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Slide Introdução geral à teoria da literatura (1)

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INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL 
DA LITERATURA
UNIDADE I 
O QUE É LITERATURA
a) Conjunto da produção literária de uma época – literatura do século XVIII, literatura victoriana -, ou de uma região – pense-se na famosa distinção de Mme. de Staël entre "literatura do norte" e "literatura do sul", etc. Trata-se de uma particularização do sentido que a palavra apresenta na obra de Lessing (Briefe die Literatur betreffend).
b) Conjunto de obras que se particularizam e ganham feição especial quer pela sua origem, quer pela sua temática ou pela sua intenção: literatura feminina, literatura de terror, literatura revolucionária, literatura de evasão, etc. 
c) Bibliografia existente acerca de um determinado assunto. Ex:"Sobre o barroco existe uma literatura abundante... Este sentido é próprio da língua alemã, donde transitou para outras 
d) Retórica, expressão artificial.
O QUE É LITERATURA
e) Por elipse, emprega-se simplesmente "literatura" em vez de história da literatura.
f) Por metonímia, "literatura" significa também manual de história da literatura.
g) "Literatura" pode significar ainda conhecimento organizado do fenômeno literário. Trata-se de um sentido caracteristicamente universitário da palavra e manifesta-se em expressões como literatura comparada, literatura geral, etc.
h) O poeta moderno norte-americano Ezra Pound define literatura deste modo: “Literatura é linguagem carregada de significado. Grande
 Literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”.
Os gêneros literários nas poéticas de Platão e Aristóteles
Segundo Platão, todos os textos literários ("tudo quanto dizem os prosadores e poetas) são "uma narrativa de acontecimentos passados, presentes e futuros". 
Na categoria global da diegese, distingue Platão três modalidades: a simples narrativa, a imitação ou mímese e uma modalidade mista, conformada pela associação das duas anteriores modalidades. A simples narrativa, ou narrativa estreme, ocorre quando «é o próprio poeta que fala e não tenta voltar o nosso pensamento para outro lado, como se fosse outra pessoa que dissesse, e não ele»; a imitação, ou mímese, verifica-se quando o poeta como que se oculta e fala «como se fosse outra pessoa», procurando assemelhar «o mais possível o seu estilo ao da pessoa cuja fala anunciou», sem intromissão de um discurso explícita e formalmente sustentado pelo próprio poeta.
Os gêneros literários nas poéticas de Platão e Aristóteles
Segundo Aristóteles, a matriz e o fundamento da poesia consistem na imitação: «Parece haver, em geral, duas causas, e duas causas naturais, na gênese da Poesia. Uma é que imitar é uma qualidade congênita nos homens, desde a infância (e nisso diferem dos outros animais, em serem os mais dados à imitação e em adquirirem, por meio dela, os seus primeiros conhecimentos); a outra, que todos apreciam as imitações.» (Aristóteles, 2000. p. 25).
A mímese poética, que não é uma literal e passiva cópia da realidade, uma vez que apreende o geral presente nos seres e nos eventos particulares - e, por isso mesmo, a poesia se aparenta com a filosofia -, incide sobre «os homens em ação», sobre os seus caracteres (ethe), as suas paixões (pathe) e as suas ações (praxeis).
Os gêneros literários 
Quanto à forma, o texto pode apresentar-se em prosa ou em verso. Quanto ao conteúdo, estrutura, e segundo os clássicos, conforme a "maneira de imitação", podemos enquadrar as obras literárias em três gêneros: lírico, dramático e épico. 
O gênero lírico
O lírico acontece quando um "eu" nos passa uma emoção, um estado; centra-se no mundo interior do poeta apresentando forte carga subjetiva. A subjetividade surge, assim, como característica marcante do lírico. O poeta posiciona-se em face dos "mistérios da vida". A lírica já foi definida como a expressão da "primeira pessoa do singular do tempo presente". 
A Musicalidade - Um dos fenômenos mais típicos da composição lírica é a musicalidade da linguagem, obtida através de uma elaboração especial do ritmo e dos meios sonoros da língua, a rima, a assonância ou a aliteração.
O gênero dramático
Quando os "atores, num espaço especial, apresentam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento". Retrata, fundamentalmente, os conflitos humanos, aliterativa dos fonemas congêneres.
O gênero dramático, na Grécia Antiga, desenvolveu-se por meio de duas modalidades: a tragédia e a comédia.
Aristóteles (2000) observa, na Poética, que o termo drama (do grego drân: agir) faz referência ao fato de, nesses textos, as pessoas serem representadas “em ação”. Ao identificar o drama como um dos gêneros literários, Aristóteles considerou uma característica importante desses textos: eram feitos para serem representados, dramatizados.
A tragédia - Aristóteles (2000) estabelece, na Poética, que as tragédias desenvolvem certos temas, como as paixões humanas e os conflitos por elas desencadeados, e apresentam personagens nobres e heroicas (deuses, semideuses ou membros da aristocracia). Também esclarece que o objetivo da encenação de uma tragédia é desencadear, no público, de terror ou piedade. A “purificação” de sentimentos da plateia, provocada por essa experiência estética, recebeu o nome de catarse.
A comédia - A origem da comédia é a mesma da tragédia: os festivais realizados em honra a Dionísio. Enquanto a tragédia desenvolve temas sérios, apoiados na ação mitológica, e as personagens são deuses e semideuses, a comédia se caracteriza por sua leveza e alegria, aborda episódios cotidianos e as personagens são seres humanos e reais.
O gênero épico
Quando temos uma narrativa de fundo histórico; são os feitos heroicos e os grandes ideais de um povo o tema das epopeias. O narrador mantém um distanciamento em relação aos acontecimentos (esse distanciamento é reforçado, naturalmente, pelo aspecto temporal: (os fatos narrados situam-se no passado). 
Temos um poeta- observador voltado, portanto, para o mundo exterior, tornando a narrativa objetiva. A objetividade é característica marcante do gênero épico. A épica já foi definida como a poesia da "terceira pessoa do tempo passado".
O gênero narrativo é visto como uma variante do gênero épico, enquadrando, neste caso, as narrativas em prosa. Dependendo da estrutura, da forma e da extensão, as principais manifestações narrativas são o romance, a novela e o conto. Em qualquer das três modalidades acima, temos representações da vida comum, de um mundo mais individualizado e particularizado. 
As narrativas em prosa, que conheceram um notável desenvolvimento desde o final do século XVIII, são também comumente chamadas de narrativas de ficção: Romance, Conto, Crônica, Novela, Fábula, Apólogo, Parábola, Ensaio, Crítica e outros.
UNIDADE II 
LITERATURA E A PRESENÇA DA MULHER NO ESPAÇO DOS DISCURSOS
Falar sobre a instituição 'literatura' e a presença da mulher no espaço dos discursos e saberes é, pois, um ato político, pois remete às relações de poder inscritos nas práticas sociais e discursivas de uma cultura que se imaginou e se construiu a partir do ponto de vista normativo masculino, projetando o seu outro na imagem negativa do feminino. 
LITERATURA E A PRESENÇA DA MULHER NO ESPAÇO DOS DISCURSOS
As construções socioculturais de gênero – masculino e feminino -, nas quais os sujeitos se inscrevem, não apenas pela diferença sexual, mas principalmente, pela socialização através de códigos linguísticos e representações culturais, que traduzem ideologicamente a diferença como divisão e hierarquia, são categorias fundantes da nossa produção cultural, pois constituem um sistema simbólico de representação binária cuja característica é a produção de assimetria.
LITERATURA E A PRESENÇA DA MULHER NO ESPAÇO DOS DISCURSOS
Em oposições que se desdobram em sujeito/ objeto, mente/corpo, cultura/natureza, inteligência/sensibilidade, razão/ emoção, fica evidente a construção de um pólo positivo associado à autoridade do logos, onde o ser constitui-se como presença, e de um polo negativo, marcado pela não presença do ser. Essas
oposições embasam a construção de gênero em nossa sociedade, codificando a imagem da mulher como um ser “natural” e, portanto, inferior, e a imagem do homem como sujeito racional, consciente e universal.
Literatura e Cinema
A partir do surgimento do cinema, em finais do século XIX, algumas possibilidades se criaram para as relações intersemióticas entre a literatura e o cinema, com ênfase, num primeiro momento, em adaptações de textos para a tela. Na contemporaneidade, as relações entre as duas linguagens tornaram-se um campo de produção cada vez mais fecundo, e as relações ultrapassaram as adaptações, sem, portanto, deixar de fazê-las, mas situando-as no plano da tradução de um sistema de signos para outro.
Literatura e Cinema
A relação entre literatura e cinema está, pois, efetivamente contemplada pelo ensino contemporâneo e deve ser abordada tanto sob o aspecto da intertextualidade e do diálogo intersemiótico quanto na constituição de um campo de saber muito próprio e particular na medida em que o conhecimento é alcançado unindo razão e sensibilidade.
HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA
A periodização da Literatura Brasileira é tema sempre polêmico, sugestivo e atual para a história literária. Dificilmente se encontra consenso entre críticos e historiadores literários, quando se levanta a problemática periodológica na Literatura Brasileira. Em torno da questão, tem-se procurado solução simplista como a tentativa de reduzir a periodização a um esquema cronológico, se pela via tradicional, ou a um esquema de estilos de época, na perspectiva estilística.
HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA
Outro critério usado na periodização da história literária é o da divisão puramente cronológica, que considera séculos e décadas. Este critério geralmente não é usado com exclusividade, mas para classificar uma parte da história literária.
PERÍODOS LITERÁRIOS
Duas eras – A literatura brasileira tem sua história dividida em duas grandes eras, que acompanham a evolução política e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um período de transição, que corresponde à emancipação política do Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias ou estilos de época.
PERÍODOS LITERÁRIOS
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do descobrimento, a 1601), o Barroco (de 1601 a 1768), o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808 a 1836). 
A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de 1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a 1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí, o que está em estudo é a contemporaneidade da literatura brasileira.
Quinhentismo
Esta expressão é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, correspondendo à introdução da cultura europeia em terras brasileiras. Não se pode ter uma literatura “do” Brasil como característica do país naquele período, mas sim em literatura “no” Brasil – uma literatura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções do homem europeu.
O Barroco
O termo barroco denomina todas as manifestações artísticas dos anos de 1600 e início dos anos de 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época. Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório de Matos Guerra, poeta baiano que cultivou com a mesma beleza tanto o estilo cultista quanto o conceptista (o cultismo é marcado pela linguagem rebuscada, extravagante, enquanto o conceptismo caracteriza-se pelo jogo de ideias, de conceitos. O primeiro valoriza o pormenor, enquanto o segundo segue um esquema lógico, racionalista).
O Arcadismo
O Arcadismo no Brasil começa no ano de 1768, com dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação de “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa. A escola setecentista, por sinal, desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que, com suas medidas político-administrativas, permite a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil. Suas características no país seguem a linha europeia: a volta aos moldes da Antiguidade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril; o fingimento poético e o uso de pseudônimos
O Romantismo
O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França a Niterói - Revista Brasiliense, e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado Suspiros poéticos e saudades. 
O Romantismo apresenta uma característica inusitada: revela nitidamente uma evolução no comportamento dos autores românticos. A comparação entre os primeiros e os últimos representantes dessa escola mostra traços peculiares a cada fase, mas discrepantes entre si. No caso brasileiro, por exemplo, há uma distância considerável entre a poesia de Gonçalves Dia e a de Castro Alves. Daí a necessidade de se dividir o Romantismo em fases ou gerações. No romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações: geração nacionalista ou indianista; geração do "mal do século" e a "geração condoreira".
O Realismo
O Realismo reflete as profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da segunda metade do século XIX. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade; ao mesmo tempo, o avanço científico leva a novas descobertas nos campos da física e da química. O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais, aumentando a massa operária urbana, e formando uma população marginalizada. Raul Pompéia, Machado de Assis e Aluísio Azevedo transformaram-se nos principais representantes da escola realista no Brasil.
O cânone literário
O cânone de uma literatura nacional é o conjunto dos seus textos consagrados, considerados clássicos e ensinados em todas as escolas do país. Segundo Flávio Kothe (1997, p. 108), o termo “cânone” tem origem religiosa e não é empregado por alusão gratuita, mas porque conota a natureza “sagrada” atribuída a certos textos e autores, que assumem o caráter paradigmático e são considerados píncaros do “espírito nacional” e recolhidos num “panteão de imortais”.
O cânone literário
O cânone é formado por textos elevados à categoria de discurso, no sentido de que nele se tem a palavra institucionalizada pelo poder. O cânone não pretende ser uma estrutura, mas ser simplesmente a condensação dos textos selecionados da tradição e pela tradição, por causa da sua qualidade artística superior, no dizer de Kothe (1997). O fundamento de sua poética é, no entanto, política. 
UNIDADE III
COMPREENSÃO E CONCEITUAÇÃO DO POEMA
O poema nos convida ao desvelamento da sua condição criadora, do seu modo singular de manifestação da palavra. Um dado de extrema importância a ser observado baseia-se no fato de que o poema é, em larga medida, um produto estético, a configuração de uma arte, sendo, portanto, objeto de investigação do campo da estética.
O POEMA
O poema não tem por finalidade absoluta o compromisso de teorizar sobre algo, de instituir conceitos e axiomas, de ser a voz definitiva capaz de apontar soluções aos problemas do mundo. O poema se caracteriza pela sua rebeldia expressiva, sua linguagem-outra, sua inquietação sintática. Uma definição inicial e elementar de poema pode ser considerada com base no que nos lembra Rogel Samuel: “por poema conta-se um texto escrito em linhas chamadas versos, que deleita e comove, com métrica e ritmo, rimas e outras sonoridades, imagens ou conteúdos da imaginação, emoções de um 'eu lírico'” (SAMUEL, 2002,p.08), sendo que também existe o poema em prosa.
O POEMA
Não há dúvida de que o poema é uma obra de arte, sendo que, conforme afirma Gaston Bachelard, “todo leitor que passa a gostar de um determinado poema sente um enorme desejo de ser o seu autor” (BACHELARD, 1993,p.12). A arte do poema consiste, dentre outras coisas, em formar imagens, ou seja, instigar a imaginação humana através do seu caráter de
abertura. O poema opera no campo da sugestão, pois o mesmo não se faz a partir de uma linguagem fechada, definitiva, mas por meio de uma experiência que nos permite abrir sentidos, aguçar a própria imaginação.

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