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AULA 7 A 10 FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS

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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
MODELOS CLÁSSICOS DA ANÁLISE SOCIOLÓGICA: A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER
AULA 7
Introdução
Por que os indivíduos, em uma situação específica, tomam determinadas decisões? Quais as razões/motivações para esses atos?
Entender o sentido das ações empreendidas pelos indivíduos é o ponto de partida da sociologia de Max Weber, que estudaremos nesta aula
O método compreensivo de Max Weber
De acordo com Adriana Loche, Max Weber procura compreender a sociedade como um agregado de indivíduos que possuem suas motivações próprias. Ao mesmo tempo, o estatuto de realidade objetiva é mudado para uma concepção menos determinista de sociedade, segundo a qual a realidade é um fenômeno compósito.
Por isso, o cientista não conhece a sociedade de antemão, nem consegue abarcá-la totalmente. Para compreender a sociedade, é preciso entender as redes de significações estabelecidas pelos indivíduos em suas ações e relações sociais. Para criar uma imagem, como a que Durkheim via a sociedade como uma coisa, Weber a compreendia como um conjunto de ações parciais que precariamente se totalizavam.
Assim, somente podemos compreender pequenos “pedaços” dessa realidade. Como cada indivíduo tem sua própria visão parcial do mundo, há um conflito permanente entre os indivíduos que compõem a sociedade. Por este motivo, Weber propõe a reconstrução do sentido subjetivo original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador.
Ação social: uma ação dotada de sentido
O objeto da sociologia para Weber é o sentido da ação social, que deve ser buscado pela apreensão da totalidade de significados e valores atribuídos pelos indivíduos. Nesse sentido, ele procura mostrar que não há apenas uma causa dos fenômenos sociais; através da ideia de “adequação de sentido”, Weber mostra a convergência da ação em duas ou mais esferas que compõem o todo social (a economia, a política, a religiosa etc.), ou seja, a ação social é determinada por mais de uma causa, sendo que cada causa tem importância variada sobre a determinada ação.
Para ele, a tarefa do sociólogo é “pesquisar os sentidos e os significados recíprocos que orientam os indivíduos na maioria de suas ações e que configuram as relações sociais”. A análise sociológica deve, assim, compreender e interpretar o sentido e os efeitos das ações humanas.
Tipos de ação
Weber, preocupado com o valor que cada indivíduo atribui à sua ação, procurou elaborar uma tipologia para compreender as características particulares, definindo quatro tipos de ação:
Motivada por fins objetivos, ou seja, para atingir seus fins, o indivíduo planeja e executa seus planos, utilizando-se dos meios que considera mais adequados para atingir seus objetivos. A racionalidade econômica capitalista é exemplo desse tipo de ação. Nesta perspectiva, para Weber, o individualismo e a racionalização de condutas são elementos centrais da modernidade.
Motivada por crenças em valores morais, religiosos, políticos etc. Neste tipo de ação o que importa para o indivíduo é seguir os princípios que mais lhe são caros, não importando o resultado de sua conduta; o que lhes impele é a lealdade aos valores que orientam sua conduta. É o caso dos agentes que abrem mão de vantagens financeiras em função da preservação ambiental, por exemplo.
Guiada por uma conduta emocional. Sentimentos como raiva, ódio, paixão, desejo, ciúme orientam sua conduta. Muitas vezes, o resultado dessas ações não é o esperado pelo agente, em virtude da irracionalidade de seu ato. Os crimes passionais são exemplos típicos deste tipo de ação social.
Guiada pela tradição, costumes arraigados que fazem com que os indivíduos ajam em função deles. É uma espécie de reação a estímulos habituais. Exemplo disso é o hábito de saudarmos as pessoas com expressões como “bom dia”, “boa noite”, “fique com Deus”, independentemente de termos grande afinidade com elas ou mesmo alguma fé. Para Weber é difícil perceber até que ponto o agente age conscientemente ao empreender este tipo de ação.
Relação social
A relação social estabelece-se quando os agentes partilham o sentido de suas ações e agem reciprocamente de acordo com certas expectativas que possuem do outro. Como mostra Quintaneiro, em Um toque de clássico, são exemplos de relações sociais a amizade, relações de hostilidade, trocas comerciais, relações políticas etc.
“Tanto mais racionais sejam as relações sociais, mais facilmente poderão ser expressas sob a forma de normas, seja por meio de um contrato ou de um acordo, como no caso das relações de conteúdo econômico ou jurídico, da regulamentação das ações de governo, de sócios etc.”.
QUINTANEIRO et al. Um Toque de Clássico. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009.
Patrimonialismo: a permanência do arcaico
Na aula 4, estudamos as formas de dominação legítima preconizadas por Max Weber, a saber:
Dominação tradicional;
 Dominação racional-legal;
 Dominação carismática.
Vimos que a dominação racional-legal expressaria a forma mais moderna de dominação, visto que este tipo de dominação se assenta nas formas impessoais de concessão e reconhecimento da autoridade legitimamente constituída.
Roberto da Matta discute a permanência de práticas tradicionais na sociedade brasileira em seu livro “O que faz o Brasil, Brasil?“:
O dilema brasileiro residiria na oscilação, ou seja, no que existe de liminar, entre "um esqueleto nacional feito de leis universais cujo sujeito era o indivíduo e situações onde cada qual se salvava e se despachava como podia, utilizando para isso seu sistema de relações pessoais’.”
Nesse sentido, o brasileiro oscilava entre uma série de leis que, teoricamente, todos os indivíduos da sociedade deveriam cumprir, e uma série de expedientes passíveis de serem utilizados para burlar estas normas com bases em uma rede de contatos pessoais facilitados pelo nosso próprio sistema burocrático e hierárquico.
Deste conflito nasceriam situações que todos nós estamos acostumados a vivenciar, como o jeitinho, que sempre está ao nosso alcance (pra tudo tem um jeito), e o famoso ‘“você sabe com quem está falando?”.
Roberto da Matta, em O que faz o Brasil, Brasil? (Rio de Janeiro: Ed. Sala, 1984)
Veja na tirinha um exemplo do que hoje chamamos de “jeitinho brasileiro”:
Segundo Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil:
No Brasil onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo de família patriarcal (o pai é o chefe supremo, o homem possui um status de soberano, senhor total de todos e todas as coisas), o desenvolvimento da urbanização que não resulta unicamente do crescimento das cidades, mas também do crescimento dos meios de comunicação, atraindo vastas áreas rurais para a esfera de influência das cidades, ia acarretar um desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje.
--------------------------------------------------------
Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e público. Assim, eles se caracterizam justamente pelo que separa o funcionário “patrimonial” do puro burocrata, conforme a definição de Max Weber.
Como se sabe, a prática do patrimonialismo ainda é bastante arraigada na sociedade brasileira. Apesar de o ordenamento jurídico brasileiro consagrar o princípio da igualdade entre os cidadãos, verifica-se a permanência de relações hierarquizada que permitem que alguns indivíduos sejam “mais iguais que outros”, como irônica e argutamente demonstra Roberto da Matta, em “O que faz o Brasil, Brasil?” sobre o qual comentamos anteriormente.
É o caso de homens públicos que se utilizam de recursos públicos para fins privados, seja utilizando-se de funcionários públicos para serviços domésticos, seja pleiteando vistos diplomáticos a parentes sem alegadas razões de Estado.
Cabe ressaltar que essas práticas vem sendo contestadas e combatidas, como se pode perceber na proibição do nepotismo (contratação de parentes para ocupar cargos públicos)nas três esferas do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), como preconiza a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, de 29 de agosto de 2008, que ressalta o princípio da impessoalidade no trato da coisa pública.
Atividade
Leia o caso abaixo e responda às questões propostas:
O capítulo 63 da novela mexicana Rebelde, produzida pela rede Televisa e transmitida/dublada pelo SBT, trouxe o seguinte diálogo:
Mia: Tipo assim, eu gosto muito de comprar. Bolsas, sapatos, maquiagem...tudo para ficar bem linda.
Miguel: Ah, meu amor, você deve fazer o que gosta. Tem que pensar em você. Só tenha cuidado para que suas amigas não se aproveitem de você.
Mia: Ah! Mas isto é claro para mim, na hora que a gente precisa é cada um por si, não tem ninguém para ajudar. É por isso que eu penso primeiro em mim, segundo em mim e depois em mim...
Miguel: E em mim você não pensa?
Mia: Só para carregar meus embrulhos!!!!
Roberta: Essa barbie descerebrada não faz outra coisa senão comprar, comprar! É uma egoísta, uma individualista que só pensa em si.
Segundo a teoria da ação social de Weber, que tipo de ação está presente nesses diálogos? JustifiquE
R: A ação social que vemos no texto é a ação social com relação a fins, motivada pelo cálculo preciso do objetivo de benefício pessoal, obtenção de vantagens, lucro individual.
Resumo do conteúdo
O objeto e o método da análise sociológica weberiana;
As diferentes motivações das ações sociais;
A importância do pensamento weberiano para a compreensão da sociedade brasileira.
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
MODELOS CLÁSSICOS DA ANÁLISE SOCIOLÓGICA: A CONTRIBUIÇÃO DE KARL MARX
AULA 8
Introdução
Nesta aula você será apresentado a mais um modelo clássico de compreensão da realidade social. Trata-se da contribuição de Karl Marx, um dos autores mais estudados pelos analistas sociais.
Conceitos fundamentais da teoria marxista serão trabalhados, com vistas à sua utilização na análise de situações sociais concretas.
O método de análise
Karl Marx, ao lado de Émile Durkheim e de Max Weber, faz parte do grupo de autores considerados como clássicos do pensamento sociológico. Sua obra marcaria de modo significativo o pensamento ocidental, sendo o seu objeto de pesquisa a sociedade capitalista da época, com o foco principal na forma como se encontrava organizado o trabalho na sociedade. 
 Segundo Marx...
 Fonte: http://sociologiaier.blogspot.com.br/p/1-ano-ensino-medio.html
Acessado em 08/06/2017
O método de abordagem da vida social, elaborado por Marx, receberia o nome de materialismo histórico e teria como característica e análise dos processos históricos com base nos princípios da dialética.
A dialética
Os princípios da dialética contemporânea têm origem no pensamento do filósofo alemão Wilhelm F. Hegel. Segundo a dialética hegeliana, a contradição e o conflito seriam partes integrantes da própria essência ou substância da realidade. Consequentemente, o mundo real seria marcado pelo choque entre forças contrárias ou antagônicas presentes no seu interior. Elas o levariam a um processo incessante de negação, conservação e síntese.
Aplicada aos fenômenos historicamente produzidos, a abordagem dialética presente na sociologia marxista cuida de apontar as contradições constitutivas da vida em sociedade como as motivadoras dos processos, que resultam na negação e na superação de uma determinada ordem social (QUINTANEIRO, Tania (org.). Um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Ed. UFMG. Belo Horizonte, 2009).
O materialismo histórico
Karl Marx afirmava que o mundo das ideias (formas de consciência), do conhecimento, das crenças, dos princípios políticos está relacionado ao modo como o mundo do trabalho se encontra organizado na sociedade. Em outras palavras, a consciência dos indivíduos seria poderosamente influenciada pelo modo como são produzidas as condições materiais da vida, o que inclui o vestuário, a comida, a moradia etc.
E quem produz esses bens?
 
Fontes: http://www.touregypt.net/featurestories/egyptexodus.htm Acessado em 08/06/2017
http://www.suapesquisa.com/idademedia/imagens.htm Acessado em 08/06/2017
iurii / Shutterstock
Para Marx, o modo de produção da vida material influenciaria todas as demais relações estabelecidas em sociedade. Daí a importância, para o autor, do modo de organização da produção social. Por isso, para Marx, segundo os princípios do Materialismo Histórico, as sociedades são compreendidas como modos de produção. A forma como os indivíduos manifestam a sua vida reflete muito aquilo que são. Coincidindo, portanto, com a sua produção: aquilo que produzem e a forma como produzem. Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais de sua produção (QUINTANEIRO, Tania (org.). Um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Ed. UFMG. Belo Horizonte, 2009). Veja, abaixo, a charge representando um indivíduo alienado e influenciado por uma ideologia.
 Fonte: https://bereianos.blogspot.com.br/ Acessado em 08/06/2017
O modo de produção
Entende-se por modo de produção a maneira pela qual os homens obtêm seus meios de existência material, isto é, os bens de que necessitam para viver. Na história, podemos distinguir alguns modos de produção como o escravismo na antiguidade, o feudalismo, o capitalismo e o socialismo. O modo de produção de uma sociedade pode ser identificado de acordo com o nível ou estágio de desenvolvimento das forças produtivas e do tipo de relações de produção predominantes.
O conceito de forças produtivas refere-se aos instrumentos e habilidades utilizados na produção material, sendo o seu desenvolvimento cumulativo. A ideia de relações sociais de produção implica em diferentes formas de organização da produção, da distribuição, da posse e da propriedade dos meios de produção, que são as indústrias, as fábricas, os bancos etc. De forma sintética, seriam as relações estabelecidas pelos indivíduos entre si e com o grupo, para a organização do trabalho social.
O processo de produção e reprodução da vida através do trabalho é, para Marx, a principal atividade humana, aquela que constitui sua história social; é o fundamento do materialismo histórico, enquanto método de análise da vida econômica, social, política e intelectual. (QUINTANEIRO, Tania (org.). Um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Ed. UFMG. Belo Horizonte, 2009)
A luta de classes
A presença de diferentes classes sociais nos diversos modos de produção, com interesses muitas vezes antagônicos, levou Marx a considerar a luta de classes como o motor das transformações da história humana. No capitalismo, a duas classes principais são a burguesia, classe dominante e dona dos meios de produção e o proletariado, formado pelos trabalhadores que vendem no mercado o único bem que possuem, a sua força de trabalho.
Para fins analíticos, Marx distingue conceitualmente as classes enquanto grupos de pessoas que compartilham determinadas condições objetivas, ou seja, a mesma situação no que se refere à propriedade dos meios de produção. (...) as classes sempre se enfrentaram e mantiveram uma luta constante, velada em algumas vezes e, noutras, franca e aberta; luta que terminou sempre com a transformação revolucionária de toda a sociedade (QUINTANEIRO, 2009, p. 81).
Na sociedade capitalista, segundo Marx, esse antagonismo de classes se daria entre a BURGUESIA e o PROLETARIADO.
Agora, vamos refletir sobre a seguinte questão: o que é ideologia?
GABARITO
De acordo com Marilena Chauí, ideologia é “o conjunto de proposições existentes com a finalidade de fazer aparentar os interesses da classe dominante com o interesse coletivo, construindo uma hegemonia daquela classe, tornando-se uma verdade absoluta e natural”.
Assim, a manutenção da ordem social requer dessa maneira menor uso da violência. A ideologia torna-se um dos instrumentos da reprodução do status quo e da própria sociedade.
---------------------------- 
O vencedor ou o poderoso é transformado em único sujeito da história não só porque impediuque houvesse a história dos vencidos (ao serem derrotados, os vencidos perderam o ‘direito’ à história), mas simplesmente porque sua ação histórica consiste em eliminar fisicamente os vencidos ou, então, se precisa do trabalho deles, elimina sua memória, fazendo com que lembre apenas dos feitos dos vencedores. Não é assim, por exemplo, que os estudantes negros ficam sabendo que a Abolição foi um feito da Princesa Isabel? As lutas dos escravos estão sem registro e tudo que delas sabemos está registrado pelos senhores brancos. Não há direito à memória para o negro. Nem para o índio. Nem para os camponeses. Nem para os operários. 
 Marilena Chauí
Alienação
Na linha de montagem da indústria capitalista, o trabalhador foi separado do controle autônomo que exercia sobre o seu trabalho e também do fruto deste.
Nesse caso, a única relação mantida com a sua atividade produtiva é o recebimento do salário. O trabalho é, então, percebido pelo trabalhador como algo fora de si, que pertence a outros. A isso, Marx dá o nome de alienação.
Por causa do trabalho alienado a que estão submetidos, os homens adquirem uma consciência falsa do mundo em que vivem. Veem o trabalho alienado e a dominação de uma classe social sobre a outra como fatos naturais. (...) A suprema ironia do capitalismo é fazer com que o dominado pense com a cabeça do dominador e é esta a forma de dominação mais visceral (RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação, Editora Lamparina, Petrópolis, 2008, pg. 41).
Atividade
Leia o caso abaixo e responda à questão proposta:
O papel da mídia
Quando jornalistas são questionados, eles respondem de fato: "nenhuma pressão é feita sobre mim, escrevo o que quero". E isso é verdade. Apenas deveríamos acrescentar que, se eles assumem posições contrárias às normas dominantes, não escreveriam seus editoriais. Não se trata de uma regra absoluta, é claro. Eu mesmo sou publicado na mídia norte-americana. Os Estados Unidos não são um país totalitário. (...)
Com certo exagero, nos países totalitários, o Estado decide a linha a ser seguida e todos devem se conformar. As sociedades democráticas funcionam de outra forma: a linha jamais é anunciada como tal; ela é subliminar. Realizamos, de certa forma, uma "lavagem cerebral em liberdade".
Na grande mídia, mesmo os debates mais apaixonados se situam na esfera dos parâmetros implicitamente consentidos - o que mantém na marginalidade muitos pontos de vista contrários.
Fonte: Revista Le Monde, Diplomatique Brasil, ago. 2007 (trecho de entrevista com Noam Chomsky).
O texto acima faz referência a dois importantes conceitos marxistas: ideologia e alienação. Mostre como eles se apresentam e se relacionam no texto.
GABARITO
Há mecanismos na própria sociedade que impedem a tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de que vivem numa sociedade de mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há possibilidade de mudança, ou seja, “um dia eu chego lá”... E se não chegam, “é porque não tiveram sorte ou competência”.
No trecho apresentado percebe-se claramente a relação entre ideologia e alienação, neste sentido os mecanismos são as ideologias. Para exemplificar isso podemos citar uma “lavagem cerebral em liberdade”. Na grande mídia, mesmo os debates mais apaixonados se situam na esfera dos parâmetros implicitamente consentidos — o que mantém na marginalidade muitos pontos de vista contrários.
Resumo do conteúdo
A concepção marxista da análise da sociedade;
Conceitos fundamentais da teoria marxista e aprendeu a aplicá-los na análise de situações concretas da vida social
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A ATUALIDADE DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NA COMPREEENSÃO DA SOCIEDADE CONTEPORÂNEA: GLOBALIZAÇÃO, DESIGUALDADES E EXCLUSÃO SOCIAL
AULA 9
 
Introdução
Ouvimos falar muito em globalização, sociedade em rede, aumento da desigualdade social, preconceito, intolerância, não é mesmo?
Esses fenômenos sociais recentes foram e estão sendo objetos de diversos estudos socioculturais contemporâneos.
Nesta aula, estudaremos vários desses fenômenos, no mundo e em especial na sociedade brasileira, a partir da contribuição de diversos pensadores contemporâneos.
Globalização Cultural
Para compreendermos o que é a globalização cultural devemos, primeiramente, entender o que é globalização. Giddens define globalização como:
“A intensificação de relações sociais mundiais que unem localidades distantes de tal modo que os acontecimentos locais são condicionados por eventos que acontecem a muitas milhas de distância e vice-versa.”
Stuart Hall, em “Identidade Cultural Na Pós-modernidade”, apresenta três posições contrárias ao sentimento de homogeneização cultural:
Consequências da globalização
Esta formação de “enclaves” étnicos minoritários no interior dos estados-nação do Ocidente leva a uma “pluralização” de culturas nacionais e de identidades nacionais, tendo como consequência o surgimento de manifestações de xenofobia em várias partes do mundo.
Percebe-se que a globalização não parece estar produzindo nem o triunfo do “global” nem a persistência, em sua velha forma nacionalista, do “local”. Os deslocamentos ou os desvios da globalização mostram-se, afinal, mais variados e mais contraditórios do que sugerem seus protagonistas ou seus oponentes. Entretanto, isso também sugere que, embora alimentada, sob muitos aspectos, pelo Ocidente, a globalização pode acabar sendo parte daquele lento e desigual, mas continuado, descentramento do Ocidente.
A sociedade em rede
Outra característica marcante da sociedade contemporânea é a formação de redes sociais nas quais os processos de construção de identidades são cada vez mais múltiplos. Segundo Manuel Castells, em “A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura”, o mundo contemporâneo globalizado constitui uma “sociedade em rede”.
Para ele:
Redes constituem a nova morfologia social de nossa sociedade e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Tudo isso porque elas são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por exemplo, valores ou objetos de desempenho).
Manuel Castells
Nesse contexto, a rede é um instrumento apropriado para:
Globalização e desigualdade social
Segundo Boaventura de Sousa Santos, em Os Processos da Globalização, a globalização na produção de desigualdade a nível mundial tem sido amplamente debatido nos últimos anos. As novas desigualdades sociais produzidas por esta estrutura de classe têm sido amplamente reconhecidas, mesmo pelas agências multilaterais que têm liderado este modelo de globalização, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. É hoje evidente que a iniquidade da distribuição da riqueza mundial se agravou nas duas últimas décadas: 54 dos 84 países menos desenvolvidos viram o seu PNB per capita decrescer nos anos 1980; em 14 deles a diminuição rondou os 35%.
Fonte: Costa Fernandes / Shutterstoc
Segundo o Relatório do Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas de 2001, mais de 1,2 bilhões de pessoas (pouco menos que 1/4 da população mundial) vivem na pobreza absoluta, ou seja, com um rendimento inferior a um dólar por dia e outros 2,8 bilhões vivem apenas com o dobro desse rendimento.
Segundo o Banco Mundial, o continente africano foi o único em que, nas últimas décadas, se verificou um decréscimo da produção alimentar. O aumento das desigualdades tem sido tão acelerado e tão grande que é adequado ver as últimas décadas como uma revolta das elites contra a redistribuição da riqueza com a qual se põe fim ao período de certa democratização da riqueza iniciado no final da Segunda Guerra Mundial.
Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano do PNUD relativo a 2005,os 20% da população mundial a viver nos países mais ricos detinham, em 1997, 86% do produto bruto mundial, enquanto os 20% mais pobres detinham apenas 1%.
Segundo o mesmo Relatório, mas relativo a 2001, no quinto país mais rico concentram-se 79% dos utilizadores da internet. As desigualdades neste domínio mostram quão distantes estamos de uma sociedade de informação verdadeiramente global. A largura da banda de comunicação eletrônica de São Paulo, uma das sociedades globais, é superior à da África no seu todo. E a largura da banda usada em toda a América Latina é quase igual à disponível para a cidade de Seul.
Observe, a seguir, como está distribuída a riqueza mundial, de acordo com uma pesquisa feita em 2015:
 
Desigualdade, pobreza e exclusão social no Brasil
A desigualdade social no Brasil tem sua origem no processo de colonização. Ao longo dos anos, apesar de conquistas sociais como o fim do regime escravista, a marginalização histórica dos setores mais baixos da escala social brasileira permaneceu, a despeito dos avanços verificados nas duas últimas décadas.
Estatísticas revelam que 12,9% dos brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza. As desigualdades regionais são visíveis: as regiões Norte e Nordeste respondem por 43% do total de pessoas vivendo em extrema pobreza no país.
SAIBA +: Assista à entrevista de dona Lindalva, realizada no documento HUMAN. Nordestina, analfabeta e ex sem-terra, ela conta um pouco de sua trajetória: https://www.youtube.com/watch?v=0a9DdaIazjI
A desigualdade também se expressa nos grandes centros urbanos, onde populações desassistidas vivem pelas ruas, e nas periferias das grandes e médias cidades brasileiras, um expressivo número de pessoas vive em subocupações ― as favelas, localidades em que se registra uma alto índice de criminalidade, decorrente da ausência ou ineficiência do poder público, e da ação de grupos que passam a exercer autoridade sobre a população, como traficantes e milícias.
Globalização, Degradação Ambiental e Exclusão Social
A globalização do capitalismo não criou um mundo unificado, e sim dividido. O atual modelo de industrialização, visivelmente, não é universalizável, e as exceções bem-sucedidas dessa regra não chegam a invalidá-la. Além disso, o moderno sistema industrial capitalista depende de recursos naturais, numa dimensão desconhecida a qualquer outro sistema social na história da humanidade, liberando emissões tóxicas no ar, nas águas e nos solos e, portanto, comprometendo o equilíbrio da biosfera (ALTVATER, 1995, p. 25). O relatório bianual da organização não governamental WWF, publicado em 2010, demonstrou que “a humanidade não está mais vivendo dos juros da natureza, mas esgotando seu capital”.
Podemos ver exemplos desse “esgotamento” nas imagens abaixo:
Javier Rosano / Shutterstock, photosthai / Shutterstock e Anna Moskvina / Shutterstock
Segundo dados da Comissão Mundial da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (PNUD), com a manutenção da atual matriz energética e do modo de produzir, seriam necessários cinco planetas iguais à Terra em energia e recursos naturais, para manter os 7 bilhões de habitantes do planeta com um padrão de consumo semelhante àquele que possuem os norte-americanos de classe média.
Há aproximadamente cento e cinquenta anos, antes do desenvolvimento do industrialismo e da racionalidade do mercado, as sociedades utilizavam os recursos dos respectivos territórios, com a finalidade de atender a necessidade de consumo local. Hoje, esses mesmos recursos são extraídos em quantidades muito mais elevadas, para atender ao mercado, numa cultura de consumo frenético, associada à ilusão de lucro infinito por parte das empresas (cf. BAUMAN, 1999, pg. 91). Um movimento que inclui a aceleração da obsolescência dos produtos, a diminuição da sua durabilidade e a dificuldade para consertá-los. Tudo com o objetivo de aumentar as vendas.
Assista ao vídeo A história das coisas, no qual a especialista em desenvolvimento sustentável e saúde ambiental, Annie Leonard, explica como funciona essa cultura de consumo frenético.
Ambiente, Sociedade e o Desenvolvimento Eco-compatível
Segundo o economista polonês Ignacy Sachs...
Crescimento econômico sem distribuição de renda e sem sustentabilidade ambiental pode ser chamado de qualquer coisa, menos de desenvolvimento.
 Ignacy Sachs
Nessa perspectiva, sustentar o desenvolvimento da sociedade, de modo ecologicamente compatível, significa utilizar os recursos naturais não renováveis, de maneira que eles possam continuar a ser utilizados pelas gerações futuras. Do contrário, tem-se apenas uma efêmera produção de riqueza, geralmente, bastante concentrada nas mãos de poucos. E, em alguns casos, desfaz-se em menos de uma geração.
EXEMPLO
Isso ocorreu com muitos fazendeiros de café, no Vale do rio Paraíba do Sul, no século XIX. Eles degradaram os solos de suas propriedades, uma vez que cultivam a terra sem o devido cuidado com a manutenção de sua fertilidade. Tinham como único objetivo aumentar a produção e obter lucros rápidos. Como consequência, viram a riqueza que produziram se dissolver junto com a terra que degradaram e escorrer entre os seus dedos.
Ao longo do século XX, a indústria continuou mantendo níveis de produção e consumo sintonizados com esse mesmo modo de produção, que estabelece como prioridade os interesses das grandes corporações e do grande capital, muitas vezes colocando em plano secundário as necessidades da sociedade e o equilíbrio dos processos produtivos com o que definimos como natureza. Nessa perspectiva, a estratégia de sustentar o desenvolvimento, o que compreende o seu sentido eco-compatível, exige um significativo esforço de mudanças na própria cultura. Um primeiro passo para isso seria a desconstrução da separação realizada entre sociedade e natureza no Ocidente.
Como ciência, a Ecologia Política faz aparecer a civilização em sua interação com o ecossistema terrestre, ou seja, com o que constitui a base natural, o contexto não reprodutível da atividade humana (GORZ, 2010, p.27).
Fonte: https://reformaminera.files.wordpress.com
SAIBA MAIS
Clique aqui e saiba mais sobre desenvolvimento ecologicamente sustentável.
A perspectiva do desenvolvimento ecologicamente sustentável: 
Ideologia é o conjunto de proposições existentes com a finalidade de fazer aparentar os interesses da classe dominante com o interesse coletivo, construindo uma hegemonia daquela classe, tornando-se uma verdade absoluta e natural. Dessa forma, a manutenção da ordem social requer menor uso da violência. A ideologia torna-se um dos instrumentos da reprodução do status quo e da própria sociedade. O vencedor ou poderoso é transformado em único sujeito da história não só porque impediu que houvesse a história dos vencidos (ao serem derrotados, os vencidos perderam o direito à história), mas simplesmente porque sua ação histórica consiste em eliminar fisicamente os vencidos ou, então, se precisa do trabalho deles, elimina sua memória, fazendo com que lembrem apenas dos feitos dos vencedores. Não é, assim, por exemplo, que os estudantes negros ficam sabendo que a Abolição foi um feito da Princesa Isabel? As lutas dos escravos estão sem registro e tudo que delas sabemos está registrado pelos senhores brancos. Não há direito à memória para o negro. Nem para o índio. Nem para os camponeses. Nem para os operários (Chauí, Marilena. O que é ideologia, São Paulo, Ed. Brasiliense, pg. 81). Uma característica marcante do modo de produção capitalista é que neste modelo civilizatório “os dominados pensam com a cabeça dos dominadores (Rodrigues, Alberto Tosi. Sociologia da Educação, pg. 47)”, ou seja, a visão de mundo da classe dominante é assumida pela classe dominada como se fosse a sua própria. 
A Ecologia Política:
 A ecologia política estuda os conflitos ecológicos distributivos. Por distribuição ecológica são entendidos os padrõessociais, espaciais e temporais de acesso aos benefícios obtidos dos recursos naturais e aos serviços proporcionados pelo ambiente como um sistema de suporte da vida. Os determinantes da distribuição ecológica são em alguns casos naturais, como o clima, topografia, padrões pluviométricos, jazidas de minerais e a qualidade do solo. No entanto, também são claramente sociais, culturais, econômicos, políticos e tecnológicos. Em parte a ecologia política se superpõe à economia política, que na tradição clássica corresponde ao estudo dos conflitos relacionados à distribuição econômica. Por exemplo, existem grupos do meio urbano, tão pobres e detendo tão pouco poder que não dispõem de condições para adquirir ou dispor de água potável em contextos urbanos. Do mesmo modo, muitos outros conflitos ecológicos distributivos situam-se fora da esfera do mercado, levando os economistas ortodoxos a disfarçarem estas situações com o uso de expressões como “externalidades” ou “falhas do mercado” (Alier, Joan Martínez. O ecologismo dos pobres, pg. 115). 
Para saber mais sobre o tema, ver: ALIER, Joan Martínez. O Ecologismo dos Pobres. Editora Contexto. São Paulo. 2007. ALTIVATER, E. O Preço da Riqueza, Ed. UNESP, São Paulo, 1995.
Concluindo...
Neste sentido, é falso o discurso que afirma existir uma contradição estrutural e inevitável entre desenvolvimento e sustentabilidade ecológica, já que as demandas sociais se relacionam, também, ao fluxo adequado de recursos do meio físico ou natureza, tais como a água, os alimentos, o ar, as madeiras para construção e muitos outros que só agora começamos a conhecer. Neste sentido, as afirmações que colocam em campos opostos a sociedade e o seu ambiente se devem a uma distorção de visão, construída ao longo do período da modernidade, na qual a natureza, ou o ambiente eram vistos como o “outro” em relação aos processos sociais humanos.
É como se fosse possível separar a sociedade humana da natureza, ou seja, agir e pensar como se os seres humanos não dependessem dos recursos da biosfera como todos os demais habitantes do planeta, o que é um grave equívoco. A contradição mencionada de início, que envolve natureza e desenvolvimento, se apresenta na realidade em relação a um determinado modo de produção e consumo.
Atividade Proposta
Leia o texto abaixo e responda a questão proposta:
Uma só língua
Em busca do bom inglês, coreanos fazem até operação Na Coreia do Sul, falar inglês é questão de honra e só subirá na vida quem for fluente no idioma. Até aí, tudo bem, o coreano é, por determinação cultural, aluno dedicadíssimo, que aprende bem o que lhe é ensinado. O problema está na articulação das palavras, diversa da ocidental. Não há distinção, por exemplo, entre r e l, o que faz com que “rice” (arroz) muitas vezes vire “lice” (piolho).
A solução cada vez mais adotada no país nos últimos tempos é drástica: fazer um pequeno corte na língua, ou melhor, na membrana embaixo dela (o chamado freio lingual), para, supostamente, facilitar a pronúncia das palavras inglesas.
A cirurgia é realizada em crianças abaixo de cinco anos. Muitos duvidam da eficácia, mas ninguém tem certeza. Só a partir dos nove anos a criança consegue pronunciar bem as palavras, e nenhum paciente da cirurgia chegou a essa idade. (Veja, 22 de maio, 2005).
Esse texto evidencia que os coreanos seguem uma tendência mundial: a valorização do idioma inglês.
Você percebe esta tendência em nosso país? Justifique sua resposta.
GABARITO
Sim. Percebemos essa tendência em diversos campos da atividade humana (informática, comércio, marketing), não é mesmo? A incorporação de diversas palavras originárias ou derivadas da língua inglesa em nosso cotidiano (como delivery, sale, deletar, printar, feedback, link etc.) também comprovam essa tendência.
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A ATUALIDADE DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NA COMPREENSÃO DA SOCIEDADE CONTEPORÂNEA: NOVOS PADRÕES MORAIS E CULTURAIS
AULA 10
Introdução
Passada a primeira década do século XXI, verifica-se a ocorrência de novos padrões de comportamento e estilos de vida.
Grupos sociais historicamente excluídos organizam-se e buscam cada vez mais inserir-se no mundo globalizado sem abrir mão de suas marcas identitárias. Novos modelos de família passam a conviver com o modelo tradicional de família nuclear.
Nesta aula, para finalizar nossa disciplina, analisaremos algumas dessas significativas mudanças culturais.
Novas identidades étnicas
Para compreendermos o conceito das novas identidades étnicas precisamos entender o conceito de grupo étnico. Grupo étnico designa uma população que:
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Reconfigurações identitárias: o “ser indígena” no Brasil contemporâneo
Os anos 1970, no Brasil, entre outros processos de buscas políticas por liberdade de expressão, marcados por movimentos contra-hegemônicos de dissidentes da ditadura militar, inspirados em parte pelo movimento católico da Teologia da Libertação, como também pelas ações do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), algumas comunidades indígenas do Nordeste lutaram por seus direitos à terra e identidade, voltando a pelo menos parte de seus territórios.
Ainda hoje trabalham pela manutenção de uma identidade que lhes havia sido subtraída durante o processo colonizatório.
Vera Calheiros, Clarice Mota, Rodrigo Grunewald e outros autores registraram este constante processo de “reinvenção da tradição” e “etnogênese”, como ficou conhecido na literatura antropológica.
Esse processo de busca pelo que se considera o elemento principal para a retomada da terra e dos direitos subsequentes foi motivado pela chamada cultura ancestral e, consequentemente, pela autoimagem identitária.
Percebe-se um movimento para fora dos limites físicos e culturais da aldeia, ao mesmo tempo em que tal movimento reflete a busca da identidade indígena por dois grupos sociais: a própria comunidade indígena e alguns setores urbanos de classe média e alta.
Grupos que se contradizem, portanto, ao passo que também se encontram em um espaço recém-construído de necessidades de autoafirmação interdependentes, onde a antiga exclusão se traduz em inclusão, mesmo que a custa de invenções e ressignificações das tradições perdidas.
A produção das diferenças
Como vimos na aula 3, a diversidade cultural é marca característica das sociedades humanas. As sociedades humanas são marcadas, entre outras coisas, pelas diferenças de:
Contudo, muitas vezes essas diferenças são hierarquizadas e passam a constituir desigualdades concretas, colocando grupos e indivíduos em patamares diferentes da escala social, privilegiando uns e excluindo outros.
Na sociedade brasileira este processo de produção de diferenças e desigualdades se constituiu, desde a colonização, numa das questões mais notórias e discutidas pelos historiadores e cientistas sociais. Some-se a isso o fato de o senso comum interiorizar e reduzir práticas etnocêntricas, como, por exemplo, a valorização do trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual, e o tratamento diferenciado - para melhor - daqueles que ocupam posições superiores na hierarquia social brasileira. É justamente esse tipo de procedimento que cria o que se denomina exclusão.
Preconceito racial
 
Preconceito racial
Embora permaneça, tanto em algumas correntes científicas como no senso
comum, a ideia de que existem raças humanas diferentes, os estudos e pesquisas
contemporâneos indicam que não há diferenças significativas entre os indivíduos
oriundas das suas diferenças somatológicas (de aparência física).
Todos os humanos descendem de um tronco comum, o homo sapiens.
Desta forma, não se pode pensar em raças superiores ou inferiores, pois
herdamos todos o mesm
 patrimônio hereditário. No entanto, na prática, percebe-se
que o conceito de raça continua equivocadamente sendo usado como justificativa
para a exclusão constante de povos e indivíduos, seja pela força das armasou das ideias, seja pelo processode exclusão social ou de não reconhecimento
de seus padrões culturais. A essa prática dá-se o nome de racismo.
O Brasil não conheceu o regime de segregação racial, o apartheid. A sociedade
brasileira, ao longo de sua história, não foi pensada de forma dual (negros x brancos).
Contudo, isso não significa que o racismo, em suas diferentes manifestações,
não faça parte da vida brasileira.
O debate em relação ao preconceito racial no Brasil tomou vulto
nos últimos anos, com a elaboração do Estatuto da Igualdade Racial
e as políticas de ação afirmativa, em especial a política
de reservas de cotas nas universidades.
Tem consciência
Conceituando... 
Preconceito de gênero
As mulheres, desde a Revolução Industrial, vêm ocupando espaço no mercado de trabalho e, com isso, aumentando sua importância na sociedade. Contudo, muitos ainda observam o trabalho feminino como uma expansão do trabalho doméstico, tido como menos importante.
A luta da mulher pela sua inserção no mercado de trabalho, tem sua origem em tempos passados, e até hoje, a mulher ocupa cargos de trabalho relacionados com serviços de saúde, de educação, como se o trabalho fosse uma extensão do trabalho doméstico. Não que esses trabalhos não tenham importância, mas é paradoxal o fato de cargos administrativos e industriais serem predominantemente masculinos.
A sociedade brasileira é composta, preponderantemente por mulheres, mas estas têm participação inferior a dos homens no mercado de trabalho. Além do mais, a parcela feminina que está empregada precisa enfrentar preconceitos e inacreditavelmente recebe menos pelo mesmo trabalho exercido por um homem.
Outro claro exemplo de preconceito contra as mulheres se expressa nos altos índices de violência doméstica, motivação para a criação de lei específica visando maior rigor na punição dos agressores, a chamada Lei Maria da Penha.
Preconceito de orientação sexual
Durante o processo de socialização, aprendemos que existe um padrão de orientação sexual, baseado na heterossexualidade. A partir daí, tendemos a identificar e classificar lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgênicos através da representação feita, em geral, pelos meios de comunicação, ou seja, de forma estereotipada, como faz com as mulheres afrodescendentes e outros grupos.
Muitas vezes, esse preconceito se expressa em forma de humor, piadas que satirizam e diminuem os indivíduos de orientação sexual não heterossexual, passando, depois à discriminação e, não raro, à violência.
Ressalte-se que esta minoria é, historicamente, vítima de violências físicas e simbólicas e, até recentemente, sua prática era considerada patológica.
Por essa razão, a questão do reconhecimento jurídico das uniões homoafetivas gerou tanta polêmica, pois trouxe para a agenda nacional a possibilidade da existência de mais de um modelo de família, o que já é uma realidade não só no Brasil, como em várias sociedades.
Novos padrões familiares
O modelo tradicional de família
Para Lévi-Strauss (A família, 1972), entende-se por família uma união mais ou menos duradoura, socialmente aprovada, entre um homem, uma mulher e seus filhos, fenômeno que estaria presente em todo e qualquer tipo de sociedade.
Como modelo ideal, a palavra família designa um grupo social possuidor de pelo menos três características:
 
 
Os membros da família estão unidos entre si por laços legais, direitos e obrigações econômicas, religiosas ou de outra espécie, um entrelaçamento definido de direitos e proibições sexuais, divisão sexual do trabalho e uma quantidade variada e diversificada de sentimentos psicológicos (amor, afeto, respeito, medo).
Décadas de 1960 e 1970 – as transformações dos modelos de família
Como demonstra Miriam Goldenberg em “Novas famílias nas camadas médias urbanas”, o final da década de 1960 e início da década de 1970 são marcos fundamentais nas transformações dos papéis femininos e masculinos na sociedade brasileira e, consequentemente, da concepção de família em nosso país.
Saiba +: Leitura complementar
MUDANAS NOS PAPIS DE GNERO, SEXUALIDADE E CONJUGALIDADE
Movimento Feminista
O movimento feminista, que estava sendo organizado na Europa e nos Estados Unidos, começou a repercutir no Brasil. Os jornais, as revistas, o cinema, o teatro e a televisão passaram a dar espaço para as reivindicações das mulheres.
O denominador comum das lutas feministas foi o questionamento da divisão tradicional dos papéis sociais, com a recusa da visão da mulher como o “segundo sexo” ou o “sexo frágil”, cujo principal papel é o de “esposa-mãe”.
As feministas reivindicavam a condição de sujeito de seu próprio corpo, buscando um espaço próprio de atuação profissional e política.
A partir dos anos 1970
A partir dos anos 1970, apesar do predomínio do modelo nuclear conjugal, entre as famílias das camadas médias, aumentaram as experiências de vínculos afetivo-sexuais variados e o contingente de mulheres optando pela maternidade fora da união formalizada.
Castells assinala que houve um crescimento do número de pessoas vivendo sós e um crescimento expressivo das famílias chefiadas por mulheres.
A coabitação sem vínculos legais ou união consensual como alternativa ao casamento se tornou cada vez mais expressiva numericamente, e aceita legal e socialmente (e a duração destas uniões informais começaram a ser cada vez menores).
O tamanho das unidades domésticas também tendia a diminuir ainda mais, com o decréscimo do número de filhos.
Cresceram os recasamentos e as famílias recombinada.
Os modelos contemporâneos de família
Ao falar-se, na atualidade, de família, o plural impõe-se:
“Já não há um ‘modelo ocidental’ mas vários.”
Segalen
O divórcio, a união livre, as recomposições familiares abalam o que se chamava, até pouco tempo, de “modelo de família ocidental”. Este modelo será ainda mais abalado com as novas técnicas de procriação.
A doação de óvulos, a fecundação por inseminação artificial ou in vitro, a possibilidade de clonagem de seres humanos, levam-nos a refletir sobre os princípios que assentam o nosso sistema de parentesco.
Há uma visibilidade cada vez maior das famílias homoafetivas, ou seja, formadas por indivíduos do mesmo sexo.
Cresceram os recasamentos e as famílias recombinada.
REFLEXÃO
Essas tendências colocam em xeque a estrutura e os valores da família tradicional. Não se trata do fim da família, uma vez que outras estruturas familiares estão sendo testadas e poderemos, no fim, reconstruir a maneira como vivemos uns com os outros, como procriamos e como educamos de formas diferentes.
Atividade
Leia atentamente o texto O Paradigma Cássia Eller. Depois, responda:
Quais as implicações sociológicas do uso da expressão “família homossexual”? No caso apresentado, o que caracteriza a relação entre o filho da falecida cantora e sua companheira?
GABARITO
O uso da expressão “família homossexual” ou “família homoafetiva” revela que esse novo modelo de família é uma realidade social, tendo sido, inclusive, objeto de reconhecimento em várias decisões do Poder Judiciário. No caso apresentado, a relação estabelecida entre o filho da falecida cantora e sua companheira é uma relação de afetividade, princípio basilar da constituição de uma entidade familiar.
Resumo do conteúdo
A dinâmica do processo de reconfigurações identitárias na sociedade contemporânea;
O processo de produção das diferenças;
O preconceito de raça na sociedade brasileira;
Os preconceitos de gênero e de orientação sexual na sociedade brasileira;
As mudanças nos padrões culturais e comportamentais verificados nas últimas décadas.

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