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Ensaio em Curto-circuito de um Transformador Trifásico Objetivo Os objetivos do ensaio em curto-circuito do transformador trifásico são: Determinar as perdas no cobre (nos condutores que compõem as bobinas); Determinar a impedância, resistência e reatância percentuais; Determinar a queda de tensão interna. 2- Introdução Teórica Seja o circuito equivalente de um trafo (referido primário). Figura 1 Caso apliquemos um curto-circuito no secundário serão nulos: A tensão terminal secundária (V2 = 0) A impedância de carga (Zcarga = 0) Além disso, considerando que Vcc é baixo (da ordem de 10% de Vn), a indução no núcleo reduz-se na mesma proporção, consequentemente as perdas por histerese (PH ( B1,6) e as perdas por corrente de Foucaut (PF ( B2) podem ser despresadas. O circuito equivalente para o ensaio em curto então fica: Figura 2 onde: R = r1 + r’2 X = x1 + x’2 Vcc = Tensão aplicada ao primário, quando o secundário está em curto-circuito, e que faz circular a corrente nominal do enrolamento primário. Para a realização do ensaio faz-se necessário circular a corrente nominal do transformador, portanto é aconselhável executar o ensaio no enrolamento de AT que possui uma menor corrente nominal. Assim, os instrumentos de medição serão ligados no enrolamento de AT e curto circuitaremos o enrolamento de BT. 2.1 – Perdas no Cobre (Pj) A corrente que circula no transformador depende da carga alimentada pelo mesmo. As perdas nos enrolamentos, que são por efeito joule, podem ser expressas por: onde: Como as perdas nos enrolamentos são proporcionais ao quadrado da corrente circulante, torna-se necessário estabelecer um ponto de operação a fim de caracterizar as perdas no cobre. Esse ponto de operação corresponde à corrente nominal. 2.2 – Queda de Tensão Interna ((V) A queda da tensão interna referida à AT, conforme o circuito equivalente simplificado é dada por: (V = Z1 I1. Pode-se afirmar que, ao fechar o secundário em curto-circuito, a tensão aplicada ao primário será a própria queda de tensão procurada. Naturalmente, sendo a queda de tensão função da corrente, isso força a especificação do ponto de operação do transformador que, como anteriormente, corresponderá ao nominal. 2.3 – Impedância, Resistência e Reatância Percentuais (Z%, R%, X%) Um inconveniente do circuito equivalente do transformador reside no fato de que as grandezas elétricas são numericamente diferentes caso o circuito seja referido ao primário ou secundário. Tendo em vista o grande número de transformadores presentes nas redes elétricas e objetivando contornar as dificuldades de cálculo pode-se processar os estudos através de uma alteração de unidades, que na verdade transforma todas as grandezas em adimensionais conforme detalhado a seguir: ( R% = Pjm/sm . 100 Caso o teste tenha sido feito com I1cc ( I1n podemos obter a seguinte correção: 2.4 – Correção do Valor da Resistência Durante o ensaio, os enrolamentos estão à temperatura ambiente ((A), e não há tempo suficiente para o aquecimento do transformador. Como se sabe a resistência varia com a temperatura. Torna-se necessário, portanto, a correção do valor calculado de R. Corrige-se para 75oC no caso de trafos de classe de temperatura 105o a 130oC. Corrige-se para 115oC no caso de trafos de classe de temperatura 155o a 180oC. A correção é feita através da seguinte fórmula: onde: (F = temperatura final (oC) (A = temperatura ambiente (oC) 1/( = 225 para o alumínio 1/( = 234, 5 para o cobre 3- Preparação 3.1- Equipamento Será utilizado, para a realização do teste em vazio, um transformador trifásico com as seguintes características: Potência nominal (Pn): 1.5KVA Frequência (f): 60Hz Tensão (AT): 220Volts Ligação: Y Tensão (BT): 110Volts Ligação: Y Preparar portanto o seguinte material: 1 transformador trifásico; 3 amperímetros com escalas apropriadas; 2 voltímetros com escalas apropriadas; 2 wattímetros de escalas apropriadas; 1 varivolt trifásico. 3.2- Material Fios para ligação; 3.3- Segurança Ligar o transformador curto-circuitando o lado da alta tensão; Observar as escalas do amperímetro e do voltímetro para verificar se estão adequadas aos valores de corrente e tensão; Aumentar a tensão no varivolt gradativamente até a obtermos corrente nominal; Verificar a tensão de alimentação dos equipamentos; Cuidado ao manusear os fios para não provocar nenhum curto-circuito. 4- Experiência Prática 4.1- Esquema de ligação Ligar o transformador curto-circuitando o lado de alta tensão de acordo com o esquema a seguir: 4.2- Dados coletados Em seguida para a freqüência de 60 Hz e diversas tensões de alimentação, registrar a média das correntes nas três fases como na tabela abaixo. V1-CC (V) I1-CC (A) 2,16 0.96 4,78 2,0 6,88 2,86 9,03 3,86 Caso não seja possível fazer circular pelos enrolamentos do transformador, a sua corrente nominal obtenha os valores abaixo, para um valor reduzido de corrente. V1CC (V) ICC (A) W1 (W) W2 (W) WCC (W) 7,12 2,96 25 8 33 Efetue as devidas correções (se não foi possível fazer circular a corrente nominal) e obtenha os valores nominais da tensão e da potência de curto-circuito de acordo com as fórmulas abaixo: Os valores corrigidos estão representados na tabela abaixo: I1-CC (A) V1CC-n (V) Wcc-n (W) 3,94 9,48 58,47 4.3- Curva Característica de curto-circuito Pode-se perceber que trata-se de uma curva linear tendo assim muita utilidade para o ensaio de curto-circuito, já que podemos fazer o ensaio com valores de corrente abaixo da nominal e depois corrigir para a nominal como foi feito no item 4.2. 4.4- Cálculos 4.4.1- Porcentagem da tensão primária de curto-circuito em relação à tensão primária nominal. V1n (V) V1CC (V) V1CC % de V1n (%) 220 9,48 4,3 4.4.2- Impedância, Resistência e Reatância Percentuais e suas correções para 75ºC. Para estes cálculos utilizaremos as seguintes fórmulas: ; ; ; ; ; . Portanto: R% (%) Z% (%) X% (%) R% (75º) Z% (75º) 3,9 4,3 1,81 0,7605 0,8385 4.4.3- Perdas adicionais e perdas nos enrolamentos W0 (W) Wad = 20% de W0 (W) WCC (W) Wenrolamentos (W) 20 4 58,47 82,47 5- Discussões (5.1) Podemos perceber que uma vantagem de um trafo com grande Vcc seria que trabalharíamos com a Vcc próxima da tensão nominal, mas conseqüentemente, com esta muito alto, tem-se Icc muito alta, que seria difícil de ser mensurada com instrumentos de laboratório. (5.2) Ressalta-se que os valores regulamentados pela ABNT para Vcc% são de 3% a 5% para transformadores de distribuição. (5.3) No ensaio de curto-circuito verifica-se que existem perdas além das nos enrolamentos, ou seja, nas ferragens, nas cabeças de bobinas e outras. Deste modo, ao se referir ao fato de que a leitura no wattímetro não corresponde precisamente à potência perdida nos enrolamentos, estar-se-iam considerando essas outras perdas. Nessas circunstâncias, o valor da potência obtida pela leitura dos instrumentos será: , onde Pcc é a potência lida no ensaio, PA são as perdas adicionais e PJ são as perdas nos enrolamentos. Portanto, para a aplicação da expressão para o cálculo de R%, dever-se-ia entrar com PJ e não com Pcc. Acontece, entretanto que, devido à natureza das perdas adicionais, uma expressão para seu cálculo é bastante difícil de se obter, o que leva ao uso de dados empíricos. Para a obtenção de PA é recomendado utilizar a relação: PA ( 15% a 20% P0. Dentro desse parâmetro e de acordo com a tabela do item 4.4.3., podemos perceber que as perdasadicionais são uma parcela muito pequena das perdas totais nos enrolamentos do trafo e que portanto não apresenta grandes diferenças a sua consideração ou não. (5.4) Como o valor da tensão aplicada durante o ensaio é muitas vezes inferior à tensão nominal do transformador e a freqüência é a nominal, a indução no núcleo é também, igualmente inferior àquela com a qual o transformador opera quando com tensão nominal, já que V é proporcional ao produto da freqüência pela indução. 6- Conclusão O conhecimento da queda de tensão interna do transformador para diversos valores de corrente, ou da carga, é de vital importância para as concessionárias, já que indicam a capacidade do transformador de manter a tensão constante para diferentes valores da carga. Já que o valor da queda depende da carga, as condições fixadas como padrão pelas normas, são aquelas referentes à plena carga ou à carga igual à potência nominal do transformador. O ensaio que permite a determinação exata desta queda é o ensaio em curto-circuito, que permite ainda a determinação das perdas por efeito Joule nos enrolamentos do transformador, cujo conhecimento é também de fundamental importância, já que os valores destas perdas são limitados por normas nacionais e internacionais. O ensaio é feito curto-circuitando um dos lados do trafo e aplicando-se ao outro uma tensão. O valor da tensão a ser aplicado Vcc – tensão de curto-circuito – obviamente não pode ser o nominal e sim um valor igual àquela queda de tensão interna do trafo, quando percorrido pela corrente nominal. Esta é, portanto, a tensão suficiente para fazer circular no lado ao qual a tensão está sendo aplicada, uma corrente igual à nominal do transformador naquele lado. Quando isso ocorrer no outro lado, a corrente que circulará será também, a nominal. 7- Referências Bibliográficas AGUIAR, Adalton Lima de; CAMACHO, José Roberto - “Apostila de Laboratório de Transformadores” – UFU – Março de 2000; CAMACHO, José Roberto – “Tratado sobre Transformadores de Potência” – UFU – Março de 2000; PEREIRA, Renato Alves; DELAIBA, Antônio Carlos – “Apostila de Conversão de Energia – UFU – Fevereiro de 2001. Laboratório de Transformadores _1038822913.unknown _1040710413.unknown _1088423273.xls Gráf1 2.16 4.78 6.88 9.03 Icc [A] V1cc [V] Curva Característica de Curto-circuito Plan1 2.16 0.96 4.78 2 6.88 2.86 9.03 3.86 Plan1 Icc [A] V1cc [V] Curva Característica de Curto-circuito Plan2 Plan3 _1088424479.unknown _1088424677.unknown _1088424744.unknown _1088424759.unknown _1088424481.unknown _1088424401.unknown _1088421074.unknown _1088421151.unknown _1088420915.unknown _1075743053.unknown _1038823970.unknown _1038823981.unknown _1038823059.unknown _1038810978.unknown _1038822719.unknown _1038822756.unknown _1038811154.unknown _1038809379.unknown _1038810677.unknown _1038810770.unknown _1038810236.unknown _1038809280.unknown