos humanos fundamentais, ni tan siquiera um
quadro exaustivo de formulações positivas; se ha querido apenas oferece uma panorâmica das
economias mais significativas que determinam o passo de uns sistemas em outros no
processo de positivação destes direitos, assim como a referência dos principais atos
normativos em que tal processo se concreta (p.108).
3.2.1. O DESCOBRIMENTO DA LIBERDADE.
Se os direitos fundamentais são entendidos em um sentido muito amplo, todas as normas
legais que reconhecem certas prerrogativas aos indivíduos, o processo de sua positividade
pode ser rastreado até os mais distantes testemunhos de sistemas legais positivos. Toda ordem
jurídica determina a esfera de ação dos indivíduos e, ao fazê-lo, estabelece, junto com
determinados deveres, um conjunto mais ou menos amplo de faculdades. Agora, no mundo
antigo, a existência de uma autêntica subjetividade jurídica, como a entendemos hoje, émuito
questionável, e ainda menos podemos falar de autênticas formulações positivas de direitos
humanos. Para falar sobre os direitos humanos, não é suficiente reconhecer as faculdades
acabadas do indivíduo, mas é necessário que o mesmo faça referência direta e imediata à sua
própria qualidade como ser humano e que sejam essenciais para o desenvolvimento do ser
humano. atividade pessoal e social. É por isso que a positivação dos direitos fundamentais é o
produto de uma dialética constante entre o desenvolvimento progressivo no campo técnico
dos sistemas de positivação e a afirmação gradual no teor ideológico das idéias de liberdade e
dignidade humana (p. 108-109).
3.2.2. A FORMULAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM PACTOS.
O processo do processo de positivação dos direitos fundamentais começa na Idade Média. É
neste momento que encontramos os primeiros documentos legais em que, embora
fragmentário e com significado equívoco. certos direitos fundamentais são coletados. Foi
possível escrever, com bom motivo, que o remanescente do liberalismo antigo dos pactos
medievais foi o fermento para o liberalismo moderno e que este processo evolutivo encontrou
sua expressão mais plena na experiência política inglesa que se prolonga, de forma
especialmente relevante para a progresso das liberdades públicas, nas colônias americanas,
sob diferentes condições. Desde a revolução dos colonos ingleses em madura no tronco de
uma árvore velha da liberdade América, e as declarações de direitos, eles proclamaram,
mostrar melhor do que qualquer outro documento a evolução da consciência política moderna
das formulações das libertações medievais, sendo um mérito de Inglaterra ter conhecido
guardado, aumentá-los e renová-los (p.111-114).
3.2.3. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
Com as declarações americanas, uma nova etapa é aberta no processo de promoção de
direitos fundamentais. No decorrer da Idade Moderna aparece uma série de textos em que não
se trata mais de atribuir certas prerrogativas a barões ou cidadãos através de pactos ou leis
gerais que emanam do Parlamento, mas tendem a consagrar princípios que é considerado
preceder a ordem positiva do próprio Estado, e que, em vez de criados, são reconhecidos pelo
poder constituinte. Tal reconhecimento é entendido que deve ser parte da constituição, como
um instrumento fundamental de coexistência política. A constitucionalização dos direitos
fundamentais supõe uma mutação importante em relação aos personagens que conhecem seu
processo de positivação na Idade Média (p. 114-115).
1. Assim, no plano das fundações haverá um abandono gradual da justificação habitual e
histórica das liberdades, ao mesmo tempo em que sua legitimação do direito natural é
reforçada, embora agora de natureza claramente racional. As declarações modernas de
direitos não insistem em afirmar a tradição imemorial dos direitos reconhecidos neles, mas
pelo simples fato de que a razão os considera inerentes à própria natureza humana. 2. No que
diz respeito à propriedade, tais direitos perdem sua conexão com certas categorias ou grupos
de pessoas, para serem apresentados como direitos de todos os cidadãos de um Estado ou de
todos os homens, porque são assim. As declarações modernas não enumeram em detalhes as
diferentes categorias de sujeitos ativos das liberdades, proclamando-as em grande amplitude.
3. Finalmente, em relação à natureza jurídica dos novos documentos de positivação, deve-se
notar que eles têm maior perfeição legal formal do que os médios, uma vez que os direitos
fundamentais formam um conjunto orgânico em que são proclamadas as liberdades e os
direitos bem articulados. Por outro lado, as declarações modernas de direitos não são
formuladas como contratos de direito privado, mas como instrumentos fundamentais de
direito público (p.115).
3.2.3.1. A FASE DAS LIBERDADES INDIVIDUAIS.
A reivindicação de direito natural dos direitos humanos, como vimos, tem suas raízes mais
remotas no pensamento clássico; Agora, apenas no século XVI e de forma mais decisiva no
século XVII, a concepção dos direitos naturais é claramente delineada como uma
transposição para o plano de subjetividade dos postulados objetivos da Lei natural. Embora
formalmente, essas declarações se assemelham às da tradição inglesa, que sem dúvida
inspirou, seu significado legal é novo, porque são apresentados como uma base constitucional
dos novos Estados que se tornam independentes. Em qualquer caso, as declarações e
constituições dos XVIII e XIX, com excepção dos franceses de 1 793 e 1 848, a que se
aludirá, são o resultado de pressupostos ideológicos muito específicos. É evidente que, em
todos eles, há um fosso profundo entre o suposto caráter absoluto, universal e atemporal dos
direitos fundamentais proclamados nele, e as condições e interesses históricos que os
motivaram e que, no final, determinarão seu alcance. Nesse sentido, é sabido que os direitos
do homem que esses documentos coletam com tanta generosidade e formalidade não são os
direitos de todos os homens - lembre-se de que a maioria das constituições deste período
estabelece o sufrágio do recenseamento, mas os do homem burguês, para quem o direito de
propriedade tem o caráter inviolável do sacrilégio, como postulado no artigo 17 da
Declaração de 1789 (p. 115-120).
3.2.3.2. A FASE DOS DIREITOS ECONÔMICOS E SOCIAIS.
Os direitos do homem e do cidadão proclamados na maioria das declarações e constituições
mencionadas foram considerados como patrimônio do indivíduo em sua condição pré social.
Liberdade, igualdade formal, propriedade, segurança, resistência à opressão, foram
consideradas como faculdades "naturais e inalienáveis", evidenciando sua inspiração
filosófica marcadamente individualista. É necessário ressaltar, devido às repercussões de
qualquer ordem que isso possa ter no futuro, a crescente apreciação das liberdades públicas
nos países socialistas, especialmente desde o início da desestalinização. Neste ou seja,
deve-se notar que, após a reforma constitucional de 1956 que se seguiu ao XX Congresso do
Partido Comunista da URSS, o legislador soviético reafirmou os princípios da legalidade
socialista, das liberdades pessoais e do humanismo marxista, com a denúncia do stalinismo
que representou a trágica negação e o desprezo desses princípios e liberdades (p. 120-125).
3.2.4. A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
O processo de formulação positiva dos direitos humanos excedeu, nos nossos dias, o escopo
do direito interno a ser considerado também como um requisito do direito internacional. O
fenômeno está intimamente ligado ao reconhecimento da subjetividade jurídica do indivíduo
pelo direito internacional. Na verdade, é somente quando a possibilidade é concebida que a
comunidade internacional e seus órgãos podem compreender questões que afetam tantoos
direitos de
Os Estados como tal, se não os dos seus membros, devem elevar o reconhecimento
internacional dos direitos fundamentais. A internacionalização legal-positiva dos direitos
fundamentais pode ser considerada como um fenômeno muito recente, resultado de um
processo lento e laborioso. Não em vão foi escrito que o direito internacional "surge como lei
interdinástica, quando os estados absolutos estão em pleno andamento, de modo que nesta
fase o indivíduo só será considerado um sub-poder". O processo de afirmação internacional
dos direitos humanos está intimamente ligado aos principais acontecimentos políticos do
nosso século. Assim, o movimento que, nesse sentido, decorre do Tratado de Versalhes pode
ser considerado como resultado da democratização gradual do direito internacional que se
segue ao encerramento da Primeira Guerra Mundial (p. 125-126).
4. CONCLUSÃO.
Até este ponto, as principais posições doutrinárias e realizações práticas, em suas dimensões
sistemáticas e históricas, que contribuíram para o processo positivo dos direitos
fundamentais, foram sumariamente descritas. Nos últimos anos, este processo foi reforçado
pela ação da Igreja Católica, cujas orientações nesta área encontraram uma ampla recepção
positiva e cujo estudo detalhado exigiu, por si só, uma exposição que ultrapassa os termos
deste tópico. É evidente que o processo de direitos humanos positivos não foi linear. Este
processo, como outras ideias, valores e instituições de experiência jurídica, foi capturado pela
dialética de tensões entre as tendências prevalecentes em cada período com a incorporação de
novos requisitos ou de reprodução velho poço que impregnados, por sua vez, de tempo
estímulos que revitalizada. No início de nosso século, Georg Jellinek, no decorrer de sua
notória controvérsia com Emile Boutmy, afirmou que o conteúdo da liberdade não poderia
ser determinado positivamente. Pouco importa - na opinião dele - para a teoria jurídica o
fundamento da ideia de liberdade e da concepção filosófica em que se baseia. A lei, no fundo,
é muito formal e também "externa" na natureza, para que as especulações filosóficas tomem
forma em formas legais (p. 130 -131).
Tratar de quebrar o processo de afirmação dos direitos humanos fundamentais do longo e
laborioso esforço dos homens na luta pela afirmação de sua dignidade, liberdade e igualdade,
como princípios básicos da convivência política, é tanto quanto privar esse processo de seu
significado. A própria sede "habitual de legitimidade jurídica de tais direitos fundamentais,
que não é senão a dos princípios orientadores da ordem constitucional, revela a constante
tensão dialética entre o plano ideológico, se se quer no campo da lei natural, as aspirações
políticas e o nível técnico no campo da positividade das normas legais. Por conseguinte,
quando se pretende estudar o processo de direito legal dos direitos fundamentais em sua mera
dimensão formal, através da sua expressão em regras de direito positivas e
independentemente dos pressupostos que a motivaram, é incorrer "na ilusão enganosa - já
evidenciado por Del Vecchio - pelo qual um princípio parece inútil depois que as
consequências foram deduzidas dele » (p. 131).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 2.
CAPÍTULO 3- A FUNDAMENTAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.
1. A FUNDAMENTAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS A DEBATE.
Um tempo de novas aspirações, novas nações e novas constituições. É também um momento
em que as declarações constitucionais de direitos e liberdades, novas e antigas, eles são
constantemente violadas. Essas circunstâncias levaram à sinalização, de diferentes
perspectivas doutrinais, que o problema prioritário que representa hoje o os direitos humanos
não são tanto a sua justificativa quanto a sua proteção. Assim, a partir de abordagens que
globalmente podem ser chamadas de realistas, insiste no nível político nas condições da
democracia política e que deve servir de quadro para o gozo efetivo dos direitos humanos; no
legal, nos instrumentos e mecanismos de garantia que vão para dar a medida real de sua
diversão; e no sociológico, na consciência do opinião pública, que com a pressão sobre as
autoridades públicas pode influenciar decisivamente na validade a nível nacional e
internacional desses direitos (p.132-133).
É claro o que foi dito até agora que nem o realismo, que considera problema do fundamento
dos direitos humanos como um problema resolvido, nem positivismo, que o considera
insolúvel, pode oferecer o quadro teorista para se concentrar nesse problema. Portanto,
somente de uma abordagem de direito natural faz sentido levantar o problema da base dos
direitos humanos. “qualquer doutrina dos direitos humanos deve constituir, em certo sentido,
uma doutrina de direitos naturais. Somente os direitos podem ser concebidos seres humanos
como uma espécie de direito natural, no sentido de que devem inferido da natureza do
homem como tal (por exemplo, necessidades e, capacidades), bem dos homens como estão no
momento, bom dos homens como é considerado que eles podem se tornar. Dizer que isso
simplesmente implica reconheça que nem os direitos legais nem os direitos reconhecidos
pela. O costume é uma base suficiente para os direitos humanos” (p.136-137)
2. FUNDAMENTAÇÃO OBJETIVISTA
Para os fins desta apresentação, a justificativa ou objetivista serão incluídos no conjunto de
posições doutrinárias que afirmam a existência de uma ordem de valores, regras ou princípios
que tenham validade objetiva, absoluta e universal independente da experiência dos
indivíduos, ou de sua consciência valorize você ir. Das diferentes teorias éticas que começam
a partir de premissas objetivistas, eu vou limitar para revisar aqui, pelo seu interesse em
relação à base dos direitos humanos, a posição da ética material dos valores e alguns das
principais concepções atuais de objetivismo ontológico ligado para o pensamento social
cristão (p. 137-138).
2.1 A ÉTICA MATERIAL DOS VALORES.
As teses mais características desta doutrina podem ser resumidas nos seguintes pontos: a) Os
valores são essências ideais existentes per se previamente e independência de qualquer
experiência que forme uma "eterna ordem" integral por uma série de princípios
"absolutamente invariáveis". Essa ordem ideal de valores é estruturada de acordo com
relações hierárquicas a priori, que formam uma série de categorias ou intervalos de valores
que não podem ser modificado por homens. b) A ordem objetiva e hierárquica dos valores
não pode ser conhecida através da razão, mas apreendido pelo sentimento e intuição de sua
evidência. Este caminho permite definir os valores «com o mesmo rigor e precisão dos
resultados da lógica e da matemática. O evidência e precisão da intuição eidética dos valores
constitui uma prova inequívoca de sua objetividade,bem como a natureza absoluta da sua
ordem hierárquica. c) A apreensão de valores não deriva do seu conhecimento racional ou
empírico. O verdadeiro e o falso, o que é bom e ruim, na opinião de Scheler, não depende das
aquisições da evolução natural do homem, como afirmam os antropólogos, mas é a
constituição ontológico de um espírito sem mais, de um espírito que é exclusivo do homem
(p.138).
No entanto, ao transportar esses postulados para a base do direito Rodríguez Paniagua, como
os autores revisado, você deve se referir à experiência e, assim, afirma que: tanto a ciência
como a sociologia do direito deve ser levada em consideração como um ponto começando a
conhecer os valores sociais que formam a base do direito atual ou aquele que aspira a entrar
em vigor. Mas se finalmente é reconhecido que: a axiologia jurídica deve ser aberta, em
primeiro lugar, à sociologia, porque os valores sociais são descobertos pelo homem acima de
tudo através de sua vida social: sua prática e suas convicções sociais, e o que resta da
sensibilidade intuitiva de valor? ou qual é o ponto de apelar para uma ordem objetiva e a
priori de valores? (p. 141).
2.2. O OBJETIVISMO ONTOLOGICO CRISTIANO.
Entre as diferentes tentativas fundamentais de direitos a premissa inspiradora de inspiração
humana parece-me especialmente contribuições relevantes: Sergio Cotta, Jhon Finnis, Martin
Kriele e Louis Lachance que, de certa forma, mantêm uma abordagem análoga neste ponto,
apesar da disparidade dos contextos culturais a que pertencem. a) A afirmação, de acordo
com a tradição da lei natural, aquele homem tem desde o seu nascimento a evidência racional
de um grau e de uma dignidade próprios, que provêm de sua natureza intrínseca antes de
qualquer concessão, é para Lachance o ponto de partida de qualquer justificativa para os
direitos humanos. Esses direitos são universais, assim como as suposições naturais e
espontâneas da razão humana que capta e fórmula Por isso, "estabelecer os princípios de um
direito humano Basta recorrer à natureza e ao motivo, sem confiar nisso Dispense, quando
você vai ao plano das realizações, invoca a ajuda de Deus. Martín Kriele considera que a
ideia central dos direitos humanos, a valor da dignidade do homem, é "um conceito
metafísico", já que na história do direito natural, tal valor "foi fundado na revelação ou bem
no pressuposto de que está escrito no coração do homem e manifestações na consciência.
Nesta perspectiva, a ideia é rejeitada de que os valores subjacentes aos direitos humanos são
ideais e abstratos, pois são aspectos do bem-estar dos homens concretos (p.142).
No momento certo, o conceito de natureza humana a partir do qual derivam os aspectos
básicos da prosperidade, expressados pelas exigências da razão prática que serve de base para
os direitos humano, não é um conceito empírico, mas uma noção metafísica-teleológica. A
partir desta abordagem, Finnis alude ao absoluto, não-viável e universal das exigências
expressas nos direitos humanos Enquanto Lachance afirmara que, juntamente com a
universalidade, eles conhecem direitos humanos é imprescritível, pois corresponde a
desenvolvimentos específico para a natureza humana e indefectível, devido à sua tendência
necessária para o bem. A razão prática não funciona no vácuo, porque existe uma
regulamentação específica da existência de uma parte vital que impõe a condição de ser
humano, bem como os imperativos da memória física e social. Este objetivo de valores, que
todos os direitos e expressões são também baseados em normas objetivas, da ação humana
que são independentes da liberdade e superior a ela. Sergio Cotta insiste que uma paridade
ontológica é dada, entre todos vocês sujeitos dos direitos humanos em virtude da qual
nenhum homem pode fingir apreciar somente dos direitos deixando como demais obrigações
fazer a seguir mesmo assim relações, entre uma sociedade e membros seus, devem
estabelecer (p. 142-144).
3. FUNDAMENTAÇÃO SUBJETIVISTA.
O subjetivismo axiológico, como eu indiquei, supõe a reivindicação da autonomia humana
como fonte de todos os valores. Esta posição em relação com a origem dos valores,
juntamente com o racionalismo ético, que está na razão antes disso na vontade da vontade da
próxima regra do conhecimento e desempenho de valores, foi considerado o grande
contributo do tradição jusnaturalista. A concepção subjetivista, entendida como
autoconsciência racional da dignidade, liberdade e igualdade humana, é a base do melhor
tradição da lei natural humana e democrática sobre a qual é construída e o fundamento
moderno dos direitos humanos. No entanto, nesta seção não vou referir me a orientação geral
do subjetivismo, mas para algumas das suas versões atuais que radicalizaram suas instalações
para afirmar a completa dependência de valores éticos em desejos, atitudes ou interesses de
cada sujeito individual, bem como o requisito de que tais desejos, atitudes e interesses são
respeitados absolutamente (p.145).
3.1 O PRIMADO DA LIBERDADE INDIVIDUAL.
Durante vários anos permaneci sendo socialista, inclusive depois da minha rejeição ao
marxismo; se pudesse haver algo como o socialismo combinado como a liberdade individual,
seguiria sendo um socialista. Por que não pode haver nada melhor do que viver numa
sociedade livre, porque não pode haver nada melhor do que viver uma vida livre, modesta e
simples em uma sociedade igualitária. Levei algum tempo para reconhecer que este não é
mais do que um lindo sonho; essa liberdade é mais importante do que a igualdade; que a
tentativa de realizar a equalização põe em perigo a liberdade, e isso, se a liberdade se perder:
não haverá igualdade entre os livre (pág. 147)
3.2 DO INDIVIDUALISMO AO ANARQUISMO.
Quero dizer, em particular, as influentes, ao mesmo tempo discutidas, contribuições de John
Rawls, Ronald Dworkin e Robert Nozick. Suas teses representam muitos outros esforços
doutrinários para reafirmar a teoria dos direitos naturais dos direitos humanos, embora de
instalações e estímulos não inteiramente coincidentes. Como é sabido, John R resume a sua
teoria da justiça em dois princípios fundamentais. O primeiro postula que "cada pessoa deve
ter um direito igual ao sistema total mais amplo de liberdades básicas, compatível com um
sistema de liberdade semelhante para todos »; enquanto o segundo aponta que "as
desigualdades econômicas e sociais devem ser estruturadas para que eles sejam para: a) maior
benefício dos menos favorecidos, de acordo com um princípio de salvar o justo, e, b)
juntamente com o fato de que as acusações e as funções estão disponíveis para todos, em
condições de igualdade de igualdade de oportunidades. Rawls explica que o sistema de
liberdades básicas protege pelo primeiro princípio envolve uma manifestação de direitos
naturais, porque, além de seremfundada em tributos naturais, eles possuem "uma força
Especial contra o qual outros valores não podem prevalecer, normalmente (p. 156).
Ronald Dworkin considera um mérito de John Rawls ter contribuído para subtrair os
fundamentos dos direitos humanos de qualquer suspeita ou acusação de mera ilusão
metafísica. A justificativa contratualista, apoiado por um sólido argumento racional, realizado
pelo professor de Harvard, assume, na opinião da Dworkin, uma resposta retumbante para
aqueles pense que os direitos naturais são algo como "atributos fantasmagóricos" usados
pelos homens primitivos como amuletos. Para Dworkin existem três ótimas filosofias
jurídico-políticas: as fundadas em objetivos (baseados em metas), aqueles baseados em
deveres (baseados em deveres) e aqueles fundada em direito (baseado na direita). Para o
primeiro tipo, a tese pode ser atribuída O segundo inspirou o imperativo categórico kantiano,
e o terceiro as teses revolucionárias de Thomas Paine, bem como a teoria da justiça de Rawls
e sua própria construção. Robert Nozick, radicalizou o fundamento subjetivista dos direitos
seres humanos, até o ponto em que suas teses acabaram levando a um individualismo
libertário e anárquico. De acordo com a sua abordagem, a dos homens como indivíduos
separados e autônomos moralmente qualquer tentativa de sacrificar os direitos de alguns em
benefício de outros (pág. 157-158).
Na minha opinião, o resultado não é um ponto de vista moral, mas um Ponto de vista
não-humano, de que perspectiva questões morais não são eles esclarecem, mas eles se
deformam e distorcem. Em suma, as teses neoliberais e neocontratuais, embora sejam
apresentados como fundamentais direitos subjetivistas dos direitos humanos, concebendo-os
como categorias para serviço de individualidade, acabam ignorando as demandas concretas
de indivíduos por falta de uma adequada justificação antropológica de seus orçamentos (p.
162).
4. FUNDAMENTAÇÃO INTERSUBJETIVISTA.
Ao tentar legitimar os direitos humanos, a razão prática não pode fazer sem as condições
antropológicas dos assuntos que e para aqueles que eles formulam esses direitos. A base
intersubjetivista dos direitos humanos implica, portanto, diante do objetivismo, uma
revalorização do papel do sujeito humano em processo de identificação e justificação racional
de valores éticos legal e contra o subjetivismo, postula a possibilidade de uma "objetividade"
intersubjetivo "de tais valores, com base na comunicação de dados antropogênicos que
servem de base. Para explicar essa abordagem, é necessário aludindo aos pressupostos
metodológicos a partir dos quais construção intersubjetiva de valor, bem como premissas
antropológicas em que tal teoria é sustentada (p. 162-163).
4.1 A TEORIA CONSENSUAL DA VERDADE.
O ponto de partida do fundamento intersubjetivista dos valores reside, como foi apontado, na
crítica dos postulados axiológicos de objetivismo e subjetivismo. Esta tarefa, intimamente
ligada à para uma ação comunicativa racional como condição epistêmica lógico para chegar a
um consenso sobre os valores, está no centro das teses do último dos pensadores da Escola de
Frankfurt: Jürgen Habermas De acordo com Habermas, o positivismo parte do fato de que
questões práticas não são suscetíveis a discussão racional, então, em última análise, eles
precisam ser decididos. Para superar essas posições, Jurgen Habermas propõe um tipo de
intersubjetivismo destinado a explicar e basear consensualmente a verdade de os argumentos
e a correção das normas que regulam a atividade social, como manifestações das práxis
comunicativas. Nesses casos, quando se trata de restabelecer um acordo questionado, é
necessário recorrer ao "discurso (Diskurs)". O discurso aparece, portanto, quando a validade
do ato comunicativo, mas temos a convicção de que se pode chegar "discursivamente" em um
entendimento: seja sobre a verdade das declarações (discurso teórico); ser sobre a correção ou
legitimidade de as normas que regulam a atividade social (discurso prático).
Habermas tenta superar a crítica da abstração e formalismo que tem sido criticado por essa
situação comunicativa ideal. Na sua opinião, a situação O ideal não é um fato empírico, mas
tampouco é uma mera abstração formal (p. 163-164).
Para Jurgen Habermas no estado social da lei, a teoria de os direitos fundamentais deve
orientar a práxis política como padrões do sistema e para o que eles implicam da orientação
máxima do processo transformador da sociedade. Ao mesmo tempo, a práxis política deveria
aceite as informações das ciências sociais sobre as condições necessárias para implementar a
implementação de direitos fundamentais. Sem tais demandas científico-sociais podem ser
atendidas nas instalações do niilismo de valores (Wertnihilismus) ou abstinência de valores
(Wertabstinenz). A base habermasiana dos direitos humanos que, como indicou, é
incompatível com um jusnaturalismo ontológico, a história ou idealista coincide, no entanto,
com recentes tentativas de conceber o direito natural como o conjunto de valores legais que a
razão prática descobrir na história da própria sociedade - como é claro a partir da Ensinando
por Guido Fasso; e que eles estão orientados - como mostrou à reivindicação dos direitos
paca homens desacreditada em uma comunidade definitivamente emancipada. A pesquisa de
Jürgen Habermas levanta, desta forma, uma questão central para a fundação dos direitos
humanos em nosso tempo: a elucidação do conceito de necessidade humanidades básicas (p.
165-168).
4.2 AS NECESSIDADES PARA OS VALORES.
A categoria de necessidade adquiriu uma relevância decisiva para a filosofia legal-política
moderna desde que Hegel concebeu o sistema de necessidades (System der Bedürfnisse)
como o primeiro momento decisivo de sociedade civil. A tese acima mencionada levanta, no
entanto, algumas dúvidas que eu vou consulte sucintamente. Então, na minha opinião,
Liborio Hierro incorre em uma aparente antítese quando, depois de afirmar sua intenção de
evitar o fundamental. Os direitos das ressonâncias kantianas de "algo deve ser feito como um
fim em si e não como um meio para um outro fim, conclui justificando os direitos em
necessidades que exigem sua satisfação incondicional, como se fosse um fim e não como um
meio. Já que no trabalho de Liborio Hierro, a distinção entre necessidades finais, que exige
satisfação incondicional e instrumental, cuja satisfação é sujeito a condições, não depende de
um critério transcendental em Kantian, ou em um consenso racional intersubjetivo, ou em um
critério empírico com base em uma análise antropológica das necessidades, a base de os
direitos humanos propostos não são menos abstratos, menos fechado e menos circular, do que
aqueles que ele tentou superar os petitio principii. É evidente quando se trata de comprovar a
natureza final ou incondicional de certasnecessidades, com base no pressuposto de que há
necessidades seres humanos que exigem sua satisfação incondicional (p. 168-175).
Por outro lado, é extremamente perigoso para a base dos direitos humanos, a tese adicional de
que tais necessidades finais ou incidentais estão, paradoxalmente, condicionadas à "que
existam possibilidades para satisfazê-los ». Se essa teoria é aceita, a base dos direitos
humanos, longe de se basear na universalização das demandas de direitos básicos em todos os
homens, legitimaria a discriminação no reconhecimento de tais direitos, o que dependeria da
contingência das possibilidades de sua satisfação em cada situação concreta. Com isso, o os
direitos humanos perderiam sua dimensão emancipadora e seu próprio conteúdo axiológico,
para ser identificado com o conteúdo empírico do direito positivo de cada sistema político
que é, no final, quem interpreta as condições de possibilidade para a realização de direitos
(p.175-176).
5. A FUNDAMENTAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: TEORIA E PRAXIS.
As diferentes teorias que foram analisadas não são meras Disposições doutrinárias sobre o
valor ideal dos direitos humanos. Precisamente a controvérsia sobre a base dos direitos
humanos ainda permanece plenamente válido hoje, porque os argumentos discutidos têm
Impacto pontual na prática. Então. por exemplo, o fundamento objetivista dos direitos
humanos contribuiu decisivamente para a conformação doutrinal e jurisprudencial! De a
teoria da ordem dos valores, que concebe os direitos humanos nós positivamos de forma
constitucional como direitos fundamentais, isto é, dizer. como um sistema de valores
objetivos dotados de uma unidade material e que são a expressão suprema da ordem
axiológica da comunidade. O fundamento do caráter subjetivista dos direitos humanos teve
uma importância incontestável para a garantia de liberdades sinais públicos de
individualidade seu mérito principal reside em ter configurado um sistema de direitos de
defesa da autonomia pessoal Frente às ingerências de poder. Por sua parte. os fundamentos
Inter subjetivistas dos direitos dos seres humanos contribuíram para fortalecer a orientação
teórica e a jurisprudência! tendendo a afirmar a multifuncionalidade dos direitos
fundamentais, levando em consideração a diversidade de objetivos que pode exercer esses
direitos em um sistema axiológico pluralista (p. 176).
5.1. DIREITOS HUMANOS E DIREITOS MORAIS.
Recentemente, um horizonte bibliográfico apareceu em nossa importante contribuição de
Eusébio Fernández sobre o problema de regulamento de direitos humanos. Este estudo
contém numerosos Pontos de coincidência com a abordagem que é realizada aqui! o que é
produto de nossa lucrativa colaboração intelectual despertada através o trabalho do Instituto
dos Direitos Humanos. Porém; também existem alguns pontos de discrepância, entre as
nossas teses, sobre as quais Não gosto de falar com o desejo de esclarecer os termos do
debate. Na doutrina anglo-saxão, onde as expressões "direitos naturais, direitos humanos" e
"direitos morais" são utilizados, muitas vezes alternadamente por autores como Herbert Hart,
John Rawls, Ronald Dworkin e Robert Nozick foi abordado o assunto de sua respectiva
significância explicitamente por John Finnis. O professor de Oxford, depois de indicar que o
termo "direitos humanos" é a maneira contemporânea de designar "direitos naturais", adverte
que ele usa ambos os termos como sinônimos (use os termos de forma sinônima). Finnis
afirma, em seguida, que os direitos humanos ou naturais são direitos morais de natureza geral
e fundamental, enquanto os direitos morais em sentido estrito têm um caráter particular e
concreto. Então, por exemplo, o direito de James a John não ler Sua correspondência privada
durante sua ausência do escritório pode ser chamou um direito humano ou natural, mas é
mais frequentemente referido como direito moral, derivado das regras gerais da moralidade.
Embora, conclua Finnis, essa distinção decorrente do uso não é, de qualquer forma, muito
firme ou clara ("a distinção assim desenhada pelo uso não é, no entanto, muito firme claro)
(p. 177-179).
5.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS PODEM SER FUNDAMENTADOS?
A tempo, uma vez que diferentes fundamentos foram analisados criticamente direitos
humanos possíveis, não acho legítimo refugiar eu em um confortável epajé e absinto de
qualquer julgamento ou pronunciamento sobre a base melhor. A constância de que existem
diferentes fundações os direitos humanos possíveis não devem levar à conclusão de que todos
eles têm o mesmo valor teórico, ou relevância prática. O fundamento dos direitos humanos
aqui proposto tende abolir a divisão rígida (Spaltung) entre Sein e Sollen, entre ser e ser, mas
sem implicar a aceitação da identificação hegeliana entre a realidade e motivo porque se você
não tem suporte na experiência das necessidades, os direitos humanos correm o risco de se
tornarem ideais vazios, sem a referência ao dever de ser perderia seu horizonte de
emancipação utópica. A conquista dessa difícil mediação entre experiência e valores é o
problema princípio básico do monitoramento dos direitos humanos, mas a dificuldade de o
propósito não diminui a virtude da empresa (p. 180-184).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 2.
CAPÍTULO 4- ESTADO DE DIREITO E SOBERANIA POPULAR.
1.ANÁLISE GENÉTICA: ORIGENS DA EXPRESSÃO “SOBERANIA POPULAR”.
Agora, o uso do termo "soberania popular" foi além você cresce os limites da húmus
históricos que marcou a aparência de ser na linguagem política do nosso tempo, sem que ele
possa viver que antes de sua consagração terminológica já havia antecipadores de sua
importância. Assim, a necessidade de realizar uma análise de um termo que tem usado para
designar diferentes realidades diversas ou, momentos diversos da mesma realidade. É por isso
que é não venha a limitar a análise linguística para oferecer mera resposta provisória para
concluir que o sol era popular é uma palavra que recebeu significados de versos de acordo
com os momentos ou áreas em que ele é usado, ou que ter significado tantas coisas diferentes
não significa mais nada. Neste caminho, existe o perigo de alcançar a conclusão pessimista de
que faltam argumentos favoráveis ou contrários à soberania popular de relevância intelectual,
porque é desconhecido o que está sendo feito referência. Mas, referindo-se às relações entre o
termo "soberania e os fenômenos que ele designa já são considerações penetrantes de tipo
semântico. Com efeito, se você quiser evitar uma atitude de capitulação total as premissas
para uma definição do termo devem ser definidas. Felicidade a definição pode ser realizada
em termos descritivos através de definições léxicas, visando dar uma conta de como uma
expressão de acordo com seus diferentes usos linguísticos, quer no plano prescritivoquer
através de definições ou convenções estipuladas sobre usos futuros de um termo, seja por
meio de definições explicativas, que nesta investigação parecem mais indicados, e que visam
destacar como deveria ser o uso uma expressão em determinado contexto cultural para obter
máxima clareza e rigor (p. 190).
2. ANÁLISES SEMÂNTICA: USO LINGUÍSTICO DA TERMINOLOGIA
SOBERANIA POPULAR.
A partir deste ponto de vista. e sem pretensões de exaustão, podem agrupou os diferentes
significados de uso do termo "soberania popular" com base em quatro categorias. A soberania
popular como categoria lógica ou política. Frequentemente, ao se referir à soberania popular
em relação ao fundamental da lei, duas questões diferentes estão sendo referidas. A soberania
popular em um sentido descritivo e prescritivo. Em outros Às vezes, a confusão
terminológica decorre do fato de que o termo "soberania popular "é usado para designar algo
que é estimado para existir ou para aludir O que se acredita deve existir. Neste segundo nível
de consideração, o que O interesse é chamar a atenção para a diferença entre o apelo a
soberania popular, no nível doutrinário ou mesmo na das práxis políticas, como um
desiderato ou um elemento da sociedade deve ser correto ou a referência a essa ideia como
um fator que, de fato, toca um papel na mecânica política de um país. A soberania popular
como título ou exercício de poder. A distinção anterior nos coloca antes de dois novos usos
linguísticos da palavra «Soberania popular». Com efeito, este termo tem sido usado
historicamente também para reivindicar a propriedade popular do poder, enquanto O
exercício poderia ser atribuído ao monarca. Mas o termo "soberania pode significar, em
outras ocasiões, a defesa da tese que A cidade não tem apenas a propriedade do poder
constituinte da Estado, mas também o exercício do poder constituído. O equívoco
significativo da soberania popular não termina em seu emprego linguístico para designar
realidades tão diversas quanto o aqui revisado, mas que esse recurso também aparece
refletido quando tomado em Considera-se a pluralidade de significados em que a termo
«pessoas» na formação da expressão «soberania popular» (p. 191-194).
3. ANÁLISE PRAGMÁTICA: A FUNÇÃO DA SOBERANIA POPULAR E SUA
CRISE.
O exame desses significados de uso da expressão "soberania popular> agora deve ser
completado com uma análise na pragmática funcionam nas práxis política. A partir desse
ângulo aparece a soberania popular, em primeiro lugar, como princípio de legitimidade.
Considerado assim, reconheça o denominador comum de todas as referências linguísticas ao
termo. Existe, portanto, uma coincidência inicial nos diferentes usos da expressão "soberania
popular" ao apontar que esse poder é somente legítimo quando vem das pessoas e é baseado
em seu consentimento. O conceito de soberania popular fica vazio de conteúdo, quando não
serve como uma tela sob a qual a existência de uma classe dominante o grupo líder na
operação de qualquer Estado (p. 197-198).
A crise da função de legitimação política da soberania popular também foi reforçada por
diversas atitudes contemporâneas de tinta de etiologia. Em alguns casos, o fenômeno está
ligado ao renascimento de novas versões do elitismo e seu argumento central refere-se à
impossibilidade de fundar valores legais e políticos em critérios majoritários. O princípio da
soberania popular é assim realizado nas práxis através de um processo dialético em que o
momento da decisão da maioria não deve excluir o momento anterior da orientação da
decisão, que pode corresponder a uma elite ou a uma minoria intelectual. Desde que a elite
está envolvida com a massa na elaboração comum de um certo programa de ação (p. 199-
201).
4. ESTADO DE DIREITO E SOBERANIA POPULAR.
A exposição realizada permite observar a grande necessidade de recorrer a soberania popular
como critério básico para legitimação democrática do poder. A crise da função da soberania
popular, que é repetidamente referido de diferentes setores do pensamento contemporâneo,
responde a duas abordagens não apenas diferentes, mas contraditórias.
Na seção anterior, tentei mostrar a falta de consistência da crítica da ideia de soberania
popular realizada dessa perspectiva. Para recuperar o sentido da funcionalidade da soberania
popular é preciso conectar com os princípios inspiradores e o teto emancipatório do estado de
direito da orientação democrática. Na época, ao julgar o significado semântico da soberania
popular, observou-se que a atribuição de propriedade e o exercício do poder às pessoas
proclamadas nos textos constitucionais democráticos nem sempre tiveram uma tradução
atempada da realidade constitucional. É, portanto, verificar em que medida ocorre um hiato
entre a consagração teórica do princípio ou, se você quiser, sua dimensão prescritiva e sua
efetividade prática em termos descritivos. Ao mesmo tempo, é conveniente julgar o sistema
normativo através do qual a realização do princípio da soberania popular na ordem
constitucional democrática é feita ou pode ser realizada (p. 203-204).
4.1 A SOBERANIA POPULAR COMO PRINCÍPIO FUNDAMENTADOR DA
ORDEM CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO.
A atuação normativa do princípio da soberania popular e uma condição para a
democratização efetiva dos distintos processos e instituições de ordem estatal (p. 204-205)
4.2 A CONCREÇÃO NORMATIVA DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO NA ORDEM
CONSTITUCIONAL.
Na ordem constitucional da República Federal da Alemanha, o A especificação do princípio é
traduzida: 1) na exigência de consenso do para traçar as linhas fundamentais da atividade
política; 2) no caráter democrático da legislação emanada das pessoas através da sua
representantes; 3) na regulação e controle do poder através da maioria das pessoas, o que
pressupõe igualdade de voto e tem como respeito e proteção das minorias; e 4) no
desenvolvimento gratuito e a publicidade do processo político (p.205).
4.3. O SIGNIFICADO FILOSÓFICO LEGAL DA SOBERANIA POPULAR NA
REGRA DE LEI.
Constantino Mortati teve o sucesso de avisar, dentro do Constituição italiana, a continuidade
existente entre a proclamação do princípio da soberania popular (artigo 1.1) e reconhecimento
de direitos humanos fundamentais e invioláveis (artigo 2), que refletem a essência de pessoa
humana e, portanto, precede e condiciona a Constituição, uma vez que é limitado a declarar
sua existência e prioridade. É um caso de direito natural positivado que informa a ordem
jurídica. Isso reforça o valor normativo do princípio democracia constitucional, conectando-a
com convicção, com base na realidade social, sua natureza declarativa. Este princípio atua
como um ponto de conexão entre a legitimação axiológica e sociológica do sistema e suas
próprias regras de operação normativa. Um motivo que emcircunstâncias diferentes versas
podem ordenar comportamentos diferentes, mas isso sempre significará a necessidade de
legitimar o poder no consentimento e na participação popular, ao mesmo tempo que orientará
o governo emergiu da maioria no respeito de igualdade, dignidade, tolerância e liberdade (p.
207-211).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 2.
CAPÍTULO 5- ESTADO DE DIREITO SOCIAL E DEMOCRÁTICO E DIREITOS
FUNDAMENTAIS.
1.INTERRELAÇÃO DAS NOÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS E DE
ESTADO DE DIREITO.
É muito comum incluir entre os requisitos envolvidos na operação do Estado de Direito que
se refere à defesa dos direitos fundamentais tais. No entanto, a parte correlativa
correspondente nem sempre é lembrada. ponde à teoria dos direitos humanos na formação do
conceito de Estado de Direito. Por isso, parece ser um assunto obrigatório de uma exposição
dos direitos humanos o estudo do condicionamento mútuo existente entre as duas noções. Na
sua perspectiva histórica, a teoria dos direitos fundamentais precede: à formulação doutrinária
da noção de Estado de Direito. De fato, nas declarações dos direitos do século XVI, o germe
de todos dois princípios que formam o substrato ideológico do regime moderno lei
constitucional. Estes textos representam a síntese de ideias e tendências visando curvar os
vestígios arbitrários do absolutismo e mover-se ao Estado em direção a uma conquista, às
vezes lenta e laboriosa, dos princípios de liberdade e democracia. De certa forma, se a
dependência histórica do Estado de Direito for inegável de declarações de direitos humanos,
não é menos verdade que eles não podem atingir sua formulação positiva fora do sistema
legal do Estado. Embora os direitos fundamentais incorporam, por sua vez, princípios
inspiradores de toda a política estadual. Então eles cumprem uma missão de fundação e limite
de todas as normas que organizam a função das autoridades públicas e, em suma, de todas as
experiências concretas de juridicidade decorrente da ordem em que são formulados (p.
212-213)
2. A DECANTAÇÃO HISTÓRICA E DOUTRINÁRIA DO ESTADO DE DIREITO.
A dependência recíproca entre as teorias dos direitos fundamentais e do Estado de Direito é
tal que uma grande parte das incertezas e imprecisões que afligiam a construção moderna do
Rechtsstaat nascem de esqueceram essa interdependência. Portanto, para uma compreensão
exata das peculiaridades e escopo do Estado de Direito, para compreender a necessidade de
reciprocidade e implicação entre a teoria do Estado de Direito e o sistema de direitos
fundamentais, é necessário abordar o assunto de uma perspectiva histórico deste modo.
tentará esclarecer essa abordagem de a exposição de alguns aspectos das alternativas
histórico-doutrinárias da dinâmica evolutiva do Estado de Direito que, para essa abordagem,
resulta especialmente significativo (p. 213-214).
2.1 A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO DE DIREITO: A CONTRIBUIÇÃO
KANTIANA.
Existe um amplo consenso entre aqueles que abordaram o estudo de Estado de Direito em sua
dimensão histórica, na codificação da origem moderna dessa ideia na filosofia política de eu
sou Manuel Kant 3. Não há mudança por unanimidade ao explicar e avaliar o significado
desta contribuição Kantiana a pluralidade de fontes que informam e inspiram as teses
políticas de Kant, bem como a ambiguidade de algumas de suas propostas, têm deu origem a
um debate hermenêutico ao qual, brevemente, é conveniente aludir (p.214).
2.2 PRESSUPOSTOS DE UM ESTADO LIBERAL DE DIREITO.
Deve-se notar que esses autores, de diferentes instalações, coincidiram em não considere o
estado de direito como uma nova fórmula política, mas o que entendido como uma forma
peculiar de Estado (Staatsgattung); isto é, como um tipo de Estado com demandas de
conteúdo ou materiais baseados em: a) A necessidade de organização e regulação da
atividade Estado orientado por princípios racionais, que deve ser traduzido em uma ordem
político justo (p.219-220).
2.3 A TRANSIÇÃO DO ESTADO SOCIAL DE DIREITO.
O aparente apoliticismo que antes as transformações socioeconômicas adotaram o Estado
liberal do Direito traduzido em uma série de conflitos de classe que, a partir do segundo
semestre do século passado e desde o início do presente, revelou a insuficiência de quadro
das liberdades burguesas quando inibido do reconhecimento de justiça social O Estado social
de direito tinha, portanto, um fruto de origem híbrida de compromisso entre tendências
ideológicas díspares, que tem gravitado mais evolução. Por um lado, representava uma
conquista política do socialismo democrático, o que se vê com a ideia inspiradora de uma de
suas primeiras manifestações: a Constituição de Weimar; por outro, é também o fruto do
pensamento liberal mais progressista que o concebe como instrumento de adaptação do
aparelho político às novas exigências do capitalismo maduro (p.223-224).
Embora, como avisei, a abordagem tende a destacar a conexão interna necessária dos
princípios sociais e democráticos e a Estado de Direito, no âmbito de uma interpretação
democrática do Estado Direito Social, tem sido uma construção realizada de preferência pela
doutrina da República Federal da Alemanha, não faltam em outros países abordagens análises
A posição de Costantino Mortati é muito significativa a este respeito, que julgou irrelevante o
fato de que a Constituição italiana de 1947 não se refere expressamente à fórmula do Estado
de Direito ou do Estado Direito Social, uma vez que inclui os conteúdos e os requisitos do
mesmo. Na sua opinião, o Estado social assumiu, acima de tudo, a extensão da proteção das
liberdades fundamentais e dos direitos a quem anteriormente não tinham podido apreciá-los.
Com efeito, o estado social longe de implicar. Um enfraquecimento das garantias da
liberdade individual, inerente ao conceito clássico do Estado de Direito, significou sua
aplicação às formações sociais nas quais o cidadão desenvolve sua personalidade. De que o
Estado social envolve a integração dos princípios de liberdade e solidariedade, antes de se
opuser (p.229).
2.4 O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: FORTUNA DE UMA FÓRMULA.
A exigência de que o Estado de Direito supõe a realização material das aspirações e
necessidades reais da sociedade, juntamente com o desencanto produzido pela sobrevivência
e aparência de fenômenos claramente contrários para essa conquista no Estado social
(centralismo do Estado, marcado desigualdades sociais e econômicas, multinacionais e
grandes empresas monopólios típicos do neocapitalismo, manipulação da opinião pública
através dos meios de comunicação de massa ...), motivaram o esforço doutrinário esboçado
em setor mais progressivo dos intérpretes da Grundgesetz, tendendo a promover A
virtualidade do princípio democrático dentro do Estado socialde Direito (p.229).
Foi, em suma, como em qualquer programa Teoria destinada a despertar a ação política, uma
proposta de "objetivos terminações »; tais objetivos visavam um ideal de perfeição que não
poderia ser satisfeito pelos modelos empíricos (liberais e sociais) dos Estado de Direito. Sua
abordagem significou, em primeiro lugar, uma subestimação global do estado social do
direito que ultrapassou as tentativas teóricas e práticas dirigidas à sua interpretação e
funcionalidade abertamente democrático e progressivo desde a sua gênese (pense no trabalho
de Heller) até agora estabeleceram certas tendências da sua evolução. Daí o eminente caráter
prescritivo ou deontológico do modelo Elías Díaz, totalmente teoricamente defensável, pode
causar sérios mal-entendidos quando projetos sobre realidades políticas. Em outros termos,
existe o risco de é necessário identificar como um fato de experiência política o que constitui
uma fórmula ideal de "deve ser (p.231).
2.5 O ESTADO SOCIAL E DEMOCRÁTICO DE DIREITO NA CONSTITUIÇÃO
ESPANHOLA DE 1978.
O debate sobre o Estado de Direito já adquiriu na Espanha uma presente prioridade após a
promulgação do texto constitucional de 1978, cujo artigo 1 proclama: "A Espanha está
constituída em um Estado social e democrático de Direito ... »Este preceito requer
reconsideração, dependendo de sua interpretação correta, as formulações teóricas sobre o
Estado de Direito ou, e, em particular, a tese de Elías Díaz sobre o Estado democrático de
Direito, porque entendi que a projeção de sua teoria à hermenêutica Esta regra constitucional
pode causar algumas dificuldades. Devo advertir, ao mesmo tempo, que acredito que nesta
observação crítica existe um mal-entendido óbvio. Quando ele aludiu a "continuidade", ele
fez isso, como surge do contexto do meu argumento, usando este termo em seu significado
lógico, isto é, referindo-se a "a união natural que eles têm entre si as partes do continuum »(
significado do termo de acordo com o Dicionário da língua espanhola da Royal Spanish
Academy), e não o seu significado cronologia atribuída a mim por Elías Díaz, isto é, como
"continuação" ou sucessão no tempo de uma coisa para outra ou outras (significado do termo
em disse Dicionário). Com isso, a suposta contradição é esclarecida. Não é incomum que
fórmulas idênticas assumam significados muito diferentes em contextos sociais diversos. Este
não é o caso: entre os modelos e a forma usou a correspondência de significados. E, na
verdade, a fórmula foi extraída dos modelos por juristas embrionários da cultura alemã ...
quem sabia muito bem, as palavras que eles usaram. Mas, em qualquer caso, a reflexão
exposta até agora reflete o conceito de delimitar conceitualmente a noção de Estado de
Direito, dificuldade, como já foi observado, tem sua raiz nas mesmas coordenadas históricas,
doutrinais e práticas. como é O conceito foi forjado, mas isso alcançou sua maior
problemática no trânsito do Estado liberal ao Estado social de direito (p. 231- 237).
3. DEFINIÇÕES DE ESTADO E ANÁLISES DA LINGUAGEM.
As tentativas de superar a versão liberal do Estado de Direito pose, de fato; a questão de saber
se eles podem ser incluídos no conceito geral do Estado de Direito. Se trata; em outras
palavras, verificar o que os novos adjetivos do Estado de Direito tiveram seus substantivos,
que deve ser especificada. Isso ocorre porque a própria noção de Estado de Direito é afetada,
como observa Cascajo, "de uma ambiguidade constitutiva e de uma Folha conceitual
manifestada em seus múltiplos significados. Daí é resistência a uma categorização simples e
definitiva »84. De fato, a impressão do termo é tal que mesmo no âmbito das suas
especificações como é aquele do Rachsstaat social, há divergências tão pronunciadas que
parece que aqueles que usam o termo se referem a coisas diferentes até o ponto de suscitar
dúvidas sobre a utilidade do conceito. É verdade que, em linguagem política, os exemplos de
ambiguidade, mas também é verdade que uma importante direção do pensamento
contemporâneo jurídico-político tem sido direcionada, precisamente, para dotar aos seus
instrumentos linguísticos de um status mais rigoroso e preciso. Deste ponto de vista, a tarefa
permanece aberta, que só será delineada aqui, para verificar se existe um denominador
comum entre os diferentes significados e contextos em que o termo "Estado de Direito, e a
partir daí tentar estabelecer as condições para o seu uso correto no campo do discurso
jurídico-político (p. 237-238).
3.1 DEFINIÇÕES LEXICAS DO ESTADO DE DIREITO.
No plano descritivo e das chamadas definições léxicas podem ser observadas duas correntes
principais de uso linguístico da expressão "Regra de Direito", que pode qualificar,
respectivamente, para fins técnicos e Ideológico. a) No seu significado técnico, o termo
"Estado de Direito" visa contam mecanismos jurídicos ou condições de fato, ou supostamente
tais, que presidem a operação do Estado. Nos teóricos clássicos Noções de direito público
alemão e italiano de Rechcsstaat ou de Stato di diritto, bem como, em parte, a doutrina
inglesa da regra de lei ou para os franceses, aqueles da Regne de la loi ou Séparation des
pouvoirs, são considerados como um modelo teórico que visa refletir e explicar, em plano de
dogmática legal, os processos formais através dos quais A dinâmica do estado é executada. b)
A atitude de Kelsen é muito eloquente para refletir um certo movimento de opinião doutrinal
que, na sequência de eventos políticos, tomou conhecimento de que a estrutura legal do
Estado de Direito Não é um formulário adaptável a nenhum conteúdo, mas tem alguns
requisitos materiais diretamente relacionados em determinadas opções de personagem
político (p. 237-239).
Pode ser citado como um caso limitante neste processo de fraqueza ideológica do Estado de
Direito, o de alguns juristas fascistas e nacional-socialistas por demonstre a previsibilidade
dessa noção em relação às suas realidades políticas. Desta forma, Koellreutter poderia aludir
a um Rechtsstaat natíonaler para designar o sistema político totalitário de 1 JI Reich 89.
Assim, a partir de uma análise linguística lexical que você tenta coletar as diversas
conotações ideológicas contidas nas meras referências a fórmula verbal de "Regra de Direito"
não pode ser especificada características unitárias comuns, dadas as divergências e
contradições, com a que o termo é assumido e usado (p.239).
3.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS E DEFINIÇÕES EXPLICATIVAS DO ESTADO
DE DIREITO.
Se quiser individualizar alguns traços que elucidam o significado desta expressão e sua
função atual, se for preservada, deve ser operada com definições explicativas, que tendem a
prescrever como deve ser usado em linguagem política com precisão e rigor. É evidente que a
persistência no emprego da fórmula "Estado de Direito»não é acidental. Os esforços de
apropriação a que foi submetido Das atitudes ideológicas mais opostas, eles não teriam
explicação se tais O conceito não foi acompanhado, desde as origens, por um halo de
prestígio, associado a uma avaliação positiva de uma determinada forma de organização
política. Portanto, apesar de sua natureza equívoca, ambígua e genérica essa expressão ainda
é adequada hoje, se não delimitar os contornos de um sistema político específico, sim, pelo
menos, designar alguns constantes na operação do aparelho de estado (p.240-241).
Dar a noção de "Estado de Direito" um status significativo preciso e, consequentemente,
entender sua relevância em teoria e em práxis política, é necessário reconhecer nela uma
tensão entre as garantias formalidades que a integram e as demandas materiais de justiça que
a presente como elemento de legitimação. Essa é a razão pela qual a doutrina O italiano
tentará estabelecer um link entre as noções de stato di diritto e Stato di giustizia. Isso também
explica a tentativa da filosofia jurídico-política Alemão para colocar a ideia de dignidade
humana (mensch licheWürde) uma base material para a noção de Rechtsstaac. É possível que
este movimento também tenha sido conduzido pelo progresso abandono que ocorre na
doutrina e na prática jurídica alemã da pós-guerra da equação entre Gesetzstaat e Rechtsstaat,
tal como é tomada consciência que, como escreveu Marc), «Recht und Gesetz sind nich
dasselbe. Esta situação levou à subordinação dos dados normativos requisitos formais à
materiais que se referiam a uma concepção da Justiça da inspiração da lei natural. Quando na
luta pelo Estado de Direito, coloco o elemento ideológico em detrimento do técnico, existe o
risco de sacrificar, em nome de certas visões da justiça, o clima de segurança é essencial para
a operação de instituições jurídicas; uma vez que pode acontecer que certas manifestações da
luta pela liberdade são, em termos kantianos, incompatível com a liberdade dos outros,
porque os meios para sua realização são irreconciliáveis com a forma geral de uma lei. Por
isso, a validade do problema do Estado de Direito não deve ser procurado, e não no nível de
consideração semântica de suas técnicas operacionais, no esforço pragmático no qual a luta
por a verdade do domínio da lei assume o significado de uma luta por sua verdade
democrática (p. 241-245).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 6- A INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO.
1. POSSIBILIDADE E SENTIDO DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
A interpretação constitui, de fato, o ponto de encontro onde os procedimentos metódicos da
ciência e da filosofia do direito convergem e entrelaçam e o banco de teste da validade
respectiva de seus postulados. Essas circunstâncias adquirem uma problemática característica
quando o objeto da interpretação jurídica é sobre os preceitos da hierarquia normativa mais
alta, isto é, sobre a Constituição. No entanto, ainda é intrigante ver quão pouca atenção tem
sido dada na teoria legal ao tema da interpretação constitucional, em relação ao interesse
promovido pela atividade interpretativa em outros setores do sistema legal, particularmente
no campo de direito privado, apesar da maior importância que, sem dúvida, abrange a
interpretação da Constituição. Ao mesmo tempo, considera-se que este núcleo de direitos
estabelece relações entre o Estado e os cidadãos, mas não entre os cidadãos. Nessas relações,
o Estado age como uma entidade jurídica, no âmbito de uma rede de poderes e obrigações
legais em relação a indivíduos. A dogmática do direito público alemão elaborou com base
nessas premissas, de marca inequívoca inconfundível, a categoria de direitos públicos
subjetivos. Deve-se acrescentar que o conteúdo dos direitos públicos subjetivos no âmbito do
Estado liberal de Direito foi integrado, basicamente, para as liberdades do sinal individual,
entre as quais destacam-se a proteção da liberdade econômica e a defesa dos direitos de
propriedade. Mas, ao mesmo tempo, esse processo está vinculado às condições concretas de
cada situação histórica que delimitam o contexto de legitimidade em que a legalidade
constitucional opera. Assim, a hermenêutica constitucional, longe de ser esgotada em uma
simples subsunção lógica ou em elaboração conceitual, exige o volume firme do intérprete
visando a realização otimizada dos objetivos da Constituição. (p.250-254).
2.CONDIÇÕES E TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO E NORMA
CONSTITUCIONAL.
"Interpretação" significa atribuir um significado às manifestações de um idioma específico. O
conjunto de processos lógicos e práticos através do qual essa atribuição de significado é
realizada é chamado de "interpretação"; termo que designa, ao mesmo tempo, a atividade
destinada a descrever o significado das declarações ou manifestações de uma linguagem
(dimensão de interpretação subjetiva e dinâmica) e o resultado obtido através da referida
atividade (dimensão objetiva ou estática). Esta abordagem implica admitir que não existe
uma regra sem significado e que esse significado não é anterior, mas depois da atividade
interpretativa. Está implícito que a norma jurídica não é o orçamento, mas o resultado do
processo interpretativo. Diante da concepção tradicional da interpretação jurídica como
revelação do significado anterior e do acabamento das normas, as abordagens atuais o
entendem como um processo destinado a dar o significado da norma. Mas essa abordagem
não é equivalente a conceber a norma legal como produto da arbitragem ou do tomador de
decisão do intérprete jurista; Trata-se, basicamente, de ampliar o conceito de norma,
entendendo-o como um processo que combina a "norma de dados" ou a "norma
pré-existente" que constitui o prius de interpretação, com a "norma do produto" ou "norma de
resultado" que supõe o momento completo e culminando com a elaboração normativa (p.
254-255).
Com o acima exposto, nas principais condições que gravitam no processo interpretativo, é
fácil notar que essa atividade constitui uma forma de raciocínio prático. A interpretação, ao
contrário do que supõe determinadas exposições do dogma formalista do século XIX, não é
reduzida a um ato puramente declarativo sobre o significado das normas, nem é realizada
somente por inferências lógico-formais, como pode ser deduzido de algumas abordagens
recentes da lógica legal. A interpretação, como foi indicado, dada a pluralidade de
significados possíveis atribuíveis à norma implica uma opção ou avaliação do intérprete. Em
qualquer caso, essas escolhas ou julgamentos de preferência do intérprete em favor de alguns
fins ou valores em vez de outros são inerentes a qualquer atividade hermenêutica.Portanto,
quando o caráter descritivo ou neutro da interpretação é afirmado como garantia da segurança
jurídica, está sendo decidido (seja ou não o intérprete que estejaciente disso) para
determinados fins ou valores; na mesma proporção que quando é concebido como um meio
para satisfazer as necessidades da vida humana, o bem comum ou as aspirações da justiça. Se
a análise das condições da interpretação se refere às concepções que servem de base, parece
necessário aludir aos principais esforços teóricos atuais sobre o assunto, a fim de avaliar a
respectiva incidência na esfera constitucional (p. 259-260).
2.1 A INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL COMO TEMA: OS ARGUMENTOS
INTERPRETATIVOS.
Qualquer atividade interpretativa envolve a abordagem e a conseqüente tentativa de
responder ao problema triplo: os meios através dos quais será realizado e os orçamentos que
servem de ponto de partida e pesam sobre o seu desenvolvimento, bem como a função
prosseguida com esta atividade. Assim, enquanto a função ou as repercussões sociopolíticas
da interpretação são de interesse prioritário para as abordagens do chamado "uso alternativo
da lei", a hermenêutica coloca especial ênfase nos pressupostos que a acompanham; enquanto
o tema centra sua atenção na mídia que serve como suporte para a atividade interpretativa. A
natureza prática da interpretação foi amplamente justificada em nossos dias a partir de
posições que insistem na dimensão tópica da atividade interpretativa (Viehweg); na presença
de retórica e argumentação em processos hermenêuticos (Perelman); e na reavaliação da
razão prática, ou da "razoabilidade" como sinal distintivo da interpretação do direito
(Recaséns Siches). É um aspecto positivo dessas abordagens chamar a atenção para os modos
de raciocínio que são concretos e adequados ao caso, bem como os lugares comuns ou
"topoi" que ocorrem nos diferentes
processos de interpretação legal; dimensão ignorada por aqueles que têm a natureza
sistemática-dedutiva do raciocínio jurídico (p. 260-261).
A interpretação constitucional, como qualquer tipo de interpretação jurídica, está orientada
para a solução dos pressupostos concretos que surgem na experiência. Mas a adaptação
necessária da norma ao caso levanta mais problemática, dada a peculiar estrutura da norma
constitucional, geralmente mais aberta e menos detalhada do que as disposições de outros
setores do pedido. No entanto, as contribuições do tópico no contexto da interpretação
constitucional não podem ser aceitas sem reservas. Assim, no que diz respeito à idéia de
concretização, o perigo de dissolver o interpretação constitucional em uma casuística que
compromete a própria normatividade da Constituição. No que diz respeito aos princípios da
interpretação constitucional, uma análise cuidadosa de seu significado nos permite observar
que eles não são meros lugares comuns ou clichês resultantes de uma inventividade errática e
incondicionada do intérprete, mas sim princípios normativos que, embora paradoxais,
derivam "axiomáticamente" dos próprios requisitos de coerência e plenitude da ordem
constitucional, que, de qualquer forma, podem ser estranhos aos requisitos de segurança
jurídica. Portanto, sua função geral de guia, longe de contribuir para endossar a dimensão
tópica da interpretação constitucional, reforça seu significado sistemático. Esta observação
me levou a abordar o estudo de tais princípios de forma autônoma, sem abrangê-los na
interpretação tópica a que, na maioria das ocasiões, eles são incorporados (p. 261-263).
2.2 A INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL COMO COMPREENSÃO:
SIGNIFICADO DA HERMENÊUTICA.
"A hermenêutica é uma questão antiga. Mas - nas palavras de Hans-Georg Gadamer -, há
cerca de 15 anos, ganhou nova moeda ». Isto deveu-se, em grande parte, aos esforços teóricos
do próprio Gadamer, bem como a Emilio Betti por fazerem a hermenêutica a doutrina
interdisciplinar e científica geral da interpretação. Esse esforço metódico continua uma
tradição que remonta ao projeto de humanismo jurídico para construir um "iuris
hermenêutico", como uma teoria geral da interpretação do direito. Nem podemos subestimar
a influência filosófica do romantismo alemão, especialmente através do trabalho de Friedrich
Schleiermacher e Wilhelm von Humboldt e, mais recentemente, do pensamento. Martín
Heidegger, bem como o contributo legal de François Geny, na configuração da hermenêutica
legal atual. Das premissas atuais da interpretação hermenêutica entende-se como um processo
de compreensão do significado, no qual não só a conexão do texto, assumida como um todo,
com as palavras ou partes que o compõem (como ensinado pela hermenêutica tradicional)
desempenha um papel relevante, mas o próprio intérprete, com seu conhecimento da semana,
desempenha um papel decisivo. O "círculo hermenêutico" evocou, para Schleiermacher, a
imagem de um movimento circular de interpretação. A conexão relacional entre as partes e o
todo determina que apenas as palavras de um texto podem ser entendidas por referência ao
contexto de que fazem parte, enquanto as últimas devem ser apreendidas pelo significado das
palavras que o compõem (p. 263-264).
O plano jurídico em particular em torno da metodologia Constitucional a hermenêutica e o
significado de uma chamada atenção sobre a estrutura pré compreensiva que revista
interpretação do direito sobre o condicionamento histórico. Como já foi recordado um jurista
não pode desejar ou então parar de interpretar a norma sem partir desde e para uma situação
concreta. O intérprete da Constituição atua como mediador entre seu texto normativo
promulgado e o passado e as suas exigências de uma situação presente. O intérprete da norma
constitucional realiza portanto uma atividade prático normativa porque ela estabelece uma
continuidade entre o momento passado da promulgação e das normas do presente de sua
aplicação. A concretização da norma constitucional não podem aplicar-se dependendo da
compreensão do intérprete condicionado as suas experiências e conhecimentos e prejuízos
fruto de sua circunstância histórica. De igual modo a tarefa de concretização e compreensão
da norma constitucional é impensável na margem de problemas concretos sua função sobre as
quais se perfilam através de um processo de adaptação e revisão dos princípios e
instrumentos hermenêuticos. Em todo caso se advertido que a compreensão do intérprete da
Constituição supõe uma fundamentação teórico constitucional com o que a teoria da
Constituição condiciona no mesmo da compreensão da norma como é do problema (p. 265).
2.3. A INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL COMO OPÇÃO POLÍTICA: O USO
ALTERNATIVO DO DIREITO.
A crítica da hermenêutica mostra que o problema da mediação entre o acesso ao significado
de um texto pelo intérprete e condicionado pela realidade que ocorre essa percepção não é
esgotado nos pressupostos subjetivos e objetivos da atividade interpretativa, mas é estendido
aos fins perseguidos com ele. No entanto, devemos alertar, para não cair na exegese
simplificadora ou apressada que muitasvezes foi feita com as conclusões da reunião de
Catania, a natureza heterogênea das atitudes defendidas lá. No assunto que nos interessa aqui,
é possível distinguir três atitudes fundamentais entre aqueles que, no âmbito do Congresso,
propuseram uma interpretação jurídica alternativa. a) Aqueles que, aceitando o modelo atual
do Estado de Direito, eles entenderam que era necessário promover e extrair as conseqüências
práticas máximas permitidas pela norma constitucional, através de uma interpretação
evolutiva de seus princípios e cláusulas mais progressistas (p. 265-266).
b) Em segundo lugar, o daqueles que defendiam um quadro jurídico político diferente, mas
considerou útil para essa realização o exercício alternativo da função interpretativa dos
aspectos do sistema constitucional atual que pode ser explorado para sua própria erosão,
permitindo assim sua substituição futura por outra. c) Finalmente, não houve escassez de
atitudes críticas nos debates, o que mostrou sua desconfiança no perigo de atribuir ao
intérprete, especificamente a magistratura ou o setor deste último que se proclama como
defensor dos interesses populares, função de transformação da lei existente. Desta forma, a
interpretação da Constituição deixa de ser tal, ao transbordar o seu significado normativo,
para se tornar um fenômeno de decisão política que, como indicado no início desta análise,
implica negar a possibilidade de uma autêntica interpretação constitucional. Com o que,
através deste processo, o "uso alternativo do direito constitucional" acaba por degenerar em
"abuso alterado da Constituição" (p. 266 - 268).
3. A INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO.
Na sua condição de norma jurídica, a Constituição está sujeita, com certas peculiaridades, às
regras básicas e gerais que presidem a interpretação da lei. Mas, ao mesmo tempo, a norma
constitucional como a cúspide da hierarquia normativa supõe o critério hermenêutico
fundamental de toda a ordem jurídica. Por essa razão, pode-se referir a uma interpretação
"de" e "da" Constituição como duas questões relacionadas, embora com perfis diferenciados.
Como norma legal, a Constituição não pode ser subtraída das disposições gerais que regulam
a interpretação do sistema legal. No entanto, tais disposições geralmente não têm status
constitucional, mas estão incluídas na parte geral ou título preliminar de leis gerais, como no
caso de Espanha, onde estão inseridas no Código Civil. Isso levanta um problema de
hierarquia normativa, uma vez que parece contrário a este princípio admitir a existência de
normas de classificação inferior à Constituição que possam influenciar sua interpretação e
aplicação. Este problema é exacerbado nos casos em que mudanças estruturais profundas
ocorreram sem alterar as disposições da hierarquia normativa inferior que rege a interpretação
(p. 268-269).
No que se refere à proposta de Lucas Verdú de considerar o Título Preliminar como uma
forma de Constituição material, a questão básica de por que um texto que informa a
Constituição material de um sistema autoritário pode desempenhar um papel idêntico em uma
democracia é ignorado. Por esta razão, os seguintes pontos devem ser salientados: 1.) Que as
regras que regulam a interpretação jurídica não são regras puramente instrumentais, de
segundo grau ou extraordinárias, independentes e neutras quanto aos valores políticos
fundamentais da Constituição. 2.) Que as normas que regulam a interpretação, precisamente,
em virtude dos princípios de hierarquia, unidade e coerência da ordem jurídica, e por para ser
parte da Constituição em sentido material, não pode estar em contradição com a Constituição
formal. Portanto, sua validade depende da sua conformidade com isso, exigência de que em
nosso sistema seja expressamente reconhecido na disposição de revogação 3 da Constituição.
3.) Que uma consequência prática importante deriva disso, isto é, que as normas
interpretativas contidas no Título Preliminar do Código Civil são as que, por sua vez, devem
ser interpretadas de acordo com os princípios da Constituição. Em suma, a interpretação e
aplicação da Constituição não podem ser hipotecadas por regras antes da sua promulgação, de
menor nível normativo e que obedecem a coordenadas ideológicas diferentes, ou mesmo
antagônicas, aos seus princípios. O postulado da hierarquia normativa deve ser aplicado aqui
com todas as suas conseqüências para focar essa controvérsia (p. 270-271).
3.1 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO.
Ao analisar as condições e as principais posições teóricas da interpretação constitucional, os
parâmetros metodológicos básicos foram abordados, através dos quais esta atividade é
realizada. No entanto, é conveniente referir-se aos instrumentos metodológicos ou categorias
que servem como veículos para concretizar na prática interpretativa essas condições e teorias.
a) Em primeiro lugar, a persistência de posturas metodológicas formais, que mantêm a
fidelidade aos postulados tradicionais de interpretação legal elaborados pela dogma
iusprivatista, isto é, os meios: gramatical, lógica, histórica e sistemática. Esta posição
formalista foi profundamente revisada por aqueles que, embora permanecendo fiel ao caráter
jurídico prioritário da interpretação constitucional, reconhecem seu caráter peculiar devido à
influência exercida sobre ele pelos fatores políticos e valores éticos que a condicionam e que
qualificam seu significado formalista. Em qualquer caso, e reiterando o que é indicado ao
lidar com as condições de interpretação constitucional, deve-se ter em mente que a atividade
hermenêutica constitui um processo unitário cujos métodos não podem ser concebidos como
compartimentos estanques, mas devem ser conjugados na proporção adequada que é
necessária. no caso caoa. A essa demanda, não só "você sai posições metodológicas que até
agora foram revisadas. Nas suas versões mais relevantes, existe uma preocupação
convergente para alcançar um equilíbrio: quer a partir da prioridade dos dados normativos,
como tendo em conta o contexto ambiental da Constituição (métodos formalistas e
sistemáticos); bem meditando dos pressupostos factuais da Constituição ao pleno
desempenho de sua normatividade (métodos de interpretação material e evolutiva) (p.
271-276).
3.2. PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO.
Se os métodos de interpretação constitucional se refere aos meios ou instrumentos através dos
quais a atividade hermenêutica é realizada, os princípios supõem diretrizes, diretrizes ou
diretrizes fundamentais que orientam o trabalho do intérprete. Portanto, esses princípios,
longe de serem meros topoi ou lugares comuns, são produto de invenções ou preferências
contingentes de operadores legais, como são muitas vezes concebidos, configuram as linhas
básicas que necessariamente orientaram e orientam a interpretação do sistema constitucional.
1) Estes princípios têm especial interesse no (Einheitder Verfassung}, isto é, a suposição de
que todos os requisitos constitucionais formar um todo. Esse princípio exige unidade
constitucional não contemplam os requisitos constitucionais como membra ou entidades
isolados, mas para capturar na interpretação de cada um deles a unidade do sistema do qual
eles emergiram, nos quais eles estão integrados e de que eles fazem parte (p.276).
2) Outro princípio importante da interpretação constitucional é o da funcionalidade ou
correção funcional (funktionelle Richtigkeit), que obriga o intérprete a respeitar o quadro para
a distribuição das funções estatais consagradas na Constituição. 3) Eficácia ou eficácia é
outro dos princípios básicos da interpretação constitucional. Tal postulado tende a direcionar
e canalizar a atividade do intérprete para as opções hermenêuticas que otimizam e
maximizam a eficácia das normas constitucionais, sem distorcer seu conteúdo (p.277-278).
4. A INTERPRETAÇÃO DESDE A CONSTITUIÇÃO: A CONSTITUIÇÃO COMO
NORMA INTERPRETATIVA.
Porque está no topo da hierarquia normativa, a Constituição é um padrão "qualitativamente"
superior ao resto. "A Constituição é uma norma", diz nosso Tribunal Constitucional ", mas
qualitativamente diferente dos outros, porque incorpora o sistema de valores essenciais que
devem constituir a ordem de convivência política e informar todo o sistema legal. A
Constituição é, portanto, a regra fundamental e fundamental de toda a ordem jurídica ». A
declaração de inconstitucionalidade das regras incompatível com a Constituição está
expressamente prevista na disposição revogatória 3 da nossa Lei Básica, que, ao mesmo
tempo, atribui ao Tribunal Constitucional a competência exclusiva para fazer tal declaração
(artigo 161, 1, a). "Desta forma, a decisão do Tribunal Constitucional - dado seu valor erga
omnes - cumpre uma função importante, que é purgar a ordem, resolvendo de forma
definitiva e de caráter geral as dúvidas que possam surgir". a) Mas, ao lado desta função, a
supremacia hermenêutica da Lei das leis também se traduz em outras manifestações e efeitos
importantes. Assim, a jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão inventou o
princípio da interpretação das leis de acordo com a Constituição (die verfassungskonforme
Gesetzesauslegung), que postula que uma lei não deve ser declarada nula quando pode ser
interpretada de acordo com a Constituição (p. 279-280).
b) A idéia de interpretação em conformidade pressupõe uma dupla presunção: subjetiva que o
legislador realizou sua função dentro dos limites constitucionais (favor legislatoris); e
objetivo que a lei esteja em conformidade com os parâmetros estabelecidos pela Constituição
(favor legis). 1) No nível subjetivo, é um reconhecimento implícito do primado do legislador
democrático na concretização e desenvolvimento do texto constitucional. Portanto, no Estado
de Direito reconhece-se que a legislação pode ser um meio auxiliar ou suplementar para
interpretar a Constituição, alude a uma interpretação da Constituição de acordo com as leis
(gesetzeskonforme Auslegung der Verfassung). Desta forma, o intérprete constitucional tem
na atividade normativa do legislador um critério básico para concretizar o conteúdo da
Constituição e adaptá-lo às circunstâncias sociais e sociais e políticas. Note-se, em qualquer
caso, que a interpretação da Constituição de acordo com a lei, é apenas um meio auxiliar e
subsidiário colocar ao serviço do intérprete para ajudar a concretizar o alcance de certos
aspectos da norma constitucional desenvolvida por meios legislativos (p. 280).
2) Na sua projeção objetiva, a interpretação conforme implica a presunção a favor da
constitucionalidade do conteúdo das normas legais. disposições constitucionais agir assim,
como padrões de parâmetros (Prüfungsnormen), ou seja, como um contexto hermenêutica
necessária e como diretrizes gerais para a interpretação de todas as normas que compõem o
sistema (exigência de que o nosso sistema é estendido para Os Estatutos de Autonomia, que
de acordo com a doutrina da nossa jurisdição constitucional "devem sempre ser interpretados
nos termos da Constituição (artigo 147.1 CE), uma vez que contêm as competências
assumidas por cada Comunidade" dentro da quadro estabelecido na Constituição "(Artigo
147.2, d) CE)". e) O papel que corresponde à jurisdição constitucional na interpretação das
leis de acordo com a Constituição levanta um problema funcional que se refere à sua relação
com as outras jurisdições. d) A base da necessidade de interpretar toda a ordem legal "da"
Constituição é uma consequência, como eu indiquei, do princípio da hierarquia normativa.
Essas observações em relação ao fundamento da interpretação de acordo com a Constituição
destacam a insuficiência da teoria positivista para a interpretação constitucional. Com efeito,
o positivismo concepção legal de interpretação a partir de um critério formal de validade,
convocado pela dinâmica de Hans Kelsen, que se baseia, não no conteúdo das regras, mas na
medida em que foram produzidas de acordo com os procedimentos estabelecidos em padrões
mais elevados e, em última instância, de acordo com as disposições da norma fundamental (p.
282).
A incapacidade da teoria positivista para servir como base para o postulado de interpretação
de acordo com a Constituição, que expressa demandas não apenas formais ou processuais,
mas também material ou conteúdo, é, portanto, evidente. Além disso, esta teoria, em sua
versão Kelsen introduz um factor de distorção que pode dar origem a confusão ou
mal-entendido na hermenêutica constitucional, porque, como tive ocasião de explicar, é
precisamente a teoria positivista, que está na base métodos formais de interpretação da
Constituição, que incentiva uma abordagem estática do sistema jurídico constitucional
também ligada à defesa do status quo económico e social; Considerando que, ao contrário,
foram os métodos de interpretação material e evolutiva da Constituição, que obedecem a uma
inspiração de direito natural, aqueles que contribuíram para a consideração aberta e dinâmica
da norma constitucional, orientando sua hermenêutica em direção a esses objetivos. conteúdo
(valores e princípios) que, no estado pluralista, livre e democrático, definem seu horizonte
emancipatório a ser alcançado (p.283).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 7- A INTERPRETAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
1. PECULIARIDADE DA INTERPRETAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
Deve-se notar que o fenômeno da incorporação de direitos fundamentais aos textos
constitucionais não é novo, uma vez que a Declaração de Direitos, desde o início do
constitucionalismo, uma das partes que, juntamente com a que estabelece e organiza a forma
de governo integrar os textos fundamentais. No entanto, o que aconteceu desde a Segunda
Guerra Mundial tem sido uma extensãonotável dos direitos reconhecidos, bem como o
esforço para garantir seu status legal. Assim, os juristas mais fiéis à tradição do positivismo
legalista estão condenados à dificuldade metódica de ter que reduzir o novo horizonte
constitucional dos direitos fundamentais aos procedimentos conceituais a que estavam
acostumados (p. 285).
2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO VALORES PRINCÍPIOS E NORMAS.
Esses diferentes sistemas de positividade influenciam diretamente a interpretação dos direitos
fundamentais que são formulados como valores, princípios e normas específicos, o que nos
obriga a considerar seus respectivos escopo (p.286).
2.1 DISTINÇÃO ENTRE VALORES E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.
Os próprios princípios desempenham uma função normativa; eles são normas mais do que em
um grau de enunciação não envolvido de forma circunstancial, mas dotado de grande
generalidade ». A normatividade dos valores é provada pela existência das chamadas "normas
constitucionais inconstitucionais" com as quais se tenta subtrair a primazia hermenêutica de
valores. até o ponto de determinar a inconstitucionalidade das normas constitucionais que
contradizem seu significado. Agora, se as teses que desafiam a normatividade dos valores
constitucionais comprometem sua própria razão de ser, aqueles que admitem que colidem,
por sua vez. com o obstáculo de ter que diferenciar o alcance da normatividade dos valores
em relação ao dos princípios. O conceito moderno de valor tem seu antecedente imediato na
teoria de entia moralia de Pufendorf, isto é, nos caminhos ou métodos que os seres racionais
aplicam a coisas ou movimentos físicos para orientar e regular comportamentos e atribuir
ordem e harmonia para a vida humana (p. 287-288).
Os valores constitucionais, portanto, têm uma dimensão tridimensional, fundacional, sobre o
conjunto de disposições e instituições constitucionais, bem como sobre o sistema jurídico
como um todo. concebe como << valores fundamentais >> (Grundwerce) e a nossa
Constituição como «valores superiores», para acentuar o seu significado como núcleo básico
e informativo de todo o sistema jurídico político; b) orientado, num sentido dinâmico, da
ordem jurídico-política para objetivos ou propósitos pré determinados, que tornam ilegítima
qualquer previsão normativa que persiga fins diferentes ou que obstrua a realização daqueles
enunciados no sistema eqüiológico constitucional, e (c) crítica, na medida em que sua função,
como a de qualquer outro valor Reside na sua adequação para servir como critério ou
parâmetro de avaliação para avaliar fatos ou comportamentos (p. 288).
Os valores constitucionais supõem, portanto, o contexto axiológico fundamentador ou básico
para a interpretação de toda a ordem jurídica; o guia-postulado para guiar a hermenêutica
teleológica e evolutiva da Constituição; e o critério para medir a legitimidade das várias
manifestações do sistema de legalidade. 1) A aceitação dos princípios da lei como
meta-normas é inserida no que pode ser considerado como seu significado metodológico "em
que se entende como principia cognoscendi, isto é, como regras orientadoras para o
conhecimento! para a interpretação e para a aplicação das outras normas legais. Neste
sentido, do Código Civil refere-se ao "caráter informativo do sistema legal" que cumpra os
princípios gerais de direito (artigo 1.4). Através deste uso linguístico, os princípios são
considerados legais porque se referem à lei, porque fornecem uma base lógica ou
técnica-formal que contribui para a compreensão e aplicação de normas de primeiro grau. 2)
Em outras ocasiões, a expressão "princípios de direito" tem uma sentido principalmente
ontológico. como principia essendi aos referidos pela ordem jurídica como fonte normativa
(p. 288-289).
3. Finalmente, os princípios gerais do direito também podem ser entendidos, em sua
dimensão axiológica, como principais princípios, axiomas ou postulados éticos que devem
inspirar toda a ordem jurídica. Neste sentido lingüístico entende-se que os princípios são
legais porque a lei se refere a eles como um termo de canhão de aspiração ou porque
considera-se que eles devem ser parte integrante de qualquer sistema legal digno de tal nome
A pluralidade significativa assumida pelos princípios gerais de direito responde, em larga
medida, à controvérsia tradicional que surgiu sobre o alcance entre as diferentes escolas e
concepções jurídicas, que têm tende a colocar o acento em alguns dos seus significados
(p.290).
Os princípios, por outro lado, envolvem um maior grau de concretização e são: pecificação
do que os valores em relação às situações em que podem ser aplicadas e as conseqüências
jurídicas de sua aplicação, mas sem seguir sendo normas analíticas. Por outro lado, os
princípios, que já possuem um significado hermenêutico (metodológico), já atuam como
fontes de direito (ontológicas) ou como determinações de valor (axiológico), recebem sua
peculiar orientação de sentido dos valores que especificam ou especificam) Os valores
funcionam, em suma, como meta-normas em relação aos princípios e como normas de
terceiro grau em relação às regras ou provisões específicas. Até certo ponto, existe uma
relação entre valores e princípios análogos aos que Claus Wilhelm Canaris estabeleceu entre
princípios e subprincípios em direito privado, atribuindo ao último a função de complementar
os primeiros desenvolvendo e completando suas premissas básicas (p.292).
2.2. PRINCÍPIOS E REGRAS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICO OU CASUÍSTICO
Da mesma forma que os valores tendem a ser expressos em princípios que explicam seu
conteúdo, os princípios, por sua vez, são incorporados em disposições específicas ou casos
em que as premissas de aplicação e as consequências legais são tipificadas em termos de
maior precisão. Esse processo é realizado, primeiro, nas próprias disposições constitucionais
e; a partir daí, nas demais normas de menor nível que integram a ordem jurídica. Um dos
critérios mais avançados para distinguir os princípios das normas específicas tem sido o
relacionado aos assuntos da sede de sua positividade no texto constitucional. Este critério não
parece convincente em vista do fato de que, na maioria das Constituições modernas, existem
textos principais espalhados por diferentes partes de seus textos. Ao mesmo tempo, eles
incluem regras de natureza específica ou casuística em sua parte dogmática. Recentemente, a
distinção entre princípios específicos e disposições foi abordada em uma interessante
investigação por Ronald Dworkin. O ex professor de Yale e, mais tarde, em Oxford ensina
que todos os sistemas legais são instruídos por um conjunto de princípios (princípios),
medidas políticas (políticas) e regras ou disposições específicas (regras). Dworkin denomina
medidas políticas às normas genéricas (padrões) que estabelecem fins que devem ser
alcançados e queimplicam um avanço no terreno econômico, político ou social da
comunidade (p.293).
3. PRINCIPAIS TESTES SOBRE INTERPRETAÇÃO DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS
A concepção dos princípios de Ronald Dworkin responde a uma atitude ou orientação da lei
natural que parte das decisões da jurisprudência não são meras aplicações mecânicas da lei,
mas opções sobre princípios morais. Assim, enquanto as normas legais do positivismo esgota
a noção de direito e, portanto, em caso de lacunas na lei é obrigada a admitir o poder
discricionário ou a discrição judicial, a texxia da decisão judicial (teoria do julgamento) de
Dworkin obedece a uma abordagem do sinal jusnaturalista. Sua tese supõe: que a ordem
jurídica é um sistema em que, além das normas legais, existem princípios que explicam as
exigências da justiça e dos valores éticos; do que o juiz na ausência de norma legal e. às
vezes. Acima disso, deve decidir de acordo com esses princípios e que esses princípios
constituem o apoio axiológico que dá coerência no tema e estrutura harmônica a todo o
sistema legal (p.295-296).
Os direitos fundamentais implica e pressupõe, em suma, uma certa filosofia jurídico-política
que se reflete na sua interpretação. Assim, o trabalho hermenêutico destinado a especificar o
alcance do sistema constitucional dos direitos fundamentais é condicionado pelos
preconceitos que servem de base.Tendo em mente essas observações metodológicas, uma
classificação alternativa será escolhida aqui, com base em um critério unitário. com base nas
diferentes posições doutrinárias teóricas que implicam formas divergentes de conceber o
significado, o fundamento e o propósito dos direitos fundamentais com a subsequente
incidência na sua interpretação (p.297).
3. 1. TEORIA POSITIVA
Para esta concepção, os direitos fundamentais aparecem como categorias técnico-legais
visando reformular em normas positivas os requisitos mantidos pela teoria dos direitos
naturais para afirmar certas liberdades do indivíduo contra o poder do Estado. Forjados ao
longo do século XIX,como uma alternativa à doutrina da lei natural dos direitos humanos, a
concepção avançada do positivismo jurídico procurou privar a teoria dos direitos
fundamentais de qualquer nuance revolucionário, considerando-se um pressuposto formal
para o funcionamento do Estado liberal do Direito. Esta tese tinha na Escola Alemã de
Direito Público uma das suas expressões mais finalizadas; é devido à elaboração conceitual
de direitos públicos subjetivos e representou a projeção ao direito constitucional das
premissas metodológicas da dogmatização juspositivista inspirada no positivismo jurídico
(p.297).
Ernst Forsthoff, de acordo com sua abordagem, os direitos fundamentais devem ser
interpretados como: a) garantias de autonomia imitativa / 1 que é, como direitos de defesa
contra interferência das autoridades públicas na esfera privada. b) garantias jurídicas
essenciais do status quo econômico-social, o que implica o desafio das cláusulas de
transformação da ordem socioeconômica do Estado social de direito e sua rebaixamento para
meros postulados de programas; e) categorias jurídicas legais (não como valores éticos,
filosóficos ou políticos) que devem ser interpretadas e aplicadas de acordo com as regras do
método jurídico tradicional, uma vez que apenas através da manutenção do método
interpretativo baseado na estrita subsunção de fatos às normas impedirão que a hermenêutica
dos direitos fundamentais se dissolva em uma casuística com a conseqüente perda de
segurança jurídica, um perigo inevitável quando os critérios filosóficos ou axiológicos são
projetados para este processo interpretativo, d) categorias independentes, de modo que cada
direito o fundamental deve ser interpretado como um prece autônomo que tem sua própria
lógica e cujo significado é claro a partir do seu significado textual, sem que seja legal recorrer
a uma interpretação sistemática dos direitos fundamentais, exceto em casos excepcionais em
que o significado da regra que a consagração não está completa, da qual deriva também a
negação de qualquer hierarquia entre as normas constitucionais que formulam o sistema de
direitos fundamentais e, portanto, a inexistência de normas constitucionais que pode servir
como um parâmetro orientador para a hermenêutica do restante (p.297-298).
3.2. TEORIA DA ORDEM DE VALORES MOBILIÁRIOS
A concepção do sistema de direitos fundamentais como uma ordem o objetivo dos valores
dotados de unidade material foi avançado no estágio da Constituição de Weimar por Rudolf
Smend. Através de sua teoria de integração, smend lançou as bases para uma interpretação
axiológica dos direitos fundamentais, atribuindo ao conjunto dos direitos e liberdades básicos
proclamados pela Constituição de Weimar uma função integradora e inspiradora de toda a
ordem jurídica-política do estado. Os direitos fundamentais cumprem a sua função de
integração, sistematizando o conteúdo axiológico objetivo da ordem democrática a que a
maioria dos cidadãos dá o seu consentimento. A teoria da ordem objetiva dos valores
encontrados no estágio subsequente no final da Segunda Guerra Mundial, uma ampla adesão
à doutrina e jurisprudência da República Federal da Alemanha. Sob a influência da teoria da
integração de Smend e, fundamentalmente, da ética material dos valores com base na
doutrina filosófica de Max Scheler e Nicolai Hartmann, foi construída uma teoria dos direitos
fundamentais que os concebeu como normas éticas objetivas, expressão imediata da lei
natural (p.298-299).
3.3. TEORIA INSTITUCIONAL
O trânsito do Estado liberal ao Estado social de direito, fator decisivo para entender o próprio
desenvolvimento da teoria dos valores. Foi revelado como um motivo fundamental para
promover a formulação de novas teorias sobre o alcance dos direitos fundamentais
apropriados às novas coordenadas da ordem constitucional. Em primeiro lugar, os direitos
fundamentais são direitos subjetivos, os direitos do indivíduo não só como direitos dos
cidadãos em sentido estrito, mas também na medida em que garantem um estatuto legal ou
liberdade em uma área de existência. Mas, ao mesmo tempo, são elementos essenciais de
uma ordem objetiva da comunidade nacional, pois está configurada como um quadro para
uma convivência humana justa e pacífica, incorporada historicamente no Estado de Direito e,
mais tarde, no Estado social de Direito ou Estado de Direito social e democrático, de acordo
com a fórmula de nossa constituição. A teoria institucional inspirou recentemente duas
posições diferentes, que também devem ser mencionadas (p.300-301).
3.3 1. A TEORIA INSTITUCIONAL FUNCIONALISTA
Esta concepção supõe uma interpretação peculiar da teoria institucional e foi sustentada por
Niklas Luhmann em seu trabalho Grundrechte como instituição. Nesta pesquisa, Luhmann
projeta a teoria dos sistemas (Systemtheorie) e seu métodoestrutural funcionalista para o
estudo dos direitos fundamentais. Na sua concepção, tais direitos não devem ser considerados
como faculdades emanadas da natureza humana (lei natural), nem como limites para o
desempenho do poder público (liberalismo), mas como instituições, isto é, subsistemas
destinados a desempenhar certas funções que permitem: por um lado, a diferenciação dos
papéis sociais e, por outro, garantir o desenvolvimento da atividade estatal (p.301).
Assim, por exemplo, a liberdade não constitui, para Niklas Luhmann; o atributo da natureza
do homem e sua personalidade, mas o resultado dos diferentes papéis que o homem
desempenha em seus relacionamentos e em sua comunicação com outros homens. Portanto,
quando o sistema legal reconhece e proclama a liberdade, não o faz para reconhecer parcelas
de poder ou faculdades para indivíduos, mas é um requisito do seu próprio funcionamento
nas condições da sociedade complexa de nosso tempo. Assim, de acordo com esta tese; o
indivíduo não tem o direito de votar para colocar em mãos um poder de decisão que responda
aos seus interesses ou opiniões particulares; Em suma, não se trata de garantir a liberdade
individual, mas sim de garantir que o cidadão atinja o papel que possui no sistema jurídico,
que tem sua própria racionalidade, independentemente da vontade dos indivíduos que o
compõem. Os direitos constitucionais constitucionais são, portanto, relegados ao status de
meros subsistemas cuja função prioritária consiste em permitir a conservação e estabilidade
do sistema social, perdendo assim sua dimensão emancipatória e reivindicativa de
necessidades e necessidades individuais (p.301).
3. 3.2. A TEORIA MULTIFUNCIONAL.
A teoria multifuncional, a partir do caráter institucional dos direitos fundamentais, os vincula
à realização de propósitos pré-estabelecidos na norma constitucional e, ao mesmo tempo,
afirma a dimensão aberta e plural dos propósitos e funções constitucionais. Em suma, a tese
multifuncional procura otimizar a eficácia dos direitos fundamentais, tornando a sua
aplicação completa compatível. Quando isso não é possível, porque existe um conflito
insuperável entre os direitos fundamentais aplicáveis, ele postula uma imitação equivalente
dos direitos, exceto que, devido ao caso, é necessário recorrer a um critério qualitativo
(prioridade dos propósitos de um direito fundamental sobre outros) ou quantitativo (quando
um dos direitos em conflito é afetado em seu núcleo e outro apenas marginalmente deve
ceder o último) (p.302-303).
3.4. TEORIA JUSNATURALISTA CRÍTICA.
As concepções institucionais coincidiram em situar a teoria dos valores e dos princípios
constitucionais, bem como a interpretação dos direitos fundamentais, independentemente de
qualquer referência à lei natural. A crítica expressa ou implícita do que a teoria dos valores
supõe, de uma orientação clara A lei natural levou os adeptos da tese institucional a acusar o
primeiro de hipostatizar certos interesses em proposições universais, eternas e absolutas
derivadas de certos valores objetivos. O problema nodal da interpretação dos direitos
fundamentais reside que é um trabalho destinado a especificar o alcance dos valores,
princípios e disposições que, mesmo que tenham sido expressamente declarados no texto
constitucional, exige um esforço de esclarecimento, concretização e determinação
(p.305-308).
A lei natural do nosso tempo oferece um método adequado para assegurar que a interpretação
dos direitos fundamentais supera o impasse positivista de limitar-se à mera literalidade da
norma, o que implica condenar o intérprete de valores ou princípios ao silêncio. Ao mesmo
tempo, impede que a determinação dos valores seja traduzida em um simples decisionismo,
porque defende uma concepção não-objetiva dos valores, que se baseia no consenso sobre as
necessidades básicas do ser humano. A exigência de interpretar os direitos fundamentais de
teor do consenso geral sobre os valores a que eles respondem; e a cuja realização estão
orientados, encontrou-se oportuna em nosso texto constitucional (p.309).
4. PROBLEMAS ESPECÍFICOS DA INTERPRETAÇÃO E DA APLICAÇÃO DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS.
Os direitos fundamentais representam uma das decisões básicas do constituinte através da
qual os principais valores éticos e políticos de uma comunidade alcançam expressão legal.
Desde então, como já indiquei anteriormente. os direitos fundamentais indicam o horizonte
dos objetivos sociopolíticos a serem alcançados, estabelecendo a posição jurídica dos
cidadãos nas suas relações com o Estado ou entre eles. Esta peculiaridade dos direitos
fundamentais afeta sua interpretação e exige que seu significado seja entendido
unitariamente, isto é, como um sistema entre cujos elementos não pode haver antítese ou
contradições de orientação e significado. Mas, ao mesmo tempo, o sistema não forma um
compartimento estanque na Constituição, mas é parte integrante da ordem constitucional
como um todo e está organicamente vinculado às outras normas constitucionais. Por outro
lado, para cumprir suas funções, os direitos fundamentais são dotados de uma força
expansiva especial, isto é, uma capacidade de prover, através dos métodos ou técnicas
conseqüentes, a interpretação de todas as normas do sistema jurídico. A função que
corresponde aos direitos fundamentais de garantir a unidade da ordem em que, por sua vez,
estão integrados e de orientar seu desenvolvimento para os propósitos e valores que
informam esses direitos, determina que o sistema de direitos e liberdades fundamentais opera
como canon para disciplinar legalmente as várias manifestações da vida do Estado e da
sociedade (p.310).
4. 1. A DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO ESSENCIAL DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
Para a teoria positivista, o conteúdo essencial está vinculado à proteção normativa dos
interesses defendidos por lei. Sempre procurando a tutela da vontade individual ou da
autonomia diante de possíveis interferências do Estado. Enquanto a teoria dos valores tende a
identificar o conteúdo essencial com o núcleo objetivo intrínseco de cada direito, como uma
entidade antes da regulamentação legislativa. Um avanço importante na determinação do
conteúdo essencial correspondeu à teoria institucional defendida por Peter Haberle.Por esta
razão, a proteção do conteúdo essencial deve ser entendida como um jogo institucional que
faz referência aos objetivos objetivamente estabelecidos pela Constituição e com base em
quais, precisamente, os direitos e liberdades fundamentais são reconhecidos. (p. 311-312).
Deste modo. Eu entendo que a posição institucional assume uma abordagem sólida para
superar a conceituação do conteúdo essencial de idéias como "vontade", "interesse" ou
"proteção legal", características que perpetuam a antiga parafernália conceitual da dogmática
do século XIX no direito subjetivo. A abordagem institucional pode trazer-lheo; A teoria do
jusnaturalismo critica o requisito de ampliar o momento de dados significativos para
delimitar o conteúdo essencial com a descamação da consciência histórica que a humanidade
possui, no momento presente, seus valores e direitos fundamentais (p.312).
4.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E AS RELAÇÕES DE DIREITO PRIVADO:
«EFEITOS HORIZONTAIS» E <<TERCEIRO EFEITO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS».
Ao se referir às principais posições teóricas sobre a interpretação do os direitos fundamentais
foram avisados que para a tese positiva vista. identificador do tado de - Direito com sua
versão liberal. tais direitos não têm efeito contra terceiros (Dríttwirkuny, de acordo com a
expressão cunhada pela doutrina alemã). uma vez que constituem exclusivamente garantias
ou instrumentos de defesa contra o Estado. Pelo contrário. para a teoria dos valores. A
institucional ou a lei natural crítica, que são apoiadas pelo Estado de Direito, a partir das
quais desejam extrair o potencial normativo máximo, o sistema de direitos físicos têm força
vinculante erga omnes, por isso é totalmente aplicável dentro da relacionamentos entre
indivíduos. Nossa Constituição parece admitir a eficácia geral dos direitos fundamentais ao
proclamar no Artigo 9.1 que: "Os cidadãos e as autoridades públicas estão sujeitos à
Constituição e ao resto do sistema legal. No entanto, foram levantadas dúvidas sobre o fato
de que o artigo 53, 1 limita a inculturação dos direitos e liberdades reconhecidos no Capítulo
11 do Título I aos poderes públicos (p.312-313).
Em qualquer caso, entendo que a necessidade de ampliar a aplicação dos direitos
fundamentais às relações entre assuntos privados é o resultado de dois argumentos básicos. O
primeiro, que opera no plano teórico, é um corolário do requisito lógico de partir da coerência
interna do sistema legal, o que, ao mesmo tempo, constitui uma conseqüência do princípio da
segurança jurídica.O segundo é devido a um imperativo político premente do presente, numa
era em que o poder público, a ameaça potencial secular contra as liberdades, lhe surgiu a
concorrência de potenciais poderes econômico-sociais, em muitas ocasiões, mas eu substitui
o próprio Estado pela violação dos direitos fundamentais (p.314).
4.3. A RELEVÂNCIA HERMENÊUTICA DO PRINCÍPIO «IN DUBIO PRO
LIBERTATE».
Desta forma, a dignidade da pessoa, seus direitos invioláveis e o livre desenvolvimento da
personalidade proclamado no referido artigo 10 em conexão necessária com o Artigo 9.2, que
exige a liberdade e a igualdade reais e efetivas, constituem uma decisão inequívoca dos
nossos eleitores em favor das liberdades. Tal decisão, lógica em um Estado de Direito
definido como social e democrático, impõe uma interpretação dos direitos fundamentais que
os contempla não apenas como esferas subjetivas de liberdade, mas como elementos
constitutivos de um sistema unitário de liberdades «patrimônio comum da os cidadãos
individualmente e coletivamente », cuja máxima extensão e eficácia aparecem como o
objetivo irrestrito de ser alcançado (p.316).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 8 - A INTIMIDADE COMO DIREITO FUNDAMENTAL.
1. A INTIMIDADE COMO DIREITO FUNDAMENTAL INTIMIDADE COMO
DIREITO FUNDAMENTAL.
A Constituição espanhola de 1978 levantou o reconhecimento e a proteção do direito à honra,
à privacidade pessoal e familiar e à própria imagem a um nível fundamental. Com isso, nosso
sistema jurídico, no topo de sua hierarquia normativa, faz eco de uma preocupação presente
nos sistemas de direito comparado mais evoluídos. Sabe-se que as legislações mais sensíveis
para a defesa das liberdades tentaram oferecer uma resposta legal efetiva a uma das demandas
mais prementes que hoje afeta a sociedade tecnologicamente avançada: o respeito pela
privacidade. Em inúmeros inquéritos realizados em alguns países com um alto nível de
desenvolvimento, revela que a opinião pública coloca o respeito pela vida privada em um
lugar prioritário dentro das suas aspirações à proteção dos direitos humanos. Honra,
intimidade e autoimagem foram considerados pela A teoria legal tradicional como
manifestações de direitos de personalidade, e no atual sistema de direitos fundamentais como
expressões do valor da dignidade humana. Portanto, é conveniente iniciar esta exposição
aludindo, embora brevemente, ao significado dessas abordagens (p.317).
1.1. A DIGNIDADE HUMANA COMO FUNDAMENTO DE DIREITO A HONRA,
A INTIMIDADE E A PRÓPRIA IMAGEM.
A dignidade humana constitui não apenas a garantia negativa de que a pessoa não será objeto
de ofensas ou humilhações, mas isso implica também a afirmação positiva do pleno
desenvolvimento da personalidade de cada um individual. O pleno desenvolvimento da
personalidade supõe, por sua vez, por um lado, o reconhecimento da autodisponibilidade
total, sem interferências ou impedimentos externos, das possibilidades de ação próprias de
cada homem; de outra, decorrente da projeção histórica gratuita da razão humana, em vez de
uma predeterminação dado pela natureza.
Um aspecto importante da noção de dignidade humana proposta por Maihofer é o único a
começar pela elaboração do seu significado da situação básico (Grundsitualion) do homem
em seu relacionamento com os outros, isto é, o Situação de estar com os outros (Mitsein); em
vez de depender do homem singular encerrado em sua esfera individual (Selbstsein), que
tinha serviu de ponto de partida para numerosas caracterizações desta ideia. Isto A dimensão
intersubjetiva da dignidade é de extrema importância para calibrar O significado e o alcance
dos direitos fundamentais que o encontram são princípio do fundamento. A dignidade
humana, por outro lado, é identificada com que às vezes também é chamado de liberdade
moral e está intimamente relacionado à igualdade, entendido como paridade de estimativa
social das pessoas. Com o que se provou a conexão íntima dos valores que constituem o
núcleo conceitual dos direitos humanos (p.317-318).
1.2. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E OS DIREITOS DA
PERSONALIDADE.
A dignidade humana assume o valor básico (Grundwert) fundador dos direitos humanos que
tendem a tornar explícita e atender às necessidades de a pessoa na esfera moral. Por isso,
representa o princípio da legitimação dos chamados "direitos de personalidade". Esses
direitos constituíram, desde o início da dogmática do direito privado do século passado, um
motivo de controvérsia cujos ecos alcançaram o presente. Em efeito, quando, após o triunfo
da revolução burguesa, o processo de direitos naturais e naturais positivos, sob a fórmula
moderna dos direitos subjetivos, destina-se a desenvolver um instrumento técnico para a
proteção dos interesses patrimoniais de indivíduos e, em particular, da propriedade. A
construção de um direito unitário de personalidade encontrouimportantes reservas doutrinais
e teses abertamente críticas, que insistiram na necessidade de não estender a proteção da
personalidade além dos limites da pluralidade de objetos ou bens precisos e individualizáveis.
Caso contrário, os defensores desta tese entendem que existe o risco de expandir para o
infinito as possíveis consequências jurídicas dessa proteção personalidade abstrata e genérica.
Esta abordagem, que leva ao reconhecimento de uma pluralidade de direitos de personalidade
referidos cada uma de suas manifestações objeto de proteção legal específica tem sido
abertamente desafiados por aqueles que acreditam que só a partir de apenas um direito de
personalidade pode ser impedido de proliferar e definir desconectado dos direitos autónomos,
diversamente construído e justificado, com a consequente imprecisão de sua base geral, seu
alcance e sua proteção (p.319-320)
Em suma, a prevalência de ponto de vista << proprietário »condicionou a abordagem da
tutela de personalidade, na mesma medida em que a ideia de projeção para o mundo externo
da personalidade funcionou como um princípio de legitimação da propriedade. Portanto, a
compreensão histórica dos diferentes direitos de a personalidade, necessária para melhor
elucidar seu alcance, destaca a incidência da "abordagem proprietária"; como, por exemplo,
torna-se claro para o estudar a gênese e o desenvolvimento do direito à intimidade (p. 321).
2. SENTIDO HISTÓRICO E DIMENSÃO ATUAL DO DIREITO À INTIMIDADE
No período medieval, o isolamento era prioritário das mais altas esferas da nobreza ou
daqueles que por livre escolha ou necessidade se uniram a isso experiência comunitária:
monges; Pastores, bandidos. Esta possibilidade de isolamento existe um anseio crescente à
medida que as condições mudam. As condições sociais e econômicas levam ao
desenvolvimento dos núcleos apareceu nas formas de divisão do trabalho que fazem uma
clara diferença entre O lugar onde se vive - a casa particular = e estabelecimento em que
funciona, ao contrário do prolongamento da casa que supunha a oficina artesão. Nessas
coordenadas também é forjada doutrinariamente o direito a intimidade, cuja raiz teórica está
na órbita daquela (jurisdição interna que Thomasio e Kant ficam fora da interferência do
Estado, mas na margem também de relações sociais comunitárias. A vida provada aparece
como um direito a solidão, reserva e isolamento. A máxima inglesa my home is my castle
reflete este espírito com eloquência. É o homem burguês “Encastelado" em seu isolamento o
protótipo do sujeito ativo deste direito. Portanto, o nascimento da intimidade, que
cronologicamente coincide com a afirmação revolucionaria os direitos do homem, isso não
significava na sociedade burguesa a realização de uma demanda natural de todos homens,
mas a consagração do privilégio de uma classe. A partir desse momento, a privacidade, noção
análoga ao nosso conceito de intimidade, assumiu um papel ambivalente: de um lado tem
sido exercido, com intenção conservadora, não fornecer autoridades públicas informações
pessoais e econômicas para evitar a pressão fiscal por outro lado, foi usado de posições
progressivas para reagir contra o acúmulo de dados destinados a controlar o comportamento
ideológico para fins discriminatórios (p. 322-324).
3. A INTIMIDADE COMO PRIVILÉGIO E A INTIMIDADE COMO VALOR
CONSTITUCIONAL.
No contexto descrito hoje, o direito à privacidade que tem adquirido grau constitucional. Por
isso, é evidente que os aspectos que atualmente tem se debatido sob esta questão são, em
grande parte, de um coletivo e social. É, em suma, verificar em que casos o privilégio pode
operar como um álibi para contornar uma política social avançada, ou em quais pressupostos
podem servir de freio; antes de certas formas de controle ou discriminação social ou política.
Mas em que interesses insistir é que a questões sobre as quais a disciplina jurídica da
intimidade perdeu seu caráter individual e privado exclusivo para assumir progressivamente
um significado público e coletivo. Penso que é importante insistir nessa caracterização,
porque nele o direito à privacidade, entendida como um direito natural ou fundamental, vai
além dos limites estritos das liberdades individuais, apresentar-se como condição da
"existência coletiva", cuja regulamentação legal não pode ignorar sua dimensão social (p. 324
- 324).
3.1. O DIREITO FUNDAMENTAL A HONRA, A INTIMIDADEE A PRÓPRIA
IMAGEM E SUA CONSAGRAÇÃO CONSTITUCIONAL.
O reconhecimento dos direitos tradicionais da personalidade como direitos fundamentais tem
sido um passo decisivo para especificar seu status Jurídico e seu próprio significado. Diante
da concepção positivista dos direitos fundamentais, que concebido como um sistema fechado
de normas legais, cuja certeza só pode ser mantida ao preço de uma interpretação literal, a
partir da qual o impossibilidade de reconhecer os direitos fundamentais que não são
expressamente encontrados consagrado na Carta Constitucional, as teses modernas do direito
natural insistem em considerar os direitos fundamentais como a resposta a interesses e
exigências que em cada momento histórico são socialmente considerados necessário para o
pleno desenvolvimento da pessoa humana, e que eles deveriam ser capturado através de uma
interpretação evolutiva da Constituição. Começando do princípio de que o desenvolvimento
da pessoa humana constitui um fim para executar e não um mero dado para manter ou
garantir (p.325).
Não em vão, a esfera da personalidade não pode ser contemplada apenas do ponto de vista do
indivíduo, mas de uma perspectiva relacional a partir do qual se considera que a violação da
personalidade humana envolve uma situação de perigo para a solidariedade e a convivência
entre os homens. Não é suscetível a uma interpretação literal e rígida que impede a
possibilidade de intervir em novas manifestações de direito impensável no momento da
promulgação da norma constitucional. Tudo isso implica reconhecer um papel importante
para o judiciário na tarefa em andamento de atualizar esses preceitos. Finalmente, deve-se
notar que a constitucionalização do direito fundamental à honra, privacidade e a própria
imagem não pode ser entendida como uma tutela limitada às relações entre o Estado e os
indivíduos, inoperante na esfera das relações interprivadas. Estas novas condições que
marcam a transição na abordagem da lei honra, intimidade e autoimagem a partir da
perspectiva tradicional de direitos de personalidade ao seu status legal atual dos direitos
fundamentais, constituem a premissa básica para abordar seu novo significado (p.326-327).
3.2. A DELIMITAÇÃO CONCEITUAL DA INTIMIDADE E A NOÇÃO ATUAL DE
“PRIVACIDADE”.
Insistiu que as noções de intimidade e vida privada conduziram com sigo uma carga
emocional que os torna ambíguos, ambíguos. e dificulta aprecisão do seu significado; até
mesmo referido a definição intransponível ». As numerosas definições legais, bem como o
conjunto de decisões jurisprudencial que, tente proteger esse direito, não contém uma
definição unívoco e preciso do mesmo; é mais, na maioria das ocasiões, não eles tentam não
estabelecer nenhum conceito limitando-se a tipificar, com maior ou menos flexibilidade, os
pressupostos de assassinato ou para estabelecer a existência de comportamentos que
ameaçam ou violam você. Em suma, trata-se de insistir, como síntese da análise
desenvolvida até aqui, que no nosso tempo é insuficiente para conceber a intimidade como
uma “garantir direito (status negativo) de defesa contra qualquer invasão da esfera privada,
sem contemplá-la, ao mesmo tempo, como um direito ativo de controle (status positivo) sobre
o fluxo de informações que, afetam cada assunto (p. 327).
Então, nos nossos dias, juntamente com a sua conexão tradicional, já mencionada, com o
valor da dignidade; isso identifica a intimidade com a noção adequada de liberdade, na
medida em que define as possibilidades reais de autonomia e participação na sociedade
contemporânea; e mesmo quando é concebido como um poder para controlar a informação
que lhes diz respeito por parte de indivíduos e grupos aparece como uma condição para uma
convivência política democrática, que confundido com a defesa da igualdade de direitos. Não
menos controverso foi a decisão do Supremo Tribunal no processo de Stanley v. Geórgia em
que a sanção imposta pela legislação do Estado da Geórgia em caso de posse privada de
materiais obscuros. O acórdão do Tribunal, ao declarar que a sanção imposta ao proprietário
desses materiais, não pretendia proteger o conteúdo deles próprios, mas o direito à sua posse
na esfera íntima de domicílio («a mera posse do indivíduo na privacidade de sua própria casa
») (p. 330-331).
3.3. O DIREITO A HONRA, A INTIMIDADE E A PRÓPRIA IMAGEM NO
SISTEMA CONSTITUCIONAL ESPANHOL
A Constituição espanhola estabelece o seu Artigo 18, 1 para garantir "o direito à honra, à
privacidade pessoal e familiar e à própria imagem ", com a alusão expressa a proteção deste
direito contra o uso de tecnologia da informação, em secção do referido artigo; ao reconhecer
na mesma norma os clássicos direitos fundamentais da tradição constitucionalista à
inviolabilidade do domicílio (seção 3) e segredo da correspondência (seção 4). A redação do
artigo 18 sugere que o constituinte considerou os diferentes pressupostos listados neles, para
estar sujeito a tutela, como manifestações de um único direito. No entanto, é conveniente
notar que a nossa Constituição evita atribuir uma denominação geral (direito à vida privada,
direito ao patrimônio moral, direito geral à privacidade ...) à pluralidade de pressupostos
delineados em seu artigo (p. 331-332).
A estrutura unitária do direito fundamental à honra, privacidade e a própria imagem também
é vista na incidência que, para a delimitação do seu respectivo conteúdo, é concedido a usos
sociais. A Lei Orgânica de 5 Maio de 1982 expressa expressamente que: "A proteção civil da
honra, da privacidade de sua própria imagem será delimitada por leis e por serviços sociais,
levando em consideração o escopo que, por meio de seus próprios atos, pessoa reservada
para si mesma ou para a família "; ao colecionar, entre os pressupostos que não devem ser
considerados como interferências ilegítimas contra a própria imagem, o uso da caricatura de
pessoas que exercer cargo público ou profissão de notoriedade ou projeção pública "de
acordo com o uso social. Sua razão de ser deve ser buscada na dificuldade que envolve a
tentativa de estabelecer regras a priori ou abstratas, capazes de definir, de uma vez por todas,
os limites imprecisos e variáveis do conteúdo de cada um desses conceitos. Consciente disso,
nossa jurisprudência ao lidar com a proteção de patrimônio moral reconhecido no artigo da
Constituição, em um no caso de insultos, indica que a constelação de circunstâncias factuais
que ocorrem em cada caso específico sujeito a acusação deve ser levada em consideração.
Essas peculiaridades e características explicam a por que a doutrina e a jurisprudência
americanas, como já foram delineadas, tendem a configurar a privacidade como um princípio,
e não como uma regra (p. 334).
Intrusões não são consideradas ilegítimas autorizado ou acordado pela autoridade competente
nos termos da lei, nem quando a iconografia histórica, científica ou cultural prevalece.
Pessoas que ocupam cargos públicos ou uma profissão de notoriedade ou projeção pública e a
imagem é capturada durante um evento público ou em lugares abertos ao público. Em suma,
estamos diante de um princípio ou de uma norma principal, mas antes de uma provisão
rígida, exaustiva e fechada cuja concretização exigirá uma atividade pretoriana por parte da
magistratura ou, em termos mais críticos, uma interpretação evolutiva da nossa constituição e
da legislação que o desenvolve (p. 335).
3. O DIREITO À PRIVACIDADE E O MARCO DA CONTRAPOSIÇÃO ENTRE
LIBERDADES INDIVIDUAIS E DIREITOS SOCIAIS.
É uma constante em amplos setores da atual doutrina sobre direitos, há uma tese reiterada de
que existe uma antinomia de princípio entre as liberdades tradicionais e as novas políticas
econômicas, sociais e cultural. Os argumentos mais comuns utilizados pelo setor de teoria
jurídica que justifica essa oposição são de vários tipos. Sem entrar nessas abordagens
doutrinárias, pode-se afirmar em um nível de referência que as considerações em que tendem
a polarizar a antítese referem-se a diferentes bases, apropriação e proteção de ambos os tipos
de direitos. a) Sobre a primeira afirmação, aqueles que sustentam a contradição, o
personagem absoluto necessária e homogênea das liberdades tradicionais, em oposição à
significado relativo, contingente e heterogêneo dos direitos sociais, que eles se multiplicam
de acordo com os caprichos das circunstâncias históricas política. b) Na área de propriedade,
é indicado que isso corresponde às liberdades para os indivíduos, enquanto nos direitos
sociais é exclusivo os grupos (p.336).
c) Quanto ao pano. ao reconhecer a eficácia total Liberdades jurídico-positivas, mantêm
sérias dúvidas sobre os direitos sociais, quando eles não os negam abertamente. Também
insiste, nesta esfera, em que, enquanto a implantação do primeiro, a abstenção do Estado ou,
se for caso disso, a sua mera atividade de vigilância em termos de polícia administrativa,
estes últimos exigem benefícios estatais cujo desenvolvimento preciso, muitas vezes, o
estabelecimento do serviço público correspondente. Os novos perfis em que hoje é criado o
direito à privacidade e, em especial, o problema da sua proteção antes do processo de
informação eletrônica constituem um ponto de foco adequado para entender melhora raiz
ideológica das liberdades alternativas dos direitos sociais, bem como a necessidade de sua
melhoria nos termos em que é proposto (p.336-337).
3.1 PERFIS SOCIAIS DAS RELACÕES ENTRE INTIMIDADE E INFORMÁTICA.
O fenômeno da tecnologia da informação trouxe uma revolução autêntica no campo dos
métodos tradicionais de organização. registro e uso de informações. A dimensão quantitativa
da informação que pode ser armazenada e transmitida é de tal magnitude que conduziu a uma
verdadeira mudança qualitativa. Isso nos obriga a considerar o problema das relações entre
privacidade e informações sob um novo prisma. Esta demanda foi repetida em várias reuniões
internacionais, como a Colóquio de Bruselas sobre a vida privada e os direitos humanos; a
conferência Mundial de Florença sobre a informática no governo, ou o Colóquio
Internacional de Pavía sobre informática e direito (p.337).
Se ambos os preceitos forem comparados, a melhor elaboração técnica do texto em português
é evidente, o que inclui em um único artigo os problemas mais prementes que surgem nas
relações entre privacidade e tecnologia da informação. Existe, portanto, o perigo de que uma
exegese literal deixe o âmbito desta norma constitucional os aspectos sociais e coletivos da
pergunta para permitir que pessoas e grupos tenham acesso a informações que os afetam
diretamente. Por outro lado, dado que na sociedade moderna a capacidade de ação política é
intimamente relacionada ao acesso e ao controle da informação, um equilíbrio sociopolítico
exige que os grupos sociais sejam garantidos formas de participação em os materiais
arquivados nos bancos de dados antes de suscitar as relações entre privacidade e tecnologia
da informação (p.338)
É, em outros termos, estabelecer, entre outras questões: 1 Quem será o sujeito que gerencia o
computador ou, disse em outros termos: um computador privado deve ser reconhecido ao
lado do público? Na afirmação afirmativa, quais limites devem ser estabelecidos para isso, e
em todos nesse caso, em que estrutura deve a entidade ou entidades públicas que a
informática? 2. Que métodos serão utilizados para a preparação da informação. 3. Através do
qual os instrumentos jurídicos serão regulados, o acesso de pessoas e grupos para a
informação que mais lhes diz respeito diretamente, e através de quais órgãos o controle
democrático da tecnologia da informação será estabelecido. A este respeito, ele indicou na
Alemanha, Spiros Simitis, que a ciência da computação pode se tornar um veículo de enorme
potencial para tornar eficazes os regulamentos mais avançados da política social. É, portanto,
garantir o controle democrático e o exercício social da tecnologia da informação. (p.339-340).
3.2 ABORDAGEM DO ASSUNTO NA CONSTITUIÇÃO ESPANHOLA DE 1978
Por outro lado, vale lembrar que as atuais posições hermenêuticas sobre direitos
fundamentais coincidem em promover a interpretação sistemática de textos constitucionais; o
que eu costumo abandonar qualquer abordagem que aborde as diferentes normas de
integração das constituições como disjecta membra, ao exigir a contemplação do sistema dos
direitos fundamentais como uma unidade orgânica entre cujos elementos existe um
condicionamento recíproco íntimo e necessário (p.340).
Finalmente, é importante ter em mente que a experiência política dos outros os países são
ricos em exemplos onde a referência constitucional à legislação foi traduzido, na prática, em
um longo atraso para a fixando o estatuto jurídico das instituições sujeito a encaminhamento.
Atrasar que tem sido motivado, por vezes, pelos próprios avatares parlamentares e outras
vezes pela atitude dos partidos maiores deliberadamente interessado em adiar o seno morrer
dessa formulação. Este é outro dos perigos que implicam o abuso das referências à legislação
orgânica, especialmente em assuntos como transcendental, como o estabelecimento do
estatuto dos direitos fundamentais. Por quê? o lo. imediatamente o judiciário, especialmente
o Tribunal Constitucional, deve realizar um trabalho sistemático e completo das disposições
das relações entre tecnologia da informação e privacidade, na forma que é mais apropriada
para o pleno exercício dos direitos fundamentais por parte de todos os cidadãos. Também
deve ser esperado que a instituição do Provedor de Justiça pode desempenhar um papel de
supervisão no sentido democrático da tecnologia da informação, de modo que está cada vez
mais dilatada as repercussões resultam em uma extensão em vez de minar o exercício de
liberdade. De qualquer forma, seria muito útil o estatuto dos direitos fundamentos ou uma
atitude do legislador, do judiciário e da doutrina tendendo a maior virtualidade desses
postulados da norma constitucional (especialmente os artigos 9,2 e 1 O, 1, já aludidos), que
colocam a noção da pessoa humana, na integridade de suas necessidades e experiências,
critério hermenêutico básico para uma prática que supera a fratura entre as liberdades
individuais e os direitos sociais. Compreendendo isso, será possível uma abordagem correta
das relações de privacidade informática, com base no princípio de que liberdade e igualdade,
individuais e coletivas, não constituem opções exclusivas. (p.343-344).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 9 - A INTIMIDADE NA SOCIEDADE INFORMATIZADA.
1. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA.
Coincidindo com as perfeições previstas, no plano material da existência, pelas invenções
mais sofisticadas e inacreditáveis. o cidadão da sociedade tecnicamente avançada se sente
tenso porque presume que as conquistas do progresso são contrariadas por ameaças graves à
sua liberdade, a sua identidade ou mesmo a sua própria sobrevivência. Em outros períodos
históricos, o progresso da ciência e da tecnologia veio entendido, na maioria das vezes, como
contribuição para o desenvolvimento da humanidade em termos quantitativos e, portanto,
independentes em relação aos valores. Esta ameaça latente para o exercício das liberdades,
que beneficia as condições em que a vida coletiva do nosso tempo se desenvolve
caracterizado pela revolução tecnológica, tornou-se particularmente alarmante em relação ao
direito à privacidade (p.345-346).
Agora, se a ação efetiva dos poderes públicos e a moralização da vida cívica exigem a
liberdade de colecionar a transmissão de informações, não por esta razão, os cidadãos devem
ser desarmados antes do processo, uso e divulgação de informações que possam afetar
diretamente para a vida privada.Ninguém ignora que o estado social e democrático do nosso
tempo exige para o seu funcionamento normal uma riqueza de informações que, noutros
momentos, poderiam prescindir. Assim, precauções para evitar um eventual terrorismo
nuclear se traduzia em controle informativo exaustivo de todos aquelesque trabalham na
indústria nuclear, daqueles que vivem na proximidade dessas empresas e da sociedade em
geral. Ações, medidas preventivas implicariam uma violação da privacidade, através do
registro de informações pessoais, conversas telefônicas, comunicações postais, etc. Por isso, é
compreensível porque os computadores eletrônicos assumiram na sociedade tecnológica o
papel simbólico de uma nova condição de vida coletiva e se apresentam como o novo Leviatã
da segunda metade do século XX (p.346-349).
2. ORIENTAÇÕES E TENDENCIAS DO DIREITO COMPARADO DA
INFORMÁTICA.
A discussão teórica e os primeiros textos normativos apareceram nos países onde, juntamente
com um maior desenvolvimento tecnológico, também houve maior sensibilidade na defesa
das liberdades. Hoje é difícil realizar uma exposição detalhada das diferentes tentativas de
disciplinar legalmente a ciência da computação, o que nos obriga a limitar esta revisão a
algumas orientações nas disposições mais significativas. Uma grande influência nas
disposições europeias sobre a regulamentação da informática teve a Laguna de dados sueca
promulgada em 1973, que consiste em 25 artigos e várias disposições transitórias. A proteção
dos dados aparece, portanto, como uma resposta organizada ao controle de sistemas de
informática. Também é entendido como o resultado da interação homem-computador em
sistemas de informação e como sua interação com o meio ambiente. Assim, a proteção dos
dados não é concebida como um mero problema técnico de organização quantitativa de
informações. mas parece ser uma tentativa de controlar efetivamente os sistemas eletrônicos
de processamento de dados como um todo (p.350-353).
A nota comum à maioria das disposições descritas deve ser não apenas regulam o modus
operandi dos sistemas informativos, sua estrutura pública ou privada e o acesso dos cidadãos
à informação que eles processam, mas também tentando dar uma resposta adequada aos
problemas de mudança e controle social decorrentes da presença de computadores no tecido
das relações econômicas, culturais e políticas que eles moldam a vida cotidiana nas
sociedades mais evoluídas da nossa época (p.353-354).
3. A DIMENSÃO INTERNACIONAL DA PROTEÇÃO DOS DADOS PESSOAIS.
Um dos aspectos de maior interesse na regulamentação legal da o cálculo em escala
internacional é aquele que se refere à transmissão de dados pessoais entre diferentes países.
Os países tecnologicamente avançados estão em boas condições para coletar informações,
armazená-la e distribuí-las com a utilização da informática. Pelo contrário, os países
subdesenvolvidos só podem receber e consumir informações; além disso, em certos casos,
eles não conseguem usa-los por falta dos meios técnicos necessários para aproveitá-los. Os
primeiros textos internacionais relativos à proteção de dados foram a Resolução do Comitê de
Ministros do Conselho da Europa de 1973 sobre a proteção da privacidade de pessoas
singulares contra bancos de dados eletrônicos no setor privado, que seguiu em 1974 outra
Resolução sobre bancos de dados no setor público. Em qualquer caso, este texto abre uma
perspectiva importante de colaboração internacional a nível europeu para a proteção de dados
pessoais e, como terá ocasião de analisar posteriormente, pode ser um dado normativo para se
lembrar do desenvolvimento legislativo do artigo 18, 4 da nossa Carta Constitucional atual
(p.354-357).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 10 - INTIMIDADE E INFORMÁTICA NA CONSTITUIÇÃO.
1. A RECEPÇÃO DA JUSCIBERNÉTICA E DA INFORMÁTICA JURÍDICA NA
ESPANHA
Mais de cinco décadas já foram observadas, uma vez que a comunidade jurídica espanhola
começou a elevar, na teoria e na prática, a projeção de computadores eletrônicos para a lei, e
esse período em qualquer atividade da vida humana constitui um prazo suficientemente longo
para permitir um equilíbrio. A historiografia ensina que, no decorrer da evolução, poucos
eventos eles podem ser considerados casuais e, na maioria das vezes, eles chegam ao acaso
porque as motivações não são conhecidas ou não são devidamente investigadas real que
explica os fatos. Se assim for, será necessário concordar que tinha que haver algumas
circunstâncias especiais para isso, quase de forma síncrona, No final dos anos sessenta, um
grupo de pesquisadores Os espanhóis de formação e atividade profissional muito diversas
coincidiram, sem mediar um acordo prévio, dedicar seus esforços para aumentar a
conscientização sobre a opinião legal com a conveniência de se juntar às experiências
norte-americanas e países europeus mais avançados no campo da aplicação de tecnologia
eletrônico à direita (p.358).
Com a perspectiva que os anos permitiram, receio que esta última premonição foi cumprida e,
infelizmente, os avanços na aplicação de informações à lei não foi, em nosso país, tão
frutuoso como nos primeiros momentos, poderíamos esperar. Eu queria aludir quando
comecei minha exposição a esses eventos não para a pura ânsia do prazer memorável do
passado, mas porque eu estimo que foi necessário colocar, mesmo em um nível de referência,
condições ambientais e o contexto temporal em que o debate sobre o jus cibernética e
informática legal (p.359)
2. ANTECEDENTES NORMATIVOS DA REGULAMENTAÇÃO DA
INFORMÁTICA NO DIREITO ESPANHOL.
Simultaneamente com o surgimento de iniciativas doutrinárias e institucionais, mencionou
uma série de disposições normativas que, de forma fragmentada, eles são direcionados para
disciplinar diferentes aspectos relacionados a informática (p.359).
3. O “ITER” DO TEXTO CONSTITUCIONAL: ELABORAÇÃO E DEBATES
PARLAMENTARES.
Neste clima de preocupações sociopolíticas e no âmbito dos parâmetros além disso, o debate
constitutivo se abre em nós. O exemplo do artigo 35 da Constituição portuguesa, bem como
as várias leis sobre proteção de dados e defesa da intimidade contra as informações devem ter
impacto na atitude dos nossos parlamentares das primeiras fases do processo constituinte.
Portanto, no Rascunho e mais tarde, no esboço constitucional, mencionou-se o assunto nos
seguintes termos: "A Lei limitará o uso da tecnologia da informação para garantir a honra e
privacidade pessoal e familiar dos cidadãos. Existem várias observações críticas que podem
ser avançadas para o tratamento parlamentar de computador. Primeiro, se parece sair da
argumentação de nossos constituintes, queríamos estender a garantia contra abusos
informáticos não só para honrar e privacidade, mas para todos direitos fundamentais, teria
sido preferível dedicar um artigo inteiro da Constituição, seguindo o modelo português, ao
tratamento da tecnologia da informação e suas repercussões (p.361-363).
Liberdade de informática no seu significado positivo, portanto, o reconhecimento do direito
de conhecer, corrigir, cancelar ou adicionardados em um arquivo pessoal contido em um
registro ciência da computação. Agora, a Constituição, como que qualquer outra norma legal,
uma vez promulgada, se torna independente do a vontade de seus autores e adquire uma
substantividade própria. Assim, a hermenêutica constitucional não deve permanecer na razão
instável ou na vontade subjetiva do constituinte, mas deve investigar todas as possibilidades
que pode ser separado de uma interpretação racional e sistemática. do texto. Neste sentido,
vale ressaltar algumas orientações possíveis que pode derivar de um desenvolvimento
legislativo correto do artigo (p.363-365).
4. O DESENVOLVIMENTO LEGISLATIVO DO ARTIGO 18,4: A ESQUERDA.
Com a promulgação da Lei Orgânica 5/1 992, de 29 de outubro, de Regulamentação do
Tratamento Automatizado de Dados Pessoais (LORTAD). Espanha junta-se ao grupo de
Estados que possui regulamentos específico para proteção de informações pessoais. Conclui,
assim, um longo período de incertezas e lacunas normativas, ao mesmo tempo cheio de
expectativas sobre as virtualidades desejadas da LORTARD parar e evitar no futuro, que a
computação viola a privacidade perpetrado em nosso país. A proposta de diretiva visa
harmonizar a fluidez da transmissão de dados na União Europeia para a melhor eficácia das
autoridades públicas e desenvolvimento do setor privado, com a defesa de dados pessoais.
Por esta razão, está prevista a existência em cada Estado-Membro de uma autoridade
independente para garantir a proteção de dados pessoais e navegar para a aplicação correta da
Diretiva. Também é contemplado a existência de uma autoridade comunitária chamada
Grupo de Proteção de as pessoas que serão integradas por representantes das autoridades de
controle e um representante da Comissão, que contribuirá para a interpretação homogênea
das normas nacionais adotadas na aplicação de a diretiva, bem como informar a Comissão
dos conflitos que possam surgir entre a legislação e as práticas dos Estados-Membros
relativas à proteção de dados pessoais (artigos 3 1 e 32) (p.365-366).
Não é legal, pelo menos para juristas, políticos e tecnólogos, reivindicar surpresa ou
ignorância dos possíveis perigos implícitos no uso das novas tecnologias. Durante três
décadas, aqueles que avaliaram o impacto da informática, advertiu sobre esses perigos e
qualquer especialista minimamente avisado incorreria em negligência inexcusável de tê-los
sem vigilância. O tráfego de informações pessoais descoberto em nosso país é a precipitação
inevitável de riscos, há muito avisada; e vocês aqueles que as autoridades públicas não
sabiam ou queriam parar antes (p.366-369).
4.1 OBJECTIVOS E ESTRUTURA NORMATIVA DO LOTARD .
O objetivo básico perseguido pelo LORTAD é garantir os direitos e as liberdades das
pessoas. física, em particular a sua privacidade, em uso da informação. O texto é promulgado
no desenvolvimento do artigo 18.4 da Constituição com o estatuto de Lei Orgânica, com
exceção dos artigos 18, 19, 23, 26 a 31, Títulos VI e VII, disposições primeiras e segundo
adicionais e primeira disposição final, que têm o caráter de uma lei comum (conforme
prescrito pela terceira disposição final). Para o cumprimento deste objetivo fundamental, um
sistema está estruturado de garantias e medidas cautelares, que visa reunir as diretrizes do
direito comparativo sobre proteção de dados pessoais. Em particular O LORTAD parece
querer optar pelo modelo das chamadas "Leis de proteção de dados da terceira geração>, a
experiência legislativa destes os últimos anos registram uma decantação sucessiva das leis da
primeira geração, com base na autorização prévia de bancos de dados em uma única etapa
em que o equipamento informático era escasso, volumoso e facilmente localizável; para as
leis da segunda geração, cujo principal objetivo era a garantia de dados "sensíveis", devido
ao seu impacto imediato na privacidade ou na sua risco de práticas discriminatórias; e,
atualmente, os do terceiro gene & ração, que assumiram a revolução microinformática com o
consequente disseminação capilar de bancos de dados (p.369).
4.2 AS OPCÕES LEGISLATIVAS DA LOTARD.
O LORTAD parece estar inclinado por este sistema misto, mas não resolve todos os
problemas de concordâncias, reiterações e antinomias que podem surgir neste setor de nosso
sistema legal. Quando, finalmente, entrar em vigor a lei de proteção de dados suas regras
coexistirão com uma série de leis setorial e dispersos (em termos de: civil, criminal, fiscal,
saúde, estatística ou telecomunicações) cujos artigos contêm disposições sobre o uso das
informações em relação aos direitos fundamentais. Isso pode dar lugar para sobreposições,
reiterações e contradições (antinomias) que deveriam ser previstos e evitados. O LORTAD
revoga expressamente, em sua disposição derrogatório, as regras da proteção civil da
privacidade contra a informática até agora, tem sido transitória. LORTAD parece querer
responder a esta orientação, apresentando-se como um texto de princípios básicos e
referindo-se à forma regulamentar a concretização de uma grande parte do seu conteúdo.
Também não podem ser ignorados os poderosos reguladores onipotentes e amplamente
discricionários que isso implica em favor da Agência de Proteção de Dados. Do mesmo
modo, o reconhecimento de uma parcela de autonomia nos arquivos do setor privado, através
da possibilidade de elaboração de códigos deontológicos (artigo 31), tende a facilitar a
adaptação dos princípios normativos básicos do LORTAD às transformações tecnológicas
constantes (p.371-372).
O LORTAD, como no que diz respeito aos arquivos manuais, fornecido no Projeto Inicial
encaminhado pelo Governo às Cortes a possibilidade de ampliar seu sistema de proteção.
basicamente concebido para pessoas físicas e jurídicas (Terceira disposição final). No
entanto, após o debate parlamentar, essa possibilidade foi suprimida, que já não está incluída
no texto definitivamente promulgado do LORTAD, de modo que, neste ponto, pode-se dizer
que o reforma introduzido pelas deliberações das Câmaras foi traduzido em uma reformatio
em peius. (p.376).
4.3 ARQUIVOS ROBINSON E ARQUIVOS PECERA?
Vivemos em uma sociedade em que a informação é poder e na sociedade que o poder se torna
decisivo quando, graças à tecnologia da informação, converte informações parciais e dispersa
em massa a informação organizada. Nas sociedades avançadas e complexas do presente, a
eficácia de gestão administrativa, erradicação de atividades antissociais e criminais cada vez
mais sofisticado e a moralização da própria vida cívica exige também um sistema de
informação amplo e organizado.
Para justificar a espiral de informações pessoais das agências de informação o sistema
comercial e financeiro atingiu até mesmo a perversão da linguagem. Como (isso agora se
refere aos chamados << Robinsonfiles », nos quais devem se registrar aqueles cidadãos que
não querem ver sua privacidade perfurada pela recepção de propaganda indesejada, ficando
assim a salvo do mercado "branco" ou "preto" de arquivos de informações (p.376-377).
Existem várias e importantes objeções críticas que podem ser discutidas - em relação a essa
abordagem normativa. Vou expor os dois que me parecem mais importantes. O primeiro
refere-se ao fato de que essa disciplina contradiz, de forma flagrante, o princípio fundamental
na proteção de dados do propósito (consagrado no artigo 4.2 do próprio LORTAD); uma vez
que não é aceitável quais informações são coletadas e publicadas de acordo com interesses
coletivos e sociais podem ser descontrolados e a impunidade usada para fins e interesses
privado e co-qualificado e, portanto, estranho aos que justificaram sua coleta e sua
publicidade. O segundo, que acolhe de forma implícita o perigoso e filosofia nociva
subjacente à prática de "arquivos Robinson". A LORTAD inverte o ônus da prova, exigindo
que o cidadão que deseja ver salvaguardado sua vida privada, a ação expressa destinada a
defender seu direito, em vez de fazer cair para as empresas que realizam a atividade, a o que
deve provar que existe uma autorização prévia de quantas pessoas aparecem em seus bancos
de dados de informações comerciais. Tudo isso contradiz o princípio do consentimento das
pessoas em causa proclamado no LORTAD (artigo 6º) e implica o risco consequente de
violar a interpretação lógica e sistemática do Artigo 1 8 da Constituição, implicando um
flagrante e prejuízo injustificado do direito fundamental à privacidade (p.377-378).
4.4 A ESQUERDA: ENTRE LUZES E SOMBRAS.
A LORTA D apresenta ao seu crédito, como uma das conquistas mais significativas, a
definição dos princípios básicos que irão informar o desempenho de bancos automatizados de
dados que processam informações pessoais (arts. para 11). O outro aspecto abertamente
positivo do LORTAD consiste no reconhecimento e proteção legal da liberdade de
computador (isto é consagrado em suas artes. 12 a 17). Esta liberdade de informação foi
concebida pela doutrina e jurisprudência os alemães como um direito à autodeterminação da
informação, que se refere à liberdade de determinar quem, o que e em que ocasião conheça
informações que dizem respeito a cada assunto. Mas, juntamente com esses avanços
inegáveis, é necessário apontar no débito do LORTAD certas falhas e insuficiências que não
podem ser ignoradas. Assim, talvez o aspecto mais discutível e perturbador da Lei Orgânica
5/1992 seja o de suas constantes e significativas exceções, que limitam o alcance prático do
exercício das liberdades informáticas (p.378-379).
4.5 PRESENTE E FUTURO PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS NA ESPANHA .
O atraso na regulação da proteção de dados pessoais já criou importantes problemas legais. O
atraso foi culpado de inúmeras situações de confusão e incerteza. A nova lei de proteção de
dados também pode chegar tarde demais para evitar a deslizando do nosso sistema para o
"identificador único", para o qual consagração a NIF representou um marco decisivo. Neste
aspecto, a única garantia fornecida pelo LORTAD consiste em limitando a possibilidade de
cruzar arquivos administrativos automatizados. Isso deixa a possibilidade de uma regulação
regulatória da transferência de dados, que, além de influenciar o conteúdo essencial da
liberdade informática consagrado no artigo 1 8 .4 CE, implica uma violação do princípio da
legalidade (artigo 9.3 CE) e a reserva de lei exigido para a regulamentação dos direitos
fundamentais (artigo 53. °, CE) (p.381-382).
Pelo contrário, os aspectos mais discutíveis e insatisfatórios são, precisamente, aqueles em
que o texto pretende fornecer soluções originais. Entre elas as constantes e significativas
exceções que limitam âmbito prático do exercício das liberdades do computador. Você deve
concordar com o professor José Luís Cascajo que: "Como aconteceu em outros setores do
sistema legal as ambiguidades legislativas na fonte geralmente permitem um comportamento
administrativo indesejável (p.382-383).
As sociedades atuais precisam de um equilíbrio entre o fluxo de informações, que é uma
condição indispensável para uma sociedade democrática e demanda para uma ação efetiva
das autoridades públicas, com a garantia de privacidade dos cidadãos. Nas sociedades
avançadas de hoje, a proteção de dados pessoais tende, em definitivo, a garantir o equilíbrio
de poderes e situações que é condição indispensável para o bom funcionamento de uma
comunidade democrática de cidadãos iguais e iguais. Mas essas regras da lei informática
exigem, pela sua plena eficácia, promover consciência cívica e compromisso para torná-los
uma experiência tangível na vida cotidiana. É um trabalho de todos para ajudar a evitar um
paradoxo dramático: compensar nosso atraso na incorporação ao desenvolvimento
tecnológico como a vanguarda do mundo em pirataria de software, crime informático e
ataques cibernéticos à liberdade (p. 383).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 11 - PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS E ECONÓMICOS-SOCIAIS DO
REGIME CONSTITUCIONAL DA PROPRIEDADE NA ESPANHA.
1. QUESTÕES DE MÉTODO
É provável que existem poucas categorias ou institutos legais em cuja abordagem metódica
dá posições tão abertamente opostas quanto em relação à propriedade. No ápice extremo do
formalismo, Georg Jellinek chegou tão longe quanto para afirmar que o problema
científico-jurídico não consiste em saber o que é a propriedade, mas como a propriedade deve
ser pensada 1. Tese retomada por Rudolf Stammler quando indicou, expressamente, que a
propriedade não era um conceito baseado na experiência, mas uma categoria de pensamento
psicológico após toda a experiência. Essas abordagens têm um germe inspirador na
concepção de propriedade avançada pelo idealismo germânico. Sabe-se que com lmmanuel
Kant produziu uma ruptura com o que havia sido um rádio constante de Aristóteles para
Locke na consideração da propriedade. Para essa abordagem tradicional, a propriedade é
baseada em um relacionamento imediato entre a pessoa e a coisa, de modo que essa relação
não seja determinada apenas por a intelecção racional do objeto ou da vontade de possuí-lo,
mas ao mesmo tempo pela natureza sensível das coisas apropriadas. De um lado; porque ele
concebeu a propriedade como um relacionamento objetivo e externo entre o assunto e a coisa;
de outro, porque a sua base empírica permitiu, no máximo, explicar ou descrever formas
concretas de apropriação, mas foi incapaz de oferecer um conceito geral de propriedade
(p.384-385).
Este processo de identificação na relação sujeito / objeto do direito da propriedade atinge seu
ponto de viragem máximo com Georg Wilhelm Friedrich Hegel, para quem a pessoatem o
poder de colocar sua vontade em coisas que, assim, se tornem "meus e recebem minha
vontade como seu fim essencial ». Na própria crítica dessas abordagens surge a alternativa
metódica tendendo a evidenciar os orçamentos históricos e econômico-sociais que eles
gravitam em qualquer consideração legal de propriedade. A propriedade privada da terra, um
fenômeno muito moderno, não é, para Hegel, uma determinada relação social, mas uma
relação do homem como uma pessoa com a natureza. A exposição metodológica sucinta até
agora esboçada, ao projetar nas coordenadas atuais da propriedade, evidenciam a
impossibilidade de abordar o estudo desta instituição a partir de premissas estritamente
formalistas. De fato, nos últimos anos houve uma dissolução progressiva do conceito de
propriedade elaborado por dogmáticas legais ao quebrar os pressupostos em que se baseou
(p.385-386).
O processo descrito resultou na abstração progressiva da personalidade individual do dono,
na medida em que seu status legal é determinado pela sua participação em certas categorias
de títulos do direito ou pela sua integração em certas entidades legais. Niklas Luhmann,
analisando esse fenômeno e confrontando a concepção de propriedade elaborado pela
dogmática tradicional com a qual hoje pode oferecer teoria dos sistemas (Systerntheorie),
indica que uma abordagem sociológica para a propriedade deve partir da crescente
diferenciação entre os sistemas de sociedade (Gesellschaftssysternen) e sistemas organizados.
O sistema social e seus subsistemas (econômicos, políticos, legais, educacionais, científicos
...) estão abertos à participação, embora de diferentes intensidades de todos os cidadãos;
enquanto aos sistemas organizados só pode ser acessado com limitações e de acordo com
certas regras (p.387-388).
Portanto, o conceito dogmático de propriedade é incapaz de oferecer uma explicação sobre os
novos tipos de relações de poder que se desenvolvem dentro dos sistemas organizados.
Somente na medida em que a noção técnico-legal ou dogmática de propriedade assume
reflexivamente, as alternativas da situação social incluem Luhmann ao valor explicativo.
Normas e doutrinas jurídicas, sua permanência ou transformação não podem ser explicadas
por si mesmas e isso é particularmente evidente no estudo da propriedade. Assim, ao
desenhar a abordagem dos diferentes estágios que compõem o processo evolutivo da
propriedade, é preciso aludir necessariamente as forças sociais e as estruturas econômicas que
estão por trás desses sistemas. (p.388).
2. ASPECTOS DA FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DE PROPRIEDADE NA
ESPANHA.
As disposições constitucionais e o processo de codificação que é desenvolvido no décimo
século, eu tentei consagrar o princípio da liberdade no uso da força de trabalho, no tráfico de
bens e na exploração da terra. Para cumprir essas aspirações, e com especial referência ao dos
obstáculos que impediram a transmissão e exploração das propriedades agrárias, foram
emitidas uma série de disposições que tiveram como objeto: a) abolição das eleições para
acabar com a persistência de sistema feudal na propriedade da terra. b) a dissociação que
supôs a eliminação de "mayorazgos" e outros laços familiares que limitavam a transmissão e
uso da terra; e c) confisco ou venda de bens de "mãos mortas" (isto é, bens pertencentes a
instituições entidades religiosas ou municipais incapazes de alienar os ativos que constituem
seu patrimônio permanente) nas suas fases eclesiásticas (1 837) e civil (1 855) (p.390).
Os servos emancipados foram sucedidos pelos trabalhadores e, assim, foi criado um grande
proletariado agrícola que aumentou as primeiras massas de trabalhadores nas zonas de
desenvolvimento industrial incipiente ou que, resistindo à emigração, permaneceu no núcleo
rural que aspirava a uma equitativa distribuição da terra. Mas esse ambicioso projeto de
subordinação da propriedade privada aos interesses nacionais, da socialização, da
nacionalização e da intervenção da economia foi tragicamente interrompido pela vitória
militar do franquismo (p. 390-393).
3. A PROPRIEDADE NA ETAPA FRANCHISTA: BUDGETES
SOCIO-ECONÔMICOS E JURÍDICO.
Do exposto, a orientação do quadro político e socioeconômico em que o direito de
propriedade é desenvolvido na Espanha contemporânea, este processo foi condicionado pelo
fracasso da revolução industrial devido à instabilidade do sistema político, incapaz de
promover forças sociais e recursos naturais para um sistema produtivo efetivo que seja
internacionalmente competitivo e socialmente útil. Ele passou assim de uma economia
autárquica para uma economia liberalizada, o que permitiu o crescimento econômico
acelerado e um certo dinamismo social. Em qualquer caso, a mudança econômica não
implicou uma ruptura do modelo político, acentuando as contradições do sistema e
antecipando a necessidade de uma mudança política profunda e inevitável. Mas, em qualquer
caso, como haverá ocasião para reconsiderar, o principal recurso característico do sistema das
leis fundamentais era atribuir a um Estado, sem legitimidade democrática, a interpretação
exclusiva de interesse nacional, ao qual todas as formas de propriedade foram subordinadas.
O regime franquista não assumiu uma concepção teórica ou filosófica peculiar da
propriedade. Esta atitude foi mantida pelo civilista Pascual Marín Pérez, que entendeu que os
artigos do Código Civil referentes à propriedade deveriam ser considerados nulos, porque a
concepção liberal a que respondiam estava em contradição aberta com a ideologia política do
Movimento Nacional expressa em suas Leis fundamental (p.395).
Deve ser reconhecido, no entanto, a existência de algumas atitudes de testemunho dirigidas
nesse sentido crítico, entre as quais Joaquín Ruiz-Giménez merece destaque, nas suas
reflexões filosófico-jurídicas sobre a propriedade. A operação prática da tese da lei natural
social-cristã que penetrou na doutrina civilista atingiu sua repercussão mais significativa na
aceitação da jurisprudência, da tese do abuso do direito como limitação do direito subjetivo
de propriedade (de uma frase famosa de 1944), em que o professor de direito Civil interveio
de forma decisiva, e durante muitos anos o presidente do Supremo Tribunal, José Castán
Tobeñas (p.396).
4. O DIREITO A PROPRIEDADE NA CONSTITUIÇÃO DE 1978.
Não é necessário insistir no caráter de prioridade que corresponde ao sistema de propriedade
na organização das relações sociais. Embora a análise sistemática do artigo 33 da
Constituição abordará no próximo capítulo; você pode registrar aqui algumas sugestões
hermenêutica destinada a maximizar a utilização; em um sentido progressivo, de cada uma
das seções deste artigo. a) O ponto de partida para a exegese do texto do artigo 33.1 reside
em determine se nossa ordem constitucional consagra ou não a propriedade direito privadocomo direito fundamental. b) Nossa Constituição estabelece claramente que a delimitação do
conteúdo do direito de propriedade, através da lei, será realizada de acordo com sua função
social. (artigo 33.2). c) Finalmente, deve ser feita referência às possíveis expectativas de
socialização de propriedade que pode ser derivada de uma interpretação avançada do artigo 3,
3.3, em que as condições da expropriação são fixadas (p.397-399).
A favor de uma interpretação socialmente avançada do sistema de expropriação previsto na
Constituição, os seguintes argumentos podem ser aduzidos: 1.0) O caráter não preliminar da
compensação, que evita um dos principais obstáculos para atuar o mais rápido possível nas
expropriações urgente e de maior incidência social; 2.0) Que a compensação não tem a ser
calculada de acordo com o preço de mercado dos imóveis expropriados, mas o que é
"correspondente" é suficiente. Disse a correspondência em um clima de transformação social,
em que as expropriações foram direcionadas a uma reestruturação global da economia,
implicaria que sua contribuição seria significativamente inferior ao seu valor real. Isso seria
justificado por suas próprias vantagens que, de certa forma, também seriam derivadas para os
expropriados da nova ordem socioeconômica. 3.0) Ao não distinguir para fins de
expropriação entre a natureza diferente da mercadoria, excluindo qualquer categoria de
propriedade. os poderes públicos estão autorizados a generalizar a expropriação dos setores
de produção cuja propriedade privada atenda mais diretamente à utilidade pública ou ao
interesse social. (p.400).
5. A CONSTITUIÇÃO E AS POSSIBILIDADES DE DEMOCRATIZAÇÃO DA
PROPRIEDADE EM ESPANHA EM CURSO.
As reflexões anteriores estarão incompletas se, como um balanço e resumo desta exposição.
não foram realizadas previsões prospectivas sobre o impacto futuro da regulamentação
constitucional da propriedade na democracia espanhola. Embora reconheça que o princípio
liberal é temperado pela influência cristã-Democrática ou "doutrina social da Igreja" através
do princípio da função social. Não há nada para se opor a essa cautelosa atitude de razão
jurídica. Nossa história está cheia, como eu tentei expor no início deste trabalho, de tentativas
de reformar a propriedade que só permaneceu em saudações e ambiciosos projetos de
transformação social e econômica truncados penosamente em seu início. A crise de
crescimento que nos últimos anos afligiu as nações desenvolvidas se manifesta na Espanha
com características peculiares. O processo de industrialização, iniciado na década de 1960 de
forma extraordinariamente rápida e desorganizada, não permitiu que o desenvolvimento
econômico fosse acompanhado por um verdadeiro progresso social (p.400-402).
Em resumo, e percebendo o fio desse argumento, entendo que: - A regulamentação da
propriedade privada na Constituição de 1978 implica uma ruptura manifesta com relação ao
regime legal das Leis Fundamentais Francoistas, em termos de orçamentos políticos,
conceito, tutela e limites, bem como no contexto normativo de ambos os sistemas. A
interpretação sistemática da Constituição revela as duas grandes dimensões da propriedade
em nossa ordem: a) como um direito fundamental que não protege a liberdade individual da
apropriação exclusiva, exclusiva e ilimitada, mas o direito de participar dos frutos do
processo econômico que garantir o pleno desenvolvimento das suas capacidades (artigo 33.1
e regras conexas sobre os outros direitos fundamentais); b) como instrumento de
transformação de estruturas socioeconômicas que permita uma distribuição e uso mais justo
da riqueza (artigos 33, 2 e 3 e regras correlatas da Constituição econômica). - A interpretação
socialmente avançada não só encontra razões técnico-legais para sua legitimação. A razão
jurídica, baseada em condições socioeconômicas prevalecentes, infere como requisito
inevitável uma profunda transformação do regime de propriedade para aprofundamento,
estabilidade e a própria viabilidade da democracia em Espanha (p.403-404).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 12 - A PROPRIEDADE NA CONSTITUIÇÃO.
1. PRESSUPOSTOS GERAIS DE PRECEITO.
A propriedade constitui uma informação para a organização das relações sociais. Assim, os
sistemas legais que aconteceram ao longo dos tempos tentaram estabelecer, a partir de
diversos orçamentos, seu status normativo. O ponto de partida da exegese do preceito é,
portanto, estabelecer o escopo significativo referido pelas referências constitucionais à
propriedade. Isso implica, precisamente, uma precisão conceitual que, no caso da propriedade
correta, é sempre árdua e em que, dada a amplitude de seus problemas, somente os
parâmetros de orientação podem ser desenhados (p. 405-406).
1.1 ASPECTOS DA FORMAÇÃO HISTÓRICO-CONCEITUAL DA PROPRIEDADE
DIREITA.
A primeira dificuldade envolvida na abordagem da noção de propriedade é determinada pelo
seu caráter histórico. O que existe são formas institucionais ou concepções teóricas de
propriedade, que ocorrem ao longo do tempo ou coexistem no mesmo período que o
caracterizando-a de premissas distintas. Em suma, a crítica da concepção liberal dos direitos
de propriedade evidenciou que, continuando a considerar tal direito como exclusivo, depois
de ter parado de ser baseado no próprio trabalho para resolver em outros, implicava negação
para muitos membros da sociedade do direito de acessar bens que atendam às suas
necessidades. Portanto, foi indicado, sob a forma de uma proposta alternativa, que no
momento presente o direito à propriedade privada logo que seja entendido como um direito
fundamental não ser excluído do bem-estar econômico alcançado pela sociedade como um
todo para você; mas não se é concebido como um direito individual de excluir outro acesso
aos meios de produção e aos principais recursos natural. Para que o direito de propriedade
deve envolver o direito à participação de todos os cidadãos nós ou, o que é igual, a não
exclusão dos produtos do processo econômico e o contínuo democrático das fontes de riqueza
de maior transcendência social (p.406- 413).
1.2 ANTECEDENTES NORMATIVOS NO DIREITO ESPANHOL.
Uma orientação doutrinal, parte de García Goyena, tende a criptografar nas Partes o início
histórico do sistema jurídico espanhol de propriedade. Por esta razão, a referência ao contexto
normativo da disposição constitucional limitar-se-á à referência a duas questões: primeiro,
aos precedentes constitucionais do preceito nos textos fundamentais do século passado e do
nosso século e, em segundo lugar, a os regulamentos atuais mais importantes que regulam a
propriedade. A propriedade parecia solenemente consagrada, como um direito fundamental,
da própria gênese de nossa história constitucional. As Constituições de 1837 e 1845
coincidiram literalmente aoproclamar no artigo 10 que: "A pena de confisco de bens nunca
será imposta, e nenhum espanhol será privado de sua propriedade, exceto por causa
justificada de utilidade comum, após a compensação correspondente (p.413-414).
No conjunto das Leis Fundamentais depois de 1936, a Declaração XII da Carta do Trabalho
de 1938 deve ser consignada em que: "O Estado reconhece e protege a propriedade privada
como um meio natural para o cumprimento de funções individuais, familiares e sociais", se
subordina todas as formas de propriedade "ao interesse supremo da nação, cujo intérprete é o
Estado", que "assume a tarefa de multiplicar e disponibilizar a todos os espanhóis as formas
de propriedade vitalmente ligadas à pessoa humana. Não foi em vão ter passado três
quarteirões de século e um movimento crítico começou a se espalhar em relação ao
individualismo informacional extremo do texto francês, que se diz que consagra a plena
soberania dos cidadãos na esfera privada, em correspondência estrita com a atribuição da
soberania política ao poder público (p.414-415).
Ao mesmo tempo, percebe-se que o proposto agora "é apenas uma pequena aproximação,
embora peremptória, que em seu dia será realizada no âmbito do futuro e do novo Código
Penal". Também é indicado que este grupo de crimes "tenha sido citado pela doutrina
espanhola como um dos máximos exponentes da excessiva dureza de nosso sistema punitivo.
Para isso deve ser adicionada a técnica defeituosa com a qual eles são construídos, com base,
acima de tudo, na mensuração da punição em termos de quantificações econômicas - um
método comum aos crimes de apreensão direta ou apreensão fraudulenta. O cenário atual é
completado com um desequilíbrio entre certos abusos do método casuístico - a fraude é um
exemplo contra a negligência de valores patrimoniais ou de situações
econômico-patrimoniais que merecem particular respeito pelo Direito Penal - ». Essas
considerações inspiraram a reforma de um grande número de artigos que configuram a
proteção criminal da propriedade (p.418).
1. 3. DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO
A análise aprofundada dos diferentes estatutos da propriedade no constitucionalismo atual
ainda é uma tarefa aberta, embora haja algumas contribuições valiosas. No que diz respeito
ao artigo 33 da Constituição espanhola, é evidente que reflete a inspiração desses textos
constitucionais com os quais nosso país possui a maior afinidade política. Por esta razão, a
referência comparativa será limitada a uma declaração sucinta do regime constitucional da
propriedade da França, da Itália e da República Federal da Alemanha, cujos sistemas
jurídicos respectivos já serviram como modelo em outras etapas da nossa história jurídica
(p.418).
Só será feito por lei ou em virtude de uma lei que estabeleça o modo e o montante da
compensação. A indenização será consertada considerando equitativamente os interesses da
comunidade e os afetados. Em caso de discrepância sobre o montante da compensação, é
possível recorrer aos tribunais comuns. "Por sua vez, o artigo 15 prevê a expropriação de
terras, terras, recursos naturais e meios de produção, que se tornarão propriedades direitos
coletivos ou outras formas de economia coletiva, com o propósito de socialização e com as
garantias em relação à remuneração estabelecida no artigo 14. Esses preceitos refletem o
espírito da Constituição de Weimar, uma das primeiras em que o reconhecimento do direito à
A propriedade privada parece condicionada ao cumprimento pelo proprietário de alguns
deveres para a comunidade. Ao mesmo tempo em que reconheceu expressamente ao Estado a
faculdade de socializar por meio de uma lei e com justa compensação as empresas que o
interesse nacional aconselhou, bem como a faculdade de participar diretamente, ou através de
outras instituições, em certas sociedades (artigo 153). Como na Itália, a tensão entre o
reconhecimento da propriedade privada e a possibilidade de socialização dos meios
produtivos mais importantes provocou um debate que pode servir de guia para o comentário
do texto constitucional espanhol (p.421).
2. O << ITER »DO TEXTO CONSTITUCIONAL: ELABORAÇÃO E DEBATES
PARLAMENTARES.
O texto do artigo 33 da Constituição representa o momento final de um processo de redação
que parte do artigo 29 do projeto preliminar, cujo conjunto com a redacção final permite que
você perceba facilmente que eles eram poucas modificações que prosperaram após os debates
das Câmaras. A formulação literal do artigo dizia: "l. O direito de propriedade privada e
herança. 2. A função social desses direitos delimitará seu conteúdo, de acordo com as leis. 3.
Nenhum espanhol será capaz ser privado de seus bens, exceto por apenas causa de utilidade
pública ou interesse social, após a compensação correspondente e de acordo com as
disposições da lei »46. Este texto não sofreu nenhuma alteração no Relatório, cuja resolução
foi aprovada por maioria, rejeitando os votos particulares e propostas de emendas, embora
tenha se tornado o artigo 32 (p.421).
Em suma, nem a expressão "por" implica o saque, nem o "anterior" uma garantia absoluta,
uma vez que os ataques à propriedade privada podem ser feitos de outros aspectos, através da
delimitação do seu conteúdo ou da sua conexão. Nas deliberações do Senado, foram
reproduzidos argumentos controversos relativa ao reconhecimento do carácter prévio da
compensação 59, que eles não prosperaram. Sim, aceitamos duas modificações que passaram
para o texto definitivo, referindo-se tanto à sua seção 3.0: o primeiro foi adicionar o
expressão «e direitos» após o termo «propriedade»; o segundo para substituir a expressão
«sem espanhol» para «ninguém» (p.424).
3. ANÁLISE SISTEMÁTICA DO PRECEITO.
Uma abordagem inicial do texto do artigo 33 poderia levar a pensar que as três seções que o
compõem respondem a tantas concepções dos direitos de propriedade. Assim, o primeiro
parágrafo assumiu "em uma chave de garantia” poderia sugerir que tende a consagrar o status
quo em termos de propriedade e distribuição de propriedade privada. Este parágrafo
implicaria reconhecimento constitucional de propriedade privada em termos de liberdade na
esfera econômica; isto é, como uma das conquistas do Estado liberal do Direito, dirigiu para
assegurar a proteção individual contra qualquer interferência estatal ou privada no gozo de
seus bens. Assim, embora na ordem da exposição formal seja abordada sucessivamente o
comentário sobre cada um dos três parágrafos integrais do artigo 33 basear-se no princípio da
sua conexão de material essencial (p.424-426).
3.1 SEÇÃO UM: PROPRIEDADE PRIVADA E HERANÇA COMO DIREITOS
FUNDAMENTAIS.
O ponto de partida para a exegese do texto do artigo 33. 1 reside ao estabelecer se a nossa
ordem constitucional consagra ou não a propriedade privada e herança como direitosfundamentais autênticos. A favor da consideração do direito à propriedade privada e da
herança como fundamental na Constituição, você pode aduzir a sua própria inserção no Título
I sobre os "Direitos e deveres funerários". Outro argumento a favor da consideração do
caráter fundamental do direito de propriedade na Constituição espanhola é a referência a seus
instrumentos de garantia. Assim, mesmo do ponto de vista que desafia seu status como um
direito fundamental, reconhece-se que está sujeito a proteção "através do recurso
inconstitucional de uma lei ou normativa com força de lei que não respeitou o conteúdo
essencial da propriedade privada (p.426-428).
3.2 APARTADO SEGUNDO: SIGNIFICADO CONSTITUCIONAL DO PRINCÍPIO
DA FUNÇÃO SOCIAL.
Essa noção, apesar de servir como um ponto de referência constante nas construções
normativas e doutrinárias sobre a propriedade, está longe de seja unívoco dentro da
multiplicidade de significados do termo «função social "e na precisão de seu sentido técnico
podem ser vistos dois possíveis significados. Por outro lado, Duguit, que contribuiu
decisivamente para consagrar a expressão, polarizou seu argumento em defesa da função
social da propriedade em sua natureza necessária para justificar qualquer tipo de riqueza 9 9.
O fundamento axiológico do princípio da função social de propriedade, como expressão do
valor fundamental da solidariedade, também adverte, claramente, no plano normativo, em
que a referida ideia é apresentado em estreita relação com os de interesse geral e o bem
comum (p. 435-436).
Eu avisei quando comecei este comentário sobre a continuidade existente entre os direitos à
propriedade privada e à herança, de tal forma que a referência expressa a este no texto
constitucional foi descrita como "redundante". Deve-se ter em mente que o problema dos
limites da sucessão hereditária foi considerado apenas como uma questão de Sozialpolitik, na
medida em que afeta a participação ou exclusão da comunidade no destino de bens
patrimoniais que, em muitos casos, não poderia ter sido formado sem a sua intervenção
(p.442).
3.3. SEÇÃO TRÊS: EXPROPRIAÇÃO NO SISTEMA CONSTITUCIONAL.
Depois de proclamar o princípio de que: "Ninguém pode ser privado de seus bens e direitos",
os pressupostos são indicados quem deve comparecer para que esta regra geral seja excluída.
a) De acordo com a exegese doutrinal, a expropriação deve implicar uma ablação ou
privação, total ou parcial, diferenciando-se dos limites, ou deveres que, em virtude do
princípio da função social, podem ser impostas ao direito de propriedade. Agora, as fronteiras
que separam esses diferentes tipos de ações legais eles nem sempre são óbvios. Assim, em
alguns casos, recorreu ao critério material representado pela teoria da ineficiência que
considera a expropriação as intervenções que implicam uma limitação extraordinária sobre a
substância (Kerngehalt) do direito de propriedade. (p.442-443).
A Constituição, em suma, reconhece a propriedade privada como um direito fundamental, o
que implica que não estende sua proteção à liberdade individual de apropriação exclusiva,
exclusiva e ilimitada de propriedade, mas o direito de participação nos frutos do processo
econômico que garante a o pleno desenvolvimento de suas capacidades, de acordo com os
valores superiores de uma organização que se define como "social e democrática" (p.447).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 13 - QUALIDADE DE VIDA E MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO
1. PRESSUPOSTOS GERAIS DESSES PRINCÍPIOS
Constitui um mérito do “ensino integração”, formulado por Rudolf Smend há cinquenta anos,
atribuindo aos direitos fundamentais um duplo compromisso: especificar e garantir as
liberdades existentes e estabelecer a horizonte emancipatório para alcançar. Dentro desta
segunda função do os direitos fundamentais enquadram o reconhecimento em nosso texto
constitucional do direito à qualidade de vida através de um adequado. proteção do meio
ambiente é óbvio que tal direito não pode ser concebido em vez de como uma aspiração ou
objetivo, cuja conquista exige transformações importantes questões culturais e
socioeconômicas (p.448).
Portanto, deve ser considerado uma característica de sensibilidade e abertura ao sinal dos
tempos em que nossa Constituição proclama, desde o próprio Preâmbulo, a vontade de
"assegurar uma digna qualidade de vida para todos". Este princípio programático cujo valor
interpretativo é inegável e na medida em que supõe uma "declaração solene de intenção que
formula coletivamente o poder constituinte" , tem seu desenvolvimento específico no texto do
artigo 45. Este artigo aparece intimamente ligado aos valores orientadores ou Fundamentos
(Grundwerte) da Constituição. Nesse sentido, seu significado prioritário não pode ser visto
além do modelo de sociedade que a Constituição deseja promover (p.449).
1.1. ASPECTOS DA FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TEMA AMBIENTAL
Embora, como já foi dito, a preocupação coletiva pelo meio ambiente constitui uma
característica definidora da nossa era a tensão homem-natureza tem sido constante nos vários
estágios da evolução cultural. Assim, o período cosmológica da filosofia grega supõe a
projeção das idéias de ordem e regularidade dos fenômenos da natureza, à explicação da
ordem social humano Enquanto em um período imediatamente posterior - antropológico -
tentou entender a natureza através da experiência organização da coexistência político-social.
Natureza e sociedade vão para formar, portanto, uma unidade única cujas manifestações
externas flutuará de acordo com o desenvolvimento dos sistemas econômicos de produção,
formas de organização social e evolução do conhecimento científico e técnico. Em vista desta
situação não pode ser atribuída a um capricho inovador, nem ao mimetismo das provisões
estrangeiras, a tentativa do nosso constituinte de dar respostas aos graves e complexos
problemas ambientais, como um orçamento necessário para garantir a todos os espanhóis
uma qualidade digna de vida (p.449-453).
1.2 DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO
A recepção do tema do meio ambiente nas normas constitucionais ocorreu recentemente, pois
penetrou no plano social e político sua importância prioritária.O problema do meio ambiente
tem sido objeto de especial atenção nas mais recentes normas constitucionais dos países
socialistas. Nestes textos, o regulamento ambiental foi incluído no título ou seção referente à
política social e econômica constitucional. Ao mesmo tempo, o dever do Estado, das
organizações sociais e dos cidadãos de proteger e salvaguardar os recursos naturais, água, ar e
solo, bem como os monumentos culturais são proclamados. Na terceira seção do artigo, todo
cidadão está ameaçado ou ferido em seu direito a um ambiente ecologicamente equilibrado,
reconhecendoa capacidade de "solicitar, em termos legais, a cessação das causas da violação
e compensação; correspondente ». Finalmente, prescreve-se que: "O Estado deve promover a
melhoria progressiva e acelerada da qualidade de vida de todos os portugueses >> (p.453 -
456).
1.3 ORDENAMENTO ESPANHOL E O MEIO AMBIENTE
Durante muitos anos, nosso sistema jurídico vem usando as regras das relações de
vizinhança, para a proteção de alguns aspectos que hoje constituem o objeto do meio
ambiente. Então Foi feito o recurso às disposições do Código Civil relativas a atividades
irritantes, insalubres, prejudiciais e perigosas (artigo 520) e suas conseqüências em termos de
responsabilidade civil (artigo 1.908). Estas disposições foram atualizadas e desenvolvidas
pelo regulamento de atividades irritantes, insalubres, prejudiciais e perigosas de 1961.
Também não houve invocações à teoria do abuso do direito e da responsabilidade pela falha
aquiliana (de acordo com o art. 1.902 do Código civil). À inexistência de uma
regulamentação geral que regule o meio ambiente em todos os seus planos de incidência.
corresponde a dispersão de competências ambientais (p.456-457).
O Ministério da Indústria exerce controle sobre diferentes formas de poluição industrial. No
entanto, o núcleo principal de poderes foi atribuído ao Ministério das Obras Públicas e
Urbanismo em cujo coração existe uma Direção Geral para o Meio Ambiente. Como órgãos
responsáveis pelo exercício dessas competências, funciona em disse ao Ministério uma
Comissão Interministerial de Meio Ambiente (CIMA) para que foi acrescentado, desde 1978,
uma Comissão Interministerial de Ordem do Território (CIOT), ambos visando servir como
um canal para o coordenação das diferentes esferas da ação intra e interministerial, mas
respeitando as competências dos diferentes departamentos ministeriais. A tentativa de atribuir
a uma Comissão Delegada do Governo para a Ambiente, a coordenação geral da política
ambiental não tem alcançou, até agora, resultados estimáveis. Daí a urgência que implica para
o nosso sistema legal a elaboração de uma Lei Geral do Meio Ambiente que, aceitando as
diretrizes do texto disciplinar unilateralmente os diferentes aspectos ambientais e delimitar as
competências, bem como a sua coordenação (p.458).
2. O "ÍTER" DO TEXTO CONSTITUCIONAL: ELABORAÇÃO E DEBATES
PARLAMENTARES.
Embora o atual artigo 45 da Constituição não seja um dos textos mais debatido no período
constituinte, seu conteúdo sofreu algum mudanças significativas ao longo de sua preparação.
Basta verificar o seu A redação inicial no artigo 38 do Projeto Constitucional com a
formulação final, para verificar o alcance e a relevância das mudanças introduzidas no
parlamentar. O Draft proclamou textualmente no seu artigo 38: "l. Todos eles têm o direito de
desfrutar e o dever de preservar o meio ambiente. A lei regulam os procedimentos para o
exercício deste direito. Os poderes as autoridades públicas devem assegurar o uso racional
dos recursos naturais, conservação da paisagem e para a proteção e melhoria do meio
ambiente.Para os ataques mais graves contra a paisagem protegida e o meio ambiente sanções
penais e a obrigação de reparar o dano será estabelecida por lei produzido” (p.458).
O Plenário do Senado ratificou o texto proposto pelo Sr. Sampedro Saez e, posteriormente, o
Comitê Conjunto do Senado e do Senado estabeleceu o redação final. Na Comissão, foi
decidido simplificar o texto do Senado, mas sem introduzir modificações relevantes no seu
significado. Então, no parágrafo 1, a expressão limitativa "e cada um dos espanhóis" foi
excluída, para garantir o direito a "todos" sem diferenciação. Na seção 2 excluído: o termo
"sem exceção" após o termo "recursos naturais"; bem como a frase "tanto a nação como um
todo e a geração presentes e futuros ", após a consagração do princípio da solidariedade
coletivo por último; Em relação ao parágrafo 3, as sanções estão limitadas a comportamento
que infrinja as disposições da seção 2, quando teria sido É preferível manter o princípio da
responsabilidade por qualquer violação do dever geral de conservação do meio ambiente
prescrito no seção 1. A Comissão Mista também é responsável por ter expressamente a
possibilidade de impor sanções administrativas, independentemente da penalidades em
infrações contra o meio ambiente (p.461).
3. ANÁLISE SISTEMÁTICA DO PRECEITO
A Constituição da Segunda República de 1931 proclamou no seu artigo 45.: “O Estado
também protegerá os lugares notáveis por sua beleza natural ou é reconhecido valor artístico
ou histórico.” Este texto, que tem grande semelhança e isso, sem dúvida, poderia inspirar o
referido artigo 9. da Constituição Italiana de 1947, constitui o nosso único precedente
histórico de classificação constitucional de uma preocupação pela defesa da natureza. Agora,
essa nova orientação hermenêutica, que deve ser a orientação para a consideração da
disciplina constitucional do meio ambiente, precisa ser explícito através da análise de cada
uma das três seções que faça o artigo 45 (p.461-462).
3.1 PRIMEIRA SEÇÃO: MEIO AMBIENTE E DIREITOS FUNDAMENTAIS
O parágrafo 1 do artigo 45º levanta uma série de questões entre as quais os seguintes são de
especial interesse: fixando o escopo do meio ambiente objeto de proteção constitucional;
estabelecer o significado da inclusão de ambiente no sistema constitucional dos direitos
fundamentais; examinar sua relevância positiva e legal. Incluindo uma investigação coletiva,
foram identificadas cinco modalidades diferente do ambiente a que se referem: o conjunto de
condições configurações naturais que compõem um certo padrão climático e meteorológico;
aos recursos físicos que o homem deve organizar para satisfazer suas necessidades materiais;
à morfologia dos tipos de assentamentos que compõem um determinado habitat ou que
caracterizam os possíveis centros de atração demográfica ou econômica; às formas históricas
pelas quais as exigências de trabalho, de distração, de libertação ou de compreensão de
indivíduos foram socialmente organizadas; e todos os fatores que condicionam o bem-estar
biológico e psíquico do homem e, portanto, contribuem para promover ou comprometer sua
saúde (p.462-463).
Em outras palavras, o reconhecimento de um direito ao meio ambiente, quando não é um
mero recurso retórico ou o emprego trienal na linguagem jurídica das categorias ecológicas
não resulta na aparência de um direito novo ou específico, mas num ponto de referência para
aludir a situações, faculdades ou interesses diversos. Esta função é revelada ao examinar as
concordâncias de este preceito com outras normas constitucionais. Portanto, não há dúvida de
que existe continuidade entre estas declarações e o artigo 9, que atribui autoridades públicas a
remoção de obstáculos que impedem a realização da liberdadee da igualdade. Juntamente
com estes artigos de conteúdo econômico, outros preceitos tendem para sublinhar as
demandas sociais para que a pessoa veja garantida sua dignidade, podem desenvolver sua
liberdade, bem como os fatores que permitem seu equilíbrio biológico e psíquico
(p.463-466).
De qualquer modo, a natureza finalista desta disposição não só faz disposições ilegítimas que
perseguem propósitos diferentes ou contraditórios, mas impõem ao legislador a obrigação de
promulgar as leis e ações necessárias para alcançar seus objetivos. Finalmente, como
características peculiar à garantia deste direito, deve aludir à sua dimensão erga omnes para
que a sua proteção não só funcione em frente dos poderes públicos, mas também nas relações
entre os indivíduos (Drittwirkung der Grundrechte); bem como a propriedade, muitas vezes
coletiva ou difusa, dos interesses sujeitos à sua proteção. Aspectos que serão abordados, com
maior amplitude, no comentário da terceira seção (p.467).
3.2. SEGUNDA SEÇÃO: ORGANIZAÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL.
A segunda seção traça uma tabela de resumo das principais questões relacionado à política
ambiental. Da breve referência os princípios orientadores institucionais devem ser inferidos
para o meio ambiente, a fim de que a propriedade das competências, o objeto, a tecnologias
operacionais e o objetivo prossigam com sua regulamentação. A Constituição, através dos
artigos 148 e 149, elaborou uma atribuição de competências entre o Estado e as Comunidades
Autônomas isso não implica uma distribuição consequente de assuntos. Por isso, com
exceção de algumas competências relacionadas com os atributos tradicionais da soberania
(relações de organizações internacionais, defesa e administração da justiça ...) que são
designados exclusivamente para o Estado, existem numerosos casos de competências nos
mesmos assuntos. Para designar este problema, foi feita referência a “atribuição formal de
competências exclusivas em assuntos compartilhados”. Então, se você quiser superar essa
contradição óbvia em termos é necessário ressaltar que no texto constitucional: 1º Não existe
conflito de competências exclusivas no meio ambiente, mas poderes diferentes são atribuídos
ao Estado(legislação básica) e comunidades autónomas (desenvolvimento legislativo e
gestão). Esta interpretação é apoiada e confirmada pelos Estatutos Catalão e Basco. 2º Além
desta distribuição inicial de competências, corresponde à Competição estatal residual e
suplementar em todos os aspectos relacionados ao meio ambiente que não foram
desenvolvidos pela comunidades autónomas nos seus estatutos (artigo 149.3). Com o que foi
tendeu a evitar possíveis lacunas. 3º O Estado também é responsável pela coordenação das
regras de Comunidades Autônomas “mesmo no caso de assuntos atribuídos à sua
competência, quando o interesse geral assim o exige " (p.467- 469).
Assim, a fórmula da proteção "mais apropriada", que, paradoxalmente, parece ser uma
alternativa, não representa nenhuma vantagem. 2.) Função restauradora. As funções
constitucionalmente atribuídas aos poderes públicos não se limitam à proteção do meio
ambiente, mas se estendem para reparar, quando possível, os danos e agressões a que foi
submetido. 3.) Função promocional. A Constituição espanhola não só prevê uma avaliação
ambiental estática, mas alude expressamente a uma ação dinâmica das autoridades públicas
voltadas para melhorar a qualidade de vida. Agora, seu significado ultrapassa a lógica
individualista de interesses particulares e responde a um objetivo comunitário - a qualidade
de vida - pelo que devem ser estabelecidos os canais jurídicos de participação e coordenação
de todos os setores da sociedade (p.472).
3.3. PARÁGRAFO TERCEIRO: REGIME DE SANÇÕES PARA A PROTEÇÃO DO
MEIO AMBIENTE
O último parágrafo do artigo 45 contém uma referência expressa ao tipos de sanções penais
ou administrativas e o requisito, em qualquer caso, de reparação de danos para todos os
comportamentos que ameaçam a qualidade de vida ou prejudicial ao meio ambiente. Embora
a lei se refira à realização do âmbito do aparelho sancionador.Embora, de diferentes
premissas, tenha sido considerado que a alusão ao sistema punitivo foi um fator necessário
para acentuar a eficácia da proteção ambiental. Em qualquer caso, há uma coincidência em
admitir que a sanção penal deve funcionar como uma ultima ratio, uma vez que De acordo
com o ditado latino, é evidente que melius est prevenire quam reprimere. Até foi dito que a
mentalidade punitiva é o resultado da crença ilusória de que as sanções podem ajudar a
resolver problemas, quando, no máximo, eles constituem um álibi para o legislador, mas
dificilmente uma garantia para a sociedade (p.473).
Além do exposto, a referência constitucional ao regime punitivo dos ataques contra o meio
ambiente deixa aberta a abordagem de problemas fundamentais para: a coerência do aparelho
sancionador, sua estrutura técnica; e a legitimidade processual para sua garantia. a) No que
diz respeito à estrutura interna do aparelho sancionador, a Constituição aceita a distinção
entre sanções penais e administrativas. Mas, por outro lado, os problemas dogmáticos legais e
práticos que possam surgir devem ser levados em consideração. das modalidades de
articulação do sistema de sanção. b) No que diz respeito à estrutura técnica do aparelho
sancionador, deve partir do caráter auxiliar que a sanção penal atende a sanções civis ou
administrativas. Nessa área, o direito penal cumpre principalmente uma função auxiliar. No
entanto, é necessário que o direito penal intervenha de forma autônoma em caso de ataque
grave ao meio ambiente.c) Finalmente, é necessária a referência ao problema de quem é
responsável pela legitimidade processual para buscar a proteção do meio ambiente. As
dificuldades no desenvolvimento de critérios básicos para a proteção jurisdicional de
questões ambientais são determinadas por circunstâncias objetivas e subjetivas (p.474-475).
Em suma, nosso texto constitucional com a proteção de "um ambiente adequado para o
desenvolvimento da pessoa" faz eco da preocupação contemporânea de oferecer uma
alternativa ao modelo, sinal puramente quantitativo, de desenvolvimento econômico e
humano. A opção constitucional representa uma rejeição expressa da lógica de "ter", centrada
na acumulação exclusiva e exclusiva dos produtos de uma exploração ilimitada de recursos
humanos e naturais; a favor do modelo "sen", que exige o prazer compartilhado (ou
inclusivo) dos frutos de um progresso seletivo e equilibrado. Que tal propósito não é traído,
ou relegado ao limbo das boas intenções, depende do futuro imediato da nossa qualidade de
vida (p.478).
DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 14 - A PROTECÇÃO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO NA
CONSTITUIÇÃO.
1. ORÇAMENTOS GERAIS DO PRECEPTOQuando a Constituição italiana de 1947 estava na fase do projeto foi dito, com certeza, sobre
o seu conteúdo que de modo algum supõe "o epílogo de uma revolução cumprida, mas o
prelúdio, a introdução e a ao núncio de uma revolução, no sentido jurídico e jurídico, realizar
". Dentro das necessidades insatisfeitas de nossa convivência, o desejo de participação da
comunidade ou, se preferir, uma apropriação do legado histórico e do patrimônio cultural e
artístico nacional é inserido. O artigo 46 é, sem dúvida, uma das normas que o texto
constitucional serve para esboçar, em um processo de especificação gradual, o alcance das
metas de bem-estar sociocultural que se propõe alcançar. É indicado a este respeito que a
situação no texto constitucional é o resultado de uma deficiência sistemática, uma vez que
parece que deve ser consagrada após o artigo 44, no qual reconhece o direito à cultura, que é
considerado uma modalidade. Com relação à primeira objeção pode-se argumentar que,
embora a conexão entre a proteção do acesso à cultura e a proteção do patrimônio histórico,
artístico e cultural seja indiscutível, não é menos verdade que tal herança constitui um dos
setores do meio ambiente, dotado de sua própria singularidade, então é correto colocá-lo após
o reconhecimento constitucional do primeiro (p.479-480).
1.1 DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO
A necessidade de proteger o patrimônio histórico-artístico encontrou expressão normativa em
vários textos constitucionais de nosso tempo. Nas sociedades mais desenvolvidas do nosso
tempo, existe a convicção de que o homem, como um ser social e histórico, não pode ser
plenamente realizado, exceto no contexto de um ambiente que o religie com o legado mais
valioso de seu passado cultural; Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da personalidade
também requer a criação de canais que promovam a participação coletiva nas diferentes
formas de expressão artística. Nas democracias ocidentais, a necessidade de proteger o
patrimônio histórico-artístico foi impostas pela lógica econômica da exploração capitalista As
leis do mercado não perdoaram seus esforços especulativos ou monumentos, nem os vários
objetos de interesse artístico, que foram sujeitos, como bens, às regras do tráfico econômico.
Nos países socialistas, a proteção do patrimônio histórico a cultura obedeceu a diferentes
motivações. Foi, acima de tudo, reconhecer algumas parcelas para a liberdade de expressão e
gozo estético, aspirações progressivamente sentidas no âmbito das sociedades dominadas
pelo aparato burocrático (p.480-481).
1 .2. ORDEM ESPANHOLA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO - ARTÍSTICO
Ao mesmo tempo em que é proclamado o caráter inalienável, imprescritível e inatingível dos
referidos bens, a sua compensação em termos de isenções fiscais para bens de domínio
público e a necessidade de registro no Registro de Propriedade como detentor de estado (art.
6.). As competências importantes na esfera provincial corresponderam às Comissões
Provinciais de Monumentos criadas em 1844 e sucessivamente orientadas em 1854 e em
1865 e mantidas pela Lei do Patrimônio Artístico de 1933. Mais recentemente, por um
Decreto de 1970, às Comissões do Patrimônio Histórico-Artístico foram criadas em todos os
monumentos das cidades declaradas ou conjuntos histórico-artísticos, para descobrir os
poderes da Direção Geral (p.485-486).
A controvérsia doutrinária sobre se a intervenção administrativa na propriedade monumental
constitui uma mera limitação dos direitos privados. Nestes julgamentos, há uma aceitação
gradual do critério da função social como delimitador do conteúdo das propriedades
monumentais privadas. Embora o aspecto positivo dessa funcionalização do interesse privado
em relação ao público às vezes tenha sido limitado pelo critério restritivo com o qual o
caráter artístico histórico de certas propriedades foi interpretado. Também reconhece, por
parte do Estado, a função primordial de adoração de uma grande parte desses bens e
compromete-se com uma cooperação eficiente, técnica e econômica para o enriquecimento
desse patrimônio. O Contrato e o Documento assinado entre o Estado e o Estado A Igreja
expressamente aborda para facilitar e especificar o alcance do artigo 46 da Constituição em
relação aos bens culturais eclesiásticos; que de modo algum pode ser interpretado como uma
isenção dos bens da Igreja para cumprir a função sociocultural que gravita sobre todos os
bens, sem exceções, que compõem o patrimônio histórico-artístico da Espanha (p.486-488).
2. O "ITER" DO TEXTO CONSTITUCIONAL: ELABORAÇÃO E DEBATES
PARLAMENTARES
O texto do artigo 46 suscitou pouca controvérsia em todo o processo constituinte, e houve
poucas mudanças introduzidas nos debates parlamentares sobre sua redação inicial. O artigo
39 do Projeto descreve literalmente: "As autoridades públicas salvaguardam a conservação e
promovem o enriquecimento do legado histórico, cultural e artístico dos povos da Espanha e
os bens que o compõem no seu território, qualquer que seja seu regime. legal e de
propriedade A lei penal sancionará os ataques contra esta herança ". Se este texto for
comparado com o definitivo do artigo 46, pode-se ver que as emendas que prosperaram
foram mínimas e de relevância limitada. Uma alteração do Prof. Sampedro Sáez em que. ele
foi convidado a intercalar. A frase "do ambiente humano" entre as palavras promove ao
enriquecimento e, foram posteriormente retirados pela própria emenda. Este texto foi
aprovado pelo Plenário do Senado e, após o parecer da Comissão Mixta, tornou-se parte do
artigo 46. A Comissão Mista é responsável por ter excluído o segundo parágrafo do artigo,
escrito de acordo com a proposta do Sr. Chueca e Goitia. Note-se que, no texto definitivo da
Constituição, o Patrimônio Nacional foi incluído no artigo 132.3, onde se afirma que: "Por
lei, Patrimônio Estadual e Patrimônio Nacional, sua administração, defesa e conservação
serão regulamentados". indicou a este respeito que a Comissão Conjunta "trouxe a questão do
Patrimônio Nacional ao seu lugar sistemático correto e, além disso, desconstitucionalizar o
regime legal preconceituoso na referida emenda (refere-se ao Sr. Chueca e Goitia) e referido
ao regulamento pela lei comum » (p.488-490).
3. ANÁLISE SISTEMÁTICA DO PRECEITO
O artigo 46 tem o antecedente mais direto, no constitucionalismo espanhol, no texto acima
mencionado do artigo 45 da Constituição de 1931. No entanto, existem algumas diferenças
entre as duas disposições, que não fazem nada além de refletir as importantes mutações que
ocorreram no período histórico que as separa. a) Assim, em primeiro lugar, deve ser indicado
que o artigo 46 da Constituição atual é muito menos detalhado do que o da Constituição de
31. Ele fugiu deliberadamente de qualquer enumeração casuística e pura do objeto e técnicas
operacionais que compõem a proteção de herançahistórico-artística.b) Outra característica
distintiva importante do texto atual, em relação à da Constituição republicana, reside no
caráter dinâmico e positivo que agora é estimado para presidir a ação das autoridades
públicas visando proteger o patrimônio histórico-artístico. Por último, em relação ao acima
exposto, o protagonismo ativo que pertence às autoridades públicas na proteção dinâmica do
patrimônio artístico como fator de cultura não só implica incentivar o trabalho artístico, desde
a perspectiva de seus agentes, mas também requer uma política autêntica promocional a partir
do ângulo de seus destinatários (p.491).
A democratização da cultura, para ser autêntica, deve permitir a apropriação coletiva de
diferentes formas de expressão artística. Foi recentemente escrito que: "Não há formação
social conhecida, não existe um modo de vida em que o canto, a música e a dança não são
conhecidos, nos quais os pontos nodais da vida cotidiana , isto é, as festas, não estão ligadas
de forma alguma às manifestações artísticas »superam a concepção elitista da arte e
revalorizam como fenômenos artísticos as manifestações sociais da estética, que permeiam a
experiência da vida coletiva. Não parece arriscado pensar que a alusão ao patrimônio
histórico, artístico e cultural dos povos da Espanha (ao contrário das fórmulas de "riqueza
artística e histórica do país" e "tesouro cultural da Nação", usado no texto) de 31) obedecer a
uma recepção oportuna do novo horizonte de democratização em que hoje este assunto é
passado (p.490-491).
3.1. ASPECTOS JURÍDICOS-FUNDAMENTAIS DE TUTELA DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO, ARTÍSTICO E CULTURAL
A inclusão da norma de proteção do patrimônio histórico-artístico no Título 1 da Constituição
em que o estatuto dos direitos fundamentais é estabelecido exige, como questão preliminar,
abordar a questão de saber se estamos ou não confrontados com o reconhecimento de um
direito fundamental dos cidadãos. Assim, inicialmente, a inclusão do referido artigo 9 da
Constituição italiana entre os princípios fundamentais foi considerada infeliz. Entendeu-se
que esta disposição, devido à sua natureza organizacional, deveria ter sido colocada em
outros lugares da Constituição, uma vez que não estabeleceu qualquer direito acionável por
parte dos cidadãos. À medida que o Estado de Direito social adquiriu a imputação
democrática (ou, na opinião de alguns, tornou-se um Estado de direito democrático ou está a
caminho), a própria ideia de direitos fundamentais permeou seu próprio status significativo.
Subalternidade, que não é senão alienação do pleno desenvolvimento indivíduo e comunidade
do homem, impede-o de se apropriar do aspecto qualitativo do mundo refletido nos bens da
arte e da cultura. Portanto, o horizonte emancipatório de nossa Constituição não pode ser
estranho à criação de condições socioeconômicas e culturais que permitam o reconhecimento
de cada um dos cidadãos para tornar o próprio Faustian " tudo o que é dado à humanidade,
quero gostar de mim, capturando com meu espírito o mais alto e o mais profundo »
(p.492-494).
3.2. CONCORDÂNCIA COM OUTRAS REGRAS CONSTITUCIONAIS
Como se argumentou, a inclusão do artigo 46 no Título 1 não foi o resultado do acaso, mas
responde à exigência de fortalecer os valores a quem a proteção é dirigida. No entanto, para
avaliar o significado do seu conteúdo, é necessário aludir seus vínculos com outras normas
constitucionais, a fim de contribuir para uma interpretação sistemática do seu alcance. A
partir desta abordagem, o artigo 46 pode ser colocado em relação a três principais parâmetros
de orientação da Constituição. a) Primeiro, admitindo a consagração implícita no artigo 46 do
direito à participação nos bens da história, da arte e da cultura, pode estar conectado,
imediatamente, com todas as normas constitucionais destinadas a garantir o pleno
desenvolvimento da personalidade. Assim, pode ser ligada ao disposto no artigo 9.2 no
sentido de impor às autoridades públicas a remoção de todos os obstáculos à participação dos
cidadãos na vida cultural. b) As disposições do artigo 46 também estão relacionadas ao
conjunto de regras que impõem um modelo de desenvolvimento qualitativo do sistema
econômico constitucional. A superação do individualismo egoísta na apropriação e uso de
bens culturais e artísticos encontra um apoio expresso no artigo 128., que postula a
subordinação ao interesse geral de todas as formas de riqueza, qualquer que seja sua
propriedade. c) Finalmente, o artigo 46 deve ser colocado nas normas constitucionais visando
preservar e promover a identidade histórica artística e cultural da nação espanhola e os povos
que a compõem. Este requisito expressamente postulado, como indicado, no próprio
Preâmbulo, é explicitado em vários artigos que também estão relacionados, conforme
previsto no artigo 46 (p.495-496).
De qualquer forma, seria desejável que, no que se refere à proteção do patrimônio
histórico-artístico, mais do que uma distribuição rígida de competências, um conjunto de
valores deve ser realizado por todos os assuntos do sistema legal, cada um na esfera que é
sua. Este é talvez o propósito perseguido pelo artigo 149.2, que atribui ao Estado a promoção
e coordenação da política cultural como um todo (p.497).
3.3. ÂMBITO DE PROTEÇÃO E REGISTO DE PENALIDADE DOS ATAQUES.
CONTRA O PATRIMÔNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO
Esses direitos exigem uma função ativa das autoridades públicas para a sua realização
traduzida em um sistema de benefícios ou serviços públicos. Por isso, pode ser descrito como
um sinal de realismo por parte de nossos eleitores para ter adotado uma atitude de cautela na
proclamação de direitos fundamentais que, como indicado no início deste comentário,
constituem mais o objetivo da chegada do que o ponto de partida de nosso nova trajetória
constitucional. Foi indicado com precisão que, para uma proteção efetiva do patrimônio
artístico, é essencial, se alguém quiser ter o quadro social apropriado, para ajudar as
sociedades artísticas e culturais. Este apoio passa, entre outros meios, facilitando sua
legitimidade para se opor aos constantes ataques do nosso patrimônio artístico. As críticas
doutrinárias contra o escopo desta proteção, que punem com mais rigor a deterioração de
algumas árvores na estrada que a destruição de uma pintura clássica, ou que circunscreve a
proteção do artigo 561 às pinturas, estátuas e monumentos públicos, não encontrou nem uma
resposta satisfatória no Projeto de Código Penal de 1980. Segue a necessidade de articular o
direito penal com o qual outros órgãos jurídicos podem oferecer e, em suma, leva a concluir
que a salvaguarda do patrimônio mencionado será apenas uma realidade plena na medida em
que o espírito constitucional cria uma atmosfera social de respeito e consciência coletiva de
tudo o que representa (p.497-500).DIREITOS HUMANOS ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO. PARTE 3.
CAPÍTULO 15- A PAZ NA CONSTITUIÇÃO.
1. APROVAÇÃO.
Essas considerações contrastam com a confiança inicial um sentimento de ceticismo e
desânimo quando se verifica que em 1991 a luta pela paz continua a constituir uma aspiração
insatisfeita da espécie humana. Mas, ao mesmo tempo; conflitos latentes e explícitos entre
homens e entre estados nos permitem vislumbrar isso; no devido; Da aparência civil de
algumas sociedades (não todas) que parecem ter alcançado níveis confortáveis de bem-estar,
ainda há um estremecimento e há ejaculações de morte quando a terrível possibilidade de
uma guerra atômica é percebida. Na verdade, em nosso ambiente mais imediato coincidem
com as perfeições trazidas pela tecnologia, os presságios mais sinistros e a tensão mais aguda.
Daí o perigo constante de autodestruição que gravita sobre a espécie humana e o
compromisso inescapável daqueles que apostam na sobrevivência a contribuir para
providencialismo e astúcia racional para evitar hecatomb. Neste clima de preocupações e
esperanças, em qualquer caso de restrições, será inserido o plano orbital desta reflexão, que
abordará em três abordagens sucessivas: 1) se a paz pode ser considerada como um valor
fundamental (Grundwert) da Constituição Espanhola de 1978; 2) em caso afirmativo,
especifique sua força normativa, e 3) descreva as conseqüências ou atitudes que possam
surgir da eventual suposição de paz como valor constitucional (p.501-502).
2. PAZ COMO VALOR DA CONSTITUIÇÃO ESPANHOLA DE 1978
A exigência de promover dentro da comunidade internacional a realização dos valores que a
Constituição espanhola deseja salvaguardar na ordem interna, também se manifesta no que
diz respeito ao valor fundamental da dignidade humana. É por isso que a paz internacional
também deve ser construída sobre o reconhecimento da igual dignidade dos Estados, com
base na dignidade dos cidadãos que os compõem. Se, como tentei até agora explicar, o
pretendido não é justificado. acusação de heterogeneidade em relação às remissões para a paz
de nosso texto constitucional, nem é o seu caráter supostamente contraditório. Não menos
importante para uma hermenêutica correta da abordagem do tema da paz em nossa
Constituição, leva em consideração o que é realizado no particular na Carta da ONU,
organização internacional da qual a Espanha é um partido e cujos princípios devem acomodar
nossos política estrangeira (p.504-505).
Numa tipologia bem conhecida, distinguiram-se três tipos de paz: l. a) poder, que se baseia
em hegemonia ou domínio; 2ª) o da impotência, que se baseia no "equilíbrio do terror", e 3ª)
da satisfação, com base na confiança recíproca e na cooperação mútua. Como é evidente,
somente neste último significado a paz tem um conteúdo axiológico e é precisamente nesse
sentido que a doutrina pacifista é fundada. Como se disse com razão: "Pelo pacifismo se
entende qualquer teoria (e o movimento correspondente) que considere uma paz duradoura,
tão altamente desejável, tanto, que qualquer esforço para alcançá-la é considerado digno de
ser realizado". A partir dessas considerações pode-se conceber a Constituição espanhola
como pacifista, na medida em que não supõe a defesa de qualquer paz, que possa basear-se
no domínio ou no medo, mas representa uma opção a favor de uma paz de satisfação,
cimentada na decisão consciente de fortalecer as relações de cooperação pacífica entre todos
os povos da Terra (p.506-507).
3. A FORÇA NORMATIVA DA PAZ
Una vez se ha comprobado que la paz constituye, sin duda, uno de nuestros valores
constitucionales, conviene plantear el alcance de su fuerza normativa.Da mesma forma,
argumenta-se em favor do significado meramente programático, falta de força normativa, dos
valores que se referem a "algo que trasciende o quadro político-institucional e a ordem formal
da lei: quer indicar aspirações ideais para as quais a ordem jurídica deve tender”. Portanto, a
tese que se qualifica como "falaciosa" para a doutrina que considera simples declarações
retóricas ou postulados programáticos a valores deve ser considerada correta. Uma vez que
precisamente estes constituem "toda a base da ordem, que deve lhe emprestar o seu próprio
significado, que consiste em presidir, portanto, toda a sua interpretação e aplicação" A
normatividade dos valores é comprovada com a existência de chamado" normas
constitucionais inconstitucionais" (verfassungswidrige See fassungsnormen), que tenta
sublinhar a primazia hermenêutica de valores, ao ponto de determinar a inconstitucionalidade
das normas constitucionais que continuam a irradiar seu significado (p.507).
Os valores constitucionais supõem, em suma, o contexto axiológico básico ou axiológico para
a interpretação de toda a ordem jurídica: o guia postulado para orientar a hermenêutica
teleológica e evolutiva da Constituição; e o critério para medir a legitimidade das várias
manifestações do sistema de legalidade. Essas funções são totalmente previsíveis do valor
constitucional da paz, que, em nossa ordem jurídico-política, deve atuar como: a) o
fundamento do conjunto de normas e instituições baseadas na paz social no nível interno e no
fortalecimento de as relações pacíficas das cooperativas, do lado de fora; b) a orientação da
interpretação normativa para soluções que promovam a paz social, bem como a de toda a
nossa política interna, no sentido de um pacifismo inequívoco; e e) crítica ou invalidação de
qualquer previsão normativa ou atividade de autoridades públicas que prejudique a paz social
ou põe em perigo a paz internacional. Além da proibição consequente dos comportamentos
de indivíduos que ameaçam a paz social (como o exercício abusivo ou antissocial dos
direitos) ou que implicam uma subvalorização da paz internacional (propaganda de doutrinas
guerras) (p.509).
4. ATITUDES NA PAZ
Se, como resulta do fio desses argumentos, a paz em nossa lei constitucional tem o caráter de
um valor normativo, isso não implica que as conseqüências derivadas desta opção pacifista
tenham sido unívocas. Pelo contrário, desentendimentos foram feitos sobre o alcance do
pacifismo constitucional entre aqueles que, em princípio, não hesitam em aceitá-lo como uma
característica informativa do nosso Direito de Leis. Para evitar que esta exposição se perca
nos significados de uma revisão necessariamente ordenada das diferentes posições avançadas
pelas diferentes doutrinais da Constituição ou por grupos políticos, por uma exigência
sistemática, acho que poderiam ser agrupadas duas atitudes básicas, que convencionalmente
se chama: pacifismo condicional ou sociológica e condicional ou ético.a) eu entendo
pacifismo condicionado ou sociológica, a tese daqueles que embora admitam que a paz é uma
guerra constitucionalizado bom e mau entender que, às vezes, pode ser um mal necessário.b)Diante dessa atitude, o pacifismo incondicional ou ético baseia-se na convicção de que, ao
envolver a paz e a guerra, as respectivas manifestações de valor e desvalorização implicará
um imperdoável dever de promover a realização do primeiro e erradicar definitivamente o
segundo (p.509).
Analogamente, existem problemas de alcance global eles representam uma ameaça latente à
paz. As relações Norte / Sul em debate como questões árduas como a dívida externa dos
países em desenvolvimento e a transferência de tecnologias que possibilitem o seu progresso
adequado, o equilíbrio ecológico e a necessidade de preservar a qualidade de vida, a o
surgimento do fundamentalismo e do nacionalismo de um sinal fanático e excluído, são
fatores importantes de conflitos reais ou potenciais. Esses riscos e a ameaça da bomba
atômica, desde que os arsenais nucleares não sejam completamente inúteis, abrirem uma
lacuna no refúgio de boas consciências e agitem o conformismo diário que esconde na calma
de suas águas de inércia a iminência da tempestade. Portanto, na situação atual, a demanda
por paz não pode ser limitada a uma atitude passiva ou condicionada. Uma vez que a
alternativa diante da qual a espécie humana é debatida já não é a da paz ou da guerra, mas a
da paz ou destruição da humanidade. Diante desse dilema, a opção incondicional para a paz é
a última mão que continua a preservar a sobrevivência ameaçada das pessoas (p.511-512).
EPÍLOGO
DIREITOS HUMANOS REVISADOS:
CRÍTICA E AUTOCRÍTICA
1. RECAPITULAÇÃO E NOVOS TRAJETOS
Dez anos se passaram desde que a primeira edição deste trabalho foi publicada. Ao longo
desta década, os direitos humanos continuaram no centro dos debates teóricos e políticos
mais animados. A pontualidade e a vitalidade dessas análises contínuas mostram que os
direitos humanos foram instalados na consciência cívica dos homens e dos povos. Mas essa
crescente difusão da idéia de liberdades não nos permite pensar que sua realização é
totalmente garantida.O núcleo teórico deste livro foi desenvolvido numa fase anterior. As
idéias que informam a minha concepção foram enunciadas no trabalho coletivo. Direitos
humanos. Posteriormente, em publicações sucessivas eu mantive essa concepção. Portanto,
ao revisar este tópico, as duas preocupações de um contra-sinal vêm à mente (p.513-514).
Com base nessas premissas, minha auto-avaliação girará em torno de duas dobradiças: a
alusão resumida dos principais aspectos e argumentos dessa definição de direitos humanos
que me levam a considerá-lo ainda válido; e a alusão ao novo horizonte que hoje é visto
como um contexto teórico que pode condicionar esse conceito; como observei em trabalhos
mais recentes sobre as gerações de direitos humanos, sua concepção funcionalista. e outros
estudos relacionados ao tema das liberdades. A definição de direitos humanos que eu apoio
responde a três idéias orientadoras: 1 a) lei natural em sua fundação; 2.a) historicismo em sua
forma e 3.a) axiologismo em seu conteúdo. Estas são também as teses em que, em maior
medida, o debate doutrinário levantado pela minha abordagem tem sido. Por isso, retornar a
eles agora me permite, ao mesmo tempo: tentar responder às observações críticas
estimulantes e sugestivas avançadas contra essa concepção; aplique para esclarecer os pontos
em que penso ter sido mal interpretado; bem como estender os argumentos descritos acima
com novas considerações (p.515).
2. UMA PORFIA INEVITÁVEL: A FUNDAMENTAÇÃO JUSNATURALISTA
Por causa do fundamento do direito natural dos direitos humanos, entendi o único Combina
sua raiz ética com sua vocação jurídica. De acordo com isso, os direitos dos seres humanos
têm uma dimensão prescritiva ou deontológica inelegível; eles implicam exigências éticas de
"deve ser", que legitimar sua reivindicação onde não foram reconhecidas.O uso do termo
"direitos humanos" com referência aos direitos e liberdades reconhecidos em certas
declarações e convenções internacionais pode dar origem a alguma incerteza terminológica.
No entanto, o uso nesta área da denominação "direitos humanos", em preferência à dos
"direitos fundamentais", corrobora a consciência da garantia legal limitada dos direitos
proclamados na maioria das declarações internacionais. Penso que esta distinção evita certas
imprecisões, confusões e ambiguidades que são comuns na linguagem dos direitos humanos.
Neste ponto, sempre pareci clarividente com as críticas incisivas de Bentham quando adverte
sobre a confusão da fome com o pão; isto é, as pretensões, as demandas e as expectativas de
direitos futuros, com os direitos já integrados na ordem jurídica positiva. O que acontece é
que essa precisão não fecha o problema (p.515-516).
O fundamento da lei natural permite, em minha opinião, superar certas aporias às quais as
teses positivistas são devotadas. Realizou a precisão que utilizo os termos "lei natural" e
"positivismo jurídico" em um sentido amplo e conjuntamente exaustivo das possíveis
respostas sobre este ponto. Uma das primeiras críticas avançadas a respeito do meu
fundamento de direito natural dos direitos humanos foi devido a Manuel Atienza. Sua
objeção centrou-se em um duplo nível: técnico, baseado na possibilidade de postular
fundamentos éticos dos direitos humanos fora do direito natural; e prático, motivado pelo
caráter reacionário que, de acordo com Atienza, informa certas versões da lei natural,
particularmente a lei tomista, contrariamente ao horizonte emancipatório dos direitos
humanos (p.516).
Javier Muguerza também entende que a base dos direitos humanos encontra um melhor
alcance de abordagem e solução do que qualquer abordagem de direito natural. Na sua
opinião, o fundamento dos direitos humanos implica o reconhecimento das demandas morais,
mas estas não precisam envolver a aceitação da lei natural. Além disso, os valores éticos em
que se baseiam os direitos humanos (liberdade, igualdade e dignidade humana) não são
patrimônio exclusivo da tradição da lei natural. O fundamento das liberdades é mais claro se
se partir do fato de que trata-se de responder a um requisito "simplesmente ético". Nos diz
Muguerza que a base dos direitos humanos consiste, em definitivo, ao dar razões para que
certas "demandas morais" sejam incorporadas na lei (p.516-517).
A minha resposta a esta crítica baseia-se em dois pontos: o primeiro refere-se às minhas
reservas sobre a adequação dos fundamentos individualistas de valores que informam o
conteúdo dos direitos humanos, porque entendi que essas teses correm o risco de levar à
anarquia de valores (para isso eu me referirei mais extenso infra). O segundo motivo para o
meu desacordo afeta a concepção estritamente ética dos direitos humanos. Desde a sua
análise, eu entendo que ignora o, para mim, componente legal inevitável desta categoria. Os
direitos humanos não são meras exigênciaséticas, mas as exigências que devem ser sujeitas a
positividade para tornar a lei digna de ser. Também negligencia sua dimensão política não
menos inevitável, na medida em que implicam o principal apoio legitimador dos Estados de
Direito. Os direitos humanos são, de fato, exigências morais, mas não são apenas isso; eles
também são direitos, na medida em que devem ser considerados ingredientes básicos dos
sistemas legais (p.517).
Muguerza está certa quando lembra que não é necessário ser naturalista para defender valores
como a liberdade ou a dignidade do homem, mas ele deve ter em mente que é necessário ser
uma lei natural para afirmar que esses valores devem ser reconhecido como direitos humanos
e diretrizes axiológicas que informam sobre o justo. Como contraponto, de uma certa maneira
paradoxal, dessas opiniões em que me acusam de pecar por excesso na minha reivindicação
de direito natural, de outras abordagens teóricas, eu fui processado por pecar por defeito na
intensidade da minha adesão à lei natural. Um exemplo desta segunda atitude são as reservas
apontadas pelo professor Pedro Lombardía, que avançou uma avaliação positiva do trabalho,
no qual o "evidente equilíbrio de sensibilidade, ambos para os problemas de fundação como
os mais imediatamente relacionados à técnica do Direito » (p.517).
As várias avaliações críticas analisadas até agora me levaram à tarefa de aprimorar o
significado da minha posição de direito natural na base dos direitos humanos. Para fazer isso,
vou tentar tornar explícita, em uma aproximação sucessiva, as implicações filosóficas,
jurídicas e políticas que eu acredito serem derivadas de teses de direito natural sobre as
liberdades. a) Os problemas filosóficos do hiato «a ser» / «deve ser», a fratura tradicional
entre a realidade jurídica e as exigências éticas. A lei natural tem historicamente representado
a categoria que serviu para explicar e justificar a interseção entre lei e moralidade. Por esse
motivo, os direitos naturais, o germe dos direitos humanos, representavam a projeção de
valores morais em situações jurídicas subjetivas. Se, de acordo com o positivismo estrito,
uma forte separação entre moral e lei é desenhada, os direitos humanos permanecem no
âmbito dos valores morais, e a lei está circunscrita ao domínio da coerção; b) Não menos
pertinente, penso eu, a base jurídica do nível jurídico, ou seja, a vocação jurídica dos direitos
humanos, penso que pode ser melhor focado e entendido com base em uma base jurídica
natural (p.518-519).
Também é importante distinguir uma lei natural ontológica, dogmática ou radical, que postula
uma ordem de valores resultante de um subjetivismo metafísico, a partir do qual pretende
derivar valores universalmente válidos e princípios materiais para qualquer direito digno de
ser assim; de uma lei natural deontológica. crítica ou moderada, que não anula a lei positiva
injusta, mas estabelece os critérios para verificar sua desvalorização e, portanto, para
fundamentar suas críticas e sua substituição por uma ordem legal justa. Essa abordagem tem
um impacto específico na minha concepção de direitos e foi ignorado por alguns de seus
críticos. Porque, da tese que defendo, é evidente que nem todo direito humano é um direito
fundamental, desde que não tenha sido reconhecido por uma ordem legal positiva; mas, em
sentido inverso, não é possível admitir um direito fundamental que não consiste na afirmação
de um direito humano. Os direitos fundamentais não são categorias normativas abertas a
qualquer conteúdo, mas concretizações necessárias de direitos humanos como instâncias
ideológicas anteriores e legitimação do Estado, que não pode inventar nem desconhecer
(p.520-521).
As tentativas históricas de oferecer uma alternativa positivista à concepção natural dos
direitos humanos conduzem, inevitavelmente, a comprometer sua operacionalidade política.
Basta pensar em quanto no século XIX a categoria de direitos públicos subjetivos, cunhada
pela Escola Alemã de Direito Público, como uma tentativa de substituir a idéia de direitos
naturais pelas liberdades dos cidadãos contra o poder do Estado. para status subjetivo que
depende da autolimitação do estado. Vale lembrar, como Alfred Verdross e Antonio Truyol e
Serra fizeram com precisão, que essa maneira de compreender os direitos tinha como
contrapartida o desafio ao caráter jurídico do direito internacional relegado à mera "vontade
dos Estados" e concebido mais como regras de ética ou cortesia entre nações (comitas
gentium) que, como verdadeira lei. Diante desse risco de aniquilação da garantia política
inerente aos direitos humanos, o principal mérito da função histórica do direito natural
consiste em ter contribuído para fomentar na sociedade o ideal de racionalidade. Ao ter
ensinado aos homens a viver na sociedade e no Estado de acordo com uma lei que não é
produto da força ou discrição, mas daquela faculdade que faz do homem um ser humano:
razão. Um motivo que, em circunstâncias diferentes, pode prescrever comportamentos
diversos, mas isso sempre supõe a necessidade de legitimar o poder no consentimento e na
participação popular, ao mesmo tempo em que orientará o governo emergiu da maioria no
respeito dos direitos humanos (p.522).
3. VOLTAR COM A SINCRONIZAÇÃO E DIÁCONO: SOBRE A HISTÓRICA DOS
DIREITOS HUMANOS
Devo esclarecer por que essa foi outra fonte de mal-entendidos contínuos em relação à minha
adesão à lei natural, que a razão pela qual eu atrativo é uma razão prática. Não se trata,
portanto, de fundar o critério de legitimidade em valores absolutos e intemporais capturados
pela lógica demonstrativa, mas de investigar as premissas axiológicas dos direitos humanos
do exame da realidade social, isto é, através de uma lógica argumentativa, senso comum e
experiência histórica. Os direitos humanos como categorias históricas, que só podem ser
pregados com significado em contextos temporariamente determinados, nascem com a
modernidade no ambiente iluminista que inspirou as revoluções burguesas do século XVIII.
Os direitos humanos nascem, como é sabido, com marcada marca individualista, como
liberdades individuais que constituem a primeira fase ou geração de direitos humanos. Esta
matriz ideológica individualista passará por um amplo processo de erosão e contestação nas
lutas sociais do século XIX (p.523).
Uma concepção geracional dos direitos humanos implica, em suma, reconhecer que o
catálogo de liberdades nunca será um trabalho terminado e acabado. As falhas de sua
dimensão utópica dos direitos humanos perderiam sua função legitimadora; mas, fora da
experiência e da história, perderiam seus próprios traços e humanidade. Não posso,
dependendo do que precede, venha até mim, para a alegada falta de sensibilidade histórica da
minha concepção de liberdades, para o extenso e atento Observações críticas formuladas peloprofessor Gregario Peces Barba. Devo advertir que atribuo à nossa antiga relação de amizade,
bem como ao nosso frutuoso debate e cooperação científica de muitos países, o que,
globalmente, valoriza meu livro qualifica-o como "o trabalho mais completo existente na
bibliografia espanhola sobre o assunto". Não parece sábio duvidar que os gostos e
preferências doutrinárias sejam infinitos. Para obedecer, basta argumentar que, se houver
aqueles que vejam sinais de tibieza na minha formulação histórica dos direitos humanos,
outros julgaram isso desproporcional. Devo esclarecer, imediatamente, para acalmar os
alarmes do professor Laporta, que a qualificação dos direitos humanos como categoria
histórica não tem nada a ver com base em um historicismo holístico no sentido de Popper. A
consciência histórica também nos permite evitar esse determinismo historicista que decorre
da "inevitabilidade da história" invocada por Laporta (p.524-526).
Eu não desejo negociar minha adesão, por adjetivo ou nuance de mais ou menos, às
advertências relevantes de Laporta sobre a inevitabilidade da argumentação racional para
fundamentar os direitos humanos e sua posterior denúncia de certas falácias historicistas.
Minhas observações quiseram destacar a possibilidade de combinar razão e história na base
das liberdades. Porque o presente não está exausto no datário efêmero do presente; Ele se
baseia na espessura do passado e implica a antecipação do futuro. Pode-se afirmar que a
história é como a confusão da razão, que permite que a racionalidade se desenvolva com
maior intensidade de julgamento e maior extensão de perspectiva (p.526).
4. A RECLAMAÇÃO SOBRE OS VALORES: AS BOAS RAZÕES DA
INTERSUBJEÇÃO AXIOLÓGICA
Conceber o conteúdo dos direitos humanos em termos axiológicos exige responder a uma
dupla questão: assumir uma posição para uma certa concepção de valores, já que mesmo
aqueles que aceitam sua existência e a possibilidade de seu conhecimento (cognitivismo) não
concordam em explicar sua natureza e alcance; e isso nos obriga a especificar quais valores
são aqueles diretamente relacionados aos direitos humanos e como eles vão ser entendidos.
Não fazê-lo, ou insuficiente, me opôs que eu poderia incorrer em um dos defeitos que
denunciei ao criticar as definições "teleológicas" dos direitos humanos; isto é, aqueles que
evitam abordar o significado da expressão para se referir sucessivamente a valores de
conteúdo impreciso (p.527).
a) Em relação ao anterior, tentei evitar os extremos de Scylla e Charybdis que representam as
versões radicais do objetivismo axiológico e do subjetivismo. Eu acredito que os valores que
informam o conteúdo dos direitos humanos não podem ser concebidos como um sistema
estático e estático de princípios absolutos, localizado em uma esfera ideal que seja anterior e
independente da experiência, como reivindicações de objetivação; mas tampouco podem ser
reduzidos ao plano dos desejos ou dos interesses dos indivíduos, como defendido pelo
subjetivismo. Minha posição tentou ser uma mediação crítica entre duas teses ligadas ao
desenvolvimento do marxismo contemporâneo de signo inequívoco anti dogmático e
humanista: a teoria consensual da verdade elaborada pelo último dos teóricos da Escola de
Frankfurt, Jürgen Habermas; e a filosofia das necessidades radicais defendidas pela Escola de
Budapeste e, de forma especial, por Agnes Heller (p.527).
Minha abordagem inicial para a fundação dos direitos humanos usou a teoria das
necessidades descrita pela Escola de Budapeste e, basicamente, por Agnes Heller.
Pareceu-me que suas teses poderiam servir de correção para o caráter excessivamente
abstrato e sofisticado da teoria consensual dos valores borada pela Escola de Frankfurt e. em
particular, por Habermas. Nos dez anos seguintes, a teoria habermasiana parece ter assumido
um apetite progressivo para a "facticidade": enquanto o pensamento de Heller tem abjurar as
referências antropológicas concretas que informaram sua concepção pura das necessidades
radicais, aumentam seu aspecto especulativo. Em suma, acredito que os últimos
desenvolvimentos do pensamento habermasiano têm o mérito de se esforçar para dotar a
"legitimidade" dos critérios de legitimação da Lei e dos fundamentos dos direitos humanos.
Habermas tenta oferecer um substrato empírico para sua "situação ideal do discurso", baseada
em processos argumentativos e consensuais de razão comunicativa. No entanto, esse esforço
teórico agora entra em conflito com novas armadilhas, como a dificuldade de discernir nos
postulados de Habermas os planos do contrafactual e normativo, em relação ao real e
empírico das sociedades históricas. Na sua argumentação, os planos do ser e do ser devem ser
continuamente confundidos e confundidos em relação ao mundo do Direito e dos direitos
nesta extensa e, além disso, reflexão estimulante (p.529- 532).
Em uma ampla e detalhada análise publicada por ocasião do aparecimento do meu texto
Direitos Humanos, Estado de Direito e Constituição, o professor Joaquín Herrera Flores
aludiu a esse esforço para conectar a teoria dos direitos humanos com seus quadros históricos
e políticos de referência como uma das características mais positivas e distintivas do trabalho.
Ao mesmo tempo, ressaltei, em termos que considero esclarecedores, o meu propósito
doutrinário de estabelecer o nexo necessário entre as liberdades individuais e os direitos
sociais. "Esta continuidade nas palavras de Herrera - é destacada no modelo da sociedade e
do Estado que configura a nossa Constituição, uma vez que aparece como um valor
fundamental de todo o sistema jurídico, incluindo a norma constitucional, o desenvolvimento
livre e total da personalidade, que exige uma visão abrangente de todos os momentos
particulares que interagem no ethos social » (p.536).
b) Uma vez que a concepção axiológica dos direitos humanos tenha sido explicitada para o
qual aderir, depende de mim especificar o que são e o que valores que o informam. O ponto
de partida obrigatório desta consideração é uma figura na tese comumente aceita de que os
direitos humanos são especificações históricas e projeções subjetivas de valor jurídico e
político tudo abrangente e fundamental: justicia. De certa forma, foi Kant quem, para
especificar o objeto tradicional da justiça como aquele com o qual a pessoa está tão
inextricavelmente ligada que qualquer uso que outro poderia fazê-lo sem o seu consentimento
causaria uma lesão, implicitamente estabelecido a derivação dos direitos da justiça. Os
direitos humanos consistem, precisamente, em faculdades inerentes à própria natureza do
homem e, portanto, inalienáveis pelos seus titulares e imprescritíveis, cuja violação é uma
agressão direta à própria personalidade humana. Daí o seu caráter inviolável para omnes e,
especialmente, para aqueles que exercem o poder (p.537).
A condição axiológicados direitos humanos não está esgotada em sua dependência do
conceito geral de justiça, prolonga-se na determinação do seu conteúdo vinculado aos valores
da dignidade, da liberdade e da igualdade. Não é por acaso que esses valores foram aqueles
aos quais historicamente mais assiduidade tem sido usada para definir a própria justiça. É
verdade que tem havido uma certa tendência reducionista visando identificar os direitos
humanos com cada um desses valores, de acordo com os tempos e as premissas ideológicas a
partir das quais o conceito e fundamento dos direitos humanos foi levantado (p.537).
5. UM COMPROMISSO PERMANENTE: DIREITOS HUMANOS SOB O SINAL DE
INTERDEPENDÊNCIA
Discutir os julgamentos de outros sobre o próprio pensamento e revisar idéias expostas ao
longo dos anos não é uma tarefa fácil. O mesmo ao tentar atender e responder às críticas, que
retornar aos nossos próprios textos é um trabalho seletivo. Esta avaliação é alimentada,
conscientemente ou inconscientemente, de preferências temáticas e problemáticas; isto é,
impõe uma certa configuração qualitativa. Basta mostrar a dificuldade que a empresa aqui
ensaiou, bem como minhas conseqüentes dúvidas sobre suas conquistas e operabilidade. Não
me esconde que minha concepção dos direitos humanos não está circunscrita a este livro, mas
é o resultado da soma e contraste do conjunto de minhas publicações. É por isso que as
referências a essas outras obras foram inevitáveis; e assim as remissões para os estímulos
doutrinários vernáculas e estrangeiras mais presentes no meu trabalho. As páginas de Direitos
Humanos, Estado de Direito e Constituição mostram o selo da cultura legal-filosófica
italiana, especialmente o pensamento de Norberto Bobbio (p. 540-541).
"Todos sabemos a relevância que a filosofia jurídica espanhola atualmente possui a teoria dos
direitos fundamentais como um substrato material da teoria dos valores legais e, em última
instância, a velha idéia da lei natural. No âmbito desta tendência geral, o professor Pérez
Luño contribuiu poderosamente com um esforço contínuo para lançar as bases desta
especialidade jurídica, além de compensar, em seus excelentes direitos humanos, Estado de
Direito e Constituição, as diretrizes de pesquisas futuras que um grupo de discípulos está
envolvido no desenvolvimento”. Conhecendo a falta de objetividade dessas afirmações, eles
têm para mim o estímulo íntimo do carinho que denunciam. Consciente, portanto, de sua
inaptidão para descrever meu trabalho atual, eu os assumo como um ideal do meu trabalho
amado (p.543).