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Apostila completa de Geologia

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Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro 
Geologia 
 
Prof. Luiz Carlos Bertolino 
2015 
 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
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CAPÍTULO I. ESTUDO DA TERRA............................................................................................................ 5 
I.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA TERRA ............................................................................................................ 7 
I.2 CONSTITUIÇÃO INTERNA DA TERRA ...................................................................................................... 8 
I.3. METEORITO ......................................................................................................................................... 10 
I.4. DISTRIBUIÇÃO DOS ELEMENTOS NA CROSTA TERRESTRE .................................................................. 12 
I.5 CLASSIFICAÇÃO GEOQUÍMICA DOS ELEMENTOS ................................................................................... 13 
CAPÍTULO II. DINÂMICA INTERNA .................................................................................................. 15 
II.1. VULCANISMO..................................................................................................................................... 15 
II.2. TERREMOTOS..................................................................................................................................... 17 
II.4. TSUNAMIS ........................................................................................................................................ 19 
II.3. VULCANISMO E TERREMOTO NO BRASIL .......................................................................................... 20 
CAPÍTULO III. TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS ................................................................. 23 
III.1. ORIGEM DAS PLACAS E DOS SEUS MOVIMENTOS ........................................................................... 24 
III.2 FALHAS E DOBRAS........................................................................................................................... 28 
III.3. ORIGEM DAS MONTANHAS ............................................................................................................... 30 
CAPÍTULO V. MINERALOGIA ................................................................................................................. 32 
V.1 CICLO GEOQUÍMICO ............................................................................................................................. 33 
V.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE MINERALÓGICA E PETROGRÁFICA ................................................................... 34 
V.3 PROPRIEDADES DOS MINERAIS ............................................................................................................ 37 
V.4. CRISTALOGRAFIA ESTRUTURAL E MORFOLOGIA DOS CRISTAIS ......................................................... 37 
V.4.1 Sistemas Cristalinos .................................................................................................... 39 
V.5. CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS MINERAIS ........................................................................................ 40 
V.6. PROPRIEDADES FÍSICAS ................................................................................................................... 42 
V.7. PROPRIEDADES ÓPTICAS ................................................................................................................... 45 
V.8. PROPRIEDADES QUÍMICAS ................................................................................................................. 45 
V.9. ESQUEMA DE IDENTIFICAÇÃO MACROSCÓPICA................................................................................... 45 
CAPÍTULO VI. PETROGRAFIA .............................................................................................................. 47 
VI.1 ROCHAS SEDIMENTARES ...................................................................................................................... 47 
VI.2 ROCHAS ÍGNEAS ................................................................................................................................. 50 
VI.3 ROCHAS METAMÓRFICAS ..................................................................................................................... 52 
CAPÍTULO VII. DINÂMICA EXTERNA .............................................................................................. 54 
VII.1 PROCESSOS ...................................................................................................................................... 55 
VII.2 INTEMPERISMO ................................................................................................................................. 55 
VII.3 EROSÃO ............................................................................................................................................ 59 
VII.4 TRANSPORTE..................................................................................................................................... 60 
VII.5 DEPOSIÇÃO ...................................................................................................................................... 60 
VII.6 AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO ........................................................................................................ 61 
CAPÍTULO VIII. PEDOLOGIA ............................................................................................................ 65 
VIII.1. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO ............................................................................................ 66 
VIII.2. CONSTITUIÇÃO DO SOLO ............................................................................................................ 66 
VIII.3. FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS ........................................................................................... 67 
VIII.3.1 Material Parental .................................................................................................... 67 
VIII.3.2. Estrutura dos Minerais ...................................................................................... 68 
VIII.3.3. Composição Química e Mineralógica dos Materiais Parentais .. 68 
VIII.3.4. Clima .............................................................................................................................. 69 
VIII.3.5. Organismos .................................................................................................................. 71 
VIII.3.6. Relevo (Topografia) ............................................................................................. 72 
VIII.3.7. Tempo .............................................................................................................................. 73 
VIII.4. HORIZONTES DO SOLO ................................................................................................................ 73 
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VIII.5. POLUIÇÃO DO SOLO .................................................................................................................... 75 
CAPÍTULO IV. TEMPO GEOLÓGICO ..................................................................................................... 79 
IV.1. MAGNITUDE DO TEMPO GEOLÓGICO ................................................................................................. 82 
IV.2. DATAÇÃO RADIOMÉTRICA (ABSOLUTA) ........................................................................................... 83 
IV.3. MÉTODO RADIOCARBÔNICO ...............................................................................................................85 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................. 87 
 
 
 
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I. ESTUDO DA TERRA 
A curiosidade natural do homem em desvendar os 
mistérios da natureza levou-o ao estudo da Terra. 
Perguntas tais como: de onde vem as lavas dos vulcões; o 
que causa os terremotos; como se formam as montanhas; de 
que modo se formaram os planetas e as estrelas, e muitas 
outras, sempre foram enigmas que o homem vem tentando 
decifrar. O principal fator que impulsiona o homem a 
melhor conhecer a Terra é o fato de ter que usar 
materiais extraídos do subsolo para atender as suas 
necessidades básicas. 
Na idade Média, acreditava-se que a Terra era o 
centro do Universo e que todos os outros astros, como o 
Sol, a Lua, os planetas e as estrelas giravam em torno 
dela. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, 
o homem pôde comprovar que a Terra pertence ao um 
conjunto de planetas e outros astros, que giram em torno 
do Sol, formando o sistema solar. Descobriu-se também 
que a própria Terra se modifica através dos tempos. Por 
exemplo, áreas que hoje estão cobertas pelo mar, há 15 
mil anos eram planícies costeiras, semelhante à baixada 
de Jacarepaguá; regiões que estavam submersas há milhões 
de anos, formam agora montanhas elevadas como os Alpes e 
os Andes. Lugares onde existiam exuberantes florestas 
estão hoje recobertas pelo gelo da Antártica ou 
transformaram-se em desertos, como o Saara. O material 
que atualmente constitui montanhas, como o Pão de Açúcar 
e o Corcovado, formou-se a centenas ou milhares de 
metros abaixo da superfície terrestre, há muito milhões 
de anos (SBG, 1987). 
Estas transformações são causadas por gigantescos 
movimentos que ocorrem continuamente no interior e na 
superfície da Terra. Por serem transformações muito 
lentas, o homem não pode acompanhá-las diretamente, pois 
ele só apareceu há cerca de dois milhões de anos. Isso 
quer dizer que, se toda a evolução da terra fosse feita 
em um ano, o homem só teria aparecido quando faltassem 
dois minutos para a meia-noite do último dia do ano. 
Além disso, o homem só tem acesso à camada mais 
superficial do nosso planeta. A distância da superfície 
até o centro da Terra mede 6.378 km - dois mil 
quilômetros a mais que a distância entre o Oiapoque e o 
Chuí, pontos localizados nos extremos norte e sul do 
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Brasil - e a maior perfuração já feita só alcançou 10 km 
de profundidade. 
Então, como se pode saber o que existe dentro da 
Terra em tão grandes profundidades e como descobrir a 
idade de cada período da história da Terra? Isto é 
possível através do estudo das rochas, dos terremotos, 
dos vulcões, dos restos dos organismos preservados nas 
rochas e das propriedades físicas terrestres, tais como 
o magnetismo e a gravidade. 
As rochas são formadas por minerais, que por sua vez 
são constituídos por substâncias químicas que se 
cristalizam em condições especiais. O estudo dos 
minerais contidos em uma determinada rocha pode indicar 
onde e como ela se formou. 
Para medir o tempo geológico, utiliza-se elementos 
radioativos contidos em certos minerais (datação 
absoluta). Esses elementos são os relógios da Terra. 
Eles sofrem um tipo especial de transformação que se 
processa em ritmo uniforme, século após século, sem 
nunca se acelerar ou retardar. Por este processo chamado 
RADIOATIVIDADE, algumas substâncias se desintegram, 
transformando-se em outras. Medindo-se a quantidade 
dessas substâncias em uma rocha, pode-se saber a sua 
idade (Capítulo IV). 
A Terra atrai os corpos pelas forças magnética e 
gravitacional. Estas forças variam de local para local, 
devido as diferenças superficiais e profundas dos 
materiais que constituem a Terra. A análise dessas 
diferenças é outra forma de interpretar o que existe no 
subsolo terrestre (Tabela I.1). 
Todos esses estudos fazem parte da GEOLOGIA, a 
ciência que busca o conhecimento da origem, composição e 
evolução da Terra. Outras ciências da Terra como a 
GEOGRAFIA, a OCEANOGRAFIA e a METEOROLOGIA, ocupam-se de 
outros aspectos do nosso planeta (SBG, 1987). 
 
 
 
 
 
Tabela I.1. Dados numéricos da Terra. 
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Raio equatorial 6.378 km 
Raio polar 6.356 km 
Diferença (RE - RP) 22 km 
Perímetro no Equador 40.075 km 
Área superficial da terra 510 milhões de km2 
Volume 1,083 x 109 km3 
Massa 5,976 x 1027 g 
Densidade média 5,517 g/cm3 
Densidade média na 
superfície 
2,7 - 3,0 g/cm3 
Densidade no núcleo 13 g/cm3 
Gravidade no Equador 978,032 cm/s2 
Elevação média dos 
continentes 
623 m 
Profundidade média dos 
oceanos 
3,8 km 
I.1 Origem e Evolução da Terra 
Estima-se que a formação do Sistema Solar teve 
início há seis bilhões de anos, quando uma enorme nuvem 
de gás que vagava pelo Universo começou a contrair. A 
poeira e os gases dessa nuvem se aglutinaram pela força 
da gravidade e, há 4,5 bilhões de anos, formaram várias 
esferas que giravam em torno de uma esfera maior, de gás 
incandescente, que deu origem ao Sol. As esferas menores 
formaram os planetas, dentre os quais a Terra. Devido à 
força da gravidade, os elementos químicos mais pesados 
como o ferro e o níquel, concentraram-se no seu centro 
enquanto os mais leves, como o silício, o alumínio e os 
gases, permaneceram na superfície. Estes gases foram, em 
seguida, varridos da superfície do planeta por ventos 
solares. 
Assim, foram separando-se camadas com propriedades 
químicas e físicas distintas no interior do Globo 
Terrestre. Há cerca de 4,4 a 4,0 bilhões de anos, 
formou-se o NÚCLEO - constituído principalmente por 
ferro e níquel no estado sólido, com raio de 3.700 km. 
Em torno do núcleo, formou-se uma camada - o MANTO - que 
possui 2.900 km de espessura, constituída de material em 
estado pastoso, com composição predominante de silício e 
magnésio (Figura I.1). 
Em torno de 4 bilhões de anos atrás, gases do manto 
separam-se, formando uma camada de ar ao redor da Terra 
- a ATMOSFERA. Finalmente, há aproximadamente 3,7 
bilhões de anos, solidificou-se uma fina camada de 
rochas - a CROSTA. A crosta não é igual em todos os 
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lugares. Debaixo dos oceanos, ela tem mais ou menos 7 km 
de espessura e é constituída por rochas de composição 
semelhante à do manto. Nos continentes, a espessura da 
crosta aumenta para 30-50 km, sendo composto por rochas 
formadas principalmente por silício e alumínio e, por 
isso, mais leves que as do fundo dos oceanos (SBG, 
1987). 
I.2 Constituição Interna da Terra 
As informações das camadas internas da Terra são 
obtidas a partir de informações diretas e indiretas. As 
observações da densidade e da gravidade do globo 
terrestre mostram que o interior e a crosta devem 
possuir uma constituição diferente. Observações 
sismológicas (comportamento das ondas sísmicas) e 
deduções baseadas em estudos de meteoritos indicam que a 
Terra é constituída de várias camadas. 
 
Figura I.1. Estrutura interna da Terra (Kearey e Vine, 
1990). 
Medições geoquímicas elementares da massa, volume e 
momento de inércia da Terra indicam que a densidade de 
seus materiais cresce de fora para dentro, alcançando um 
valor da ordem de 13 g/cm3 perto do centro (Tabela I.1). 
As velocidades das ondas sísmicas dão-nos uma idéia 
detalhada quanto à distribuição dos materiaisno 
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interior. Assim haveria uma crosta com uma espessura 
média de 35 km sob os continentes e 7 km sob os oceanos; 
um manto que se estende à metade da distância até o 
centro; um núcleo líquido ocupando cerca de dois terços 
da distância restante e um núcleo interno sólido (Figura 
I.1). 
Tabela I.2. Tipos de ondas sísmicas e suas 
características. 
Ondas Características 
P - primária Rápidas, ondas longitudinais com pequena 
amplitude, semelhantes às ondas sonoras. Propagam-
se com maior velocidade nas camadas de maior 
densidade. Velocidade média 5,5 - 13,8 km/s 
S - secundária Pouco veloz, ondas transversais, semelhantes à 
vibração da luz. Só se propagam através de 
sólidos. Velocidade média 3,2 - 7,3 km/s 
L - longa Menor velocidade, propagam próximo à superfície, 
apresentam grande comprimento de onda. Velocidade 
média 4 - 4,4 km/s 
 
 
A natureza dos materiais 
de cada uma dessas 
regiões foram 
determinadas por medições 
de ondas sísmicas (Tabela 
I.2 e Figura I.2), devido 
as variações da densidade 
e das constantes 
elásticas. Devido às 
diferentes velocidades e 
percursos, os três tipos 
de ondas chegam a um 
sismógrafo em tempos 
diversos, os registros 
dessas ondas fornecem a 
localização do foco do 
terremoto e informações 
das camadas inferiores. 
 
Figura I.2. Propagação 
das ondas sísmicas 
(Selbey, 1985). 
 
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Para restringir nossas suposições quanto a química 
do interior, precisamos de dados de outras fontes. Uma 
possível indicação provém do estudo dos meteoritos. 
Esses objetos que caem sobre a Terra a partir de órbitas 
solares são interpretados como fragmentos de um planeta 
desaparecido, ou possivelmente, resíduos de material que 
compôs originariamente a Terra. A composição média dos 
meteoritos deve se assemelhar à composição média de toda 
a Terra. 
I.3. Meteorito 
Os meteoritos são objetos que se movem no espaço e 
que atravessam a atmosfera e chegam a superfície da 
Terra sem serem totalmente vaporizados. Provavelmente, 
pertencem ao sistema solar e tem origem no cinturão de 
asteróides localizados entre as órbitas dos planetas 
Júpiter e Marte. O fenômeno causado pela queda de 
meteorito é popularmente conhecido como estrela cadente. 
A composição dos meteoritos é variável, num extremo 
estão os que são compostos predominantemente de ferro 
metálico com alguma porcentagem de níquel. Em outro 
estão os que consistem principalmente de silicatos e 
assemelhando-se em composição às rochas ultramáficas. 
Inclui na composição dos meteoritos, tanto silicatos 
como metal nativo e algumas a fases sulfetadas (troilita 
FeS). 
Entre os meteoritos distinguem-se 3 grupos: 
Sideritos: compostos de ferro metálico com + 8% de Ni; 
Assideritos ou aerólitos: compostos principalmente por 
silicatos e baixo teor de ferro; 
Litossideritos: composição intermediária. 
 
A Terra é constituída por uma série de camadas 
concêntricas de constituição química diferentes e, em 
estado físico distinto ao redor do núcleo, cada uma 
dessas camadas tem uma condutividade diferente. Como as 
velocidades das ondas sísmicas dependem das propriedades 
e das densidades dos materiais através dos quais passam 
as ondas, as mudanças de velocidade a diferentes 
profundidades são atribuídas a diferentes composições e 
densidades e, talvez, a diferentes estados, sobretudo no 
núcleo (Figura I.3). 
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Os geofísicos reconheceram duas descontinuidades 
dividindo a Terra em três partes: 
Crosta: desde a superfície em direção ao centro, até a 
primeira descontinuidade (Mohorovicic, 30 -50 km). 
A crosta é dividida em crosta continental (mais 
espessa e menos densa) e crosta oceânica (menos 
espessa e mais densa); 
Manto: desde a base da crosta até a segunda 
descontinuidade (Wiechert-Gutemberg, 2.900 km); 
Núcleo: desde a descontinuidade do manto até o centro da 
Terra. 
A crosta continental é de composição granítica ou 
granodiorítica e a crosta oceânica é de composição 
basáltica, correspondendo ao SIAL (material rico em Si e 
Al) e ao SIMA (rico em Si e Mg), respectivamente (Tabela 
I.3). 
 
 
Figura I.3. Divisão interna da Terra. 
 
O manto é formado por material silicatado de olivina 
e piroxênio ou seus equivalentes de pressão e 
temperaturas altas. O núcleo ou siderosfera é 
constituído por ligas de ferro-níquel, possivelmente a 
parte exterior é líquida e a parte inferior é sólida. 
Para completar, deve-se adicionar a crosta, manto e 
núcleo, mais três zonas: a atmosfera, hidrosfera e 
biosfera. A atmosfera é o envoltório gasoso. A 
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hidrosfera a camada descontínua de água, salgada ou doce 
(oceanos, lagos e rios). A biosfera é a totalidade da 
matéria orgânica distribuída através da hidrosfera, 
atmosfera e superfície da crosta. 
Embora importantes do ponto de vista geoquímico, a 
hidrosfera, biosfera e atmosfera contribuem com menos de 
0,03% da massa total da Terra, a crosta 0,4%, o manto 
67% e o núcleo 32%. 
Tabela I.3. Características da estrutura interna da 
Terra. 
Prof. 
km 
Denominação Constituição 
litológica 
Densidade 
g/cm3 
Temperatura 
(oC) 
 Litosfera 
15 a 25 crosta 
superior SiAl 
sedimentos 
granito 
2,7 600 
30 a 50 crosta 
inferior SiMa 
 
basalto 
 
2,9 
 
1.200 
1.200 Manto 
superior 
(astenosfera) 
peridotito 3,3 3.400 
 
2.900 
 
Manto 
inferior 
silicatos, 
sulfetos e 
óxidos 
 
4,7 
 
4.000 
6.370 Núcleo 
NiFe 
ferro 
metálico e 
níquel 
12,2 4.000 
I.4. Distribuição dos elementos na crosta 
terrestre 
A geoquímica mostra a importância dos elementos que 
constituem os minerais, cujos objetivos essenciais são: 
 a determinação da abundância dos elementos na 
Terra; 
 a repartição dos elementos nos minerais e nas 
rochas; 
 estabelecimento dos princípios que regem a 
abundância e distribuição dos elementos químicos. 
A crosta é composta de silicatos de alumínio, sódio, 
potássio, cálcio, magnésio e ferro. Em função do número 
de átomos o oxigênio ultrapassa 60% e forma mais de 90% 
do volume total ocupado pelos elementos. A Tabela I.4 
mostra a repartição dos constituintes da crosta 
terrestre em porcentagem em peso de óxidos, em íons e 
nos minerais. 
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Tabela I.4. Distribuição dos elementos na crosta 
terrestre. 
Óxidos Peso 
% 
Íons Peso 
% 
Volume 
% 
Minerais Peso 
% 
SiO2 59,12 O 46,6 92,0 Feldspato 
alcalino 
31,0 
Al2O3 15,34 Si 27,72 0,8 Plagioclásio 29,2 
Fe2O3 + 
FeO 
6,88 Al 8,13 0,8 Quartzo 12,4 
MgO 3,49 Fe 5,0 0,7 Piroxênio 12,0 
CaO 5,08 Ca 3,63 1,4 Minerais 
opacos 
4,1 
Na2O 3,84 Na 2,83 1,6 Biotita 3,8 
K2O 3,13 K 2,59 2,1 Olivina 2,6 
TiO2 1,05 Mg 2,09 0,6 Hornblenda 1,7 
Total 97,93 98,59 100,0 Muscovita 1,4 
 Clorita 0,6 
 Apatita 0,6 
 Nefelina 0,3 
 Titanita 0,3 
 100,0 
I.5 Classificação Geoquímica dos Elementos 
As diretrizes da geoquímica moderna tratam de 
mostrar onde se podem encontrar os elementos e em que 
condições. Ex.: Lantânio e potássio encontram-se juntos; 
telúrio   e   tântalo   “fogem”   um   do   outro.   Alguns,   embora  
presentes, estão dispersos como o rubídio no potássio e 
gálio no alumínio. Háfnioe selênio não são formadores 
de acumulações e às vezes, se acham tão dispersos na 
natureza que seu percentual na composição das rochas é 
ínfimo. Outros elementos como chumbo e ferro durante seu 
processo de deslocamento experimentam uma parada e 
formam combinações capazes de acumularem-se com 
facilidade (Antonello, 1995). 
A geoquímica estuda as leis da distribuição e 
migração dos elementos em condições geológicas definidas 
marcando seu percurso e exploração das jazidas minerais. 
Goldschmidt foi o primeiro a acentuar a importância 
da diferenciação geoquímica primária dos elementos, 
classificando-os da seguinte maneira: 
Siderófilos: com afinidade pelo ferro metálico; ex.: 
Cr, V, Co, Ni. 
Calcófilos ou sulfófilos: com afinidade pelo 
sulfeto, ex.: Pb, Zn, Cu, Ag, Hg, Bi, Sb, Se, 
Fe, S, As. 
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Litófilos: com afinidade pelo silicato, ex.: O, Si, 
Al, Na, K, Ca, Mg. 
Atmófilos: com afinidade pela atmosfera, ex.: O, C, 
gases nobres, N. 
Alguns elementos mostram afinidade por mais de um 
grupo, pois a distribuição de qualquer elemento depende, 
em certo grau, da temperatura, pressão e ambiente 
químico, como um todo. 
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II. DINÂMICA INTERNA 
II.1. Vulcanismo 
Os vulcões são crateras ou fissuras na crosta 
terrestre através da qual o magma (rocha fundida que se 
origina em profundidade, abaixo da crosta), sobe até a 
superfície em forma de lava. Localizam-se geralmente ao 
longo dos limites das placas crustais; a maioria faz 
parte  de  um  cinturão  chamado  “círculo  de  fogo”,  que  se  
estende ao longo das costas do oceano Pacífico. 
Os vulcões podem ser classificados de acordo com a 
freqüência e violência de suas erupções. As erupções não 
explosivas, geralmente ocorrem onde as placas crustais 
se separam, ou seja, nas bordas de placas divergentes 
(ex. Cordilheira Mesoceânica). Estas erupções produzem 
lava basáltica (básica) móvel, que se espalha 
rapidamente por longas distâncias e forma cones 
relativamente achatados. As erupções mais violentas 
acontecem onde as placas colidem, bordas convergentes 
(ex. Andes). Essas erupções expelem lava riolítica 
(ácidas) viscosa e explosões repentinas de gases, cinzas 
e piroclastos (fragmentos de lava solidificada). A lava 
é pouco móvel, percorre distâncias curtas e dá origem a 
cones de vertentes íngremes. Alguns vulcões apresentam 
erupções de lava e cinza, que formam os cones 
compósitos. 
 
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Os vulcões com erupções 
freqüentes são descritos 
como ativos; os vulcões 
dormentes são os que 
raramente entram em 
erupção, e os que 
aparentemente cessam as 
erupções são considerados 
extintos. 
Além dos vulcões, outros 
aspectos associados às 
zonas vulcânicas são os 
gêiseres, fontes minerais 
quentes, fumarolas e poços 
de lama borbulhante. 
Figura II.1. Esquema de um 
vulcão. 
 
Plutonismo é o conjunto de processos magmáticos que 
ocorrem no interior do planeta e que geram intrusões de 
magma. Plúton é o corpo de rocha magmática consolidada 
no interior da crosta terrestre, a partir de uma câmara 
magmática. Designa-se de rocha encaixante a rocha 
invadida por um plúton. Os plútons podem ser de dois 
tipos:   concordantes   (“sill”,   lacólito   e   facólito)   e  
discordantes  (“neck”,  dique,  batólito  e  "stock"). 
Material vulcânico: 
 piroclastos: bomba, tufos, lapilli, cinza etc. 
 gases: vapor d'água, CO2, H2S, HCl, SO2 etc. 
 lavas: almofadadas, "aa" e cordadas. 
A viscosidade do magma é variável, dependendo 
essencialmente da sua temperatura e da composição 
química. Magma ácido, isto é, rico em sílica, é mais 
viscoso do que um magma básico, pouca sílica (Leinz e 
Amaral, 1987). 
Magma ácido  rico em sílica  mais viscoso 
Magma básico  pobre em sílica  mais fluido 
Tipos de vulcanismo: havaiano, peleano, 
estromboliano e pliniano 
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O calor interno da Terra é associado ao calor 
remanescente da sua formação (Big Bang) e da 
desintegração de isótopos radiogênicos; p.ex., K40, 
Th232 e U238. O grau geotérmico refere-se a 
profundidade, em metros, para elevar-se a temperatura em 
1°C. O valor médio é de 30 m, podendo existir grandes 
variações, dependendo da localização geográfica. 
II.2. Terremotos 
O terremoto, ou sismo é qualquer vibração na crosta 
e que tem origem no seu interior. Quando a vibração é 
relativamente intensa, o tremor de terra se torna 
perceptível aos nossos sentidos. 
Quando muito fraca, seu 
registro se faz por meio 
de aparelhos especiais, 
denominados sismógrafos 
(Figura II.2). Tal 
vibração é denominada de 
microssismo. 
 
Figura II.2. Sismógrafo 
 
 
Em um ano registram-se na superfície terrestre cerca 
de 100 mil terremotos. Destes, 90 mil possuem 
intensidade muito fraca, sendo quase imperceptíveis aos 
sentidos das pessoas; 9.000 são de intensidade fraca e 
os 1.000 restantes de intensidade média. Apenas 100 se 
revelam fortes, e só 10, aproximadamente, são 
catastróficos. 
Os terremotos não se distribuem uniformemente em 
toda a superfície da Terra, existem regiões onde o 
fenômeno é praticamente desconhecido, são as chamadas 
regiões assísmicas, como as áreas centrais do Canadá e 
dos Estados Unidos, a África (exceto a orla 
mediterrânea), a Arábia, a Ásia Central e a Austrália. 
As regiões mais intensamente atingidas por 
atividades sísmicas são aquelas localizadas nas bordas 
Geologia..................................................................................................... 
 
18 
 
das placas tectônicas. Na Figura II.3 estão 
representados os epicentros dos terremotos mais intensos 
ao longo de um período de 6 anos. Observa-se que o 
território brasileiro está praticamente fora das regiões 
com maiores incidências de terremotos, isto é, devido a 
sua posição no interior da placa sul-americana. 
As principais causas dos terremotos são: desabamento 
interno, vulcanismo, acomodamento de rocha e tectonismo. 
Os terremotos por desabamento podem ser provocados por 
dissolução (cavernas) ou deslizamento de massas rochosas 
em virtude da ação da força da gravidade. Esses 
terremotos são em geral fracos e de pouco poder 
destrutivo, pelo menos em comparação com os de origem 
vulcânica e tectônica. 
Em regiões sujeitas a ocorrências vulcânicas, os 
terremotos produzidos por explosões internas decorrem, 
em geral, do escape violento de gases acumulados sob 
forte tensão e do magma. 
Os mais terríveis terremotos estão associados a 
causas tectônicas, que se desencadeiam quando uma porção 
dos materiais do interior da Terra, distendido ou 
comprimido e deformados por tensões acumuladas, atinge o 
ponto de ruptura, procurando um novo estado de 
equilíbrio. 
A intensidade dos terremotos é medida pela escala 
Richter, criada em 1935 pelo cientista americano Charles 
Francis Richter. O terremoto de maior intensidade já 
registrado marcou 8,6, mas, teoricamente não há limites. 
Lugares geométricos na crosta associados aos sismos: 
 hipocentro - ponto no interior da crosta onde teve 
a origem do terremoto; 
 epicentro - ponto na superfície da crosta, 
projeção do hipocentro ortogonal à superfície. 
Efeitos dos abalos sísmicos: maremotos, tsunamis e 
terremotos. 
 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
19 
 
 
Figura II.3. Localizaçãodos epicentros dos terremotos 
mais intensos (Kearey e Vine, 1990). 
 
 
 
 
 
Figura II.4. Localização do hipocentro. 
 
 
II.4. Tsunamis 
 
 Tsunami (em japonês: "onda de porto") é uma série 
de ondas de água causada pelo deslocamento de um grande 
volume de um corpo de água, como um oceano ou um grande 
lago. Tsunamis são uma ocorrência frequente no Oceano 
Pacífico: aproximadamente 195 eventos desse tipo já 
foram registrados. Devido aos imensos volumes de água e 
energia envolvidos, tsunamis podem devastar regiões 
costeiras (Figura II. 5). 
Geologia..................................................................................................... 
 
20 
 
 Um tsunami pode ser gerado quando os limites de 
placas tectônicas convergentes ou destrutivas movem-se 
abruptamente e deslocam verticalmente a água 
sobrejacente. É muito improvável que esses movimentos 
podem formar-se em limites divergentes (construtivo) ou 
conservativos das placas tectônicas. Isso ocorre porque 
esses limites em geral não perturbam o deslocamento 
vertical da coluna de água. Sismos relacionados a zona 
de subducção geram a maioria dos tsunamis. 
 
 
 
 
 
 
Figura II.5. Formação dos tsunamis. 
II.3. Vulcanismo e Terremoto no Brasil 
Nas bordas de placas, o vulcanismo é um processo 
contínuo, pois, ao longo das cordilheiras submarinas que 
se estendem longitudinalmente no meio dos grandes 
oceanos, as chamadas dorsais médio-oceânicas, o magma 
Geologia..................................................................................................... 
 
21 
 
emerge das profundezas da Terra, controlado pela fusão 
de material na parte superior do manto. 
Há dois tipos de crosta: continental, situada nos 
continentes e oceânica que constitui o assoalho dos 
mares. As placas tectônicas são formadas por crosta - 
continental e oceânica - e pela parte superior do manto. 
Nas zonas de colisão entre continentes, como no 
Himalaia, ou entre uma placa oceânica e outra 
continental, como nos Andes, a mais densa delas é 
empurrada sob a outra, rumo a parte profunda do manto - 
onde, em conseqüência das altas pressões e do calor, 
sofre fusão. Em sua ascensão, a massa fundida forma 
vulcões e grandes corpos de rochas ígneas abaixo da 
superfície. Nas áreas afastadas das bordas de placas, em 
contrapartida, o vulcanismo é fenômeno menos comum, 
embora não possa ser considerado inexistente. 
O território brasileiro situa-se no interior da 
grande placa tectônica conhecida como placa sul-
americana. Na extremidade sul do continente, há ainda a 
plataforma patagônica. A região ativa da placa, com 
terremotos e vulcões, é a cadeia andina, situada a oeste 
dessas duas plataformas (Figura II.3). 
Há evidências da presença de vulcões no nosso 
território, que nem sempre teria sido, portanto, tão 
“estável”.  E  não  foi  uma  presença  discreta: os indícios 
de atividade vulcânicas no Brasil são incontáveis, seja 
num passado relativamente próximo, como na ilha de 
Trindade e em Fernando de Noronha, num passado remoto, 
caso de Poços de Caldas, entre muitos outros, ou ainda 
em tempos muito mais longínquos, caso de Crixás em Goiás 
(Carneiro e Almeida, 1990). 
Durante o Mesozóico tiveram várias atividades 
vulcânicas no território brasileiro, principalmente de 
composição alcalina. As principais ocorrências de 
derrames localizam-se em Nova Iguaçu (RJ), Tanguá (RJ), 
Jacupiranga (SP), Anitápolis (SC), Serra Negra (SP), 
Itatiaia (RJ), Cabo Frio (RJ), entre outros. 
Vulcanismo de fissura de lava básica, toleíticas, 
ocorreu na bacia do Paraná, no fim do Jurássico e 
principalmente no período Cretáceo (120 - 130 milhões de 
anos). Esses derrames atingiram cerca de 1.200.000 km2 
(Popp, 1995). A alteração da rocha basáltica deu origem 
ao solo denominado de terra-roxa que recobre grande 
parte da bacia do Paraná. 
Geologia..................................................................................................... 
 
22 
 
Recentemente tem sido registrados vários abalos 
sísmicos de baixa intensidade no território brasileiro. 
No dia 12 de maio de 2000 vários estados brasileiras 
(Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso) 
foram atingidas por terremoto de baixa intensidade, o 
sismo teve o seu epicentro localizado na região de Jujuy 
na Argentina (Figura II.6). 
 Figura II.6. Área atingida pelo sismo que teve o 
epicentro na região de JuJuy – Argentina. 
Geologia..................................................................................................... 
 
23 
 
III. TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS 
 
Em 1620 o inglês Sir Francis Bacon registrava a 
similaridade entre o contorno litorâneo da África 
ocidental e do leste da América do Sul. Em meados do 
século XIX surgia a tese de que os dois continentes 
possuíam um passado comum. O alemão Alfred Wegener 
formulou, em 1912, a Teoria da Deriva Continental, 
baseando-se em algumas evidências fósseis e semelhança 
entre as estruturas de relevo. Ele postulou a unidade 
das massas continentais no passado (Pangéia), que teriam 
depois se fragmentado e afastado umas das outras, 
conformando os continentes e bacias oceânicas atuais. 
A genialidade da intuição de Wegener decorre da 
ausência de meios científicos, na sua época, para a 
validação da idéia da deriva dos continentes. 
Entretanto, justamente esse fato transformou-o, por 
muito tempo, num incompreendido. A ausência de um 
mecanismo aceitável para justificar o movimento de 
massas   continentais   “sufocando”   assoalhos   oceânicos  
condenou a nova teoria à marginalidade. 
O arcabouço científico para a Teoria da Deriva 
Continental só iria se desenvolver muito mais tarde. O 
estudo detalhado do fundo dos oceanos, iniciando com o 
uso do sonar na Segunda Guerra Mundial e intensamente 
desenvolvido nas últimas décadas, finalmente forneceu 
uma   explicação   plausível   para   a   “migração”   das   massas  
continentais (Magnoli e Araújo, 1997). 
A Terra está dividida em placas relativamente finas 
(podendo ou não conter continentes), cada qual 
comportando-se como uma unidade mais ou menos rígida, 
que movimenta-se uma em relação à outra. 
Sabe-se hoje em dia que os continentes se movem. 
Acredita-se que há muitos milhões de anos, todos estavam 
unidos em um único e gigantesco continente chamado 
PANGÉIA. Este teria se dividido em fragmentos, que são 
os continentes atuais. Foi o curioso encaixe de quebra-
cabeça entre a costa leste do Brasil e a costa oeste da 
África que deu origem a esta teoria, chamada de DERIVA 
CONTINENTAL. 
Ao estudar o fundo do Oceano Atlântico descobriu-se 
uma enorme cadeia de montanhas submarinas, formada pela 
saída de magma do manto. Este material entra em contato 
Geologia..................................................................................................... 
 
24 
 
com a água, solidifica-se e dá origem a um novo fundo 
submarino, à medida que os continentes africano e sul-
americano se afastam. Este fenômeno é conhecido como 
EXPANSÃO DO FUNDO OCEÂNICO. 
Com a continuidade dos estudos, as teorias da Deriva 
Continental e da Expansão do Fundo Oceânico foram 
agrupadas em uma nova teoria, chamada TECTÔNICA DE 
PLACAS. Imagine os continentes sendo carregados sobre a 
crosta oceânica, como se fossem objetos em uma esteira 
rolante. É como se a superfície da Terra fosse dividida 
em placas que se movimentam em diversas direções, 
podendo chocar-se umas com as outras. Quando as placas 
se chocam, as rochas de bordas enrugam-se e rompem-se, 
originando terremotos, dobramentos e falhamentos. 
Embora a movimentação das placas seja muita lenta - 
da ordem de poucos centímetros por ano - essas dobras e 
falhas dão origem a grandes cadeias de montanhas como osAndes, os Alpes e os Himalaias. 
Outro fenômeno causado pelo movimento de placas é o 
vulcanismo, que pode originar-se pela saída de rochas 
fundidas - MAGMA - em regiões onde as placas se chocam 
ou se afastam. Quando o magma que atinge a superfície se 
acumula em redor do ponto de saída, formam-se os 
VULCÕES. Os terremotos no Brasil felizmente são muitos 
raros e de pequena intensidade e somente são encontrados 
restos de vulcões extintos. Isto ocorre devido ao fato 
do nosso país situar-se distante de zona de choque e de 
afastamento de placas. 
III.1. Origem das placas e dos seus 
movimentos 
A convecção do magma na Astenosfera (envoltório 
plástico localizado no Manto Superior) produz plumas 
ascendentes quentes que, atingindo a parte superficial 
da Crosta, criam nova crosta oceânica (basalto). Para 
manter a área (e volume) da Terra constantes, é preciso 
que, em algum lugar, a crosta oceânica seja destruída 
(consumida); isto ocorre em zonas de subducção, onde a 
crosta oceânica afunda, por ser a mais densa, fechando a 
pluma descendente (mais fria) da célula de convecção da 
Astenosfera. Assim, os continentes (menos densos) 
migram, empurrados (e puxados) pela crosta oceânica 
(mais densa) (Figura III.1). 
Geologia..................................................................................................... 
 
25 
 
 
Figura III.1. Esquema da Dorsal do Atlântico e a da 
placa sul-americana e seus limites (Salgado-
Labouriau, 1994). 
Os movimentos 
entre as placas 
podem ser de três 
tipos: convergente 
(compressivo), 
divergente 
(distensivo) e 
transcorrente 
(Figuras III.2,3 e 
4 e Tabela III.1). 
 
 Figura III.2. Tipos de limites de 
placas tectônicas. 
 
 
 
 
 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
26 
 
 
Figura III.3. Mapa tectônico indicando os limites das 
placas, as setas indicam a direção movimentos e a 
velocidade (cm/ano). 
 
 
 Figura III.4. Tipos de limites de placas 
 
Tabela III.1. Tipos de limites de placas tectônicas e suas principais características. 
Tipos de 
Bordas 
Tipos de Placas 
Envolvidas 
Topografia Eventos Geológicos Exemplos 
Modernos 
 
 
 
Divergentes 
 
Oceânica - 
Oceânica 
Cadeia de 
montanha 
mesoceânica 
Espalhamento do fundo 
oceânico, terremotos 
(foco raso) e 
vulcanismo 
Cordilheira 
mesoceânica 
 Continental - 
Continental 
 
“Rift  
Valley” 
Terremotos e 
vulcanismo 
“Rift”   do   leste  
africano 
 
Oceânica – 
Oceânica 
Arcos de 
ilhas, 
fossas 
oceânicas 
Subducção, terremotos 
(foco profundo), 
vulcanismo, deformação 
das rochas 
Pacífico (Norte) 
Convergentes 
Oceânica – 
Continental 
Montanhas e 
fossas 
oceânicas 
Subducção, terremotos 
(foco profundo), 
vulcanismo e 
deformação das rochas 
 
Andes 
 
Continental - 
Continental 
Cadeias de 
montanhas 
Terremotos (foco 
profundo) e deformação 
das rochas 
 
Himalaias 
 
Transcorrentes 
Oceânica - 
Oceânica 
 Terremotos Pacífico (Leste e 
Sul) 
 Continental - 
Continental 
Deformações 
ao longo das 
falhas 
Terremotos e 
deformação das rochas 
Califórnia 
 
Evidências da Teoria da Deriva Continental 
 semelhança entre a 
fauna e flora fósseis 
encontrada em 
continentes separados; 
 conformação dos 
continentes sul-
americano e africano 
(Figura III.5); 
 dados paleoclimáticos 
em desacordo com o 
Recente, registrados 
em rochas sedimentares 
em diversos 
continentes; 
 continuidade de 
cadeias de montanhas 
entre dois 
continentes; 
 semelhanças entre 
litologias 
 recifes de corais 
fossilizados na 
Groenlândia e Canadá 
 
Figura III.5. Reconstituição do 
Gondwana (Kearey & Vine, 1990). 
 
Evidências da Teoria de Expansão do Fundo Oceânico 
 sedimentos jovens e pouco espessos recobrindo a 
crosta oceânica; 
 crosta oceânica mais velha é Triássica; 
 simetria de idades da crosta oceânica a partir da 
cordilheira Mesoceânica; 
 idade das ilhas vulcânicas do Pacífico. 
Os estudos do paleomagnetismo nas rochas basálticas 
que constituem a crosta oceânica, indicam que o polo 
magnético da Terra tem mudado de posição em relação aos 
continentes durante a história geológica. 
III.2 Falhas e Dobras 
O movimento contínuo das placas da crosta terrestre 
pode comprimir, esticar ou quebrar os estratos rochosos, 
deformado-os e produzindo falhas e dobras. Uma falha é 
uma fratura numa rocha, ao longo da qual ocorre 
Geologia..................................................................................................... 
 
29 
 
deslocamento de um lado em relação ao outro. O movimento 
pode ser vertical, horizontal ou oblíquo (vertical e 
horizontal). Estas evidências de tectonismo podem ser 
claramente observadas nas rochas metamórficas que 
constituem grande parte do estado do Rio de Janeiro. 
As falhas ocorrem quando as rochas duras e rígidas, 
que tendem a quebrar-se e não a dobrar-se. As menores 
falhas ocorrem em cristais minerais individuais e são de 
tamanho microscópico, enquanto a maior delas - o Great 
Rift Valley (a Grande Fossa), na África - tem mais de 9 
mil km de comprimento. O movimento ao longo das falhas 
geralmente causa terremotos, o exemplo típico deste 
movimento é a falha de Santo André, Califórnia - EUA. 
 
Dobra é a curvatura de uma 
camada rochosa causada por 
compressão, podem variar em 
tamanho, de uns poucos 
milímetros de comprimento 
às cadeias montanhosas 
dobradas com centenas de 
quilômetros de extensão. 
Além de falhas e dobras, 
outros aspectos associados 
com deformações das rochas 
são os boudins, os mullions 
e fraturas escalonadas (en 
échelon). 
 
Figura III.6 Dobras. 
 
As dobras ocorrem nas 
rochas elásticas, que 
tendem a dobrar-se 
mais do que quebrar-
se. Os dois tipos 
principais de dobras 
são as anticlinais (os 
flancos convergem para 
cima) e as sinclinais 
(os flancos convergem 
para baixo) (Figura 
III.7). 
 
Figura III.7 Sinclinais e 
anticlinais. 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
30 
 
 
III.3. Origem das Montanhas 
Os processos envolvidos na formação das montanhas - 
a orogênese - ocorrem como resultado do movimento das 
placas crustais. Há três tipos principais de montanhas: 
as de origem vulcânica, as montanhas de dobramento e as 
montanhas por falhamento ou de blocos. A maioria das 
montanhas vulcânicas forma-se ao longo dos limites das 
placas, onde estas aproximam ou se separam, e a lava e 
os detritos são ejetados em direção à superfície 
terrestre. A acumulação de lava e material piroclástico 
pode formar uma montanha em torno da chaminé de um 
vulcão. 
As montanhas por dobramento se formam onde as placas 
se encontram e provocam o dobramento e o soerguimento 
das rochas. Onde a crosta oceânica se encontra com a 
crosta continental menos densa, a crosta oceânica é 
empurrada sob a crosta continental. A crosta continental 
é então dobrada pelo impacto e se formam montanhas de 
dobramento, como os Apalaches na América do Norte. As 
cadeias dobradas formam-se também quando encontram-se 
duas áreas de crosta continental. O Himalaia, por 
exemplo, começou a formar-se quando a Índia colidiu com 
a Ásia, dobrando os sedimentos e parte da crosta 
oceânica entre as duas placas. 
As montanhas por falhamento de blocos formam-se 
quando um bloco de rocha é soerguido entre duas falhas 
como resultado de compressão ou tensão na crosta 
terrestre. Com freqüência, o movimento ao longo das 
falhas ocorre gradualmente durante milhões de anos. 
Contudo, duas placas podem deslizar bruscamente ao longo 
de uma linha de falha- a falha de Santo André, por 
exemplo, provocando terremotos. 
O tectonismo abrange dois tipos diferentes de 
movimentos: orogênese e epirogênese. 
Orogêneses são os processos de formação de grandes 
cadeias de montanhas, em áreas compressivas (choque de 
placas) entre crosta continental/crosta continental ou 
crosta continental/crosta oceânica. Trata-se de 
deformações relativamente rápidas da crosta terrestre, 
geradas pela acomodação de placas tectônicas. São 
associadas a essas áreas: dobras, falhas inversas, 
vulcanismos, plutonismos, sismos etc. 
Geologia..................................................................................................... 
 
31 
 
Epirogênese são processos de grande amplitude que 
afetam por igual extensas áreas continentais, podendo 
formar grandes arqueamentos, provocando elevações de 
certas áreas e depressões de outras. Os movimentos são 
lentos e predominantemente na vertical. 
"Rift" é processo de rompimento de antigos 
continentes, instalando novas áreas oceânicas: 
cordilheira Mesoceânica (crosta oceânica) e áreas 
distensivas (divergência de placas) dentro de crosta 
continental ou de crosta oceânica. 
Pangea - Antigo supercontinente, reunido no final do 
Carbonífero, composto pelo Gondwana e de outras massas 
continentais, que se desmembrou a partir do final do 
Triássico. Da massa oceânica circundante (Pantalassa) 
originaram-se os atuais oceanos Pacífico e Ártico, por 
contração, e o Atlântico Norte, pela separação entre a 
América do Norte, Gondwana e Eurásia, a partir do 
Jurássico. Uma menor massa marinha, o mar de Tétis, 
dispunha-se, semicerrado, a Leste do Pangea (a partir do 
qual originou-se, por compressão, o mar Mediterrâneo). 
Gondwana - Antigo continente, reunido no final do 
Proterozóico, composto pelas atuais América do Sul, 
África, Índia, Madagascar, Austrália e Antártica, que se 
desmembrou a partir do Cretáceo, originado os atuais 
continentes e os oceanos Índico, Antártico e Atlântico 
Sul (Figura III.5). 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
32 
 
V. MINERALOGIA 
A mineralogia estuda os minerais cientificamente 
envolvendo o conhecimento da estrutura interna, 
composição, propriedades físicas e químicas, modo de 
formação, ocorrência, associações e classificação. 
Atualmente existem cerca de 3.500 nomes de minerais. 
Novos minerais tem sido acrescentados a esta lista cada 
ano. São minerais que foram descobertos através de 
técnicas analíticas novas, tais como microanálise e 
microssonda eletrônica. Muitos minerais têm sido 
retirados das listas de minerais existentes pois métodos 
modernos de estudos mostraram que as substâncias 
consideradas como minerais individuais são associações 
ou misturas de minerais (Antonello, 1995). 
Mais ou menos 20 minerais mais comuns são 
responsáveis por mais de 95% de todos os minerais na 
crosta continental e oceânica. Eles estão contidos em 
quase todas rochas. Os silicatos são os mais abundantes 
. 
As características principais de qualquer mineral 
são sua estrutura cristalina e sua composição química, 
levando em consideração o conteúdo químico permitido 
pela substituição de átomos de um elemento pelos de 
outro numa dada estrutura. Por exemplo, o valor de 
muitos minerais, origina-se do fato de conterem um metal 
que é um constituinte acessório e não essencial. Ex.: 
tório na monazita, prata na tetraedrita. Nestes casos, 
um conhecimento do mecanismo pelos quais os 
constituintes chegaram a estar presentes, pode ser de 
grande significação econômica. 
Usamos uma vasta quantidade de minerais e produtos 
de minerais na nossa sociedade. Embora a maioria das 
pessoas não se dê conta, a mineração ou mais 
especificamente os produtos que ela gera, está presente 
em praticamente todas as etapas do seu cotidiano, do 
momento em que elas se levantam ao instante em que se 
deitam. Virtualmente tudo que usamos tem conexão forte 
com os minerais. 
Por vezes ele é usado em sua forma natural por ter 
propriedades valiosas. Ex.: diamante por sua beleza e 
pela sua extrema dureza. Em outras ocasiões, os minerais 
possuem componentes químicos de grande valor. Ex.: 
calcopirita (CuFeS2) consiste em 34% de cobre e o 
Geologia..................................................................................................... 
 
33 
 
mineral é coletado para se recuperar este metal valioso 
(Antonello, 1995). 
Os minerais não são considerados meramente como 
objetos de beleza ou como fonte de material econômico. 
Eles podem   ser   “chaves”   para   o   entendimento   das  
condições nas quais eles e as rochas foram formadas. O 
estudo dos minerais pode indicar importantes informações 
sobre as condições físico-químicas de regiões da Terra 
que não são acessíveis a observação e mensuração direta 
(manto e núcleo). 
 
V.1 Ciclo Geoquímico 
A parte acessível ao exame direto do ciclo 
geoquímico é a superfície da Terra, onde os elementos 
migram. O ciclo geoquímico não é fechado nem material 
nem energeticamente. 
A partir do magma, o material original, que é uma 
mistura complexa de silicatos, óxidos e compostos 
voláteis, podendo ocupar espaços definidos e 
individualizados (câmara magmática), poderá haver a 
cristalização magmática, que é a separação dos minerais 
durante a sua formação e, a cristalização originando as 
rochas magmáticas. 
Através do intemperismo dos minerais primários e 
formação dos minerais secundários forma-se os 
sedimentos, que, através da diagênese formam as rochas 
sedimentares. 
As rochas sedimentares por ação da pressão e 
temperaturas variáveis darão origem a rochas 
metamórficas, que por transformação ultrametamórfica 
darão origem a rochas ígneas. 
Conceitos 
Mineral: é um elemento ou composto químico, resultantes 
de processos inorgânicos, de composição química e 
estrutural definida, encontrados naturalmente na 
crosta da Terra. Ex. diamante, quartzo e feldspato. 
Rocha: é um agregado natural formado de um ou mais 
minerais característicos. As rochas são 
classificadas segunda a sua origem em três tipos: 
ígnea ou magmática, metamórfica e sedimentar. Ex. 
granito, gnaisse, basalto e arenito. 
Geologia..................................................................................................... 
 
34 
 
Minério: agregado de um ou mais minerais de interesse 
econômico, normalmente associado à ganga (sem valor 
econômico). A partir de um minério pode-se extrair, 
com proveito econômico, um ou mais metais ou 
substâncias úteis. Ex. itabirito (hematita e 
quartzo) obtém-se o ferro. 
Gema: nome empregado para todos os minerais ornamentais. 
Corpo geológico: são massas individualizadas de minerais 
agregados. 
Jazidas minerais: são corpos geológicos economicamente 
aproveitáveis de qualquer bem mineral. 
Mineralogia: estuda os minerais desde sua ocorrência até 
sua análise. 
Petrografia: estuda as rochas, sua constituição e 
classificação. 
Petrologia: estuda a gênese ou origem das rochas. 
Geoquímica: abrange o conhecimento da abundância dos 
elementos químicos na Terra, como sua distribuição 
e as leis que governam. 
 
V.2 Técnicas de análise mineralógica e 
petrográfica 
Alguns minerais e rochas podem ser identificados sem 
equipamento complicados, consistindo em observações 
diretas e testes simples. Porém, na maioria das vezes é 
necessário recorrer a técnicas analíticas especiais para 
identificar os minerais e as rochas. As principais 
técnicas analíticas utilizadas na identificação e 
classificação dos minerais e das rochas são as 
seguintes: 
 difratometria de raios X (DRX) 
Geologia..................................................................................................... 
 
35Figura V.1. Comprimento de onda. 
 
 
Figura V.2. Representação esquemática do 
funcionamento do difratometro de raios-X. 
 microscopia ótica (luz transmitida e refletida) 
(Figura V.3) 
 microscópio eletrônico de varredura - MEV 
 análise química por via úmida 
 ensaio de chama 
 análise macroscópica (auxílio de lupas de mão com 
aumento de 10X a 20X). 
 
Amostra 
policristalina 
(pó) 
Fonte de 
raios-X 
monocromátic
o 
Colimado
r 
Colimado
r 
Deteto
r 
raios gama 
luz 
visível 
microonda
s 
ondas de rádio UV infravermelh
o 
Comprimento de onda (nm) 
Raios-X 
Geologia..................................................................................................... 
 
36 
 
 
 
Figura V.3. Microscópio petrográfico 
 
Figura V.4. Difratograma de raios-X da caulinita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 40 60 80 100
0
1000
2000
3000
4000
5000
Int
en
sid
ad
e
2 theta
Geologia..................................................................................................... 
 
37 
 
 
Figura V.5. Imagens obtidas através do microscópio 
eletrônico de varredura (MEV). 
V.3 Propriedades dos Minerais 
As propriedades dos minerais são controladas pela 
sua composição e estrutura cristalina. A composição pode 
ser definida através de métodos de análises químicas. 
Uma vez que a composição foi definida, a fórmula química 
pode ser calculada pelo balanceamento do número de 
cátions e ânions. 
A determinação da estrutura do cristal é feita 
através de métodos de observação indireta, 
principalmente através da difratometria de raios-X 
(DRX). A DRX é uma das técnicas mais importantes na 
identificação dos minerais (Figura V.1), qualquer 
mineral pode ser identificado através desta técnica. 
Por causa, de propriedades facilmente determinadas, 
tais como, dureza e cor, são controladas pela composição 
e estrutura do cristal, em muitos casos é possível usar 
uma combinação de propriedades simples para identificar 
um mineral. 
As características mais usadas na identificação dos 
minerais são: cor, brilho, hábito (formato dos 
cristais), dureza, clivagem, fratura, densidade, 
magnetismo. 
 
V.4. Cristalografia estrutural e morfologia 
dos cristais 
Os cristais são corpos homogêneos, anisotrópicos 
(possui propriedades físicas e químicas diferentes em 
direções diferentes). Um corpo isotrópico, ao contrário, 
tem as mesmas propriedades em direções diferentes, por 
ex.: vidro. Quase todas as substâncias sólidas, não 
Geologia..................................................................................................... 
 
38 
 
somente os minerais são cristalinos. Os corpos 
homogêneos podem ser isótropos ou anisotrópicos. 
 
 
As unidades da estrutura 
dos cristais são os 
átomos, os íons ou as 
moléculas que apresentam 
no espaço um arranjo 
tridimensional exato. Os 
intervalos entre estas 
unidades estruturais são 
de ordem de 1 angstrom . 
 
Figura V.3. Célula 
unitária. 
 
Um cristal é um arranjo tridimensional, periódico, 
de átomos, de íons ou de moléculas e pode ser definido 
como sólidos poliédricos limitado por faces planas que 
exprimem um arranjo interno. O arranjo das partículas 
representa-se por um retículo cristalino ou retículo 
espacial. Os planos situados em diferentes direções 
através dos pontos do retículo denominam-se planos 
reticulares (faces do cristal). 
A estrutura ordenada dos retículos dos cristais, nem 
sempre é refletida pela presença no cristal de uma forma 
cristalina distinta. São relativamente raros os cristais 
típicos, reconhecíveis exteriormente, pois a substância 
cristalina apresenta externamente sua estrutura interna. 
Pela forma externa os sólidos podem ser: 
Idiomórficos: possuem faces bem desenvolvidas e 
perfeitas; 
Subédricos ou hipidiomórficos: desenvolvimento 
parcial das fases; 
Anédricos ou xenorfícos: sem faces definidas; 
Substância amorfa: sem arranjo interno. 
O retículo espacial e consequentemente o cristal é 
formado pela repetição de unidades tridimensionais muito 
pequenas, as células unitárias, que por definição são as 
menores porções geométricas que se repete 
tridimensionalmente segundo direções preferencias de 
Geologia..................................................................................................... 
 
39 
 
crescimento e desenvolvimento, dando origem ao cristal. 
São possíveis 14 tipos diferentes de células unitárias; 
são os retículos de Bravais, que são retículos de 
translação cuja unidade de translação de um ponto a 
outro é a distância. 
V.4.1 Sistemas Cristalinos 
Refere-se à forma na qual os átomos dos elementos 
químicos estão agrupados. Cada sistema cristalino é 
caracterizado por certo número de elementos de simetria 
(Figura V.3). 
Sistema cúbico: formado por um cubo. Os três eixos 
cristalográficos são iguais e perpendiculares entre 
si, de comprimentos iguais. 
Sistema hexagonal: formado por um prisma reto de base 
hexagonal regular. Os eixos cristalográficos são 
quatro: 3 horizontais iguais cortando-se em ângulos 
de 120o, e um quarto de comprimento diferente e 
perpendicular ao plano dos outros três. 
Sistema tetragonal: prisma reto de base quadrada. Os 
eixos cristalográficos são mutuamente 
perpendiculares; os dois horizontais são de 
comprimento igual, mas o eixo vertical é mais curto 
ou mais longo do que os outros dois. 
Sistema ortorrômbico: prisma reto de base retangular ou 
losangular. Os eixos cristalográficos são 
perpendiculares entre si e de comprimento 
diferente. 
Sistema monoclínico: prisma oblíquo de base retangular 
ou losangular. Os eixos cristalográficos são 3 
desiguais, dois dos quais estão inclinados entre si 
formando um ângulo oblíquo, sendo o terceiro 
perpendicular ao plano dos outros dois. 
Sistema triclínico: prisma oblíquo de base 
paralelogrâmica. Três eixos cristalográficos 
desiguais, formando ângulos oblíquos. 
 
 
 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
40 
 
 
Figura V.3. Sistemas cristalinos. 
V.5. Classificação Química dos Minerais 
Na natureza, os minerais cristalizam-se a partir de 
soluções de composição complexa, sendo oferecidas, por 
conseguinte, amplas oportunidades para a substituição de 
um íon por outro. Resulta disto, que, praticamente, 
todos os minerais apresentam variação na sua composição 
química, conforme a localidade de procedência e entre 
uma e outra espécie. 
A composição química é a base para a classificação 
moderna dos minerais. De acordo com este esquema, 
dividem-se os minerais em classes dependendo do ânion ou 
grupo aniônico. A composição pode ser definida através 
de métodos de análises químicas. 
Elementos nativos: encontram-se como minerais sob forma 
não combinada no estado nativo. Ex. Au, Ag, Pt, Hg. 
Sulfetos: consistem em combinações de vários metais com 
o S-2. Ex.: Galena, PbS. 
Pirita - FeS2, cúbico, D=5,0 (Densidade), d=6 
(dureza), cor dourada e traço preto. 
Geologia..................................................................................................... 
 
41 
 
Sulfossais: os minerais compostos de Pb, Cu ou Ag em 
combinação com S, Sb, As ou Bi. Ex. Cu3AsS4. 
Óxidos: contém um metal em combinação com o O-2. Ex.: 
hematita Fe2O3; 
Quartzo - SiO2, hexagonal, D=2,65, d=7, cores 
variadas e fratura conchoidal. 
Hematita - Fe2O3, hexagonal, D=5,26, d=6, traço 
vermelho. 
Ilmenita - FeTiO3, hexagonal, D=4,7, d=5,5, traço 
cinza. 
Pirolusita - MnO2, tetragonal, D=4,75, d=2, traço 
preto. 
Hidróxidos: óxidos minerais contendo água ou hidroxila 
(OH-) como radical importante. Ex.: brucita Mg(OH)2. 
Haletos: cloretos, fluoretos,brometos e iodetos 
naturais. Ex.: fluorita CaF2, halita NaCl. 
Carbonatos: incluem os minerais com o radical (CO3)-2. 
Ex.: calcita CaCO3. 
Calcita - CaCO3, hexagonal, D=2,71, d=3, três 
clivagens perfeitas. 
Aragonita - CaCO3, ortorrômbico, D=2,95, d=3,5, duas 
clivagens perfeitas. 
Dolomita - (Ca,Mg)(CO3)2, hexagonal, D=2,85, d=3,5, 
três clivagens perfeitas. 
Nitratos: contém o radical NO3-1. Ex.: KNO3. 
Boratos: contém o radical BO3. Ex.: bórax Na2B4O7.10H2O. 
Fosfatos: contém o radical (PO4)-3. Ex.: apatita 
Ca5(F,Cl)(PO4)3, hexagonal, D=3,2, d=5, clivagem 
fraca. 
Sulfatos: contém o radical (SO4)-2. Ex.: barita BaSO4; 
Gipsita - CaSO4 2H2O, monoclínico, D=2,32, d=2, 
fratura fibrosa. 
Anidrita - CaSO4, ortorrômbico, D=2,98, d=3, três 
clivagens perfeitas. 
Tungstato: contém o radical WO4. Ex.: sheelita CaWO4. 
Silicatos: radical (SiO4)-4, formam a classe química 
máxima entre os minerais, contém vários elementos, 
dos quais os mais comuns são o Na, K, Ca, Mg, Al e 
Geologia..................................................................................................... 
 
42 
 
Fe em combinação com Si e O formando estruturas 
químicas complexas. 
Ortoclásio - KAlSi3O8, monoclínico, D=2,27, d=6, "K-
feldspato"). 
Anortita - CaAl2Si2O8, triclínico, D=2,76, d=6, "Ca-
feldspato" ou plagioclásio) 
Micas - muscovita - KAl2(AlSi3O10)(OH)2, monoclínico, 
D=2,88, d=2,5, mica branca; Biotita - 
K(Mg,Fe)2(AlSi3O10)(OH)2, monoclínico, D=3,2, d=2,5, mica 
preta. 
Piroxênios - aegirina (NaFeSi2O6, monoclínico, D=3,5, 
d=6,5, piroxênio verde/castanho). 
Anfibólios - tremolita (Ca2Mg5Si8O22(OH)2, 
monoclínico, D=3,2, d=6, anfibólio verde claro). 
Argilo-minerais - Caulinita (Al2Si2O5(OH)4, 
triclínico, D=2,6, d=2). 
V.6. Propriedades Físicas 
As propriedades físicas dos minerais são 
determinadas pela composição química e estrutura 
cristalográfica. 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
43 
 
Hábito - é a 
forma externa 
do mineral. 
Os planos de 
um cristal 
são 
expressões 
externas 
exatas da 
organização 
interna dos 
átomos. Tipos 
de hábito: 
acicular, 
laminar, 
colunar, 
fibroso, 
botroidal, 
tabular, 
micáceo etc 
 
 
 
Clivagem - é a 
tendência de um 
mineral se quebrar 
ao longo de planos 
preferenciais. 
Clivagem perfeita 
ou boa (2 ou 3 
direções), 
moderada, irregular 
etc. Tais planos 
são controlados 
pela estrutura 
cristalina e pelas 
ligações químicas. 
Ex. micas uma 
direção e K-
feldspato duas 
direções. 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
44 
 
 
 
Fratura - é a forma como um mineral quebra. Os 
principais tipos de fraturas: conchoidal (quartzo), 
plana e irregular. 
Dureza - resistência (relativa) que um mineral oferece 
ao ser riscado com outro mineral ou com um objeto 
qualquer. Esta associada à estrutura cristalina e ao 
arranjo dos átomos (ligações). A dureza de um 
mineral é uma propriedade importante e pode ser 
avaliada de acordo com a Escala de Dureza de Mohs 
(relativa) (Tabela V.1). 
Tabela V.1. Escala de dureza de Mohs. 
Dureza 
 
Grau de 
dureza 
Minerais Observações 
Baixa 1 talco são riscáveis pela unha (D = 
2,5) 
 2 gipso 
 3 calcita riscam a unha e são 
riscáveis 
Média 4 fluorita pelo vidro (D=5,5) e pela 
 5 apatita lâmina do canivete (D=5,5) 
 6 ortoclásio 
 7 quartzo riscam o vidro e a lâmina do 
Alta 8 topázio canivete 
 9 coríndon 
 10 diamante 
 
Tenacidade resistência que o mineral oferece à 
deformação. Termos utilizados para descrever a 
tenacidade dos minerais: quebradiço, maleável, 
dúctil, flexível etc. 
Magnetismo é a propriedade de alguns minerais de serem 
atraídos pelo imã. Ex. magnetita e pirrotita. 
Densidade ou peso específico é o peso de um mineral 
comparado com o peso do mesmo volume de água 
(adimensional). Minerais com átomos agrupados 
densamente apresentam densidades mais elevadas. 
Quartzo D = 2,65, calcita D =2,75, magnetita D = 
5,2. 
Geologia..................................................................................................... 
 
45 
 
V.7. Propriedades Ópticas 
Cor é o comprimento de onda luminosa refletida ou 
transmitida; opaco, transparente e translúcido; 
idiocromático, alocromático, pleocroísmo, dicroísmo; 
iridescência, opalescência etc.; hialino, vermelho, 
laranja, amarelo, verde, azul, violeta etc. 
Traço é a cor do traço deixado pelo mineral após riscar 
a superfície de uma placa de porcelana. Ex. hematita 
(vermelho), pirita (preto) e quartzo (branco). 
Brilho é a intensidade da reflexão da luz. O brilho do 
mineral pode ser vítreo, resinoso, sedoso, 
adamantino, metálico etc. 
V.8. Propriedades Químicas 
Polimorfismo - diferentes minerais com a mesma fórmula 
química, porém formas cristalinas diferentes. 
Calcita (CaCO3, hexagonal) e Aragonita (CaCO3, 
ortorrômbico). 
Isomorfismo - minerais de composição química diferente, 
porém análogas, com a mesma estrutura cristalina. 
Plagioclásios (Ca,Na-feldspatos, triclínicos). 
V.9. Esquema de Identificação Macroscópica 
Os minerais mais comuns podem ser identificados a 
partir da determinação das suas propriedades e posterior 
consulta a um manual de mineralogia. 
1. Cristalização: sistema cristalino em que se 
enquadra a amostra. 
2. Forma dos cristais: cubo, tetraedro, prisma 
hexagonal com terminação em pirâmide, octaedros, 
dodecaedro, etc., acrescentando se é euédrico, 
subédrico ou anédrico. 
3. Hábito: cúbico (equidimensional), prismático, 
acicular, fibroso, micáceo, botroidal, etc. 
4. Cor: examinar uma superfície recente em luz 
refletida. 
5. Pleocroísmo: mudança de cor de acordo com a 
direção 
6. Brilho: metálico, não metálico: vítreo, resinoso, 
sedoso, gorduroso, nacarado, adamantino e terroso.. 
Geologia..................................................................................................... 
 
46 
 
7. Cor do traço: sempre sobre uma placa de porcelana 
não brilhante. 
8. Clivagem: boa, nítida, fácil, regular ou ruim. 
Quantos planos de clivagem. 
9. Fratura: existente ou não. 
10. Dureza relativa: usar a escala de Mohs. 
11. Diafaneidade (transparência do mineral): 
transparente, translúcido opaco. 
12. Densidade relativa. 
13. Magnetismo: atração por um imã de mão. 
14. Presença de inclusões. 
15. Alteração 
16. Diagnóstico 
Tabela V.2 Guia para identificação mineralógica. 
Características do 
mineral 
Amostras 
1. Hábito: 
2. Brilho: 
3. Cor: 
4. Pleocroismo: 
5. Cor do Traço: 
6. Clivagem: 
7. Fratura: 
8. Dureza: 
9. Densidade 
10.Alteração 
superficial: 
 
11.Ensaios de 
confirmação: 
 
12. Nome do Mineral 
13.Fórmula: 
14.Sistema 
cristalino: 
 
15.Ocorrência: 
Observação: 
 
 
 
 
Geologia..................................................................................................... 
 
47 
 
VI. PETROGRAFIA 
As rochas são agregados naturais formados de um ou 
mais minerais, que podem ser de um tipo (rocha 
monominerálica) ou de vários tipos (poliminerálica). A 
crosta terrestre é constituída essencialmente de rochas. 
São elas, juntamente com os fósseis, os elementos que os 
geólogos usam para decifrar os fenômenos geológicos 
atuais e do passado. 
A Petrografia ou petrologia é o ramo da ciência 
geológica dedicado ao estudo da constituição, textura, 
origem e classificação das rochas. 
Técnicas de reconhecimento petrográficas: 
 análise macroscópica 
 microscopia óptica e eletrônica 
 análise geoquímica 
Quanto à origem (gênese), as rochas são distinguidasem ígneas ou magmáticas, rochas metamórficas e rochas 
sedimentares; dentro desses grupos, de forma geral, a 
textura e a composição mineral são os critérios para a 
identificação do tipo litológico. 
 
Rochas Sedimentares 
* Clásticas ou 
mecânicas 
* Químicas 
* Organoquímicas 
* Vulcanoclásitcas 
 
Rochas Metamórficas 
 
* Ortometamórficas 
(magmáticas) 
* Parametamórficas 
(sedimentares) 
 
Rochas Magmáticas ou 
Ígneas 
 
* Intrusivas 
* Extrusivas ou 
efusivas 
VI.1 Rochas sedimentares 
São rochas formadas a partir do material resultante 
da ação do intemperismo e da erosão de uma rocha 
qualquer que posteriormente será transportado e 
depositado em outro ambiente. 
As rochas sedimentares são importantes por estarem 
associadas à depósitos de carvão, petróleo, gás natural, 
Geologia..................................................................................................... 
 
48 
 
alumínio, minério de ferro, matéria prima para a 
construção civil. 
A diagênese é o conjunto de processos físicos e 
químicos sofridos pelos sedimentos após sua deposição, e 
que resultam em litificação, como, p.ex., compactação, 
recristalização, dissolução, precipitação de minerais 
etc. 
 
Processos geradores das rochas sedimentares 
1. Intemperismo da rocha geradora: 
Físico, 
Químico e 
Biológico 
2. Transporte: água, vento e gelo 
Suspensão 
Tração  saltação e rolamento 
3. Deposição ambientes 
Continental: fluvial, lacustre, desértico e 
glacial 
Transicional: praia, delta, estuarino, 
lagunar... 
Marinho: plataforma, recife, talude 
continental, fundo oceânico. 
4. Litificação e diagênese 
Compactação e cimentação 
Ambientes deposicionais 
O estudo dos ambientes modernos, seus sedimentos e 
processos contribui muito para o entendimento dos 
ambientes deposicionais antigos. 
Ambiente marinho: distribuição mais extensa e mais 
contínua, deposição de sedimentos químicos e clásticos 
Ambiente continental: depósitos mais restritos, 
predomínio de sedimentos clásticos 
Rochas carbonáticas 
As rochas carbonáticas formam aproximadamente 10% do 
registro sedimentar exposto, tendo uma grande 
distribuição ao longo do tempo geológico. São formadas 
predominantemente por calcita, aragonita e dolomita, 
além de fósseis e siliciclásticos. produto 
principalmente de precipitação orgânica de carbonato de 
Geologia..................................................................................................... 
 
49 
 
cálcio. As rochas carbonáticas são formadas 
principalmente em ambiente marinho de águas claras, 
quentes e rasas. 
Minerais comuns em rochas sedimentares 
Quartzo, muscovita, biotita, caulinita, ilita, 
montmorilonita, aragonita, calcita, dolomita, siderita, 
gipso, pirita, hematita, magnetita... 
Classificação 
I. Siliciclásticas 
Formadas por fragmentos de rochas preexistentes 
(clastos). 
Conglomerado, arenito, siltito, argilito, 
folhelho, diamictito, tilito, etc. 
II. Biogênicas ou bioquímicas 
Origem orgânica 
Diatomito, radiolarito, coquina, etc. 
III. Químicas 
Evaporação e precipitação, 
Calcário, gipsita, anidrita, halita, etc. 
IV. Vulcanoclátsicas 
fragmentos de atividades vulcânicas 
 
Figura V.1. Rocha sedimentar. Bacia do Parnaíba, 
Piauí. 
Geologia..................................................................................................... 
 
50 
 
VI.2 Rochas ígneas 
São formadas a partir da consolidação do magma em 
profundidade (rocha ígnea plutônica) ou em superfície 
(rocha ígnea vulcânica). Através da textura e da 
composição mineralógica de uma rocha magmática pode 
interpretar as condições em que a rocha se formou 
As rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas se 
formam quando o magma resfria lentamente, usualmente em 
profundidades de dezenas de quilômetros, os cristais 
separam-se do líquido fundido, formando rochas de 
granulação grossa (rochas faneríticas equigranular). 
As rochas magmáticas extrusivas são formadas quando 
o magma resfria rapidamente, normalmente próximo a 
superfície da terra, os cristais são extremamente 
pequenos e resulta uma rocha de granulação fina ou 
textura vítrea (rochas afaníticas). 
O magma é uma fusão silicatada, contendo gases e 
elementos voláteis, gerada em altas temperaturas no 
interior da Terra. 
Características das rochas ígneas 
 cor: melanocrática, mesocrática e leucocrática. 
 textura: fanerítica, afanítica, porfirítica e 
vítrea. 
 composição: félsica ou máfica, ácida, 
intermediária (alcalinas), básicas, ultrabásicas. 
Tipos de rochas ígneas ou magmáticas: 
Granito: quartzo, K-feldspato, Ca-feldspato, micas 
(biotita e muscovita), granada etc. Apresenta 
textura fanerítica. 
Riolito: correspondente extrusivo do granito. Textura 
porfirítica com abundantes fenocristais de quartzo. 
Sienito: K-feldspato, anfibólio, pouca sílica. 
Predominantemente leucocrática com feldspato de cor 
cinza claro. 
Gabro: Ca-Na-feldspato (labradorita), piroxênio (augita 
ou diopsídio) e magnetita. 
Basalto: piroxênio, plagioclásio e calcita (baixa). 
Coloração escura e textura finamente cristalizados. 
Geologia..................................................................................................... 
 
51 
 
 
Figura VI.2. Basalto. Santa Vitória (MG), Bacia do 
Paraná. 
 
Classificação química das rochas ígneas: 
rochas ácidas > 65% de SiO2 
intermediárias 65 - 55% SiO2 
básicas 55 - 45% de SiO2 
ultrabásicas < 45% SiO2 
Tabela VI.1. Classificação das rochas ígneas. 
Rochas 
 
Ácidas Intermediárias Básicas 
Plutônica Granito Sienito Gabro 
Hipoabissais Granito 
porfirítico 
Diorito 
porfirítico 
Diabásio 
Vulcânicas Riolito Andesito Basalto 
Modos de ocorrências das rochas ígneas 
Batólitos - são grandes corpos de rochas plutônicas 
que se formam em profundidade, podendo se ter mais 100 
km2. 
Lacólito - são intrusões de rochas ígneas 
lentiformes, geralmente circulares ou subcirculares, 
concordantes as rochas encaixantes. 
Dique - intrusão de forma tabular discordante, 
preenchendo uma fenda aberta em outra rocha. Quando o 
dique é concordante com as rochas encaixantes chama-se 
sill. 
Geologia..................................................................................................... 
 
52 
 
VI.3 Rochas Metamórficas 
As rochas metamórficas podem ser formadas a partir 
de rochas ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas, 
preexistentes, submetidas a novas condições de pressão e 
temperatura. Quando as rochas através de processos 
geológicos são submetidas a condições diferentes 
(temperatura e pressão) das quais foram formadas, 
ocorrem modificações denominadas de metamorfismo. 
Durante o metamorfismo ocorrem modificações nas 
composições químicas e/ou a estrutura cristalina dos 
minerais, sem haver fusão ou alteração na constituição 
química total da rocha (processo de equilíbrio físico-
químico no estado sólido, isoquímico). Podem ocorre 
tanto a recristalização dos minerais preexistentes como 
também a formação de novos minerais. 
Fatores de metamorfismo 
 Calor 
 Pressão 
 Percolação de fluidos 
Características das rochas metamórficas: textura 
xistosidade/foliação, clivagem ardosiana. É função da 
composição da rocha original e da intensidade e tipo do 
metamorfismo. 
 
Principais tipos de rochas metamórficas 
Gnaisse - caracteriza-se pela alternância de bandas de 
cores claras (quartzo e feldspato) e escuras 
(biotita, anfibólio ou granada). É o tipo litológico 
predominante no estado do Rio de Janeiro, formando 
grande parte da do maciço da Serra do Mar. 
Xisto - ausência de bandamento e presença de finas 
lâminas ao longo da qual a rocha pode ser quebrada 
mais facilmente. 
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