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RESUMO Ética 1ºbim (Prof. Leandro)

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DIVISÕES DA ÉTICA
A ética divide-se em três campos: meta-ética, ética normativa e ética aplicada. A ética normativa pretende responder a perguntas tais como “O que devemos fazer?” ou de forma mais ampla “Qual a melhor forma de viver bem?”. As respostas a estas questões são dadas, seja através da determinação da ação ou regra correta, seja através da determinação mais ampla de um caráter moral. 
A meta-ética, diferentemente da ética normativa, não pretende determinar o que devemos fazer, mas investiga a natureza dos princípios e teorias morais. Eles são objetivos? São absolutos? Fazem parte daquilo que podemos conhecer? Podem ser verdadeiros num mundo sem Deus? 
A chamada ética aplicada é a aplicação de princípios retirados da ética normativa para resolver problemas éticos cotidianos. Ela procura resolver problemas práticos de acordo com princípios da ética normativa. Usualmente, as correntes de ética aplicada têm-se detido, não apenas em princípios de uma corrente, mas apresentam centralmente princípios da ética utilitarista, tais como a consideração das consequências, conjugados com princípios da ética deontológica, tais como a consideração da dignidade da pessoa e respeito pela sua livre decisão.
Um dos desenvolvimentos da ética aplicada deu-se principalmente para resolver os problemas relacionados à vida, recebendo o nome específico de bioética. A bioética trata de assuntos tais como aborto e eutanásia, relações entre médico e pacientes, pesquisa com seres humanos, manipulação genética etc. Além disso, a ética aplicada ocupa-se com problemas relativos ao meio ambiente, aos direitos dos animais e às questões morais nas trocas comerciais.
METAFÍSICA EM PLATÃO
 Platão considerou que Parmênides tinha razão no que se refere ao mundo material e sensível, mundo das imagens e das opiniões. A matéria, diz Platão, é, por essência e por natureza, algo imperfeito, que não consegue manter a identidade das coisas, mudando sem cessar, passando de um estado a outro, contrário ou oposto. Assim, do mundo material só nos chegam as aparências das coisas e sobre ele só podemos ter opiniões contrárias e contraditórias.
Para Platão, se o homem permanecesse dominado pelos sentidos, só poderia ter um conhecimento imperfeito, restrito ao mundo dos fenômenos, das coisas que são meras aparências e que estão em constante fluxo. A esse conhecimento Platão chama de doxa (opinião).
Tudo que existe nesse mundo material é porque tem sua ideia no mundo superior. Apesar da multiplicidade com que ela possa aparecer no mundo sensível, a ideia é uma só, indestrutível e eterna.
O mundo sensível é o mundo das coisas. O mundo das ideias é o mundo do Ser; o mundo sensível das coisas é o mundo do Não-Ser. O mundo sensível é uma sombra, uma cópia deformada ou imperfeita do mundo das ideias.
Teoria das Formas:
1)Alegoria da Caverna: romper com o senso comum (representações/sombras na caverna) e sair da caverna (realidade).
2)Esquema de Linha Dividida: não existe apenas um mundo/realidade, e sim duas.
*somos cercados por sombras -> percepção sensorial; o uso dos meus sentidos nas sombras, passo a ter um objeto em que nele posso CRER e ter uma OPINIÃO,
1º realidade - MUNDO SENSÍVEL: criar uma opinião sobre a aplicação da percepção sensorial às “sombras”; senso comum; cópias perecíveis, descartáveis e desprezíveis; objeto de crença. 
2° realidade – MUNDO DAS IDEIAS: mundo inteligível; filósofos que conseguem o alcance à verdadeira essência das coisas; descobrir e ter uma ideia/forma das coisas.
METAFÍSICA EM ARISTÓTELES
Compartilha a ideia central de Platão de que o SUMO BEM se dá por virtude + conhecimento. Processo de conhecimento em Aristóteles: não sustentava a teoria de divisão de duas realidades. Definia uma maneira: o sujeito observando a realidade, identifica objetos. Com isso, identifica seres com características semelhantes, retirando as circunstancias acidentais (diferentes) -> abstração.
Ética Aristotélica/das virtudes: avaliação, valoração da vida como um todo, vida concretizada pelo sujeito que conduz o seu saber com a finalidade de atingir o FIM ÚLTIMO (felicidade). É a forma que o homem utiliza para se organizar em sociedade, elaborando juízos de valor e criando leis de governo. Também se refere à índole, significando o estudo do caráter para determinar como o indivíduo poderá se tornar virtuoso. Desse modo, a natureza do homem apresenta duas dimensões: a política e a moral que se manifestam nos diferentes ethos.
VIRTUDE em Aristóteles: somos pré-determinados com talentos/potências e devemos desenvolvê-las durante a vida, transformando em virtudes (quando nos tornamos bons profissionais). Na percepção aristotélica, é impossível valorar a própria vida.
*vida eudaimonica: viver em busca do fim último; A felicidade como fim ético é uma atividade da alma em consonância com as virtudes, tendo em vista um bem que pode ser tanto coletivo quando individual. O homem para ser feliz deve agir retamente e saber deliberar sobre todas as coisas, só assim alcançará a mais nobre e aprazível coisa do mundo: a eudaimonía aristotélica
STO AGOSTINHO
Primeiro a entender que a filosofia seria um meio de alcançar a fé. Conhecimento/essência ligados ao divino. 
ESSÊNCIA: ver nas coisas a presença do divino.
Construiu uma distinção metafisica entre o BEM e o MAL: “se estamos à frente de um ser poderoso onipresente, por que existe tanto mal/desgraça MORAL?”. O livre arbítrio nos permite escolher nos aproximar de Deus (fé) e ir pelo caminho do BEM; ou nos afastarmos de Deus (trapaças/maldade) e ir pelo caminho do MAL.
STO. TOMÁS DE AQUINO
Sustenta que a filosofia é um INSTRUMENTO para o alcance da fé. Aproxima a filosofia aristotélica da teologia cristã (pensamento que destaca o conhecimento. A felicidade, enquanto bem-supremo, é o que todos buscam e tendem naturalmente. Tendo inscrito em sua natureza uma lei que o impele a buscar este bem, pela qual cada homem participa da lei eterna de Deus. A virtude se completa pela graça e ordena o homem a agir bem, para além de seu próprio benefício e o dispõe para Deus.
Conhecimento: buscar a provada existência de Deus no mundo concreto; percepção sensorial de Aristóteles.
Objetivo: nos aproximar de Deus, trilhando o caminho do BEM, pelo livre arbítrio.
ÉTICA TOMISTA: Para o Aquinate a ética é ciência moral, ou seja, ciência dos costumes e é conhecimento especulativo-prático: é especulativo, na medida em que nasce da ordem que a própria razão procura estabelecer, a partir dos seus princípios, nos atos da vontade e é prático, na medida em que é ciência dos costumes e dos atos humanos, que são sempre circunstanciais, singulares e práticos.  Seu método consiste propriamente em estabelecer como a luz do intelecto, através da aplicação dos princípios éticos mais simples e universais, ilumina, regula e ordena a ação humana individual ao bem, estando esta inserida em situações diversas, particulares, complexas, empíricas e sensíveis. Dois são os seus objetos: o objeto material ou o estudo dos atos humanos e o objeto formal ou o estudo da moralidade, isto é, da bondade ou maldade dos atos humanos, proveniente de ação voluntária que é a que procede de um princípio intrínseco com o conhecimento formal do fim. Só quem tem uma vontade boa é bom em sentido próprio, pois graças a ela utilizará para o bem todos os recursos. Enfim, a Ética, enquanto ciência pretende dirigir os atos livres ao bem perfeito ou ao fim último. 
O fim último do homem: o homem, por todo e qualquer ato humano que proceda da vontade livre, age em vista de um fim último, que é a felicidade e é impossível que se dirija simultânea e absolutamente a muitos fins últimos, pois a exceção do último, todos os demais são imperfeitos e só o último satisfaz plena e perfeitamente todo o apetite do homem. Por isso, a felicidade humana não se encontra nos bens criados, senão só em Deus, consistindo em seu conhecimento. Tal felicidade, que consiste no conhecimento de Deus, o homem não atinge nesta vida, mas atinge a felicidade imperfeita,pelo conhecimento do amor de Deus e na prática das virtudes, enquanto se exigi também, para tal, certos bens exteriores necessários e suficientes para a manutenção de sua vida e do aperfeiçoamento de sua natureza.
IMMANUEL KANT
A capacidade que o homem tem de diferenciar o certo do errado é inata, ou seja, já nasce com ele. Sendo assim, a moral humana independe da experiência, pois já nascemos com ela. Sendo anterior à experiência, ela é “formal”, ou seja, vale para todas as pessoas, onde quer que elas estejam e em qualquer tempo.
O imperativo categórico é uma decisão moral pautada pela razão e não por nossas inclinações, já que encerra o fim em si mesmo, é categórico porque diz "não faça x" e nunca "não faça x se teu fim é F". Por isto, não está vinculado a nenhuma particularidade, incluindo a identidade da pessoa, devendo ser aplicável a qualquer ser racional. Esta é a razão pela qual o imperativo categórico, em suas primeiras formulações, foi chamado "princípio da universalidade". Kant pensava que a moralidade poderia se resumir num só princípio fundamental, a partir do qual, tudo se derivaria, da ética surgiria todos os nossos deveres e obrigações, sendo, portanto, a ética um princípio de máxima grandeza ou um “imperativo categórico”. 
No pensamento kantiano, a filosofia não deve ser cética, isto é, não deve desacreditar da razão, e nem dogmática, ou seja, confiar totalmente na razão. Kant fez uma síntese entre o racionalismo de Descartes e o empirismo de Hume. Sua proposta é o criticismo, que é um modo crítico de ver as condições da metafísica e da moral. A inteligência, ou como Kant prefere chamar, o entendimento, exerce uma assimilação racional para conhecer, dessa forma a razão é ativa e não apenas receptiva, não apenas diz sobre a realidade, mas a razão possui estruturas que ordenam os conhecimentos, de modo que eles se tornem inteligíveis e tenham significados. 
“Todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência” (KANT, 1997, p.36), ou seja, para conhecer é preciso tanto a razão com seus instrumentos, como a experiência com os fatos da realidade empírica.
ÉTICA CONSEQUENCIALISTA OU DE RESULTADOS
O que importa é o resultado/consequência dos atos, para determinar se é uma boa conduta. Se o resultado for bom, pode-se dizer que é uma boa conduta.
Teorias do Consequencialismo
PRAGMATISMO: bom resultado é aquele que, dentro de um determinado contexto, a opção mais vantajosa para o AGENTE; a consequência é aquele objetivo o qual o agente desejava. **ética praticamente 100% individualista -> como se usássemos uns aos outros como instrumento para alcançar as consequências mais vantajosas para si.
UTILITARISMO: defende que o bom resultado que determina uma conduta boa, é aquela que maximiza a felicidade do sujeito; capaz de sobrepor a felicidade ao sentimento de dor/sofrimento.
*JEREMY BENTHAM: necessidade de que nas cidades inglesas tivessem casas de apoio/repouso, destinadas preferencialmente aos moradores de rua. Quando vemos esses moradores sentimos pena ou repugnância. A retirada destas pessoas da rua “garante o bem estar” da maioria pela anulação destes sentimentos “ruins”.
-> moralidade/vida como um cálculo de sentimentos: devemos calcular aquilo que dá bem estar a um maior número de pessoas, de maneira mais intensa e mais duradoura, não importa o que seja.
-> há prazeres mais valiosos do que outros: “aperfeiçoamento do utilitarismo de Bentham” – J. Stuart Mill (liberalismo político).
*JOHN STUART MILL: não se preocupa com o liberalismo econômico, e sim com o político. Tenta aperfeiçoar o utilitarismo de Bentham de duas maneiras:
1º) devemos agir de modo a garantir o máximo de felicidade possível -> Mill estabelece um LIMITE: violação de um direito de terceiros; ocorrendo isto, o Estado deve interferir, garantindo punição àquele que violou os direitos de outros.
2° prazeres humanos não são ontologicamente iguais -> alguns tem valor superior e outros inferior. Não importa mais somente a INTENSIDADE e a DURAÇÃO, mas também a QUALIDADE.
CRÍTICAS AO PENSAMENTO DE MILL:
- ao agregar a maximização do bem estar geral ligada ao patrimônio de terceiros, recebe críticas de que sua teoria não é consequencialista.
- podemos reconhecer que há prazeres ontologicamente superiores a outros, mas a crítica é: quais prazeres são superiores ou melhoras para todos?:
> a MAIORIA decide os superiores e a forma de vida do grupo social, impondo sua visão de mundo para TODOS. (resultando em contribuições para os regimes totalitários – séc. XIX e XX).
> POSITIVISMO favorece, de certa forma, o totalitarismo; posso alterar a lei de forma a me favorecer, que “vão segui-lo porque é LEI”. (visão equivocada)
DA "FILOSOFIA DA CONSCIÊNCIA" AO "GIRO LINGUÍSTICO"
O giro lingüístico foi um giro no sentido de ter sido uma mudança radical graças ao seu questionamento se a linguagem cotidiana é suficiente para explicar o mundo e a vida real”. Segundo Ibañez (2004), desde o movimento filosófico inaugurado por Descartes, as principais discussões da ciência acerca das questões psicológicas focavam-se em modelos introspectivos. Partindo do pressuposto “penso, logo existo”, a ciência se convenceu que para conhecer o “mundo externo” devia-se perscrutar detalhadamente o “mundo interior”, ou seja, a razão era suficiente para explicar a realidade. Consolidava-se assim no domínio da ciência, a tão conhecida dicotomia corpo/alma proposta por Platão. Por mais de dois séculos esta “filosofia da consciência” foi o principal palco dos debates científicos. Contudo, certos efeitos metodológicos e epistemológicos influenciaram diversos questionamentos de sua hegemonia.
A primeira grande ruptura foi decorrente do desenvolvimento da lingüística estrutural de Ferdinand de Saussure, pai da linguística moderna. Seu impacto foi tão grande na ciência em geral, que além de influenciar as demais disciplinas, estimulou durante a década de 50, o surgimento do movimento chamado estruturalismo. Como próprio da ciência, não demorou muito para surgirem críticas antiestruturalistas. 
Chomsky, elaborador da linguística generativa, foi um dos principais opositores do estruturalismo. No entanto, suas críticas acabaram por aumentar ainda mais o interesse pelos estudos lingüísticos. A segunda poderosa mudança de paradigma frente ao cartesianismo teve início com a elaboração da teoria da quantificação (base da lógica moderna) proposta por Frege. Seus estudos propuseram a troca dos conceitos aristotélicos de sujeito e predicado pelos conceitos de argumento e de função. Nesta segunda vertente também são incluídos grandes filósofos como Russell, Wittgenstein e os neopositivistas do “Círculo de Viena” (IBAÑEZ, 2004).
Ibañez (2004) aponta que estas duas rupturas provocaram drásticas alterações na forma de conceber e praticar o conhecimento. Em primeiro lugar, evocou o deslocamento do estudo das ideias, de ordem introspectiva e privada, pelos estudos da linguagem, de ordem objetivada e pública. Em segundo lugar, promoveu a mudança da concepção de que não mais são as ideias que captam os objetos da realidade, mas sim que a própria linguagem as constrói.
Mesmo estas mudanças tendo contribuído para uma mudança profunda sobre a importância da linguagem para a ciência, os chamados “filósofos de Oxford” e particularmente o neopragmatista Rorty, foram ainda mais radicais. Suas principais críticas tiveram como alvo os projetos dos neopositivistas que procuravam, por meio do método científico, construir uma linguagem “lógica” e “pura”. As críticas anti-representacionistas, deslegitimaram este cientificismo ao igualarem a linguagem cotidiana como tão importante quanto a linguagem científica. A partir deste momento, a linguagem de passiva se transforma em ativa, isto é, ela não apenas representa, ela faz. Com a centralidade da linguagem nos processos sociais passando a ganhar muito mais importância, o desenvolvimento de perspectivas construcionistas foi grandemente estimulado, tanto nas ciências humanas quantosociais (IBAÑEZ, 2004; SPINK, 2004).
ÉTICA DO DISCURSO OU DA ARGUMENTAÇÃO
*Jürgen Habermas e Karl-Otto Apel
O uso da razão ainda é fundamental para a filosofia, sendo usada para discurso para Habermas. A moralidade limita a ética, ela nos limita de conseguir uma vida justa. A ética é INTERNA, sendo o desejo de uma vida boa. A moral é EXTERNA, sendo o que cria uma convivência entre os homens. A ÉTICA DO DISCURSO é uma atitude contínua e perene, do uso do discurso e da argumentação, norteando quais princípios e valores os sujeitos de uma sociedade querem buscar a fim de nortear a convivência da comunidade. A ética passa a ser um processo contínuo.
As 4 regras para definir uma comunidade de Habermas:
- a todos os interessados, devem ser reconhecido o direito de participar do debate;
- todos os interessados participantes devem ter iguais oportunidades de apresentar e relatar argumentos;
- todos os argumentos postos para debate devem poder ser submetidos a livre apreciação de todos;
- não pode existir nenhum tipo de coação física ou moral contra nenhum dos participantes da comunidade.
-> A sociedade busca seus próprios valores.
-> Não é algo individual, porém feito a partir da linguagem, do debate, descobrindo e escolhendo quais os valores a serem seguidos.

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