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Trabalho em equipe: um instrumento básico para o cuidar 
 Etimologicamente, a palavra equipe viria do francês antigo esquif, que designava uma vila de barcos amarrados uns aos outros e puxados por homens ou cavalos, enquanto não chegava a época dos rebocadores. Seja por causa dos barqueiros puxando a mesma corda ou a imagem dos barcos amarrados juntos, falou-se um dia em equipe ou trabalhadores. Há nessa palavra um vínculo, um objetivo comum, uma organização, um resultado a ser alcançado. (LAFOND apud MUCCHIELLI, 1980)
 Antigamente, o trabalho em equipe era conceituado como a organização para se trabalhar em conjunto no alcance das metas comuns. A valorização da eficiência deste trabalho era dada segundo o alcance, ou não, de seus objetivos. Assim, cada pessoa de um grupo era vista como algo estanque, alguém que contribuía no resultado final. Relacionado a isso, o professor AMARU, diz em seu livro, Gerência do trabalho em Equipe: "houve um tempo em que a administração não precisava se importar muito com o que pensavam seus subordinados. Era simples, bastavam mantê-los agrilhoados, supervisionados por um capataz competente no uso do látego, e pronto, eles seriam produtivos, fossem quais fossem seus sentimentos". 
 Foi a partir de 1950, nos EUA, que a proposta do ‘trabalho em equipe’ surge na área da Enfermagem, visando não só o alcance de seus objetivos, mas, também, como meio de satisfazer as necessidades das pessoas que compõem grupo. Isso ocorreu através de experiências realizadas no Teacher´s College da Universidade de Columbia. (MATHEUS, M.C.C; 1995)
 Percebe-se que hoje, tão importante quanto à realização das tarefas por um grupo é a satisfação que estas pessoas sentem ao trabalhar em equipe. Em qualquer organização, se não existir trabalho em equipe as pessoas tendem a ir cada uma para o seu lado, a executar simplesmente a tarefa, o que muito pouco contribuirá para sua satisfação pessoal e para a eficiência da assistência prestada. Assim, o trabalho em equipe transforma-se de um método para uma filosofia de trabalho. Trabalhar em equipe deixou de ser o meio para alcançar um fim e passou a ser um comportamento e um valor vividos por cada membro. (MATHEUS, M.C.C; 1995)
 Em consequência, o trabalho em equipe não é uma atividade automática ou consequência natural de capacidade técnica ou profissional; é, antes de tudo, uma qualidade a ser desenvolvida como propriedade coletiva. 
 Tendo em vista tais afirmações, é imprescindível que o trabalho da equipe de enfermagem seja compreendido em todos os seus aspectos, quer sejam econômicos, culturais e sociais, sendo de fundamental importância o entendimento de questões que envolvam a produção social da subjetividade, da saúde física e da saúde mental das pessoas. (Trevisan MJ, Robazzi MLCC,  Garanhani ML; 2010)
 
 Dessa maneira, podemos supor que uma equipe é definida quando a organização, interação, motivação e a cooperação estão simultaneamente presentes, sendo que a organização e a interação são aqueles comportamentos dirigidos a execução das tarefas e, a motivação e a cooperação como os dirigidos a manutenção das relações pessoais. (HORTA, W. de A)
 A organização implica na existência de papéis definidos, de divisão do trabalho que convirjam para uma causa comum. A definição de papéis entre os membros de um grupo ajuda as pessoas a se situarem no contexto de um grupo. Tão necessário quanto o esclarecimento de seu papel no grupo é o conhecimento e a percepção do papel de cada membro, pois só assim a pessoa compreenderá a importância e a responsabilidade de cada um. Em outras palavras, o papel de cada membro do grupo, bem como a parte de trabalho que cabe a cada um devem ser visualizados sempre sob o prisma do objetivo a ser alcançado.
 
 A interação significa que cada membro partilhe conhecimentos, converse e troque ideias do que fazem e até de seus sentimentos. 
 Segundo CIANCIARULLO “a interação pode ser ainda a essência da vida social’’. E é a partir da interação que o grupo se organiza, se motiva e se percebe como grupo. Entretanto, para que haja interação, é imprescindível estabelecer a comunicação. Percebemos, que certos membros do grupo podem comunicar-se melhor com certas pessoas do que com outras, o que revela uma tendência para a desintegração da equipe, podendo ocorrer a desorganização e a desmotivação. O sistema de comunicação do grupo deve fluir de modo a permitir que todos os membros interajam entre si. 
 
 CIANCIARULLO afirma: “a cooperação é a atuação de dois ou mais indivíduos, em conjunto, para alcançar um objetivo comum, combinando suas atividades de maneira organizada”. Tendo em vista essa informação, presumimos que uma das principais funções dos membros da equipe é a de transmitir, sem restrições ou alterações, todas as informações de que dispõem para contribuir com a prestação de uma assistência satisfatória. 
 Percebe-se, assim, que para que exista trabalho em equipe, é necessário um equilíbrio entre os comportamentos que as pessoas devem desenvolver. Mas, o importante é que os indivíduos sintam que trabalhar em equipe é melhor do que trabalhar sozinhas e percebam que todos os membros contribuem com algo para o grupo, sendo indispensáveis tanto na realização das tarefas, como nas relações pessoais. Sendo, portanto, imprescindível desenvolver-se e estimular e encorajar os membros da equipe dentro daqueles aspectos relativos às relações pessoais, alcançando o efetivo desempenho da equipe de enfermagem. 
 
REFERÊNCIAS
CIANCIARULLO, T.I. Instrumentos Básicos Para o Cuidar: Um Desafio Para a
Qualidade de Assistência. 1 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2003. p 75-98
AMARU, A. C. Gerência de trabalho em equipe. São Paulo, Pioneira, 1986.
HORTA, W. de A. et al. O ensino dos instrumentos básicos de enfermagem. Rev. Esc. Enf. USP. v.4, n. 1/2, 1970.
MATHEUS, M.C.C. O trabalho em equipe: um instrumento básico e um desafio para a enfermagem. Rev.Esc.Enf.USP, v.29, n. 1, p.13-25, abr. 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v29n1/0080-6234-reeusp-29-1-013.pdf>. Acesso em: 20 março 2017
MARTINS, J.T; ROBAZZI, M.C.C ; BOBROFF, M.C.C. Prazer e sofrimento no trabalho da equipe de enfermagem: reflexão à luz da psicodinâmica Dejouriana. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v.44, n.4, p.1107-1111, 2010. Disponível em: <http://producao.usp.br/handle/BDPI/3586> Acesso em: 25 março 2017

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