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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Me. Nilza Coradi de Araújo Revisão Técnica: Prof.a Dr.a Solange de Fatima Azevedo Dias Revisão Textual: Prof.a Dr.a Selma Aparecida Cesarin As Organizações e o Meio Ambiente • A Reação das Empresas; • Competitividade e Gestão Ambiental; • Concluindo a Unidade. · Apresentar de forma clara e objetiva a relação entre Empresa e meio ambiente e como a Gestão Ambiental pode ser aplicada para a Em- presa se adequar às questões ambientais. OBJETIVO DE APRENDIZADO As Organizações e o Meio Ambiente Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE As Organizações e o Meio Ambiente A Reação das Empresas A poluição causada pelas indústrias é resultado da dificuldade da transformação total dos insumos em produtos. Essas sobras formam os resíduos que podem contaminar o ar, a água e o solo. Quando uma Empresa necessita reduzir seus resíduos, tem basicamente dois caminhos a seguir: instalar tecnologias ao final do processo produtivo para barrar a contaminação gerada ou aplicar atividades para a prevenção da contaminação ao longo de todo o processo produtivo. Com a instalação de tecnologias, uma parte dos resíduos é retida antes que saia da área ocupada pela Empresa. Esses resíduos devem ser recolhidos e dispostos em local específico e em recipientes adequados, o que exige das empresas novas instalações que, consequentemente, demandam investimentos e aumento no custo de produção. Entre outras, as atividades de prevenção da poluição incluem o uso mais efi- ciente dos Recursos Naturais e da energia utilizada e a diminuição da geração de resíduos. No entanto, as estratégias para reduzir a emissão de poluentes podem também gerar muitos benefícios para a Empresa, como a diminuição de custos de produção e o melhor posicionamento no Mercado, com maior eficiência no pro- cesso e produto de melhor qualidade. Muitas outras vantagens a empresa obtém quando reduz os resíduos e adota mecanismos de controle da poluição. Entre esses benefícios, destacamos: » Menores gastos com matéria-prima, energia e disposição de resíduos; » Diminuição ou eliminação dos futuros custos com processos de descontami- nação de resíduos. » Diminuição das complicações legais e não pagamento de multas ambientais; » Custos menores de operação e manutenção; » Diminuição dos riscos para funcionários e meio ambiente e, portanto, menores despesas. Muitas vezes, para reduzir a contaminação, não é necessário investimento, apenas a melhoria da gestão e das práticas adotadas ao longo do processo de fabricação. Portanto, tornar-se uma organização ambientalmente responsável exige uma mudança profunda no modo de ver e fazer as coisas. Competitividade e Gestão Ambiental Para que uma Empresa possa ser considerada competitiva, um conjunto de fatores variados, complexos e que se inter-relacionam devem ser analisados, tais como: custos, capital humano, tecnologia, inovação, controle de qualidade, produtos e serviços. A Gestão Ambiental, nos últimos anos, desponta como mais um item de competitividade, devido aos benefícios que traz ao processo de produção. Entre as muitas vantagens competitivas, podemos destacar: 8 9 » Quando a Empresa cumpre as exigências normativas, melhora seu desem- penho ambiental, trazendo a sua inserção num mercado que é cada vez mais exigente em termos ambientais; » A redução dos recursos energéticos como um item a ser alcançado na Gestão Ambiental traz consequente redução nos custos de produção; » Com a redução da quantidade de insumos utilizados por produto, há redução dos custos de matéria-prima e consumo de recursos; » Otimizando as técnicas de produção, melhora-se a capacidade de inovação da Empresa e se minimiza o impacto ambiental do processo. A questão ambiental entrará em uma Organização por vários meios e dependerá de alguns fatores, como o ambiente externo e próximo à unidade de produção, dos Recursos Naturais que essa Empresa utiliza e do grau de contaminação ambiental que seu processo produtivo gera, entre outros. O quadro a seguir apresenta as diferentes estratégias adotadas pelas empresas diante da problemática ambiental e da Legislação envolvida. Tabela 1 – Opções estratégicas das empresas diante da legislação ambiental. Opções Estratégicas Descrição Não Cumprimento É a opção adotada pelas empresas que não cumprem a legislação ambiental devido aos custos envolvidos, ou por terem baixa percepção da importância do fator ambiental. Cumprimento A organização escolhe uma estratégia reativa, limitando-se a cumprir a legislação vigente. Cumprimento a mais A empresa adota uma postura proativa em termos de gestão ambiental, adotando uma política ambiental que ultrapassa as exigências legais. As emrpesas que assumem esta estratégia são as que incorporam instrumentos voluntários de política ambiental, como os selos ecológicos e os certificados de gestão ambiental, como o ISO 14001. Excelência comercial e ambiental Estratégia baseada na premissa de que a “gestão ambiental é boa administração”. É adotada pelas empresas que buscam a excelência ambiental, com foco na qualidade, procurando projetar e desenvolver produtos e precessos limpos. Sob esse ponto de vista, essas empresas consideram que a contaminação equivale à ineficiência. Liderança ambiental As empresas observam as práticas mais avançadas do seu setor econômuco e incentivam a sua força de trabalho para “trabalhar com base numa ética ambiental”. De modo geral são as primeiras a assumir novas medidas de cunho ambiental. Fonte: Dias, 2005 apud Roome, 1992. Na competitividade empresarial, as variáveis ambientais mais relevantes são: a Gestão Ambiental de Processos e a Gestão Ambiental de Produtos. As principais ferramentas na Gestão Ambiental de Processos são as Tecnologias Ambientais, como a produção mais limpa e a certificação de processos. Na Gestão Ambiental de Produtos, temos a análise do ciclode vida, a certificação dos produtos e o eco design. As empresas, depois de melhorarem os processos de produção, voltam-se para o projeto de seus produtos e, nesse ponto, a importância da avaliação do ciclo de vida dos produtos é imprescindível, que é a análise dos impactos ambientais 9 UNIDADE As Organizações e o Meio Ambiente causados pelo produto, desde a matéria-prima utilizada, seu transporte, modo de fabricação, transporte do produto final, utilização do produto e seu descarte. Em relação ao produto, muitas outras fases do ciclo de vida podem ser adicionadas a essa análise. Figura 1 – Ciclo de vida dos produtos. Extração da Matéria Prima Transporte e Armazenamento Fabricação Venda Uso ManutençãoReciclagem Re-Uso Descarte Ciclo de Vida dos Produtos Fonte: CNI, 2004. Gestão Ambiental – Estímulos para Adoção Existem diversos estímulos externos e internos para que uma Empresa adote um Sistema de Gestão Ambiental. A seguir, apresentaremos os diversos fatores que induzem as empresas a adotarem esse sistema como parte de seu processo de desenvolvimento e inovação. Estímulos Internos 1. Redução de custos: benefícios imediatos com a redução de material por unidade produzida, utilização mais eficiente de recursos como energia e água. Em médio e longo prazos, benefícios com a redução de resíduos com menores custos futuros para o manejo e disposição desses dejetos; 2. Qualidade do produto: a obtenção da melhora da qualidade ambiental traz a elevação da qualidade do produto, como: durabilidade, confiabilidade e facilidade na manutenção; 3. Melhoria da imagem da empresa: uma empresa com reconhecimento ambiental tem imagem positiva junto aos consumidores; 4. Inovação: o sistema de Gestão Ambiental acaba incorporando a inovação como componente fundamental e permanente na estrutura da Organização. A Empresa precisa de inovação por diversos motivos; um exemplo é buscar 10 11 diferenciação em relação a seus concorrentes e, com um produto inovador, acessar mercados que antes não teria oportunidade de atingir; 5. Responsabilidade social: gestores das empresas nos seus diversos níveis se sentem cada vez mais responsáveis em relação à comunidade, pois já compreendem o papel da Empresa na poluição ambiental. A conservação do meio ambiente inclui a preocupação com as necessidades das gerações futuras, com a diversidade cultural e social na comunidade. Estímulos Externos 1. Mercado: aumento das exigências ambientais por parte de clientes e consu- midores. Essa demanda obriga as empresas a adequarem sua forma de atuar, alterando processos e produtos em desacordo com o meio ambiente; 2. Concorrência: os concorrentes também podem ser um estímulo para a adoção de métodos de Gestão Ambiental. A posição da empresa em relação aos concorrentes cada vez mais está relacionada à adoção de Sistemas de Gestão Ambiental; 3. Poder Público e Legislação Ambiental: o controle dos governos em relação às questões ambientais está aumentando cada vez mais; então, as empresas, além de conhecer a Legislação vigente, devem antever a Legislação futura de seus países e dos países para os quais exportam. Hoje, a regulação ambiental ainda é um dos fatores mais determinantes para que as empresas adotem medidas voltadas para a Gestão Ambiental; 4. Sociocultural: consumidores e sociedade como um todo são as partes mais significativas da pressão exercida, colocando exigências sobre os produtos e os processos de produção. Processos produtivos antes conhecidos apenas por algumas pessoas dentro das empresas, hoje se popularizaram pelos meios de comunicação, o que faz com que, em pouco tempo, as empresas percam a credibilidade se o objetivo for somente melhor posicionamento no Mercado, sem modificar efetivamente seus processos e seus produtos; 5. Certificações ambientais: as certificações que se expressam em selos de qualidade ambiental têm cada vez mais se tornado um estímulo de peso para as empresas. Muitos clientes de países desenvolvidos exigem uma certificação reconhecida, como a norma ISO 14000. Selos ecológicos são identificações dos produtos por meio de selos ou etiquetas emitidos por organizações comerciais e não governamentais, atestando que o produto cumpriu certos padrões ambientais previamente estabelecidos. Esses selos constituem atitude voluntária e são mais comuns nos países nos quais a consciência ecológica é maior. Os sistemas de Gestão Ambiental constituem processos sob os quais, de forma sistemática e planejada, controlam-se e se minimizam os impactos ambientais negativos de uma Organização. 11 UNIDADE As Organizações e o Meio Ambiente Para se obter a certificação de um modelo de Gestão Ambiental, como, por exemplo, a série ISO 1400, a Empresa deve implementar ferramentas para moni- torar atividades, produtos ou serviços que podem interagir com o meio ambiente e desenvolver programas ambientais que promovam redução ou eliminação do impacto eventualmente produzido (DIAS, 2005); 6. Fornecedores: os fornecedores podem influenciar a conduta das empresas de várias formas como, por exemplo, introduzindo novos materiais e processos que diminuem as agressões ao meio ambiente e que podem ser adotados pelas corporações. Figura 2 – Principais razões para a adoção de medidas gerenciais associadas à Gestão Ambiental pelas indústrias. 45,2 40,6 37,8 16,0 15,9 13,4 12,7 6,7 6,2 3,3 2,9 1,0Outra Atender pressão de organização não governamental ambientalista Atender exigências de instituição nanceira ou de fomento Aumentar a competividade das exportações Atender o consumidor com preocupações ambientais Atender reivindicação da comunidade Aumentar qualidade dos produtos Reduzir custos dos processos industriais Melhorar a imagem perante a sociedade Atender exigências para o licenciamento Atender o regulamento ambiental Em % Estar em conformidade com a política social da empresa Fonte: CNI, 2004. Mais uma vez é importante enfatizar que o desenvolvimento da sociedade, quer seja urbana, quer seja rural, ocorreu sem planejamento; portanto, de forma desor- denada, implicando níveis crescentes de poluição e degradação ambiental. Voltando um pouco no tempo, foi Aristóteles, que era considerado “o grande teórico da cidade”, que evidenciou a preocupação com os impactos produzidos pelo homem em grandes centros urbanos. 12 13 Essa perspectiva de planejamento vai desde a Grécia Antiga até a Revolução Industrial, formulando-se, portanto, uma base teórica sobre construções de núcleos populacionais (SANTOS, 2004). No entanto, na Europa, no final do século XIX, eram poucos que se preocupavam com a relação “construção das cidades e conservação da Natureza”. Porém, é importante ressaltar que um século depois da Revolução Industrial, diversos estudos voltados à ecologia reorientaram a relação do homem com o meio ambiente (SANTOS, 2004). Para falarmos de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social, precisamos entender um pouco sobre Políticas Públicas Ambientais. A Gestão Ambiental se iniciou a partir do momento em que os problemas ambientais começaram a surgir. Após a Revolução Industrial, tais problemas começaram a ganhar corpo e se deu início ao tratamento desses problemas de modo sistemático. Por um longo período, as iniciativas dos governos eram, em sua grande maioria, de ordem corretiva, ou seja, os governos só tomavam uma atitude em relação aos problemas ambientais depois que eles já estavam instalados, apesar de isso ainda ocorrer. Foi a partir da década de 1970, que começaram a surgir políticas governamentais em diversos países, que tratavam das questões ambientais de modo mais integrado e de forma mais preventiva. A Gestão Ambiental Pública é a ação do Poder Público conduzida segundouma Política Pública Ambiental. Entende-se por Política Pública Ambiental o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação que o Poder Público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente (BARBIERI, 2012). Com a diversidade das questões ambientais e a participação cada vez maior dos Estados nessas questões, surgiram vários instrumentos de Políticas Públicas Ambientais com os quais o Poder Público pode contar para evitar mais problemas ambientais e também para eliminar ou minimizar os já existentes. Os instrumentos de Políticas Públicas podem ser explícitos ou implícitos. Os pri- meiros são criados para atingir aspectos ambientais específicos, enquanto os segun- dos alcançam os aspectos ambientais indiretamente, pois não foram criados para isso. Alguns exemplos podem ser citados: uma Lei que ordena o trânsito de veículos para evitar ou diminuir os congestionamentos, indiretamente promoverá a melhora da qualidade do ar; outro exemplo: investindo em Educação, a população se torna mais consciente dos problemas ambientais, aumentando o número de pessoas que irão cobrar melhor desempenho ambiental das empresas e dos órgãos ambientais. Quando falamos de instrumentos de Política Pública Ambiental, estamos falando, normalmente, dos instrumentos explícitos, que são classificados em três grupos: » Instrumentos de comando e controle; » Instrumento econômico; e » Outros instrumentos. 13 UNIDADE As Organizações e o Meio Ambiente Instrumentos de Comando e Controle, Econômicos e Tecnológicos Os instrumentos de comando e controle têm como objetivo alcançar as ações que degradam o meio ambiente, condicionando ou limitando o uso de bens. Sempre amparado por normas legais, esse instrumento é manifestado por meio de restrições, obrigações e proibições impostas às organizações e aos indivíduos (LUSTOSA; YOUNG, 2002, p. 578). Os que estabelecem padrões ou concentrações máximas aceitáveis de poluen- tes são os instrumentos de controle mais conhecidos, e podem ser de três tipos: padrões de emissão, de qualidade ambiental ou de estágio tecnológico. Os padrões de emissão se referem aos lançamentos de poluentes individuali- zados por fonte, que podem ser fixas ou móveis. Como exemplo das fontes fixas, podemos citar os estabelecimentos de fábricas, e das fontes móveis os automóveis, os caminhões etc. Os padrões de qualidade ambiental se referem aos níveis máximos para os poluentes constantes no meio ambiente, normalmente, relacionados ao solo, à água e ao ar. Os níveis são estabelecidos, geralmente, como médias aritméticas ou geométricas de concentração. Padrões de qualidade ambiental estão atrelados às quantidades e às características das emissões das fontes. O padrão tecnológico pode ser o que estabelece o controle da poluição das fontes. Esse termo pode abranger máquinas, ferramentas, instalações, materiais, avaliações de fornecedores, roteiro de produção, método de inspeção, treinamento e planejamento da manutenção. Definir padrões tecnológicos não é uma tarefa fácil, tanto porque as tecnologias estão em constante evolução e são ativos privativos dos que as desenvolvem, quanto porque uma melhor tecnologia para determinada finalidade nem sempre está disponível para todos os agentes produtivos. Por isso, o padrão que será adotado deve considerar a disponibilidade daquela tecnologia. Outros instrumentos de controle são as proibições ou os banimentos de comercia- lização, produção ou uso de produtos. Podemos dar como exemplo o licenciamento ambiental para atividades ou obras com potencial poluidor e o zoneamento ambiental. O zoneamento, por exemplo, restringe o direito de propriedade na medida em que define categorias de zonas destinadas a unidades produtivas. Os instrumentos econômicos procuram influenciar o comportamento das pessoas e das organizações em relação ao meio ambiente, utilizando medidas que representem benefícios ou custos adicionais para elas (BARBIERI, 2012). Temos dois tipos de instrumentos econômicos: fiscais e de mercado. Os Fiscais são tributos ou subsídios que são realizados por transferências de recursos entre agentes privados e públicos. Os tributos ambientais transferem recursos dos agentes privados para o Setor Público em decorrência de algum problema ambiental (BARBIERI, 2012). 14 15 A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países mais ricos de Economia de Mercado, denomina esses tributos impostos e encargos ambientais. Já a União Europeia os denomina ecotaxas. Há diversos tipos desses tributos e os mais conhecidos são: tributação sobre emissões, que são encargos cobrados sobre a descarga de poluentes, que normal- mente são calculados baseados nas características dos poluentes e nas quantidades emitidas por uma Empresa; tributação sobre a utilização de serviços públicos de tratamento e coleta de efluentes; tributação sobre os preços dos produtos que causam poluição ao serem utilizados pelo consumidor final ou no processo de produção; tributação sobre produtos supérfluos; tributação sobre produtos em alí- quotas diferenciadas, marcando os produtos de acordo com o impacto ambiental, no sentido de induzir o consumo e a produção de produtos menos prejudiciais ao meio ambiente. Os instrumentos tecnológicos podem reverter situações críticas em relação à degradação ambiental. Algumas dessas ferramentas são, segundo Braga (2005): » Métodos de planejamento; » Modelos matemáticos; » Equipamentos para controle de poluição e processos alternativos menos poluentes. O desenvolvimento dessas ferramentas permitiu a correção de problemas já existentes e a estimativa antecipada de efeitos e impactos de situações hipotéticas futuras por meio de simulações, o que permitiu, ainda, conhecer determinados limites, os quais têm de ser respeitados e valorizados, mostrando, portanto, que a tecnologia é fundamental, mas não é capaz de resolver todos os problemas, principalmente, quando alguns limites são alcançados, como é o caso do efeito estufa e da depleção da camada de ozônio (BRAGA, 2005). Um instrumento muito eficaz de prevenção de dano ambiental e que vale a pena ser mencionado é a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), que é um instrumento de Política Ambiental adotado por governos, em nível nacional, regional, estadual, municipal, por organizações internacionais e por organizações privadas. Dessa forma, a AIA é reconhecida internacionalmente como um instrumento eficaz de prevenção do dano ambiental e de promoção do desenvolvimento sustentável (SÀNCHEZ, 2008). A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) representou grande avanço em relação às Políticas Ambientais, obrigando Estado e empresas a pensarem nos aspectos ambientais nos estágios mais preliminares de um projeto. É um importante instrumento de gestão, viabilizando, em longo prazo, empreendimentos, e evitando erros que trariam custos ambientais e econômicos relevantes. Além disso, o estudo de impacto ambiental torna o processo de licenciamento mais transparente, o que permite que diferentes agentes sociais possam se envolver com o processo de desenvolvimento e gestão de sua região (BRAGA, 2005). 15 UNIDADE As Organizações e o Meio Ambiente Como um instrumento de Política e Gestão Ambiental de Projetos, a Avaliação de Impacto Ambiental caracteriza-se por assegurar, desde o início do planejamento de um projeto, que se faça o estudo sistemático dos impactos ambientais e das alternativas viáveis, e que os resultados sejam apresentados de forma coerente ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão. A sistematização da AIA como atividade obrigatória foi formalizada pelos Esta- dos Unidos por intermédio de uma Lei aprovada pelo Congresso Americano, em 1969, vigorando a partir de 1970. O processo de evolução da AIA se deuda seguinte forma, segundo Braga (2005): » No período de 1950 e início de 1960, ocorreu uma crescente sensibilidade de estudiosos, acadêmicos e gestores públicos que apontavam a necessidade de criação de instrumentos mais eficientes para o licenciamento ambiental; » No decorrer da década de 1960, ocorreu a consolidação do conceito de im- pactos ambientais, corrente hoje em dia. Esse conceito demonstrou que a avaliação podia ser feita de forma mais objetiva, de tal forma que pudesse ter aceitação e representatividade social e, assim, transformar-se em um instru- mento de tomada de decisões; para tanto, deveria ter características mínimas regulamentadas, necessitando, dessa forma, de um documento público. Munn (1975, apud BRAGA, 2005) dá uma versão de características básicas de uma Avaliação de Impacto Ambiental: a. Descrição das ações e alternativas propostas; b. Previsão e intensidade dos efeitos ambientais; c. Identificação das preocupações relevantes; d. Listagem com os indicadores de impacto ambiental e definição recíproca de sua magnitude; e. A partir dos impactos previstos no item b, determinação dos valores de cada indicador de impacto e, por fim, o impacto total. 16 17 Concluindo a Unidade De todas as instituições que existem na sociedade humana, as empresas são os principais agentes para atingirmos o desenvolvimento sustentável. A questão envolve o ambiente interno das empresas, pois não há atuação responsável de uma empresa na sociedade se internamente seus gestores e funcionários não estão convencidos da adoção de práticas ambientalmente corretas; portanto, a importância da adoção de Sistema de Gestão Ambiental integrado numa perspectiva mais ampla que envolva a mudança da cultura da empresa, introduzindo as questões ambientais internamente na empresa. O envolvimento da Humanidade com a questão ambiental tem colocado as empresas como vilãs da sociedade e responsáveis pela degradação do ambiente natural. Se analisarmos apenas sob esse prisma, as empresas como unidades produtivas isoladas do contexto social, podemos até afirmar isso; no entanto, as empresas devem ser também analisadas no contexto social, no meio em que se encontram, como fornecedoras indispensáveis de produtos e serviços dos quais os seres humanos necessitam e dependem para viver. É importante termos em mente que a responsabilidade do empresário é fundamental para a superação da crise ecológica e este deve assumi-la, de forma voluntária ou coercitiva, pela aplicação da Legislação. Portanto, a responsabilidade social e ambiental da empresa é um fato, mas deve ser compartilhada pela sociedade que consome seus produtos e os tem como extremamente necessário para sua sobrevivência. A responsabilidade pela poluição do Planeta não pode estar localizada apenas em um agente determinado, mas sim uma consequência de uma sociedade como um todo, que deve assumir o problema e cada um deve cumprir seu papel para enfrentá-lo (FARIA, 2000). 17 UNIDADE As Organizações e o Meio Ambiente Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Certificação ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental https://youtu.be/Xgbm_UzGxhM 18 19 Referências CURI, D. Gestão Ambiental. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011. FARIA, H. M. Uma discussão a respeito dos benefícios econômicos da gestão ambiental. Dissertação de Mestrado – EFE de Itajubá, Minas Gerais, 2000. MOTTA, Ronaldo Serôa. Instrumentos econômicos e política ambiental. Revista de Direito ambiental, n. 20, out./dez, 2000. ROOME, Nigel. Developing environmental management strategies. Business strategy and the environment, v. 1, n. 1, p. 11- 24, 1992. 19
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