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APOSTILA GEOLOGIA

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APOSTILA 2006.pdf
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
GEOLOGIA
COLETÂNEA DE TEXTOS E EXERCÍCIOS
GEÓL. EDUARDO S. SCANGARELLI
2006
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL – CURSO DE ENG. CIVIL – GEOLOGIA 
 
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SUMÁRIO 
 
Apresentação 1 
1. A Terra e os Processos Geológicos 2 
2. Minerais e Rochas 6 
3. Intemperismo e Formação dos Solos 20 
4. Movimentos Superficiais da Crosta 25 
5. Nomenclatura Estratigráfica 32 
6. Águas Subterrâneas 35 
7. Prospecção Geotécnica do Subsolo 45 
8. Geologia e Mineração em Santa Catarina 55 
9. Elaboração de Cartas Geotécnicas 64 
10. Investigações Geológicas em Obras Especiais de Engenharia 66 
11. Túneis 72 
12. Estudos Geotécnicos para Construção de Barragens de Concreto 75 
13. A Geologia de Engenharia e o Meio Ambiente 78 
14. Bibliografia 81 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL – CURSO DE ENG. CIVIL – GEOLOGIA 
 
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Apresentação 
 
Este trabalho procura servir de indicativo de estudo, através de uma coletânea 
de textos, para os acadêmicos do Curso de Engenharia Civil, na disciplina de 
Geologia. 
Trata-se de uma seleção de diversos autores, notas de aula e experiências de 
campo resumidos em treze capítulos que cumprem o cronograma previsto de 60 
horas/aula, buscando inserir em uma primeira parte os conhecimentos ditos de 
geologia geral e em outra, informações de geologia de engenharia, a um nível 
introdutório, e que sirvam de suporte às disciplinas da área correlata de outros 
semestres. 
Como forma de concretizar o aprendizado são apresentados exercícios 
complementares às informações textuais, procurando sempre que possível relacioná-
los ao cotidiano da Engenharia. 
A bibliografia utilizada para esta coletânea deve ser necessariamente 
consultada em seu todo, visto que, aqui muitas vezes as matérias coligidas, são 
apresentadas de forma sintetizada, bem como a complementação ao estudo deve 
estar voltada ao acompanhamento em sala de aula da solução dos problemas e 
exercícios apresentados. 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis, março de 2006 
 
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL – CURSO DE ENG. CIVIL – GEOLOGIA 
 
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 A TERRA E OS PROCESSOS GEOLÓGICOS 
 
O Interior da Terra 
Os fenômenos estruturais do interior da crosta 
relacionam-se intimamente com as condições 
reinantes nas maiores profundidades subcrustais. 
Entretanto, até hoje, todas as informações a respeito 
da natureza das camadas mais internas da Terra, e 
mesmo da crosta, baseiam-se em dados indiretos, 
visto que as maiores perfurações não vão além de 
seis a sete quilômetros. 
A interpretação dos dados sísmicos constitui a 
maneira principal de investigação da estrutura das 
partes mais profundas, não sujeitas à observação 
direta. Baseia-se no estudo das trajetórias e 
velocidades de propagação de vibrações elásticas 
dentro da Terra, principalmente das ondas sísmicas 
produzidas pelos terremotos. O estudo da distribuição 
das velocidades das ondas sísmicas em relação à 
profundidade evidenciou a existência de três 
superfícies ou descontinuidades, nas quais as ondas 
mostram um súbito aumento de velocidade. A primeira 
delas, denominada descontinuidade de Mohorovicic 
(Moho, ou M), ocorre a várias profundidades, de 
acordo com o local: nos continentes, em geral, entre 
trinta e quarenta quilômetros; nos oceanos, mais 
próxima à superfície, a dez ou doze quilômetros a 
partir do nível do mar. 
Essa descontinuidade é marcada por um aumento 
abrupto na velocidade das ondas longitudinais (P) de 
6,3 a 7,8 km/s, e das ondas transversais (S) de 3,7 
para 4,4 km/s. Atualmente, acredita-se que o Moho 
represente o limite inferior da crosta c tenha estruturas 
internas também variáveis, de acordo com o local. A 
segunda descontinuidade sísmica ocorre a 2 900 
metros abaixo da superfície da Terra (descontinuidade 
de Guttemberg). 
Aí, a velocidade das ondas longitudinais decresce, 
subitamente, de 13,6 para 8,1 km/s. Tal 
descontinuidade corresponde também ao limite de 
propagação das ondas transversais, que não 
penetram em regiões mais profundas. A camada do 
globo terrestre situada entre o Moho e a 
descontinuidade de 2900 km, é denominada manto. 
Uma terceira descontinuidade sísmica foi encontrada a 
profundidades de 3 980 a 5120 km. Não é tão distinta 
e pode representar uma zona de aproximadamente 
150 km de espessura, na qual a velocidade de 
propagação das ondas longitudinais diminui de 10,4 
para 9,5 km/s. Corresponde ao limite interno do núcleo 
externo, de 2 200 km de espessura. Finalmente, o 
núcleo interno, da profundidade de 5 120 km até o 
centro, caracteriza-se por um aumento da velocidade 
das ondas longitudinais. Entre a descontinuidade de 
Mohorovicic e o centro da Terra, todas as mudanças 
nas propriedades dos materiais revelados pelas ondas 
sísmicas foram observadas na vertical, ao longo do 
raio terrestre. Não há dados seguros sobre variações 
laterais. 
As informações derivadas do estudo das ondas 
superficiais revelam diferenças da Terra como um 
todo, possui densidade média de 5,5 — o que indica 
ser o interior mais denso que a parte externa. Isso se 
confirma pelos dados sismológicos. A velocidade de 
propagação das ondas de choque depende das 
propriedades elásticas e da densidade das rochas 
atravessadas. 
Enquanto a crosta continental é constituída de rochas 
de composição granítica, ricas em sílica e alumina 
(SIAL), na crosta oceânica há predominância de 
material de composição basáltica, rico em sílica e 
magnésio (SIMA). A petrografia da crosta oceânica é 
muito pouco conhecida, porém a análise das rochas 
dragadas dos fundos oceânicos, coletadas em ilhas, 
indica natureza básica, constando de basaltos, olivina-
basaltos, gabros, serpentinitos e peridotitos. Os 
basaltos oceânicos mostram-se, também, muito 
uniformes em sua composição, Todas as conclusões 
sobre a composição do manto na parte mais externa 
indicam-lhe constituição periodotítica, pois as rochas 
encontradas em intrusões de origem profunda são 
dessa natureza. 
Acredita-se, geralmente, que a parte externa do 
núcleo é fluida porque as ondas S não se propagam 
através dele, supondo-se para essa região a 
composição de ferro em estado de fusão. Ferro e 
óxidos são as únicas substâncias comuns mais 
densas que silicatos. A composição e o estado físico 
do núcleo interno são ainda mais duvidosos. 
O território brasileiro situa-se inteiramente no interior 
de uma das grandes placas litosféricas, a Sul-
Americana, quase totalmente afastado de sua borda 
de colisão com a Placa de Nazca, do Oceano Pacífico. 
Apenas o Acre se aproxima dessa região e alguns 
sismos de grande profundidade, 300 km já foram 
registrados sob ele, relacionados à subducção da 
placa. Essa é a razão de ser baixa sua sismicidade e 
de não possuir vulcões ativos. O vulcanismo intenso, 
que se manifestou entre o Jurássico Superior e o 
Terciário Inferior, resultou do rompimento do 
Gondwana e conseqüente abertura do Oceano 
Atlântico. As ilhas oceânicas do Brasil originaram-se 
de vulcões relacionados com zonas de fratura na parte 
oceânica da Placa Sul-Americana. 
 
Processos Externos 
A hidrosfera é uma camada descontínua de água que, 
nos estados líquido e sólido, recobre a superfície da 
crosta em bacias e cadeias oceânicas, plataformas e 
taludes continentais, constitui geleiras continentais e 
de montanhas, além de lagos, rios e preenche fendas 
e poros dos solos e das rochas 
A Terra acha-se envolvida por uma camada contínua 
de gases e vapor de água, a atmosfera, que tem 95% 
de sua massa na troposfera, situada
até 9 km de 
altitude nos pólos e 18 km no equador. Quando seca, 
a atmosfera é constituída de 99,9% de nitrogênio e 
oxigênio, e algum argônio, o restante sendo 
representado por hidrogênio, ozônio, poeiras naturais 
e gases originados da ação industrial. Acima da 
troposfera acham-se a estratosfera e as camadas 
mais altas, mas é na troposfera que se realizam os 
processos atmosféricos mais importantes para a 
dinâmica externa. De maior importância para a ação 
da atmosfera são o vapor d'água que ela contém e a 
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distribuição do calor que recebe do Sol, determinando 
os climas. 
 
 
 
 
Figura 1.1 - Variação da velocidade das ondas sísmicas, da densidade e da gravidade de acordo com a profundidade 
das camadas da Terra. 
 
A biosfera é a parte da Terra onde se desenvolve a 
vida. Compreende os cerca de 5 km inferiores da 
troposfera, a hidrosfera até grandes profundidades 
oceânicas e uma delgada camada superficial da 
crosta. Ela é o palco dos processos de dinâmica 
externa. 
As rochas expostas às ações combinadas dos 
componentes químicos da atmosfera, às 
modificações mecânicas causadas pelas variações 
de temperatura, à atuação química e mecânica 
exercida pelos organismos têm seus componentes 
desintegrados e/ou decompostos, segundo o 
fenômeno denominado intemperismo. Devido ao 
intemperismo, a rocha se desfaz em partículas de 
minerais e fragmentos de rochas, perde substâncias 
solúveis e produz outros materiais in situ. Os 
diversos produtos de intemperismo recobrem as 
rochas e constituem o que é denominado manto de 
intemperismo, ou regolito ou, ainda, solo. 
O desgaste das rochas - acompanhado pelo 
transporte mecânico e químico dos seus produtos - 
pelos rios, chuvas, gelo, mar e vento é chamado 
erosão. O intemperismo não é, a rigor, um processo 
de erosão, mas prepara a rocha para ser erodida. 
A ação dos cursos d'água superficiais, combinada 
com o escoamento originado pelas chuvas, constitui 
o mais importante agente de erosão. Representa o 
principal fator de denudação onde atua. As grandes 
massas de geleiras continentais que cobrem a 
Groenlândia e a Antártida, as geleiras dos vales das 
altas regiões montanhosas e as de pequenas ilhas 
 
em baixas latitudes também constituem importante 
agente de erosão. O vento, se sua velocidade for 
suficientemente 
 
grande e o solo pouco resistente e desprotegido de 
vegetação, é um agente de erosão em regiões 
desérticas, periglaciais e certas planícies e praias 
arenosas. A erosão marinha resulta do choque das 
ondas contra as rochas da costa e, ainda, do choque 
e atrito dos fragmentos rochosos contra a falésia e 
sobre a plataforma de abrasão marinha. 
Os produtos elásticos, resultantes da erosão e 
levados pelos agentes transportadores, são 
depositados quando cai a sua capacidade de 
transporte. Assim, as torrentes de montanha, ao 
atingirem as planícies, formam leques aluviais e, 
quando rios desembocam num lago ou no mar, não 
sujeito a correntes fortes, seus sedimentos formam 
deltas ou dispersam-se pela bacia aquosa. 
Sedimentos fluviais também se acumulam em 
regiões sujeitas à lenta subsidência tectônica, como 
o Pantanal de Mato Grosso. Depósitos saturados 
pela água podem sofrer movimentos em massa, 
constituindo fluxos de detritos. Corridas de lama 
também se formam nestas condições. 
O material transportado pelas geleiras continentais 
ou de vale constitui o drift que, quando não 
estratificado, chama-se till. Morainas são 
constituídas por fragmentos de rochas que se soltam 
das vertentes dos vales e são arrastadas pelas 
geleiras. Nas depressões, formadas pela escavação 
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glacial, com o degelo, surgem lagos nos quais se 
depositam sedimentos elásticos finamente laminados 
chamados varvitos. Em Itu (SP) existem varvitos da 
grande glaciação permo-carbonífera, que fornecem 
lajes para pavimentação. 
Nos desertos, praias e planícies arenosas, em clima 
árido ou semi-árido, formam-se as dunas ou 
depósitos eólicos. Grandes extensões da Rússia e 
China são cobertas por depósitos de poeiras e siltes 
que foram transportados pelo vento, de regiões 
desérticas distantes, e precipitados pela chuva. 
Chamam-se loess a tais depósitos. 
Nas regiões litorâneas, acumulam-se sedimentos de 
grande variedade de ambientes. São em maior parte 
clásticos, mas podem incluir calcários e evaporitos. 
Atualmente, muitos milhares de metros de espessura 
de sedimentos, predominantemente marinhos, são 
nelas perfurados em busca do petróleo, como 
acontece na costa brasileira. Também à tectônica de 
placas são atribuídas algumas bacias de 
sedimentação no interior dos continentes. 
 
O Tempo Geológico 
A idade relativa das rochas pode ser obtida 
observando-se as marcas dos eventos nelas 
registrados, a ordem natural de superposição das 
camadas sedimentares, com rochas mais jovens 
jazendo sobre as mais antigas e os fósseis que elas 
contêm. A idade absoluta das rochas, ou dos 
eventos nelas impressos, pode ser obtida por 
datação absoluta que é feita medindo-se a taxa de 
desintegração de um isótopo radioativo, como, por 
exemplo, o U238 que se desintegra até Pb206, a uma 
razão de desintegração constante. Para períodos 
mais recentes usa-se o método do C14. 
 
Tabela 1.1 - Escala dos tempos geológicos 
Era Período Época Tempo Cara 
Quaternário 15 mil Última glaciação 
Pleistoceno 1 ma Homem 
Plioceno 7 ma 
Mioceno 26 ma 
Oligoceno 38 ma Mamíferos 
Eoceno 54 ma 
Cenozóica 
Terciário 
Paleoceno 65 ma 
Cretáceo 136 ma Répteis 
Jurássico 190 ma Mesozóica 
Triássico 225 ma 
Permiano 280 ma Anfíbios 
Carbonífero 345 ma 
Devoniano 395 ma Peixes 
Siluriano 430 ma Invertebrados 
Ordoviciano 500 ma 
Paleozóica 
Cambriano 570 ma 
Proterpzóico +1 ba Fósseis raros 
Arqueano + 2,5 ba 
 
História Geológica 
As províncias consideradas do eon Arqueano 
contêm rochas datadas de 3.800 Ma a 2.500 Ma. 
Constituem-se de associações granito-greenstone, 
associações de alto grau metamórfico e associações 
de bacias cratônicas. Expõem-se em todos os 
continentes. No Brasil, existem em Minas Gerais, 
Bahia e poucos outros locais.Há evidências da 
presença de seres vivos nas rochas arqueanas 
antigas: associações de microfósseis, certos 
compostos carbonosos e estruturas esferoidais do 
Supergrupo Swaziland na África do Sul são de 
origem orgânica e provam que a vida já existia na 
Terra pelo menos há 3.500 Ma. Estromatólitos são 
estruturas sedimentares finamente laminadas 
constituídas de carbonatos e formadas pela 
acresção de detritos e precipitados de restos de 
organismos, principalmente cianobactérias. Os 
estromatólitos são conhecidos na África e na 
Austrália, também com cerca de 3.500 Ma. Esta é a 
idade mínima do aparecimento de vida na Terra. 
O eon seguinte, chamado Proterozóico, é atribuído 
ao tempo entre 2.500 Ma e 570 /540 Ma, quando 
existiram grandes crátons rodeados de faixas móveis 
de rochas que foram dobradas e metamorfizadas. 
Suas rochas são, em geral, menos metamorfizadas 
que as arqueanas. É dividido em três eras: 
Paleoproterozóica (2.500-1.600 Ma), 
Mesoproterozóica (1.600-1.000 Ma) e 
Neoproterozóica (1.000-570/540 Ma). Destaca-se no 
eon Proterozóico: 
• a intrusão de grandes diques e complexos 
básicos acamados; 
• bacias cratônicas e faixas orogênicas; • 
abundância de minérios de ferro bandados do tipo 
BIF (Banded Iron Formation\ com máximo 
desenvolvimento entre 2.600 Ma e 1.800 Ma, dos 
quais o Brasil tem repre-sentantes no Quadrilátero 
Ferrífero, em Minas Gerais; 
• a tectônica de placas apresenta claras 
manifestações de ter aluado
pelo menos desde o 
Paleoproterozóico; glaciaçõcs no Paleoproterozóico 
e no Neoproterozóico; • os estromatólitos têm seu 
máximo desenvolvimento entre 2.250 Ma e 600 Ma; 
• surgimento das primeiras faunas de 
metazoários no final do Neoproterozóico. 
O último eon da história geológica é o Fanerozóico, 
desenvolvido a partir de 570/540 Ma. E dividido em 
três eras: Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica, que 
por sua vez comportam diversos períodos. Durante 
estas eras, o número de continentes c placas 
continentais variou muito, assim como o número dos 
oceanos que então se abriram ou se fecharam, com 
o deslocamento das placas, originando-se cadeias 
de montanhas nos orógenos. 
Os continentes, atualmente situados no Hemisfério 
Sul, mais a Península Indu, se aglutinaram para 
constituir o Continente Gondwana, que no 
Carbonífero se sujeitou a extensa glaciação e ao 
desenvolvimento da flora Glossopteris. 
Posteriormente, uniram-se a América do Norte, 
Europa e Ásia, para formarem a Laurásia. Fechou-se 
o oceano entre a América do Norte e a África e, há 
225 Ma, achava-se constituído o megacontinente 
Pangea. 
No Jurássico, a partir de cerca de 200 Ma, o Pangea 
passou a se fragmentar através de riftes, 
acompanhados de abundante vulcanismo, e tiveram 
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origem os atuais continentes, oceanos em expansão 
e 
 
Figura 1.2 – Conformação do continente Gondwana 
cadeias de montanhas resultantes de choque de 
placas, processos ainda hoje ativos. Assim, na era 
Mesozóica, há cerca de 130 Ma, o Oceano Atlântico 
Sul começou a se abrir, separando a África da 
América do Sul, dando-se a colisão, com subducção, 
da Placa de Nazca, do Oceano Pacífico, com a 
Placa Sul-Americana, originando a Cordilheira dos 
Andes. 
A vida animal evoluiu muito durante a era 
Paleozóica. Os organismos marinhos eram, 
sobretudo, trilobitas, graptolitos, briozoários, 
moluscos, corais e equinodermos. Muitos deles 
possuíam carapaças duras que se preservaram 
como fósseis, permitindo datar e correlacionar as 
camadas. Os insetos mais antigos são devonianos. 
Os primeiros vertebrados, representados por peixes 
cobertos de couraças e sem maxilar apareceram no 
período Ordoviciano. Os peixes, com esqueleto 
interno pouco ou não-ossificado surgiram no 
Devoniano Inferior e, no Devoniano Superior, os 
vertebrados ganharam a terra, com o aparecimento 
dos primeiros anfíbios. O Permiano foi o período em 
que ocorreu a maior extinção em massa de todos os 
tempos, fenômeno, aliás, relativamente comum ao 
longo de nossa história geológica. Acredita-se que, 
naquele período, 80% de todas as espécies 
desapareceram num período de poucos milhões de 
anos (90% das marinhas, 70% dos répteis e anfíbios 
e até 30% dos insetos). A extinção do 
Cretáceo/Terciário, que dizimou os dinossauros, 
eliminou 47% de todas as espécies (Arthur, 1993). 
Em fins do período Permiano apareceram os répteis, 
que iriam dominar todos os ambientes durante a era 
Mesozóica, destacando-se os dinossauros, que se 
extinguiram na passagem da era Mesozóica para a 
era Cenozóica. Ainda durante o Jurássico 
apareceram as primeiras aves, originadas dos 
répteis, e que só viriam a exercer papel destacado 
na era Cenozóica, juntamente com os mamíferos 
existentes desde o Triássico. Também os peixes 
passaram a ter grande desenvolvimento na era 
Cenozóica. 
As primeiras plantas vasculares terrestres 
apareceram no Devoniano Superior. As cryptogamas 
vasculares desempenharam importante papel na 
formação das jazidas de carvão do Carbonífero 
Superior. Na passagem para a era Mesozóica 
processou-se grande transformação florística, 
destacando-se o aparecimento, no Cretáceo Inferior, 
das primeiras angiospermas, assinalando o início da 
flora moderna. 
No começo do Terciário, a vegetação dos 
continentes passou, aos poucos, a adquirir seu 
caráter atual, muito diversificado e com distribuição 
conforme o clima e a altitude. 
Quando o Homo habilis apareceu, há cerca de 2 Ma, 
a pré-história humana já estava em evolução, talvez 
desde 4 ou 5 Ma, portanto, desde o Plioceno. 
 
 
EXERCÍCIO COMPLEMENTAR – Nº 1 
Com base nas informações apresentadas busque 
responder os questionamentos abaixo: 
1.Como podemos identificar no dia-a-dia os 
processos construtivos e destrutivos da natureza? 
2. Porque esperamos encontrar as rochas mais 
antigas nas áreas estabilizadas da crosta e não 
naquelas sujeitas a acomodações tectônicas? 
3. Qual o motivo de encontrarmos menos registros 
fossilíferos nos tempos geológicos mais antigos? 
4.Da análise da conformação do continente 
Gondwana podemos esperar encontrar rochas 
semelhantes no Brasil e na África? 
5.Santa Catarina é um dos estados brasileiros com 
as maiores reservas de carvão, como podemos 
explicar sua formação? 
6.Caracterize os processos da dinâmica externa e 
interna da Terra. 
7.Identifique alguns tipos de depósitos sedimentares 
conhecidos na região e sua gênese. 
8. Exemplifique de que forma os processos 
geológicos podem interferir em obras de engenharia. 
 
 
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 MINERAIS E ROCHAS 
 
Para projetar e construir uma obra de engenharia é 
necessário ter conhecimento das propriedades dos 
materiais que serão utilizados. 
Correspondentemente, para qualificar os materiais 
do embasamento objeto de um projeto, é necessário 
conhecer as propriedades das rochas e solos que o 
constituem. 
O conhecimento das propriedades das rochas e dos 
solos é portanto, de grande valor quando a totalidade 
da estrutura que irá se construir é 
predominantemente com materiais naturais, como 
nos casos de represas de terra. 
 
Mineral 
É um elemento ou composto químico, geralmente 
resultado de processos inorgânicos, de composição 
química definida e encontrado naturalmente na 
crosta da Terra. 
 
Identificação dos Minerais 
Na prática as rochas e os minerais são identificados 
mesoscopicamente, ou seja, com a vista desarmada 
ou com uma lupa de mão. 
Os minerais e rochas complexos podem exigir para 
sua completa identificação métodos analíticos, tais 
como, através de lâmina delgada à luz polarizada, à 
luz refletida, espectômetro de massa, etc. 
 
Propriedades Físicas dos Minerais 
Estrutura: Exceto os minerais amorfos, todos os 
demais tem forma específica de um cristal, limitado 
por faces e pertencente a um sistema cristalino 
determinado, como por exemplo, o sistema trigonal, 
cúbico, tetragonal, monoclínico, etc. 
Clivagem: É a propriedade que possui um mineral 
de dividir-se em planos paralelos, devido a 
estruturação atômica do mineral. 
Dureza: A dureza de um mineral é expressada 
através do número correspondente por comparação 
com a Escala de Mohs. Ela é caracterizada pela 
resistência do mineral ao risco. 
 
Escala de Mohs 
Ordem Mineral 
1 Talco 
2 Gipsita 
3 Calcita 
4 Fluorita 
5 Apatita 
6 Ortoclásio 
7 Quartzo 
8 Topázio 
9 Coríndon 
10 Diamante 
 
 
Peso Específico ou Densidade 
É o peso expresso em gramas de 1cm3 de mineral. 
Os minerais não metálicos mais comuns na 
superfície da Terra, como o quartzo, feldspato, 
berilo, contém uma densidade média compreendida 
entre 2,65 e 2,75 g/cm3. 
 
Tenacidade 
É a capacidade do mineral resistir ao esmagamento, 
quebramento ou dobramento. Podem ser 
classificados como quebradiços, quando são fáceis 
de moer e fregmentar-se; maleáveis, que podem ser 
achatados por um martelo; sécteis, que se podem 
cortar com uma lâmina de aço; dúcteis, susceptíveis 
de serem estirados em fios; flexíveis, que podem 
ser dobrados e finalmente elásticos que podem ser 
dobrados e retornam a forma original. 
 
Propriedades Ópticas dos Minerais Brilho 
É a capacidade de
reflexão da luz incidente. O brilho 
pode ser metálico e não metálico. 
O brilho não metálico pode ser ainda, vítreo, 
adamantino, resinoso, sedoso, perolado, etc. 
 
Diafaneidade 
Um mineral é transparente se através dele podem 
ser vistos outros objetos; translúcido, se transmite a 
luz, ou opaco, se a luz não é transmitida através 
dele. 
 
Cor e Traço 
É fácil reconhecer a cor de um mineral e para tanto 
deve-se observar a amostra em uma fratura fresca, 
evitando superfícies alteradas. 
Ao atritarmos um mineral contra uma placa de 
porcelana, este deixa um traço de diminutas 
partículas aderidas, incolor ou colorido, característico 
de um mineral e identificado através de tabelas 
padronizadas. 
 
Rochas 
É um agregado natural formado por um ou mais 
minerais. 
Os geólogos tem classificado as rochas de acordo 
com a sua origem em três grandes grupos: 
magmáticas, sedimentares e metamórficas. Sem 
dúvida este grupamento pouco transmite, em termos 
de informação de engenharia sobre uma 
determinada rocha. 
O termo granito, por exemplo, sugere ao engenheiro 
a idéia de um material duro, de confiança como 
embasamento, e sem dúvida, de suas variadas 
aptidões como rocha suporte de um local para outro. 
Entretanto, os agentes atmosféricos podem 
transformar um granito até convertê-lo em uma 
massa pouco coerente, de modo que, se colocarmos 
o peso de uma estrutura sobre o granito que haja 
experimentado tal transformação, pode acontecer 
um considerável nível de rebaixamento. 
Em outras palavras, ainda que as forças antes 
mencionadas alterem, às vezes, completamente as 
propriedades de engenharia de uma rocha, o produto 
da alteração pode denominar-se ainda com o mesmo 
nome geológico da rocha original. 
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Os engenheiros necessitam de uma classificação 
das rochas baseadas nas suas propriedades 
geotécnicas e que identifiquem características tais 
como: 1) a estrutura primária e a composição 
mineralógica; 2) o grau e a natureza das alterações; 
3) as características estruturais de resistência; 4) os 
efeitos erosivos do intemperismo; 5) os processos 
atuantes que possam causar outras alterações. 
 
Textura das Rochas 
A textura de uma rocha é a ordenação de seus grãos 
e partículas. 
De acordo com suas características de formação, a 
rocha pode desenvolver uma textura mais ou menos 
perceptível a olho nu, tal como: textura fanerítica, 
com grão bem desenvolvidos (granitos); textura 
afanítica, com grão somente visíveis com o aumento 
através de uma lupa (basaltos); textura porfirítica, 
com cristais bem formados, grandes, imersos em 
uma matriz vítrea de granulação fina (fonolitos); 
textura vesicular, formada por pequenas cavidades 
distribuídas por toda a massa ígnea (basalto 
amigdalóide). 
 
Classificação das Rochas 
Rochas Ígneas 
São rochas que provém da consolidação do magma. 
Este magma pode se consolidar dentro da crosta 
terrestre, a muitos quilômetros de profundidade, 
formando as rochas intrusivas ou plutônicas. 
Outra condição geológica seria o magma extravasar-
se à superfície, formando nesses casos as rochas 
extrusivas ou vulcânicas. Como rochas ígneas mais 
importantes podemos citar o basalto, riolito, 
fonolito,etc. 
 
Rochas Sedimentares 
Quando os produtos da desintegração e 
decomposição de qualquer tipo de rocha são 
transportados e voltam a se depositar e a se 
consolidar total ou parcialmente, para desta forma 
constituir um novo tipo de rocha, este material 
resultante é classificado como rocha sedimentar. 
Esta classificação abraça também as rochas que 
resultam da precipitação química ou da 
decomposição de restos orgânicos na água. 
Geralmente estas rochas apresentam estruturas em 
estratos ou lentes, ao contrário das rochas ígneas 
normalmente compactas. 
Usualmente são encontrados fósseis animais ou 
vegetais, registro da atividade biológica do passado. 
Estas rochas são constituídas por partículas ou 
grãos de rochas ou ainda por restos orgânicos, os 
quais, de acordo com o tamanho e a distribuição 
constituem a base para sua classificação. 
Algumas das rochas sedimentares mais importantes 
são: calcários, folhelhos, arenitos, carvão, etc. 
 
Rochas Metamórficas 
São rochas formadas como conseqüência da 
recristalização de rochas ígneas ou sedimentares 
devido à influência dos agentes relativos à 
temperatura elevada, altas pressões ou intensos 
esforços, propiciando a formação de novos minerais 
ou a recristalização. 
As rochas metamórficas mais importantes são: 
gnaisses, migmatitos, mármores, ardósias, 
quartzitos, etc. 
 
Propriedades Geotécnicas das Rochas 
As rochas que sustentam o peso das estruturas, ou 
qualquer outra carga, estão sujeitas a deslizamentos 
e caso encontrem-se submetidas a um excesso de 
carga, podem experimentar danos, como rachar ou 
romper. 
Os possíveis efeitos das cargas sobre as rochas 
dependem das propriedades físicas destes materiais, 
os quais deveriam ser conhecidos pelos projetistas 
de uma estrutura ou construção. 
 
Tabela 2.1 - Classificação geotécnica das rochas 
TABELA DE CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA DAS ROCHAS 
DUREZA ALTERAÇÃO FRATURAMENTO ORIENTAÇÃO DAS 
FRATURAS 
ESTADO DAS FRATURAS 
H1 Muito dura A1 Sólida F1 de 0 a 1 - 
não fraturada 
H 00 - horizontal S1 Rugosas 
H2 Dura A2 Pouco alterada F2 de 2 a 5 - 
pouco fraturada 
SH de 00 a 200 
subhorizontal 
S2 Pouco rugosas 
H3 Medianamente 
dura 
A3 Medianamente 
alterada 
F3 de 6 a 10 
medianamente fraturada 
I de 200 a 700 
inclinada 
S3 Polidas 
H4 Macia A4 Muito alterada F4 de 11 a 20 
muito fraturada 
SV de 700 a 900 
subvertical 
S4 Preenchimento 
granular 
H5 Muito macia A5 Sapropelito F5 mais de 20 
extremamente fraturada 
V vertical S5 Preenchimento 
argiloso 
 
Peso Específico 
Ao tratar de qualquer classe de material, inclusive as 
rochas, é necessário saber seu peso unitário, 
normalmente expresso em g/cm3 ou em m3/t. 
O peso unitário da rocha depende da densidade de 
seus elementos constituintes, da sua porosidade e 
da água contida em seus poros. 
 
As rochas que contém metais pesados possuem 
densidades elevadas, de mais de 4,5 g/cm3. 
 
As rochas que se encontram mais freqüentemente 
em projetos de engenharia civil são as 
correspondentes a algumas rochas ígneas e 
metamórficas. 
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8 
Os granitos possuem uma densidade que oscila ao 
redor de 2,65 g/cm3, enquanto que as rochas 
sedimentares possuem, em geral, densidades mais 
reduzidas, por volta de 2,0 g/cm3. 
 
Porosidade 
A porosidade de uma rocha é a relação existente 
entre o volume de vazios e o volume total da 
amostra. O valor da porosidade é expresso em 
porcentagem de volume de amostra. 
Alguns estudos tem demonstrado que existe uma 
relação concreta entre a porosidade e a densidade 
de uma rocha e a sua origem. 
Assim, resulta que as rochas cristalinas, tais como 
os granitos, que se formam sobre grandes pressões 
tem porosidades reduzidas e pesos específicos 
altos, sendo que o mesmo pode-se dizer de algumas 
rochas metamórficas. 
Por outro lado, algumas rochas sedimentares 
oferecem uma grande porosidade e uma densidade 
reduzida. 
 
Absorção 
Quando se submerge em água uma amostra de 
rocha, esta não absorve a quantidade que permitiria 
a sua capacidade teórica, já que durante a imersão, 
uma parte do ar existente na amostra é aprisionado 
pela água e não encontra saída, assim sendo, a 
água vê-se impossibilitada para 
atingir determinada quantidade de poros. 
Sob circunstâncias normais a água chega somente 
até parte do volume total dos poros, chamando-se 
grau de saturação a relação
existente entre o volume 
de poros que retém água e o volume total de poros. 
 
 
Tabela 2.2 - Características Físicas de Algumas Rochas 
ROCHA PESO ESPECÍFICO g/cm3 POROSIDADE % ABSORÇÃO% 
BASALTO 2,77 22,09 9,97 
DIABÁSIO 2,95 0,17 0,06 
GRANITO 2,67 3,98 1,55 
ARENITO 2,58 1,62 0,66 
GNAISSE 3,12 2,23 0,84 
MÁRMORE 2,73 2,02 0,77 
 
Resistência das Rochas 
No estudo das propriedades de resistência das 
rochas, há que se considerar em geral, três classes 
de esforços: de compressão, que tende a diminuir o 
volume de material, esforços tangenciais, que 
tendem a deslocar uma parte da rocha em relação à 
outra; e esforços de tensão, que tendem a criar 
gretas e fissuras no material. 
À resistência à compressão de uma rocha é a força 
requerida para romper uma amostra que está 
submetida a uma determinada carga e não está 
contida ou sustentada pelos lados. 
Existe provavelmente alguma analogia entre os 
fatores que exercem influência nas resistências das 
rochas e os regem a dos metais. Tem-se observado, 
por exemplo, que um material cuja superfície seja 
relativamente áspera tem menor resistência que 
outro cuja superfície seja praticamente lisa. 
De igual forma, a resistência à compressão das 
rochas está influenciada pela sua textura, em 
especial pela sua granulometria, assim, arenitos de 
grãos finos são mais resistentes que os de grãos 
grados. 
As rochas ígneas e metamórficas observadas 
através do microscópio e que mostram um 
entrelaçamento profundo entre seus cristais resultam 
mais fortes em relação as que se mostram escassas. 
Nas rochas sedimentares a resistência do material 
de ligação intersticial ou cimento, pode exercer a 
mesma influência na resistência à compressão da 
rocha como a textura. Entretanto, se este cimento for 
argiloso, a resistência a compressão será bem mais 
baixa. 
A resistência à compressão de uma rocha depende 
da inclinação das forças que atuam sobre ela, em 
relação aos planos de estratificação, de modo que a 
 
maior resistência corresponde aos esforços normais 
ao acamamento. 
A resistência à tensão de rochas compreendem 
apenas uma pequena fração da resistência à 
compressão. 
Os esforços de tensão podem ser desenvolvidos em 
uma placa rochosa, não só como conseqüência da 
ação de cargas, como também do assentamento de 
uma estrutura, por tremores de terra ou efeitos da 
temperatura. 
Quanto à resistência aos esforços tangenciais 
podem ser estes em materiais pétreos duplos. Ou 
uma parte do material escorrega ao longo de uma 
superfície plana ou a rocha flui de forma plástica 
sem que se forme uma superfície de separação 
perceptível. 
 
Deformações Naturais das Rochas 
Fraturas 
Qualquer descontinuidade de origem secundária nas 
rochas pode ser definida como fratura, independente 
de sua ordem de grandeza. 
Sendo as deformações originadas por ação de 
forças, é evidente que o fraturamento se deve a 
esforços que são maiores do que as rochas 
submetidas a eles podem suportar. 
Quando temos uma série de fraturas, mais ou menos 
contínuas, que parecem dispor-se segundo 
esquemas bem definidos, podemos considerar estas 
fraturas como juntas. 
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9 
Se a massa rochosa de cada lado da fratura 
evidencia um deslocamento ao longo do plano de 
fratura, esta é classificada como falha. 
Tais deslocamentos podem ter características 
milimétricas ou alcançar muitos quilômetros de 
extensão. 
 
Falhas 
São rupturas nas rochas, ao longo dos quais as 
paredes opostas se moveram uma em relação a 
outra, ou seja, é a existência de um movimento 
diferencial entre blocos, paralelo à superfície de 
fratura. Os planos de falha são, portanto, plano de 
cizalhamento. 
 
Elementos de uma Falha 
Plano de falha: é a superfície ao longo do qual se 
deu o deslocamento. ë definido por uma direção e 
um mergulho. 
Linha de falha: é a intersecção do plano de falha 
com a superfície topográfica. 
Espelho de falha: é a superfície polida de uma rocha 
originada pela fricção dos blocos opostos, no plano 
de falha. 
Brechas de falha: são rochas resultantes do intenso 
movimento junto ao plano de falha. 
Rejeito: é o deslocamento relativo de pontos 
originalmente contínuos, medidos com referência ao 
plano de falha. 
 
 
Figura 2.1 - Elementos geométricos de uma falha 
 
Tipos de Falhas 
Dependem da inclinação do plano de falha e do 
mergulho das camadas. 
Falha Normal: o plano de falha mergulha para o lado 
que aparentemente se abateu. 
Falha Inversa: o plano de falha mergulha para o 
bloco que se elevou. 
Falha Transcorrente: o plano de falha é vertical e o 
deslocamento horizontal. 
 
 
Figura 2.2 – (A) Falha Normal; (B) Falha Inversa 
 
 
 
 
Figura 2.3 – Horst e Grabben 
 
Cronologia dos Falhamentos 
Uma falha é posterior ao último terreno que ela afeta 
e anterior ao terreno não deformado que a recobre. 
 
Dobras 
São ondulações em corpos rochosos originalmente 
planos, resultado de esforços laterais de 
compressão. 
Ocorre em qualquer tipo de rocha que possua 
acamamento ou foliação. 
 
Elementos de uma Dobra 
Plano axial: é o plano que divide a dobra tão 
simetricamente quanto possível. 
Eixo: é a linha resultante da intersecção do plano 
axial com um determinado nível topográfico. 
Crista: é a linha que une os pontos mais altos 
situados em um nível estratigráfico. 
 
Tipos de Dobras 
Dobra anticlinal: é a dobra cuja convexidade está 
voltada para as camadas mais jovens. 
Dobra Sinclinal: é a dobra cuja convexidade está 
voltada para as camadas mais antigas. 
Dobra Simétrica: o plano axial está verticalizado e os 
flancos mergulham com ângulos iguais para 
quadrantes diferentes. 
Dobra Recumbente: o plano axial é praticamente 
horizontal. 
 
 
Figura 2.4 - Tipos e elementos das dobras 
 
 
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10 
 
 
Figura 2.5 - Elementos das dobras 
 
 
 
Figura 2.6 – (A)Monoclinal (B)Anticlinal simétrica 
(C)Isoclinal (D)Dobra em Leque (E)Isoclinal 
Assimétrica (F)Dobra revirada (G) Dobra Deitada 
(H)Dobra Falhada (I) Dobra de Arrasto 
 
Descrição Sucinta de Alguns Tipos de Rochas 
Rochas Ígneas 
Granitos: são rochas ácidas plutônicas, que formam 
a maior parte dos batólitos em núcleos de cadeias 
montanhosas. São muito abundantes no Brasil, 
principalmente nas regiões de Escudo (Guianas, 
Brasil Central e Atlântico). 
Comercial e popularmente, granito é um nome 
genérico para designar qualquer tipo de rocha 
plutônica. A rigor, são rochas compostas de quartzo 
(20-30%), feldspatos (50-70%); feldspato potássico - 
principalmente microclínio - e plagioclásio, 
geralmente oligoclásio, minerais ferro-magnesianos 
(5-25%). Destes últimos, a biotita c/ou hornblenda 
são os minerais mais comuns e, quando estão 
ausentes ou em pequenas quantidades (< 5%;), 
adiciona-se o prefixo leuco à rocha. Os minerais 
acessórios são magnetita, titanita, zircão, apatita e, 
às vezes, granada. O arranjo textura! é granular ou, 
menos frequentemente, porfirítico, no qual os 
feldspatos constituem os fenocristais. 
Os granitos tendem a ter cor rosa a avermelhada 
quando predominam os feldspatos potássicos e 
cinza quando predominam os plagioclásios. A 
estrutura é usualmente maciça, mas pode exibir 
certa orientação marcada pela isorientação de 
feldspatos. 
 
Granodioritos: são rochas com parentesco com os 
granitos e que comumente ocorrem associadas. 
Apresentam larga predominância de plagioclásio (65-
90%) sobre os feldspatos alcalinos e maior conteúdo 
de máficos. 
 
Tonalitos:são rochas em que o plagioclásio totaliza 
90% a 100% dos feldspatos. 
 
Pegmatitos: apresentam granulação muito grossa e 
são compostos de quartzo,
feldspato alcalino e 
muscovita, geralmente acompanhados de minerais 
raros, ricos cm lítio, berílio, nióbio, terras raras, etc.; 
 
Aplitos: quando apresentam granulação fina e 
compõem-se de quartzo e feldspato alcalino. 
 
Riólitos: equivalentes extrusivos das rochas 
graníticas, exibindo a mesma mineralogia essencial, 
muitas vezes só determinada por análises químicas, 
visto a finíssima granulação dos cristais ou a 
presença de vidro. Como máficos apresentam 
preferencialmente piroxênio (augita). Ocorrem em 
derrames, constituindo, em conjunto com outras 
variedades de rochas vulcânicas ácidas. Sua 
estrutura é maciça, passando a vesicular ou 
amigdaloidal nos topos dos derrames. A coloração é 
geralmenterosa-avermelhada ou cinza-clara a média. 
 
Dioritos: são rochas plutônicas intermediárias. 
Ocorem como pequenos corpos (stocks) associados 
a suítes graníticas em cinturões orogênicos. São 
compostas essencialmente por plagioclásio sódico-
cálcico e minerais máfícos ;omo biotita, hornblenda 
e/ou piroxênios. 
 
Andesitos: são rochas vulcânicas intermediárias 
compostas, essencialmente, de plagioclásio 
(andesina), com mineralogias semelhantes aos 
dioritos. Tem cor cinza-escura a marrom-
esverdeada, e seu modo de ocorrência, suas 
estruturas e seus aspectos texturais, tal qual a 
maioria das rochas vulcânicas, são semelhantes aos 
dos riólitos. 
 
Sienitos: são rochas plutônicas intermediárias, 
também denominadas rochas alcalinas devido ao 
alto conteúdo de álcalis (K e Na) na composição dos 
minerais essenciais. Ocorrem na forma de stocks 
isolados ou como fácies marginais de batólitos 
graníticos. 
Apresentam cor rosa-avermelhada a vermelha-
amarronzada e, frequentemente, estrutura fluidal, 
resultante do alinhamento subparalelo dos cristais de 
feldspato potássico. 
 
Traquitos e fonólitos: são rochas vulcânicas de 
composição semelhante aos sienitos e feldspatóides 
sienitos, respectivamente. Ocorrem em diques, 
preenchendo antigos condutos vulcânicos, ou em 
pequenos derrames. A cor é cinza com pontuações 
escuras (traquitos) até verde-escuras (fonólitos). Os 
aspectos estruturais e texturais, bem como os usos e 
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11 
as propriedades físico-mecânicas, são semelhantes 
aos de riólitos. 
 
Basaltos: são as rochas ígneas vulcânicas mais 
abundantes. Sua maior ocorrência é na forma de 
derrames e, no Brasil, constituem a Formação Serra 
Geral da Bacia do Paraná, onde perfazem mais de 
90% das rochas vulcânicas aí existentes. 
A mineralogia essencial é plagioclásio cálcico 
(labradorita) (35-50%), augita (20-40%), magnetita 
ou ilmenita (5-15%) e quantidades muito variáveis de 
matriz vítrea. A textura é afanítica, microgranular, por 
vezes amigdaloidal 
Sua cor é cinza-escura a preta, com tonalidades 
avermelhadas ou amarronzadas, conferidas por 
óxidos/ hidróxidos de ferro gerados pela alteração 
intempérica. 
Pode apresentar estrutura maciça (compacta) ou 
vesicular/amigdaloidal. Zeólitas, quartzo, carbonato, 
vidro e argilominerais (produtos da alteração do 
vidro) preenchem as amígdalas. 
 
Gabros: são rochas básicas plutônicas, compostas 
de plagioclásio cálcico-labradorita (45-65%), augita 
(25-45%) e minerais opacos (magnetita c/ou 
ilmenita). Olivina ou hiperstênio podem ocorrer em 
pequenas quantidades (até 10%). Constituem 
pequenos stocks, e têm propriedades e usos 
semelhantes aos dos basaltos compactos. A cor é 
cinza-escura a preta, às vezes, com pontuações de 
cor branco-acinzentada. 
 
Diabásios: são microgabros, que ocorrem em 
diques e, menos comumente, sills. Na Região Sul-
Sudeste do País, são comuns enxames destes 
diques, cortando grande variedade de rochas. 
 
Anortositos: são uma variedade de gabro de cor 
branco-acinzentada (também denominados 
leucogabros), constituídos essencialmente por 
cristais de plagioclásio cálcico. A estrutura é maciça 
e o modo de ocorrência na forma de stocks. 
 
Peridotitos e piroxenitos: reúnem o grupo de 
rochas ígneas ultrabásicas compostas 
principalmente por silicatos ferromagnesianos, 
contendo até 10% de plagioclásio. A cor é preta, às 
vezes, com tonalidade esverdeada. 
 
Rochas piroclásticas: são rochas resultantes da 
acumulação, e posterior compactação e cimentação, 
de grãos ou fragmentos de material rochoso ejetados 
por explosão e expulsão aérea por um vulcão. De 
acordo com sua granulometria, que reflete sua 
proximidade com o conduto vulcânico - os grãos 
maiores estão mais próximos. 
 
Rochas Sedimentares 
Arenitos: são rochas sedimentares detríticas 
contendo mais de 50% de grãos com tamanho entre 
2 e 0,06 mm. Os principais tipos são o quartzo 
arenito: é o mais abundante. constitui mais de 95% 
de grãos elásticos. Pode conter até 15% de matriz 
silto-argilosa. O cimento, quando presente, é sílica, 
carbonatos e outros. A cor é branca ou avermelhada, 
fornecida por finíssima película de oxides/hidróxidos 
de ferro que recobre os grãos; o arcóseo: deriva-se 
de rochas graníticas e contém, além do quartzo, 
mais de 25% de feldspatos entre os minerais 
elásticos. Fragmentos de rocha c micas detríticas 
podem estar presentes, bem como matriz argilosa 
(até 15%) e cimento. A presença de óxidos de ferro 
também fornece cor avermelhada à rocha; a 
grauvaca: contém abundante (15-75%) matriz 
constituída de clorita, sericita e grãos tamanho silte 
de quartzo e feldspatos. Na fração areia, os grãos 
de quartzo dominam sobre os de plagioclásio e de 
fragmentos de rocha, de com- posição variada. A cor 
é cinza-escura a preta. 
 
Lutitos: são rochas detríticas constituídas por 
partículas tamanho silte (0,06-0,004 mm) e argila (< 
0,004 mm). É o grupo mais abundante de rochas 
sedimentares. Seus principais constituintes são os 
argilominerais (iilita, caulinita e, menos 
frequentemente, montmorilonita) e partículas de 
quartzo no tamanho silte. As cores estão 
relacionadas ao conteúdo de material carbonoso 
(grafita) c ao estado de oxidação do ferro. A 
abundância do primeiro confere cor cinza-escura a 
preta. As cores avermelhadas são devido ã presença 
de óxidos de ferro que atuam como pigmentos. Estas 
rochas, em geral, exibem físsilidade, que é a 
propriedade de separação de placas segundo planos 
paralelos finamente espaçados, tais como o 
acamamento.. De acordo cem a predominância de 
silte ou argila e os graus de físsilidade da rocha, tem-
se o siltito: rocha sem fissilidade constituída de 
partículas tamanho silte. 
 
Folhelho: rocha físsil constituída de partículas 
tamanho silte e argila; 
 
Argilito: rocha sem físsilidade constituída de 
partículas tamanho argila. Ao tato é lisa e possui 
plasticidade quando úmida. Os argilominerais são os 
seus principais constituintes; 
 
Ritmito: rocha com estratificação marcante, 
caracterizada pela alternância de finas lâminas de 
material ora síltico (cor cinza-clara), ora argiloso (cor 
preta). 
 
Calcários e dolomitos: são rochas carbonáticas 
compostas por mais de 50% de minerais 
carbonáticos (calcita ou dolomita, respectivamente). 
Em geral, no entanto, têm 80% a 100% destes 
minerais.Estas rochas são importantes matérias-
primas para as indústrias cimenteira, da cal, vidreira, 
siderúrgica, de tintas, de borrachas e muitas outras. 
Os dolomitos também são usa-dos como corretivo da 
acidez de solos. 
 
Marga: Calcário argiloso, com uma porcentagem de 
argila superior a 50%.. 
 
Carvão: rocha formada por processos bioquímicos, a 
partir de restos vegetais acumulados sob condições 
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12 
anaeróbicas, que impediram sua oxidação, tais como 
ambientes de acumulação de água estagnada 
(pântanos). A série do carvão é formada pelos 
seguintes tipos: • turfa: rocha de cor castanho-
amarelada, com textura fibrosa (de origem orgânica) 
bem preservada; • linhito: rocha de cor castanha, 
mais compacta que a turfa, cujos fragmentos de 
planta ainda podem ser reconhecidos; • carvão 
mineral: rocha de cor preta cm que a matéria 
vegetal foi totalmente transformada em mineral; • 
antracito: rocha de cor preta, densa e brilhante. 
 
Evaporitos: são depósitos salinos formados pela 
precipitação de elementos químicos (sais) a partir de 
salmouras ou soluções concentradas por 
evaporação, em ambientes salinos (mares e lagos 
salgados) e em regiões áridas. 
 
Chert: rocha silicosa de granulação fina e origem 
química ou bioquímica, constituída de quartzo 
finamente granular, ou calcedônia. É uma rocha 
bastante compacta e dura, apresentando fratura 
concóide. Sua estrutura pode ser em camada ou 
nodular, quando formada pela substituição de 
calcários. 
 
Diatomitos: são rochas formadas pela acumulação 
de carapaças silicosas de diatomáceas, com 
pequenas quantidades de testas de radiolários e 
espículas de espongiários. Possuem alta porosidade. 
 
Rochas Metamórficas 
Ardósia: é uma rocha de granulação muito fina (com 
minerais de difícil individualização a olho nu) e 
orientação planar muito intensa, chamada clivagem 
ardosiana. É composta, essencialmente, de sericita e 
quartzo. Sua principal característica é a físsilidade, 
que pode favorecer a ocorrência de 
escorregamentos e outros processos. Por outro lado, 
esta característica favorece a exploração e a retirada 
de placas, utilizadas na cobertura de casas, nos 
países de clima frio, por apresentarem maiores 
resistência mecânica e isolamento térmico que as 
telhas cerâmicas normais. 
 
Filito: é uma rocha muito foliada, caracterizada pela 
xistosidade finamente espaçada e pela granulação 
muito fina, ainda com minerais de difícil 
individualização, embora sejam maiores que os das 
ardósias. 
 
Xistos: são rochas com excelente arranjo 
preferencial planar, ou linear, c granulação média a 
grossa, quase sempre visível a olho nu. São 
tipicamente compostos de filossilicatos (muscovita 
e/ou biotita) e quartzo, em geral, acompanhados dos 
minerais metamórfícos característicos das faixas de 
pressão e temperatura. 
 
Gnaisses: são rochas usualmente quartzo-
feldspáticas, de granulação média a grossa e com 
moderada a forte orientação planar, denominada 
estrutura ou foliação gnáissica, fornecida pela 
isorientação de minerais placóides ou de hábito 
prismático. Podem ser rochas derivadas da 
deformação de rochas graníticas submetidas a um 
metamorfismo dinâmico, ou da total reorganização 
mineralógica e textural de rochas sedimentares, em 
especial as pelíticas, sob condições metamórficas de 
alto grau. 
 
Migmatitos: são rochas de composição e estruturas 
heterogêneas (chamadas migmatíticas) e de 
granulação média a grossa que, em geral, ocorrem 
em terrenos metamórfícos de alto grau. Sua origem, 
controversa, se daria por fusão parcial de rochas 
preexistentes, ou pela injeção de fundidos graníticos 
em rochas gnáissicas. 
 
Mármores: são rochas constituídas por mais de 50% 
de minerais carbonáticos, mais especificamente, 
calcita e/ou dolomita, formadas a partir do 
metamorfísmo de rochas sedimentares calcíficas 
e/ou dolomíticas. Apresentam estrutura maciça e 
granulação variada (fina a grossa). Sua coloração é 
clara: branca, rosada, cinzenta, esverdeada, etc. 
 
Quartzitos: são rochas formadas quase que 
exclusivamente de quartzo recristalizado, em arranjo 
granoblástico em geral, derivados de sedimentos 
silicosos, como quartzo arenitos ou cherts. Têm cor 
branca, com variações para vermelha (pela presença 
de hidróxidos de ferro) ou tons de amarelo (quando 
há filossilicatos: sericita). São rochas muito duras, 
com altas resistências à britagem e ao corte em 
serras diamantadas, o que provoca grande desgaste 
nos equi-pamentos. 
 
Anfibolitos: são rochas de coloração escura (verde-
escura a preta) e granulação fina a média, 
compostas essencialmente de hornblenda e 
plagioclásio, em geral com opacos (magnetita) e 
titanita acessórios. Quase sempre são produtos do 
metamorfísmo de rochas básicas (basaltos). O 
metamorfísmo de rochas básicas também pode levar 
à geração de outras, de cor verde-escura e 
granulação fina, ricas em actinolita, epídoto e clorita. 
 
 
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PLANILHA DE CAMPO PARA CLASSIFICAÇÃO GEOLÓGICA EXPEDITA DAS ROCHAS 
N.º Características da rocha Classificação 
1 A rocha apresenta estratificação A rocha não apresenta estratificação 
2 (Sedimentar) 
1a 
1a A rocha contém fósseis ou fragmentos destes ou fragmentos arredondados ou quebrados A rocha não contém nada do acima descrito 
2 (Sedimentar) 
1b 
1b 
A rocha contem grânulos ou é argilosa 
A rocha ferve com ácido diluído 
Nenhuma das características acima 
2 (Sedimentar) 
6 (Calcário) 
1c 
1c A rocha é nodular, a rocha restante é sedimentar A rocha é uma massa isotrópica ou apresenta-se em bandas 
2 (Sedimentar) 
8 (Ígnea ou metamórfica) 
2 A rocha é dura (não é riscada pelo aço) A rocha é mais mole que o aço 
3 (Silicosa) 
4 
3 
A rocha ocorre em nódulos ou lâminas, não há estrutura granular visível 
Está estratificada, consiste principalmente de pedriscos 
Está estratificada, consiste de pequenos fragmentos angulares ou grãos de areia 
Sílex 
3a 
3b 
3a 
Cascalho arredondado, semelhante a depósitos fluviais 
Cascalho angular em matriz de areia, argila ou calcário 
Cascalho angular em matriz de cinza ou pedra-pomes; vesicular 
Conglomerado 
Brecha 
Aglomerado vulcânico 
3b Fragmentos vesiculares em matriz fina; arenosa; consolidada; origem vulcânica Consolidadda mas não como acima 
Tufo 
3c 
3c Granulação grossa ou bastante variável em tamanho Arenito 
3d 
Matriz mais dura que o aço 
Matriz calcária 
Rocha contém partículas brilhantes (mica); minerais alinhados 
Quartzito, arenito silicoso 
Calcarenito 
Arenito micáceo 
4 
A rocha é lisa ao tato 
A rocha é pouco áspera 
A rocha tem efervecência com ácido diluído 
A rocha contem matéria orgânica, branca, preta ou marrom 
5 Argilito 
5 Siltito 
6 Calcário 
7 Carbonada 
5 Relativamente isento de grãos de areia ou pedriscos Contém argila, areia, pedriscos ou cascalho 
5a 
5b 
5a 
Plástico, quando úmido; não laminado 
Vermelho vivo, associado com basalto 
Laminado em camadas fracionando com facilidade 
Parte-se com facilidade em plano diferente das lâminas 
Argila 
Laterita 
Folhelho 
8 
5b 
Contém blocos e cascalho; não estratificada 
Contém alta percentagem de grãos de areia 
Parcialmente formado por grânulos de areia 
Contém boa proporção de calcário 
Argila com blocos 
Arenito argiloso 
5c 
5d 
5c Não consolidada Consolidada 
Argila siltosa 
Lutito 
5d Granulação argilosa Marga 
6 
Rocha formada principalmente por conchas 
Rocha formada por partículas arredondadas > 2 mm / Idem acima < 2 mm 
Rocha finamente granulada 
Calcário de conchas 
Pisolitas / Oólitas 
6a 
6a 
Branca, branda, quebra com facilidade 
Amarelo-escuro, seguidamente com vazios, pouca efervescência em ácido 
Efervescência em ácido, pode conter fósseis, cristais de calcita, cores claras 
Gipsita 
Dolomita 
Calcário 
7 
Porosa, contém fragmentos de plantas 
Mais compacta que a anterior, preta 
Cor preta brilhante 
Turfa 
Linhito 
7a 
7a 
Duro, brilhante, não suja as mãos 
Quebradiço, cor preta, quebra em superfícies planas 
Cor opaca, parte-se em folhas 
Antracito 
Carvão 
Folhelho betuminoso 
8 Possui planos de clivagem ou estrutura esfoleada Rocha cristalina sem clivagem ou esfoliação; aspecto vítreo 
9 Metamórfica 
10 Ígnea 
9 Grão fino, semelhante a folhelhomas com
forte clivagem Esfoliação bem definida 
9a Ardósia 
9b 
9a Superfície de clivagem suave Brilho sedoso, argenteo, devido a mica 
Ardósia 
Filito 
9b Esfoliação fina e contínua Bandeamento de cristais claros e escuros 
9c Xisto 
Gnaisses 
9c Rocha branda, esfoliação suave e brilho sedoso Esfoliação ondulada 
Filito 
Xisto 
10 
Rocha de granulação grossa, cristais de mais de um mineral, bem visíveis 
Rocha de granulação fina, cristais visíveis com lente 
Rocha vítrea ou de granulação muito fina ou de cristais grandes em matriz fina e vítrea 
10a 
10b 
10c 
10a 
Rosa, cinza ou esbranquiçada, contém feldspato, quartzo, mica e outros minerais 
Rosa, marrom ou verde escua, semelhante ao granito, sem mica 
Grãos muito grandes, semelhante ao granito, ocorre em veios dentro de outras rochas 
Granito 
Diorito 
Pegmatito 
10b Cores fracas Preto, vermelho ferrugem nas faces intemperizadas;cristais insipientes 
Microgranito 
Diabásio 
10c 
Cristais grandes de quartzo ou feldspato em matriz fina 
Cinzenta, rosada ou branca 
Preto, cinza escuro, avermelhado, pode conter cavidades, preenchidas ou não por cristais 
Vítrea com aparência resinóide 
Porfirito 
Riolito 
Basalto 
Vidro vulcânico 
 
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Exercício Complementar Nº2 
1. Monte as figuras a seguir identificando as estruturas formadas. 
 
 
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20 
. 
INTEMPERISMO E FORMAÇÃO DOS SOLOS 
 
Generalidades 
Os solos são de grande importância para o homem, 
pois servem para a obtenção dos produtos agrícolas 
essenciais para a sua existência. Além do solo, os 
processos intempéricos que atuam para a sua 
formação trazem também outros benefícios como: a 
concentração de minerais úteis, através da 
acumulação destes em determinados locais. 
Assim, até mesmo as rochas mais resistentes da 
crosta, quando expostas por muito tempo à ação do 
intemperismo, chega a desfazer-se ao mais leve 
esforço. 
O intemperismo difere da erosão por ser um 
fenômeno de alteração das rochas, executado por 
agentes exclusivamente imóveis, enquanto a erosão 
ocorre por remoção e transporte dos materiais por 
meio dos agentes móveis como a água, o vento, o 
gelo, etc. 
Como produto final do intemperismo, temos o que se 
chama regolito, ou manto de decomposição, que 
recobre a rocha inalterada, e sua espessura varia de 
alguns centímetros até dezenas de metros. 
Portanto, solo é todo o manto de intemperismo sobre 
a rocha em vias de alteração, onde os processos 
físicos e químicos cooperam em íntima associação 
com os processos biológicos. 
 
Tipos de Intemperismo 
• Intemperismo Físico 
a. Ação pela variação da temperatura 
Nas regiões áridas, em virtude da absorção do calor 
dos raios solares durante o dia, a temperatura das 
rochas chegam a alcançar 60o a 70oC, enquanto que 
a temperatura está entre os 35oC. À noite a 
temperatura ambiente em muitos casos pode cair até 
próximo a zero. Essas variações de temperatura, 
repetidas seguidamente por mais tempo, afetam as 
rochas que tem seus minerais, ora em estado de 
expansão ora em estado de contração. Esses 
fenômenos causam nas rochas pequenas fraturas 
que vão se alargando com o tempo e acabam por 
desintegrar as rochas. 
b. Por congelamento da água 
Ocorre normalmente em climas frios, onde o 
congelamento da água existente nos poros da rocha 
faz com que esta aumente sua pressão e 
consequentemente desagregue a rocha. 
c. Pela cristalização de sais 
Ocorre principalmente em regiões áridas, semi-
áridas, e litorâneas. Nas primeiras pela insuficiência 
de chuvas para remoção dos sais solúveis e no litoral 
pela presença de água marinha. Estes sais vão se 
precipitando e a cristalização nas fendas das rochas 
tendem a aumentá-las devido ao esforço do 
crescimento dos cristais. 
d. Pela ação Físico-biológica 
Atua por intermédio das plantas e dos animais que 
também desempenham importante papel na 
desagregação das rochas. 
 
 
• Intemperismo Químico 
É o intemperismo responsável pela decomposição da 
rocha em maior profundidade. 
a. Decomposição por Oxidação 
Os minerais se decompõe pela ação oxidante do O2 
e do CO2 dissolvidos na água. 
b. Decomposição por Hidratação 
Consiste na combinação química da água com 
determinados minerais formando novos minerais, 
aumentando de volume, tensionando-se 
mutuamente, diminuindo a coesão e causando a 
desintegração das rochas e posterior decomposição. 
c. Decomposição por Hidrólise 
A hidrólise é o mais importante agente químico, 
conseqüência da dissolução parcial da água em íons 
hidrogênio e hidroxila. 
d. Decomposição pelo Ácido Carbônico 
Parte do CO2 encontrado na natureza é dissolvido 
pelas chuvas, dando origem ao ácido carbônico, 
atuando principalmente sobre os feldspatos e os 
calcários. 
• Decomposição pela Ação Químico-biológica 
Os organismos vivos atuam mecânica e 
quimicamente sobre as rochas. 
 
Fatores que influem na formação dos solos 
• Clima 
Rochas iguais em climas diferentes originam solos 
diferentes. Rochas diferentes em climas iguais 
originam solos iguais ou pelo menos similares. 
• Cobertura vegetal 
Atua física e quimicamente, desagregando e 
decompondo a rocha. 
 
Topografia 
De acordo com a topografia teremos o solo que se 
mantém sobre as rochas, protegendo-as contra o 
intemperismo ou caso contrário não teremos solo, 
pois ele é removido constantemente pelas 
enxurradas, ou por efeito direto da gravidade. 
 
Tipo de Rocha 
Quando as rochas são monominerálicas, ou os 
minerais são muito resistentes, há a formação de um 
só tipo de solo. 
 
Tempo de atuação 
Quanto maior o tempo de exposição da rocha ao 
intemperismo, melhor o desenvolvimento do solo. 
 
Tipos de Solos 
• Solos in situ ou residuais 
Os solos formados a partir da decomposição das 
rochas pelo intemperismo, seja químico, seja físico, 
ou combinação de ambos, e que permanecem no 
local onde foram formados, sem sofrer qualquer tipo 
de transporte, são denominados solos residuais. A 
natureza destes solos, ou seja, sua composição 
mineralógica e granulométrica, estrutura e 
espessura, dependem do clima, relevo, tempo e tipo 
de rocha de origem. Assim, em regiões de clima 
tropical, como na maior parte do Brasil, o manto de 
solo residual, formado pela decomposição das 
3
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21 
rochas com predomínio de intemperismo químico, 
apresenta, quase sempre, espessura da ordem de 
dezenas de metros, enquanto que, em regiões com 
predomínio de clima temperado, este manto tem 
espessura normalmente da ordem de poucos metros. 
A natureza e a espessura do manto de intemperismo 
de solos residuais têm grande importância na 
Geologia de Engenharia. Mantos de solos residuais 
muito espessos podem, por exemplo, impossibilitar a 
fundação de obras hidráulicas de concreto sobre o 
maciço de rocha sã, que se encontra a grandes 
profundidades, obrigando que estas fiquem apoiadas 
em solos residuais. 
 
• Solos transportados 
Os solos transportados são os que
sofreram 
transporte por agentes geológicos do local onde se 
originaram até o local onde foram depositados, não 
tendo ainda sofrido consolidação. Assim como os 
solos residuais, a maioria dos solos transportados, 
inconsolidados, se formaram a partir do Cenozóico, 
podendo estar, ainda, em processo de formação. 
Os solos transportados têm grande importância em 
Geologia de Engenharia. Apenas para citar alguns 
exemplos, estes podem ser excelentes fontes de 
materiais naturais de construção. Entretanto, podem 
constituir fundações problemáticas para muitas obras 
de engenharia e, em certos casos, causar problemas 
de estabilidade de taludes de corte e encostas 
naturais. 
a. Aluviões 
Os aluviões são constituídos por materiais erodidos, 
retrabalhados e transportados pelos cursos d'água e 
depositados nos seus leitos e margens. São também 
depositados nos fundos e nas margens de lagoas e 
lagos, sempre associados a ambientes fluviais. 
Variações na natureza dos materiais e na 
capacidade de transporte dos cursos d'água 
refletem-se na formação de camadas com 
características distintas. Cada camada representa 
uma fase de deposição e, conseqüentemente, tem 
espessura continuidade lateral, mineralogia e 
granulometria particulares. Conseqüentemente, o 
pacote aluvionar e altamente heterogêneo. 
Entretanto, as camadas isoladas podem apresentar-
se muito homogêneas. 
b. Terraços fluviais 
Os terraços fluviais são aluviões antigos, 
depositados quando o nível do curso d'água 
encontrava-se em posição superior à atual. Em 
conseqüência, os terraços são sempre encontrados 
em cotas mais altas do que os aluviões. 
Esta condição topográfica introduz uma importante 
diferença entre os aluviões e os terraços já que, 
estes últimos, em geral, não são saturados. Os 
terraços se distinguem, ainda, por se apresentarem, 
quase sempre, constituídos por areia grossa e 
cascalho. 
c. Coluviões 
Os coluviões são depósitos de materiais 
inconsolidados, normalmente encontrados 
recobrindo encostas íngremes, formados pela ação 
da água e principalmente da gravidade. Estes 
coluviões constituem depósitos pouco espessos (0,5 
a 1,0 m), compostos por misturas de solo e blocos de 
rocha pequenos (15-20 cm), sendo normalmente 
encontrados recobrindo encostas de serras, como a 
Serra do Mar. Estes materiais têm como 
característica importante sua baixa resistência ao 
cisalhamento, podendo apresentar movimentos 
lentos, como o rastejo {creep) e sendo, 
frequentemente, envolvidos pela maioria dos 
escorregamentos das encostas destas regiões. 
Entretanto, têm sido considerados como solos 
coluvionares os solos que recobrem divisores de 
água de regiões planas. Estes solos são compostos 
predominantemente por materiais bastante 
homogêneos, com granulometria mais fina, tais como 
areias argilosas e argilas arenosas, que ocorrem, em 
geral, em regiões de relevo plano recobrindo 
espigões. Sua espessura é bastante variável, de 
apenas 0,5 m até 15-20 m. Uma das características 
importantes destes solos é apresentar, 
frequentemente, estrutura porosa, baixos valores de 
SPT (l a 6 golpes) e colapso da estrutura, quando 
submetidos à saturação e ao carregamento. 
A questão deste solo ser transportado ou residual 
merece ser avaliada em cada local, evitando-se 
generalizações e também o uso sistemático da 
interpretação da ocorrência de linhas de seixos, ou 
linhas de pedras, como indício inquestionável de 
transporte, já que outros mecanismos, como os 
pedogenéticos, especialmente a ação biológica, 
podem explicar a gênese residual. 
d. Tálus 
Tálus são depósitos formados pela ação da água e, 
principalmente, da gravidade, compostos 
predominantemente por blocos de rocha de variados 
tamanhos, cm geral, arredondados, envolvidos ou 
não por matriz areno-silto-argilosa, frequentemente 
saturada. Estes depósitos podem ter variadas 
dimensões, ocorrendo, ao contrário dos coluviões, de 
forma localizada, com morfologia própria, ocupando 
os sopés das encostas de relevos acidentados como 
serras, escarpas, etc. Os tálus também podem 
apresentar movimentos como o rastejo, que podem 
se acelerar caso tenham seu frágil equilíbrio 
alterado, como, por exemplo, por um talude de corte. 
Em vista disto são depósitos quase sempre 
problemáticos e de difícil contenção quando 
instáveis. 
e. Sedimentos marinhos 
Os sedimentos marinhos são produzidos cm 
ambientes de praia e de manguezal. Em regiões 
tropicais, ao longo das praias, a deposição é, 
essencialmente, de areias limpas, finas a médias, 
quartzosas. Nos manguezais, as marés transportam 
apenas os sedimentos muito finos e argilosos, que 
se depositam incorporando matéria orgânica, dando 
origem às argilas orgânicas marinhas. 
A linha de praia sofre tanto deslocamentos 
horizontais, devido aos processos de erosão e 
deposição a que está submetida, como variações 
verticais pronunciadas, decorrentes de oscilações do 
nível do mar. Numa regressão marinha, os 
sedimentos previamente depositados são esculpidos 
pela erosão e, quando o mar volta a invadir a 
planície costeira, novos sedimentos são depositados 
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22 
ao lado dos antigos. Em conseqüência, camadas 
arenosas interdigitam-se com camadas de argila 
orgânica, resultando num pacote com camadas 
diferentemente adensadas devido às origens e 
idades distintas. 
 
f. Solos eólicos 
No Brasil, os solos de origem eólica, transportados e 
depositados pela ação do vento, ocorrem junto à 
costa, principalmente nas regiões Nordeste, Sudeste 
c Sul. São constituídos por areia fina quartzosa, bem 
arredondada, ocorrendo na forma de franjas de 
dunas, margeando a costa ou, quando os ventos são 
mais intensos, como na costa do Maranhão, na 
forma de campos de dunas. 
 
 
 
 
 
Figura 3.1.- Seção esquemática com diversos tipos de solo. 
 
Utilização da classificação geológica em 
Geologia de Engenharia 
A utilização da classificação geológica em Geologia 
de Engenharia é fundamental, pois sem esta, não é 
possível estabelecer a correlação entre os diversos 
horizontes ou camadas de solos que ocorrem em 
uma determinada região. No entanto, como a 
classificação geológica não fornece as propriedades 
mecânicas e hidráulicas dos solos, há necessidade 
de utilizar em conjunto, quando pertinente, 
classificações gcotécnicas de modo a poder agrupar 
os diversos estratos, considerando também as 
propriedades geotécnicas de interesse ao projeto. 
 
Classificação Pedológica 
Usualmente, a Pedologia, concentra o seu interesse 
na parte mais superficial do perfil do subsolo, onde é 
mais evidente a atuação de fatores pedogenéticos, 
diferenciando este perfil em horizontes denominados 
A, B e C. Destes, os dois primeiros horizontes são, 
em geral, mais estudados. 
Vale lembrar que, segundo a Pedologia, não há 
solos que não se desenvolvam in situ, embora este 
desenvolvimento (pedogênese) possa se dar em 
materiais transportados. 
A utilização da classificação pedológica em Geologia 
de Engenharia tem grande importância pela riqueza 
de conteúdo e de informações, que podem ser 
obtidas através de sua interpretação. 
 
Perfis de alteração 
Deere e Patton (1971) definem perfil de alteração 
como a seqüência de camadas com diferentes 
propriedades físicas, formadas in situ por processos 
de alteração física e química, e que permanecem 
recobrindo o maciço rochoso. A terminologia para 
perfis de alteração proposta por estes autores tem 
sido uma das mais utilizadas. Pastore (1995) propôs 
uma padronização da terminologia para descrição de 
perfis de alteração que tem por objetivo padronizar 
as descrições de sondagens, escavações e 
afloramentos, no âmbito da Geologia de Engenharia, 
caracteriza sete horizontes num perfil de alteração 
completo. 
As denominações
e características dos horizontes, 
de acordo com Pastore (1995), são descritas a 
seguir. 
 
Horizonte de solo orgânico (I) - Está presente em 
praticamente todos os perfis, geralmente com 
pequena espessura. É composto por areia, silte e 
argila, em diferentes proporções, mas sempre 
contendo quantidade apreciável de matéria orgânica 
decomposta. Corresponde ao horizonte A 
pedológico. 
 
Horizonte laterítico (II) - Pode ser formado tanto por 
solo residual, isto é, por solo que não sofreu 
transporte por um agente geológico, como por solos 
transportados, tais como solos aluvionares, coluviões 
e tálus, estando sempre afetado por processos de 
evolução pedológica, como a laterização. 
Em depósitos de tálus antigos estes processos 
afetam a matriz de solo que envolve os blocos de 
rocha e matacões. A curva granulométrica deste 
horizonte, assim como sua espessura, é muito 
variável, dependendo da sua posição no relevo e da 
rocha de origem. Não apresenta estruturas típicas da 
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23 
rocha de origem, mas estruturas identificáveis pela 
Pedologia. Este horizonte apresenta, ainda, as 
seguintes características: 
 - corresponde ao horizonte B pedológico; 
 - contém quartzo, argilas essencialmente cauliníticas 
e óxidos de ferro e alumínio hidratados, que formam 
agregados instáveis em estruturas porosas; 
 - as suas cores predominantes são as de tons 
avermelhados e amarelados. 
 
Horizonte de solo saprolítico (III) - É composto por 
solo residual cuja principal característica é 
apresentar a estrutura reliquiar da rocha de origem, 
podendo conter até 10% de blocos de rocha. Além 
da estrutura da rocha, descontinuidades do maciço 
rochoso, tais como falhas, fraturas e juntas 
encontram-se da mesma forma preservadas na 
forma reliquiar. A espessura e composição 
granulométrica deste horizonte são também muito 
variáveis, dependendo de sua posição no relevo e da 
rocha de origem. As composições granulométricas 
mais comuns são areias siltosas pouco argilosas e 
siltes arenosos pouco argilosos. Os minerais mais 
comumente encontrados neste horizonte são o 
quartzo, a caolmita e a mica. São ainda requisitos 
deste horizonte: 
 - cores predominantemente com tonalidades branca, 
creme, roxo e amarelo-claro; 
 - é solo no conceito geotécnico; 
 - mostra claramente as feições estruturais da rocha 
de origem sendo solo autenticamente residual. 
 
Horizonte saprolítico ou saprolito (IV) - É, na 
realidade uma transição entre o maciço de solo e o 
maciço rochoso. É composto basicamente por blocos 
ou camadas de rocha em vários estágios de 
alteração, com dimensões variáveis, envolvidos por 
solo saprolítico. O solo tende a se desenvolver ao 
longo de descontinuidades remanescentes do 
maciço rochoso, onde a percolação da água é mais 
facilitada, e em zonas de rochas mais sensíveis à 
alteração. A quantidade de blocos presente neste 
horizonte é muito variável, de 10 a 90%, fazendo 
com que o horizonte saprolítico apresente um 
comportamento geotécnico extremamente variável. A 
espessura é bastante irregular, sendo comum 
grandes variações e mesmo ausência da camada em 
certos trechos do maciço. Este horizonte tem sido a 
causa de muitos problemas em obras civis, devido às 
dificuldades para identificá-lo com a necessária 
precisão, nas etapas de investigação, além de ser 
comum apresentar elevada permeabilidade e 
dificuldades de escavação. 
 
Horizonte de rocha muito alterada (V) - 
Caracteriza o topo do maciço rochoso, sendo a rocha 
geralmente composta por minerais em adiantado 
estágio de alteração, sem brilho e com resistência 
reduzida quando comparada à rocha sã. A alteração 
da rocha é frequentemente mais intensa ao longo de 
juntas e fraturas do maciço. 
 
Horizonte de rocha alterada (VI) – A rocha 
apresenta minerais descoloridos, sendo mais 
pronunciado ao longo de juntas e fraturas. A 
resistência da rocha é bem maior do que a do 
horizonte de rocha muito alterada. 
 
Horizonte de rocha sã (VII) – É composto por rocha 
predominantemente sã, cujos minerais apresentam-
se com brilho, sem sinais evidentes de alteração, 
podendo haver, indícios do início desta ao longo de 
juntas e fraturas.
 
 
 
Figura 3.2 - Perfil de alteração típico de rochas graníticas e metamórficas. 
 
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24 
 
 
Tabela 1 - Propriedades dos solos – G (gravel) S(sand) C(clay) M(mo) O(organic) PT(peat) W(well) P(poor) L(low) h(high) 
 
 
 
Exercício Complementar – Nº 3 
1) Elabore um conceito de intemperismo. 
2) Diferencie intemperismo de erosão. 
3) Como podemos relacionar a alteração de rochas 
graníticas e rochas basálticas? 
4) Apresente 03 exemplos de intemperismo, já 
presenciados por você. 
5) Diferencie tipos de solos e apresente exemplos 
locais. 
6) Qual o comportamento de um solo granítico e 
outro basáltico frente a seu uso como material de 
construção, permeabilidade, compressibilidade e 
drenagem. 
7) Cite exemplos de rochas e solos resultantes do 
seu intemperismo. 
8) Na Praia do Santinho, em Florianópolis, Ilha de 
Santa Catarina, diversas inscrições rupestres em 
rochas basálticas (diques de diabásio),estão 
sofrendo intenso processo de intemperização. 
Comente quais os possíveis tipos de intemperismo 
ali encontrados, sabendo-se que tais inscrições 
estão próximas ao mar. 
 
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25 
MOVIMENTOS SUPERFICIAIS DA CROSTA 
 
Generalidades 
O termo deslocamento significa troca de posição 
vertical, horizontal ou oblíqua de certas seções da 
crosta terrestre, excluindo-se as falhas e dobras 
como tal, dando mais significado aos processos que 
devem sua origem ao peso das grandes massas de 
terra e de rocha, a influência da água subterrânea e 
superficial e a outros fatores que não dependem, ou 
dependem ligeiramente, do peso das estruturas 
sustentadas por estas massas ou relacionadas com 
estas. Este grupo de deslocamentos constitui 
desprendimentos ou deslizamentos, 
escorregamentos ou fluxões de massas de terras e 
rebaixamentos de certas áreas. 
O termo assentamento relaciona-se com 
deslocamentos verticais da mesma estrutura sob a 
ação de peso, só ou em combinação com outras 
forças. 
Os desprendimentos de terra ocorrem em terrenos 
inclinados em todas as classes de materiais de solo, 
solo-rocha e rocha. Geralmente um desprendimento 
pode definir-se como um movimento em direção à 
jusante ou em direção à lateral de uma parte do solo 
ou uma massa de solo-rocha, normalmente dito por 
cunha, com respeito aquela parte situada no local. 
Correntemente a separação inicia-se em algum 
ponto débil, por exemplo, gretas no mesmo talude ou 
em superfície do terreno adjacente e se compõe 
primeiro de movimentos mais ou menos lentos ao 
longo da superfície de deslocamento seguidos por 
um movimento mais rápido que a parte separada. 
Os desprendimentos mostram em geral, uma 
topografia característica. Há uma área típica próxima 
do extremo superior do desprendimento do qual foi 
escavado e levado o material e uma área de 
deposição próximo do extremo inferior do 
deslocamento. A superfície de deslizamento está 
limitada por uma greta contínua de perímetro 
comumente bem definido. 
Se ocorrer o desprendimento de um talude que se 
parece a um plano uniforme, a greta que limita a 
superfície de deslocamento se parecerá com uma 
curva parabólica uniforme. 
O estudo dos desprendimentos leva a conclusão de 
que suas características em uma dada região 
dependem da geologia, topografia e clima. Por isso, 
deverá ter-se em conta o conceito regional na 
classificação dos deslocamentos de terra. Segundo 
estes conceitos,

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