Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Convergeˆncia e Topologia Vinicius Cabral da Silva 22 de novembro de 2017 Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Nos espac¸os me´tricos os conceitos topolo´gicos introduzidos nos cap´ıtulos anteriores podem ser todos expressos mediante limites de sequeˆncias. Comec¸aremos com a noc¸a˜o de func¸a˜o cont´ınua. Proposic¸a˜o 9: Sejam M,N espac¸os me´tricos. A fim de que a aplicac¸a˜o f : M −→ N seja cont´ınua no ponto a ∈ M e´ necessa´rio e suficiente que xn −→ a em M implique f (xn) −→ f (a) em N. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Nos espac¸os me´tricos os conceitos topolo´gicos introduzidos nos cap´ıtulos anteriores podem ser todos expressos mediante limites de sequeˆncias. Comec¸aremos com a noc¸a˜o de func¸a˜o cont´ınua. Proposic¸a˜o 9: Sejam M,N espac¸os me´tricos. A fim de que a aplicac¸a˜o f : M −→ N seja cont´ınua no ponto a ∈ M e´ necessa´rio e suficiente que xn −→ a em M implique f (xn) −→ f (a) em N. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Demonstrac¸a˜o Seja f cont´ınua no ponto a. Se xn −→ a enta˜o, dado � > 0, ∃ δ > 0 tal que d(x , a) < δ =⇒ d(f (x), f (a)) < �. A partir de δ, obtemos n0 ∈ N tal que n > n0 =⇒ d(xn, a) < δ =⇒ d(f (xn), f (a)) < �. Logo lim f (xn) = f (a). Para demonstrar a rec´ıproca suponhamos, por absurdo, que f na˜o seja cont´ınua no ponto a. Enta˜o existe � > 0 tal que, para cada n ∈ N, no´s podemos obter xn ∈ M, com d(xn, a) < 1/n e d(f (xn), f (a)) ≥ �. Isto nos da´ uma sequeˆncia (xn) em M, com xn −→ a sem que f (xn) convirja para f (a). Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 1 Para que f : M −→ N seja cont´ınua no ponto a, e´ suficiente que xn −→ a implique (f (xn)) convergente em N. Basta mostrar que, nestas condic¸o˜es, xn −→ a implica f (xn) −→ f (a). Ora, se xn −→ a, a sequeˆncia (zn) = (x1, a, x2, a...) converge para a. Logo (f (zn)) = (f (x1), f (a), f (x2), f (a), ...) Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 1 Para que f : M −→ N seja cont´ınua no ponto a, e´ suficiente que xn −→ a implique (f (xn)) convergente em N. Basta mostrar que, nestas condic¸o˜es, xn −→ a implica f (xn) −→ f (a). Ora, se xn −→ a, a sequeˆncia (zn) = (x1, a, x2, a...) converge para a. Logo (f (zn)) = (f (x1), f (a), f (x2), f (a), ...) Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 2 Para que f : M −→ N seja cont´ınua no ponto a, e´ suficiente que xn −→ a implique (f (xn)) possui uma subsequeˆncia convergindo para f (a). Trata-se na verdade, de um corola´rio da demonstrac¸a˜o, na qual, supondo f descont´ınua no ponto a, obtivemos uma sequeˆncia (xn) com xn −→ a, mas nenhuma subsequeˆncia de (xn) pode convergir para f (a). Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 2 Para que f : M −→ N seja cont´ınua no ponto a, e´ suficiente que xn −→ a implique (f (xn)) possui uma subsequeˆncia convergindo para f (a). Trata-se na verdade, de um corola´rio da demonstrac¸a˜o, na qual, supondo f descont´ınua no ponto a, obtivemos uma sequeˆncia (xn) com xn −→ a, mas nenhuma subsequeˆncia de (xn) pode convergir para f (a). Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 3 A aplicac¸a˜o f : M −→ N e´ cont´ınua se, e somente se, a imagem (f (xn)) de toda sequeˆncia convergeˆnte (xn) em M e´ uma sequeˆncia convergente em N. No caso afirmativo, tem-se f (lim xn) = lim f (xn). Proposic¸a˜o 10 Seja X um subconjunto de um espac¸o me´trico M. A fim de que se tenha a ∈ X em M, e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X . Demonstrac¸a˜o Se a ∈ X , enta˜o ∀ n ∈ N podemos obter um ponto xn ∈ B(a; 1/n) ∩ X . Isto nos da´ uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X , com d(xn, a) < 1/n e portanto lim xn = a. Reciprocamente, se a = lim xn, xn ∈ X , enta˜o toda bola aberta de centro a conte´m pontos xn pertencentes a X. Logo a ∈ X . Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 3 A aplicac¸a˜o f : M −→ N e´ cont´ınua se, e somente se, a imagem (f (xn)) de toda sequeˆncia convergeˆnte (xn) em M e´ uma sequeˆncia convergente em N. No caso afirmativo, tem-se f (lim xn) = lim f (xn). Proposic¸a˜o 10 Seja X um subconjunto de um espac¸o me´trico M. A fim de que se tenha a ∈ X em M, e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X . Demonstrac¸a˜o Se a ∈ X , enta˜o ∀ n ∈ N podemos obter um ponto xn ∈ B(a; 1/n) ∩ X . Isto nos da´ uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X , com d(xn, a) < 1/n e portanto lim xn = a. Reciprocamente, se a = lim xn, xn ∈ X , enta˜o toda bola aberta de centro a conte´m pontos xn pertencentes a X. Logo a ∈ X . Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 3 A aplicac¸a˜o f : M −→ N e´ cont´ınua se, e somente se, a imagem (f (xn)) de toda sequeˆncia convergeˆnte (xn) em M e´ uma sequeˆncia convergente em N. No caso afirmativo, tem-se f (lim xn) = lim f (xn). Proposic¸a˜o 10 Seja X um subconjunto de um espac¸o me´trico M. A fim de que se tenha a ∈ X em M, e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X . Demonstrac¸a˜o Se a ∈ X , enta˜o ∀ n ∈ N podemos obter um ponto xn ∈ B(a; 1/n) ∩ X . Isto nos da´ uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X , com d(xn, a) < 1/n e portanto lim xn = a. Reciprocamente, se a = lim xn, xn ∈ X , enta˜o toda bola aberta de centro a conte´m pontos xn pertencentes a X. Logo a ∈ X . Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 1 A fim de que o ponto a pertenc¸a a` fronteira do conjunto X, e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X , e de uma sequeˆncia de pontos yn ∈ M − X . Com efeito, a fronteira de X e´ ∂X = X ∩M − X . Corola´rio 2 Um subconjunto X ⊂ M e´ denso no espac¸o me´trico M se, e somente se, todo ponto de M e´ limite de uma sequeˆncia de pontos de X. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 1 A fim de que o ponto a pertenc¸a a` fronteira do conjunto X, e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X , e de uma sequeˆncia de pontos yn ∈ M − X . Com efeito, a fronteira de X e´ ∂X = X ∩M − X . Corola´rio 2 Um subconjunto X ⊂ M e´ denso no espac¸o me´trico M se, e somente se, todo ponto de M e´ limite de uma sequeˆncia de pontos de X. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 1 A fim de que o ponto a pertenc¸a a` fronteira do conjunto X, e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos xn ∈ X , e de uma sequeˆncia de pontos yn ∈ M − X . Com efeito, a fronteira de X e´ ∂X = X ∩M − X . Corola´rio 2 Um subconjunto X ⊂ M e´ denso no espac¸o me´trico M se, e somente se, todo ponto de M e´ limite de uma sequeˆncia de pontos de X. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 3 A fim de que um conjunto F seja fechado em M, e´ necessa´rio e sufuciente que ele contenha o limite de cada sequeˆncia de pontos xn ∈ F que convirja em M. Ou seja, F ⊂ M e´ fechado se, e somente se, xn ∈ F , xn −→ a ∈ M =⇒ a ∈ F . (Isto diz que F e´ fechado relativamente a` operac¸a˜o de tomar limites em M.) A demonstrac¸a˜o do corola´rio 3 se faz apelando para a proposic¸a˜o 10 e observando que F e´ fechado se, e somente se, F ⊃ F . Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Corola´rio 3 A fim de que um conjunto F seja fechado em M, e´ necessa´rio e sufuciente que ele contenha o limite de cada sequeˆncia de pontos xn ∈ F que convirja em M. Ou seja, F ⊂ M e´ fechado se, e somente se, xn ∈ F , xn −→ a ∈ M =⇒ a ∈ F . (Isto diz que F e´ fechado relativamente a` operac¸a˜o de tomar limites em M.) A demonstrac¸a˜o do corola´rio 3 se faz apelando para a proposic¸a˜o 10 e observando que F e´ fechado se, e somente se, F ⊃ F . ViniciusCabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Proposic¸a˜o 11 Um conjunto A e´ aberto em M se, e somente se, cumpre a seguinte condic¸a˜o: xn −→ a ∈ A =⇒ xn ∈ A para todo n suficientemente grande. Demonstrac¸a˜o Se A e´ aberto e xn −→ a ∈ A enta˜o existe uma bola B(a; �) ⊂ A e portanto existe n0 tal que n > n0 =⇒ xn ∈ B(a; �) ⊂ A. Reciprocamente, supondo cumprida a condic¸a˜o, dada uma sequeˆncia de pontos xn ∈ M − A com lim xn = b, na˜o se pode ter b ∈ A, logo b ∈ M − A. Assim, M − A e´ fechado (Corola´rio 3) e consequentemente A e´ aberto. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Proposic¸a˜o 11 Um conjunto A e´ aberto em M se, e somente se, cumpre a seguinte condic¸a˜o: xn −→ a ∈ A =⇒ xn ∈ A para todo n suficientemente grande. Demonstrac¸a˜o Se A e´ aberto e xn −→ a ∈ A enta˜o existe uma bola B(a; �) ⊂ A e portanto existe n0 tal que n > n0 =⇒ xn ∈ B(a; �) ⊂ A. Reciprocamente, supondo cumprida a condic¸a˜o, dada uma sequeˆncia de pontos xn ∈ M − A com lim xn = b, na˜o se pode ter b ∈ A, logo b ∈ M − A. Assim, M − A e´ fechado (Corola´rio 3) e consequentemente A e´ aberto. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Proposic¸a˜o 12 A fim de que a seja ponto de acumulac¸a˜o de um conjunto X ⊂ M e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos distintos de xn ∈ X . Demonstrac¸a˜o A condic¸a˜o e´ evidentemente suficiente. Suponhamos agora a ∈ X ′. Para cada n ∈ N, a bola aberta B(a; 1/n) conte´m uma infinidade de pontos de X. Podemos enta˜o escolher sucessivamente os pontos x1, x2, ..., xn, ... de tal modo que xn ∈ X , xn ∈ B(a; 1/n), mas xn na˜o e´ nenhum dos pontos x1, · · · , xn−1 escolhidos anteriormente. Enta˜o m 6= n =⇒ xm 6= xn e, como d(xn, a) < 1/n, temos lim xn = a. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Proposic¸a˜o 12 A fim de que a seja ponto de acumulac¸a˜o de um conjunto X ⊂ M e´ necessa´rio e suficiente que a seja limite de uma sequeˆncia de pontos distintos de xn ∈ X . Demonstrac¸a˜o A condic¸a˜o e´ evidentemente suficiente. Suponhamos agora a ∈ X ′. Para cada n ∈ N, a bola aberta B(a; 1/n) conte´m uma infinidade de pontos de X. Podemos enta˜o escolher sucessivamente os pontos x1, x2, ..., xn, ... de tal modo que xn ∈ X , xn ∈ B(a; 1/n), mas xn na˜o e´ nenhum dos pontos x1, · · · , xn−1 escolhidos anteriormente. Enta˜o m 6= n =⇒ xm 6= xn e, como d(xn, a) < 1/n, temos lim xn = a. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia Exemplo 10 Vimos na Proposic¸a˜o 8 que lim xn = a > b na reta implica xn > b para todo n suficientemente grande. Isto e´ um caso particular da Proposic¸a˜o 11 pois o conjunto (b,+∞), dos pontos x > b e´ aberto na reta. Tambe´m o corola´rio da proposic¸a˜o 8, segundo o qual xn ≤ b ∀ n =⇒ lim xn ≤ b (caso lim xn exista) decorre, como caso particular, do Corola´rio 3 da Proposic¸a˜o 10 pois o conjunto (−∞, b] dos pontos x ≤ b e´ fechado na reta. Exemplo 12 Sejam f , g : M −→ N cont´ınuas. O conjunto F dos pontos x ∈ M tais que f (x) = g(x) e´ fechado em M. Com efeito, dada uma sequeˆncia de pontos xn ∈ F , com lim xn = a ∈ M, temos f (xn) = g(xn) para todo n ∈ N. Segue-se da´ı que f (a) = f (lim xn) = lim f (xn) = lim g(xn) = g(lim xn) = g(a). Logo a ∈ F e, portanto, F e´ fechado. Vinicius Cabral da Silva Convergeˆncia e Topologia
Compartilhar