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Finanças públicas e desenvolvimento Vimos a importância do Estado no estímulo ao crescimento econômico e na promoção do desenvolvimento. Na realidade, observando os processos de desenvolvimento nas principais economias atuais, como o Japão, a Alemanha, a França, a própria Inglaterra, berço da Revolução Industrial, e os Estados Unidos, verificamos que, em diversos momentos, principalmente no início dos seus respectivos processos de industrialização, o Estado desempenhou um papel crucial. Mas as doutrinas econômicas não são unânimes em definir um tamanho para o Estado, em relação ao setor privado, nem no grau de intervenção na economia. Observando-se a história, vemos que ora se propõe um Estado intervencionista, como ocorreu a partir da crise de 1929 - e, recentemente, em 2008 -, ora exatamente com o mesmo objetivo de estimular a atividade econômica, um Estado mínimo, restrito a algumas poucas atividades por excelência de natureza estatal, como foi proposto e feito a partir da década de 1980 até bem recentemente. A discussão não é simples, pois ambos os lados dessa discussão reconhecem que há limites ao tamanho do Estado e ao mesmo tempo necessidade de sua atuação para o desenvolvimento da sociedade. Trata- se de definir qual é esse tamanho do Estado e qual é o grau dessa intervenção. Pragmaticamente, os Governos respondem da melhor forma possível aos desafios impostos pela conjuntura, combinando os instrumentos de política econômica que adequem os anseios da sociedade e as condições do ambiente internacional. O que chamamos de “anseios da sociedade”, no entanto, não é algo de fácil definição e apreensão. Quando usamos a expressão, nos referimos a um complexo jogo político em que os diversos setores da sociedade, entendendo-os nas suas dimensões econômicas e sociais, disputam a influência sobre o Estado. Desde o processo eleitoral até o processo de elaboração e execução orçamentária, é subjacente à discussão sobre a distribuição dos recursos o papel do Estado na promoção do desenvolvimento econômico e social. Talvez seja fácil percebermos isso, em um nível bem imediato, quando examinamos todos os matizes de natureza ideológica que perpassam a discussão em torno do programa bolsa família, por exemplo. A discussão, contudo, é bem mais ampla, tanto pelos resultados de longo prazo implícitos, como pela influência das configurações do cenário internacional, na medida em que as economias estão cada vez mais interdependentes. As decisões tomadas pelas maiores economias têm forte influência sobre os países menos desenvolvidos e a condução do sistema político e econômico mundial, arranjados nos subsistemas de comércio, de pagamentos, entre outros, exerce forte influência sobre as economias locais. Por exemplo, o chamado consenso de Washington, uma doutrina que estabelecia uma série de mediadas de caráter liberal para o ajuste macroeconômico, foi adotado pelo FMI e influenciou a condução das políticas econômicas de muitos países, promovendo o enxugamento da administração pública, a partir dos anos 1990. Após a crise de 2008, essa doutrina perdeu sua força, considerando a necessária intervenção do Estado para minorar os efeitos da crise que se estabeleceram. Sobre esse pano de fundo, iremos estudar nesta e nas aulas seguintes, aspectos da ação do Estado na promoção do desenvolvimento e, de uma perspectiva histórica, a ação do Estado brasileiro na promoção do desenvolvimento nacional. 1
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