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constitucional I

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principios jurisdicionais 
PRINCÍPIO DA INVESTIDURA
O Estado, como pessoa jurídica de direito público, necessita de pessoas físicas para o exercício da função jurisdicional. Para que essas pessoas possam exercer a jurisdição, é preciso que estejam regularmente investidas no cargo de juiz e em pleno exercício, de acordo com o que prescreve a lei.
A pessoa não investida na autoridade de juiz não poderá desfrutar do poder de julgar. Conseqüentemente, estará impossibilitada de validamente desempenhar a função jurisdicional, sob pena de, se assim o fizer, serem declarados nulos o processo e a sentença, sem prejuízo de o pseudojuiz responder criminalmente pelo delito de usurpação de função pública, previsto no artigo 328 do Código Penal.
Apenas ao juiz, em pleno exercício, investido regularmente no cargo, segundo os ditames legais, caberá o exercício da função jurisdicional.
Cintra, Grinover e Dinamarco salientam que o juiz que já se aposentou não é mais juiz, razão pela qual não pode exercer a jurisdição, devendo passar os autos ao sucessor, consoante prescreve textualmente o artigo 132 do Código de Processo Civil. 
PRINCÍPIO DA INDELEGABILIDADE
Leciona Mirabete [16] que o princípio da indelegabilidade decorre do princípio da indeclinabilidade, anteriormente estudado. De fato, não pode o juiz delegar sua jurisdição a outro órgão, pois, se assim o fizesse, violaria, pela via oblíqua, o princípio da inafastabilidade e a garantia constitucionalmente assegurada do juiz natural ("ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente" - artigo 5°, inciso LIII, CF/88).
Cintra, Grinover e Dinamarco afirmam que "o princípio da indelegabilidade é, em primeiro lugar, expresso através do princípio constitucional segundo o qual é vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuições". [17] Continuam os insignes doutrinadores esclarecendo que "a Constituição Federal fixa o conteúdo das atribuições do Poder Judiciário e não pode a lei, nem pode muito menos alguma deliberação dos próprios membros deste, alterar a distribuição feita naquele nível jurídico-positivo superior". [18]
É importante notar, entretanto, que o princípio da indelegabilidade não é absoluto, pois admite exceções. O artigo 102, I, m, da CF/88, e os artigos 201 e 492 do Código de Processo Civil admitem que haja delegação nos casos de execução forçada pelo STF e também nas chamadas cartas de ordem (artigo 9°, §1°, da Lei n° 8.038/90 e regimentos internos do STF, STJ, TRFs e TJs).
Mirabete [19] e Frederico Marques [20] entendem que as cartas precatórias (arts. 222, 353, 174, IV, 177 e 230, do CPP) e as rogatórias (arts. 368, 369, 780 e seguintes, do CPP) constituem-se em outras exceções, legal e taxativamente previstas, ao princípio da indeclinabilidade. A contrario sensu, Cintra, Grinover, Dinamarco [21] e Tourinho Filho [22] afirmam que não se pode cogitar em delegação quanto à prática dos atos processuais inerentes às sobreditas cartas, tendo em vista que o juiz não pode delegar um poder que ele mesmo não tem, por ser incompetente.
Salientam os citados autores que é justamente esta a situação que ocorre nas cartas precatórias ou rogatórias, pois o juiz não tem poderes para exercer a atividade jurisdicional fora dos limites de sua comarca. O que ocorre, então, nestes casos, é mera cooperação entre o juiz deprecante e o deprecado, onde aquele, impedido que está de praticar atos processuais fora de sua comarca, por força da limitação territorial de poderes, solicita a este que pratique os atos necessários, exercendo, destarte, sua própria competência nos limites da comarca onde atua.
PRINCÍPIO DA IMPRORROGABILIDADE
Igualmente conhecido como princípio da aderência ao território, o princípio da improrrogabilidade veda ao juiz o exercício da função jurisdicional fora dos limites delineados pela lei. Sob este prisma, não poderá o crime de competência de um juiz ser julgado por outro, mesmo que haja anuência expressa das partes.
Tourinho Filho, ensinando sobre a impossibilidade de um juiz invadir a jurisdição de outro, esclarece que "não é lícito, mesmo mediante acordo dos interessados, submeter uma causa à apreciação de autoridade que não tenha, para isto, jurisdição e competência próprias". [23]
O princípio da improrrogabilidade admite exceções. Acerca do assunto, Mirabete, para o qual tal princípio decorre do da indeclinabilidade, [24] esclarece que, por vezes, é possível que haja prorrogação de competência, como nos casos de conexão ou continência (arts. 76, 77 e 79, CPP), na hipótese prevista no art. 74, §2, in fine, do CPP, na circunstância quando é oposta e admitida a exceção da verdade (art. 85, CPP) e no caso de desaforamento (art. 424, CPP).
INEVITABILIDADE
Este princípio traduz-se na imposição da autoridade estatal por si mesma por meio da decisão judicial. Quando provocado o exercício jurisdicional, as partes sujeitam-se a ela mesmo contra a sua vontade, sendo vedado à autoridade pronunciar o non liquet em seu oficio jurisdicional. O Estado deve decidir a questão, não se eximindo de sentenciar “alegando lacuna ou obscuridade da lei”
Espécies de jurisdição
Há uma divisão interna da jurisdição, feita de forma meramente pedagógica, que não retira a unicidade da jurisdição. Podendo dividi-la em contenciosa e voluntária.
A jurisdição contenciosa:
Objetiva a resolver litígios;
Existe uma lide para ser sanada;
Os participantes do processo são partes;
As decisões fazem coisas julgadas material (sobre o direito) e formal (sobre o processo);
O juiz deve limitar-se as direções estabelecida pela lei;
É composto através de um processo;
Vigora o princípio do dispositivo[2].
Já na jurisdição voluntária:
Vigora o princípio inquisitivo[3];
É composta de procedimentos;
O juiz utiliza a equidade;
Faz coisa julgada somente formal[4];
Os participantes do processo são interessados;
Objetiva uma homologação Estatal para negócios jurídicos.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL
Métodos:
Interpretar a lei consiste em determinar o seu significado e fixar o seu alcance.
1) Método gramatical: como as leis se expressam por meio de palavras, o intérprete de analisá-las, tanto individualmente como na sua sintaxe.
2) Método lógico sistemático: exame em suas relações com as demais normas que compõem o ordenamento e à luz dos princípios gerais que o informam.
3) Método histórico: análise das vicissitudes sociais de que resultou e das aspirações a que correspondeu.
4) Método comparativo: os ordenamentos jurídicos, além de enfrentarem problemas idênticos ou análogos, avizinham-se e se influenciam mutuamente.
Espécies:
Conforme o resultado dessa atividade, a interpretação será:
1) Declarativa: a interpretação que atribui à lei o exato sentido proveniente do significado das palavras que a expressam.
2) Extensiva: considera a lei aplicável a casos que não estão abrangidos pelo seu teor literal.
3) Restritiva: a interpretação que limita o âmbito de aplicação da lei a um círculo mais estrito de casos do que o indicado pelas suas palavras.
4) Ab-rogante: a interpretação que, diante de uma incompatibilidade absoluta e irredutível entre dois preceitos legais ou entre um dispositivo de lei e um princípio geral do ordenamento jurídico, conclui pela inaplicabilidade da lei interpretada.
Interpretação e Integração
Lacunas da Lei:
Considerando como ordenamento jurídico, o direito não apresenta lacunas: sempre haverá no ordenamento jurídico, ainda que latente e inexpressiva, uma regra para disciplinar cada possível situação ou conflito entre pessoas. O mesmo não acontece com a lei, por mais imaginativo e previdente que fosse o legislador, jamais conseguiria cobrir através dela todas as situações que a multifária riqueza da vida social, nas suas constantes mutações, poderá provocar.
Integração:
Mas, evidentemente, não se pode tolerar a permanência de situações não definidas perante o direito, tornando-os então necessário preencher a lacuna
da lei. À atividade através da qual se preenchem as lacunas verificadas na lei, mediante a pesquisa e formulação da regra jurídica pertinente à situação concreta não prevista pelo legislador, dá-se o nome de integração.
A Analogia e os Princípios Gerais do Direito:
O preenchimento das lacunas da lei faz-se através da analogia e dos princípios gerais do direito. Consiste a analogia em resolver um caso não previsto em lei, mediante a utilização de regra jurídica relativa a hipótese semelhante. Quando ainda a analogia não permite a solução do problema, deve-se recorrer aos princípios gerais do direito, que compreendem não apenas os princípios decorrentes do próprio ordenamento jurídico, como ainda aqueles que o informam e lhe são anteriores e transcendentes.
3. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
O direito processual civil nasce das fontes formais responsáveis por sua elaboração, que podem ser imediatas (leis, costumes, negócios jurídicos e princípios), ou mediatas (doutrina e jurisprudência). Podem ainda ser abstratas, quando analisadas de forma genérica; ou concretas, quando as fontes abstratas passam a ser vistas de forma particular e com efetiva atuação em nosso ordenamento. A principal fonte formal é a lei em sentido amplo, abrangendo a Constituição e as leis em geral, sobre a qual não há divergência doutrinária.
Segundo Kelsen (2013, p. 133-134), “Os graus mais próximos à Constituição são as normas gerais produzidas no processo legislativo, cuja função consiste não só em determinar os órgãos e o processo do conteúdo das normas individuais, comumente ditadas pelos tribunais e pelas autoridades administrativas, mas também, e principalmente, o conteúdo das mesmas”.
3.1 LEI PROCESSUAL
 A lei processual segue as disposições comuns do Decreto-Lei 4.657/42 – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e se aplica ao processo em andamento, no momento da prática do ato formal, não se falando em retroatividade para alcançar atos já praticados, respeitando, contudo, os efeitos desses atos.
A aplicação da lei processual está ligada ao território em que é exercida a jurisdição, em decorrência da soberania do Estado, não sendo admitida a aplicação da legislação estrangeira para regular a prática de atos processuais (CPC, art. 1º). Trata-se do princípio da territorialidade.
No entanto, tratando-se de fatos ocorridos em país estrangeiro, sua legislação em matéria de produção e ônus das provas poderá ser admitida em demandas ajuizadas no Brasil quando se tratar de provas que a lei brasileira conheça (LINDB, art. 13).
3.2 COSTUMES
 Os costumes são normas não estabelecidas pelo Poder Público, mas aceitas como obrigatórias pela consciência do povo, que reitera certos atos de forma comum e permanente. Esses costumes podem ser considerados tanto fonte de direito quanto meio de integração da lei (CPC, art. 126) e são classificados em três espécies: secundum legem, praeter legem e contra legem.
Costume secundum legem é o que recebe da própria lei a delegação para solução do caso concreto.
O praeter legem amplia o preceito da lei para admitir uma conduta paralela, não prevista na lei, mas não proibida. É, portanto, de caráter supletivo.
Já o contra legem é praticado em confronto com as normas do sistema jurídico, com a certeza da inefetividade da lei. Não é admitido no ordenamento jurídico brasileiro que consagra o princípio da legalidade, mas pode servir de apelo ao legislador para positivar o costume, elaborando ou alterando as leis, ou ao executivo para normatizar ou regular por outros atos.
Theodoro Júnior (op. cit., p. 20) explica: “E o que é mais importante é o trabalho de ir promovendo a criação de novas concepções que inspiram remodelação das normas jurídicas expressas, a par de consolidar os costumes judiciais que são, na prática, produto da jurisprudência assentada”.
No mesmo sentido, Silvio de Salvo Venosa (www.silviovenosa.com.br/_libs/dwns/15.pdf) esclarece: “Pode-se concluir que é a consciência da obrigatoriedade que dá força ao costume. Quando esse uso reiterado e consciente é aceito pelos tribunais, estará o costume solidificado como fonte do Direito. O costume nasce de sua própria eficácia. Na repetição da prática é que se percebe o aspecto material do costume, seu elemento externo objetivo, ao lado do qual se coloca a consciência da sua obrigatoriedade”.
Portanto, se no caso há espaço para o costume não se fala em lacuna normativa, pois que costume é norma.
3.3 NEGÓCIOS JURÍDICOS
Os negócios jurídicos entre as partes podem ser fontes do direito processual, como nos casos de eleição de foro, distribuição do ônus da prova, suspensão convencional do processo. No entanto, parte da doutrina é tendente a negá-los como fontes (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, op. cit., p. 116).
3.4 PRINCÍPIOS
Princípios são espécies de norma, portanto, criam direito, sendo atualmente reconhecidos como fontes do direito e não mais como meros meios integrativos da lei, pois, se há norma (princípio), não há lacuna; tanto é que a parte pode formular pedido e o juiz decidir com base em princípio.
3.5 JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência é constituída de decisões reiteradas, constantes e similares do Poder Judiciário sobre determinada matéria num determinado sentido. É fonte e ao mesmo tempo modo de interpretação do direito; portanto, a jurisprudência tem força normativa na atual fase do pensamento jurídico.
Mesmo no positivismo de Kelsen, o Mestre de Viena já falava que “num sentido mais amplo, porém, “fonte do direito” significa toda e qualquer norma jurídica, não apenas a geral, mas também a individual, enquanto dela flui, assim como do direito objetivo, o direito em sentido subjetivo, isto é, um dever jurídico ou uma autorização. Assim, uma sentença judicial constitui fonte para a obrigação especial de um indivíduo e a autorização correspondente de outro (op. cit., p. 135)”. 
3.6 DOUTRINA
Para a corrente formalista, até a década de 60, doutrina era o direito científico, elaborado por doutrinador (doutor em direito). Já para a corrente informal, não há necessidade de ser doutor para elaborar a pesquisa científica e defender uma determinada tese ou discorrer sobre determinada matéria, expondo suas conclusões de forma coerente e com conteúdo científico. A doutrina é também fonte e modo de interpretar o direito.

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