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AÇÕES EM TESOURARIA

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AÇÕES EM TESOURARIA
Regra geral, as empresas constituídas sob a forma de sociedades anônimas não podem negociar com as próprias ações (recomprar suas ações), salvo nas hipóteses expressamente autorizadas pela Lei nº 6.404/1976 (Lei das S/A's), quais sejam:
a)nas operações de resgate, reembolso ou amortização dessas ações, quando previsto em Lei;
b)na aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do Capital Social, ou por doação;
c)na alienação das ações adquiridas nos termos da letra "b" e mantidas em tesouraria;
d)na compra quando, resolvida a redução do Capital Social mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída.
ATENÇÃO!
Enquanto mantidas em tesouraria, não darão direito a dividendo nem a voto, sendo que serão retiradas definitivamente de circulação do mercado. 
Além disso, a companhia não poderá receber em garantia as próprias ações, salvo para assegurar a gestão dos seus administradores.
À medida que as ações forem sendo alienadas, tal operação gerará resultados positivos ou negativos e não devem integrar o resultado da companhia. Deste modo, caso a operação resulte lucro, tal valor deverá ser registrado a crédito de uma reserva de capital.
Por outro lado, caso a operação resulte em prejuízo, esse valor deverá ser debitado na mesma conta de reserva de Capital que sustentava as ações em tesouraria, qual seja, "Ações em Tesouraria (PL)".
Art. 30 da Lei nº 6.404/1976
CONCEITOS
Ações em tesouraria:
As ações em tesouraria são àquelas emitidas por uma companhia e que foram posteriormente adquiridas (recompradas), no mercado, por essa mesma companhia. 
Na maioria das vezes, a empresa opta pela recompra das ações como forma de obter ações para os programas de incentivo de empregados, ou para mais tarde serem dadas na forma de proventos aos acionistas da empresa, ou até mesmo para revede-la no futuro.
CONCEITOS
Ações em circulação:
Ações em circulação nada mais é do que aquelas ações representativas do capital da companhia aberta que estão circulando no mercado, ou seja, aquelas ações que são passíveis de negociação em Bolsas de Valores (ex.: Bovespa), não se considerando como tal àquelas de propriedade do acionista controlador, de diretores, de conselheiros de administração e as em tesouraria.
Desse conceito podemos extrair a seguinte equação:
Ações em circulação = Total de ações - Ações do acionista controlador - Ações dos diretores e conselheiros de administração - Ações em Tesouraria
TRATAMENTO SOCIETÁRIO
As companhias não poderão negociar com as suas próprias ações, salvo nas hipóteses expressamente autorizadas pela Lei das S/A's, quais sejam:
a)nas operações de resgate, reembolso ou amortização dessas ações, quando previsto em Lei;
b)na aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do Capital Social, ou por doação;
c)na alienação das ações adquiridas nos termos da letra "b" e mantidas em tesouraria;
d)na compra quando, resolvida a redução do Capital Social mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída.
Observância das normas da CVM:
Importante ressaltar que, no caso das companhias abertas, a aquisição de ações para permanência em tesouraria deve respeitar, sob pena de nulidade, as disposições emanadas pela CVM, que poderá subordiná-la à prévia autorização em cada caso.
Neste sentido, a CVM editou a Instrução CVM nº 567/2015 que veio a dispor sobre a negociação por companhias abertas de ações de sua própria emissão e derivativos nelas referenciados, conforme seus artigos 1º e 2º.
Dividendos e votos
As ações adquiridas para permanência em tesouraria não darão direito a dividendo e à voto, enquanto mantidas nessa situação, sendo que serão retiradas definitivamente de circulação do mercado.
Reservas Disponíveis
Para que uma companhia possa adquirir suas próprias ações no mercado com fito a mantê-las em tesouraria, ou até mesmo para futuro cancelamento, é necessário que tenha saldo suficiente em contas de lucros ou reservas para suportar o valor pago por essa aquisição.
Mesma regra consta da Instrução CVM nº 567/2015, ao prever que a aquisição, por companhia aberta, de ações de sua emissão é vedada quando requerer a utilização de recursos superiores aos disponíveis, considerando-se disponíveis:
todas as reservas de lucros ou capital, exceto as reservas:
legal;
de lucros a realizar;
especial de dividendo obrigatório não distribuído; e
incentivos fiscais; e
o resultado já realizado do exercício social em andamento, segregadas as destinações às reservas mencionadas na letra "a".
Reservas Disponíveis
A Instrução CVM nº 567/2015 ainda prescreve que:
a) a necessidade de recursos superiores aos disponíveis também se aplica à celebração de contratos derivativos de liquidação física referenciados em ações de própria emissão da companhia;
b) a existência de recursos disponíveis deve ser verificada pela diretoria com base nas últimas demonstrações financeiras divulgadas anteriormente à efetiva transferência, para a companhia, da propriedade das ações de sua emissão;
c) as demonstrações financeiras a que se refere a letra "b" anterior devem ser as mais recentes entre as demonstrações anuais, as intermediárias e as refletidas nos formulários de informações trimestrais (ITR).
Portanto, independentemente se aberta ou fechada, para que a companhia adquira ações em valores superiores ao saldo de lucros e reservas disponíveis, a mesma deverá alienar as ações excedentes.
Hipóteses de vedação
No caso de companhia aberta, a aquisição de ações de sua emissão é vedada quando:
tiver por objeto ações pertencentes ao acionista controlador;
for realizada em mercados organizados de valores mobiliários a preços superiores aos de mercado;
estiver em curso o período de oferta pública de aquisição de ações de sua emissão, conforme definição das normas que tratam desse assunto; ou
requerer a utilização de recursos superiores aos disponíveis.
Hipóteses de vedação
Além disso, os administradores só podem aprovar a aquisição de ações ou, quando for o caso, propor sua aprovação pela assembleia geral, se tiverem tomado as diligências necessárias para se assegurar de que:
a situação financeira da companhia é compatível com a liquidação da aquisição em seu vencimento sem afetar o cumprimento das obrigações assumidas com credores nem o pagamento de dividendos obrigatórios, fixos ou mínimos; e
na hipótese da existência de recursos disponíveis ter sido verificada com base em demonstrações contábeis intermediárias ou refletidas nos ITR, não há fatos previsíveis capazes de ensejar alterações significativas no montante de tais recursos ao longo do período restante do exercício social.
Hipóteses de vedação
Registramos, também, que as companhias abertas não podem manter em tesouraria ações de sua emissão em quantidade superior a 10% (dez por cento) de cada classe de ações em circulação no mercado, incluídas neste percentual:
as ações de emissão da companhia aberta detidas por sociedades coligadas e controladas pela companhia aberta; e
as ações de emissão da companhia aberta correspondentes à exposição econômica assumida em razão de contratos derivativos ou de liquidação diferida, celebrados pela própria companhia ou pelas sociedades mencionadas na letra "a".
Tratamento Fiscal
No que se refere ao tratamento fiscal a ser dado às alienações de ações que se encontram em tesouraria, convêm verificar o que diz o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999) a respeito do assunto:
Art. 442. Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores
de valores mobiliários de sua emissão a título de:
(...)
IV - lucro na venda de ações em tesouraria.
Parágrafo único. O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será dedutível na determinação do lucro real.
Tratamento Fiscal
O resultado obtido com a alienação de ações em tesouraria não comporá o resultado da companhia, independentemente se a mesma obteve lucro ou prejuízo na operação. 
No caso de lucro, o valor da alienação não será computada na determinação do Lucro Real para fins de tributação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e, por outro lado, no caso de prejuízo, o valor não poderá ser deduzido na determinação do Lucro Real.
Na prática, tais valores não serão contabilizados à conta de resultado, mas sim, em conta de reservas de capital.
Tratamento Contábil
Aquisição de ações de sua própria emissão:
A título de exemplo, suponhamos que a empresa Batuque S/A. tenha adquirido 200.000 (duzentas mil) ações próprias a um preço unitário de R$ 1,10 (um real e dez centavos). 
D - Ações em tesouraria (CR-PL) _____ R$ 220.000,00
C - Bco. c/ Mvto. (AC) _____________ R$ 220.000,00
Tratamento Contábil
Alienação das ações com lucro:
O lançamento contábil nesse formato se justifica pois, na essência, o resultado positivo dessa alienação representa uma integralização de capital com ágio.
Continuando nosso exemplo, suponhamos que a Batuque S/A. tenha vendido 110.000 (cento e dez mil) das ações adquiridas para manutenção em tesouraria, pelo preço unitário de R$ 1,20 (Um real e vinte centavos). Nesta hipótese, a operação será contabilizada da seguinte forma:
Pela alienação de ações de emissão da própria Batuque S/A.:
D - Bco. c/ Mvto. (AC) ___________________________ R$ 132.000,00 
C - Ações em tesouraria (CR-PL) ___________________ R$ 121.000,00 
C - Reserva de ágio na alienação de ações próprias (PL) _ R$ 11.000,00 
Tratamento Contábil
Alienação das ações com prejuízo:
Ocorrendo prejuízo na alienação de ações em tesouraria, seu valor deverá ser lançado contra a conta de ágio criada com os resultados positivos de alienações anteriores, qual seja, a conta "Reserva de ágio na alienação de ações próprias (PL)", até o limite de seu saldo. 
Na situação que essa conta não exista, ou se exista, mas não possua saldo suficiente para absorver o prejuízo da operação, o valor adicional do prejuízo deverá ser lançado contra a conta contábil de reserva de capital que deu origem (sustentação) para aquisição das ações em tesouraria, em nosso caso prático, a conta "Reservas Estatutárias (PL)".
Tratamento Contábil
Alienação das ações com prejuízo:
Finalizando nosso exemplo, suponhamos, agora, que a Batuque S/A. tenha vendido o restante das ações adquiridas para manutenção em tesouraria (90.000 ações), pelo preço unitário de R$ 0,90 (noventa centavos). Nesta hipótese, a operação será contabilizada da seguinte forma:
Pela alienação de ações de emissão da própria Batuque S/A.:
D - Bco. c/ Mvto. (AC) _______________________________ R$ 81.000,00 
D - Reserva de ágio na alienação de ações próprias (PL) ___ R$ 11.000,00 
D - Reservas Estatutárias (PL) ________________________ R$ 7.000,00
C - Ações em tesouraria (CR-PL) _______________________ R$ 99.000,00

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