Buscar

Economia Aplicada à Engenharia - Apostila

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Economia Aplicada à Engenharia 
1 
UFF – Escola de Engenharia 
Depto. de Engenharia de Produção 
Prof. Paulo Pfeil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA APLICADA À 
ENGENHARIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Niterói - RJ 
2017 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
2 
Sumário 
1. PROGRAMA ........................................................................................................... 5 
1.1 EMENTA .................................................................................................................. 5 
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ......................................................................................... 5 
1.3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 5 
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ................................................................................... 6 
1.5 METODOLOGIA ....................................................................................................... 6 
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ...................................................................................... 6 
1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ............................................................................... 6 
2. INTRODUÇÃO À ECONOMIA ............................................................................ 7 
2.1 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................... 7 
2.2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO .............................................................. 8 
2.3 SISTEMAS ECONÔMICOS .......................................................................................... 9 
2.4 OS ACORDOS DE BASILÉIA .................................................................................... 10 
2.5 ECONOMIA E SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ...................................................... 11 
3. NOÇÕES DE MICROECONOMIA ..................................................................... 12 
3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MERCADOS....................................................................... 12 
3.2 ESTUDO DA DEMANDA ........................................................................................... 13 
3.3 ESTUDO DA OFERTA .............................................................................................. 15 
3.4 DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO........................................................... 17 
3.5 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA E DA OFERTA ............................................... 19 
3.6 CONCEITOS DE RECEITAS TOTAL, MÉDIA E MARGINAL.......................................... 21 
3.7 TEORIA DE CUSTOS ................................................................................................ 23 
3.8 MAXIMIZAÇÃO DE LUCRO NO CURTO PRAZO ......................................................... 28 
3.9 MAXIMIZAÇÃO DE LUCRO NO LONGO PRAZO ........................................................ 30 
4. O SISTEMA ECONÔMICO ................................................................................. 31 
4.1 EQUILÍBRIO DA PROCURA E OFERTA AGREGADA ................................................... 31 
4.2 CONSUMO E POUPANÇA ......................................................................................... 32 
4.2.1 PROPRIEDADES DAS FUNÇÕES CONSUMO E POUPANÇA ........................................... 33 
4.3 INVESTIMENTO ...................................................................................................... 35 
4.3.1 O PAPEL DO MULTIPLICADOR DE INVESTIMENTOS .................................................. 35 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
3 
5. POLÍTICAS ECONÔMICAS DO GOVERNO ................................................... 37 
5.1 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO ..................................... 37 
5.1.1 POLÍTICA MONETÁRIA .......................................................................................... 37 
5.1.2 POLÍTICA FISCAL .................................................................................................. 39 
5.1.3 POLÍTICA CAMBIAL .............................................................................................. 40 
5.1.4 POLÍTICAS DE RENDAS ......................................................................................... 40 
5.2 OS MERCADOS FINANCEIROS ................................................................................. 42 
5.2.1 MERCADO MONETÁRIO ........................................................................................ 43 
5.2.2 MERCADO DE CAPITAIS ........................................................................................ 43 
6. MOEDA E INFLAÇÃO ........................................................................................ 44 
6.1 MOEDA E SUAS FUNÇÕES ....................................................................................... 44 
6.1 CRIAÇÃO DE MOEDA NO SISTEMA FIDUCIÁRIO ...................................................... 45 
6.2 CONCEITUAÇÃO DE INFLAÇÃO .............................................................................. 46 
6.3 INFLAÇÃO E O EMPREGO ....................................................................................... 47 
6.4 PLANOS DE ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA .............................................................. 49 
6.5 O REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO ....................................................................... 50 
6.6 ÍNDICES E PROJEÇÕES DE INFLAÇÃO ..................................................................... 50 
7. NOÇÕES DE FINANÇAS PÚBLICAS ................................................................ 52 
7.1 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................. 52 
7.1.2 SETOR PÚBLICO NÃO FINANCEIRO (SPNF) ............................................................ 52 
7.1.2 DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO ..................................................................... 53 
7.1.3 DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL ..................................................................... 53 
7.1.4 NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO (NFSP) ............................. 53 
7.2 FINANÇAS PÚBLICAS BRASILEIRAS EM 2005 .......................................................... 54 
7.2.1 NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO NÃO FINANCEIRO ............... 54 
7.2.2 RESULTADO PRIMÁRIO DO GOVERNO CENTRAL .................................................... 55 
7.2.3 DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO ..................................................................................... 56 
7.2.4 ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS .................................... 56 
7.2.5 DÍVIDA MOBILIÁRIA FEDERAL .............................................................................. 57 
7.2 UNIÃO MONETÁRIA EUROPÉIA............................................................................... 60 
8. O BALANÇO DE PAGAMENTOS ...................................................................... 62 
8.1 ESTRUTURA E INTERPRETAÇÃO............................................................................. 63 
8.2 O BALANÇO DE PAGAMENTOS DO BRASIL NO ANO DE 2005 ................................... 68 
8.3 CONCEITO DE TAXAS DE CÂMBIO NOMINAL E REAL .............................................. 72 
8.4 REGIMES CAMBIAIS ............................................................................................... 73 
8.4.1 TAXAS DE CÂMBIO FIXAS ..................................................................................... 73 
8.4.2 TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS ............................................................................... 74 
8.4.3 FLUTUAÇÃO SUJA (“DIRTY FLOATING”) ................................................................75 
8.4.4 MINIDESVALORIZAÇÕES CAMBIAIS ....................................................................... 75 
8.4.5 REGIMES DE BANDAS CAMBIAIS ............................................................................ 75 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
4 
8.4.6 PREFIXAÇÃO CAMBIAL ......................................................................................... 76 
8.5 AJUSTE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS ................................................................. 76 
8.6 TAXAS DE JUROS INTERNAS E EXTERNAS ............................................................... 78 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 79 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
5 
1. Programa 
 
1.1 Ementa 
Conceitos econômicos básicos. Noções de Microeconomia. O Sistema Econômico. 
Políticas Econômicas do Governo. Moeda e Inflação. Noções de Finanças Públicas. 
Balanço de Pagamentos. Consolidações no Sistema Econômico. Economia do 
Conhecimento. 
1.2 Carga horária total 
- 60 horas 
1.3 Objetivos 
- Apresentar os conceitos econômicos básicos dentro da evolução do pensamento 
econômico; noções de microeconomia, caracterizando os principais tipos de mercado, 
estudar os comportamentos de produtores e consumidores, bem como principais 
conceitos da teoria de custos. 
 
- Apresentar o modelo de equilíbrio da procura e oferta agregada, com as propriedades 
das funções consumo e poupança, bem como do multiplicador de investimentos. 
 
- Explicitar as características, efeitos e os limites das políticas econômicas do governo, 
juntamente com os mercados financeiros; estudar as funções da moeda, os conceitos de 
base monetária e meios de pagamentos, no contexto de criação de moeda em um 
sistema fiduciário; caracterizar os planos de estabilização econômica, o regime de metas 
de inflação e projeções de inflação para o final do ano. 
 
- Apresentar as noções básicas de finanças públicas; a estrutura do balanço de 
pagamento, seus mecanismos de ajustes, bem como as principais políticas cambiais de 
países. 
 
- Para concluir, caracterizar as motivações dos processos de consolidação de instituições 
e empresas no sistema econômico, bem como aspectos de uma economia dentro de um 
contexto de sociedade de conhecimento. 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
6 
1.4 Conteúdo programático 
Os conceitos econômicos básicos e 
noções de microeconomia. 
. Introdução à economia 
. Noções de microeconomia 
O modelo de equilíbrio da procura e 
oferta agregada, com as propriedades das 
funções consumo e poupança, bem como 
do multiplicador de investimentos. 
. O Sistema Econômico 
Características, efeitos e os limites das 
políticas econômicas do governo; as 
funções da moeda, os conceitos de base 
monetária e meios de pagamentos; 
características dos planos de estabilização 
econômica, o regime de metas de inflação 
e projeções de inflação para o final do 
ano. 
. Políticas Econômicas do Governo 
. Moeda e inflação 
 
Noções básicas de finanças públicas; a 
estrutura do balanço de pagamento, seus 
mecanismos de ajustes, bem como as 
principais políticas cambiais de países 
Economia do conhecimento. 
. Noções de finanças públicas 
. Balanço de pagamentos 
. Economia e sociedade do conhecimento. 
 
1.5 Metodologia 
Exposição dialogada, resolução de exercícios e discussão de textos. 
1.6 Critérios de avaliação 
Duas provas. 
1.7 Bibliografia recomendada 
 
BACEN: Relatório do Banco Central de 2005. 
Blanchard, Olivier: Macroeconomia; 3a edição; Editora Prentice Hall (Pearson), 2003 
Byrns, Ralph T.: Microeconomia, MAKRON BOOKS. 
Dornbusch, Rudiger: Macroeconomia, 2a edição americana, MAKRON BOOKS. 
Ferguson, Charles E.: Microeconomia, Editora FORENSE UNIVERSITARIA. 
Simonsen, Mario Henrique: Macroeconomia, Editora Atlas. 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
7 
2. Introdução à economia 
 
Neste capítulo serão tratados inicialmente os conceitos básicos de economia, 
com a divisão do estudo econômico em macroeconomia e microeconomia, os fatores 
produtivos, bem como os problemas econômicos fundamentais. 
Em seguida, será feita uma revisão sobre os principais pensadores que 
contribuíram para a evolução do pensamento econômico. 
Visto isto, serão feitas considerações sobre os principais sistemas econômicos, 
os Acordos de Basiléia e seus efeitos sobre o Sistema Financeiro Nacional. 
Para concluir, a caracterização do que se denominou recentemente de Economia 
do Conhecimento, com seus novos paradigmas e desafios. 
2.1 Conceitos básicos 
 
De maneira geral, pode-se definir economia como uma ciência social que estuda 
os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços. 
Os economistas estudam a forma dos indivíduos, os diferentes coletivos, as empresas de 
negócios e os governos alcançarem seus objetivos no campo econômico. 
 
Pode-se fazer a seguinte divisão no estudo econômico: 
 
- Macroeconomia- analisa o comportamento da economia como um todo, por 
meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os movimentos globais nos 
preços, na produção ou no emprego. 
 
- Microeconomia- estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do 
sistema, por meio de preços e quantidades relativas. Para exemplificar, pode-se citar a 
análise do funcionamento de empresas. 
 
Enquanto a economia positiva ocupa-se da descrição de fatos, circunstâncias e 
relações econômicas, a economia normativa expressa julgamentos éticos e valorativos. 
As grandes divergências entre os economistas aparecem nas discussões de caráter 
normativo, como por exemplo, o da dimensão do Estado e o poder dos sindicatos. 
 
Os fatores produtivos são os elementos constituintes do processo de produção 
das empresas. São combinados de forma a se obterem produtos, que serão consumidos 
ou empregados em outras fases mais avançadas do processo produtivo. São basicamente 
a terra e recursos naturais, trabalho, capital, tecnologia e capacidade gerencial. 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
8 
Os problemas econômicos fundamentais se relacionam com questões relativas 
à (1) que produtos produzir e em que quantidade; (2) como os produzir, isto é, através 
de que técnicas devem ser combinados os fatores produtivos; (3) para quem devem ser 
produzidos e distribuídos os produtos. 
Essas questões não seriam levantadas se os recursos fossem ilimitados - a “lei da 
escassez” estabelece que a limitação de recursos obriga a escolha entre bens 
relativamente escassos. 
Em um mercado de concorrência perfeita, a determinação do preço e da 
quantidade em cada mercado é feito através da compatibilização das suas ofertas e 
demandas de bens e serviços. O preço de equilíbrio verifica-se quando a quantidade 
procurada for igual à quantidade oferecida. Por meio da lei da oferta e da procura, as 
questões de “o que, como e para quem” ficam parcialmente resolvidas. Isso se deve à 
interdependência de cada mercado em relação aos mercados de outros bens na 
estruturação do “sistema de equilíbrio geral de preços”. 
Enquanto o equilíbrio parcial observa o comportamento de cada mercado 
individualmente, o equilíbrio geral analisa os processos simultâneos e interdependentes 
dos diferentes mercados - esse último é uma espécie de “teia invisível”. 
O modelo de “concorrência perfeita“ é apenas idealizado, pois desconsidera 
diversos mecanismos da economia, como a existência de monopólios e de 
externalidades. Segundo o conceito de Eficiência de Pareto, não é possível melhorar o 
bem-estar de uma pessoa sem piorar o de outra. A situaçãoeconômica revela eficiência 
se encontra na fronteira das possibilidades de utilidade. 
2.2 Evolução do pensamento econômico 
 
 
As questões econômicas têm preocupado muitos intelectuais ao longo dos 
séculos. Na antiga Grécia, Aristóteles e Platão dissertaram sobre os problemas 
relativos à riqueza, à propriedade e ao comércio. Durante a Idade Média, predominaram 
as idéias da Igreja Católica Apostólica Romana e foi imposto o direito canônico, que 
condenava a usura (contrato de empréstimo com pagamento de juros) e considerava o 
comércio uma atividade inferior à agricultura. 
Como ciência moderna independente da filosofia e da política, destaca-se a 
publicação da obra An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations, 
(Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações), datada de 1776; 
do filósofo e economista escocês Adam Smith. O mercantilismo e as especulações dos 
fisiocratas precederam a economia clássica. Essa parte dos escritos de Smith é 
desenvolvida na obra dos economistas do século XIX, como Thomas Robert Malthus 
e David Ricardo, e culmina com a síntese de John Stuart Mill. Estes aceitaram a lei de 
Say sobre os mercados, fundada pelo economista Jean Baptiste Say. Nela, o autor 
sustenta que o risco de um desemprego maciço em uma economia competitiva é 
desprezível, porque a oferta cria sua própria demanda, limitada pela quantidade de mão-
de-obra e os recursos naturais disponíveis para produzir, não podendo, portanto, haver 
nem superprodução nem desemprego. Cada aumento da produção aumenta os salários e 
as demais receitas necessárias para a compra dessa quantidade adicional produzida. 
A oposição à escola do pensamento clássico veio dos primeiros autores 
socialistas do século XIX, como Claude Henri de Rouvroy, conde de Saint-Simon, e do 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
9 
utópico Robert Owen. Porém, foi Karl Marx o autor das teorias econômicas socialistas 
mais importantes. 
Na década de 1870, aparece a escola neoclássica, que introduz na teoria clássica 
as novas produções do pensamento econômico, principalmente os marginalistas, como 
William Stanley Jevons, Léon Walras e Karl Menger. O economista Alfred Marshall, 
em sua obra-prima, Principles of Economics, explicava a demanda a partir do princípio 
da utilidade marginal e a oferta, a partir do custo marginal (custo de produção da última 
unidade). 
John Maynard Keynes, defensor da economia neoclássica até a década de 
1930, analisou a Grande Depressão em sua obra The General Theory of Employment, 
Interest and Money (1936; Teoria geral do emprego, do juro e da moeda), em que 
formulou as bases da teoria que, mais tarde, seria chamada de keynesiana ou 
keynesianismo. 
 
2.3 Sistemas econômicos 
 
Em toda comunidade organizada, mesclam-se, em maior ou menor medida, os 
mercados e a atividade dos governos. O grau de concorrência dos mercados é 
variado, indo do monopólio, em que apenas uma empresa opera, à economia de livre 
mercado, que apresenta uma verdadeira concorrência, com várias empresas operando. O 
mesmo ocorre quanto à intervenção pública, que engloba desde uma intervenção 
mínima em impostos, crédito, contratos e subsídios até o controle dos salários e os 
preços dos sistemas de economia centralizada que imperam nos países comunistas. 
Entretanto, em ambos os sistemas ocorrem divergências: no primeiro, existem somente 
monopólios estatais, sobretudo nas linhas aéreas e na malha ferroviária; no segundo, 
somente concessões à empresa privada. 
As principais diferenças entre a organização econômica centralizada e a 
capitalista residem em quem é o proprietário das fábricas, fazendas e outras empresas, 
assim como os diferentes pontos de vista sobre a distribuição da renda ou a forma de 
estabelecer os preços. Em quase todos os países capitalistas, uma parte importante do 
produto nacional bruto (PNB) é produzida pelas empresas privadas, pelos agricultores e 
pelas instituições não governamentais, como universidades e hospitais particulares, 
cooperativas e fundações. Os problemas mais importantes enfrentados pelo capitalismo 
são o desemprego, a inflação e as injustas desigualdades econômicas. Os problemas 
mais graves das economias centralizadas são os subempregos, o maciço emprego 
informal, o racionamento, a burocracia e a escassez de bens de consumo. Em uma 
situação intermediária entre a economia centralizada e a economia de livre mercado, 
encontram-se os países social-democratas ou liberal-socialistas. A atividade 
econômica recai, em sua maior parte, sobre o setor privado, mas o setor público regula 
essa atividade, intervindo para proteger os trabalhadores e redistribuir a renda. É a 
chamada economia mista. 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
10 
2.4 Os Acordos de Basiléia 
 
Em 1988 os representantes dos bancos centrais dos países firmaram um acordo 
na cidade suíça de Basiléia, que definiu um requerimento de capital, ou uma exigência 
mínima de reservas para que as instituições financeiras possam operar. 
O Conselho Monetário Nacional, através da Resolução no 2.099, regulamentou 
os limites mínimos do patrimônio líquido das instituições financeiras. Esta medida teve 
o objetivo de enquadrar o mercado financeiro aos padrões de solvência e liquidez 
internacionais, que foram definidos em julho de 1988 pelo Acordo de Basiléia, Suíça, 
pelos principais bancos centrais do mundo (Fortuna, 1999). 
O cálculo do valor do patrimônio líquido exigido para o enquadramento nas 
regras do Acordo de Basiléia representa a aplicação de um Fator de Risco (F), 
inicialmente de 8%, aplicável sobre o ativo ponderado pelo seu percentual 
predeterminado de risco (Apr). A reunião do CMN, de 25/06/97, aumentou este valor 
para 10%, de forma a reforçar a exigência de capitalização dos bancos, e a Circular no 
2.784, de 27/11/97, ampliou o valor para 11%. 
Os títulos de renda fixa possuem ponderações de risco diferenciadas em função 
de seu emissor. 
Risco de 0% para títulos federais e títulos privados (CDB, LC, LI, LH) de 
instituições ligadas, risco de 50'/o para títulos estaduais e municipais e títulos privados 
de instituições não ligadas, 50'/o para operações interbancárias. Para as debêntures, 
obrigações da Eletrobrás, títulos da dívida agrária e outros, o risco é de 100%. 
Os títulos de renda variável têm risco de 100%, e as cotas de fundos de 
investimento, de 50%. 
Quanto às aplicações em operações compromissadas - posições financiadas - 
têm risco de 0%. Para as operações de crédito, em sua quase totalidade, têm risco de 
100%. 
 
Exercício 1: Considere a seguinte composição dos ativos realizáveis de determinado 
banco 
 
 
Ativo Valores 
(em u.m) Ponderação de risco 
Valor do Ativo 
Ponderado (em u.m) 
Caixa 50.000 0% - 
Aplicações 
interbancárias 
800.000 50% 400.000 
Debêntures 200.000 100% 200.000 
Empréstimos 1000.000 100% 1.000.000 
Títulos públicos 
federais 
400.000 0% - 
Títulos públicos 
estaduais 
200.000 50% 100.000 
 Total 1.700.000 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
11 
Uma vez determinado o valor do ativo ponderado de 1.700.000 um, o valor 
mínimo do Patrimônio Líquido do banco pode ser calculado como se segue: 
 
 
Fator de Risco (F) = 11% 
Ativo Realizável Ponderado = 1.700.000 u.m. 
 
 
F = Patrimônio Liquido Mínimo = 11% 
 Ativo Realizável Ponderado. 
 
Portanto, 
 
Patrimônio Líquido Mínimo = 1.700.000 x 0,11 = 187.000 u.m 
 
 
É importante observar que a principal mudança em relação às regras vigentes até 
a adoção do Acordo de Basiléia está na transferência do cálculo da capacidade de 
alavancagemde cada banco do passivo para o ativo. 
Com isto, o risco operacional de uma instituição financeira passa a ser medido 
sobre o tipo de aplicações feitas com o capital que ela administra e não mais sobre o 
volume de recursos captados de terceiros. 
Posteriormente foi firmado o Acordo de Basiléia II, estabelecendo novos 
parâmetros de operações bancárias a partir de 2007. Essas modificações, advindas desse 
novo acordo, estabelecem padrões de cálculos muito mais sofisticados do que os atuais, 
com interferência nos registros dos arquivos, notadamente os cadastros de crédito, que 
irão atingir um legado de 5 a 7 anos atrás. 
O Acordo de Basiléia II não altera simplesmente regras; torna-as mais 
sofisticadas, e com os mesmos fundamentos. Em síntese, este acordo trata da exigência 
mínima para o cálculo de capital, metodologia de verificação por parte do Banco 
Central de adequação do capital e riscos no mercado, e transparência das 
demonstrações. 
 
2.5 Economia e sociedade do conhecimento 
O contexto atual se caracteriza por mudanças aceleradas nos mercados, nas 
tecnologias e nas formas organizacionais, bem como na capacidade de gerar e absorver 
inovações. O entendimento dessas mudanças vem sendo considerado, mais do que 
nunca, crucial para que um agente econômico se torne competitivo. Entretanto, para 
acompanhar as rápidas mudanças em curso, torna-se de extrema relevância a aquisição 
de novas capacitações e conhecimentos, o que significa intensificar a capacidade de 
indivíduos, empresas, países e regiões de aprender e transformar esse aprendizado em 
fator de competitividade para os mesmos. Por esse motivo, vem-se denominando esta 
fase como a da economia baseada no conhecimento ou, mais especificamente, baseada 
no aprendizado. 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
12 
3. Noções de microeconomia 
Neste capítulo será apresentada inicialmente a caracterização dos principais 
mercados, apresentação das curvas de oferta e demanda, determinação do preço de 
equilíbrio e as conceituações de elasticidades-preços da demanda e da oferta. 
Em seguida serão apresentadas as diversas curvas de receitas e custos, bem 
como a determinação do ponto de maximização de lucro das empresas no curto prazo. 
Para concluir será apresentado o modelo de determinação do ponto de equilíbrio 
de longo prazo das empresas. 
3.1 Caracterização dos mercados 
 
Mercado em termos abstratos é o encontro dos fluxos de oferta e de demanda. 
Pode se referir a um bem determinado ou a uma determinação geográfica. Os diferentes 
tipos de mercado são classificados de acordo com o seguinte: 
 
Quanto à presença dos vendedores no mercado 
 
a) Mercado de concorrência perfeita: 
- Grande número de compradores e vendedores. 
- Vendedores e compradores (atomizados) têm influência negligenciável sobre preços. 
- Estabelecido o preço de mercado ninguém terá razões para cobrar menos e se cobrar 
 mais os compradores mudam de vendedor. 
- Livre entrada e saída de compradores e vendedores e homogeneidade dos produtos. 
- Exemplos: bolsa de valores, feira livre. 
 
b) Mercado de concorrência monopolista: 
- Número mais restrito de vendedores no mercado 
- Diferenciação do produto ocorre por intermédio da marca 
- Exemplos: produtos de higiene, jeans etc. 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
13 
c) Mercado oligopolista: 
- Número restrito de vendedores no mercado 
- Divisão do mercado entre os produtos 
- Política de preços e comercialização combinada entre os produtores 
- Exemplos: indústria automotiva, cimenteira etc. 
 
d) Monopólio 
- Apenas um produtor. 
- Exemplo: correios para certos tipos de correspondência 
 
Quanto à presença dos compradores no mercado 
Mercado monopsônio (um comprador), duopsônio (dois compradores) etc. 
 
3.2 Estudo da demanda 
 
Em um mercado de concorrência perfeita a curva de demanda Di de determinado 
produto pode ser expressa da seguinte forma: 
 
 Di = f (pi, p1, p2, p3, Y, P, T) 
 
Onde: 
Di: demanda de determinado produto 
 pi, preço do produto em questão 
 p1, p2, p3, etc: preços de demais produtos na economia 
Y: nível de renda 
P: população 
T: gostos e preferências do consumidor 
 
 
Se considerarmos a hipótese de que apenas o preço pi varie, e assemelhando as relações 
entre preços e demanda a uma reta, poderemos escrever a seguinte equação de demanda: 
 
Di = f (pi,) 
Di = a - bpi 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
14 
Exercício 2: Seja uma curva de demanda dada por Di = 100 – 2 pi. Trace a sua 
representação gráfica. 
 
 
 
pi 
 
 
 
 
 
 
 
Exercício 3: Com base nas quantidades de soja demandadas nos mercados de Minas 
Gerais, Rio de Janeiro, construa a curva de demanda do conjunto desses dois estados. 
 
 
Preço unitário Quantidades de soja demandadas nos mercados 
 Minas Gerais Rio de Janeiro Soma dos estados 
$0,00 12 7 19 
$0,50 10 6 16 
$1,00 8 5 13 
$1,50 6 4 10 
$2,00 4 3 7 
$2,50 2 2 4 
$3,00 0 1 1 
 
 
 
 
Di 
50 
100 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
15 
 
3.3 Estudo da oferta 
 
Em um mercado de concorrência perfeita a curva de oferta Oi de um 
determinado produto pode ser expressa da seguinte forma: 
 
 Oi = f (pi, p1, p2, Cp, G, Cambio,) 
 
Onde: 
Oi: oferta de determinado produto 
 pi, preço do produto em questão 
 p1, p2, p3, etc: preços de oferta de demais produtos na economia 
Cp: custo de produção 
G: grau de intervenção do governo 
Cambio: taxa de cambio 
 
 
Se considerarmos a hipótese de que apenas o preço pi varie, e assemelhando as relações 
entre preços e demanda a uma reta, poderemos escrever a seguinte equação de demanda: 
 
Oi = f (pi) 
Oi = c + bpi 
 
CURVA DE DEMANDA DE MERCADO POR SOJA 
 PREÇO DA 
SOJA $ 
 QUANTIDADE 
DE SOJA 
3,00 
2,50 
2,00 
1,50 
1,00 
 
13 
CURVA DE DEMANDA DE MERCADO 
0,50 
12 4 10 1 7 16 19 
Minas 
Rio 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
16 
Exercício 4: Seja uma curva de oferta dada por Oi = 4 + 4pi. Trace a sua representação 
gráfica. 
 
 
 
 
pi 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exercício 5: Com base nas quantidades de soja ofertadas nos mercados de Paraná e 
Mato Grosso, construa as curva de oferta do conjunto desses dois estados. 
 
Preço unitário Quantidades de soja ofertadas nos mercados 
 Paraná Mato Grosso Soma dos estados 
$0,00 0 0 0 
$0,50 0 0 0 
$1,00 1 0 1 
$1,50 2 2 4 
$2,00 3 4 7 
$2,50 4 6 10 
$3,00 5 8 13 
 
 
 
 
 
Oi 4 
-1 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
17 
 
 
3.4 Determinação do preço de equilíbrio 
 
Em um mercado de concorrência perfeita o preço de equilíbrio do mercado é 
determinado pelo encontro das curvas de demanda (Di) e oferta (Di). 
 
 
 Exercício 6: Determine o preço de equilíbrio e a respectiva demanda, referente às 
seguintes curvas de demanda (Di) e oferta (Oi) das empresas: 
 
 
Di = 10 – 2pi 
Oi = 4 + 4pi 
 
 
No preço de equilíbrio Di = Oi, portanto, pi = 1 e Di = 8. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 QUANTIDADE 
DE SOJA 
2,00 
1,00 
1 
 
10 
CURVA DE OFERTA DE SOJA NO MERCADO 
13 7 
PR 
 PREÇO DA 
SOJA $ 
3,00 
2,50 
1,50 
0,50 
4 
MT 
MERCADO 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
18 
pi 
 Oi 
 5 
 
 
 
 8 Di 
 
 
 
 
Observação 1: Em um mercado de concorrência perfeita, uma vez determinadoo preço 
de equilíbrio a curva de preço-demanda do setor passa a ser a seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação 2: Além disto, Rmg = Rme = pi 
 
Observação 3: Em um mercado monopolista a curva de demanda das empresas é a 
curva de demanda do setor : 
 
 
 
pi 
 
 5 
 
 
 
 10 
Di, 
pi 
1 
Di = Rmg = Rme 
4 
-1 
Oi,Di 
Di 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
19 
 
 
3.5 Elasticidade-preço da demanda e da oferta 
Em economia o conceito de elasticidade mede a reação de determinada variável 
diante de outra. Os conceitos de elasticidade-preço da demanda e da oferta podem ser 
definidos como se segue: 
 
Elasticidade-preço da demanda (EpD): mede a reação potencial dos consumidores 
com relação a variação de preços dos produtos. 
 
EpD = (-) dDi . pi 
 dpi Di 
 
Elasticidade-preço da oferta (EpO): mede a reação potencial dos produtores diante da 
variação de preços de seus produtos. 
 
EpO = dOi . pi 
 dpi Oi 
 
DESEQUILÍBRIO DE OFERTA E DEMANDA DE SOJA 
 PREÇO DA 
SOJA $ 
3,00 
2,50 
2,00 
1,50 
0,50 
1 
 
4 10 13 7 
PREÇO DE 
EQUIÍBRIO 
QUANTIDADE DE 
EQUILÍBRIO 
EQUILÍBRIO 
DEMANDA 
OFERTA 
 QUANTIDADE 
DE SOJA 
1,00 
EXCESSO DE OFERTA 
ESCASSEZ 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
20 
Exercício 7: Determine o valor da elasticidade-preço da demanda e da oferta e 
interprete seus resultado, para as curvas de demanda e oferta abaixo, para o nível de 
preço igual a 1 unidade monetária 
 
Di = 10 – 2pi 
Oi = 4 + 4pi 
 
a) EpD = (-) dDi . pi = 2 . 1 = 0,25 
 dpi Di 8 
 
Significado: Se o preço variar de 1%, a demanda varia (na direção contrária) em 
0,25%). 
 
b) EpO = dOi . pi = 4 . 1 = 0,5 
 dpi Oi 8 
 
Significado: Se o preço variar de 1%, a oferta varia (na mesma direção) em 0,5%. 
 
 
Exercício 8: Determine os valores da elasticidade-preço da demanda (EpD) e interprete 
seus resultados nas seguintes situações de demanda: 
 
 
 
a) Situação 1 b) Situação 2 
 
 
 
 
 
Valor encontrado: Valor encontrado: 
 
Interpretação do resultado: Interpretação do resultado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
pi 
Di 
pi 
Di 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
21 
Exercício 9: Determine os valores da elasticidade-preço da oferta (EpO) e interprete 
seus resultados nas seguintes situações de oferta: 
 
 
a) Situação 1 b) Situação 2 
 
 
 
 
 
Valor encontrado: Valor encontrado: 
 
Interpretação do resultado: Interpretação do resultado: 
 
3.6 Conceitos de receitas total, média e marginal 
 
Os conceitos de receita total (RT), receita média (Rme) e receita marginal (Rmg) 
são definidos conforme abaixo: 
 
a) Receita total: RT = preço (pi) x quantidade comercializada (Qi) 
 
b) Receita média: Rme = Receita Total = pi x Qi = pi 
 Quantidade Qi 
 
c) Receita marginal = ΔRT 
 ΔQ 
 
 
 
Utlilizando-se a noção de limite: Rmg =δRT/δQ 
 
 
 
 
 
pi 
Oi 
pi 
Oi 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
22 
Exercício 10: Com base na curva de demanda pi = 100 – 2Di, pede-se: 
 
a) A curva de receita total (RT): 
 
Receita Total = pi . Di = (100 – 2Di) . Di = 100 Di – 2D2i 
RT = 100 Di – 2D2i √ 
 
b) A curva de receia média (Rme): 
 
Rme = Receita Total = pi x Qi = pi = 100 – 2Di 
Quantidade Qi 
 
c) A curva de receita marginal: 
 
Rmg =δRT/δQ = δ( 100 Di - – 2D2i) = 100 – 4 Di 
 δD 
 
 
d) Graficamente teremos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rme = pi 
RT 
Di 
Rmg 
epD > 1 
 
EpD = 1 
epD < 1 
25 50 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
23 
Observações: 
 
a) Pelo gráfico anterior podemos observar que a demanda Di = 25 corresponde ao ponto 
onde a receita total é máxima (Rtmáx.) e a receita marginal é nula (Rmg = 0). 
 
b) Quando a elasticidade-preço da demanda atinge o valor zero, a receita total é 
máxima. Este é o ponto, portanto, que o produtor maximiza a sua receita. 
 
Exemplo: No intuito de maximizar sua receita total, caso o produtor esteja oferecendo 
uma quantidade de produto no mercado de 10 unidades, ele deve procurar elevar este 
nível de produção para 25 unidades. Ao contrário, se o seu nível de produção estiver, 
por exemplo, em 30 unidades, ele deve reduzir as quantidades ofertadas no mercado 
para 25. 
3.7 Teoria de custos 
 
Os custos provenientes da produção de bens e serviços podem ser basicamente 
de dois tipos - custos fixos e variáveis, conforme o gráfico abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Custos fixos: Não dependem do nível de vendas, sendo oriundos geralmente de 
dispositivos contratuais. Exemplo: aluguel. 
 
Custos variáveis: variam diretamente com o nível de vendas. Exemplos: Custos de 
produção e de entrega. 
 
Custo total: soma dos custos fixos mais os variáveis 
 
 
 
 
 
 
Custo Variável 
Custo Fixo 
Nível de 
Vendas 
Custos $ 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No gráfico anterior podemos observar que o ponto de equilíbrio operacional 
(break-even point) iguala o valor das receitas totais com os custos totais. A partir deste 
ponto, a empresa terá uma receita total maior do que seu custo total. A representação 
dos custos variáveis, custos totais e receitas totais como retas foram feitas para efeito de 
simplificação. Os principais conceitos derivados dos derivados do custo total, custo, 
custo variável e custo fixo são apresentados a seguir: 
 
 Custo marginal (Cmg) - custo adicional que ocorre com a produção de uma 
unidade adicional de produto. 
 
 Cmg = δCT/δQ ou b+2cQ 
 
 Custo médio (CMe) - custo total dividido pelo número de unidades de produção. 
 
Cme= CTme = CT /Q 
 
 Custo fixo médio (Cfme) = CF / Q 
 
 Custo variável médio (Cvme) = CV / Q 
 
 
 
 
 
 
 
Receita de Vendas 
500 
Custo Operacional Fixo 
Custo Operacional 
Variável 
Custo Operacional Total 
Vendas (unid.) 
Custos/Receitas ($) 
 
Ponto de 
Equilíbrio 
Operacional 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
25 
Exercício 11: Determinado setor da indústria farmacêutica possui a seguinte equação de 
Custo Total: CT (Q) = Q3 – 9Q2 + 800 Q + 80. 
 
Pede-se: 
 
a) Custo médio (Cme) = Q3 – 9Q2 + 800 Q + 80 = Q2 – 9Q + 800 + 80 
 Q Q 
 
b) Cv, Cvme, Cf; Cfme 
 
Cv= Q3 – 9Q2 + 800 Q 
 
Cvme = Q3 – 9Q2 + 800 Q = Q2 – 9Q + 800 
 Q 
 
Cf = 80 
 
Cfme = 80 
 Q 
 
 
Exercício 12: Determinado setor da indústria automotiva possui a seguinte planilha de 
custos: 
 
 
 
Observeo traçado de seus custos fixo médio, custo variável médio, custo total médio e 
marginal. 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
26 
 
 
 
 
Exercício 13: Com base em informações disponiveis, monte a planilha de custos a 
seguir, de empresa do setor da indústria farmacêutica: 
 
 
Quantidade Custo 
fixo 
Custo 
variável 
Custo 
total 
Custo 
fixo 
médio 
Custo 
variável 
médio 
Custo 
total 
médio 
Custo 
marginal 
0 2,00 0,00 2,00 - - - - 
1 2,00 1,00 3,00 
2 2,00 1,80 1,90 
3 2,00 2,40 1,47 
4 2,00 2,80 1,20 
5 2,00 3,20 1,04 
6 2,00 3,80 0,97 
7 2,00 4,60 0,94 
8 2,00 5,60 0,95 
9 2,00 6,80 0,98 
10 2,00 8,20 1,02 
11 2,00 9,80 1,07 
12 2,00 11,60 1,13 
13 2,00 13,60 1,20 
14 2,00 15,80 1,27 
 
 
Veja se confere os resultados de sua tabela com os gráficos de custos total, fixo médio, 
custo variável médio, custo total, custo médio e marginal. 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
27 
Custo total 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
28 
3.8 Maximização de lucro no curto prazo 
 
As empresas procuram maximizar seu lucro no curto prazo, procurando 
maximizar suas receitas e minimizar seus custos, conforme pode ser visto abaixo. 
 
 
Lucro (Q) = Receita Total (Q) – Custo Total (Q) 
L(Q) = RT(Q) – CT(Q) 
 
 
- Primeira condição de maximização: dL(Q) = 0 
 dQ 
dL(Q) = dRT(Q) – dCT(Q) = Rmg – Cmg = 0 
 dQ dQ dQ 
 
 
Portanto: 
 
- Segunda condição de maximização: d2L(Q) ≤ 0 
 dQ2 
 
Portanto: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rmg = Cmg 
dRmg = dCmg 
 dQ dQ 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
29 
Exercício14: Conhecendo as curvas de custo e nível de preço da indústria farmacêutica, 
determine as áreas de Receita total, Custo Total. Responda também se o setor encontra-
se em situação de lucro ou prejuízo. 
 
 
 
 
Obs: Rme = receita média; Rmg = receita marginal; CTme = custo total médio; CVme = 
custo variável médio; Cmg = custo marginal 
 
 
Ponto (e) de maximização de lucro: Rmg = Cmg 
 
 
- Receita total: retângulo (abde) 
- Custo total: retângulo (abcf) 
 
- Lucro: área achurada (fcde) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
30 
3.9 Maximização de lucro no longo prazo 
 
No longo prazo a empresa vai tentar posicionar sua curva de custo médio (Cme) 
no ponto mais baixo da envoltória da curva de custo médio de longo prazo. Essa 
situação pode ser vista no gráfico abaixo. 
 
 
 
 Q* 
 
 
 
A maximização de lucro no longo prazo ocorre no ponto B da envoltória, onde a 
receita média (Rme) se iguala à receita marginal (Rmg), ao custo médio de longo prazo 
(Cmelp), ao custo médio de curto prazo (Cmecp ), ao custo marginal de curto prazo 
(Cmgcp ) e ao custo marginal de longo prazo (Cmglp). 
 
 
Rme = Rmg = peq = Cmelp = Cmecp = Cmgcp = Cmglp 
peq 
A 
Cmelp, Cmecp 
B 
C 
Quantidades 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
31 
4. O Sistema econômico 
 
O acervo de bens e serviços produzidos é posto à disposição da coletividade para 
atender as suas variadas necessidades. Assim, em primeiro lugar, uma boa parte desta 
produção se destina ao consumo, pois este é o objetivo final da atividade econômica. 
Este consumo, por sua vez, vem a ser a parcela de maior proporção em que à procura 
agregada se manifesta. Mas há também outras solicitações da sociedade que devem ser 
igualmente satisfeitas. 
Deste modo outra parte da procura se dirige à reposição e ampliação dos 
equipamentos e estoques necessários para a continuidade do processo produtivo. Nesse 
sentido, aquela parcela do produto nacional que se deixa de ser consumido vai se 
constituir nas sobras ou excedentes, que aplicados como investimentos garantem não só 
a manutenção do capital existente, mas permitem ainda que ele seja ampliado. 
Em terceiro lugar, o poder público, a fim de cumprir suas tarefas de governo 
necessita se apropriar de certa parcela de bens e serviços, e em conseqüência, retira uma 
determinada parte do produto nacional, por intermédio de impostos diretos e indiretos. 
Os impostos diretos recaem sobre os rendimentos de pessoa física e lucros das 
empresas, ao passo que os indiretos incidem sobre a produção e por isso se incorporam 
aos preços quando os bens e serviços são comercializados. 
4.1 Equilíbrio da procura e oferta agregada 
 
Em geral as forças do mercado são tais que existe uma tendência no sentido de 
atingir-se uma situação de equilíbrio entre os componentes da procura e da oferta 
globais. Quando tal equilíbrio se efetiva, a procura e oferta global se igualam. Assim em 
uma situação de equilíbrio temos as seguintes igualdades. 
 
OFERTA GLOBAL = PROCURA GLOBAL 
 
Com isto, podemos expressar o PIB de um país conforme se segue: 
 
PIB = C + I + G + (X – M) 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
32 
O quadro a seguir mostra os diversos componentes da procura e oferta agregadas 
de um país: 
 
Procura (preços de mercado) 109 US$ Oferta Global 109 US$ 
Consumidores (C ) 22,0 Produto Nacional Bruto (cf) 30,0 
Governo (bens e serviços) 4,5 Impostos indiretos - subsídios 3,8 
Investimento bruto 
. capital fixo 
. aumento de estoques 
 
6,2 
0,8 
 
Exportações (X) 4,5 Importações (M) 4,2 
Procura total 38,0 Oferta Global 38,0 
4.2 Consumo e poupança 
A função consumo (C) estuda e analisa o comportamento das unidades 
familiares e dos grupos sociais. A função-poupança (S) estuda a parcela da renda que 
não é gasta na compra de bens de consumo. 
Algebricamente podemos exprimir tanto a função-consumo como a função-
poupança como funções do nível de renda, como se segue: C = C (Y), S = S (Y) e Y = 
C + S 
 
Exercício 15: Com base na tabela abaixo, monte os gráficos das funções consumo e 
poupança: 
 
 
Renda (Y) Consumo (Y) Poupança (S) 
0 20 
50 60 
100 100 0 
150 140 
200 180 
250 220 
300 260 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2.1 Propriedades das funções consumo e poupança 
 
- Propensões Médias a Consumir (PMeC) e a Poupar (PMeS): 
 
São as proporções da renda que foram respectivamente consumidas e poupadas: 
 
PMeC = C 
 Y 
 
PMeS = S 
 Y 
 
- Propensões Marginais a Consumir (PMgC) e a Poupar (PMgS): 
 
 
PMgC = Variação do consumo 
 Variação da renda 
 
PMgS = Variação da Poupança 
 Variação da renda 
 
Em linguagem matemática, podemos escrever as Propensões Marginais a Consumir 
(PMgC) e a Poupar (PMgS) como as respectivas derivadas das funções consumo e 
poupança, conforme se segue: 
 
PMgC = dC 
 dY 
 
PMgS = dS 
 dY 
 
C, S 
Poupança (S) 
Consumo (C ) 
-20 
20 
Renda 100 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
34 
 
Exercício 16: 
 
Em um determinado sistema econômico, a função consumo é definida como: 
C = 20 + 3/4 Y 
 
Pede-se: 
 
a) A equação da função poupança. 
 
S = -20+ 1/4 Y 
 
b) As propensões marginais a consumir e a poupar e seus significados. 
 
PMgC = 3/4 = 0,75 
 
- Significado: para cada unidade adicional de renda a propensão adicional a consumir 
é de 0,75. 
 
PMgS = 1/ 4 = 0,25 
 
- Significado: para cada unidade adicional de renda a propensão adicional a poupar é 
de 0,25. 
 
c) O nível de renda de equilíbrio. 
 
Y = C 
Y = 20 + 3/4 Y → Y = 80 
 
d) Trace um gráfico ilustrando as situações acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C,S 
Y 
C = 20 + 3/4 Y 
S = -20 + 1/4 Y +80 
-20 
+20 
80 
Ω = 45o 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
35 
 
4.3 Investimento 
 
Investimentos são as poupanças ou sobras que se aplicam no processo produtivo. 
Do ponto de vista puramente financeiro, os investimentos fazem retornar ao circuito 
econômico as poupanças realizadas anteriormente. 
Até o início da década de 1930, os investimentos eram predominantemente 
privados. Contudo, após a grande recessão de 1930, o Estado, segundo políticas de 
governo de caráter keynesiano começou a tomar medidas para recuperar a atividade 
econômica, estagnada e combalida. 
 
4.3.1 O papel do multiplicador de investimentos 
Todo investimento autônomo provoca sempre um incremento na renda total, 
bem maior do que seu valor inicial. Ao coeficiente de variação na renda final, que 
ocorre em conseqüência deste investimento inicial, chama-se multiplicador de 
investimento (k). 
Por definição, temos então que o multiplicador de investimentos é o coeficiente 
que aplicado a um acréscimo no investimento, nos dá o incremento de renda final. 
Portanto, podemos escrever o seguinte: 
 
k Δ I = Δ Y → k = Δ Y = 1/PMgS 
 Δ I 
 
Exercício 17: Com relação ao exercício 16, pede-se: 
 
a) O valor do multiplicador de investimentos (k). 
 
k = 
PMgS
1
= 4 
 
b) Para um nível de investimentos (I) igual a 30, determine o novo nível de equilíbrio 
(Y`) da economia. 
 
Y = C 
Y = 20 + 3/4 Y + 30 → Y = 200, ou então: 
 
ΔY = Δ I * k = 30 * 4 = 120 
 
Nível de equilíbrio inicial (veja questão anterior): 80 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
36 
Y` = 80 + 120 = 200 
 
 
c) Trace um gráfico ilustrando as situações acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Y Y=80 
C,S 
Ω = 45o 
C + Δ I = 50 + 3/4 Y 
+20 
Y`=200 
C = 20 + 3/4 Y 
+80 
+50 
+200 
+ Δ Y = Δ I * 4 = 120 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
37 
5. Políticas econômicas do governo 
 
Este capítulo trata inicialmente dos principais instrumentos de política 
econômica do Governo, compreendendo suas ações e principais impactos sobre o 
sistema sócio-econômico do país. Além disto, apresenta a estrutura do Sistema 
Financeiro Nacional, com seus órgãos de regulação e fiscalização. Visto isto, apresenta 
os Mercados Financeiros, Monetário e de Capitais, com suas estruturas, funções e 
serviços. 
 
5.1 Instrumentos de política econômica do Governo 
 
O Governo, dentro dos seus objetivos de política global, que consiste em 
promover o desenvolvimento econômico do país, garantir o pleno emprego dos seus 
fatores da produção, equilibrar os saldos das operações financeiras com o exterior, 
garantir uma estabilidade de preço e controle da inflação, promover a distribuição da 
riqueza e das rendas e com isto, promover o bem estar econômico e social da nação, 
conta com quatro tipos de política econômica – Políticas Monetária, Fiscal, Cambial e 
de Rendas. Os objetivos e instrumentos dessas políticas econômicas de governo serão 
vistas de forma sucinta, a seguir: 
 
5.1.1 Política monetária 
 
A Política Monetária diz respeito ao controle da oferta de moeda e das taxas de 
juros, que garantam a liquidez ideal do sistema econômico. O executor dessa política é o 
Banco Central, que no Brasil, está subordinado ao Ministério da Fazenda. Os 
instrumentos de política monetária tradicionais são os seguintes: 
 
 Depósito Compulsório 
 
É o recolhimento feito pela rede bancária de determinado percentual sobre os 
depósitos à vista e determinadas aplicações. O recolhimento é feito parcialmente em 
moeda e o saldo em títulos federais da divida pública. É calculado sobre médias móveis 
e em função de saldos mensais dos depósitos. Atualmente a alíquota do depósito 
compulsório sobre os saldos de depósitos à vista é de 53%, poupança, 25% e depósitos a 
prazo (títulos públicos, CDBs etc), 23%. O compulsório atua de forma indiscriminada 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
38 
sobre a rede bancária, podendo, entretanto, a autoridade monetária fazer exceções, como 
é o caso de implantação pioneira de serviços bancários, operações de crédito rural, 
adiantamento a produtores e formação de estoques reguladores. Eventuais alterações na 
taxa de encaixe afetam indiscriminadamente todo o sistema bancário. Por este motivo, 
este instrumento de política monetária é considerado de longo prazo. 
 
 
 Operações de Redesconto 
 
É um instrumento de política monetária, que consiste na concessão de assistência 
financeira de liquidez aos bancos comerciais. Na execução destas operações, o Banco 
Central funciona como o banco dos bancos, emprestando dinheiro a uma taxa pré-
fixada, com a finalidade de atender as necessidades momentâneas de caixa dos bancos 
comerciais. Através desses instrumentos, a oferta de moeda pode ser reduzida ou 
expandida, de acordo como os critérios estabelecidos pelo Banco Central. 
É um instrumento flexível e conjuntural, que não age necessariamente sobre todo o 
sistema bancário, sendo que seus efeitos se fazem sentir a médio prazo, na medida em 
que os bancos, que estão no redesconto, buscam reformular suas posições, visando o 
equilíbrio de sua liquidez. Para suprir, primeiramente, suas necessidades eventuais de 
fluxo de caixa, os bancos podem realizar entre si, operações com Certificados de 
Depósito Interbancário. Com isso, a utilização do redesconto junto ao Banco Central se 
restringe aos casos mais agudos, ou a valores que o sistema bancário não pode se 
financiar. Portanto, essas operações de redesconto, são, em tese, as últimas linhas de 
atendimento aos furos de caixa das instituições bancárias. 
 
 
 Operações de Mercado Aberto (“Open Market”) 
 
As Operações de Mercado Aberto constituem o mais ágil instrumento de política 
monetária disponível pelo Banco Central. Através delas são permanentemente reguladas 
a oferta monetária e o custo primário do dinheiro na economia, referenciado na troca de 
reservas bancárias por um dia, através das operações de overnight. Os principais 
movimentos desse mercado, em resumo, são os seguintes: 
 
 
 Resgate de Título: compra líquida de títulos públicos pelo Banco Central, com 
aumento do volume de reservas bancárias e conseqüentemente aumento de liquidez 
do mercado e queda da taxa de juros. 
 
 Colocação de Títulos: venda liquida de títulos públicos pelo Banco Central, com 
diminuição do volume de reservas bancárias e, como conseqüência, redução de 
liquidez do mercado e aumento da taxa de juros. 
 
 
No conjunto de operações, o Banco Central não precisa ser sempre a parte que 
compra ou vende dinheiro em excesso ou em falta. Os próprios bancos, operando entre 
si, têm a mesma facilidade de repor saques ou aplicar depósitos. 
 
 
EconomiaAplicada à Engenharia 
39 
 Controle e a Seleção do Crédito 
 
O controle e a seleção do crédito podem ser feitos de diversas formas: imposição do 
volume de destino do crédito, controle das taxas de juros, fixação de limites e condições 
dos créditos. Eles podem se estender não somente aos bancos comerciais, mas também a 
outras instituições financeiras, atingindo outros passivos financeiros que não moeda. 
 
 
5.1.2 Política fiscal 
 
Está relacionada com a posição orçamentária do Governo. Compreende a 
definição e a aplicação da carga tributária exercida sobre os agentes econômicos, bem 
como a definição dos gastos do Governo, que tem como base os tributos captados. A 
elaboração do projeto orçamentário do governo está a cargo do Ministério do 
Planejamento. 
A posição orçamentária do governo é definida pela relação entre os gastos (G) e 
suas receitas (T), podendo, portanto ocorrer as seguintes situações: 
 
 Se o saldo orçamentário for positivo (T > G), o governo terá um superávit. 
 Se o saldo orçamentário for negativo (T< G), o governo terá um déficit. 
 
 
O entrelaçamento entre as políticas monetária e fiscal pode ser vista, através do 
modelo IS-LM de Hicks-Hansen, a seguir. 
 
Podemos observar que: 
 
 Efeito do Aumento das Despesas do Governo: aumenta a taxa de juros e o nível de 
produto (renda). 
 
 Efeito do Aumento da Oferta Monetária: Imediatamente após o aumento, passa a 
haver mais moeda na economia que a demandada pelas pessoas. Isso tende a fazer 
cair a taxa de juros (i), de modo que a demanda monetária aumenta. A taxa de juros 
mais baixa estimula, então, o investimento, que aumenta o produto (renda) da 
economia pelo efeito multiplicador. 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
40 
5.1.3 Política cambial 
 
A política cambial está baseada na administração das taxas de câmbio e no 
controle das operações cambiais. Apesar de ligada indiretamente à política monetária, a 
política cambial se destaca por atuar mais diretamente sobre todas as variáveis 
relacionadas às transações econômicas do País com o exterior. 
Dado o seu forte entrelaçamento com a política monetária, a política cambial 
deve ser muito bem administrada. Um desempenho, por exemplo, muito forte das 
exportações pode ter grande impacto monetário, à medida que o ingresso de divisas 
significa conversão de moedas estrangeiras para reais, e com isso, expansão da emissão 
da moeda, que em ultima instancia pode causar efeito inflacionário. 
 
5.1.4 Políticas de rendas 
 
As políticas de renda compreendem as medidas do governo que afetam 
diretamente os fluxos de renda e remuneração dos fatores diretos de produção e serviços 
do sistema econômico, tais como salários, lucros, dividendos, depreciação, preços dos 
produtos intermediários e finais. 
 
 
 
 
Modelo IS-LM de Hicks-Hansen
 Taxa de Taxa de
 Juros Juros
 i1
 i0 
 i1 i0
 Y0 Y1 PNB(Y) Y0 Y1 PNB(Y)
LM0
LM1
LM0
IS1
IS0
IS0
Aumento da Oferta
Monetária
Aumento da Despesa do
Governo
 
Economia Aplicada à Engenharia 
41 
Sistema Financeiro Nacional 
 
Órgãos de Regulação e 
Fiscalização 
 Instituições 
Financeiras 
Bancos Múltiplos com (B) 
Carteira Comercial 
 Captadoras de Bancos Comerciais (B) 
 Depósitos Caixas Econômicas (B) 
 à Vista Cooperativas de crédito (B) 
 Banco Central Banco de Investimento (B/CVM) 
Conselho Financeiras Sociedades de Crédito Imobiliário (B) 
Monetário Companhias Hipotecárias (B) 
Nacional Associações de Poupança e (B) 
Empréstimo 
 Comissão de Bolsa de Mercadorias e de (B/CVM) 
Futuros 
 Valores Bolsa de Valores (CVM) 
 Mobiliários Agências de Fomento ou de (B) 
Desenvolvimento 
 Outros 
Intermediários 
Sociedades Corretoras de (B/CVM) 
Títulos e Valores Mobiliários 
 Superintendência Sociedades Corretoras de Cambio (B) 
 de Seguros Representações de Instituições (B) 
Financeiras Estrangeiras 
 Privados Agentes Autônomos de (CVM/B) 
Investimentos 
 Entidades Fechadas de Previdência 
Privada (SPC) 
 Secretaria de Sistemas de Sociedades Seguradoras (SU) 
 Previdência 
Previdência e 
Sociedades de Capitalização (SU) 
 Complementar Seguros Sociedades Administradoras de (SU) 
Seguro-Saúde 
 Entidades Fundos Mútuos (B/CVM) 
 Administradoras Clubes de Investimentos (CVM) 
 de Recursos de Carteiras de Investidores Estrangeiros 
 (B/CVM) 
 Terceiros Administradoras de Consórcios (B) 
 Sistemas de 
Liquidação 
Sistema Especial de Liquidação e de (B) 
Custodia- SELIC 
 e Custódia Central de Custódia e de Liquidação (B) 
Financeira de Títulos- CETIP 
 Caixas de Liquidação e Custódia (CVM) 
Fonte: Banco Central do Brasil 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
42 
Empresas 
Indivíduos 
GOVERNOS 
 
5.2 Os mercados financeiros 
 
Uma vez apresentado a estruturação do Sistema Financeiro Nacional, passamos 
agora a analisar mais de perto os mercados financeiros, com seus atores, funções e 
serviços. 
Como subsistema do Sistema Financeiro Nacional, os mercados financeiros são 
foros organizados que permitem que os tomadores e fornecedores de empréstimos e 
investimentos, a curto e longo prazo, negociem diretamente. Basicamente, aqueles que 
oferecem e demandam fundos são indivíduos, empresas e governos. Uma outra figura 
que desempenha um papel fundamental neste processo é o dos intermediários 
financeiros ou instituições financeiras, que canalizam as poupanças de várias partes 
interessadas em forma de empréstimos ou investimentos. Os intermediários financeiros 
básicos na economia são os bancos comerciais, as caixas econômicas, as associações de 
poupança e empréstimos, associações de crédito, companhia de seguro de vida e fundos 
de pensão. 
Os intermediários financeiros e os mercados financeiros não são independentes 
um do outro. Conforme pode ser visto no esquema abaixo, é bastante comum encontrar 
intermediários financeiros participando ativamente tanto no mercado monetário como 
no de capital, atuando como fornecedores e tomadores de fundos. 
 
 
 
Intermediários 
Financeiros 
Bancos Comerciais 
Caixas Econômicas 
Associações de Poupanças 
de Empréstimos 
Associações de Crédito 
Companhias de Seguro de 
Vida 
Fundos de Pensão 
Outros Intermediários 
 
Mercados Financeiros 
Mercado Monetário 
Mercados de Capitais 
 
Fonte: Princípios de Administração Financeira (Gitman; 1987) 
 
Os dois mercados financeiros básico são o mercado monetário e o de capitais, a 
serem vistos nas páginas seguintes. 
 
 
INDIVÍDUOS 
 
EMPRESAS 
 
GOVERNOS 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
43 
5.2.1 Mercado monetário 
O mercado monetárioé criado por uma relação intangível entre fornecedores e 
tomadores de fundos a curto prazo. Os instrumentos básicos de mercado monetário 
incluem títulos emitidos por companhias (Export Notes e Commercial Papers), títulos 
públicos federais, estaduais ou municipais (Letras do Tesouro, letras de antecipação de 
imposto, Obrigações do Tesouro, emissões de agências federais), e por instituições 
financeiras e bancárias (letras de câmbio, caderneta de poupança, letras imobiliárias, 
hipotecárias e depósitos a prazo fixo). A seguir, será visto de forma sucinta as 
características de emissão desses papéis. 
 
5.2.2 Mercado de capitais 
Os mercados de capitais são criados por inúmeras instituições e acordos que 
permitem que os fornecedores e tomadores de fundos a longo prazo façam suas 
transações. O fator-chave que diferencia o mercado monetário do de capitais é que este 
último fornece fundos permanentes a longo prazo às empresas, enquanto que o 
primeiro fornece financiamento para empréstimos a curto prazo. Embora ambos os 
mercados sejam importantes à longevidade da empresa e do governo, os mercados de 
capitais oferecem mecanismos por intermédio dos quais grandes somas de dinheiro 
podem ser levantadas para aumentar a capacidade produtiva da economia. As bolsas de 
valores constituem a espinha dorsal dos mercados de capitais, oferecendo um mercado 
para transações com ações e debêntures. 
 
 
Exercício 19: Com relação ao modelo de Hicks e Hansen abaixo, pede-se: 
 
 
 
 i LMo 
 
 
 ISo 
 
 Y 
 
 
a) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de 
renda diminua, mas a taxa de juros permaneça constante. 
 
b) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de 
taxa de juros diminua, mas o nível de renda permaneça constante. 
 
c) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de 
renda aumente, mas a taxa de juros permaneça constante. 
 
d) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de 
taxa de juros aumente, mas o nível de renda permaneça constante. 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
44 
6. Moeda e inflação 
6.1 Moeda e suas funções 
 
A moeda possui as funções básicas de ser, ao mesmo tempo, um intermediário 
de trocas; um denominador comum de preços (unidade de medida) e reserva de valor. 
Segundo o conceito tradicional sua oferta é dada pela disponibilidade de ativos 
financeiros de liquidez imediata, os chamados meios de pagamento. Esses ativos de 
liquidez imediata seriam o papel-moeda em poder do público (moeda manual) e os 
depósitos a vista do público nos bancos comerciais (moeda escritural). 
Os depósitos a vista do público nos bancos comerciais geram condições, através 
da emissão de cheques, que vários agentes econômicos comprem produtos e serviços 
com uma mesma quantidade inicial de moeda. 
Esse uso generalizado de moeda escritural é a origem do "processo 
multiplicador", que eleva os meios de pagamento. A moeda injetada no sistema 
econômico por decisão da autoridade monetária tende a se transformar em depósitos 
bancários. Enquanto parcelas de tais depósitos se tornam empréstimos dos bancos a 
terceiros, que retornam tais recursos ao sistema bancário por meio de novos depósitos, 
que se tornarão novos empréstimos. Uma parcela dos meios de pagamento será mantida 
sob forma de papel-moeda nas mãos do público. Outra parte será levada à condição de 
moeda escritural, por meio de depósitos a vista nos bancos comerciais. 
Dos depósitos a vista retiram-se dois encaixes. Um técnico ou voluntário (r1) 
que deve satisfazer às operações diárias dos bancos, e um compulsório (r2) recolhido ao 
Banco Central como forma de se controlar o efeito multiplicador. 
 
A demanda de moeda ocorre por três motivos básicos: 
 
a) Transação: representa a guarda de moeda para se fazer face a pagamentos, dado que 
os pagamentos e recebimentos não são perfeitamente sincronizados. 
 
b) Precaução: é a guarda de moeda para cobrir gastos imprevistos. 
 
c) Especulação: a moeda é considerada também como reserva de valor e não apenas 
meio de troca. Por isso, não seria estranho que os agentes econômicos guardassem 
moeda ociosa, na expectativa de mudanças na taxa de juros de mercado e, assim, aplicá-
la melhor no futuro 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
45 
6.1 Criação de moeda no sistema fiduciário 
 
Em um sistema monetário os tipos de moedas e seus detentores podem ser definidos 
conforme se segue: 
 
- Meios de Pagamento (MP) = papel moeda em poder do público (PMP) + depósito a vista do 
 público nos bancos comerciais (DPBC) 
 
 
- Base monetária (B) = papel moeda em poder do público (PMP) + reservas bancárias (PMBC) 
 
- Caixa dos bancos comerciais(RES) = parcela do papel moeda depositado pelo público 
 (PMBC) 
 
- Encaixe bancário (r) = reservas bancárias 
 Depósito a vista 
 
- Beta (ß) = papel moeda em poder do público 
 Meios de Pagamentos 
 
- k = 
)1(
1
rr  
 
 
Desta forma, dada uma certa expansão da base monetária (ΔB), a expansão total dos 
meios de pagamentos será dada por: 
 
ΔMP = 
)1(1
1
r 
. ΔB 
 
 
Suponha por exemplo que em determinado sistema monetário o encaixe bancário é de 
20% e o percentual dos meios de pagamento em poder do público é de 50% (ß). Desta 
forma o valor do multiplicador bancário k será de 1,67, calculado como segue: 
 
k = 
)2,01(5,02,0
1

= 1,67 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
46 
6.2 Conceituação de inflação 
 
As teorias da inflação são numerosas, embora não sejam mutuamente 
excludentes. Os principais ramos das teorias da inflação geralmente se superpõem e se 
interrelacionam. Por conseguinte, a literatura teórica sobre inflação é bastante extensa. 
No entanto, a despeito da diversidade de teorias sobre inflação, é possível classificá-las 
segundo os tipos predominantes das causas que dão origem aos processos 
inflacionários. Procurando enfatizar as diferenças básicas existentes entre elas, veremos 
a seguir, cada um desses tipos de inflação: 
 
 
a) Inflação de demanda: refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à 
produção disponível de bens e serviços na economia. É causada pelo crescimento dos 
meios de pagamento, que não é acompanhado pelo crescimento da produção. Ocorre 
apenas quando a economia está próxima do pleno-emprego, ou seja, não pode aumentar 
substancialmente a oferta de bens e serviços a curto prazo. 
 
b) Inflação de custos: tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços na 
economia. O nível da demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores 
importantes aumentam, levando à retração da oferta e provocando um aumento dos 
preços de mercado. 
 
c) Inflação inercial: é a aquela em que a inflação presente é uma função da inflação 
passada. Deve-se à inércia inflacionária, que é a resistência que os preços de uma 
economia oferecem às políticas de estabilização que atacam as causa primárias da 
inflação. Seu grande vilão é a "indexação", que é o reajuste do valor das parcelas de 
contratos pela inflação do período passado. 
 
d) Inflação estrutural: a corrente estruturalista supunha que a inflação em países em 
vias de desenvolvimento é essencialmentecausada por pressões de custos, derivados de 
questões estruturais como a agrícola e a de comércio internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
47 
6.3 Inflação e o emprego 
O estudo das relações existentes entre as taxas de inflação e o nível do emprego 
sempre se constituiu em um dos aspectos mais importantes da teoria macroeconômica. 
Isto porque os objetivos básicos de manutenção do pleno emprego e de controle de 
pressões inflacionárias somente se revelaram conciliáveis em condições especiais e 
transitórias. Esta relação originalmente descoberta entre taxas de emprego e inflação 
passou a ser teoricamente descrita pelas chamadas curvas de Phillips. A figura abaixo 
reproduz uma dessas curvas, segundo sua versão mais divulgada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A curva corta o eixo horizontal no ponto correspondente ao desemprego natural 
da economia (desemprego friccional). O ramo superior da curva, à esquerda do ponto 
Uo é geralmente dado como menos elástico que o ramo inferior. Tal característica 
decorre que as tentativas de redução de desemprego para níveis inferiores a Uo 
provocam acentuadas elevações da taxa de inflação, dada a rigidez cada vez mais 
acentuada da capacidade de produção da economia. Em seu ramo inferior, a direita do 
ponto Uo, a curva é relativamente elásticas, mostrando que os níveis de preços não são 
facilmente flexíveis para baixo, em respostas às deliberadas reduções provocadas no 
nível de emprego da economia. Antes que se verifiquem ajustamentos nas expectativas 
de emprego e de preços, uma redução do desemprego de Uo para U1 será obtida ao custo 
de uma elevação da taxa de inflação de 0 para P1. Por outro lado, uma redução da taxa 
de inflação de 0 para P2 (deflação), terá como custo social uma ampliação da taxa de 
desemprego de Uo para U2. 
Taxa de 
desemprego 
Taxa de 
inflação 
U1 U2 UO 
Curva de Phillips 
P1 
P2 
0 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
48 
A longo prazo (Hlp), após o deslocamentos deliberadamente provocados por 
medidas de políticas econômicas, as expectativas tendem a ser revistas, seja quanto à 
inflação ou ao desemprego, reconduzindo a taxa de desemprego à sua posição natural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
0 
Taxa de 
inflação 
Taxa de 
desemprego 
Hcp0 
Hcp1 
Hlp 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
49 
6.4 Planos de estabilização econômica 
Durante o período compreendido entre os anos de 1986 e 1994 a economia 
brasileira sofreu a implantação de sete planos de estabilização econômica, com 
diagnósticos, propostas e práticas muitas vezes distintas. Esses planos de estabilização 
econômica podem ser vistos a seguir. 
 
 
 
Planos de Estabilização 1986 - 1994 
Planos Início Diagnótisco Propostas Prática Moeda 
Cruzado I 28/02/86 Inercial PM e PF 
acomodatícias. 
PM e PF 
expansionistas. 
1000 Cruzeiros = 
1 Cruzado 
Bresser 15/06/87 Inercial + 
Demanda 
PM e PF 
contracionistas. 
PM e PF 
contracionistas. 
X 
Feijão com 
arroz 
Jan./88 Demanda PM e PF 
contracionistas. 
PM 
expansionista, 
devido 
megasuperávit 
da balança 
comercial. 
X 
Verão 14/01/89 Inercial + 
Demanda 
Corte nas 
despesas 
públicas e 
aumento das 
receitas. 
Propostas não 
aprovados pelo 
Congresso. 
1000 Cruzados = 
1 Cruzado Novo. 
Collor I 15/03/90 Fragilidade 
financeira do 
Estado 
Aumento da 
arrecadação e 
confisco 
monetário 
Aumento de 
impostos e 
sequestro de 
liquidez 
Cruzeiro 
Collor II 01/02/91 Fragilidade 
financeira do 
Estado 
Racionalizar 
gastos da 
administração 
pública, corte de 
despesas e 
acelerar o 
processo de 
modernização do 
parque industrial 
Falta de 
credibilidade 
do governo 
inviabilizou 
ações políticas 
do governo. 
Cruzeiro 
Real 01/07/94 Desajuste das 
contas públicas 
Ajuste fiscal, 
criação da URV 
e regras de 
emissão e 
lastreamento da 
nova moeda. 
Ajuste fiscal, e 
criação da 
URV. 
Real 
Fonte: Giambiagi e Villela (2005) 
 
Abreviaturas: 
 
- PM: Política Monetária 
- PF: Política Fiscal 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
50 
6.5 O regime de metas de inflação 
Este regime de metas de inflação foi adotado no início de 1999, com a nomeação 
de Armínio Fraga para presidente do Banco Central. Com a adoção desse regime o 
Conselho Monetário Nacional passou a definir um alvo para a variação do IPCA, que 
passou a balizar as decisões de política monetária do Banco Central, tomadas todos os 
meses pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O sistema de metas de inflação 
trabalha com uma tolerância acima ou abaixo da meta, para acomodar possíveis 
impactos de variações exógenas, procurando evitar grandes flutuações do nível de 
atividade. A meta inicial fixada para 1999 foi de 8%, com tolerância de 2% acima ou 
abaixo do alvo. Para os anos de 2000 e 2001 foram adotados, respectivamente, metas de 
6% e 4%. A inflação se manteve dentro do previsto nos anos de 1999 e 2000, mas 
situou acima do teto em 2002. 
As metas de inflação para 2006 e 2007 são de 4,5%, com bandas bilaterais de 
2%. 
 
 
6.6 Índices e projeções de inflação 
 
Os principais índices de inflação, calculados pelo IBGE, DIEESE, FIPE e FGV 
encontram-se abaixo, sendo que o governo considera o IPCA para o cálculo da meta de 
inflação. 
 
- Índice Geral de Preços do IBGE (IGP) 
 
Começou a ser calculado em 1947, comparando preços do mês anterior com os do mês 
corrente, coletados em 18 capitais. Há três grupos de preços: os de produtos no atacado, 
baseado numa amostragem de cerca de 500 mercadorias, com 60 por cento de peso no 
índice final; os de preços ao consumidor, com base nas compras de famílias com renda 
de 1 a 33 salários mínimos, entram com 30 por cento; preços da construção civil, com 
10 por cento de peso, baseado em planilhas de custo de empresas de engenharia. Um 
dos menos precisos índices, justamente pela sua abrangência, num quadro muito 
dispersivo de inflação. É divulgado em duas versões uma contendo apenas os preços do 
que é produzido internamente, (disponibilidade interna) e outra incluindo preços de 
importações. 
 
- Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) da FGV 
 
Criado a pedido da Federação dos Bancos com uma cláusula que impede sua 
modificação pelo governo e tinha como função, servir de corretor de contratos bancários 
aplicável já no dia 30 do mês em curso. É o primeiro a ser divulgado e tem como base 
os mesmos preços e a mesma ponderação do IGP, mas do dia 20 do mês anterior aos 20 
do mês em questão. 
 
 
 
 
Economia Aplicada à Engenharia 
51 
- Índice Quadrissemanal de Preços ao Consumidor da FIPE 
 
Típico de uma economia hiperinflacionária, é publicado toda semana, com a variação 
dos preços das quatro semanas anteriores. Restringe-se ao município de São Paulo e 
afere o custo de vida de famílias com rendas de 2 a 6 salários mínimos. Calcula os 
preços médios durante quatro semanas e divide pela mesma média de quatro semanas 
anteriores. Trata-se, portanto de uma medida rápida das tendências de base dos preços. 
No índice FIPE a comida pesa 37 por cento do custo de vida das pessoas e a habitação 
18 por cento. 
 
- Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE. 
 
Para rendas de 1-8 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a 1986. 
 
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC) 
 
Sucedeu ao INPC como índice

Continue navegando