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Empreendedorismo feminino: estudo de caso das características e especificidades das mulheres empreendedoras mineiras da cidade de Iturama-MG Jusceni de Fatima Aparecida Queiroz (Faculdade Aldete Maria Alves) japarecida@fazenda.ms.gov.br Diego Neves Ribeiro (Faculdade Aldete Maria Alves) lgp350diego@gmail.com Danilo Aparecido Alves (UFMS/CPAR) alvesedanilo@gmail.com Resumo: Os padrões culturais a respeito das mulheres e sua presença na sociedade merecem destaque, uma vez que as mesmas deixaram de ser simplesmente do lar e passaram a ocupar cargos e funções dos mais simples aos mais complexos no mercado de trabalho. As mulheres cada vez mais assumem o papel de empreendedoras, gerando emprego e renda, revelando que a multiplicidade de papéis desempenhados no ambiente familiar e profissional são desafios que estão sendo vencidos com garra, coragem e determinação. O presente trabalho tem como objetivo analisar as características e especificidades das mulheres empreendedoras mineiras do município de Iturama-MG, embasando a pesquisa com a teoria. A pesquisa classifica-se como descritiva, com abordagem qualitativa e estudo de caso. Para coletar os dados, foram feitas quatro entrevistas abertas com empreendedoras do município de Iturama-MG. Os dados foram tratados através do método de análise de conteúdo. Com a pesquisa pode-se concluir que das diferentes características que as empreendedoras entrevistadas possuem, existem certas características em comum como realização pessoal, perseverança, criatividade, otimismo, percepção de negócios e ousadia para alcançar suas metas e superar as dificuldades. Percebe-se também que são mulheres determinadas e na forma de cada uma se relatar nota-se o espírito empreendedor e criativo. Elas tiveram como ponto de partida o conhecimento, visão de mercado e habilidades que os fizeram empreendedoras. Profissão as quais se dedicam com paixão e que lhes possibilitam criar e afirmar seus próprios valores. Palavras chave: Empreendedorismo, Gestão, Características empreendedoras. Entrepreneurial women: case study of features and specifications of women entrepreneurs of mining Iturama-MG city Abstract Cultural standards about women and their presence in society are worth mentioning, since they are no longer just home and began to occupy positions and functions of the simplest to the most complex in the labor market. Women increasingly take on the role of entrepreneurs, generating jobs and income, showing that the multiplicity of roles played in the family and work environment are challenges being overcome with vigor, courage and determination. This study aims to analyze the characteristics and specificities of mining women entrepreneurs in the city of Iturama-MG, basing research on the theory. The research is classified as descriptive, with a qualitative approach and case study. To collect the data, we made four open interviews with entrepreneurs in the city of Iturama-MG. The data were analyzed through content analysis method. With the research can be concluded that the different characteristics that the interviewed entrepreneurs have, there are certain features in common as personal achievement, perseverance, creativity, optimism, business insight and courage to achieve their goals and overcome difficulties. It is also notice that women are determined and as each report to note is the entrepreneurial spirit and creative. They had as a starting point the knowledge, market insight and skills that made them entrepreneurs. Profession which are dedicated with passion and that enable them to create and affirm their own values. Key-words: Entrepreneurship, Management, entrepreneurial characteristics. 1 Introdução É perceptível uma maior participação da presença feminina no mercado de trabalho brasileiro. As mulheres estão se tornando empreendedoras, abrindo seu próprio negócio e assumindo cada vez mais cargos de liderança nas organizações. De acordo com a pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor - GEM, as mulheres são mais de 50% da população brasileira e chefiam 1/3 das famílias. Representam 52% dos empreendedores do país, atuando em diversos setores e atividades (GEM, 2007). Segundo Hisrich e Peters (2004), com o aumento do número de mulheres trabalhando fora criou se um interesse em verificar se mulheres trabalhadoras, administradoras e empreendedoras são diferentes dos seus colegas do sexo masculino. Apesar de algumas características de histórico e de personalidade serem muito semelhantes, há diferenças notáveis entre os sexos em termos de motivação, ponto de partida e habilidades para negócios. Stolcke (1980), afirma que as mulheres, de modo geral, têm uma tendência para lidar com a multiplicidade de papéis desempenhados no ambiente familiar e profissional, além da habilidade para encontrar soluções criativas para as situações imprevistas, mesmo com a sobrecarga de atividade em família. O empreendedorismo feminino e as razões que levam o ato de empreender são assuntos de diversos pesquisadores na área de administração. Diante do crescimento intensificado das mulheres empreendedoras no Brasil, a pesquisa buscou investigar as características e especificidades das mulheres empreendedora mineiras da cidade de Iturama-MG. 2 Referencial Teórico 2.1 Empreendedorismo versus tipos de empreendedorismo De acordo com Dornelas (2005), o movimento do empreendedorismo no Brasil se deu na década de 90 devido a criação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e a Sociedade Brasileira para Exportação de Software. O empreendedor, conforme Marcondes e Bernardes (2000, p. 20), “é toda pessoa que identifica necessidades de clientes potenciais e com uma oportunidade de negócio para satisfazê-las, cria uma empresa”. Ainda, segundo o autor, poderá ser um empreendedor o desempregado que se torna camelô, o dentista que abre um consultório, o técnico que cria uma fábrica ou o insatisfeito com o emprego que se demite e abre seu próprio negócio. Segundo Filion (2000), o empreendedor é uma pessoa que empenha toda sua energia na inovação e no crescimento, manifestando-se de duas maneiras: criando empresas ou desenvolvendo alguma coisa completamente nova em uma empresa pré-existente. De acordo com Dornelas (2005), existem vários tipos de empreendedores: O empreendedor Nato, o empreendedor que aprende, o empreendedor serial, o empreendedor corporativo, o empreendedor social, o empreendedor por necessidade e o empreendedor herdeiro. O autor, ainda afirma, que o momento atual pode ser chamado de era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade. 2.2 Empreendedorismo feminino O crescimento do empreendedorismo feminino tem funcionado como ferramenta de equiparação de direitos entre os sexos, na medida em que, ao galgarem posições cada vez mais relevantes no mundo dos negócios, elas passam a reivindicar seu reconhecimento como personagens participantes do crescimento econômico. A concretização desta possibilidade, considerando o cenário econômico brasileiro para os próximos anos, representaria mais do que uma perspectiva particularmente otimista, mas um acontecimento necessário. Tem-se como pressuposição, que as mulheres atuantes nesse setor reconhecem no empreendimento a opção de vida mais promissora, no que diz respeito à busca por realização pessoal e crescimento profissional (MARTINS, et al., 2010). SegundoFranco (2014), a multiplicidade de papéis desempenhados no ambiente familiar e profissional são desafios que estão sendo vencidos com garra, coragem e determinação. O empreendedorismo feminino vem crescendo, principalmente no setor de serviços, onde as mulheres assumem o papel de empreendedoras, gerando emprego e renda. Jonathan (2005) afirma a importância das empresas criadas e lideradas por mulheres, além de ser uma alternativa de inclusão e permanência no mercado. O ambiente das micro e pequenas empresas geram empregos e promovem riqueza e inovação, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do país. 2.3 Empreendedorismo por necessidade e por oportunidade Natividade (2009), afirma que entre as duas principais razões que motivam os indivíduos a empreenderem, identificam-se aqueles que o fazem por oportunidade, quando o empreendedor identifica uma boa oportunidade de negócios e se sente motivado a entrar no mercado com essa perspectiva; e as pessoas que encaram o empreendedorismo como uma alternativa, quando a abertura do negócio próprio passa a ser uma necessidade para a própria sobrevivência. Segundo Lezana e Tonelli (1998), são as necessidades que iniciam o processo de aprendizado contínuo, tornando o ser humano capaz e hábil para trilhar os caminhos que a vida lhes oportuniza. O processo empreendedor é uma sequência de passos a partir da existência de uma oportunidade. O empreendedor, por conta de suas características e habilidades pessoais, e de como ele atua no ambiente, decide pela exploração da oportunidade. Parte em busca dos recursos necessários, após o qual estabelece a sua estratégia empreendedora, organiza o processo e o coloca em ação (SHANE, 2003). 3 Metodologia Para a coleta de dados, foram utilizadas: as técnicas de entrevista, da observação direta e análise de conteúdo. Lakatos e Marconi (1993, p. 196-201) ressaltam que na entrevista a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde. A pesquisa utilizada neste estudo é do tipo exploratória, bibliográfica e descritiva. A pesquisa exploratória segundo Gil (2008) tem como objetivo fazer com que o pesquisador tenha uma proximidade com um assunto a ser explorado; constitui o primeiro estágio de toda pesquisa científica, proporcionando uma maior identificação do pesquisador com problema, na qual se faz necessária a pesquisa bibliográfica ou entrevista do estudo de caso. A mesma tem como finalidade a obtenção de informações das entrevistadas, sobre as características e especificidades das mulheres empreendedoras mineiras. O procedimento técnico adotado para este trabalho foi o estudo de caso, tendo quatro unidades-caso. Segundo o Yin (2010), o estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinar acontecimentos contemporâneos, consistindo em uma investigação empírica que analisa determinado fenômeno em seu contexto de vida real. Para a coleta de dados foi estabelecida uma amostra não probabilística por acessibilidade, na qual o pesquisador seleciona elementos a que tem acesso admitindo que esses representem o universo da pesquisa (GIL, 2008). Portanto, compuseram a amostra desse trabalho 4 (quatro) empreendedoras individuais das áreas, as quais desenvolvem suas atividades profissionais no município de Iturama, localizada no Estado de Minas Gerais. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, com 07 (sete) questões abertas, baseado nas categorias: perfil, oportunidades, momentos críticos, pontos positivos e negativos, características pessoais, multiplicidade de papeis e empreendedorismo. 4 Análise e Resultados Neste item será apresentada a descrição dos casos e em seguida a análise comparativa dos casos e a relação com a teoria. 4.1 Perfil das empreendedoras e de suas respectivas empresas É apresentado a seguir o perfil das empreendedoras e de seus empreendimentos: Empreendedora A: (prestação de serviço no segmento de hotelaria), o empreendimento existe há 18 anos e possui 12 funcionários. A empreendedora tem 51 anos de idade, casada, mãe de dois filhos, não possui formação superior; Empreendedora B: (prestação de serviço no segmento de educação), o empreendimento existe há 29 anos e possui 09 funcionários. A empreendedora tem 52 anos de idade, casada, mãe de dois filhos, possui formação superior em letras; Empreendedora C: (Comercio e prestação de serviço no segmento de produtos veterinários para pequenos animais e pet shop), o empreendimento existe há 29 anos e possui 10 colaboradores. A empreendedora tem 53 anos de idade, casada, mãe de dois filhos, possui graduação em zootecnia; Empreendedora D: (prestação de serviços no segmento de escritório de contabilidade), o empreendimento existe a 09 anos e possui 07 colaboradores. A empreendedora tem 38 anos de idade, casada, mães de dois filhos. Possui graduação em ciências contábeis. Em relação ao perfil das empreendedoras entrevistadas, nota-se que todas atuam no ramo de prestação de serviços, somente uma comercializa produtos veterinários, a variação de idade entre vai de 29 a 53 anos, todas são casadas e possuem filhos. Das empreendedoras entrevistadas, três possuem formação superior, somente a empreendedora A não tem formação acadêmica. Percebe-se que a empresa B e a empresa C estão a mais tempo no mercado, e em relação a quantidade de funcionários vão de 07 a 12 colaboradores. 4.2 Fatores que influenciaram a se tornarem empreendedoras Diante do questionamento relatam-se os principais fatores que influenciaram as entrevistadas a se tornarem-se empreendedoras. Empreendedora A: “Foi o anseio. Projeto de se tornar comerciante”; Empreendedora B: “Ao terminar o curso de graduação em Letras (Português e Inglês) em 1986, comecei a trabalhar como professora em escolas públicas e técnicas da cidade, mas logo percebi que era uma profissão muito estressante e mal remunerada, então comecei a pesquisar outras formas de trabalho”; Empreendedora C: “Acredito que tenha parte hereditária, pois sou de origem oriental, mas surgiu um sonho a conquistar, de atitudes e uma persistência incansável, repleta de altos e baixos e uma vontade interior imensa de recomeçar se for preciso, pelo simples fato de preferir errar do que não fazer nada e esperar deus mandar”; Empreendedora D: “Depois que me formei, senti a necessidade de crescer profissionalmente, foram surgindo oportunidades e acreditei tomando iniciativa”. Observa-se que todas tiveram motivos diferentes, porém, notam-se nas respostas obtidas que os fatores, que mais influenciaram as entrevistadas se tornarem empreendedoras, estão relacionados com fatores pessoais, como: determinação, fazer o que gosta, realização dos sonhos e colocar em prática suas ideias. De acordo com Jonathan (2005) a maior satisfação das empreendedoras se deve ao ambiente do negócio próprio, que lhes proporciona reconhecimento e realizações. Além de possibilitar o desenvolvimento de novas ideias e competências, e esta adequação é influenciada positivamente pelo alto grau de autonomia e liberdade de decisões envolvidas na atividade de trabalho de mulheres que escolheram criar e conduzir os seus próprios negócios. 4.3 Momentos mais críticos no início do negócio Empreender no Brasil é uma tarefa que, normalmente exige muito esforço e dedicação. Nesse contexto, se por um lado o sucesso do negócio depende dos conhecimentos e das habilidades do administrador, por outro, depende das condições do mercado e das facilidades que o governo oferece. Nessa parte objetiva-se verificar os momentos mais críticos que cada uma delas vivenciaram ou vivenciam. EmpreendedoraA: “Nessa atividade, os momentos mais críticos do negócio é a dependência de mão de obra com qualidade”; Empreendedora B: “O curso de idiomas foi aberto em 1987, com 42 alunos, no início não foi fácil aumentar esse número de alunos, principalmente porque eles iam estudar em cidades maiores ainda muito jovens e porque a tradição da cidade era bem mais rural do que acadêmica. Somente com a vinda das primeiras escolas particulares e depois a criação da Faculdade FAMA e por último a implantação da UFTM foi possível e é possível manter um quadro de mais ou menos 400 alunos entre crianças, jovens e adultos”; Empreendedora C: “Realmente o início foi muito crítico, um exercício de paciência. Até ser reconhecido pelo seu profissionalismo e ética, leva um bom tempo, e com certeza teria sido bem melhor se tivéssemos um profissional na área de administração que acredito ser indispensável em qualquer setor de uma empresa. Depois são fases normais de ganhos e perdas, como tudo na vida e atualmente a crise política e econômica afeta todas as áreas. Vamos surfando até dar em terra firme”; Empreendedora D: “Existiram vários momentos críticos, a conquista do mercado de trabalho forma um dos mais difíceis, conquistar a confiança, e nos dias atuais é convencer os clientes de que nesse momento de crise não podemos recuar é preciso avançar com cautela e seriedade”. Algumas das entrevistadas relatam que o momento mais crítico foi vivenciado no início do negócio, problemas como conquistar a confiança do cliente, reconhecimento profissional, formação de equipe, investimentos, etc. Algumas consideram que o momento mais crítico está sendo vivenciado no período atual, devido à crise financeira que o Brasil está passando, e com isso, usam a criatividade para superar esse momento. Segundo o GEM (2014), as maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras são as financeiras, falta de capital de giro e crises financeiras nacionais são problemas no dia a dia. Devido à capacidade de criatividade e persistência as empreendedoras conseguem uma saída mostrando mais uma vez, que possuem muita garra e determinação para enfrentar as dificuldades do mercado diariamente. 4.4 Pontos positivos e negativos de ser uma empreendedora No decorrer da entrevista observa-se as vantagens e também as desvantagens de empreender, tanto em relação a vida pessoal quanto na vida profissional. O objetivo desse item é descobrir o que elas consideram pontos negativos e positivos. Empreendedora A: “Os pontos negativos é que convivemos com uma política econômica instável e de certa forma avassaladora e por outro lado, os pontos positivos são quando se vislumbra oportunidades de crescimento, comprometimento com a sociedade e geração de empregos”; Empreendedora B: “Entre pontos negativos acredito que seja a dificuldade entre conciliar vida pessoal e profissional, pois nem sempre é fácil deixar um filho doente ou precisando da sua ajuda para alguma atividade escolar. Mas ao mesmo tempo esse dilema e a vontade de fazer valer a pena, tanto o tempo de estar com a família quanto o tempo dedicado à Empresa foi a grande motivação para a realização pessoal e profissional. Já os pontos positivos são vários, desde a convivência com pessoas que nos ensinaram muito, até as ações e parcerias no sentido de consolidar e fortalecer o nome da Empresa”; Empreendedora C: “Pontos negativos para mim, é mais pessoal, uma inquietude de sempre estar pensando, pesquisando, observando para melhorar o que tem ou inovar. Não me acostumo com a mesmice e às vezes me entristeço quando o resultado não é o esperado. Por outro lado existe uma felicidade da conquista, de conquistar um espaço maior, criar oportunidades para outras pessoas, porque ninguém faz nada sozinho, temos que contar com a equipe. Um sonho que se transformou em realidade”; Empreendedora D: “Os pontos negativos são os riscos, e os pontos positivos é poder realizar sonhos, a satisfação da independência financeira e poder através do meu empreendimento beneficiar outras pessoas a realizar outros sonhos”. Empreender não é considerado uma missão fácil, observa a existência de problemas enfrentados não só pelas mulheres empreendedoras, mas por todos os brasileiros, sejam eles empresários ou não, os quais são considerados por elas como pontos negativos, são os riscos, economia instável, conciliar tempo, inovação, entre outros. Schlemm (2007) enfatiza duas questões apontadas como dificuldades enfrentadas pelas mulheres: as barreiras impostas pela discriminação e os empecilhos associados à dupla/tripla jornada. Afirma que os altos custos e a burocracia para regulamentar e formalizar um empreendimento; as dificuldades para acessar crédito e serviços financeiros; os altos impostos são os maiores obstáculos para se empreender no Brasil. 4.5 Características pessoais As mulheres possuem características naturais, as quais fazem com que se tornem empreendedoras de sucesso. Essa questão busca a opinião das entrevistadas a fim de identificar suas características pessoais. Empreendedora A: “Capacidade de persuasão, otimismo e tranquilidade”; Empreendedora B: “Otimismo. Em geral acredito nas pessoas, na evolução e desenvolvimento do ser humano e isto passando impreterivelmente pela educação. Não vejo outra forma de mobilidade social ou progresso que não seja através da educação”; Empreendedora C: “curiosa, positiva, ansiosa, comunicativa”; Empreendedora D: “Persistência, pensamento positivo sempre, acreditar nos meus ideais e o mais importante ter gratidão por tudo que tenho e conquisto todos os dias. Segundo Machado, Barros e Palhano (2003) a mulher empreendedora combina características masculinas (iniciativa, coragem, determinação) com características femininas (cooperação, intuição e sensibilidade). As características das mulheres fazem toda a diferença e colaboram para que se tornam empreendedoras de Sucesso 4.6 Multiplicidade de papéis Importa, compreender de que forma as mulheres lidam com a multiplicidade de papéis além de quais estratégias utilizam para articular demandas vinculadas ao exercício de diferentes papéis. Empreendedora A: “Procuro conciliar o tempo, isto é, administrando-o de tal forma que nunca venha perder o foco entre prioridade e necessidade”; Empreendedora B: “Valorizando o tempo de dedicação a cada um deles. Vivo intensamente os momentos que estou com minha família e me orgulho muito de ser uma representante de mulheres da minha geração que conseguiram conciliar realização profissional, pessoal e todos os outros papéis que a mulher exerce na sociedade”; Empreendedora C: “Sou realista, não se consegue fazer as duas partes. No meu caso eu sacrifiquei minha família. Por mais que me desdobrasse e junto vem a cobrança interna muito grande. Graças a Deus sempre tive colaboradores que me apoiaram nessa caminhada. Hoje acredito que não fui tão falha, assim consegui transmitir valores como humildade e ética”; Empreendedora D: “Minha prioridade sempre foi minha família, sempre priorizei o equilíbrio, por isso existem momentos que são só deles. Com dedicação e equilíbrio e mente serena tudo da certo, cada coisa a seu tempo”. Jablonski e Féres-Carneiro (1996) e Rocha-Coutinho (2003) para eles a multiplicidade de papéis tende a ser considerada uma característica do universo feminino, levando ao reconhecimento de um talento nas mulheres para fazer e pensar várias coisas simultaneamente. Nota-se que não é uma tarefa fácil para nenhuma delas ter que lidar com a multiplicidade de papéis. Algumas lidam facilmente com essa multiplicidade, outras já admitem ser um grande desafio que precisa serenfrentado dia após dia. 4.7 Entendimento sobre empreender A sétima e última pergunta, procurou-se indagar as entrevistadas, com a seguinte pergunta: “o que é empreender para você?”. E com isso, obteve-se as seguintes respostas: Empreendedora A: “Empreender é ser otimista, nunca desanimar, realização pessoal, social e profissional”; Empreendedora B: “Empreender é tornar projetos e sonhos em realidade”; Empreendedora C: “Empreender é estar sempre buscando aperfeiçoamento, melhorando, mesmo que seja algo muito simples”; Empreendedora D: “Empreender é acreditar em um sonho, ter iniciativa e alcançar objetivos. É ver oportunidades onde outros não enxergam, empreender é investir no seu ideal, é ser persistente e convicto de que o que se propõe a fazer será um sucesso”. Cada empreendedora tem o seu entendimento sobre “o que é empreender”. Mas resume-se que empreender para elas é acreditar na sua própria capacidade, ser otimista, não desanimar, aperfeiçoar, ter iniciativa, investir, persistência, convicção, expor o seu talento profissional, e por fim, realizar sonhos. Percebe-se que as respostas estão condizentes com o que diz o autor Chiavenato (2007) empreender e ser uma pessoa com a necessidade de realização, ter a disposição para assumir riscos, possuir autoconfiança, ter vontade de trabalhar duro, ter habilidade de comunicação, conhecer maneiras de organizar o trabalho, ter orgulho daquilo que faz, manter boas relações interpessoais, assumir responsabilidades e enfrentar os desafios. 5 Conclusão Esta pesquisa teve como finalidade mostrar as características e especificidades das mulheres empreendedoras mineiras na cidade de Iturama-MG. Ao mesmo tempo busca se definir e conceituar o empreendedorismo feminino. Ao decorrer da pesquisa percebe-se que a multiplicidade de papéis tende a ser considerada uma característica do universo feminino, levando ao reconhecimento de um talento nas mulheres para fazer e pensar várias coisas simultaneamente. As mulheres, de modo geral, têm a tendência de desempenhar múltiplas funções no ambiente familiar e profissional, além da habilidade para encontrar soluções criativas para as situações imprevistas, mesmo com a sobrecarga de atividade em família. Durante as entrevistas observa-se que empreender não é considerado uma missão fácil, observa a existência de problemas enfrentados não só pelas mulheres empreendedoras, mas por todos os brasileiros, sejam eles empresários ou não, os quais são considerados por elas como pontos negativos, são os riscos, economia instável, conciliar tempo, inovação, entre outros. Observa-se que é possível prever a vocação empreendedora de uma pessoa apenas com algumas características comportamentais como Iniciativa, persistência, comunicação, persuasão, capacidade de assumir riscos e imaginação de novos caminhos. Salienta que existem muitas variações no perfil empreendedor. Constata-se que cada empreendedora tem o seu entendimento sobre “o que é empreender”. Mas resume-se que empreender para elas é acreditar na sua própria capacidade, ser otimista, não desanimar, aperfeiçoar, ter iniciativa, investir, persistência, convicção, expor o seu talento profissional, e por fim, realizar sonhos. Referências CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabilidade de novas. 2.ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva 2007. DORNELAS, J. C. A. Transformando ideias em negócios. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. FILION, L. J.; DOLABELA, F. Boa ideia! E agora? plano de negócio, o caminho seguro para criar e gerenciar sua empresa. São Paulo: Cultura Editores Associados, 2000. FRANCO, M. M. S. Empreendedorismo Feminino: Características Empreendedoras das Mulheres na Gestão das Micro e Pequenas Empresas. In: Encontro de estudos em empreendedorismo e gestão em pequenas empresas, VIII., Goiânia, 2014. Anais... Goiânia: EGEPE, 2014. 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