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APOSTILA DE FUNDAMENTOS DE
LABORATÓRIO
AUTORES:
CLÁUDIA LOPES PENAFORTE
DANIELLE NOGUEIRA DE ASSIS
2ª edição
Belo Horizonte
2017
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AULA 01
NORMAS DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIOS
OBJETIVOS:
No final da aula o aluno deverá:
� Conhecer as normas de segurança;
� Conhecer os tipos de resíduos de saúde;
� Conhecer alguns conceitos básicos em laboratórios;
� Conhecer sobre as normas dos laboratórios em saúde;
� Conhecer as principais simbologias de rotulagem.
BIOSSEGURANÇA
A Biossegurança é o conjunto de procedimentos, ações, técnicas, metodologias,
equipamentos e dispositivos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes
às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos
animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhadores desenvolvidos
(TEIXEIRA; VALLE, 1996).
As medidas de biossegurança devem ser adotadas por laboratórios e associada
a um plano de educação, com base nas normas nacionais e internacionais de
transporte, conservação e manipulação de micro-organismos patogênicos,
garantindo assim a segurança e integridade vital dos funcionários.
1. BOAS PRÁTICAS INDIVIDUAIS
A norma ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 14785:2001
trata dos requisitos de segurança em laboratórios clínicos aplicáveis a todo o
território nacional. Com base nessas normas, recomendação as seguintes
precauções:
• Proibir alimentos, bebidas e fumo na área técnica do laboratório;
• Armazenar alimentos ou bebidas exclusivamente em áreas de
alimentação;
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• Não colocar na boca quaisquer materiais ou objetos empregados no
ambiente de trabalho, tais como caneta, lápis, envelopes, etc.
• Jamais pipetar com a boca;
• Não fazer aplicação de cosméticos e maquiagens na área de coleta;
• Prender, proteger os cabelos e barbas durante a jornada de trabalho;
• Limpar e aparar as unhas e caso sejam utilizados esmaltes, preferir
aqueles de cores claras;
• Evitar o uso de correntes compridas no pescoço, brincos grandes ou
braceletes soltos;
• Lavar as mãos após o manuseio de qualquer material biológico.
Os métodos de segurança que são utilizados durante a manipulação de
materiais infecciosos dentro de laboratório, são descrito como “contenção”,
tendo como objetivo principal a redução ou minimização de exposição a riscos
dos profissionais que atuam no ambiente quanto aos que trabalham próximos
seja na bancada ou com o que faz a limpeza do local. Para isso, torna-se
necessária uma análise dos riscos e das atividades a serem desenvolvidas no
espaço, isto é, os agentes químicos e biológicos a serem manipulados. Para tal
são criados os mapas de riscos. O mapa de riscos é composto de círculos de
variados tamanhos e cores diferentes que identificam os locais e os fatores de
riscos associados a situações de risco em função da presença de agentes
físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. A seguir a Tabela 1
apresenta os tipos de riscos e a cor associada a cada um, respectivamente.
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Tabela 1: Classificação dos principais riscos ocupacionais, de acordo com a
sua natureza e a padronização das cores correspondentes
Na caracterização dos riscos, ainda podem ser evidenciados a intensidade do
grau de risco por meio da utilização de círculos com diferentes tamanhos, como
pode ser observado na Figura 1.
Figura1 – Círculos evidenciando a intensidade dos riscos.
Fonte: http://www.biotecnologia.com.br/revista/bio36/lab_36.pdf
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2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
O Equipamento de Proteção Individual - EPI é todo dispositivo ou produto, de
uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos
capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde.
São exemplos de EPI:
• UNIFORMES: obrigatoriamente protegido com avental de mangas
longas, fechado na frente e longo (abaixo dos joelhos). Utilizar o
uniforme recomendado pelo empregador, na área de coleta. Na
ausência de um uniforme padrão, é recomendável utilizar um jaleco de
tecido lavável ou descartável, longo e de mangas compridas, que
alcance o nível do joelho, o qual deverá ser sempre retirado ao sair da
área de coleta do laboratório, não sendo correto o seu uso nas áreas
de alimentação;
• SAPATOS: exclusivamente fechados. Não deve ser permitido o uso
de sandálias dentro de área hospitalar e laboratorial.
• ROUPAS PROTETORAS: avental exclusivamente de manga longo,
permanentemente fechado. Deve ser usado no interior do laboratório, e
deve permanecer no vestuário técnico, não devendo ser usado em
áreas públicas como: bares, lanchonetes, banco, etc.
• ÓCULOS: devem ser usados para todas as áreas nas atividades de
risco, como manipulação de produtos biológicos potencialmente
contaminados, produtos químicos, além daquelas que portam risco de
radiação e/ ou iluminação (uso de óculos especiais em presença de
lâmpada U.V.). Existem diversos modelos de óculos de proteção e
cada qual se adapta às atividades desenvolvidas: óculos de proteção
contra radiação ultravioleta; óculos de proteção contra gases e
vapores; óculos de proteção contra produtos químicos.
• MÁSCARAS: devem ser usadas sempre que manipuladas
substâncias químicas como alto teor de evaporação (além de serem
manipuladas em capelas de exaustão), e em áreas de alta
contaminação com produtos biológicos. As máscaras podem e devem
ser usadas também no sentido de não contaminarmos o ambiente
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(isolamento reverso, centro cirúrgico, etc.).
• LUVAS: obrigatórias na manipulação de qualquer material biológico, e
com determinados produtos químicos. Devem ter formato anatômico,
boa resistência e oferecer conforto e destreza ao usuário. A seguir
estão alguns tipos de luvas e sua utilização:
a) Luvas butílicas: Usadas no contato com cetonas e ésteres.
b) Luvas de borracha natural (látex): Usadas para trabalhos gerais,
manipulação de bases, alcoóis, soluções aquosas diluídas,
aldeídos e cetonas.
c) Luvas Kevlar® (marca registrada da DuPont): Fornecem proteção
contra cortes, abrasão e calor.
d) Luvas de Neoprene (borracha de policloropropeno): Excelentes
para ácidos e álcalis.
e) Luvas Nitrílicas: Resistentes a abrasão, perfuração e corte.
f) Luvas de PVA (polivinilálcool): Resistentes a compostos orgânicos
aromáticos, alifáticos, solventes clorados, ésteres e cetonas
(exceto acetona).
g) Luvas de PVC (cloreto de polivinila): Usadas no contato com bases
e ácidos fortes, soluções aquosas, sais e alcoóis. Possui baixa
resistência aos solventes.
h) Luvas Spectra (fibra de vidro): Resistentes a abrasão e cortes.
i) Luvas de vinil: Uma alternativa para os usuários alérgicos ao látex
natural.
j) Luvas Viton® (elastano fluorada - marca registrada da DuPont):
Usadas no manuseio de aromáticos, solventes clorados, alifáticos
e alcoóis. Não recomendadas para cetona, ésteres e aminas.
Algumas informações adicionais:
• Não se recomenda o uso dos equipamentos de proteção individual
fora do perímetro onde seu uso está indicado;
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• Recomenda-se sempre a utilização de luvas durante o ato da coleta. As
trocas necessitam ser efetuadas quando houver qualquer situação de
contaminação com material biológico;
• Sempre que necessário, lavar as mãos, e em seguida, colocar luvas
novas;
• Não manusear objetos de uso comum (telefone, maçanetas, copos,
xícaras, etc) enquanto estiver usando luvas;
• Nunca descartar as luvas nas lixeiras de uso administrativo;
• Utilizar máscaras quando o ato da coleta do material biológico sugerir
risco de contaminação pela formação de gotículas ou aerossóis;
• Utilizar sapatos totalmentefechado em toda a área do laboratório.
3. NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA (NB)
Observando as diretrizes do Ministério da Saúde, foram determinados 4 níveis
de biossegurança conforme os cuidados necessários para contenção do tipo
de agente patológico:
– NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 1 - NB-1: necessário ao trabalho com os agentes
biológicos da Classe de Risco I; recomenda-se utilização de equipamentos de
proteção adequados e observação das Boas Práticas de Laboratórios e
Clínicas da Escola da Saúde da UnP.
– NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 2 - NB-2: exigido para o desenvolvimento de
trabalhos com agentes da Classe de Risco II; são aplicados a laboratórios
clínicos e hospitalares de níveis primário de diagnósticos, onde, além da
adoção das boas práticas, se faz necessária a contenção através de barreiras
físicas primárias (EPIs e cabines de segurança biológica) e secundárias
(projeção adequada do laboratório de acordo com a legislação vigente).
– NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 3 - NB-3: destinado ao trabalho com
microorganismos da Classe de Risco III e grandes volumes e altas
concentrações de agentes da Classe de Risco II; são exigidas medidas de
contenção física primária e secundária, devendo o laboratório ser projetado e
construído de forma especial para contenção de agentes de alto risco; deve
ser mantido sob controle rígido de vigilância, inspeção e manutenção, e o
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corpo técnico deve receber treinamento específico sobre biossegurança e
manipulação desses microorganismos.
– NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 4 - NB-4: nível de segurança máxima para
desenvolvimento de trabalhos com agentes da Classe de Risco IV; essas
unidades devem ser projetadas em áreas isoladas e funcionalmente
independentes de outras áreas; requer todas as exigências já citadas além de
procedimentos de segurança especiais.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SAÚDE
A RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) ANVISA (Agências Nacional de
vigilâncias Sanitária) n.306 de 7 de dezembro de 2004, no seu apêndice I,
classifica os resíduos de saúde conforme segue:
GRUPO A: resíduos com possível presença de agentes biológicos que, por
suas características, podem apresentar risco de infecção;
GRUPO B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar
riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade;
GRUPO C: qualquer material resultante de atividades humanas que
apresentem radionuclídeos em quantidades superiores aso limites de isenção
especificados nas normas do CNEM (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
e para os quais a realização é imprópria ou não prevista;
GRUPO D: resíduos que não apresentem riscos biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aso
resíduos domiciliares;
GRUPO E: material perfuro cortantes, tais como: agulhas, escalpes, ampolas
de vidro, lâminas de bisturi, lancetas, tubos capilares, lâminas e lamínulas de
vidro, utensílios de vidro quebrados no laboratório( pipetas, tubos de coleta,
tubos de ensaio).
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NORMAS DE SEGURANÇA
O manuseio de equipamentos e materiais em laboratórios sempre apresenta
risco. A ocorrência de acidentes em laboratórios, infelizmente, não é rara.
Com a finalidade de diminuir a frequencia e a gravidade desses eventos,
torna-se imprescindível que durante os trabalhos se observe uma série de
normas de segurança:
1. O laboratório é um local de trabalho sério. Execute as tarefas com atenção,
método e calma.
2. Prepara-se antes da realização de cada aula, lendo os conceitos referentes ao
assunto a ser abordado e a seguir leia o roteiro de prática.
3. Faça apenas o que se é indicado nos roteiros de práticas. Não faça misturas de
reagentes por sua própria iniciativa. Consulte o professor sempre que tiver
dúvidas quanto ao uso de algum reagente.
4. Use sempre um jaleco apropriado, calçados totalmente fechados e mantenha
os cabelos sempre amarrados.
5. Não se deve comer ou beber em um laboratório, pois há o risco de ingestão de
substâncias tóxicas.
6. Não se deve fumar em um laboratório, pois existe a possibilidade de provocar
incêndio.
7. Não trabalhe com material imperfeito.
8. Se algum ácido ou qualquer outro produto químico for derramado, informe
imediatamente ao professor.
9. Evite o contato de qualquer substância com a pele (evite passar os dedos na
boca, nariz, olhos e ouvidos). Se alguma substância cair em sua pele, lavar
imediatamente com água em abundância. Seja particularmente cuidadoso
quando for manipular substâncias corrosivas como ácidos e bases
concentradas.
10. Nunca tente sentir o sabor de algum produto químico ou solução.
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11. Quando for testar um produto químico pelo odor (ex. amônia) não coloque seu
rosto diretamente sobre o recipiente que o contém. Você deverá, com sua
mão, deslocar um pouco do vapor que se desprende do recipiente em direção
ao seu nariz.
12. Não deixe vidro quente em um local em que possam pegá-lo
inadvertidamente.
13. Só deixe sobre a mesa o bico de gás aceso quando estiver sendo utilizado.
14. Tenha cuidado com os reagentes inflamáveis. Não os manipule na presença
de fogo.
15. Ao término dos trabalhos onde haja aquecimento, feche com cuidado as
torneiras de gás a fim de evitar escapamento.
16. Os tubos de ensaio contendo líquidos devem ser aquecidos pela parte do
meio e não pelo fundo e utilize pinça de madeira para essa finalidade.
Quando aquecer uma substância em um tubo de ensaio não volte a
extremidade aberta do mesmo para si ou para qualquer pessoa próxima.
17. Não jogue nenhum material sólido dentro da pia ou nos ralos e sim nos cestos
de lixo.
18. Todo o material líquido será descartado no refugo, nunca na pia.
19. O material biológico deverá ser descartado em frascos destinados para o
mesmo.
20. O material perfuro-cortante e escarificantes como lâminas, lamínulas,
vidrarias, seringas, bisturis, entre outros, devem ser descartados
separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso ou
necessidade de descarte, em recipientes, rígidos, resistentes à punctura,
ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados. As agulhas
descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as seringas, quando
descartáveis, sendo proibido reencapá-las ou proceder a sua retirada
manualmente.
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21. Leia com atenção o rótulo do frasco do reagente antes de usá-lo a fim de
certificar-se que está utilizando o frasco correto. Segure o frasco pelo lado
que contém o rótulo, evitando assim que o reagente escorra sobre ele.
22. Todos os experimentos que envolvem a liberação de gases ou vapores
tóxicos devem ser realizados na capela química.
23. Sempre que for diluir um ácido concentrado, adicione-o lentamente e sob
agitação, sobre a água e nunca faça o contrário.
24. Quando qualquer frasco de reagente for aberto, deve-se colocar sua tampa,
sobre a mesa, virada para cima ou segurá-la entre os dedos a fim de se evitar
contaminação. Após o uso, fechar novamente o frasco.
25. Uma porção de qualquer reagente retirada do frasco estoque, jamais poderá
retornar ao mesmo. O aluno deverá aprender a estimar a quantidade que
necessita, para evitar desperdícios.
26. No caso de reagentes sólidos, uma espátula deverá ser usada para retirar um
reagente de um frasco e essa espátula não poderá ser utilizada para a
manipulação de outro reagente, a não ser que a mesma seja devidamente
lavada e seca.
27. No caso de reagentes líquidos, não introduzir pipetas, conta-gotas, etc nos
frascos que o contém. Verter o reagente líquido para um recipiente para que
possa ser pipetado.
28. Localize extintores de incêndio e familiarize-se com seu uso.
29. Certifique-se do bom funcionamento dos chuveiros e lava olhosde
emergência.
30. Sempre que necessário, trabalhe com óculos de proteção.
31. Dedique especial atenção a qualquer operação que necessite de
aquecimento prolongado ou desenvolva grande quantidade de energia.
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32. Ao se retirar do laboratório, verifique se não há torneiras (água ou gás)
abertas. Desligue todos os aparelhos, deixo o equipamento limpo e nos seus
devidos lugares.
33. Lave sempre as mãos.
CONCEITOS BÁSICOS
� AEROSSÓIS: solução coloidal em forma de gotas que se dispersam no ar;
� AMOSTRAS BIOLÓGICAS: são materiais de origem humana ou animal (ex.:
excrementos, secreções, sangue e derivados, tecidos e líquidos orgânicos)
com fins experimentais ou diagnósticos;
� ANTI-SÉPTICO: agente químico ou físico utilizado para desinfecção de tecido
vivo, capaz de destruir ou inibir o crescimento de microorganismos na área
aplicada;
� DESCONTAMINAÇÃO: destruição ou remoção (total ou parcial) de
microorganismos dos artigos e superfícies;
� DESINFECÇÃO: destruição ou inibição do crescimento de microorganismos
patógenos não esporulados ou em estado vegetativo, de superfícies;
� EPI: Equipamento de Proteção Individual: luvas, máscaras, jalecos, óculos de
proteção, aventais, botas ou outro tipo calçado apropriados, tocas, etc.;
� EPC: Equipamentos de Proteção Coletiva: extintores, sinalização adequada
(mapas de risco), chuveiros e lava-olhos, chuveiros contra-incêndio, capelas,
manta ou cobertor, vaso de areia, etc.;
� ESTERILIZAÇÃO: processo de destruição de todos os microorganismos, incluindo
os esporos;
� LIMPEZA: processo de remoção de sujidade;
� MATERIAL BIOLÓGICO: todo material que contenha informação genética e seja
capaz de auto-reprodução ou de ser reproduzido em um sistema biológico.
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Inclui os organismos cultiváveis e agentes (entre eles bactérias, fungos
filamentosos, leveduras e protozoários); as células humanas, animais e
vegetais, as partes replicáveis destes organismos e células (bibliotecas
genômicas, plasmídeos, vírus e fragmentos de DNA clonado), príons e os
organismos ainda não cultivados;
� PATOGENICIDADE: capacidade de um agente biológico causar doença em um
hospedeiro suscetível;
� RESÍDUOS HOSPITALARES: restos de material biológico que deve ser descartado
em recipientes e locais apropriados para receber o lixo hospitalar;
� SANITIZAÇÃO: processo destinado à redução da maioria das bactérias
patogênicas presentes;
� SUBSTÂNCIAS INFECTANTES: são apresentações que contêm microrganismos
viáveis (tais como bactérias, vírus, riquétsias, parasitas, fungos ou
microrganismos recombinantes, híbrido ou mutante) sabidamente capazes de
provocar doença ao homem ou animais.
ROTULAGEM – SIMBOLOGIA
É necessário observar bem os rótulos dos produtos e manuais de
equipamentos contidos nos laboratórios, antes de manipulá-los. Nos rótulos
das substâncias químicas constam especificações sobre a composição e os
perigos que estas podem oferecer. Muitas vezes, essas informações se
apresentam simbolizadas, seguindo um padrão pré-estabelecido. A seguir,
apresentam-se a simbologia padrão constante nesses produtos, a que estão
associados e algumas precauções que devem ser adotadas para utilização e
armazenamento dos mesmos.
1. FACILMENTE INFLAMÁVEL (F) - Classificação: determinados peróxidos orgânicos;
líquidos com pontos de inflamação inferior a 21ºC, substâncias sólidas que
são fáceis de inflamar, de continuar queimando por si só; liberam substâncias
facilmente inflamáveis por ação de umidade. - Precaução: evitar contato
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com o ar, a formação de misturas inflamáveis gás-ar e manter afastadas
de fontes de ignição.
2. EXTREMAMENTE INFLAMÁVEL (F +) - Classificação: líquidos com ponto de
inflamabilidade inferior a 0ºC e o ponto máximo de ebulição 35ºC; gases,
misturas de gases (que estão presentes em forma líquida) que com o ar e a
pressão normal podem se inflamar facilmente. - Precauções: manter longe
de chamas abertas e fontes de ignição.
3. TÓXICOS (T) - Classificação: inalação, ingestão ou absorção através da pele,
provoca danos à saúde na maior parte das vezes, muito graves ou mesmo
letais. - Precaução: evitar qualquer contato com o corpo humano e
observar cuidados especiais com produtos cancerígenos, teratogênicos
ou mutagênicos.
4. MUITO TÓXICO (T +) - Classificação: inalação, ingestão ou absorção através da
pele, provoca danos à saúde na maior parte das vezes, muito graves ou
mesmo letais. - Precaução: evitar qualquer contato com o corpo humano
e observar cuidados especiais com produtos cancerígenos,
teratogênicos ou mutagênicos.
5. CORROSIVO (C) - Classificação: por contato, estes produtos químicos destroem
o tecido vivo, bem como vestuário. - Precaução: não inalar os vapores e
evitar o contato com a pele, os olhos e vestuário.
6. OXIDANTE (O) - Classificação: substâncias comburentes podem inflamar
substâncias combustíveis ou acelerar a propagação de incêndio. -
Precaução: evitar qualquer contato com substâncias combustíveis.
Perigo de incêndio. O incêndio pode ser favorecido dificultando a sua
extinção.
7. NOCIVO (Xn) - Classificação: em casos de intoxicação aguda (oral, dérmica ou
por inalação), pode causar danos irreversíveis à saúde. - Precaução: evitar
qualquer contato com o corpo humano, e observar cuidados especiais
com produtos cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.
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8. IRRITANTE (Xi) - Classificação: este símbolo indica substâncias que podem
desenvolver uma ação irritante sobre a pele, os olhos e as vias respiratórias. -
Precaução: não inalar os vapores e evitar o contato com a pele e os
olhos.
9. EXPLOSIVO (E) - Classificação: indica substâncias que podem explodir sob
determinadas condições. - Precaução: evitar atrito, choque, fricção,
formação de faísca e ação do calor.
De acordo com a legislação de Biossegurança, são também utilizados
símbolos, tais como representados na figura 2, designados como
pictogramas.
Figura 2. Pictogramas utilizados de acordo com a legislação de
biossegurança
Fonte: goo.gl/EzpGWG
O diagrama de Hommel, mundialmente conhecido pelo código NFPA 704, mas
também conhecido como diamante do perigo ou diamante de risco. É uma
simbologia empregada pela Associação Nacional para Proteção contra Incêndios
(em inglês: National Fire Protection Association), dos Estados Unidos da América.
Nela, são utilizados quadrados que expressam tipos de risco em graus que variam
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de 0 a 4, cada qual especificado por uma cor (branco, azul, amarelo e vermelho),
que representam, respectivamente, riscos específicos, risco à saúde, reatividade e
inflamabilidade.
Tabela 2- Diagrama de Hommel
Quando utilizada na rotulagem de produtos, ela é de grande utilidade, pois permite
num simples relance, que se tenha ideia sobre o risco representado pela substância
ali contida ( figura 3 e 4).
Figura 3- Classificação de riscos de produtos químicos
Fonte: goo.gl/aoPPhWcontent_copy
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Figura 4 – Pissetas mostrando a classificação de risco de acordo com o diagrama
de Hommel
Fonte: goo.gl/tUQF2Ocontent_copy
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AULA 02
NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS NO LABORATÓRIO QUÍMICO
INTRODUÇÃO
Um laboratório pode ser uma das áreas de trabalho mais perigosas, especialmente
quando não é tratado com cautela. Entretanto, caso tais acidentes aconteçam, o
primeiro procedimento a se fazer é por em prática medidas, adequadas, que
possam minimizar as conseqüências para o acidentado ou vítima, o que pode
determinar, até mesmo, sua sobrevida. Essas condutas são os primeiros socorros,
que devem ser tomados com segurança e rapidez, imediatamente após a
ocorrênciade um acidente, com finalidade de preservar a vida, minimizar os efeitos
da lesão e promover a recuperação de uma pessoa que se acidentou (vítima).
Porém, nem todas as pessoas são aptas a prestá-los, pois nas diversas situações
em que eles se dão pode haver excessiva ansiedade, susto, mal estar entre outros
nos socorristas (indivíduos que prestam os primeiros socorros), comprometendo
assim o atendimento. Com isso, recomenda-se treinamento periódico e atualizado,
principalmente aos que convivem frequentemente nos laboratórios, como um fator
de garantia do sucesso de desse procedimento, que precisa ser aplicado em casos
específicos. Ademais, é de suma importância que haja nos laboratórios: números e
endereços de serviços de resgate e emergência – como o do corpo de bombeiros,
pronto-socorro, polícia, hospitais, médicos, além dos serviços de gás, eletricidade e
água – para que outras decisões e tratamentos possam ser buscados, observando-
se que os primeiros socorros são serviços de caráter emergenciais.
ACIDENTES NO LABORATÓRIO QUÍMICO
Os acidentes mais comuns que podem ocorrer em um laboratório são vertigens,
queimaduras, cortes, envenenamentos e substâncias químicas nos olhos. Alguns
equipamentos devem estar facilmente acessíveis aos laboratórios como: extintor de
incêndio; lava-olhos; chuveiros de emergência; caixa de primeiros socorros;
lavatório para queimaduras de ácidos ou de álcalis.
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Todos os acidentes de laboratório devem ser obrigatoriamente, comunicados aos
responsáveis, quer tenham recebido tratamento especializado. Também é
importante que a pessoa acidentada e remetida a tratamento especializado tenha
um acompanhamento. Abaixo estão relacionados alguns lembretes importantes
para auxiliar nos procedimentos de primeiros socorros:
a) Evitar, sempre que possível tocar em ferimentos com as mãos e peças de
roupas com resíduos corpóreos (sangue, vômito, entre outros);
b) Em caso de desmaio, deitar o indivíduo de costas, com a cabeça mais baixa
que o corpo, fazendo- o respirar amoníaco ou vinagre;
c) Em caso de sinais de desmaio sentar o indivíduo e curvar sua cabeça entre
as pernas, fazendo-o respirar profundamente;
d) Em caso de hemorragias, fazer compressão do ferimento com gaze limpa e
dependendo do local do ferimento, esta compressão poderá ser feita
diretamente ou a certa distância do mesmo;
e) Em caso de contato da pele com substâncias químicas promover uma
lavagem abundante do local com água, caso o material seja com patível
com a mesma;
f) Em caso de queimaduras por contato ou respingos, providenciar a lavagem
da área com água fria, por um período de pelo menos 15 minutos,
encaminhando em seguida o acidentado ao socorro médico mais próximo.
Abaixo estão dispostos alguns venenos usuais e os sinais ou sintomas
induzidos por eles:
• Ácidos e álcalis: queimam e corroem os tecidos em que entram em
contato e, em casos extremos, podem fazer um orifício na parede
estomacal.
• Álcool: Atua como enérgico depressor do sistema nervoso central.
• Cianeto: pode provocar o colapso da vítima. A morte é rápida em
conseqüência da paralisia respiratória. Pode ser ingerido ou absorvido
por um ferimento ou através da pele. É usado em certos formicidas.
• Cianeto e monóxido de carbono: provoca a morte por asfixia em
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virtude de combinação com o sistema carreador do oxigênio no sangue,
o que impede a transferência do oxigênio para partes vitais do
organismo humano.
• Sulfeto de hidrogênio: gás inflamável e venenoso, com cheiro de “ovo
estragado”; perceptível na diluição de 0,002 mg/l de ar. Muito perigoso
por provocar o colapso, o coma e a morte em alguns segundos depois
de apenas uma ou duas inspirações. É insidioso já que o olfato fica
insensível ao seu cheiro depois de exposição prolongada. As
concentrações mais baixas provocam irritação das mucosas, dor de
cabeça, enjôo e fadiga.
• Chumbo: o envenenamento agudo pelo chumbo pode provocar
anorexia, vômitos, mal-estar, convulsões e injúria permanente no
cérebro. Os casos crônicos evidenciam-se pela perda de peso, fraqueza
e anemia.
• Mercúrio: perigoso por ser razoavelmente volátil (pressão de vapor de
0,002 mmHg a 25ºC) e facilmente assimiláveis pelas vias respiratórias,
pela pele e pelo tubo digestivo. O envenenamento agudo pelo metal, ou
seus sais provoca ferimentos na pele e nas mucosas, náusea aguda,
vômitos, dores abdominais, diarréia sanguinolentas, lesões nos rins e
morte num lapso de dez dias. O envenenamento crônico provoca
inflamação da mucosa bucal e das gengivas, salivação abundante,
queda dos dentes, lesões nos rins tremores musculares, espasmos,
depressão e brutas alterações de personalidade, irritabilidade e
nervosismo. Antídoto: dimercaprol (BAL: Britsh anti-lewisite).
• Álcool metílico: Tem um efeito especifico de degeneração do nervo
óptico que pode provocar lesão permanente e cegueira, mesmo quando
a quantidade assimilada tiver sido pequena.
• Fenilhidrazina: Provoca a hemólise dos eritrócitos.
• Piretrina: Encontrado em certos inseticidas. Provoca hiperexcitabilidade,
descoordenação e paralisia dos músculos e das ações respiratórias.
• Nitrato de prata: O contato com a pele ou com as mucosas pode ser
cáustico e irritante. A ingestão pode causar severa gastroenterite e até a
morte.
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PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS DE PRIMEIROS SOCORROS
VERTIGENS
No estado de inconsciência, devem-se evitar aglomerações em torno do paciente,
levá-lo para um lugar mais arejado e afrouxar sua roupa ao redor do pescoço.
Deve-se deixá-lo sentado com a cabeça entre as pernas ou deitá-lo de costas com
a cabeça mais baixa que o corpo. Não se deve administrar nada por via oral, sendo
recomendável induzir uma inalação de amoníaco ou vinagre. Quando o paciente
voltar a si, oferecer um estimulante, como café ou chá, por exemplo.
QUEIMADURAS
As queimaduras podem ser provocadas por fontes produtoras de calor ou frio,
substâncias químicas ácidas ou básicas e até mesmo por choques elétricos. A mais
comum delas é queimadura pelo calor seco (fogo). São classificadas de acordo
com a extensão e a profundidade em que acometem os tecidos do corpo.
As queimaduras de primeiro grau geralmente são causadas por exposição ao sol e
deixam a pele avermelhada. Esse tipo de queimadura atinge as camadas
superficiais da pele, sendo geralmente seca ou com pequenas bolhas, com inchaço
e dor.
As queimaduras de segundo grau são causadas por exposição limitada a líquidos,
fogo ou agentes químicos e deixam a pele rosada. Esse tipo de queimadura atinge
camadas mais profundas, sendo caracterizadas pela presença de inúmeras bolhas
com descamação e dor mais intensa.
As queimaduras de terceiro grau são ocasionadas por exposição prolongada ao
fogo, objetos quentes, agentes químicos ou por choque elétrico. São brancas e
translúcidas. Esse tipo de queimadura atinge todas as camadas da pele, e ainda
podem atingir tecidos adjacentes e nervos, sendo caracterizadas pela ausência de
bolhas, trombose dos vasos superficiais e insensibilidade.
Existem alguns procedimentos a serem adotados para cada tipo de queimadura no
22
laboratório de química:
a)- Queimaduras causadas por calor seco (chama e objetos aquecidos):
No caso de queimaduras leves, aplicar pomada. No caso de queimaduras graves,
elas devem ser cobertas com gaze esterilizada umedecida com solução aquosa de
bicarbonato de sódio à 5% ou vaselina estéril.
Se a queimadura for de pouca extensão, resfriar o local com água fria
imediatamente, antes de aplicar a pomada ou a gaze. Se a queimadura for extensa
ou de 3º grau, procurar um médico imediatamente.
b)- Queimaduras por ácidos:
Lavar imediatamente o local com água em abundância, durante cerca de cinco
minutos.Em seguida, lavar com solução saturada de bicarbonato de sódio e
novamente com água e secar a pele.
Se os olhos forem atingidos, lavar com bicarbonato de sódio a 1%, se o ácido for
diluído; se for concentrado, lavar primeiro com água por 15 minutos, depois com a
solução de bicarbonato de sódio.Procurar o médico imediatamente.
c)- Queimaduras por álcalis:
Lavar a região atingida imediatamente com bastante água durante cinco minutos.
Tratar com solução de ácido acético 1% e novamente lavar com água e secar a
pele.
Se os olhos forem atingidos, lavar com ácido bórico a 1%, para álcalis diluídos e
água seguida de solução de ácido bórico a 1%para álcalis concentrados. Procurar o
médico imediatamente.
CONTATO COM REAGENTES
a) Contato de reagentes com olhos:
No caso de contato de um produto químico com os olhos, boca ou pele, lavar
23
abundantemente com água. A seguir, procurar o tratamento específico para cada
caso.
b) Contato de reagentes com a pele:
Se algum ácido ou produto químico for derramado, lavar olocal imediatamente.
c) Corpos estranhos nos olhos:
Com muito cuidado lavar os olhos abundantemente com água limpa e após manter a
pálpebra fechada.
CORTES E FERIMENTOS
a)- Cortes Pequenos:
Deixar sangrar por alguns segundos, verificar se há ainda fragmentos de vidro,
desinfetar o local e colocar atadura.
b)- Cortes Maiores:
Desinfetar e procurar estancar o sangue, fazendo pressão logo acima do corte, no
máximo cinco minutos, se necessário,procurar um médico.
c)-Fragmentos de vidro nos olhos:
Remover os pedaços maiores com todo o cuidado possível, usando pinça ou
lavando o olho com água. Chamar imediatamente um médico.
INTOXICAÇÃO POR GASES
A inalação de gases asfixiantes químicos impede a obtenção de oxigênio do ar
atmosférico, ou ainda, a utilização do O2 pelos tecidos. Os mais conhecidos são o
monóxido de carbono (CO) e o cianeto (CN).
O CO é um gás inodoro, incolor, insípido, mais leve que o ar e produzido pela
combustão incompleta de material orgânico (petróleo, gás natural, explosivos,
madeira e carvão). Ele promove a asfixia por reduzir a capacidade da hemoglobina
de transportar o O2 através da formação da carboxihemoglobina. Os sintomas
dessa intoxicação são cefaléia, tontura, confusão mental, náuseas, vômitos,
choque, coma e morte, de acordo com a quantidade de CO inalado.
O CN tem a propriedade tóxica de inibir as enzimas da cadeia respiratória, o que
24
impede a utilização do oxigênio pelas células, com consequente asfixia
Quando ocorrer a inalação de gases tóxicos no laboratório, deve-se remover a
vítima para um ambiente arejado, deixando-a descansar e afrouxar as roupas que
cobre a região do pescoço e do tórax.
INGESTÃO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS.
Se houver ingestão de substâncias tóxicas no laboratório em quantidade pouco
significante ou de uma substância de baixa toxicidade, a conduta indicada é de não
se tentar a retirada da mesma. Estudos controlados têm demonstrado que na
grande maioria das situações, a tentativa de se retirar o tóxico pode ser prejudicial
ao paciente.
Administrar uma colher de sopa de antídoto universal, que é constituído de: duas
partes de carvão ativado, uma de dióxido de magnésio e uma de ácido tânico.
INCÊNDIOS
Além de materiais usualmente inflamáveis (madeira, cortiça, gás, o próprio
vestuário, cabelos) todo laboratório contém solventes altamente inflamáveis (éter,
acetona, álcool, benzeno e outros).
Em caso de incêndio:
a) Se for um acidente de pequenas proporções, abafar imediatamente com uma
toalha;
b) Fechar os bicos de gás e desligar aparelhos elétricos das proximidades;
c) Apagar o fogo com extintor de incêndio;
d) Colocar-se em segurança.
25
AULA 03
RECONHECIMENTO DE VIDRARIA E MATERIAL UTILIZADOS EM LABORATÓRIO
OBJETIVOS:
� Reconhecer a vidraria utilizada em laboratórios;
� Reconhecer alguns equipamentos utilizados em laboratórios.
�
• VIDRARIAS, INSTRUMENTOS E ACESSÓRIOS UTILIZADOS EM LABORATÓRIO
Tubo de ensaio: utilizado principalmente para efetuar reações químicas em
pequena escala. Pode ser aquecido, com cuidado, diretamente sobre a
chama do bico de Bunsen, sempre sob agitação.
Estante para tubos de ensaio: confeccionado em madeira ou metal
(aço inox, alumínio, etc.), usado como suporte para tubos de ensaio.
Possui diferentes diâmetros e alturas para diferentes espessuras e
comprimento de tubos. Pode ser levada à estufa e, em alguns casos à
Câmara fria.
Béquer: recipiente com ou sem graduação, utilizado para dissolver
substâncias, efetuar reações, aquecer líquidos, efetuar pesagens, deixar
substâncias em repouso, etc. Pode ser aquecido sobre tripé e tela de
amianto.
Erlenmeyer: utilizado para dissolver substâncias, fazer titulações, aquecer
líquidos. Pode ser aquecido sobre tripé e tela de amianto.
Proveta ou cilindro graduado: usado pra medidas aproximadas de
volumes de líquidos. Não pode ser aquecido.
26
Pipetas manuais: recipientes calibrados utilizados para medida precisa de
volumes de líquidos. Existem dois tipos: a) graduadas – escoa volumes
variados de líquidos; b) volumétrica – escoa volumes fixos de líquidos. Não
podem ser aquecidas.
Pipetas de Pasteur: recipiente utilizado para efetuar a transferência de
pequenas quantidades de líquidos. Possui apenas abertura inferior e conta
com um balão que expulsa o ar quando pressionado.
Pipetas automáticas ou eletrônicas: recipiente que possibilita uma medição
de líquidos de forma muito precisa. As pontas das pipetas eletrônicas são
descartáveis, o que evita a contaminação. Podem ser do tipo monocanal
(apenas uma ponteira) ou multicanal (com diversas ponteiras)
Bureta: equipamento calibrado para medida precisa de volume de líquidos.
Permite o escoamento do líquido e é muito utilizada em titulações. Trata-se de
um tubo cilíndrico e graduado que possui uma torneira em uma extremidade.
Tal torneira permite controlar a vazão de saída com absoluto rigor e precisão.
Balão volumétrico: recipiente de fundo chato, calibrado, de precisão,
destinado a conter um determinado volume de liquido, a uma dada
temperatura (20°C), podendo ser utilizado sem erro aplicável a temperaturas
mais ou menos 8°C acima ou abaixo da indicada. É utilizado no preparo de
soluções de concentrações definidas. Possui o traço de aferição situado no
gargalo do balão.
Balão de fundo chato e de fundo redondo: utilizados para aquecer
líquidos e fazer reações com desprendimentos gasosos. Podem ser
27
aquecidos sobre o tripé e tela de amianto.
Kitassato: recipiente que apresenta uma saída lateral; é usado em filtração à
vácuo.
Funil de separação ou de decantação: utilizados para separação de líquidos
imiscíveis.
Funil de vidro: utilizado para transferência de líquidos ou filtrações simples.
Funil de Büchner: funil de porcelana, utilizado em filtração em vácuo,
devendo ser acoplado a um Kitassato. Sobre a placa perfurada deve ser
colocado um papel de filtro de diâmetro menor que o da placa.
Dessecador: utilizado para o armazenamento e resfriamento de sustâncias
quando se necessita de uma atmosfera com baixo índice de umidade.
Também pode ser utilizado para manter substâncias sob pressão reduzida.
Condensadores: usados para condensar os vapores das destilações e nos
aquecimentos sob refluxo.
Vidro de relógio: utilizado para cobrir béqueres, pesar sólidos e evaporar
líquidos.
28
Bastão de vidro ou baqueta: cilindro maciço de vidro, usado para agitar e
facilitar as dissoluções, na transferência de líquido, auxilia nas filtrações,
etc.
Almofariz (gral) e pistilo: utilizados na pulverizaçãoe trituração de sólidos.
Suporte Universal: serve para a montagem e sustentação de aparelhos de
laboratório.
Anel ou argola: serve para a montagem e sustentação de aparelhos de
laboratório.
Garras: são usadas na sustentação de várias peças, tais como funil, bureta,
etc.
Tripé: usado para sustentar a tela de amianto.
Tela de amianto: tela metálica, contendo amianto, utilizada para distribuir
uniformemente o calor durante o aquecimento de recipientes de vidro à
chama do bico de gás.
Espátulas e colheres: usadas para transferir substâncias sólidas. Podem
ser de porcelana, aço inoxidável e níquel.
29
Pinça metálica: usada para segurar objetos aquecidos.
Pinça de madeira: usada para segurar tubos de ensaio durante o
aquecimento no bico de gás.
Bico de gás (Bunsen): fonte de calor destinado ao aquecimento de materiais
não inflamáveis. No caso de materiais inflamáveis utiliza-se a manta elétrica.
Pisseta ou garrafa lavadoura: recipiente que contém geralmente água
destilada.
Termômetro: utilizado para medida de temperaturas em sistemas
reacionais.
Cápsula de porcelana: usada para a concentração e secagem de soluções;
serve para efetuar evaporação de líquidos, dissolução à quente, calcinação,
secagem e aquecimento.
Cadinho: Usado para a calcinação de substâncias (aquecimento a altas
temperaturas).
• EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM LABORATÓRIO
Autoclave: utilizado para esterilizar objetos através de calor úmido (vapor)
combinado com pressão
Balança: Instrumento para determinação de massa (pesagem).
30
Banho-maria: usado para banho de aquecimento. Geralmente é equipado
com um termostato.
Bomba de vácuo: utilizada para acelerar as filtrações realizadas sobre
vácuo.
Capela de Fluxo laminar: equipamento projetado para criar áreas de
trabalho estéreis para a manipulação de materiais biológicos ou estéreis que
não possam sofrer contaminação do meio ambiente, garantido a segurança
da manipulação e do operador.
Capela química ou de exaustão: É um equipamento utilizado para realizar
trabalhos em materiais no qual produzem vapores tóxicos e nocivos a saúde.
Centrífuga: usadas para acelerar a sedimentação.
Espectrofotômetro: instrumento de análise capaz de medir e comparar a
quantidade de luz (radiação eletromagnética) absorvida, transmitida ou
refletida por uma determinada amostra.
Estufas: aparelhos elétricos, controlados por termostatos, que permitem
temperatura de 40 a 300°C. São empregadas também na secagemde
material.
Manta de aquecimento: é utilizada para aquecimento controlado.
Microscópio óptico: equipamento utilizado para ampliar uma imagem que
não pode ser vista a olho nu.
Mufla ou forno: produz altas temperaturas. Alcança até 1.500 °C.
Placa de aquecimento: fonte de aquecimento para sistemas reacionais
diversos, geralmente vem com sistema de agitação magnética.
Potenciômetro ou pHmetro: é um aparelho usado para medição de pH.
OBS: LIMPEZA
� É importante que o usuário do laboratório habitue-se a limpar o material de
vidro logo após o término do experimento, enquanto a natureza do resíduo é
conhecida. O material de vidro após o uso deve ser lavado com água e
31
detergente com o auxílio de uma escova. Depois de bem enxaguado com
água da torneira, enxaguar três vezes com água destilada ou deionizada.
Depois de lavado, o vidro deve permitir o escoamento de água sobre sua
superfície, sem formar gotas, que indicam a presença de matéria gordurosa.
� Antes de ligar um equipamento a uma fonte de energia, observar a voltagem do
mesmo.
32
AULA 04
MANUSEIO DE RECIPIENTES VOLUMÉTRICOS
Objetivos:
� Reconhecer a importância das medidas em química.
� Usar corretamente provetas, buretas, balão volumétrico.
� Listar cuidados com os diversos tipos de recipientes volumétricos.
A medida correta de volume é fundamental para o sucesso do trabalho no
laboratório. Para a medida de volumes, a dois tipos de instrumentos
graduados e aferidos. Os aferidos medem um único volume e são em geral
mais precisos. Os graduados, porém, permitem medir vários volumes, e um
deles, a bureta é de alta precisão. De um modo geral, para medidas
aproximadas de volumes de líquidos, usam-se provetas, enquanto, para
medidas precisas, usam-se pipetas, buretas e balões volumétricos, que
constituem o chamado material volumétrico. Os aparelhos volumétricos são
calibrados pelo fabricante e a temperatura de calibração é 20°C.
O volume é a medida da capacidade de um recipiente em conter um
determinado líquido. A sua unidade padrão de medida é o litro. O litro é uma
unidade de medida de volume que está veiculada diretamente ao sistema
métrico decimal e, por tanto, obedecendo aos seus padrões. É simbolizado
pela letra L. Cada Litro corresponde a 1 decímetro cúbico (1 dm3). Em
referência ao litro de água, corresponde a aproximadamente 01 quilograma
da substância medida.
Pode-se observar que cada unidade de volume é dez vezes maior que a
unidade imediatamente inferior. Assim podem-se transformar as unidades
multiplicando ou dividindo por 10. Nas técnicas laboratoriais, os menores
33
volumes são os mais utilizados e estão na ordem de mililitros (mL) e
microlitros (µL).
1 mL = 1000 µL
A medida de volume do líquido é feita, comparando o nível do mesmo, com os
traços marcados na parede do recipiente. A leitura do nível para líquidos
transparentes deve ser feita na parte inferior do menisco, estando a linha de
visão do operador, perpendicular à escala graduada (figura 5), para evitar erro
de paralaxe (erro que ocorre pela observação errada na escala de graduação
causada por um desvio óptico causado pelo ângulo de visão do observador).
Figura 5. Realização da leitura em aparelhos volumétricos
Fonte: COMPRI-NARDY et al., 2009.
As medidas de volumes de líquidos com qualquer dos referidos aparelhos
estão sujeita a uma série de erros. Os erros mais comuns são:
� Medir volumes de soluções quentes;
� Uso de material inadequado para medir volumes;
� Uso de material molhado ou sujo;
� Formação de bolhas nos recipientes;
� Controle indevido na velocidade de escoamento.
� Ao final de cada aula, as vidrarias utilizadas durante o trabalho de
laboratório devem ser esvaziadas e enxaguadas antes de serem
enviadas para limpeza.
34
� Entregar ao técnico ou responsável as vidrarias trincadas, lascadas ou
quebradas
MANIPULAÇÃO DA PROVETA
a) Para realizar a medida nesse aparelho, deve-se utilizar a proveta com a
capacidade total mais próxima do volume a ser medido.
b) Utilizar na forma vertical e para aferição elevar o menisco até a altura dos
olhos;
b) Para esvaziar o líquido, vertê-lo, vagarosamente (pode-se usar um bastão
de vidro para o bom escoamento, evitando-se que haja o completo
escoamento.
c) Medir 23 ml de água destilada em uma proveta de 50ml.
MANIPULAÇÃO DO BALÃO VOLUMÉTRICO
a) Trabalhar com o mesmo na posição vertical;
b) Fazer uso de um funil ou um bastão de vidro, para colocar o líquido no
balão, o que será feito em etapas, sendo que a cada uma deve-se agitar
(homogeneizar) a solução. Isto se consegue através de movimentos
circulares lentos com o balão; uma das mãos deverá segurar o gargalo e a
outra, a parte inferior do mesmo;
c) Colocar o balão sobre a bancada e acertar o menisco com o traço de
aferição. Após isto, colocar a tampa e fazer total homogeneização com
movimentos lentos, no sentido de rotação.
d) Medir 100 ml em um balão volumétrico.
MANIPULAÇÃO DA BURETA
a) Fixar a bureta, limpa e vazia, num suporte na posiçãovertical;
b) Agitar o recipiente que contém o reagente antes de usá-lo, pois não é raro
haver, na parte superior do mesmo, gotas de água condensada;
c) Colocar um becker ou um erlenmeyer sob a torneira;
d) Lavar a bureta duas vezes com porções de cinco ml do reagente em
questão, que são adicionadas por meio de um funil; cada porção é deixada
escoar completamente antes da adição da seguinte;
35
e) Fechar a torneira e encher a bureta até um pouco acima do zero da escala
e remover o funil;
f) Segurar a torneira com a mão esquerda e com o auxílio dos dedos polegar,
médio e indicador abrir a torneira para retirar todo o ar contido entre a mesma
e a extremidade inferior da bureta e encher esta região. Encher a bureta
novamente, se necessário, e acertar o menisco com o traço de aferição que
fica na parte superior da mesma. Observação: a torneira de uma bureta deve
ser levemente lubrificada para que possa ser manipulada com mais facilidade.
Serve para este fim uma mistura de partes iguais de vaselina e cera de
abelhas; misturas especiais são encontradas no comércio.
g) Transferir sucessivamente alíquotas de 1,00 – 2,50 – 5,6 – 10,38 ml para
tubos de ensaio. Fazer as leituras à altura dos olhos.
h) Encher a bureta novamente e acertar o menisco com o traço de aferição
que fica na parte superior da mesma.
i) Transferir 20 mL de água da bureta, diretamente para uma proveta de 50
ml.
j) Confrontar o volume transferido da bureta (20,00 mL) com o marcado na
proveta. Registrar.
Exercícios:
1- O que significa a inscrição 20oC presente em vidrarias para medidas de
volume?
2- Qual o material mais indicado para:
a- Preparar soluções:
b- Medir 20 ml de solução ácida:
3- O que significa a inscrição +- 5% presente em algumas vidrarias?
4- Esquematize em desenho e conceitue:
a- Menisco superior:
b- Menisco inferior:
36
AULA 05
RECONHECIMENTO DE PIPETAS E TÉCNICAS DE PIPETAGEM
As pipetas são instrumentos de medição e transferência rigorosa de
volumes líquidos. Apresentam boa precisao em relação os demais
instrumentos utilizados no laboratório para medir volumes.
Há três tipos principais pipetas:
PIPETAS GRADUADAS: possuem uma escala para medir volumes
variáveis. Corresponde a um tubo graduado uniformemente em seu
comprimento. Sua capacidade total é fracionada e dividida em décimos,
centésimos ou milésimos.
Sua capacidade total e o tipo de fracionamento estão informados na
pipeta. Por exemplo, uma pipeta de 2ml fracionada em décimos é descrita
como uma pipeta de 2ml 1/10. Significa que a maior medida efetuada por esta
pipeta é de 2ml e a menor de 0,1 ml (1/10). Já a pipeta de 2ml fracionada em
centésimos é descrita como pipeta de 2ml 1/100. Significa que a maior media
efetuada por esta pipeta é de 2ml e a menor de 0,01ml (1/100).
A tabela abaixo mostra as principais pipetas graduadas de acordo com sua
capacidade total e o tipo de graduação (fracionamento) de cada uma delas:
Tabela 3 – Capacidade e tipo de graduação de pipetas graduadas utilizadas em
laboratórios.
PIPETAS GRADUADAS FREQUENTEMENTE UTILIZADAS NO
LABORATÓRIO
Capacidade Total Tipo de Graduação
10ml 1/10
5ml 1/10
2ml 1/10 e 1/100
1ml 1/10 e 1/100
Assim como na proveta, deve-se utilizar pipetas graduadas com a
capacidade total mais próxima do volume a ser medido.
Durante a pipetagem, forma-se um menisco na parte superior da pipeta,
onde termina o líquido contido na mesma. A observação do menisco é
37
fundamental para uma pipetagem bem feita. Assim, para líquidos incolores ou
corados com transparência, lê-se o nível do líquido na superfície curva que
denominamos menisco inferior. Para líquidos coloridos sem transparência lê-
se o nível do líquido na superfície plana que denominamos menisco superior.
PIPETAS VOLUMÉTRICAS: possuem apenas um traço final, para indicar o
volume fixo e final indicado por ela, sendo estas mais rigorosas que as
graduadas. É constituída por um tubo de vidro com um bulbo na parte central.
O traço de referência é gravado na parte do tubo acima do bulbo. É usada
para medir volumes de líquidos com elevada precisão. Não deve ser
aquecida.
• MANIPULAÇÃO DA PIPETA GRADUADA OU VOLUMÉTRICA:
A pipetagem de um líquido (ou de uma solução) deverá ser metódica e
cuidadosa.
a) Conectar a pipeta uma pera de pipetagem ou um pipetador.
b) Colocar uma porção do líquido a ser pipetado em um recipiente (ex.
béquer).
c) Levar a pipeta até próximo do fundo do recipiente que contém o líquido (ou
a solução), tomando o cuidado de não bater a parte inferior da pipeta no
fundo do mesmo;
d) Fazer a sucção na parte superior da pipeta até notar que o líquido subiu um
pouco acima do traço de aferição (fazer este passo devagar para não ir
líquido à pera ou ao pipetador);
e) Segurar o recipiente que contém o líquido (ou a solução) com a outra mão,
de modo que a parte inferior da pipeta toque a sua parede lateral e elevar a
pipeta até que o traço de aferição coincida com a altura dos olhos; (deixe
escoar o líquido do interior da mesma até se conseguir aferição).
f) Levar a pipeta até o recipiente de destino e deixar escoar através da
parede lateral do mesmo, até a medida desejada. Cuidado, pois se esse
recipiente já contém outro líquido não deixe que a pipeta encoste-se ao
líquido já existente.
g) Caso reste algum líquido dentro da pipeta, retorne esse líquido ao
recipiente anterior.
38
PIPETAS AUTOMÁTICAS OU MICROPIPETAS: A pipeta automática é um aparato
composto de uma parte fixa, contendo todos os dispositivos para seu
funcionamento, à qual se adapta uma ponteira removível (tip), normalmente
de plástico. A parte fixa apresenta um pistão de aço inoxidável capaz de
mover-se dentro de um cilindro. O movimento apropriado cria vácuo, fazendo
com que o líquido em contato com a ponteira seja aspirado para dentro do
cilindro, ocupando o volume antes ocupado pelo ar. A alta exatidão indica que
as pipetas automáticas dispensam volumes bastante aproximados do volume
indicado no equipamento. A precisão está relacionada à reprodutibilidade de
mensurações individuais de um mesmo volume, e também pode ser expressa
como um desvio padrão.
Quadro 1- Lista de pipetas e volume medido pelas diferentes pipetas
fonte: http://labiq.iq.usp.br/
Para utilizar estas pipetas é necessário uma ponteira, de maneira que o
líquido aspirado por elas não entra ou não deve entrar no corpo principal da
micropipeta, sob risco de adulterá-la e descalibrá-la.
• MANIPULAÇÃO DE PIPETAS AUTOMÁTICAS:
Para a obtenção de resultados corretos é necessário selecionar a pipeta
certa. O volume a ser transferido deve estar dentro da faixa de volume
recomendada para a pipeta. Selecionada a pipeta adequada, é necessário
ajustar o volume de interesse. Para isso, pegue a pipeta com uma das mãos e
gire o botão de ajuste com a outra mão até chegar ao volume desejado.
Existe um anel no meio do botão que bloqueia o volume (figura 6). Para o
ajuste fino do volume é necessário girar o botão 1/3 acima do volume
desejado e voltar lentamente para a configuração exata. Isso aumenta a
39
precisão da medida. Faça isso com todas as pipetas disponibilizadas na
bancada do laboratório. Preste atenção ao volume medido em cada
pipetagem.
Figura 6- Partes da pipeta automáticas
O visor indicador de volume geralmente tem três dígitos e é lido na direção do
botão de pipetagem para a base (onde se encaixa a ponteira; figura 7). Os
três dígitos indicam o volume em microlitros e podem ser coloridos em preto
ou vermelho. Se houver esta distinção de cores, os dígitos pretos indicam
volumes inteiros e os vermelhos, indicam frações. Os algarismos significativos
variam de pipeta para pipeta e são, via de regra, 0,05%do volume máximo da
pipeta. Por exemplo, a P-20 chega a 0,01µL e a P-200 a 0,1 µL.
40
Figura 7 - Alinhamento correto do visor da pipeta automática
fonte: http://www.ufscar.br/
Depois de ajustado o volume, coloque a ponteira na pipeta de forma que fique
bem presa (figura 8).
Figura 8 – Forma de encaixe correto da ponteira na pipeta automática
fonte: http://www.ufscar.br/
Para pipetar, aperte o botão de pipetagem até sentir o primeiro ponto de
resistência. Leve a pipeta com o botão apertado até o recipiente contendo o
líquido a ser transferido. Com a pipeta na posição vertical, faça a ponteira
imergir de 1 a 6 mm abaixo da superfície do líquido. Para fazer o líquido subir
41
na ponteira, volte lentamente o botão para a posição inicial. Espere alguns
segundo até que o líquido ocupe todo o volume. Retire a ponteira do líquido.
Se ficarem algumas gotas do lado de fora da ponteira, passe cuidadosamente
a ponteira no tubo de onde retirou o líquido para que o mesmo fique no local
de origem ou passe um papel no entorno sem encostar-se à abertura da
ponteira (figura 9).
Figura 9 – Procedimento de pipetagem
fonte: http://www.ufscar.br/
Logo após o uso, as ponteiras são descartadas em recipiente
apropriado.
Para uma pipetagem correta, deve-se observar:
• Trocar a ponteira antes de aspirar líquido, amostra ou reagente
diferente;
• Pressione e solte o botão de modo lento e constante;
• NUNCA pipete líquidos onde T > 70°C ou T < 4 °C;
• NUNCA vire a pipeta de cabeça para baixo ;
• NUNCA deite a pipeta enquanto houver líquido na ponteira;
• NUNCA utilize graxa ou silicone no pistão ou selos;
42
• NUNCA tente ajustar o volume acima da especificação.
2 Objetivos:
- Reconhecer e diferenciar as pipetas graduadas, volumétricas e
automáticas;
- Manusear corretamente pipetas graduadas, volumétricas e automáticas;
- Responder às questões propostas para a avaliação da aula prática.
3 .Material:
- Pipetas graduadas de 10mL, 5mL, 2mL in 1/10, 2mL in 1/100, 1mL in
1/100; pipetadores azuis e verdes, pipetas automáticas de voumes
variáveis : 10µL, 20µL, 50µL, 100µL e 500µL,1000µL ponteiras, tubos de
ensaio, descarte;
- Líquidos corados.
4. Procedimento:
1a. Parte:
1- Observe atentamente todas as pipetas dispostas sobre a mesa.
Observe as inscrições existentes.
2- Coloque as pipetas graduadas em ordem crescente de capacidade
total, anote esta ordem.
3- Separe as pipetas graduadas de acordo com a divisão da escala.
Quais são divididas em:
• Décimos:
• Centésimos:
4- Compare as escalas de uma pipeta de 2ml in 1/10 e uma de 2ml in
1/100. Quais as observações que podem ser feitas?
43
5- Quantas unidades de graduação encontraram nas pipetas de:
a)- 10ml in 1/10 d)- 5ml in 1/10
b)- 2ml in 1/10 e)- 2ml in 1/100
c)- 1ml in 1/10 f)- 1ml in 1/100
6- Qual a pipeta graduada deverá ser usada para medir os seguintes
volumes:
0,05ml; 0,20ml; 0,65ml; 0,7ml; 1,50ml e 1,75ml.
7- Observe as pipetas automáticas dispostas sobre a mesa e indique a
capacidade de cada uma.
8- Aperte uma pipeta automática e observe os dois estágios que ela
apresenta. Para que serve o primeiro estágio? E o segundo estágio?
9- Qual o material mais indicado para:
a-Transferir 2,5 ml de um reagente para um tubo de ensaio:
b-Medir 20 µl de sangue:
2a. Parte:
Efetuar as seguintes pipetagens:
1- Numere dois tubos de ensaio: 01 e 02.
2- Observe a escala da pipeta de 2ml in 1/100. Aspire a solução corada
até a indicação de 0,65 da escala graduada e despreze o líquido em
um tubo de ensaio número 01. Quantos ml de solução foram na
verdade desprezados no tubo de ensaio?
3- Utilizando uma pipeta de 1ml in 1/100, meça um volume de 0,75ml e
despreze no tubo de ensaio número 02. Em que parte da escala
44
graduada a solução deverá chegar para que a pipeta contenha então
os 0,75ml?
4- Utilizando uma pipeta automática pipete os seguintes volumes: 5µl;
13,5µl; 35µl; 98,3µl; 602µl;1000µl;
Avaliação Final da Aula Prática
1- Que diferenças existem entre as pipetas graduadas, volumétricas e
automáticas?
2- Quais foram as principais dificuldades encontradas nas técnicas de
pipetagem apresentadas?
3- Quais os principais cuidados a serem observados durante a utilização de
pipetas graduadas?
4- Quais os principais cuidados a serem observados durante a utilização de
pipetas automáticas?
5- Identifique as pipetas correspondentes:
a- Mede pequenos volumes fixos da ordem de microlitros:
b- Mede volumes fracionados;
c- Mede apenas aquele volume que corresponde à capacidade máxima da
pipeta:
d- Não é medida em volume, mas em milímetros:
e- Podem ser lavadas com água:
f- Nunca deve ser lavada:
g- Usada para medir 5 ml exatos:
h- Medir 50 µl:
EXERCÍCIOS
1- Faça as conversões abaixo:
a- 0,325 l = ................ ml g- 0,5 ml = ................ dl
b- 12,37 dl = ................. ml h- 100 µl = ............... ml
c- 500 µl = .................. ml i- 50 µl = .................dl
d- 713,5 l = .................. dl j- 0,015 ml = ................... µl
e- 13000 cl = ................ l k- 0,2 ml = .................. µl
45
f- 250µl = ............... ml l- 250 µl = ................ l
2- Um recipiente contém 400 litros de uma solução. Esta solução deverá ser
colocada em frascos de 100 ml cada um. Quantos frascos serão necessários?
3- Indique a pipeta graduada que deverá ser utilizada para medir:
0,02 ml = 1,8 ml =
0,18 ml = 6,5 ml =
0,75 ml = 4,8 ml =
1,25 ml = 0,05 ml =
2,5 ml = 0,15 ml =
0,6 ml = 0,27 ml =
4- Indique a pipeta graduada que deverá ser utilizada para fazer os seguintes
esquemas de medidas:
a- 1 ml de solução para cada um de uma série de 5 tubos:
b- 0,2 ml de uma solução para cada um de uma série de 5 tubos:
c- 0,25 ml de uma solução para cada um de uma série de 8 tubos:
5- Complete:
a- Uma escala de 1ml divididos em décimos (1/10) significa que a menor
medida é ................. ml.
b- Uma escala de 1 ml divididos em centésimos (1/100) significa que a
menor medida é ............. ml.
6- Utilizando uma pipeta de 2 ml 1/100 aspirei a solução até a indicação 0,55
ml. Quantos ml estão contidos na pipeta?
7- Descreva a técnica e os cuidados necessários para a utilização das pipetas
graduadas e automáticas:
46
AULA 06
AQUECIMENTO EM LABORATÓRIO
O aquecimento é um procedimento muito utilizado no laboratório de
química. Entretanto, antes de ser executado, é necessário que se conheça a
natureza da substância a ser aquecida para que não ocorra acidentes.
No laboratório de química, o aquecimento pode ser feito através de
aquecedores elétricos (chapas, fornos, mantas elétricas, etc), bico de gás,
vapor d’água ou banho-maria.
AQUECIMENTO EM BICO DE GÁS
O bico de gás, também chamado de bico de Bunsen (Figura 10), é um
dos instrumentos mais utilizados em laboratórios para fins de aquecimento.
Com ele, podem-se alcançar temperaturas da ordem de 1500ºC. Seu uso,
porém, restringe-se apenas ao aquecimento de sólidos e líquidos não
inflamáveis.
Possui como combustível normalmente o G.L.P, uma mistura do gás
butano (C4H10) e do gás propano (C3H8) e como comburente o oxigênio do ar
atmosférico que em proporção otimizada, permite obter uma chama de alto
poder energético.
As partes que constituem o bico de Bunsen são:
• Zona externa: quase invisível, onde os gases expostos ao ar sofrem
combustão completa, resultando em CO2 e H2O. Esta zona é chamada
de zona oxidante, alcançando temperaturas entre 1540ºC e 1560ºC.• Zona intermediária: luminosa, caracterizada pela combustão incompleta,
por deficiência de suprimento de O2, formando CO2 e fuligem (C). Esta
zona é chamada de zona redutora, com temperaturas abaixo de
1540ºC.
• Zona interna: limitada por uma casca azulada, contendo os gases que
ainda não sofreram combustão, com temperaturas em torno de 300ºC.
47
Figura 10: Desenho esquemático do Bico de Bunsen
fonte: https://goo.gl/udpTZZ
Abrindo-se o regulador ou registro de ar, dá-se entrada de suficiente
quantidade de O2, dando-se na região intermediária combustão mais
acentuada dos gases, formando, além do CO, uma quantidade maior de CO2
e H2O.
Para se aquecerem béquer, erlenmeyer, balões, etc., não se deve usar
diretamente o bico de Bunsen. Estes aquecimentos são feitos através da tela
de amianto, cuja função é deixar passar o calor uniformemente e não permitir
que passe a chama.
Procedimento correto para acender o bico de Bunsen:
• Fechar as válvulas de saída de gás (bancada), do bico de gás e de
entrada de ar;
• Abrir a válvula de saída de gás central;
• Abrir a válvula da bancada;
48
• Acender o fósforo o aproximá-lo do queimador. Abrir, devagar e com
muito cuidado, a saída de gás do bico de gás.
• Regular a entrada de ar no bico de gás;
Procedimento correto para desligar o Bico de Bunsen:
• Desligara a válvula de gás da bancada;
• Deixar todo o gás restante na mangueira entrar em combustão;
• Fechar a válvula de gás do bico de gás;
• Fechar a entrada de ar do bico de gás.
• Desligar a válvula de gás central.
OBJETIVOS
• Aprender a utilizar o bico de Bunsen;
• Aprender técnicas de aquecimento em laboratório;
• Utilizar termômetro.
MATERIAL
Bico de Bunsen, fósforo, água destilada, tudo de ensaio, pinça de
madeira, béquer de 250 mL, pérolas de vidro, termômetro, suporte universal,
tela de amianto, tripé, garras para termômetro
PROCEDIMENTO
1. Manuseio de bico de Bunsen
a) Localize as válvulas de saída de gás (central, bancada e ado abico de gás)
e de ar;
b) Acenda o bico de gás;
c) Descreva como proceder para acender o bico de Bunsen:
d) Note que a chama forma um cone bem definido e faça um esquema da
chama indicando as 3 regiões. Identifique estas regiões.
e) Descreva os procedimentos para desligar o bico de gás.
2. Aquecimento de líquidos em tubo de ensaio
a) Pipete 2 mL de água destilada em um tubo de ensaio;
49
b) Segure o tubo próximo à boca com uma pinça de madeira (cuidado, pois a
boca do tubo de ensaio deve ser posicionada para um local seguro);
c) Aqueça a água com uma inclinação de 45ºC e com pequena agitação, até a
ebulição da água;
d) Desligue o gás.
3 Aquecimento de líquidos no béquer
a) Faça a montagem necessária para aquecimento de líquidos em béquer
como no esquema abaixo;
b) Coloque 100mL de água em um béquer de 250 mL;
c) Acrescente à água algumas pérolas de ebulição ( pérolas de vidro);
d) Faça a leitura da temperatura da água: ______ ºC;
e) Acenda o bico de Bunsen e observe o movimento das pérolas de vidro e a
formação de bolhas de ar;
f) Meça a temperatura quando esta estabilizar: _______ºC;
g) Desligue o gás da forma correta;
Revisão da aula prática:
1. Como a tela de amianto e as pérolas de vidro evitam o superaquecimento?
2. Por que se usa a pinça de madeira e não a metálica para segurar o tubo de
ensaio?
3. Discuta a temperatura de fervura da água.
50
AULA 07
MANIPULAÇÃO DA BALANÇA - CUIDADOS E TÉCNICAS DE PESAGEM
A balança é um dos instrumentos mais importantes do laboratório. É um
instrumento delicado, em sua maior parte importado e, por isso, de preço
bastante elevado. Alguns tipos de balanças geram resultados muito precisos,
como as balanças analíticas. As balanças analíticas geralmente pesam até
décimo de milésimo, ou seja, até a quarta casa decimal. Como inteiro é o
grama, elas pesam até decimiligrama. Ao utilizar uma balança deve-se, antes
de tudo, verificar qual a capacidade máxima da mesma. A balança, sendo um
aparelho de precisão delicado, não pode suportar cargas excessivas, o que
acarretaria estragos na mesma. A carga máxima da balança vem impressa na
própria balança. Normalmente, a capacidade máxima das balanças analíticas
está em torno de 100 a 200g. Na realidade, trabalha-se com massas, e não
com pesos. O peso de um objeto é a força exercida sobre ele pela atração
gravitacional da Terra. Esta força difere em distintos locais da Terra. A massa,
por outro lado, é a quantidade de matéria da qual o objeto é composto, e não
varia. O processo de pesagem varia de acordo com o tipo de balança
empregada, mas cuidados gerais na técnica de determinação de massa são
sempre os mesmos:
1. Conhecer previamente o modo de funcionamento do aparelho. Em caso de
dúvida, consultar o catálogo.
2. Verificar se a balança está nivelada observando através de um nível em
forma de bolha. Para nivelar a balança gira-se os pés localizados na parte
frontal da mesma (depende da balança).
3. Retirar poeiras ou detritos do(s) prato(s) com pincel apropriado.
4. Verificar se as escalas da balança estão ajustadas, isto é, se as mesmas
estão indicando zero grama. Esta operação comumente é chamada zerar a
balança (existe dispositivo para se acertar o zero).
5. Nunca pesar substâncias corrosivas, voláteis ou higroscópicas em frascos
abertos.
51
6. Nunca colocar material diretamente no prato. Devam ser utilizados
recipientes adequados (cadinho, pesa-filtro, Becker, papel manteiga ou papel
alumínio etc.) que devem estar limpos e secos.
7. O material a ser pesado deve estar à temperatura ambiente O material
quente cria em redor de si uma corrente ascendente de ar que o torna mais
leve.
8. Pesar os objetos com as janelas laterais fechadas.
9. Não se deve pesar material cujo peso seja mais ou menos próximo da
capacidade da balança.
10. Conserve a balança limpa. Se durante a operação partículas cair no prato,
retirá-las imediatamente.
11. A balança quando não está em uso deverá estar travada e fechada
(depende do tipo de balança).Uma balança elétrica deverá ser desligada.
12. O(s) prato(s) deve(m) estar travados quando se coloca ou retira pesos ou
objetos a pesar (depende do tipo de balança).
13. Travar e destravar a balança levemente.
Medidas de massa:
Instruções para uso:
- Nivelar a balança através da bolha de nível. A balança deve estar
desligada para o nivelamento;
- Ligar a balança e observar se ela está zerada;
- Calibrar a balança de acordo com o roteiro do manual, mas geralmente
seleciona-se a tecla “CAL” e segue-se as instruções que irão aparecer no
visor.
- Pesar um béquer pequeno (50 ml).
- Tarar a balança com béquer em seu interior;
- Adicione então 50 gotas de água destilada com um conta-gotas e pese o
conjunto. Anotar o valor;
- Tare a balança e repita essa operação mais 2 vezes. Anote os valores e
depois compare os valores pesados.
Medidas de volume:
1) Pese um béquer seco de 100 mL.
52
2) Tarar a balança;
3) Meça 10 mL de água destilada com uma proveta, coloque-a no béquer de
100 mL e pese-o novamente.
4) Repita este procedimento mais duas vezes e anote os pesos obtidos na
tabela abaixo.
5) Jogue fora a água destilada da primeira pesagem e tare a balança com um
béquer de 100 mL vazio. Repita o procedimento anterior, utilizando agora
uma pipeta volumétrica de 10 mL. Anote os pesos na tabela abaixo.
6) Compare a média dos valores obtidos com a medida na proveta com a
pipeta volumétrica.
Proveta
graduada
Pipeta
volumétrica
Massa após a 1a adição de 10
mL/proveta
---
Massa após a 2a adição de 10
mL/proveta
-----
Massa após a3a adição de 10 ml/proveta --------
Massa após a 1a adição de 10 mL/pipeta
volumetrica
------
Massa após a 2a adição de 10 mL/pipeta
volumetrica
--------
Massa após a 3a adição de 10 mL/pipeta
volumetica
---------
Media das três medidas
53
AULA 08
PREPARO DE SOLUÇÕES
PROPRIEDADES DAS SOLUÇÕES
As substâncias químicas presentes na natureza e utilizadas em nosso
cotidiano encontram-se, geralmente, em forma de soluções. As soluções
podem ser líquidas, sólidas ou gasosas.
As soluções são misturas homogêneas de duas ou mais substâncias
caracterizadas como misturas monofásicas, ou seja, misturas que apresentam
uma única fase. A maioria dos procedimentos executados em laboratório
envolve o uso de soluções. Por isso, a preparação de soluções faz parte de
uma rotina e o conhecimento sobre a técnica empregada no preparo é
fundamental.
As soluções são classificadas quanto ao seu estado físico como sólidas,
líquidas e gasosas. Nos laboratórios, são utilizadas quase que
exclusivamente as soluções líquidas. Aquelas que empregam água como
solvente são chamadas soluções aquosas; já as que empregam álcool
(etanol) como solvente são denominadas soluções alcoólicas.
A Solubilidade: é a capacidade de uma substância (soluto) ser dissolvida por
um determinado solvente, a uma dada temperatura.
Como exemplos de soluções têm-se: ar atmosférico, soro fisiológico, aço.
Como solvente têm-se: água, nitrogênio; como soluto tem-se: carbono, cloreto
de sódio, oxigênio.
Alguns fatores influenciam na solubilidade de alguns solutos, como
temperatura, pressão e forças intermoleculares. As forças intermoleculares
dependem das ligações químicas presentes: substâncias formadas por
ligações covalentes podem ser POLARES ou APOLARES. A água, por ser
uma substância polar, é um bom solvente para o álcool, que também é polar;
54
porém, a água é um solvente ruim para a gasolina, que é apolar, formando
assim uma mistura heterogênea.
As soluções líquidas mais preparadas nos laboratórios são aquelas obtidas
pela dis- solução de solutos sólidos ou líquidos em um solvente líquido. Um
dos primeiros passos para o preparo de soluções é fazer os cálculos
referentes às quantidades necessárias dos reagentes (soluto e solvente) para
o preparo.
Para realizar os cálculos, primeiro precisamos selecionar os reagentes (soluto
e solvente) envolvidos no preparo da solução. Os reagentes químicos
utilizados no preparo de soluções são comercializados em diferentes graus de
pureza. Existem várias classificações quanto à pureza dos reagentes,
entretanto, uma das mais adotadas divide os compostos químicos na seguinte
escala:
� grau comercial, com 70 a 90% de pureza;
� grau farmacêutico, a partir de 95% de pureza;
� grau para análise (PA), que chega a 99,9% de pureza.
Normalmente, consideramos o grau de pureza somente quando precisamos
calcular as quantidades de reagentes necessários para o preparo de soluções
do tipo padrão, pois o grau de exatidão nesse caso é mais rigoroso em função
dos fins aos quais essas soluções se destinam. No preparo de soluções
comuns, cujo grau de exatidão é me- nos necessário em virtude de sua
utilização, normalmente não consideramos o grau de pureza do reagente,
exceto se sua pureza for inferior ao grau comercial, como por exemplo, no
preparo de soluções de ácido clorídrico (pureza de 37%) .
CONCENTRAÇÃO EM QUANTIDADE DE MATÉRIA
A quantidade de matéria é uma unidade fundamental do Sistema
Internacional de Unidades (SI) que expressa a quantidade em mol de uma
55
substância. Concentração em quantidade de matéria é a quantidade em mol
do soluto por litro de solução:
Concentração em quantidade de matéria = mol do soluto/ L de solução = mol/L-1
Um exemplo da expressão da concentração em quantidade de matéria é a
quantidade de sal, NaCl, na água do mar: cada 1 L contém 27 g de sal. É
possível converter a massa de sal em quantidade de matéria:
A massa molar do NaCl é a soma das massas do Na e do Cl: 23 + 35,5 = 58,5
g/mol. Então se 1 mol de NaCl pesa 58,5 g, quantos mol correspondem a 27
g?
Basta fazer a seguinte regra de três:
58,5 g NaCl __________ 1 mol
27 g NaCl __________ x
x = 0,46 mol
Assim, a concentração em quantidade de matéria do sal NaCl na água do mar
é 0,46 mol L-1.
CONCENTRAÇÃO EM MASSA POR VOLUME C (m/v)
CONCENTRAÇÃO COMUM
Uma das expressões de concentração de soluções mais simples é a
concentração comum. A partir dessa expressão, relacionamos a massa de
soluto, expressa em gramas, com o volume de solução, expresso em litros.
A concentração em massa por volume expressa a massa do soluto em
gramas, por litro de solução.
C(m/v) = massa de soluto (g)/ volume (L) = g L-1
A partir da utilização de subdivisões de massa e volume, obtemos outras
unidades, como g/mL ou g/cm3, kg/L, mg/L e g/m3.
56
A solução fisiológica constitui-se de 9,0 gramas de cloreto de sódio, NaCl em
um litro de água. A concentração desta solução é igual a 9,0 g L-1. Em geral,
essa concentração é expressa nos rótulos em termos percentuais. Para isso,
deve-se calcular a massa de NaCl contida em 100 ml de solução:
1 L = 1.000 mL
9,0 g NaCl _______1.000 mL de solução
X _______100 mL de solução
X = 0,9 g / 100 mL
X = 0,9 % (m/v)
CONCENTRAÇÃO EM MASSA POR MASSA C(m/m) E VOLUME POR VOLUME C(v/v)
Esse tipo de concentração é comumente expresso em forma de composição
percentual:
Composição percentual (%): é a porcentagem em massa ou volume de um
soluto por massa ou volume de solução.
% (m/m) = massa de soluto (g) x 100/ massa de solução (g)
% (v/v) = volume de soluto (L) x 100/ volume de solução (L)
É possível observar essa expressão da concentração em rótulos de muitos
produtos utilizados no cotidiano. O vinagre, por exemplo, é uma solução de
ácido acético em água a 3,0 %. Isso significa que uma garrafa de 750 g de
vinagre contém 22,5 g de ácido acético:
Ácido acético no vinagre % (m/m) = 22,5 g x 100/750g = 3,0 %
PREPARO DE SOLUÇÕES
Preparar soluções é uma das tarefas principais dentro de um laboratório. Uma
solução mal preparada ocasiona erros em formulações e análises. Para o
preparo de uma solução, devem ser observados:
1) Qualidade da água
57
A maioria das soluções utilizadas em laboratório é líquida e têm a água como
solvente. É importante que a água apresente um nível de qualidade
satisfatório e atenda às especificações preconizadas pelas farmacopéias
(códigos onde se estabelecem, dentre outras coisas, os requisitos mínimos de
qualidade para fármacos, insumos, drogas vegetais, medicamentos e
produtos na área da saúde). Para os laboratórios de análises clínicas,
deve-se utilizar uma água de grau reagente (RDC 302/2005 - ANVISA), que
deve passar por vários processos de purificação.
2) Qualidade dos reagentes
Existem diferentes graus de pureza para um reagente químico, de acordo
com o fim a que se destina. Quanto maior for o grau de pureza, maior será o
custo do reagente.
Grau de pureza (p): quociente entre a massa de substância pura e a massa
total da amostra.
Classificação dos reagentes de acordo com o grau de pureza:
Grau de pureza Classificação do reagente
Técnico ou comercial Destinados a fins industriais, não
requerem grau de pureza elevado.
Para análise (PA) Substâncias de grau de pureza
analítico, destinadas a análises
físico-químicas, com baixos teores
de contaminantes.
Substâncias Químicas de Referência
(SQR)
Materiais de referência certificados
utilizados na avaliação da
conformidade dos insumos
farmacêuticos e dos medicamentos,
como referência decontrole de
qualidade.
Ultrapuro Substâncias de alto grau de pureza,
destinadas a processos analíticos
altamente sensíveis, como análises
cromatográficas.
3) Qualidade da vidraria
As vidrarias corretas devem ser selecionadas: para o preparo de soluções
padrão ou de concentração em quantidade de matéria, devem ser escolhidas
58
vidrarias de precisão, como a pipeta e o balão volumétricos. Já para soluções
expressas em composição percentual não há a necessidade de vidrarias tão
precisas. Podem ser utilizadas, então, provetas, cilindros graduados e pipetas
graduadas.
4) Qualidade na técnica de preparo da solução
� Para soluções de soluto sólido, deve-se pesar o soluto em balança analítica,
verificando antes de tudo se a mesma encontra-se calibrada e nivelada.
� Antes de abrir o frasco do reagente, ler o rótulo e verificar a presença de
símbolos de risco, obedecendo às normas de biossegurança. Deve-se utilizar
uma espátula para retirar a porção a ser pesada ou, no caso de substâncias
líquidas, transferir pequena porção para outro recipiente e só então pipetar o
líquido. Nunca devemos introduzir outro tipo de objeto no frasco de reagente,
evitando contaminações. Também é importante não manipular diretamente
com os dedos o recipiente de pesagem a fim de evitar que a gordura dos
dedos influencie na leitura.
� Após a pesagem, o soluto deverá ser transferido quantitativamente, ou seja,
totalmente, para a vidraria escolhida: um balão volumétrico ou cilindro
graduado. É adequado utilizar um funil e um bastão de vidro para auxiliar
nessa transferência.
� Em seguida, deve-se homogeneizar a solução.
� Quando a solução estiver homogenia, deve-se avolumar a solução,
adicionando um volume de solvente até o traço de aferição da vidraria. É
muito importante elevar ao nível dos olhos, observando a posição do menisco,
evitando assim o erro de paralaxe.
Obs: A sigla .q.s.p. aparece com frequência em soluções e formulações de
produtos e significa: quantidade suficiente para, ou seja, para completar o
volume final.
SOLUÇÃO MOLAR (M)
Para fazer uma solução numa molaridade em particular você precisa saber
qual o volume necessário e o peso molecular da substância da fórmula.
Para calcular a molaridade:
59
Molaridade = número de moles do soluto/volume em litros da solução
A molaridade de uma solução da espécie A, é o número de moles dessa
espécie contidos em 1 L de solução. Sua unidade é M, que tem dimensões
de mol L-1.
A molaridade exprime também o número de milimoles (mmol ou10-3 mol) de
um soluto por mililitro (mL ou 10-3 L de solução:
Molaridade = solução mL Nº
soluto mmol ºN
solução L Nº
soluto mol Nº
====
Relembrando que o Nº de moles de uma substância está relacionado a seu
peso em gramas através do peso molecular (PM), teremos
N° de moles =
PM
(gramas) peso
ou
N° de milimoles =
PM
s)(miligrama peso
Molaridade e seus submúltiplos:
Molaridade e
submúltiplos
Símbolo Valor em termos da
molaridade
Molar M 1
Milimolar mM 10-3
Micromolar µM 10-6
Nanomolar nM 10-9
Picomolar pM 10-12
femtomolar fM 10-15
ESTERILIZAÇÃO DE SOLUÇÕES:
1) Autoclave: a maioria dos tampões e meio para bactérias e fungos (se um
ingrediente termolábil tiver que ser adicionado a um tampão autoclavado,
autoclave primeiro o tampão e quando esfriar à T.A(temperatura ambiente)
adicione o ingrediente que deve ser esterilizado por filtração).Não autoclavar:
tampões com detergentes, solventes orgânicos, vitaminas, antibióticos,
proteínas.
60
2) Filtração: se um líquido é termolábil ou volátil, deverá se esterilizado por
filtração, onde a solução é passada (pela gravidade, força ou vácuo) através
de um filtro com poros cujos tamanhos sejam suficientes para excluir a
maioria dos microrganismos (0,2 ou 0,1 µM).
PREPARO DE SOLUÇÕES (PRÁTICA)
Objetivos
� Aprender formas de preparação de soluções no laboratório de química.
� Observar os diversos tipos de soluções utilizadas no laboratório químico.
PROCEDIMENTOS PARA PREPARAÇÃO DE UMA SOLUÇÃO TAMPÃO:
1) Pesar a massa do soluto, após o cálculo da mesma, em um vidro de
relógio, papel alumínio ou papel manteiga;
2) Transferir a massa do soluto para um béquer. Adicionar uma pequena
quantidade de água destilada. Solubilizar usando uma barra
magnético/agitador de soluções.
3) Após a solubilização, Transferir o conteúdo do béquer para um balão
volumétrico.
4) Com o auxílio de uma pisseta, lavar o béquer (no mínimo 2 vezes)
utilizado na solubilização, transferindo a água para o balão volumétrico.
5) Completar o volume do balão volumétrico utilizando pipeta de Pasteur.
Para acertar o volume final observar o menisco.
6) Homogeneizar a solução e transferi-la para um frasco apropriado,
rotulando-a: identificação da solução data de preparação, concentração
e nome do manipulador. As soluções sensíveis a luz deverão ser
armazenadas em frasco âmbar.
Prepare as soluções a seguir:
� Preparo de 200mL de solução salina (NaCl 0,9%)
• Calcular a quantidade de NaCl necessária para preparar 500 mL de
solução salina.
• Pesar a quantidade de NaCl calculada.
61
• Colocar a quantidade de NaCl pesada em balão volumétrico de 500 mL
e completar o volume com água destilada ou deionizada.
• Agitar e rotular o frasco.
� Preparar 100ml de uma solução 0,5M de NaOH.
Exercícios:
Calcule:
1) Qual a molaridade de NaCl em uma solução preparada dissolvendo 12g de
NaCl em q.s.p. 250 ml.
2) Calcule a concentração (molL-1) de uma solução concentrada de HCl, sabendo
que :
Título: 37% (m/v)
Densidade ou gravidade específica= 1,18(g/cm3)
62
AULA 09
PREPARO DE SOLUÇÕES TAMPÕES
No que diz respeito a ácidos e bases, o conceito de Brönsted-Lowry é
adequado ao estudo de pH e tampões, em que ácidos podem ser definidos
como compostos capazes de doar prótons hidrogênio e bases, estas capazes
de aceitar prótons hidrogênio. Embora este conceito possa ser aplicado a
sistemas aquosos e não aquosos, no caso de sistemas biológicos,
considerando a presença da água, a ionização ocorre em meio aquoso.
Como a água é o componente mais abundante nos sistemas biológicos, é de
esperar que ela e seus íons desempenhem papel muito importante nesses
sistemas, e isso se verifica nos seres vivos. Nesse sentido, recordaremos o
comportamento ácido-básico da água que envolve a sua dissociação como
um eletrólito muito fraco, pois sistemas biológicos ácidos e bases
provenientes do metabolismo intermediário sofrem ionização ao interagir com
a água, como doador ou aceptor de prótons hidrogênio.
Uma solução tamponada resiste a mudanças de pH quando ácidos ou bases
são adicionados ou quando uma diluição ocorre. A solução-tampão é uma
solução que não muda o pH facilmente. Uma vez que cada reação
enzimática, cada célula e cada extração têm seu pH ótimo, as soluções-
tampão têm múltiplas utilidades. Elas são usadas para a lavagem de células,
para quebrar o DNA, para executar técnicas como eletroforese, enfim para
qualquer atividade na qual a estrutura e/ou atividade do material biológico
deva ser mantida.
Quando os ácidos e as bases se ionizam até determinado limite em solução,
dependendo do grau de ionização são classificados como fortes e fracos.
Ácidos fortes são os que em solução diluída ionizam quase 100%. Boa parte
dos metabólitos intracelulares e macromoléculas apresenta comportamento
de ácidos e bases fracas, e, portanto, com capacidade de ionização parcial.
Essa capacidade pode ser medida por uma constante de ionização
denominada Ki.
63
Assim, Ki representa a constante de equilíbrio da reação de ionizaçãoreversível e, considerando a concentração de água constante, podemos
definir uma nova constante, agora denominada Ka, e Ka = Ki × [H2O]. Desse
modo, trabalharemos com o sistema simplificado, omitindo a concentração da
água e lembrando que H+ representa a forma simplificada do H O+ (íon
hidrônio), como descrito a seguir.
Representado em termos de concentração de H+,
Aplicando logaritmo negativo(p) à expressão,
Essa expressão é conhecida como equação de Henderson-Hasselbach.
A capacidade tamponante de uma solução tampão é, qualitativamente, a
habilidade desta solução de resistir a mudanças de pH frente a adições de um
ácido ou de uma base. Quantitativamente, a capacidade tampão de uma
solução é definida como a quantidade de matéria de um ácido forte ou uma
base forte necessária para que 1,00 L de solução tampão apresente uma
mudança de uma unidade no pH (Skoog et al., 1996). Esta habilidade em
64
evitar uma mudança significativa no pH é diretamente relacionada à
concentração total das espécies do tampão (ácidas e básicas), assim como à
razão destas. É verificado que um tampão é mais efetivo a mudanças quando
as concentrações das espécies ácidas e básicas são iguais.
É importante que todos os tampões e soluções usados em biologia tenham o
pH apropriado. O pH das soluções é medido antes da autoclavagem com uso
de um medidor de pH. Antes de iniciar o procedimento experimental é
necessário calibrar o pHmetro. Para isso siga os passos descritos no manual
de instruções do aparelho.
O MEDIDOR DE PH
O medidor de pH, também denominado de pHmetro ou potenciômetro, é um
equipamento necessário para a medição de pH. Esse equipamento é
constituído de um eletrodo de vidro (dispositivo eletroquímico) que mede a
concentração de H+ em uma solução. Esse eletrodo é parcialmente submergido
na solução a qual se deseja medir o pH, produzindo então uma corrente
elétrica proporcional à concentração de H+, que é convertida em um valor
numérico. Esse aparelho permite converter o valor do potencial do eletrodo em
pH. Ao ser submerso na amostra, o eletrodo gera milivolts (mV) que são
convertidos em uma escala de pH.
Para o funcionamento ideal do pHmetro é necessária a calibração do mesmo, a
qual deverá ser realizada diariamente ou imediatamente antes do uso. Isso
pode ser realizado utilizando soluções tampões fornecidas pelo fabricante
solução pH = 7,0; solução pH = 4,0 e solução pH = 10,0), sempre iniciando com
a solução pH= 7,0. Quando o eletrodo não está em uso, deverá ficar
mergulhado em uma solução de KCl 3M que hidrata a membrana do eletrodo,
prolongado a vida útil do mesmo. Alguns cuidados devem ser levadas em
consideração:
• O medidor de pH possui um eletrodo sensível para medir a concentração de H+
em uma solução.
65
• O peagâmetro deve ser calibrado diariamente usando dois tampões de pH
conhecidos. Se você está verificando o pH de várias soluções, não há
necessidade de recalibrar entre as soluções.
• O pH poderá afetar a solubilidade.
• O pH é dependente da temperatura: certifique-se de que o tampão que está
medindo está na mesma temperatura do tampão-padrão usado para calibrar o
aparelho.
•
PROCEDIMENTOS GERAIS DE AJUSTE DO MEDIDOR DE PH
• Ligar o aparelho;
• Retirar o eletrodo do recipiente contendo solução de KCl 3M e lavá-lo com
água destilada.
• Secar cuidadosamente o eletrodo com o uso de um lenço de papel.
• Imergir o eletrodo na solução-padrão de pH 7 e calibrar o aparelho no botão
adequado.
• Retirar o eletrodo da solução e repetir o procedimento de ajuste, agora para a
solução-padrão de pH 4,0, no botão adequado.
• Lembrar de sempre colocar o aparelho em “stand by” quando eletrodo não
estiver imerso em uma solução.
PROCEDIMENTOS PARA PREPARAÇÃO DE UMA SOLUÇÃO TAMPÃO:
a) Pesar a massa do soluto, após o cálculo da mesma, em um vidro de relógio,
papel alumínio ou papel manteiga;
b) Transferir a massa do soluto para um béquer. Adicionar uma pequena
quantidade de água destilada. Solubilizar usando uma barra
magnético/agitador de soluções.
c) Após a solubilização, acertar o pH para o valor desejado com o auxílio de um
pHmetro. Lembrar que ao acertar o pH a solução deverá estar sempre sob
agitação em temperatura ambiente. Certifique-se de que a barra de agitação
não se encoste ao eletrodo antes de ligar o agitador magnético.
d) Espere até que as leituras se estabilizem. Utilizando uma pipeta Pasteur,
adicione uma gota (de ácido ou base) à solução em agitação e espere até que
o pH mude e se estabilize antes de adicionar outra gota.
66
e) Transferir o conteúdo do béquer para um balão volumétrico.
f) Com o auxílio de uma pisseta, lavar o béquer (no mínimo 2 vezes) utilizado na
solubilização, transferindo a água para o balão volumétrico.
g) Completar o volume do balão volumétrico utilizando pipeta de Pasteur. Para
acertar o volume final observar o menisco.
h) Homogeneizar a solução e transferi-la para um frasco apropriado, rotulando-a:
identificação da solução data de preparação, concentração e nome do
manipulador. As soluções sensíveis a luz deverão ser armazenadas em
frasco âmbar.
PARTE PRÁTICA:
FUNCIONAMENTO DE UM TAMPÃO:
1) Numerar outros 4 tubos de ensaio de 1 a 4. Colocar 4 gotas de indicador
universal em cada tubo.
2) Adicionar 10 mL de água destilada aos tubos 1 e 3.
3) Adicionar 1,0 mL de tampão pH 7 e 9,0 mL de água destilada aos tubos
2 e 4
4) Acrescentar 2 gotas de NaOH 0,1 M aos tubos 1 e 2. Misturar sem
inversão. Observar se há mudança de cor e comparar o pH com a
escala existente.
5) Utilizando uma pipeta de 1 mL soprar ar através da solução do tubo 1
até que não se verifique mais mudança de cor na solução (até o tubo 1
ficar com a mesma cor do tubo2). Comparar novamente a cor com a
escala de pH.
6) Soprar da mesma forma no tubo 2 e por um tempo mais prolongado do
que foi soprado no tubo 1. Anotar o que foi observado.
7) Adicionar 3 gotas de HCl 0,1 M aos tubos 3 e 4.Observe a coloração dos
dois tubos
8) Continuar a adição de HCl 0,1 M ao tubo 4, gota a gota. Determinar
quantas gotas de ácido devem ser acrescentadas ao tubo 4 para que se
obtenha a mesma cor do tubo 3.
PREPARO DE SOLUÇÕES:
1) Preparar 200 ml de uma solução de EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético)
0,5M pH 8,0.
67
AULA 10
DILUIÇÃO DE SOLUÇÕES
As soluções são misturas homogêneas formadas pelo soluto e o
solvente. Diluir uma solução consiste em adicionar a ela uma porção de
solvente puro.
Diluir uma solução significa diluir sua concentração, ou seja, diluição é o
processo que se acrescenta mais solvente a uma solução mais concentrada.
Nesse processo ocorre a variação do volume dos solventes e da solução,
mas a massa do soluto continua a mesma. Geralmente são preparadas e
armazenadas soluções de concentração elevada e, a partir delas, podem-se
obter outras mais diluídas (isto é, menos concentradas) por meio da diluição.
O cálculo para diluir uma solução é dado pela equação:
Concentração inicial X volume inicial = Concentração final X volume final
Ex: Ao diluir 100 mL de uma solução de cloreto de sódio, cuja concentração é
igual a 15 g/L ao volume final de 150 mL, qual será a concentração final da
solução?
Aplicando a fórmula de diluição CiVi = CfVf, temos:
100 x 15 = 150 x Cf
Cf = 10 g/L
Preparar as soluções abaixo:
1) Preparar um litro de uma solução de um sal de concentração 0,5 g/L
dispondo de outra solução, do mesmo sal, de concentração 2,5 g/L?
2) Preparo de álcool 70%
• Verificar o álcool disponível para preparação do álcool 70%.
68
DILUIÇÕES COM MATERIAL BIOLÓGICO
O uso mais comum da palavra diluição ocorre no sentido de que“tantas partes de um material (soluto) estão sendo diluídas em um número
total de partes do produto final (solução)”.
Ao se descrever uma diluição, o menor número sempre se refere ao
número de partes da substância que está sendo diluída, enquanto que o
maior número se refere ao número de partes que constitui a solução.
Considere as seguintes frases:
• Faça uma diluição 1 para 10 de soro em salina.
• Faça uma diluição 1 em 10 de soro em salina.
• Faça uma diluição 1 para 10 de soro com salina.
• Faça uma diluição 1/10 de soro com salina.
• Faça uma diluição 1:10 de soro usando salina.
• Faça uma diluição de 1 parte de soro e 9 partes de salina.
• Faça uma diluição de 1 parte de soro para 9 partes de salina.
Qual é a diferença entre essas frases? Nenhuma! Todas significam
exatamente a mesma coisa.
ENTÃO: Diluir é acrescentar solvente a uma solução mantendo-se
inalteradas as quantidades de soluto existentes.
D= V soluto
V soluto + V solvente
1 parte de soro
+ 9 partes de salina
10 partes de solução final
O significado difere quando usamos a palavra razão. Os números
passam a se referir aos materiais da razão, que podem ser escritos de
diversas formas:
• 1:9
• 1 para 9
• 1/9
69
Não importa como a razão é escrita, a ordem dos números deve corresponder
à ordem das substâncias às quais a razão se refere.
Ex: Uma razão de soro para salina 1:9 é igual a uma razão salina para soro
9:1, o que é a mesma coisa que uma diluição de 1:10 de soro com salina.
ESSE TIPO DE INTERPRETAÇÃO É SÓ COM O USO DE MATERIAL BIOLÓGICO E NÃO
QUÍMICO. EX: PREPARAR UMA SOLUÇÃO DE ÁCIDO SÚLFURICO E ÁCIDO NÍTRICO NÍTRICO
1:2, SIGNIFICA UMA PARTE DO PRIMEIRO E DUAS DO SEGUNDO)
TÍTULO é a concentração de uma solução determinada por titulação. É a
menor quantidade ou concentração que produzia um efeito particular ou
produto. O título é a recíproca da diluição. Então, em uma reação de pesquisa
de anticorpos positiva na diluição ½ e ¼ e negativa na diluição 1/8 e 1/16, o
título é 4.
Ex:Dilua 2 mL de soro com 28 mL de salina. Deve-se somar 28 mL de
salina em 2 mL de soro. Então, o volume total da solução final é 30 mL.
2 mL de soro
+ 28 mL de salina
30 mL de solução final
A diluição desta solução seria 2 em 30. No entanto, diluições são geralmente
propostas como 1 para algum número. Para converter uma diluição 2:30 em
uma diluição de 1 em algo, é só montar um problema de razão-proporção: 2
está para 30 assim como 1 está para X.
2/30 = 1/X 2X=30 X=15 - a diluição soro em salina é 2:30 ou 1:15
A razão desta solução seria 2: 28. No entanto, diluições são geralmente
propostas como 1 para algum número. Para converter uma diluição 2:28 em
uma diluição de 1 em algo, é só montar um problema de razão-proporção: 2
está para 28 assim como 1 está para X.
70
2/28 = 1/X 2X=28 X=14 - a razão soro em salina é 2:28 ou 1:14 ou
então, uma razão salina em soro 14:1
Outro problema é expressar a concentração da solução diluída.Ex: Uma
solução de NaOH 2 M é diluída 1/5 e, em seguida, 1/10. Determine a
concentração de cada uma das 3 soluções.
• solução 1 de NaOH: 2M
• solução 1/5 de NaOH: 2M x 1/5 = 0,4M
• solução 1/10 de NaOH: 2M x 1/5 x 1/10 = 0,04M
OBS: Uma diluição simples corresponde à diluição de um soluto em um diluente de
forma única e simples.
Exemplo:
Uma diluição muito utilizada no setor de hematologia é a diluição do sangue
total para a contagem dos eritrócitos. Para realizá-la, devemos pipetar 4,0
ml de diluente (salina por exemplo) e, em seguida, 20 µL da amostra
(sangue total).
Neste caso, a diluição é calculada pela proporção de sangue total no
volume final obtido:
Diluição= volume de sangue/ volume total
Diluição = 0,02/ 4,0
O valor deve ser então simplificado, obtendo-se a diluição 1/200.
71
AULA PRÁTICA 11
DILUIÇÃO SERIADA DE SOLUÇÕES
As diluições seriadas, também conhecidas como diluições sucessivas, são
utilizadas principalmente em técnicas semiquantitativas que determinam, por
exemplo, o título de anticorpos presentes numa amostra biológica. Consistem
em preparar uma diluição a partir de outra, formando assim uma diluição
seriada.
Um exemplo é a diluição do soro positivo no exame de VDRL:
Quando a reação de VDRL é positiva, ocorre uma aglutinação do
sangue, formando partículas maiores e insolúveis no plasma ou soro.
Dependendo da quantidade de anticorpos presentes no sangue testado pode-
se diluir 1, 2, 3, 4 ou mais vezes a amostra de sangue, até que a reação não
aconteça mais. Assim, o teste pode ser positivo somente sem diluição (1/1),
diluído em 2 (1/2), 1/4, 1/8, 1/16 etc.Como pode ser observado na figura
acima:
Parte Prática:
1) Numere 6 tubos de ensaio.
2) Distribuir 2 ml de água destilada em todos os tubos de ensaio.
3) Ao tubo 1 adicionar 2 ml do material.
4) Transferir 2 ml do tubo 1 para o tubo 2.
72
5) Transferir 2 ml do tubo 2 para o tubo 3.
6) Prosseguir da mesma maneira até o último tubo da série.
7) Descarte, em local adequado , 2 mL do tubo 6.
8) Quais serão as diluições obtidas em cada tubo de ensaio.
DILUIÇÕES SUCESSIVAS COM RAZÃO CONSTANTE IGUAL A 10 (FIGURA
ABAIXO)
1) Numerar 5 tubos de ensaio;
2) Distribuir 9ml de diluente em todos os tubos de ensaio.
3) Ao tubo 1 adicionar 1 ml do material.
4) Transferir 1 ml do tubo 1 para o tubo 2.
5) Transferir 1 ml do tubo 2 para o tubo 3.
6) Prosseguir da mesma maneira até o último tubo da série.
7) Descarte, em local adequado , 1 mL do tubo 5.
8) Quais são as diluições em cada um dos tubos de ensaio.
As diluições obtidas serão: 1:10; 1:100; 1:1000; 1:10.000; e 1:100.000.
73
EXERCÍCIOS:
1. Faça 250 mL de uma diluição 1:10 de soro em salina.
2. Faça 45 mL de uma diluição 1:15 de soro em salina.
3. Determine a quantidade de soro em 40 mL de uma diluição 1:5 de soro em
salina.
4. Quanto de uma diluição de 1:32 de urina com água destilada poderia ser
feita com 2 mL de urina?
5. Uma diluição 1/10 de uma substância é diluída 3/5, rediluída 2/15 e diluída
mais uma vez ½. Qual é a concentração final?
6. Uma solução que contém 70 mg/dL é diluída 1/10 e de novo 2/20. Qual é a
concentração final?
7. Em uma série de 8 tubos, coloque 0,9 mL de solução fisiológica no 1º tubo
e 0,5 mL de solução fisiológica nos tubos restantes. Adicione 0,1 mL de
soro ao 1º tubo, misture e coloque 0,5 mL dessa solução no tubo
subseqüente e repita o processo até o último tubo. Despreze o último 0,5
mL. Para cada tubo adicione 0,5 mL de antígeno. A partir disso, responda:
a) Qual é a diluição de cada tubo antes de adicionar o antígeno?
b) Qual a quantidade de soro presente nos dois primeiros tubos após a
transferência?
c) Qual e a diluição em cada tubo após a adição do antígeno?
8. Quais diluições representam as misturas abaixo?
a) 0,3 mL de soro sanguíneo com 4,2 mL de solução fisiológica.
b) 0,5 mL de soro sanguíneo com 3 mL de solução fisiológica.
c) 0,2 mL de soro sanguíneo com 6,2 mL de solução fisiológica.
9. Esquematize a diluição de 5 mL de azul de metileno diluído a 1/4000.
10. Esquematize a preparação de 50 mL de uma solução tampão fosfato a
1/2000. O tampão foi fornecido pelo fabricante a uma diluição 1/10.
74
11. Pipetou-se 500 µL se um soluto em tubo de ensaio e acrescentou-se 4,5 mL
de solvente. Qual é a diluição?
12. Pipetou-se 200 µL se um soluto em tubo de ensaio e acrescentou-se 9,8 mL
de solvente. Qual é a diluição?
13. Num laboratório de Virologia, foi diluído 200 µL de soro diluído a 1:4.
Porém, a diluição correta seria 1:10. Como fazer essa correção?
14. Uma soluçãoestoque de ácido oxálico 1/100 está disponível no laboratório
de química. Como o laboratorista prepararia 6 mL de ácido oxálico 1/150?
15. Fazer uma diluição seriada de razão 5 a partir de uma solução de azul de
metileno em água. Usar uma bateria de 5 tubos. O volume em cada tubo
deve ser 3 mL.
75
AULA 11
MICROSCOPIA
O Microscópio óptico é um instrumento usado para ampliar, com uma
série de lentes, estruturas pequenas impossíveis de visualizar a olho nu. O
microscópio é um aparelho essencial no estudo de microorganismos, células
e estruturas invisíveis a olho nu. A imagem dos objetos é ampliada de forma
que possamos observá-la nitidamente. Por assim ser, o aparelho pode ser
usado em vários setores como, por exemplo, na hematologia para fazer o
hemograma, na parasitologia para fazer o exame parasitológico de fezes e na
urinálise para fazer o exame de rotina da urina.
É constituído por um componente mecânico que suporta e permite
controlar um componente óptico que amplia as imagens.
COMPONENTES DO MICROSCÓPIO
76
COMPONENTES MECÂNICOS:
A porção mecânica do microscópio se destina à sustentação,
movimentação e condicionamento da parte ótica e é composta por:
• Pé ou base: é o suporte do microscópio pois serve de apoio dos
restantes componentes do microscópio.
• Coluna ou Braço: localizado fixo à base, serve de suporte a outros
elementos, unindo o pé às demais partes do microscópio.
• Platina: onde se fixa a preparação a observar. Apresenta uma
passagem por onde os raios luminosos vão passar e também parafusos
dentados que permitem fixar e deslocar a preparação.
• Tubo ou canhão: é a parte que sustenta as lentes oculares na
extremidade superior.
• Charriot: parte responsável pela movimentação da lâmina contendo o
material a ser analisado. Fixa e movimenta a lâmina de um lado para o outro,
para frente e para trás, permitindo uma análise da lâmina como um todo.
• Revólver: peça giratória portadora das lentes objetivas de diferentes
ampliações. Localiza-se abaixo do canhão.
• Parafuso macrométrico: situado lateralmente ao aparelho, permite
realizar maiores avanços ou recuos da platina, colocando a lâmina contendo o
material a ser analisado mais próximo ou mais distante da objetiva em uso.
Esse parafuso permite uma focalização grosseira do material. A sua rotação é
responsável por movimentos verticais da platina, rápidos e de grande
amplitude.
• Parafuso micrométrico: a sua rotação é responsável por movimentos
verticais da platina, lentos e de pequena amplitude, permitem aperfeiçoar a
focagem, ou seja, obter uma focalização mais nítida.
COMPONENTES ÓTICOS
Esses componentes visam a ampliação de imagens e estão divididos
em:
77
• Fonte de luz: permite a luminosidade necessária à visualização do
material. A mais utilizada atualmente é a luz artificial, fornecida por uma
lâmpada de tungstênio ou de halogênio, incluída no aparelho juntamente com
um interruptor, que permite regular a intensidade da luz emitida.
• Lentes Oculares: sistema de lentes que permite ampliar a imagem real
fornecida pela objetiva, formando uma imagem virtual. As oculares mais
utilizadas são as de ampliação 10x, mas também existem oculares de 12 e 15x.
Estas lentes recebem esta denominação por ficarem próximas aos olhos
durante a visualização do material contido na lâmina.
• Lentes Objetivas: permitem ampliar a imagem do objecto 4x, 10x, 40x
ou 100x. As objetivas de 10x, 40x e 50x são denominadas objetivas secas pois
entre a preparação e a objetiva existe somente ar.
A objetiva de 100x é denominada objetiva de imersão, uma vez que,
para a utilizar, é necessário colocar uma gota de óleo de imersão entre ela e a
preparação, a qual, por ter um índice de refração semelhante ao do vidro,
evita o desvio do feixe luminoso para fora da objetiva.
As lentes objetivas encontram-se acopladas ao revólver.
O aumento do objeto a ser examinado é dado pelo produto dos
aumentos conferidos pelas oculares e objetivas.
Por exemplo, se a ocular for de 10x e a objetiva for de 100x, o aumento
do objeto será de 1000x.
• Condensador: conjunto de duas ou mais lentes convergentes que
orientam e espalham regularmente a luz emitida pela fonte luminosa sobre o
campo de visão do microscópio. Ele converge os raios luminosos emitidos pela
fonte de luz de tal modo que forma um cone luminoso sob o objeto observado.
O uso ou posição do condensador, em geral, obedece à seguinte regra:
- Abaixado quando se usam as lentes objetivas de pequeno
aumento (5 e 10x);
- À meia altura quando se usa a lente objetiva de 40x;
- Levantado quando a objetiva em uso for a de 100x.
• Diafragma: está acoplado ao condensador logo abaixo da platina e
serve para regular a intensidade da luz. É constituído por palhetas que podem
78
ser aproximadas ou afastadas do centro através de uma alavanca ou parafuso,
permitindo regular a intensidade da luz que incide no campo de visão do
microscópio.
ETAPAS DA FOCALIZAÇÃO
Para focalizar o material contido na lâmina os dois olhos devem ser
mantidos abertos. O ato de fechar um dos olhos enquanto se usa o
microscópio pode ocasionar irritações e fadiga em um dos olhos.
O correto procedimento para a focalização e utilização do microscópio é
o seguinte:
1o- Colocar a lâmina contendo o material a ser examinado na platina, fixando-
a através das garras do charriot;
2o- Ligar a lâmpada para que os raios luminosos provenientes da fonte de luz
incidam sob o material a ser examinado;
3o- Movimentar o charriot a fim de centralizar o material a ser examinado;
4o- Ajustar o condensador e o diafragma de acordo com a objetiva a ser
usada e também para obtenção de uma adequada iluminação;
5o- Para iniciar a focalização, olhar pelo lado do aparelho e através do
parafuso macrométrico aproximar o mais possível a objetiva de menor
aumento do objeto;
6o- Olhando através das oculares, e ainda utilizando o parafuso macrométrico,
afastar lentamente a objetiva do objeto até conseguir a visualização do
material contido na lâmina;
7o- Conseguida a focalização grosseira, utilizar agora o parafuso micrométrico
e melhorar a nitidez do foco;
8o- Para observação de todo o material, movimentá-lo através do charriot;
9o- Caso haja necessidade, passar para a objetiva de aumento imediatamente
superior e ajustar novamente a nitidez do foco através do micrométrico.
Observação: Para a focalização de esfregaços corados, onde existe a
necessidade de utilização da objetiva de imersão (100x), devemos colocar
79
sobre o esfregaço uma gota de óleo a fim de unir o objeto à objetiva sem que
esses se toquem.
CUIDADOS COM O MICROSCÓPIO
Os seguintes cuidados são essenciais para que possamos ter os
microscópios funcionando da melhor forma possível:
• Evite carregar o aparelho de um lugar a outro. E quando for carregá-lo,
utilize ambas as mãos apoiando uma delas sob a base e a outra no braço do
microscópio;
• Ao colocá-lo sobre a mesa, mantê-lo a alguma distância do bordo;
• As lentes são peças muito caras. Para as limpar, deve usar a flanela ou
gazinha macia;
• Após a utilização, encaixar a objetiva de menor ampliação (4x) alinhada
com a ocular;
• Evite encostar as objetivas no material a ser examinado;
• Limpe sempre as objetivas, principalmente quando usar o óleo, com uma
gaze limpa e embebida em éter;
• Manter o microscópio sempre coberto por uma capa quando não estiver
em uso para evitar a deposição de poeira;
• Ao movimentar qualquer dos seus parafusos, a resistência oferecida é
uniforme durante todo o curso, não sendo permitidosressaltos ou ruídos. A
falta de foco, o desajuste do contraste e a nitidez no transcorrer do tempo da
análise devem ser verificados pelo microscopista e, se necessário, pelo técnico
de manutenção;
• Sempre que for ligar o aparelho, comece pela tomada e só então ligue a
lâmpada. E para desligá-lo primeiramente desligue a lâmpada e depois a
tomada;
• Nunca deixe material (lâminas) sobre o microscópio após o uso;
• O microscópio deve estar sempre com uma capa para evitar acúmulo de
pó;
Uma outra sugestão para a limpeza do microscópio consiste na
utilização de papel filtro macio para que não risque a lente, embebido numa
80
mistura de 70% etanol + 30% de éter sem inundar a lente. E para limpar o
óleo de imersão, usar apenas éter, pois o álcool pode criar um aspecto fosco
na lente.
OUTRAS TÉCNICAS DE MICROSCOPIA
Microscopia de fundo escuro:
É uma aplicação do princípio de Tyndall. Assim os corpúsculos a
examinar são fortemente iluminados por feixes luminosos que penetram
lateralmente, o que é conseguido com condensadores especiais. Deste modo,
a única luz que penetra na objetiva é a difratada pelas partículas presentes na
preparação, pelo que passam a ser visíveis em fundo escuro.
A microscopia de fundo escuro é útil, por exemplo, no diagnóstico da
Sífilis primária, que permite a visualização do Treponema pallidum.
Microscopia fluorescente:
A microscopia fluorescente permite observar microorganismos capazes
de fixar substâncias fluorescentes (fluorocromos). A luz UV, ao incidir nessas
partículas, provoca a emissão de luz visível e observa-se os microorganismos
a brilhar em fundo escuro. Como exemplos, a leishmaniose e a doença de
Chagas podem ser diagnosticadas por essa técnica.
Microscopia de contraste de fase:
Permite a observação de microrganismos vivos, sem coloração,
através do contraste devido à diferença de fase dos raios luminosos que
atravessam o fundo relativamente à fase da luz que atravessa os
microrganismos. Esta diferença de fase é conseguida por utilização de uma
objetiva de fase, que consiste num disco de vidro com um escavação circular,
de modo que a luz que atravessa a escavação tem diferença de 1/4 de fase
em relação à que atravessa a outra porção do vidro. Assim, os objetos não
corados podem funcionar como verdadeiras redes de difração, pois os
pormenores da sua estrutura resultam de pequenas diferenças nos índices de
refração dos componentes celulares, e estes originam diferenças de fase nas
radiações que os atravessam
81
Microscopia eletrônica:
A diferença básica entre o microscópio óptico e o eletrônico é que neste
último não é utilizada a luz, mas sim feixes de elétrons. O aumento alcançado
pode ser da ordem de 10 000 vezes e possibilita que a amostra seja varrida
por um feixe muito fino de elétrons.
O material a ser estudado passa por um complexo processo de
desidratação, fixação e inclusão em resinas especiais, muito duras, que
permitem cortes ultrafinos obtidos através das navalhas de vidro do
instrumento conhecido como ultramicrótomo.
Existem três tipos de microscópio eletrônico básico:
• De transmissão: usado para a observação de cortes ultrafinos;
• De varredura: capaz de produzir imagens de alta ampliação para a
observação de superfícies;
• De tunelamento: para visualização de átomos.
MICROSCOPIA ÓPTICA (PARTE PRÁTICA)
1) Focalizar e observar lâminas de esfregaços sanguíneos no microscópio
óptico, utilizando as objetivas de 10x e 40x.
2) Focalizar e observar lâminas de esfregaços sanguíneos com a utilização
de óleo de imersão, no aumento de 100x.
Registre as diferenças observada nos campos visualizados?
3) Realizar a limpeza dos microscópios e desligá-los. Primeiramente
diminua a intensidade da luz, desligue a lâmpada e depois desligue na
tomada.
82
AULA 12
ESPECTROFOTOMETRIA
Espectrofotometria, ou fotocolorimetria, é uma técnica analítica que permite de-
terminar a concentração das soluções por meio da intensidade de luz absorvida
ou transmitida por elas. Com soluções coloridas, em que a intensidade de cor
produzi- da na solução é proporcional à concentração da substância que está
sendo dosada, conseguimos quantificar a concentração de uma dada
substância em uma solução. Isso é possível, pois diversas biomoléculas
absorvem luz em comprimentos de onda (λ) característicos. A luz branca é um
espectro contínuo dos comprimentos de onda de todas as cores. Se a luz
branca atravessar uma solução contendo um composto corado, certos
comprimentos de onda de luz são absorvidos seletivamente.
A fotometria é usada nos laboratórios para se determinar a concentração de
vários analitos presentes em amostras biológicas. Normalmente aplica-se uma
reação química específica para determinado analito, para se obter um produto
colorido e estável em solução, com a capacidade de absorver ou transmitir
energia radiante.
Amostra biológica + Reagente de cor específico = Produto da reação corado
(contém o analito) (cromógeno estável)
A cor do produto formado cresce com o aumento da concentração do
analito presente na amostra.
Para determinar a concentração de um analito em uma determinada
amostra é necessário incidir sobre o produto da reação, uma radiação
eletromagnética. Uma parte dessa energia será absorvida pela solução e a
fração absorvida é proporcional ao número de partículas do analito presente
na solução.
LEI DE LAMBERT-BEER
83
Usando soluções coradas, Beer, apoiado nas observações de Lambert,
concluiu que havia uma relação entre a intensidade de energia transmitida e
a concentração da solução corada. Ele observou que quando a
concentração da solução crescia, a intensidade de energia absorvida
aumentava e a transmitida diminuía.
- Transmitância: é a intensidade de energia transmitida em relação à
energia incidente. É inversamente proporcional à intensidade de cor da
solução.
- Absorbância: é a intensidade de energia radiante absorvida por uma
solução. É diretamente proporcional à intensidade de cor dessa solução.
O espectrofotômetro, então, mede a transmitância e a absorbância de uma
solução corada contendo uma determinada concentração do analito a ser
dosado. Através da absorbância obtida com o aparelho, podemos calcular a
concentração do analito. A determinação da concentração de um soluto em
uma determinada solução por espectrofotometria envolve também a
comparação da absorbância da solução comum com uma solução de
referência, na qual já se conhece a concentração do soluto. Em geral, essa
solução de referência é chamada solução-padrão. Pode-se então diluir a
solução-padrão para obter diferentes concentrações (pontos), determinar as
suas respectivas absorbâncias e traçar um gráfico, cujo perfil é conhecido
como curva-padrão.
Fórmula para calcular a concentração da amostra:
Ca ------------- Aa ⇒ Ca = Cp x Aa
Cp ------------ Ap Ap
� Fórmula para calcular o fator de calibração (Fc):
Fc = Cp
Ap
� Fórmula para calcular a concentração da amostra através do fator de
calibração:
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Ca = Fc x Aa
Onde:
- Ca = concentração da amostra; Cp = concentração do
padrão;
- Aa = Absorbância da amostra; Ap = Absorbância do
padrão;
- Fc = Fator de calibração.
ESPECTROFOTÔMETRO
É o aparelho usado para medir a energia absorvida e/ou transmitida por
uma determinada solução contendo o produto da reação do analito que se
quer dosar.
Os componentes básicos do aparelho são:
1- Fonte de energia elétrica: fornece a energiaelétrica para o
funcionamento do aparelho.
2- Fonte de energia radiante: fornece a energia radiante com vários
comprimentos de onda necessários às medidas fotométricas.
3- Fenda de entrada: usada para que o raio de luz provenha de um ponto
comum e bem definido.
4- Monocromador: utilizado para selecionar a área desejada do espectro
para se trabalhar.
5- Fenda de saída: utilizado para controlar a dimensão do feixe luminoso
que vai incidir sobre a solução.
6- Porta cubeta: recipiente onde se coloca a cubeta contendo a solução.
7- Detector: recebe a energia radiante transmitida pela solução e a
transforma em energia elétrica.
8- Circuito medidor: recebe a energia elétrica emitida pelo detector e a
apresenta ao operador em uma medida: absorbância (A) ou
transmitância (T).
85
UTILIZAÇÃO DE BRANCO E PADRÃO NAS DOSAGENS BIOQUÍMICAS
Padrão:
Solução com concentração definida do analito, utilizado para calibrar o
método analítico. A sua leitura de absorbância e o valor de sua concentração
são utilizados para efetuar o cálculo da concentração do analito nas
amostras biológicas. Pode-se utilizar um padrão único ou uma sequência de
diversos padrões para a construção de uma curva de calibração.
Branco:
O branco é utilizado diariamente na rotina para cada dosagem realizada.
Usamos o branco em fotometria para estabelecer o Zero de absorbância ou
100% de transmitância, para eliminar a absorção dos reagentes e das
cubetas e a interferência da coloração da amostra biológica (turvação,
icterícia e substâncias que alteram a cor da amostra). Não significa que o
branco seja incolor. Ele contém todos os reagentes usados na metodologia
empregada, menos a amostra biológica, na maioria dos casos.
Abaixo se encontra um quadro com dicas para a utilização do
espectrofotômetro:
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LEITURA NO ESPECTROFOTÔMETRO
DOSAGEM DE PROTEÍNAS PELO MÉTODO DE BIURETO
O método de Biureto é uma técnica colorimétrica baseada na formação em
meio alcalino de um complexo entre o íon cúprico (Cu3+) e as múltiplas
ligações peptídicas das proteínas. O complexo formado apresenta coloração
violeta púrpura estável, cujo ponto máximo de absorção ocorre no comprimento
de onda de 545 nm (filtro verde).
Apesar de ser rápido e utilizar reagentes de baixo custo, esse método não é
muito sensível. Ainda assim, o método de Biureto continua sendo recomendado
para a determinação da concentração de proteínas totais em plasma
sanguíneo, na saliva e no leite (ZAIA; ZAIA; LICHTIG, 1998).
Preparo do reativo de Biureto:
� 1,5 g de sulfato de cobre;
� 6,0 g de tartarato de sódio e potássio;
� Complete com água destilada até 500 mL. Adicione 300 mL de NaOH
10% e complete com água destilada para 1 L.
Procedimentos:
• Disponha os tubos de ensaio (em duplicata), conforme a tabela a
seguir.
87
• Pipete 2,5 mL do reativo de Biureto em todos os tubos. Lembre-se
de que o reagente colorimétrico deve ser adicionado em todos os
tubos e no mesmo volume em cada um deles.
• Agite vigorosamente.
• Deixe os tubos em banho-maria a 37 °C durante 20 minutos.
• Selecione o comprimento de onda (545 nm) no
espectrofotômetro.
• Zere o aparelho com o branco.
• Realize as leituras e anote os valores das absorbâncias na tabela
a seguir.
• Desenhe a curva-padrão obtida em papel milimetrado ou no
computador (nas abcissas, as concentrações de albumina de
cada tubo e, nas ordenadas, as absorbâncias obtidas no equi-
pamento).
• Calcule, utilizando o FC, a concentração da amostra utilizada.
OBS: Para a utilização do aparelho, deve-se seguir a seguinte ordem de
procedimentos:
- Ligar o aparelho e esperar que ele se estabilize;
- Selecionar o comprimento de onda desejado;
- Limpar as cubetas com papel macio e inseri-las no compartimento, com
o lado liso voltado para o caminho óptico.
- Zerar a reação usando um branco (água destilada).
88
- Fazer as leituras de absorbância do padrão e amostras Calcular a
concentração das amostras.
- Enxaguar as cubetas com água destilada e secá-las com papel
absorvente.
89
AULA 14
CENTRIFUGAÇÃO
A centrifugação é um processo usado para separar ou concentrar materiais
suspensos em uma solução. A base teórica desta técnica é o efeito da
gravidade sobre as partículas (incluindo macromoléculas) em suspensão.
Duas partículas de massas diferentes irão sedimentar em ritmos diferentes
em resposta à gravidade. A força centrífuga, medida como "g" (gravidade) ou
RCF (do inglês Relative Centrifugal Force), é usada para aumentar esta taxa
e é aplicada em um instrumento chamado centrífuga.
A força centrífuga relativa (Rcf) cuja unidade é o g é gerada quando uma
partícula ou conjunto de partículas é sujeito a um movimento circular de
aceleração:
Rcf (g) = 1,12 x 10-5 x R x N2
R = raio em centímetros
N = velocidade de centrifugação em RPM
• 1 g equivalente à aceleração da gravidade na superfície da Terra
Figura XXX- Força centrífuga
Fonte: goo.gl/iXCUkAcontent_copy
90
Centrífugas são dispositivos utilizados em uma variedade de aplicações
científicas, que giram em altas velocidades de rotação a uma elevada força
centrífuga. A força centrífuga (expressa como "g" ou RCF) gerada é
proporcional à velocidade de rotação do rotor (rotações por minuto - RPM) e
à distância entre o centro do rotor e o tubo de centrífuga. Portanto, uma
determinada centrífuga pode ter vários tamanhos de rotor para dar
flexibilidade à escolha das condições de centrifugação. Cada centrífuga
possui um gráfico ou tabela que relaciona a taxa de rotação (RPM) à força
centrífuga ("g" ou RCF) para cada tamanho de rotor que seja compatível.
Como as centrífugas possuem muitas formas e tamanhos, e os rotores
podem variar, a unidade universal de centrifugação é a força centrífuga.
Fonte: goo.gl/yM9OTwcontent_copy
91
Fonte: goo.gl/rYVp56
MATERIAIS: tubos de coleta por sistema à vácuo com EDTA (tampa roxa),
tubos de coleta de soro (tampa amarela), garrote, álcool 70%, adaptador,
agulhas para coleta de sistema à vácuo, centrífuga, coletor para
perfurocortantes, tubos de ensaio, pipetas de Pasteur, pinça.
MÉTODO:
- Coletar sangue venoso por sistema a vácuo, em tubo com e sem
anticoagulante;
- Levar os tubos para a centrifugação;
- Equilibrar os tubos na centrífuga, posicionando-os em sentidos opostos e
com o mesmo volume de sangue.
- Fechar a centrífuga e ligar o aparelho, ajustando a velocidade para 1500
rpm e marcar 10 minutos.
- Aguardar a parada completa do processo de centrifugação e retirar os
tubos com o auxílio de uma pinça.
92
- Fazer a comparação das diferentes fases formadas após a centrifugação.
- Colocar os tubos em uma grade, abri-los cuidadosamente e transferir, com
o auxílio de uma pipeta de Pasteur, o soro e o plasma para dois tubos de
ensaio, respectivamente.
QUESTÕES:
1) Cite 03 cuidados importantes ao manusear a centrífuga.
2) Descreva a diferença entre soro, plasma e sangue total.
3) Quais as diferenças entre os tubos de coleta para a obtenção de soro,
plasma e sangue total?
4) Cite 03 exames realizados com cada amostra: soro, plasma e sangue total.
93
BIBLIOGRAFIA
• AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA)
Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004: Dispõe sobre o
Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 10 de
dezembro de 2004.• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR
14785: laboratório clínico – requisitos de segurança. Rio de Janeiro,
2001.
• BARSANO, P. R., BARBOSA, R. P., GONÇALVES, E., SOARES, S. P.
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ed. -- São Paulo : Érica, 2014.
• BRUNO, A. N. et al. Biotecnologia I: Princípios e métodos. Porto
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laboratório de bioquímica e biofísica: uma visão integrada. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
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de solução tampão. Química nova na Escola. 2001. p. 18-21.
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Paraíba: Universidade Federal da Paraíba, 2007.
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biossegurança. São Paulo: Manole:, 2ªed., 2014.
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profissionais em laboratórios de saúde. volume 1 Rio de Janeiro:
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analytical chemistry. 7ª ed. Fort Worth: Saunders College, 1996. p.
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multidisciplinar. 2.ed. Rio de Janeiro, RJ: FIOCRUZ, 442p. 2010
• ZAIA, D. A. M.; ZAIA, C. T. B. V.; LICHTIG, J. Determinação de
proteínas totais via espectrofometria: vantagens e desvantagens dos
métodos existentes. Química nova, v. 21, n. 6, p. 787-793, 1998.