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Balanço da Política econômica do regime militar

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Um balanço do Regime Militar, no que concerne a política econômica, permite a definição de um legado próprio do que foi chamado de Estado Desenvolvimentista. Cabe de antemão, correlacionar os seguintes legados com a conclusão de Fiori, de que o período militar revela um Estado desarticulado e impotente, que possibilitou o crescimento ao ser driblado pelo autoritarismo. 
De tal forma, podemos definir como herança que permanece ou que deixou efeitos na economia brasileira: a crise fiscal, a indexação de preços e visão curtoprazista, a dívida externa, a rigidez salarial, a concentração de renda, a aversão ao ortodoxíssimo e a política de crédito ora expansionista, ora contracionista.
Conforme analisa Magalhães, o regime militar inicia tendo como cenário o fracasso do Plano Trienal, de caráter ortodoxo que enfatizava o gasto público como principal fator de recessão e adotando o controle de liquidez. Assim, Lara Rezende, segue argumentando que o primeiro Governo Militar surge com a missão de controlar a recessão anterior, contendo a inflação, e recuperar o crescimento do país. 
Nesse sentido, a política fiscal do governo militar teve como missão possibilitar o desenvolvimento industrial e econômico, garantindo crédito para o setor privado. Entretanto, os governos enfrentavam constantes déficits fiscais devido ao aumento de despesas com investimentos na formação de capital, e segundo Rocha, a não contrapartida de arrecadação de receitas. Ademais, Lago mostra que a tentativa de transferir para o setor privado a responsabilidade pelos investimentos na economia foi fracassada, com vistas ao saneamento fiscal. Pois a desorganização do mercado financeiro, pressionada pela intervenção estatal, criou um clima de insegurança para inversões o que levou o governo a arcar com a maior parcela do investimento na economia, de longo prazo, o que impedia uma política efetiva de controle dos gastos. 
O autor mostra que para financiar esses déficits, o governo passa da emissão de crédito para o financiamento pela venda de títulos do Tesouro, de tal forma poderia controlar os meios de pagamentos e aumentar as reservas. Porém, o problema posto é a qualidade desse financiamento, visto que a remuneração dos títulos públicos, pela a inflação corrente, tinha um ganho real que gerava um acúmulo de endividamento, criando uma relação parasitária (dependência). 
A visão curtoprazista foi um destaque da condução da politica econômica militar, como destaca Fiori. Ao garantir as altas taxas de remuneração do capital, através do crédito ao setor privado e dos subsídios, o governo manteve uma ilusão de crescimento da capacidade produtiva. Isto porque, a produção da economia não acompanhava a órbita financeira, o que no longo prazo, diminuía a margem de manobra econômica. 
Segundo Carneiro, foi essa visão curtoprazista que conduziu a economia para o controle de preços e a uma política de ora contração, ora expansão de crédito, fato que está fortemente ligado à inflação e perda das reservas do Tesouro. Nesse modo de condução da política econômica, cada vez que a produção caía o seu ritmo, o crescimento se estagnava e levava o governo a recuperá-lo pela via da indução estatal: empréstimos e subsídios. 
Porém, com a deterioração econômica oriunda do “curtoprazismo” limita a capacidade do governo conseguir empréstimos externos, diminuindo a margem de manobra do governo, como Carneiro e Modiano mostram ter ocorrido em 1980.
Essa falta de articulação de uma política econômica de longo prazo deixou como legado, para os anos 80, sérias dificuldades para o setor público, entre elas a necessidade de promover um aumento na arrecadação tributária que interrompesse o processo inadequado de financiamento.
 Ademais, como avaliou Fiori, o poder discricionário do Estado, quanto ao valor do dinheiro e com as normas, dissolvia a possibilidade de perspectivas futuras constantes, o que era condição básica para os investimentos de MP e LP.
Nesse sentido, a política fiscal do governo militar teve como missão possibilitar o desenvolvimento industrial e econômico, garantindo crédito para o setor privado. Entretanto, os governos enfrentavam constantes déficits fiscais devido ao aumento de despesas com investimentos na formação de capital, e segundo Rocha, a não contrapartida de arrecadação de receitas. Ademais, Lago mostra que a tentativa de transferir para o setor privado a responsabilidade pelos investimentos na economia foi fracassada, com vistas ao saneamento fiscal. Pois a desorganização do mercado financeiro, pressionada pela intervenção estatal, levou o governo a arcar com a maior parcela do investimento na economia, de longo prazo, o que impedia uma política efetiva de controle dos gastos. Como a preocupação maior era com o desenvolvimento econômico o governo passou a tolerar 	que ocorressem desequilíbrios fiscais para estimular a produção.
O autor mostra que para financiar esses déficits, o governo passa da emissão de crédito para o financiamento pela venda de títulos do Tesouro, de tal forma poderia controlar os meios de pagamentos e aumentar as reservas. Porém, o problema posto é a qualidade desse financiamento, visto que a remuneração dos títulos públicos, pela a inflação corrente, tinha um ganho real que gerava um acúmulo de endividamento, criando uma relação parasitária (dependência). 
A inflação desde o inicio do regime se configurou um problema a ser superado, no primeiro momento segundo Lara Rezende, a solução adotada foi restringir o crédito. Porém, no fim do primeiro governo militar, a inflação caiu relativamente, admitindo que a inflação não fosse facilmente contornada. Somado a isso, houve fato da desvalorização das exportações que encareceu as importações. Assim, como mostra Rocha, a tentativa de controlar a inflação de custos internamente, levou o governo a adotar a indexação de preços. Porém, ao se afastar da ortodoxia, em 1968, o governo define a inflação como o custo a ser pago pelo crescimento, passando a somente manter estáveis seus níveis. A aceleração da inflação estará associada ao nível de atividade da economia e com as políticas expansionistas do governo. A preocupação em acabar com a inflação no fim do regime militar dada a necessidade de angariar empréstimos externos. A inflação causava perdas que eram transferidas ao governo que teria de lidar com seus gastos.
O mecanismo de indexação de preços adotado no início do regime militar, segundo Lara Resende, buscava permitir a captação de poupança privada e a reativação do mercado financeiro, por meio da venda de títulos que financiariam o déficit público. Ademais a indexação do câmbio, tentava manter a paridade da moeda doméstica e do dólar. Esse mecanismo sofria mudanças ao longo dos governos militares, mas era mantido. A indexação salarial, por exemplo, permitia que o governo controlasse os efeitos da inflação sobre a economia, reorganizando o processo de acumulação de capital, ao seu modo, o que Fiori destaca como acumulação política. Porém, os efeitos dessa política eram nefandos, avaliaram Carneiro e Modiano que no fim do governo era preciso empréstimos para mantê-la. O governo militar conseguia com esse mecanismo transferir as correções da inflação para os períodos seguintes, já que o ajuste levava em conta a inflação passada, fato que retroalimentava os aumentos de preço passados para o futuro. Esse mecanismo tentou reorganizar a economia, visto que criava uma previsibilidade de pagamento, permitindo que os agentes econômicos fizessem investimentos. A indexação mostra o caráter curtoprazista do governo, que pretendia manter a inflação controlada, em certo período, por meio de um combate gradual. Não se planejava mantê-la. Assim, ao contrário produziu instabilidade de preços e desemprego, pois não conseguia ser sensível ao aumento de produção e gerava a inflação, como mostrou Carneiro e Modiano. 
A política salarial adota nesse período foi caracterizada pela rigidez na negociação dos dissídios, dados os ajustes serem definidos pela métrica governamental, osquais eram uma régua para reaver perdas salariais devido à inflação e não um ganho salarial dado pela produtividade da economia, assim a despesa do governo. No primeiro governo militar, como bem demostrou Lara Rezende, a fórmula salarial de reajuste não repunha totalmente a inflação e não crescia com a produtividade. Padrão esse que se repetirá ao longo do período militar, com pequenas modificações, como mostrou Rocha, em 1974, que a fórmula passou a acrescentar a reposição inflacionária dos últimos 12 meses. Desse modo, para Francisco de Oliveira, o Estado teve o papel de criar as bases para que a acumulação capitalista industrial, ao nível do setor privado, pudesse se reproduzir o que impôs uma distribuição de ganhos diferentes entre os grupos sociais. Assim, o ônus inflacionário era arcado pela classe trabalhadora que viam seu poder de compra se exaurir, enquanto a classe industrial mantinha o nível de lucro, o que evitava o desconto nos preços.
Nesse sentido, a preocupação do regime militar com o desenvolvimento econômico do país levou à tolerância com a inflação, a qual foi instrumento de concentração de renda. Visto que, o setor privado voltado para a produção industrial não só mantinha sua margem de lucro, como também era subsidiado pelo governo, enquanto os outros setores da sociedade como a classe de assalariados tinham seus salários deteriorados, gerando uma concentração de renda no primeiro setor. Para Francisco de Oliveira, o Estado teve o papel de criar as bases para que a acumulação capitalista industrial, ao nível das empresas, possa se reproduzir. O que impôs uma distribuição de ganhos diferente entre os grupos sociais.
O caminho seguido pela dívida externa no regime militar tem sua origem na necessidade do Estado em ser agente econômico responsável pela formação de capital da economia. Segundo Lago, O Estado incentivava o investimento direto estrangeiro para expandir a capacidade produtiva e, assim, com a entrada desses capitais a dívida externa aumentava. Ademais, o governo também buscava empréstimos estrangeiros, como no caso do II PND. Com a crise financeira posterior ao segundo choque do petróleo e o aumento dos juros internacionais aumentam o estoque da dívida, de outro lado as políticas econômicas heterodoxas adotadas afastavam investimentos. Porém, em 1980 as políticas econômicas adotadas buscaram o financiamento externo. Essa dependência do capital externo será marcante no período, pois a necessidade de financiamento levara o país a ceder ao FMI. 
A aversão à ortodoxia tem sua origem no fracasso do PAEG que revelou que o resultado do ajuste ortodoxo seria inevitavelmente a recessão, como atenta Resende. Situação que era evitada pelos presidentes militares, já que o regime buscou se legitimar pelas vias econômicas. De acordo com Rocha, após o fim do ajuste ortodoxo, a inflação passou a ser encarada como o preço a ser pago pelo crescimento do país. Assim, no final do regime o governo Figueiredo foi relutante em ceder às exigências do FMI para conseguir financiamento, visto que, essa ajuda seria precedida por ajustes ortodoxos. Ao longo dos vinte anos de governo, o crédito e a moeda foram mais flexíveis, sendo o controle inflacionário realizado pela indexação de preços. Portanto, ao renegar as políticas ortodoxas o governo priorizava o crescimento em detrimento da estabilização econômica. 
Fiori, ainda mostra que o Estado era forte na definição do valor do dinheiro e créditos e Fraco; ao tentar ir além dos limites estabelecidos pelos seus compromissos constitutivos. A crise final desse regime se dá pelo esgotamento do Estado como agente econômico. Nunca houve uma rela submissão ao projeto NACIONAL de desenvolvimento e sim um projeto estatal.
Segundo Carneiro, em 1974, houve a mudança no perfil da dívida externa, que é progressivamente estatizadao que implicaria, em meados da década de 80, na incapacidade de financiamento do setor público. Porém, esse movimento ataca o fato de não ocorreu paralelamente um aumento da renda disponível do setor público.

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