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criminologia na analise do crime no brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E POLÍTICAS – CCJP
Metodologia do Trabalho Científico e Criminologia
ATUAÇÃO POLICIAL: PROPORCIONALIDADE E ABUSO DE PODER
RIO DE JANEIRO
2015
Felipe Falcão Fardim
Resumo: Como estrutura maior de representação do poder político através dos três níveis de poder, o Estado tem o dever de propiciar à sociedade como um todo uma situação em que seja possível vivenciar o que apregoa o texto legal quanto ao que se refere a uma convivência coletiva harmônica – um estado de segurança pública real e presente. Essa é a função do poder de polícia. Muitas vezes utilizado por vontade individual, afasta-se do bem-estar coletivo, age de maneira coercitiva e discriminatória para restabelecer qualquer situação de transgressão da ordem. É um instrumento limitador e também limitado que o poder público tem para institucionalizar o bem comum.
Palavras-chaves: Estado. Sociedade. Polícia. Segurança. Conduta. Bem comum. Proporcionalidade. 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................1
ASPECTOS HISTÓRICOS DA ORIGEM DO PODER DE POLÍCIA..............................5
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE...................................7
ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR.....................................................................................8
CONCLUSÃO.........................................................................................................................12
INTRODUÇÃO
	O Estado é responsável pela manutenção e preservação da ordem e segurança dos seus cidadãos e busca, através de seus agentes, restringir condutas particulares que afetem negativamente a coletividade e o bem comum. Esta obrigação estatal fundamenta-se legalmente tanto na Constituição Federal quanto em normas de ordem pública, e busca, principalmente, garantir a proteção ao interesse público no seu sentido mais amplo, abrangendo valores de ordem material, moral e espiritual do povo.
	A própria Constituição Federal, ao outorgar aos indivíduos uma vasta gama de direitos, deixa claro, além da plena liberdade de exercício, a necessidade de imposição de limites. Dessa maneira, faz-se necessária a observância por parte do Estado democrático de Direito garantir o gozo das liberdades e direitos por parte dos cidadãos de modo que o interesse coletivo seja amparado em face de abusos que venham a feri-lo. 
	Visando esse objetivo, o Estado tem a obrigação de estabelecer um mecanismo de frenagem de conduta individual. Inicialmente, tal atividade é de obrigação do poder legislativo, que é quem formula as leis que estabelecem condições e limites de aproveitamento de direitos individuais e coletivos. Assim, o poder de polícia é utilizado na prevenção e repressão de conduta negativa e anti-social, preservando o interesse geral da comunidade em face do abuso do direito individual.
	Atualmente, o tema relativo ao poder de polícia é amplamente discutido, principalmente quanto à medida de sua aplicação. Com isso, deve-se indagar: até que ponto e de que maneira deverá atuar o Estado por meio do poder de polícia sem ferir a garantia conferida pela Constituição Federal às liberdades individuais?
	Para verificar tal indagação, faz-se necessário observar a proporcionalidade concedida à polícia na execução das medidas coercitivas e o motivo para a fuga desse principio, que é o abuso de poder.
ASPECTOS HISTÓRICOS DA ORIGEM DO PODER DE POLÍCIA
	Para entender o significado do termo poder de polícia, é necessário, primeiramente, uma revisão histórica da Antiguidade e da Idade Média, em segundo lugar, no que diz respeito estado de polícia, e, por fim, uma revisão do estado de direito, compreendido neste o estado liberal, o social e o democrático.
	A palavra portuguesa polícia, representada nas várias línguas românicas e anglo-germânicas, origina-se do grego politeia através da forma latina politia. Ligada etimologicamente ao vocábulo política, pois ambas vêm do grego pólis (= cidade, Estado), indicou entre os antigos helênicos a constituição do Estado, o bom ordenamento, sendo utilizado para designar todas as atividades da cidade-estado (pólis), sem qualquer relação com o sentido atual da expressão.
Na Antigüidade, então, limitou-se à organização do Estado estabelecendo a idéia de governo e estrutura deste. Durante a Idade Média, no período feudal, o sentido do vocábulo teve nova vertente, tendo sido usado para designar a boa ordem da sociedade civil sob a autoridade do Estado, em contraposição à boa ordem moral e religiosa da competência exclusiva da autoridade eclesiástica. 
Nesta época, havia o jus politiae, poder do qual o príncipe era detentor e que designava a este ampla ingerência na vida particular dos cidadãos, incluindo a vida religiosa e espiritual, sempre com o pretexto de alcançar a segurança e o bem-estar coletivo. Compreendia uma série de normas postas pelo príncipe e que se colocavam fora do alcance dos tribunais. Esta fase foi denominada de estado de polícia. 
Ainda na Idade Média, retira-se, a partir do século XI, da noção de polícia o aspecto referente às relações internacionais e já se detecta o exercício do poder de polícia, tal como é hoje considerado, no âmbito das comunas (municípios) européias, por seus administradores, contribuindo para fixar a raiz nascente da cidade moderna. Saindo aos poucos do âmbito da polícia as matérias relativas à justiça e às finanças. 
A primeira etapa do estado moderno foi então caracterizada por uma fase de opressão nas vidas dos cidadãos, com o poder intervencionista do príncipe. Uma total intromissão do Estado, caracterizando o direito de polícia do soberano. Era a época do estado iluminista, no qual o governante agia de acordo com a sua própria lei, segundo a sua ótica particular e sem limitações.
Logo depois vem a segunda fase do estado moderno: o estado de direito, o qual se desenvolve sob a égide de princípios, como o liberalismo e a legalidade, advindos da Revolução Francesa ocorrida no século XVIII.
Com o estado de direito, inaugura-se nova fase em que já não se aceita a idéia de existirem leis a que o próprio príncipe não se submeta. Além de que a preocupação passa a ser a de assegurar ao indivíduo uma série de direitos subjetivos, dentre os quais a liberdade. Em conseqüência, tudo o que significasse uma interferência nessa liberdade deveria ter um caráter excepcional. A regra era o livre exercício dos direitos individuais assegurados nas Declarações Universais de Direitos, transpostos depois para as constituições.
A partir de então, polícia passa a ser vista como uma parte das atividades da Administração, destinada a manter a ordem, a tranqüilidade, a salubridade públicas. Momento em que o vocábulo “polícia” deixou de ser usado isoladamente e surgiu primeiramente na França, a expressão polícia administrativa; sendo esta essencialmente uma polícia de segurança.
Um outro momento se inicia, ainda com idéias liberais, em que a atuação estatal não se limita mais à segurança, entendendo-se também à ordem econômica e social e, antes mesmo de iniciar-se o século XX, fala-se em uma polícia geral, relativa à segurança pública, e em polícias especiais, que atuam nos mais variados setores da atividade dos particulares.
Foi o momento do estado social, no qual a polícia passou a ter nova face, preocupando-se com questões relacionadas ao bem-estar da coletividade sempre com o objetivo de adequar o exercício dos direitos individuais a uma situação de harmonia com o interesse geral.
Posteriormente, em um terceiro momento do Estado de Direito, observa-se uma preocupação do ente estatal com sua face democrática, o que refletiu no exercíciodo poder de polícia. Momento em que a população obrigatoriamente participa das negociações, relativas à sociedade como um todo, em nível de constituição, estando até organizada, muitas vezes, em classes.
É o estado democrático de direito procurando garantir aos cidadãos o pleno exercício dos direitos e liberdades pessoais assegurados em Lei e, ainda vinculando seus atos ao que esta propõe. De maneira que o exercício do poder de polícia não seja mais do que o que esteja definido como suficiente à garantia da convivência pacífica da coletividade.
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
O princípio da razoabilidade se encontra implícito na Constituição Federal bem como o da proporcionalidade, visto aqui como princípio autônomo. Ambos também se acham ressalvados na Lei no. 9.784 de 1999, quando esta ao dispor sobre os processos administrativos, determina a observância da adequação entre os meios e fins e veda a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior ao satisfatório no atendimento do interesse público.
Na visão de José dos Santos Carvalho Filho ambos os princípios consistem em mecanismos de controle dos atos estatais abusivos, seja qual for a sua natureza. Afirma, porém, que no processo histórico de formação desses postulados, o princípio da razoabilidade nasceu com perfil hermenêutico, voltado em um primeiro momento para a lógica e a interpretação jurídica e somente depois é que foi adotado para a ponderação de outros princípios, ao mesmo tempo em que o princípio da proporcionalidade já nasceu com direcionamento objetivo, material, visando o balanceamento de valores, como a segurança, a justiça e a liberdade.
Por meio da razoabilidade, os atos administrativos e jurisdicionais adquirem nova e plena justificação teleológica, uma vez que concretizam o Direito e lhe vivificam, ao realizarem a proteção e promoção dos interesses prescritos pelos legisladores. É com base neste princípio que o Direito não se exaure em ato estritamente técnico, neutro e mecânico, também não se esgota no racional, ou seja, a aplicação da vontade da lei se faz por atos humanos aptos a imporem concretamente o que nela há em abstrato.
Convém expor a visão de José dos Santos Carvalho Filho quando este autor afirma que a “razoabilidade é a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitáveis, ainda que os juízos de valor que provocaram a conduta possam dispor-se de forma um pouco diversa”. Acrescenta ainda que o conceito de razoabilidade é um tanto instável, pois o que é razoável para uns pode não ser para outros e isto implica no fato de que por este motivo, não pode o juiz em ato de controle da conduta do administrador alegar tão somente que não entendeu ser razoável um determinado ato.
Sendo assim, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade visam juntos assegurar que as ações administrativas sejam elas dotadas ou não de discricionariedade, venham a acontecer de maneira que o poder público atinja o fim do bem-comum e possibilite a convivência harmônica dos administrados e, mesmo que isto signifique estes últimos serem tolhidos em seus atos, uma vez que isso se dê de forma razoável e equilibrada, portanto, legítima.
ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR
1. Aspectos históricos sobre a polícia militar
No Brasil, a polícia militar surgiu no ano de 1809 criada primeiramente no Rio de Janeiro pelo príncipe Regente D. João VI. Gozava das características de polícia administrativa, organização militar, dupla vinculação e força de elite. Com passar do tempo, o projeto foi expandido para outras localidades do Império e “principiava com uma origem de clara e exclusiva destinação para atividades policiais administrativas vinculadas à segurança e tranqüilidade da população e ao auxílio da justiça”.
Ao longo da história, mudanças na legislação incitadas por interesses políticos acabaram por demonstrar as distorções a que essas corporações foram submetidas, o que resultou no distanciamento do foco principal das polícias militares. Foi o que aconteceu, por exemplo, no ano de 1934 quando o governo central preocupado com os movimentos revolucionários em alguns estados agitados, implantou sobre essas corporações militares a idéia de reserva do Exército, submetendo-as à legislação e fiscalização federal.
Durante um longo período as corporações militares passaram, ainda que sem jeito, a se comportar como forças do Exército e depois de algumas tentativas infrutíferas da legislação em resgatar a idéia inicial de criação, somente com o Decreto-lei – no. 667 de 02 de julho de 1969 houve a reorganização das polícias militares dos estados, dos territórios e do Distrito Federal, o que representou um marco de extrema importância para o retorno à origem de polícia administrativa.
Foi por meio desse decreto que as polícias militares passaram, com exclusividade, a executar o policiamento ostensivo fardado. Além de serem extintas outras guardas civis uniformizadas e todas as outras polícias com uniforme que existiam com atividades semelhantes nos estados, dando lugar às polícias militares.
2. Conceito e características da polícia militar
Nesta esteira, João Manoel Simch Brochado conceitua a atividade da polícia militar sob a luz de Magalhães Noronha como a de uma polícia administrativa de organização militar. Isto quer dizer a atuação de uma polícia garantidora da ordem pública que vise a impedir a prática de delitos atuando preventivamente, uma vez que se destina a promover ao indivíduo o gozo de seus direitos, à vida, à integridade corpórea e de seu patrimônio, bem como à liberdade. Cuidando, pois, que não sejam lesados pelo comportamento ilícito de alguém.
As corporações militares dos 26 estados brasileiros, com exceção apenas do Distrito Federal, embora organizadas, armadas, equipadas e mantidas por cada estado da federação, possuem supervisão do Exército brasileiro. De acordo com a visão de João Manoel Simch Brochado, isto se dá pelo seguinte:
“As organizações militares armadas dos estados não podem, por uma eventual disfunção organizacional ou envolvimento com outras atividades e responsabilidades, colocar em risco ou ameaçar a indissolubilidade da união dos estados e municípios e, com isso, a própria segurança nacional. Esse primeiro ponto que vincula a necessidade de supervisão à preocupação com a segurança nacional, lança o problema, por puro bom senso, para a responsabilidade das Forças Armadas, que detêm a aptidão técnico-militar capaz de definir e conferir limites, impedindo que sejam ultrapassados.”
Outro fator característico das corporações militares é a estrutura hierárquica, dotada de alto teor de disciplina e a abrangente diversificação de atividades, a saber:
“O policiamento preventivo-comunitário, próximo do cidadão, permanente e contínuo, o policiamento de socorro ao cidadão e à própria polícia, com estrutura ágil e confiável, o policiamento de controle e fiscalização das vias terrestres (urbanas e rodovias), o policiamento de segurança especializada (nas áreas externas dos estabelecimentos prisionais, de proteção à rede escolar, a própria segurança das delegacias de polícia civil), o policiamento de eventos especiais (esportivos, políticos), o policiamento especial de fiscalização (meio ambiente, fazenda pública etc), o policiamento de restauração da ordem pública (choque e patrulhamento coercivo) (...). A tradição de vigilância e guarda externa em instalações físicas importantes dos governos regionais, o trabalho específico de bombeiros militares e a tropa cerimonial completam esse conjunto diversificado de atividades policiais militares.”
As polícias militares são ainda organizadas através de sistemas operacionais. Segundo João Manoel Simch Brochado um sistema operacional é definido comoum conjunto de recursos materiais e humanos com destino à execução de atividades policiais características, que guardam certa homogeneidade e exigem qualificação de seus integrantes, além de equipamentos e até uniformes diferenciados, devendo, por isso, ter supervisão centralizada.
Como se vê, a organização das corporações militares além de complexa, no sentido de atuarem com grande diversidade e deterem para isso uma estrutura diferenciada, é necessitada de constante investimento por parte do poder público, visando apoiar o exercício dessas corporações e ainda evitar os abusos de autoridade cometidos por seus integrantes, uma vez que muitos desses desvios de finalidade têm origem no próprio desconhecimento de atribuições.
3. Abuso de poder no âmbito da polícia militar
Na lição de Hely Lopes Meirelles, o desvio de finalidade ou abuso de poder se dá quando a autoridade embora competente para a prática do ato, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas. Como todo ilícito, reveste-se das formas diversas, ora se apresenta com truculência, ora é dissimulado e ainda aparenta ser um ato legal. Nessa assertiva convém expor situação de ocorrência de abuso de poder por parte de policiais militares:
Mais uma ação envolvendo abuso de poder por parte de policiais militares foi denunciada, na região de Curitiba. Desta vez, o caso envolveu um estudante de São José dos Pinhais. Segundo reportagem do PRTV - Segunda Edição, deste sábado, o rapaz, que não quis ser identificado, estava com mais um amigo no carro e quando passava pela Avenida das Torres foi abordado por um veículo da Polícia Militar, com quatro policias. Conforme informações divulgadas pela reportagem da RPC-TV, os policiais teriam cortado a frente do automóvel que foi jogado contra o meio-fio.
O estudante relata que um dos soldados chegou a atirar para o alto e disse que ambos seriam suspeitos de roubo. Os dois foram revistados e afirmaram ter sofrido agressões. "Eles davam tapas, me jogaram no chão, me chamavam de vagabundo", conta. O rapaz falou ainda que os policiais chegaram a cortar os pneus do carro com uma faca. O pai do estudante comunicou o caso à polícia por meio do telefone 190. Um oficial foi enviado ao local e registrou a ocorrência, mas nenhum documento foi entregue à família. "Quando pedi a ele (policial) um boletim de ocorrência, ele disse que não poderia dar, só poderia fornecer o número do boletim", afirma o pai que também não quis se identificar.
O comandante da polícia, Marcos Teodoro Schremeta, informou que os policiais foram afastados e que uma investigação interna foi aberta para apurar o caso. O comandante admitiu que a descrição da ação dos PMS tem característica de abuso.
Sob esta ótica, necessário é pontuar que o Brasil ainda não possui um modelo de polícia militar capaz de garantir a ordem pública por meio de patrulhamento e atividades coordenadas, além de preventivo-repressivas inibidoras e neutralizadoras de crimes com a respeitabilidade necessária ao ser humano e executando os mandos do poder de polícia da Administração. Uma vez que aliado aos diversos fatores de deficiência mencionados neste trabalho, conta-se com a falta de compromisso dos governantes em atender realmente a necessidade de segurança da população.
CONCLUSÃO
O poder de polícia passou por varias etapas ao longo dos séculos para então chegar à sua denotação atual, ou seja, a do estado de direito, no qual sejam assegurados os direitos e liberdades dos cidadãos, de maneira que o exercício do poder da polícia não seja mais do que o definido como suficiente à garantia da convivência pacífica da coletividade.
	Com isso, o poder de polícia veio evoluindo ao longo da história e sua execução hoje procura contrabalancear de um lado a garantia de efetiva dos direitos individuais e, por outro, conter a sobreposição do direito individual sobre o coletivo. 
Além disso, a igreja teve importante influência na consolidação do exercício do poder de polícia. Ora aliada ao Estado, na figura de seu governante, ora em divergência com este, uma vez que a busca pelo poder pode gerar muitos conflitos. 
Em geral, o poder de polícia se expressa por meio de atividades que abrangem os poderes Executivo e Legislativo. Ou seja, através de atos normativos, que são as leis, as quais criam limitações ao exercício dos direitos individuais e também por meio de atos concretos ou operações materiais como, por exemplo, os decretos, resoluções, portarias, etc.
Nesse ponto de vista, é essencial acentuar a distinção entre polícia e poder de polícia, uma vez que os dois institutos são objetos de dúvida costumeira. A polícia é uma realidade, algo em ato enquanto o poder de polícia é uma faculdade da Administração, uma potencialidade, algo em potência e legitima, por exemplo, a ação da polícia e a sua própria existência. 
O poder de polícia tem ainda como características a discricionariedade, que é a opção, a escolha entre duas ou mais alternativas válidas perante o direito (e não somente perante a lei), entre várias hipóteses legais e constitucionalmente possíveis ao caso concreto. Essa escolha se faz segundo critérios próprios como oportunidade, conveniência, justiça, equidade, razoabilidade, interesse público, sintetizados no chamado mérito do ato administrativo; a auto-executoriedade, que é o poder de, diretamente, sem necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, valer-se de meios indiretos de coação para o exercício do seu poder de polícia; a coercibilidade, que é a possibilidade de uso da força para combater aqueles que não respeitam as normas estipuladas. Assim, a todas as ações da polícia passam a ter uma denotação negativa, visto que todo ato policial é imperativo e se situa por meio da autoridade.
Nessa perspectiva, o poder policial fundamenta-se na supremacia do interesse público sobre o particular, ou seja, no interesse que o Estado exerce sobre as pessoas, bens e atividades; legitimado pelas normas vigentes, as quais oferecem oposição e restrições ao desejo individual em favor da coletividade, incumbindo ao poder público o seu policiamento. Dessa maneira, é possível atribuir ao poder de polícia a responsabilidade na proteção do interesse público em seu sentido mais amplo, desde os valores materiais ao patrimônio moral e espiritual do povo, expresso na tradição, instituições e anseios da população.
É valido ressaltar que o poder de polícia deve ser mensurado com base nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade que visam que as atitudes públicas sejam executadas de forma equilibrada, portanto, legítima.
Contudo, é necessário ressaltar que para ser legítimo o poder de polícia, além da legalidade, conta com limitações asseguradas na Constituição Federal. Assim, como mecanismo que visa assegurar o exercício das liberdades dentro da legalidade e moralidade, o poder de polícia atuam quanto essas liberdades fogem da situação de ordem necessária à convivência coletiva saudável.
Assim sendo, os direitos individuais são relativos, bem como o poder de polícia, que jamais poderá pôr em perigo bens tutelados ao longo da história como conquistas democráticas. Caso contrario, pode ser considerado abuso de poder.
	
	
REFERÊNCIAS
AMARAL, Luiz Otávio O. Polícia, poder de polícia, forças armadas x bandidos. Teresina: Jus Navegandi, 2002.
ANGERS, St. Laud de. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1975.
BRAZ, Petrônio. Manual de direito administrativo. 2. ed. Leme: Editora de Direito, 2001.
BROCHADO. João Manoel Simch. “Socorro...! Polícia!” Opiniões e reflexões sobre segurança pública. 2. ed. Brasília: Universa, 1997.
CARNEIRO, M. e PEREIRA, C. Terror em São Paulo. VEJA, São Paulo, no. 20, maio de 2006.
CARTA MAIOR. Questão de ordem (O pacto com a morte – a construção de um bandido). Disponível em: www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrarCRETELLA, José Júnior. Curso de direito administrativo. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
DIAS, José Carlos e CARVALHO, Luís Francisco Filho. Quando a polícia julga. São Paulo: Folha de São Paulo/Tendências/Debates. Domingo 11 de fevereiro de 1990.
DI PIETRO, Maria Sílvia Zanella. Direito administrativo. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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