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PROCESSO DE RECICLAGEM DO PVC Manoel Juneo1 Denis Dalton Oliveira1 RESUMO O plástico é um material com uma história interessante, foi descoberto quase que por acaso e revolucionou a indústria no mundo inteiro. Desde seu surgimento até hoje ele vem se tornando cada vez mais importante no dia-a-dia da civilização. Utilizado em diversos produtos que são consumidos diariamente pela população mundial, o plástico representa um marco na produção de qualquer tipo de mercadoria de uso doméstico. Ele se comporta como uma espécie de medidor de tecnologia doméstica. A reciclagem é uma solução bastante eficaz para esse problema, porém é preciso que funcione. Para isso traremos nesse trabalho uma discussão sobre a reciclagem do plástico começando com a descrição do Ciclo da Reciclagem. Para poder entender sobre a reciclagem do plástico é necessário compreender como funciona a “vida” dele enfatizando os aspectos positivos e negativos da sua participação na história da humanidade. Esta pesquisa discute as possibilidades práticas da reciclagem de PVC. Na reciclagem de: polímeros, a do PVC representa uma importante parcela. PVC é um polímero que é usado em uma ampla faixa de produtos: filmes, fios, cabos, em compostos para uma variedade de formas. A reciclagem é uma técnica vantajosa, capaz de reproduzir as propriedades do polímero original, no polímero reciclado e isto em condições razoavelmente econômicas. A tecnologia brasileira, em relação a produtos reciclados, apresenta algumas diferenças da reciclagem tradicional. Métodos alternativos de reciclagens são necessários se os processos não desvalorizam os resultados finais. Palavras-chave: Reciclagem. Reciclagem do PVC. Termoplásticos. 1 Acadêmicos do Curso de Graduação em Engenharia Mecânica da Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE. manoeljuneo@outlook.com, projetistadda@gmail.com PVC RECYCLING PROCESS ABSTRACT Plastic is a material with an interesting history, was discovered almost by chance and revolutionized the industry worldwide. From its inception until today it has become increasingly important in the day-to-day of civilization. Used in various products that are consumed daily by the world population, plastic represents a milestone in the production of any kind of household goods. It behaves like a kind of domestic technology meter. Recycling is a very effective solution to this problem, but it needs to work. For this we will bring in this work a discussion about the recycling of plastic starting with the description of the Recycle Cycle. In order to understand plastic recycling it is necessary to understand how his "life" works by emphasizing the positive and negative aspects of his participation in the history of mankind. This research discusses the practical possibilities of PVC recycling. In the recycling of: polymers, PVC represents an important part. PVC is a polymer that is used in a wide range of products: films, wires, cables, in compounds for a variety of forms. Recycling is an advantageous technique capable of reproducing the properties of the original polymer in the recycled polymer under reasonably economic conditions. Brazilian technology, in relation to recycled products, presents some differences of the traditional recycling. Alternative methods of recycling are needed if the processes do not devalue the final results. Keywords: Recycling. Recycling of PVC. Thermoplastics. 3 1. INTRODUÇÃO O plástico é um material com uma história interessante, foi descoberto quase que por acaso e revolucionou a indústria no mundo inteiro. Desde seu surgimento até hoje ele vem se tornando cada vez mais importante no dia-a-dia da civilização. Utilizado em diversos produtos que são consumidos diariamente pela população mundial, o plástico representa um marco na produção de qualquer tipo de mercadoria de uso doméstico. Ele se comporta como uma espécie de medidor de tecnologia doméstica. A todo o instante todos os anos novos tipos de resinas termoplásticas diferentes são descobertas e inventadas. São resinas mais leves e mais resistentes, umas resistem mais ao frio, outras ao calor. Outras são extremamente resistentes e bastante flexíveis, assim como também existem aquelas não tão flexíveis e as feitas para agüentar altos níveis de pressão. Hoje existem tipos de plásticos mais resistentes e muito mais leves que o aço. Inúmeros tipos de resinas plásticas para diferentes tipos de utilidades contribuem no avanço tecnológico de produtos não só domésticos, como também para o uso industrial. Seja para uso em indústrias, seja para uso nos próprios produtos industrializado o plástico acompanha a produção de novas mercadorias que estarão nos mercados e futuramente nas casas e nos comércios servindo à população. É difícil pensar em um mundo sem resinas termoplásticas, elas estão em toda à parte enraizada na nossa vida cotidiana. Dos objetos mais básicos como garrafas e copos plásticos, até peças de automóveis, passando por todos os tipos de produtos eletroeletrônicos, as resinas plásticas movem uma indústria. Na verdade é complicado dizer que existe uma indústria do plástico, porque ele está entranhado em diversos setores da indústria. Porém há uma grande preocupação em torno das resinas plásticas. Apesar de serem produtos fantásticos e terem uma grande e positiva importância na história da humanidade, os plásticos representam também um grande problema para a civilização. O plástico é responsável por uma grande parcela do lixo produzido no mundo inteiro, e com o crescimento do consumo esse problema só tende a piorar. As resinas termoplásticas são materiais não biodegradáveis, ou seja, não se decompõe com facilidade na natureza, fazendo com que seu descarte, hoje exagerado, 4 provoque aumento na quantidade de lixo estocada. Então além do crescimento do consumo desses materiais o fato de demorarem a se decompor, ou seja, não se transformar em material natural outra vez, só faz aumentar mais o numero já expressivo de lixo acumulado que existe hoje no mundo. Além disso, o plástico é um produto volumoso apesar de leve, ele é de difícil estocagem causando outros problemas que serão abordados nesse trabalho. A reciclagem é uma solução bastante eficaz para esse problema, porém é preciso que funcione. Para isso traremos nesse trabalho uma discussão sobre a reciclagem do plástico começando com a descrição do Ciclo da Reciclagem. Para poder entender sobre a reciclagem do plástico é necessário compreender como funciona a “vida” dele enfatizando os aspectos positivos e negativos da sua participação na história da humanidade. 2. DESENVOLVIMENTO Os polímeros são macromoléculas caracterizadas por seu tamanho, sua estrutura química e interações intra e intermoleculares. Possuem unidades químicas que são unidas por ligações covalentes, que se repetem ao longo da cadeia. Eles podem ser naturais ou sintéticos e são classificados como termoplásticos (plásticos), termofixos, borrachas e fibras (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Os polímeros são considerados os grandes vilões ambientais, pois podem demorar séculos para se degradar e ocupam grande parte do volume dos aterros sanitários, interferindo de forma negativa nos processos de compostagem e de estabilização biológica. Vários aspectos motivam a reciclagem dos resíduos poliméricos contidos nos resíduos sólidos urbanos: a economia de energia, a preservação de fontes esgotáveis de matéria-prima, a redução de custos com disposição final do resíduo, a economia com a recuperação deáreas impactadas pelo mau acondicionamento dos resíduos, o aumento da vida útil dos aterros sanitários, a redução de gastos com a limpeza, com a saúde pública e a geração de emprego e renda (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Alguns exemplos de termoplásticos são o polipropileno (PP), o polietileno (PE), o poliéster (PET), o policloreto de vinila (PVC) e o poliestireno (PS). Estes são moldáveis a quente, possuem baixa densidade, boa aparência, são isolantes térmicos e elétricos, resistem ao impacto, possuem baixo custo e apresentam uma larga faixa de aplicações. Devido a tais 5 propriedades o consumo dos polímeros vem crescendo no Brasil e no mundo (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Em 1998 o consumo de termoplásticos no Brasil era de cerca de 3×106 t, em 2000 foram produzidos cerca de 850 e 660 mil t de PP e de PVC; em 2002 a produção de PET, de polietileno de alta densidade (PEAD) e de PS foi cerca de 350, 800 e 314 mil t, respectivamente (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O PVC é o segundo termoplástico mais consumido em todo o mundo, com uma demanda mundial de resina superior a 35 milhões de toneladas no ano de 2005, sendo a capacidade mundial de produção de resinas de PVC estimada em cerca de 36 milhões de toneladas ao ano. Dessa demanda total, 21% foram consumidos na América do Norte, 20% na China, 18% nos países da Europa Ocidental, 5% no Japão e 2% no Brasil (RODOLFO JÚNIOR, 2002). O emprego de um material plástico numa aplicação específica depende da sua composição, das suas propriedades particulares e da forma do objeto. As resinas sintéticas constituem a maior fonte de plásticos, com os derivados da celulose situando-se em seguida. A grande utilidade dos plásticos pode ser evidenciada pela menção de algumas aplicações típicas nos diversos setores em que estes materiais relativamente modernos estão sendo usados (SHREVE e BRINK JR., 1997). Os plásticos, não somente podem substituir os metais e outros materiais, mas também podem ser usados com eles (SHREVE e BRINK JR., 1997). O PVC é muito versátil. Ele se adequa aos mais variados processos de moldagem, podendo ser injetado, extrudado, calandrado e espalmado. Uma vez que a sua resina é totalmente atóxica e inerte, a escolha de aditivos com essas mesmas características permite a fabricação de filmes, lacres e laminados para embalagens, brinquedos e acessórios médico-hospitalares, tais como mangueiras para sorologia e cateteres. As aplicações diretamente ligadas à Construção Civil (tubos e conexões, perfis e fios e cabos principalmente) somam aproximadamente 62% da demanda total de PVC no Brasil (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Em 1835, o Monômero de Cloreto De Vinila (MVC) foi sintetizado pela primeira vez em laboratório por Justus Von Liebig. Essa descoberta fez-se por meio da reação do dicloroetileno com hidróxido de potássio em solução alcoólica (RODOLFO JÚNIOR, 2002). O policloreto de vinila é obtido pela polimerização do cloreto de vinila. Este monômero é sintetizado a partir do dicloroetileno, que por sua vez é obtido da reação entre o 6 cloro e o etileno. O etileno é derivado da indústria petroquímica, porém o cloro é extraído do cloreto de sódio, NaCl. Logo, o PVC é um polímero derivado 43% do petróleo e 57% de fonte inorgânica. Sua densidade é da ordem de 1,4g/cm³ (SARANTÓPOULOS, 2002). A tecnologia de obtenção de polímeros define três rotas principais de polimerização, sendo elas em cadeia (aplicável a todos os monômeros vinílicos), em etapas (aplicável a diversos plásticos de engenharia) e por abertura de anel (aplicável a alguns tipos de poliamidas). Dentro da rota de polimerização em cadeia, são três os mecanismos possíveis de serem utilizados: via radicais livres, aniônica e catiônica, sendo que essas duas últimas não são utilizadas comercialmente para a polimerização do PVC (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Os dois principais processos de obtenção do PVC são a polimerização em suspensão e a polimerização em emulsão. Ambos usam um processo semi-contínuo, em que os reatores são alimentados com monômero cloreto de vinila (MVC), aditivos e catalisadores. A reação de polimerização ocorre em meio aquoso. As diferenças entre os processos de suspensão e emulsão se manifestam no tamanho e nas características dos grãos dos polímeros obtidos. Após o término da reação, os reatores são esvaziados e a mistura de água e PVC é separada do monômero que não reagiu. O PVC é centrifugado, secado, peneirado e embalado. A água é reciclada ou tratada na unidade de tratamento de efluentes (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Como o MVC tem propriedades tóxicas, é muito importante que ele não seja liberado para a atmosfera nem permaneça no produto. Por esta razão, várias etapas do processo e as características dos equipamentos onde ele ocorre foram concebidas para evitar perdas ambientais e econômicas (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Segundo levantamentos feitos em grandes cidades brasileiras, os principais polímeros encontrados nos resíduos sólidos urbanos são o polietileno de alta e baixa densidade (PEAD e PEBD), o PET, o PVC e o PP. Outros tipos de polímeros encontrados correspondem a apenas 11% do total (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O reaproveitamento de resíduos de material plástico, tanto os provenientes de processo industrial quanto aqueles advindos de produtos descartados pela sociedade (resíduos sólidos urbanos), tem se estabelecido de forma expressiva em três processos básicos que possibilitam a sua reciclagem após prévia triagem (PIVA, NETO e WIEBECK, 1999). A reciclagem de polímeros pode ser classificada em quatro categorias: primária, secundária, terciária e quaternária. A reciclagem primária e a secundária são conhecidas como reciclagem mecânica ou física, o que diferencia uma da outra é que na primária utiliza-se 7 polímero pós-industrial e na secundária, pós-consumo. A reciclagem terciária também é chamada de química e a quaternária de energética (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O processo de reciclagem primária envolve o descarte de aparas de indústrias de transformação e é simples e, normalmente, realizado dentro das próprias instalações da indústria, ou ainda por empresas especializadas prestadoras desse serviço. Normalmente, tais aparas são bastante limpas, isentas de contaminantes de difícil remoção, bastando proceder à sua moagem e eventualmente extrusão para filtragem para se obter um material pronto para novo processamento (RODOLFO JÚNIOR, 2002). A reciclagem secundária envolve o processo de triagem das aparas, lavagem e secagem para eliminação de contaminantes provenientes do resíduo sólido urbano, moagem, extrusão/filtração para retenção de contaminantes sólidos diversos e granulação. A formulação geralmente necessita de correção antes da etapa de extrusão, por meio da incorporação de plastificantes no caso de produtos flexíveis, ou ainda complementação dos teores de estabilizantes térmicos e lubrificantes para garantir estabilidade durante o processamento (RODOLFO JÚNIOR, 2002). A reciclagem terciária é o processo tecnológico de produção de insumos químicos ou combustíveis, a partir de resíduos poliméricos. A quaternária é o processo tecnológico de recuperação de energia de resíduos poliméricos por incineração controlada (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A reciclagem mecânica, considerada primária e secundária, consiste na combinação de um ou mais processos operacionais para aproveitamento do material descartado, transformando-o em material apto para a fabricação de novos produtos (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Esta pode ser viabilizada através do reprocessamento por extrusão, injeção, termoformagem, moldagem por compressão, etc. Para este fim são necessários alguns procedimentosque incluem etapas de separação do resíduo polimérico, moagem, lavagem, secagem, reprocessamento e, finalmente, a transformação do polímero em produto acabado. Existem variações nestas etapas devido à procedência e o tipo de polímero, além das diferenças de investimentos e equipamentos utilizados nas plantas de processamento (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A separação automatizada baseada na diferença de densidade é muito utilizada para o PE, o PP, o PS, o PVC e o PET e é realizada em tanques de flotação ou hidrociclones. Quando dois polímeros apresentam densidades próximas, este procedimento torna-se mais 8 difícil. O material metálico é retirado por separação eletrostática. Depois da separação, os resíduos poliméricos devem ser moídos em moinhos de facas rotativas e peneirados na forma aproximada de pellets antes do reprocessamento. Isto permite acomodar melhor o material no equipamento de processamento, como a extrusora ou a injetora. O polímero depois de moído é lavado normalmente em tanques contendo água ou solução de detergente aquecido (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O processo de extrusão consiste basicamente em forçar a passagem do material por dentro de um cilindro aquecido de maneira controlada, por meio da ação bombeadora de uma ou duas roscas sem fim, que promovem o cisalhamento e homogeneização do material, bem como sua plastificação. Na saída do cilindro, o material é comprimido contra uma matriz de perfil desejado, o que dá formato ao produto. Em seguida, esse produto pode ser calibrado, resfriado, cortado ou enrolado (RODOLFO JÚNIOR, 2002). A reciclagem química, considerada terciária, consiste em processos tecnológicos de conversão do resíduo de PVC em matérias-primas petroquímicas básicas (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Ela ocorre através de processos de despolimerização por solvólise (hidrólise, alcoólise, amilose), ou por métodos térmicos (pirólise à baixa e alta temperaturas, gaseificação, hidrogenação) ou ainda métodos térmicos/catalíticos (pirólise e a utilização de catalisadores seletivos)(MANCINI e ZANIN, 2002). A hidrólise conduz à recuperação dos monômeros de partida através de uma reação com excesso de água, à alta temperatura, na presença de um catalisador. Na alcoólise ou especificamente na metanólise, o material é tratado com excesso de metanol. A glicólise ocorre quando o polímero é tratado com excesso de glicol, através de uma reação de transesterificação(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A pirólise, à baixa temperatura, é a degradação térmica na ausência de ar ou deficiência de oxigênio. Neste caso ocorre principalmente a despolimerização e formação de pequena quantidade de compostos aromáticos e gases leves, obtendo-se líquidos de alta temperatura de ebulição. Na pirólise, à alta temperatura, ocorre a decomposição térmica na ausência de ar ou deficiência de oxigênio, obtendo-se óleos e gases que, posteriormente, serão purificados por métodos petroquímicos padrões(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A gaseificação é um processo onde é inserido oxigênio insuficiente para que ocorra a combustão completa, ocorrendo simultaneamente a pirólise e a combustão no interior do leito. E por fim, na hidrogenação a quebra das cadeias poliméricas é inicialmente feita 9 termicamente, resultando em radicais livres altamente reativos, os quais são posteriormente saturados com hidrogênio, obtendo-se hidrocarbonetos leves (metano, etano, propano) e mistura de hidrocarbonetos na faixa de gasolina e diesel(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A reciclagem energética, considerada quaternária, consiste na compactação dos resíduos e, subsequente incineração, convertendo a energia química contida nos mesmos em energia calorífica ou eletricidade. Os gases gerados nesse processo são tratados para reduzir o impacto sobre a atmosfera, enquanto as cinzas resultantes do processo de incineração são dispostas em aterros(RODOLFO JÚNIOR, 2002). O conteúdo de energia dos polímeros é alto e muito maior que de outros materiais. O valor calórico de 1 kg de resíduo polimérico é comparável ao de 1 L de óleo combustível e maior que o do carvão. Os resíduos poliméricos contidos no resíduo sólido urbano contribuem com 30% deste valor calórico, permitindo a produção de eletricidade, vapor ou calor(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Em 1996 foi estimado que a reciclagem de polímeros no Brasil crescia em média 15% ao ano desde o início da década. Em 2000, a Plastivida (marca registrada de propriedade da ABIQUIM, Associação Brasileira da Indústria Química) estimou um índice médio de reciclagem em torno de 17,5%. As pesquisas mostraram as taxas de reciclagem de polímeros na Grande São Paulo, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul que apresentou a maior taxa, de 27,6%8 (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O Engenheiro Químico é um dos poucos profissionais capazes de diminuir o impacto ambiental de muitas indústrias, não só tratando os resíduos nas indústrias, mas também projetando processos e otimizando a produção (UFRGS, 2010). O presente trabalho irá descrever o processo de reciclagem de polímeros – com enfoque no PVC -, evidenciando as características e propriedades destes materiais e o papel do engenheiro químico diante das diversas etapas de tal processo. 3. MATERIAIS E MÉTODOS A separação do resíduo polimérico pode ser feita de forma manual ou automatizada. O engenheiro químico é responsável por promover a utilização de testes simples, como o de odor dos vapores de queima, aparência da chama, temperatura de fusão e solubilidade, e, após 10 a separação, limitar as impurezas a níveis inferiores a 1% m/m, posto que a presença de macrocontaminantes, mesmo em concentrações pequenas pode alterar as propriedades do polímero (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Após a separação, é necessário controlar a moagem do material. O PVC deve conter dimensões uniformes para que a fusão também ocorra uniformemente. A presença de pó proveniente da moagem é inconveniente, pois este funde antes e atrapalha o escoamento do material nos equipamentos de processo (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Depois de moído, o polímero é lavado. Nessa etapa, o engenheiro químico controla a preparação da solução detergente de remoção dos resíduos e o reaproveitamento da água de lavagem no processo. Posteriormente, o material é secado por processo mecânico e/ou térmico. Após a secagem o PVC é formulado, e realiza-se o controle de qualidade do produto (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). No caso do processamento por extrusão é importante a utilização de um desenho específico de rosca. A rosca com barreiras promove uma plastificação do polímero reciclado de forma mais eficiente que as roscas convencionais, reduzindo assim, a degradação dos polímeros durante o reprocessamento (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Durante os processos de reciclagem é necessário ter um controle da produção dos novos produtos. Para tanto diversas ferramentas são usadas. Uma delas é a determinação, por cálculo, do que deve ser produzido em relação à demanda do mercado. Inicialmente, é calculada a capacidade produtiva de cada máquina recicladora, depois, durante quantas horas anuais cada máquina produz e, por fim, a quantidade de máquinas. Segundo o Instituto do PVC (2009), ao analisar as amostras em determinadas horas, tem-se que uma máquina produz apenas 85% de sua capacidade em uma hora. Os 15% restantes são notados na parte do processo onde há perda do material e geração de lixo, que muitas vezes, não vem totalmente separado. A necessidade de matéria prima é diretamente proporcional à quantidade de extrusoras e à capacidade produtiva de cada uma delas. Sabendo-se que 15% da produção é perdida, o engenheiro químicodeve analisar qual fator leva à essa perda e propor medidas que aumentem o rendimento da recicladora. Se 100% da capacidade produtiva da máquina fosse aproveitada, o ponto máximo do gráfico seria maior, demonstrando que o reprocessamento do PVC ocorreria mais rápido. 11 A reciclagem química (terciária) pode ocorrer por solvólise ou por métodos térmicos. Um desses métodos é a pirólise, que consiste na queima do polímero e liberação de ácido clorídrico. Quando o ácido clorídrico é liberado na forma de gás, ao colocar um papel de tornassol sobre a saída desse gás, é possível encontrar o potencial hidrogeniônico do PVC. O policloreto de vinila também pode ser transformado em uma solução aquosa e, consequentemente, ocorrer a medição do seu pH. A presença do íon cloreto, proveniente da ionização do ácido clorídrico em meio aquoso, pode ser confirmada pelo borbulhamento do produto da decomposição em uma solução de nitrato de prata (0,1 mol/L) (Equação II) ou de nitrato de chumbo (Equação III), formando um precipitado branco (AgCl ou PbCl2), respectivamente (MARCONATO e FRANCHETTI, 2001). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO As respostas obtidas pelo instrumento enfatizaram os seguintes pontos: O resíduo sólido urbano pode ser uma fonte confiável e constante para a reciclagem de plástico, se bem gerenciado; A ausência da coleta seletiva e seu completo abandono; a dificuldade na triagem e descontaminação dos resíduos plásticos; Os altos impostos para uma operação de reciclagem, tais como I.C.M. e I.P.I., além de sobretaxados; A oscilação de preço no mercado; A exigência de espaço físico para se trabalhar com resíduo sólido urbano; A dificuldade de tratamento da água resultante da lavagem do resíduo sólido urbano; A dificuldade de se efetuar a reciclagem com qualidade e constância; A difícil classificação do grão plástico obtido; A geração de gastos extras ao processo devido à separação, seleção e classificação dos resíduos plásticos. Os itens mais importantes observados foram: 12 A procedência do material a ser reciclado consiste em 40% de resíduo industrial e 60% de resíduo pós-consumo; os resíduos de pósconsumo, descartados no lixo, são resíduos captados em sucateiros e podem estar misturados a outras resinas ou contaminados com materiais orgânicos. Os resíduos pós-consumo são adquiridos por preço irrisório; A dificuldade de obtenção de resíduo de PVC limpo, sem contaminação ou resíduo industrial; para as recicladoras, a utilização deste resíduo, ao invés daquele captado em sucateiros, tem como vantagem a constância na formulação, quantidade e a não contaminação com os mais diversos materiais como No caso da reciclagem de PVC, foi constatado que, para compensar as perdas de propriedades do material reciclado, muitas vezes são acrescentados aditivos que encarecem o produto final, inviabilizando, na maioria das vezes, este procedimento. Esta nova incorporação de aditivos (concentrados de cor, plastificantes, estabilizantes térmicos e lubrificantes externos) é prática comum desses recicladores; a porcentagem adicionada de cada um deles depende do processo ou do resíduo. O PVC é um material muito abrasivo e agressivo à vida útil dos equipamentos que o processam. Também foi questionado o motivo de ser o resíduo plástico, entre os materiais recicláveis, o único a pagar IPI. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A reciclagem do PVC é uma importante ferramenta para minimização de impactos causados pelo descarte de materiais, sem tratamento, ao meio ambiente. O engenheiro mecânico pode atuar promovendo a otimização dos processos, através do controle qualitativo e quantitativo das etapas de produção e reprocessamento do PVC. Dentre os métodos de reciclagem do PVC, o mecânico é o mais acessível, pois tem um baixo custo de mão de obra e uma maior facilidade de adaptação dentro de uma empresa. As reciclagens química e energética são pouco utilizadas no Brasil. Com a crescente produção industrial e preocupação sócio-econômica, o mercado de trabalho precisa cada vez mais da atuação de engenheiros químicos. É necessário o controle e manutenção dos processos de produção que sustentam o mercado consumidor e permitem o desenvolvimento da sociedade. 13 6. CONCLUSÃO As mudanças no fluxograma convencional de reprocesso do resíduo, de forma a baratear o custo da operação, não comprometem o desempenho do produto, no entanto, exigem mais cuidados na manipulação dos resíduos e na escolha da fonte. Os fatores que tornariam a reciclagem economicamente viável referem-se à obtenção de melhores informações técnicas e à diminuição das dificuldades do aparelhamento administrativo governamental, sobretudo uma avaliação de viabilidade econômica da reciclagem sob um ponto de vista macro, estimulando esta atividade potencial para a promoção de desenvolvimento em termos de geração de renda, emprego e equilíbrio ambiental, economicamente e socialmente sustentável, com a vantagem de se estar economizando energia, água, matéria-prima e reduzindo a polui- ção ambiental e os problemas de saúde pública decorrentes. Sem o devido incentivo a recuperação do material plástico dos resíduos sólidos urbanos deixa de ter interesse como um negócio, pois além de causar problemas de contaminação ambiental e gerar efluentes líquidos com alto teor de poluentes, não existem equipamentos modernos que propiciem uma maior lucratividade, seja pela falta de tecnologia nacional, seja pela falta de subsídio governamental como a criação de linhas de crédito específicas para a indústria de reciclagem ou incentivos fiscais ou ainda pelas dificuldades apresentadas durante o reprocessamento do material, que muitas vezes, exige a incorporação de aditivos, encarecendo o produto final. 14 REFERÊNCIAS INSTITUTO DO PVC. Disponível em: <http://www.institutodopvc.org/reciclagem/200.htm>. Acesso em: 20 de novembro de 2016. MANCINI, S. D., ZANIN, Maria. Influência de Meios Reacionais na Hidrólise de PET Pós-Consumo. Polímeros: Ciência e Tecnologia. São Carlos-SP: v.12, n.1, p.34 - 40, 2002. MARCONATO, José Carlos; FRANCHETTI, Sandra Mara. Decomposição térmica do PVC e Detecção do HCl utilizando um indicador Ácido-base Natural. Nº 14, novembro de 2001. RODOLFO JÚNIOR, Antonio et. al. Tecnologia do PVC. 2. ed. São Paulo: Pro editores/Braskem. 2006. 448p. SARANTÓPOULOS, Claire I. G. L. et. al. Embalagens Plásticas Flexíveis: principais polímeros e avaliação de propriedades. Campinas: CETEA/ITAL. 2002. 267p. SHREVE, R. Norris; BRINK Jr. Indústrias de processos químicos. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara.1997.720p.
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