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1 CIÊNCIAS CONTÁBEIS 6° PERÍODO CONTABILIDADE E ORÇAMENTO PÚBLICO 2 Resumo: Disciplina: CONTABILIDADE PUBLICA E ORÇAMENTO PUBLICO Período do curso: 6º período Semestre Letivo: 2016/1 Número de Créditos: Carga horária semestral: 72 horas-aula Professor (a): José Fernando B. Miranda E-mail do Professor: contadorpmw@hotmail.com Telefone do Professor: Ementa: CONTABILIDADE PÚBLICA: Patrimônio Público. Variações patrimoniais. Regimes contábeis. Sistemas de contas. Planos de contas. Procedimentos contábeis das operações típicas na Administração Pública. Inventários e administração de materiais. Apuração dos resultados da execução orçamentária e patrimonial do exercício. Análise de demonstrações contábeis. Controle interno. Tomada e prestação de contas. Responsabilidade fiscal. Relatório resumido da execução orçamentária e de execução fiscal. ORÇAMENTO PÚBLICO: conceituação, aspectos históricos, classificação, princípios orçamentários e sua validade. Instrumentos de planejamento no setor público (LDO, LOA, PPA). Orçamento programa: conceito, fundamentos e experiência brasileira. Orçamento Participativo. Créditos orçamentários e adicionais. Administração Pública Brasileira. Estrutura Orçamentária. Controle Interno na Execução Orçamentária. Plano de Contas do Sistema Orçamentário. Procedimentos Contábeis das Operações Típicas do Sistema Orçamentário Objetivo Geral Oferecer aos alunos noções sobre o Estado e seus instrumentos de planejamento, controle e registro das receitas e despesas públicas Objetivos específicos Instrumentalizar os acadêmicos com a contabilização das operações típicas das pessoas jurídicas de direito público. Fazer os Lançamentos usuais da contabilidade pública. Elaborar as demonstrações contábeis dos entes públicos Obter Informações sobre o sistema de administração financeira e contabilidade, SIAFI E SIAFEM Habilidades e Competências: O aluno ao final da disciplina deverá possuir capacidade para: Integrar conhecimentos gerais e específicos à realidade organizacional Capacidade de fazer o registro contábil das empresas públicas Capacidade de analisar criticamente o orçamento público Perfil do Aluno: Considerando que o contador é o responsável pela elaboração de informações contábeis e de controle gerencial, o curso de Ciências Contábeis da Faculdade ITOP tem como meta habilitar os futuros egressos para exercer as 3 atribuições e prerrogativas previstas pela legislação pertinente, dentro de parâmetros éticos. Para isso, pretende-se que as seguintes competências e habilidades sejam desenvolvidas objetivando que os formandos sejam: Proficientes no uso da linguagem técnica Ser capaz de desenhar, analisar e implantar sistemas gerenciais Exercer com ética suas responsabilidades Compreender questões financeiras, econômicas nos diferentes modelos de organização Apresentar domínio pleno das responsabilidade funcionais Ter capacidade crítico analítico para operar com valores Conteúdo Programático: 1Administração Pública: conceito, organização, entidades que a compõe (Administração Direta e Indireta, Autarquias, Fundações e Fundos Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista). Serviços públicos e Políticas públicas. 2. Orçamento Público: história, conceito, classificação, características, princípios orçamentários. 3. Instrumentos de Planejamento: Planejamento Plano Plurianual – PPA. Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO Lei Orçamentária Anual – LOA. Finalidade, etapas de elaboração, prazos para elaboração. 4.Receita Pública e Despesa pública. 5. Orçamento Participativo: conceito, princípios, procedimentos. 6.Controle interno na gestão pública 7 Contabilidade governamental: conceito, finalidade, usuários, objeto que estudo, campo de aplicação, exercício financeiro, regime contábil, legislação, classificação dos fatos contábeis, demonstrações previstas na legislação. 8 Patrimônio na administração pública. 9 Inventário na administração pública. 10 Variações patrimoniais: ativas e passivas; orçamentárias e extra-orçamentárias. 11 Sistemas de contas: Sistema financeiro, patrimonial e orçamentário, fontes alimentadoras dos sistemas de contas. 12 Sistema Integrado de Administração financeira do governo federal – SIAFI: conceito, objetivos, características, formas de acesso, modalidades de uso, abrangência, segurança, documentos de entrada de dados, subsistemas, principais transações do Siafi 13 Plano de contas da Administração federal: códigos, níveis, desdobramentos, contas de controle, operacionalização das contas de controle, contas de resultado, contas especiais. 14 egistros contábeis de operações típicas: previsão e realização da receita, fixação da despesa, inscrição, recebimento e cancelamento da Dívida Ativa, emissão, reforço e anulação de empenhos, pagamento a fornecedores, inscrição e cancelamento de restos a pagar, apropriação da folha de pagamento, concessão de suprimentos de fundos, apropriação de despesas. 15 Análises das variações patrimoniais 16 Demonstrativos contábeis previstos na legislação 4.320/64 e na LRF. 17 Inventário e administração de material. 18 Tomada e prestação de contas. 19 Reflexos da Lei de Responsabilidade fiscal na Contabilidade Pública Cronograma das aulas 4 Metodologia: Exposições dialogadas; leitura e análise de textos; estudos de caso; discussões que auxiliem no desenvolvimento da capacidade de argumentação; trabalhos individuais e em grupo que dêem oportunidade à reflexão e ao exercício criativo. Aulas de nivelamento, aulas de reforço, monitoria, visitas técnicas. Recursos Didáticos: Data show, pincel, quadro branco, Internet, textos diversos. Laboratório de informática, Vídeos. Interdisciplinaridade dos Conteúdos: Contabilidade geral Estrutura das Demonstrações contábeis Ética profissional e filosofia Sistema de Avaliação: 5.1 A avaliação será realizada da seguinte maneira: Participação nas atividades, discussões feitas em aula e contribuições pessoais, pontualidade; assiduidade e envolvimento, trabalhos em grupo (sessões de trabalho em sala e/ou seminários): 40%. Provas: 60% sendo assim constituídas: 60% de questões objetivas e 40% de questões subjetivas. Os alunos que não atingirem conceito C poderão realizar Prova de Recuperação no final do módulo. A equivalência entre a escala decimal (notas) e a alfabética (conceitos), para efeitos do conceito final é: A = Excelente (9,0 a 10,0) B = Ótimo (8,0 a 8,9) C = Bom (7,0 a 7,9) D = Regular (5,0 a 6,9) E = Fraco (3,0 a 4,9) F = Insuficiente (abaixo de 2,9 ou infrequente) 5.2. Conceito Mínimo para Aprovação: C (7,0 A 7,9) 5.3 Faltas Faltas acima de 25% (18 faltas) das aulas implicam em conceito FF ou falta de frequência, portanto, reprovação, independentemente dos demais conceitos. Não há abono de faltas exceto as previstas na legislação. 5.4. Prova Substitutiva Não há prova substitutiva para o aluno que perder uma das provas. O aluno estará automaticamente incluído na lista dos alunos que farão a prova de Exame Final caso sua média seja maior ou igual a 3,0. Bibliografia básica: KOHAMA, Helio. Contabilidade pública: teoria e prática. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010 ANDRADE, Nilton de Aquino., Contabilidade publica na gestão municipal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ANGÉLICO, João. Contabilidade Pública. São Paulo: Atlas, 2006 Bibliografia Complementar: ARAÚJO, Inaldo; .O essencial da Contabilidade pública. São Paulo: Saraiva, 2009.5 GIACOMONI, James. Orçamento público. São Paulo: Atlas, 2010. MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração Pública. São Paulo: América Jurídica, 2005. ANDRADE,Nilton de Aquino. Contabilidade Pública na Gestão Municipal. São Paulo: Atlas, 2012. KANAANE, Rober. Gestão pública. São Paulo: Atlas, 2010 Data de início da disciplina: Data de fechamento da disciplina: 6 Sumário Unidade 1 – Administração Pública, Serviço Público e Políticas Públicas.....................05 Unidade 2 – Orçamento Público...........................................................................10 Unidade 3 – Instrumentos de planejamento do orçamento - PPA, LDO e LOA.............17 Unidade 4 – Classificação institucional, funcional e programática do orçamento........ ..................................................................................................... 22 Unidade 5 – Créditos orçamentários e adicionais....................................................28 Unidade 6 – Receita Pública................................................................................33 Unidade 7 – Despesa Pública ..................... ...............................................................................40 Unidade 8 – Regime Contábil das receitas e despesas públicas................................47 Unidade 9 – Dinâmica das Licitações na gestão pública..........................................50 Unidade 10 – Contabilidade Pública.....................................................................53 Unidade 11 – Sistema de Contas e Plano de Contas da Contabilidade Pública............59 Unidade 12 – Demonstrações Contábeis obrigatórias exigidas pela Lei Federal n.º 4.320/64 e pela LRF nº 101/00.............................................................................65 Unidade 13 – A importância do Controle Interno e Externo na Gestão Pública...........74 Unidade 14 – Auditoria na Gestão Pública.............................................................80 Unidade 15 – Orçamento Participativo..................................................................89 7 Unidade 16 – Escriturando o orçamento público.....................................................92 8 Meta da unidade Apresentação dos conceitos de Administração pública, Serviço público e Políticas públicas. Poder político soberano: conjunto de normas que regulam o convívio social. Povo: conjunto de cidadãos sob o mesmo poder e com direitos iguais perante a lei. Território: é o espaço terrestre, aéreo e aquático. Governo: poder decisório encarregado da gestão da coisa pública. Poder Legislativo: exercido pelo Congresso Nacional (deputados e senadores). Tem a função de elaborar as leis. Poder Executivo: exercido pelo presidente da república. Tem a função de executar as leis. Poder Judiciário: Tem a função de fiscalizar o cumprimento das leis. Enquanto o Estado é permanente, o governo é transitório, isto é, é renovado periodicamente. Bem comum: garantia dos direitos sociais, da educação, saúde, trabalho, moradia, segurança, previdência social etc. (CF, art. 6º). 1 - Administração Pública, Serviços Públicos e Políticas Públicas Objetivos Esperamos que, ao longo desta unidade, você possa: entender o papel da administração pública; entender a importância das políticas públicas; definir o serviço público. Pré-requisitos Para o estudo e compreensão desta unidade, julgamos indispensável a leitura dos conteúdos da disciplina Planejamento e gestão pública, Introdução ao direito, Teoria da contabilidade e Direito tributário. Introdução O Estado surgiu da necessidade de se estabelecer um acordo (dirimir conflitos) entre os indivíduos da sociedade. O Estado é resultado da evolução na maneira de organização do poder. Na Idade Média, existia o Estado Feudal, com poder descentralizado. Na Idade Moderna, existe o Estado Moderno, com a centralização do poder político e administrativo, isto é, há uma unificação de fronteiras, língua, cultura, economia e poderio militar. Dessa forma, pode-se definir Estado como uma instituição social, política e juridicamente organizada, que dispõe de uma estrutura administrativa, de um governo próprio, para exercer o poder coercitivo sobre os membros de uma sociedade, objetivando o bem comum. Tem como elementos o poder político soberano, o povo, o território e o governo. A Constituição Brasileira organiza o Estado em três poderes: o poder legislativo, o poder executivo e o poder judiciário. De forma resumida, podemos dizer que a sociedade cria o Estado para que possa ter a realização do bem comum. E o Estado, para alcançar esse fim, tem de desenvolver atividades diversas, conhecidas como atividades estatais (serviços públicos). É a administração pública que realiza essas atividades ao executar as políticas públicas. Administração Pública Nas palavras de Meirelles (2005, pp. 64 e 65), ―Administração Pública, numa visão global, é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas‖. Andrade (2002, p.37) diz que, devido à grandiosidade territorial de nosso país, fica evidente que há inúmeras funções do Estado, em diversas atividades, que contribuem para melhoria de vida dos usuários, que são os próprios contribuintes. Porém, é visível que, pela complexidade de determinados serviços e atividades, há a necessidade de se dividirem tarefas com o fim de se atingir o objetivo maior de 9 As autarquias são entidades de direito público, com personalidade jurídica e patrimônio próprio destinadas à execução de atividades destacadas da administração direta. suprir as necessidades da população. Nesse sentido, o chefe do Poder Executivo centraliza certas atividades. Dentre elas, pode-se citar: saúde, educação, obras públicas, planejamento; enquanto delega outras atividades que mereçam atenção especial devido a seu nível de especialização. Dessa forma, as atividades centralizadas pelo Poder Executivo são executadas pelos órgãos que constituem a administração direta, e aquelas que são desenvolvidas de maneira descentralizadas, por órgãos ou entidades que compõem a administração indireta. a) Organização da Administração Direta ou Centralizada Segundo Araújo e Arruda (2004, p.6), a administração direta compreende a estrutura administrativa dos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e suas subdivisões (estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios, Secretarias estaduais e ou municipais com seus respectivos departamentos e seções). É um conjunto de unidades organizacionais que integram a estrutura administrativa de cada um dos Poderes da União, dos Estados e dos Municípios. Nesse sentido, o conjunto de atividades e serviços que são integrados na estrutura da administração do Chefe do Poder Executivo, fazendo parte também o Poder Legislativo, Judiciário e os Órgãos autônomos como Tribunal de Contas e Ministério Público, constitui o denominado núcleo central dos órgãos máximos dos três poderes, ou seja, órgãos e entidades estatais da administração direta. b) Administração Indireta ou Descentralizada Para Andrade (2002, p.38), administraçãoindireta é a descentralização dos serviços públicos, por intermédio das autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista e fundações públicas, detentoras de personalidade jurídica própria, gestão independente, bem como recursos financeiros e orçamentários individuais, também fiscalizada pelo Tribunal de Contas. c) Entidades Autárquicas É o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônios e receitas próprias para executar atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada (art. 5º do Dec. 200/67). Segundo Silva (2004, p.189), ―As autarquias podem ser classificadas em duas categorias: autarquias institucionais – que prestam serviços autônomos personalizados; autarquias corporativas – representadas por órgãos fiscalizadores de profissões (CRC, CREP, CREA, CRTA etc.)‖. De acordo com Silva (2004, p.190): nos últimos anos têm sido criadas as denominadas Agências Executivas que não é uma nova figura jurídica, mas uma qualificação dada pelo Poder Executivo a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos: a) ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; b) ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério Supervisor. Silva (2004, p.190) também diz que outra modalidade de administração é representada pelas Agências Reguladoras, mecanismos criados quando o Estado decide deixar de 10 A Principal característica das Sociedades de Economia Mista consiste na participação governamental e particular na constituição do seu capital; conciliam os objetivos de interesse público com a estrutura das empresas privadas. O fundo especial não é detentor de patrimônio, entidade jurídica, órgão ou unidade orçamentária. No entanto, é tipo de gestão de recursos financeiros que para tanto necessita de dotação orçamentária para tal fim. Na estrutura da Administração Pública, pode ocorrer a criação de fundos especiais vinculados aos órgãos da administração direta ou entidades intituladas de autarquias. São exemplos de Fundos Especiais: Fundo Nacional de Saúde - FNS; Fundo Estadual de Saúde – FES; Fundo Municipal de Saúde – FMS; Fundo Estadual da Criança e do Adolescente. prestar os serviços de sua responsabilidade, transferindo-os para o setor privado por intermédio da descentralização ou da concessão, assumindo o papel de regulador e indutor. (Exemplos: ANEEL, ANATEL, ANP). d) Empresa Pública É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivamente governamental, criada por lei para exploração de atividade econômica ou industrial que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa (art. 5º do Dec. 200/67). e) Sociedades de Economia Mista É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, patrimônio próprio, criada por lei para exploração de atividade econômica ou serviço, sob forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertencem, em sua maioria, à União ou a entidade da Administração Indireta. (art. 5º do Dec. 200/67). Exemplos de Sociedade de Economia Mista: PETROBRÁS – Petróleo Brasileiro S/A, Banco do Brasil S/A. f) Fundações De acordo com Meirelles (2005, p. 66): Entidades fundacionais - São pessoas jurídicas de Direito Público ou pessoas jurídicas de Direito Privado, devendo a lei definir as respectivas áreas de atuação, conforme inc. XX do art. 37 da CF, na redação dada pela EC 19/88. No primeiro caso, elas são criadas por lei, à semelhança das autarquias, e, no segundo, a lei apenas autoriza sua criação, devendo o Poder Executivo tomar as providências necessárias à sua instituição. Segundo Barchet (2005, p.82): As fundações públicas de direito privado são criadas nos moldes do art. 37, XIX, da CF: por decreto do Poder Executivo autorizado por lei específica, o qual deverá ser registrado para ter-se início a personalidade jurídica da entidade. Já as fundações públicas de Direito Público são criadas diretamente por lei específica, sem necessidade de registro de seu ato constitutivo. g) Fundos Especiais Constitui fundo especial o produto de receitas específicas que, por lei, se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação. (Art. 71 da Lei 4.320/64). De acordo com a referida Lei, são características dos fundos especiais: a) receitas especificadas; b) vinculação à realização de determinados objetivos ou serviços; c) normas peculiares de aplicação; d) vinculação a determinado órgão da administração; e) descentralização interna do processo decisório; f) plano de aplicação, contabilidade e prestação de contas específica. h) Administração auxiliar 11 Segundo Silva (2004, p.190), a administração auxiliar complementa a ação do Estado na concessão dos seus objetivos e pode ser assim dividida: descentralização por cooperação; e descentralização por colaboração: concessionários, permissionários e organizações sociais. A descentralização por cooperação ou institucional é uma forma que faz surgir pessoas jurídicas próximas à administração pública, embora posicionada fora dela. São organizações para-administrativas de direito privado, criadas pelo Estado isoladamente ou em conjugação com particulares, como, por exemplo: Serviço Social da Indústria, SESC – Serviço Social do Comércio - SESI, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas - SEBRAE. De acordo com Silva (2004, pp.190 e 191), a descentralização por colaboração é a que descentraliza a atividade administrativa do Estado para órbita privada. Essa descentralização consiste na delegação do exercício de encargos públicos a terceiros, como, por exemplo, os concessionários, os permissionários e as organizações sociais. Concessionários de serviços públicos são as empresas que recebem, por intermédio de contrato, delegação para prestar serviços, como os de energia elétrica, alguns serviços de telecomunicações, dentre outros. (Exigi licitação, art. 175, CF/88 - modalidade concorrência); Permissionários de serviços públicos são as empresas, os que recebem, em caráter precário, a permissão para executar transportes coletivos, transportes aéreos, dentre outros. (Exige licitação – art. 175, CF/88); Organizações sociais são entidades privadas, sem fins lucrativos, que desempenhem atividades classificadas como não-exclusivas do Estado, como, por exemplo: de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. i) Entidades que fazem parte do orçamento público Com o entendimento da organização da Administração Pública, é possível identificar, conforme quadro abaixo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta que fazem parte do orçamento. Administração Direta (Centralizada) Administração Indireta (Descentralizada) ● PODER EXECUTIVO União: Ministérios / Secretarias Especiais Estados e Municípios: → Secretarias ● AUTARQUIAS - Autarquias Institucionais - Autarquias de Regime Especial ● PODER LEGISLATIVO União: Congresso Nacional Estados: Assembléia LegislativaMunicípios: Câmaras Municipais (Tribunais de Contas) ● FUNDAÇÕES PÚBLICAS (Dependentes) ● PODER JUDICIÁRIO Federal e Estadual (Ministério Público) ● EMPRESAS DEPENDNETES Aquelas que utilizam recursos à conta do orçamento público para despesas de custeio e investimentos (Art. 1º, inciso II, Lei n.º 101/00.) 12 Fonte: Bezerra Filho (2004, p.132). Serviços Públicos Freire (2002) diz que os serviços públicos se classificam da seguinte forma: a) Serviço público (essencialidade e necessidade). Exemplo: defesa nacional, de polícia, de preservação de saúde pública; b) Serviço de utilidade pública (conveniência). Exemplo: transporte coletivo, energia elétrica, gás e telefone. c) Em relação às formas de prestação dos serviços público, Freire (2002) classifica da seguinte maneira: Centralizado – o Estado é, ao mesmo tempo, o titular e o prestador do serviço. Desconcentrado – o serviço é executado centralizadamente, porém, distribuído entre seus diversos órgãos da administração direta. Descentralizado – implica a transferência da execução do serviço para outra entidade, seja por outorga (o estado cria a entidade e a ela transfere a execução de determinado serviço) ou delegação (o Estado transfere a execução ao particular por contrato ou ato administrativo). De onde vêm os recursos que são necessários para a execução dos serviços públicos? Políticas Públicas São planos de ação que irão conduzir os negócios do Estado relativos ao povo em geral. I – Responda as perguntas em seu caderno de atividades. a) Diferencie administração direta da indireta. b) Diferencie serviços públicos de serviço de utilidade pública. c) Quais são os princípios que a administração pública deve obedecer ao desenvolver as atividades estatais? d) Dê exemplos de órgãos que realiza a administração direta e a indireta. e) Cite alguns exemplos de serviços públicos e de utilidade pública que são prestados no seu município. Figura 2 13 Meta da unidade Apresentação do orçamento público. Sugerimos que você consulte o site do Senado Federal, onde encontrará uma cartilha e outras informações sobre todo o processo orçamentário brasileiro. Acesse: www.senado. gov.br/orçam ento. 2 - Orçamento Público Objetivos Esperamos que, ao longo desta unidade, você possa: conceituar e identificar as características do orçamento público; classificar o orçamento público; identificar os princípios vinculados ao orçamento público. Pré-requisitos Para o estudo e compreensão desta unidade, julgamos indispensável a leitura dos conteúdos da disciplina Planejamento e Gestão Pública. Introdução Já falamos que o Estado, nos três níveis de poder (legislativo, executivo e judiciário), objetiva promover o bem comum para que os cidadãos possam ter suas necessidades públicas atendidas. No âmbito de sua competência, o Estado busca meios e recursos para atender as necessidades públicas. O instrumento legal onde está prevista a receita e fixada a despesa de um determinado ente público, é o orçamento público. Sua história está marcada por conflitos entre os interesses antagônicos da sociedade e do poder central. Na tabela abaixo apresentamos a origem do orçamento público. NO MUNDO ANO FATO 1215 Rei João Sem-Terra (Inglaterra) estabelece condições para acabar com a arbitragem da Coroa na instituição dos impostos (Magna Carta). 1689 Revolução Gloriosa (Inglaterra) edita o Bill of Rights (petição de direitos), que separa as finanças do reino das finanças da Coroa. 1774 Congresso da Filadélfia (Estados Unidos) excluiu todo imposto que não tivesse consentimento do povo (Declaração de Direitos de Filadélfia). 1789 Revolução Francesa (França) determinou que nenhum imposto poderia ser cobrado sem consentimento do povo. 1789 a 1831 França institui os princípios de legalidade, anualidade, universalidade e anterioridade na previsão da receita e da despesa. 1822 O primeiro Orçamento Público é formalmente redigido (Inglaterra) e o Executivo passa a prestar contas ao Legislativo, e fixa receitas e despesas. 1910 1 1912 Estados Unidos conceituam Orçamento Público. Há detalhamento do Orçamento de forma clara e precisa. 1949 Estados Unidos criam a metodologia do orçamento para o programa. Figura 3 14 PPA: Plano Plurianual. LDO: Lei de Diretrizes Orçamentárias. LOA: Lei do Orçamento Anual NO BRASIL ANO FATO 1808 D. João VI cria o Erário Público (Ministério da Fazenda). 1824 D. Pedro I outorga a primeira Constituição brasileira, estabelecendo exigência de elaboração de proposta orçamentária. 1830 É aprovado o primeiro orçamento brasileiro por decreto legislativo. 1889 É promulgada nova Constituição. O poder Legislativo tem a competência para elaborar o orçamento. O poder Executivo apenas elabora a proposta, que encaminha ao Legislativo como subsídio. 1934 a 1937 Poder executivo retoma a competência para elaborar o orçamento. 1938 No Estado Novo é criado o Departamento de Administração do Serviço Público (Dasp), iniciando formalmente o planejamento orçamentário no Brasil. O Dasp tinha a função de organizar a proposta orçamentária de acordo com as instruções do Presidente da República. 1939 Na primeira Conferência de Técnicos de Contabilidade Pública a Assuntos de Fazenda, promovida pelo Governo Federal, foram feitas as primeiras tentativas de padronização, que tiveram como base o padrão orçamentário elaborado pelo Conselho Técnico de Economia e Finanças. 1950 a 1960 No segundo governo de Getúlio Vargas e no de Juscelino Kubistchek, foram criados grupos de trabalhos setoriais e organismos de planejamento. 1962 Foi criado o Ministério do Planejamento, no governo João Goulart. 1964 Publicação da Lei 4.320/64 que estabelece normas gerais de direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, estados, Municípios e Distrito federal, e instituiu a metodologia do orçamento-programa para todas as esferas públicas. 1966 No Governo Militar, foi criado o Código Tributário Nacional. 1967 A junta militar que governava o país promulgou a Carta de 1967 que no artigo 67 elimina qualquer tipo de emenda à peça orçamentária por parte do Poder Legislativo. Esse imperativo vigorou até 1988. 1974 Ainda sob o Regime Militar, o Ministério do Planejamento e Coordenação geral, por meio de portaria, estabelece códigos e estruturas para a classificação funcional programáticas das despesas orçamentárias. 1984 O Governo Federal criou a Comissão para Reordenamento das Finanças Públicas, implementando diversas alterações na política orçamentária. 1988 A Constituição de 1988, em vigor, estabeleceu mudanças na legislação orçamentária e a hierarquia dos elementos de planejamento de longo e médio prazo: PPA, LDO e LOA. 2000 Surge a Lei Complementar de Responsabilidade Fiscal (LRF), de nº 101/2000, que introduziu mudanças na administração das finanças públicas, instituindo mecanismos de transparência fiscal e controle social do gasto público. Hoje, a sociedade discute a lei de responsabilidade social, para que fique configurada a participação popular em co-gerir os recursos públicos. 15 Nas palavras de Giacomoni (2001, p. 64), o orçamento público é caracterizado por possuir uma multiplicidade de aspectos: político, jurídico,contábil, econômico, financeiro, administrativo etc. Seu conceito tem sofrido significativas mudanças ao longo do tempo, em decorrência da evolução de suas funções, hoje marcadamente diversas daquelas que o distinguiam no passado. Assim, o entendimento de sua conceituação atual fica facilitado a partir da análise que caracterizou a transformação de seus papéis principais, que, por sua vez, determinaram alterações na importância relativa de cada um dos aspectos citados. Orçamento público: conceito Várias são as definições para o Orçamento Público e, dentre elas, destaca-se as dos seguintes autores: O orçamento é um ato preventivo e autorizativo das despesas que o Estado deve efetuar em um exercício; é um instrumento da moderna administração pública (SILVA, 2004, p. 26). O Orçamento é, portanto, um processo de planejamento contínuo e dinâmico de que o Estado se utiliza para demonstrar seus planos e programas de trabalho, para determinado período. Ele abrange a manutenção das atividades do Estado, o planejamento e a execução dos projetos estabelecidos nos planos e programas de Governo (PIRES, 2002, p.70) A partir dessas definições, pode-se afirmar que o orçamento é um ato de previsão de receita e fixação da despesa para um ano, e constitui um documento fundamental das finanças do Estado. O estudo do orçamento pode ser considerado do ponto de vista objetivo ou subjetivo. No aspecto objetivo, designa o ramo das Ciências das Finanças que estuda a Lei do Orçamento e o conjunto de normas que se referem à sua preparação, sanção legislativa, execução e controle, ou seja, considera a fase jurídica de todas as etapas do orçamento (preventiva, executiva e crítica). No aspecto subjetivo, constitui a faculdade adquirida pelo povo de aprovar, a priori, por seus representantes legitimamente eleitos, os gastos que o Estado realizará durante o exercício. Orçamento público: classificação Em referência à evolução conceitual do orçamento público, uma classificação bastante simples, mas útil é a que divide a história da evolução conceitual do orçamento público em duas fases: o orçamento tradicional e o orçamento moderno (GIACOMONI, 2001, p. 64). De acordo com essa divisão da história da evolução conceitual do orçamento público, este ficou classificado também por tipo, a saber: Orçamento Tradicional; Orçamento de Desempenho; Orçamento Base Zero; e Orçamento-programa. Segundo Silva (2004, p.44), dependendo da forma de governo vigente no Estado, o orçamento pode ter três classificações: a) Legislativo: é o orçamento, cuja elaboração, votação e aprovação compete ao Poder Legislativo, cabendo ao Executivo sua execução. Esse tipo é utilizado em países parlamentaristas; 16 O orçamento tradicional mostrava de forma simples o relacionamento das receitas a arrecadar e das despesas de custeio; não sendo planejados os investimentos. Consistia num processo orçamentário em que era explicitado apenas o objeto de gasto, ou seja, apresentava os valores para as despesas de pessoal, material, serviços entre outros, sem relacionar os gastos a nenhuma finalidade (programa ou ação). No orçamento base zero não existem direitos adquiridos sobre verbas autorizadas em exercícios anteriores, zerando-se tecnicamente, ao final de cada exercício financeiro, os programas existentes e obrigando os administradores às demonstrações dos custos e benefícios referentes às novas solicitações orçamentárias, definidas por ordem de prioridades. Esse tipo de orçamento foi uma evolução do orçamento tradicional, constituindo-se numa técnica para elaboração do orçamento-programa. Para Kohama (2003, p.79), O “Orçamento Base Zero é um processo operacional de planejamento e orçamento que exige de cada administrador a fundamentação da necessidade dos recursos totais solicitados, e em detalhes lhe transfere o ônus da prova, a fim de que ele justifique a despesa”. b) Executivo: é o orçamento cuja elaboração, votação e aprovação é da competência do Poder Executivo. É utilizado em países onde impera o poder absoluto; c) Misto: é o orçamento elaborado e executado pelo Poder Executivo. Cabe ao Poder Legislativo sua votação e controle. Esse tipo é utilizado pelos países em que as funções legislativas são exercidas pelo Congresso ou Parlamento, sendo sancionado pelo Chefe do Poder Executivo. Orçamento público: características As características dos tipos de orçamento público, conforme a divisão da história de sua evolução conceitual, são as seguintes: a) Orçamento tradicional: Antes do advento da Lei nº 4.320, de 17/03/64, o tipo orçamentário utilizado era o chamado orçamento tradicional ou clássico. Caracterizava-se por ser um simples documento de previsão de receita e de autorização de despesas, estas classificadas segundo o objeto de gasto e distribuídas pelos diversos órgãos, para o período de um ano. b) Orçamento de Realizações ou de Desempenho: O orçamento clássico evoluiu para o orçamento de desempenho ou de realizações, e, segundo Pascoal (2004, p. 18), no orçamento de desempenho, procura-se saber as coisas que o governo faz e não as coisas que o governo compra. A ênfase é dada aos resultados. Todavia, não havia nenhuma vinculação do orçamento ao planejamento governamental. Assim, saber o que a Administração Pública comprava tornou-se menos relevante do que saber para que se destinava aquela aquisição. O orçamento de desempenho, embora já ligado aos objetivos, ainda não poderia ser considerado um orçamento-programa, visto que lhe faltava uma caracterização essencial: a vinculação ao sistema de planejamento. c) Orçamento Base Zero: para Fortes (2002, p.72), o orçamento base zero é um instrumento de planejamento que obriga a demonstração e fundamentação de cada administrador para os recursos solicitados. Nesse tipo de orçamento, todos os projetos e atividades devem ser detalhados e relacionados obedecendo a uma ordem de importância. Sua característica principal e fundamental é a avaliação dos resultados alcançados. Seus objetivos principais são: planejamento orçamentário para o próximo exercício; obediência ao princípio da economicidade na elaboração do orçamento; estabelecimento de um planejamento estratégico, procurando identificar as necessidades reais da região; acompanhamento sistemático dos programas; planejamento estruturado a longo prazo. d) Orçamento-programa: O Orçamento-programa é um instrumento de planejamento que expressa, financeira e fisicamente, os programas de trabalho de governo, possibilitando: 17 A elaboração do orçamento por programas exige sempre a especificação clara, tanto em quantidade como em qualidade dos recursos humanos, materiais e financeiros, necessários à execução das atividades, procurando o melhor aproveitamento dos recursos existentes. integração do planejamento com o orçamento; quantificação de objetivos e a fixação de metas; relações insumo-produto; alternativas programáticas; acompanhamento físico-financeiro; avaliação de resultados; gerência por objetivos. Nesse sentido, o orçamento-programa consiste num instrumento de ação administrativa para execução dos planos de longo, médio e curto prazo; em que há a previsão das receitas e a fixação das despesas com o objetivo de atender às necessidades coletivas definidas no programa de trabalho do governo.Também, pode ser considerado como um instrumento de aferição e controle da autoridade e da responsabilidade dos órgãos e agentes da administração orçamentária e financeira, permitindo avaliar a execução dos programas do Governo. O processo de elaboração do orçamento público vem sendo aperfeiçoado pela participação da comunidade na análise e discussão dos problemas e na identificação das soluções que mais de perto dizem respeito aos interessados. Assim, sob a denominação de Orçamento Participativo tem-se difundido um novo mecanismo de expressão da participação popular junto às administrações públicas. Nesse sentido, o orçamento participativo caracteriza-se por uma participação direta e efetiva das comunidades na elaboração da proposta orçamentária do Governo. Orçamento público: princípios O Orçamento Público surgiu para atuar como instrumento de controle das atividades financeiras do governo. Entretanto, para real eficácia desse controle, faz-se necessário que a constituição orgânica do orçamento se vincule às determinadas regras ou princípios orçamentários. Todavia, divergem os escritores na fixação dos princípios e, em conseqüência, torna-se extensa a relação que apresentam. Dessa forma, destacamos os seguintes princípios orçamentários: Princípios Orçamentários Gerais (Receita e Despesa) Princípios Orçamentários Específicos da Receita Substanciais Formais ou de apresentação Anualidade Especificação Não-afetação da receita Unidade Publicidade Legalidade de tributação Universalidade Clareza Equilíbrio Uniformidade Exclusividade Precedência Orçamento Bruto Programação Anualidade – o orçamento deve ter vigência limitada a um período de um ano. (art. 34, Lei 4.320/64). Tem como motivo prático facilitar a previsão de gasto no período de um ano. Segundo Silva (2004, p. 46) ―A razão institucional que fundamenta a regra da anualidade consiste em que a prerrogativa de controle prévio e subseqüente por parte do Poder Legislativo deve ser realizada do modo mais freqüente possível; não fosse o princípio da anualidade, o Congresso ficaria impedido de exercer um controle mais eficaz‖. 18 Unidade – orçamento uno, ou seja, todas as receitas e despesas devem estar contidas numa só lei orçamentária. Apesar da CF/88 estabelecer três esferas orçamentárias, no § 5º de seu art. 5º, essas peças devem ser entendidas como partes integrantes de um todo chamado LOA. Esse princípio evita a proliferação de orçamentos dentro de um mesmo nível de governo e possibilita o cumprimento da fiscalização por parte do Poder Legislativo. Universalidade – o orçamento deve compreender todas as receitas e despesas necessárias para a manutenção dos serviços públicos. (art. 6º, Lei 4.320/64). Em relação ao princípio da universalidade, a leitura da Constituição de 1988 indica a preocupação que os constituintes tiveram com esse princípio, bastando verificar que o art. 167, § 1º, estabelece que ―nenhum investimento cuja execução financeira ultrapasse um exercício financeiro, poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de responsabilidade. Equilíbrio – estabelece que o total das despesas orçamentárias não pode ultrapassar o da receita orçamentária prevista para cada exercício financeiro. Importante ferramenta para controle dos gastos governamentais, apesar desse equilíbrio consistir em uma simples questão de técnica contábil, posto que o excesso do gasto pode ser coberto pela realização de operações de créditos, oferecendo assim o equilíbrio. Exclusividade – a LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. (art. 165, § 8 da CF/88). São exceções a este princípio, de acordo com o art. 7º, da Lei nº 4.320/64: a) conter autorização ao executivo para abrir crédito adicional suplementar até determinada importância, ―obedecidas às disposições do art. 43, da referida Lei‖; b) realizar operações de créditos por antecipação da receita, para atender insuficiência de caixa. Orçamento Bruto – utilização das rubricas de receitas e despesas pelos valores brutos, sem deduções ou compensações. Este princípio é de fundamental importância, porque estabelece que todas as receitas e todas as despesas devem constar da LOA pelos totais, vedadas quaisquer deduções. Especificação – evita a inserção de dotações globais na lei orçamentária. ( § 1º do art. 15, Lei 4.320/64). Na lei de orçamento, a discriminação da despesa far-se-á, no mínimo, por elementos; e será apresentada através do QDD – Quadro de Detalhamento da Despesa; por elementos. Neste contexto, refere ao desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras e outros. Publicidade – mais do que um princípio orçamentário, é um princípio constitucional que norteia os atos da Administração Pública, conforme se verifica no art.37 da CF/88. O maior objetivo desse princípio é fornecer o caráter informativo aos atos públicos, na busca da tão propagada transparência dos gastos públicos. Clareza – o orçamento deve ser claro e compreensível para qualquer indivíduo. (Questionamento: Orçamento público é hermético, fechado, compreensão muito difícil; acompanhado de complicados quadros; e somente os técnicos da área entendem). Uniformidade ou consistência – os dados orçamentários devem ter homogeneidade nos vários exercícios, para permitir uma comparação ao longo do tempo, pois, pela análise comparativa do orçamento ao longo dos anos, é possível identificar a atenção que o Estado deu às diversas necessidades coletivas, ou ainda o verdadeiro custo dos serviços. 19 Precedência – tal princípio resulta do fato de que a autorização prévia das despesas constitui, além de uma faculdade, um ato obrigatório para o Poder Legislativo, que não pode deixar de aprovar a lei orçamentária já que, caso isto ocorresse, haveria paralisação dos serviços públicos ou, então, pagamentos ilegais de despesas. Programação – o orçamento deve ter o conteúdo e a forma de programas. Não-afetação da receita – previsto no art. 167, IV da CF/88, vedando a vinculação de receitas de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde e manutenção e desenvolvimento do ensino, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, e 212, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação da receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º do art. 167. Legalidade de tributação – diz respeito às limitações que o Estado possui quanto ao seu poder de tributar e inclui as seguintes vedações (art.150, da CF/88): exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; instituir tratamento desigual entre contribuinte que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; cobrar tributos em relação a fato gerador ocorrido antes do início da vigência da lei que o houver instituído ou aumentado; cobrar tributos no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; utilizar tributo no sentido de confisco; estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo poder público. instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, entre as esferas de governos; templos dequalquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 1 – Responda as perguntas em seu caderno de atividades. a) Qual é o tipo de orçamento adotado no Brasil? b) Qual a diferença entre os princípios essenciais e os formais? c) Qual a importância da obediência dos princípios na elaboração do orçamento público? d) O que significa o orçamento participativo? e) Qual a diferença entre o orçamento base zero e o orçamento programa? f) O que significa orçamento público? 20 g) Qual a diferença entre estudar o orçamento do ponto de vista objetivo e do subjetivo? 21 Meta da unidade Apresentação dos instrumento de planejamento do orçamento público: Plano Purianual (PPA); Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) 3 - Instrumentos de planejamento do orçamento público: – PPA, LDO e LOA Objetivos Esperamos que, ao longo desta unidade, você possa: conhecer a Lei do Plano Purianual (PPA); conhecer a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); conhecer a Lei Orçamentária Anual (LOA). Pré-requisitos Julgamos indispensável a leitura dos conteúdos da disciplina Planejamento e Gestão Pública e do conteúdo apresentado na unidade anterior. Introdução O orçamento público, do ponto de vista político, corresponde a um documento elaborado, anualmente, entre o governo e a sociedade sobre as políticas que o Poder Público deseja executar em um determinado exercício financeiro. Sua elaboração é realizada por técnicos especialistas em Finanças Públicas, que tenham conhecimentos sobre os conteúdos da Constituição Federal e legislações orçamentárias. Inicialmente, o Poder Executivo discute e define internamente as ações que considera prioritárias para o exercício seguinte. Em seguida, há a apresentação e discussão das prioridades da sociedade, representada pelos partidos políticos, associações comunitárias, empresários, sindicatos de classe etc. Agora é só elaborar o orçamento de acordo com a sua estrutura legal e encaminhar ao Poder Legislativo para aprovação. O processo de elaboração do orçamento é constituído por três instrumentos legais previstos na Constituição Federal em seu art. 165/88: PPA; LDO e LOA. 22 O PPA estabelece o plano do governo eleito para vários anos de seu mandato, ou seja, estabelece as diretrizes, os objetivos e as metas do governo eleito. Sua elaboração visa à continuidade da gestão anterior e, assim, evitar que a população seja prejudicada com a paralisação de obras e serviços iniciados pelo governo anterior. Pode ser alterado anualmente. O presidente, governador ou prefeito, ao assumir o governo, encontrará um PPA em andamento com diretrizes, objetivos e metas já definidas pelo gestor anterior para o primeiro ano de seu mandato. Com base no PPA, a LDO serve de orientação para a elaboração da lei orçamentária. Plano Purianual - PPA O Plano Plurianual estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e metas da Administração Pública para as despesas de capital e outras dela decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Na tabela abaixo, demonstramos os conceitos e definições dos termos essenciais do PPA. Diretrizes Objetivos Metas - são critérios estabelecidos para o planejamento; - são „bússolas” que dão rumo ao planejamento; - são os resultados principais ou maiores, em longo prazo, que necessitarão ser desenvolvidos e que se pretendem alcançar. - são detalhadas em objetivos por meio de programas. - são detalhamento ou decomposição dos programas; - define-se como cada bem ou serviço que o governo se propõe colocar à disposição da sociedade; - são os resultados pretendidos pela Administração a serem realizados pelas ações, estas em curto prazo. - define quantitativa e qualitativamente as ações de governo, isto é, define em números o que se deseja obter e de quanto serão gastos em obras, máquinas, equipamentos e programas sociais. Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreende as metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, e terá como objetivos fundamentais: orientar a elaboração da lei orçamentária anual, bem como sua execução; dispor sobre as alterações na legislação tributária, caso a administração resolva aumentar, reduzir ou isentar a cobrança de qualquer imposto de sua competência; dispor sobre alterações na política salarial e de pessoal ou nos critérios para reajustes salariais e para contratação de novos funcionários por concurso; INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PPA Planeja LDO Orienta LOA Executa AÇÕES GOVERNAMENTAIS PLANO DE AÇÃO 23 A LOA é o instrumento que a população possui para verificar se os investimentos previstos para melhorar a qualidade de vida da comunidade estão sendo realizados. Porque na LOA estão contidos os programas, subprogramas, projetos e as atividades para que as metas previstas na LDO sejam realizadas. Especifica também os recursos que serão necessários, ou seja, define as fontes de receitas e autoriza as despesas públicas, detalhando-as por órgão de governo e por função. Por isso é importante que você participe de todo o processo orçamentário, ou seja, na criação e na fiscalização das leis e dos planos citados. O veto do poder executivo deve acontecer dentro de 15 dias úteis; contados a partir do momento em que recebeu a decisão dos parlamentares. estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Lei Orçamentária Anual - LOA A Lei Orçamentária Anual consiste na previsão das fontes de recursos (receitas), bem como a fixação das despesas para o exercício financeiro. A LOA é o orçamento propriamente dito. Segundo o art. 165 da CF/88, § 5º, a Lei Orçamentária compreenderá os seguintes orçamentos: a) Orçamento Fiscal – demonstrará a ação governamental dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, excluídos os investimentos das empresas, os órgãos, fundos e entidades vinculados ao sistema de seguridade social. b) Orçamento da Seguridade Social – compreende as ações integradas dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. c) Orçamento de Investimento – corresponde à programação de investimentos de todas as empresas de que a União, Estados ou Municípios participem direta ou indiretamente, detendo a maioria do capital social com direito a voto. Aprovando o orçamento O orçamento é de iniciativa do poder executivo, ou seja, é ele que apresenta o projeto de lei ao Poder Legislativo. O Poder Legislativoirá analisar o projeto e, ao mesmo tempo, solicitar a inclusão de propostas (emendas) da sociedade que não foram incluídas no projeto inicial. O projeto é analisado pelas comissões de justiça (analisa a legalidade das propostas) e de orçamento (analisa e fiscaliza matérias orçamentárias, financeiras, patrimoniais e contábeis, de acordo com o art. 165 da Constituição Federal/88). As comissões emitem seus pareceres que são apreciadas em reuniões abertas. No plenário legislativo, os parlamentares pronunciam-se a favor ou contra o projeto e as emendas apresentadas. Depois de votada, o projeto volta ao Poder Executivo para ser sancionada (aprovada e transformar-se em Lei Orçamentária) ou vetada (não aprovar), no total ou em parte. A parte vetada retorna ao legislativo para nova análise. Após as aprovações, ocorrerá a promulgação e publicação da lei, para que toda a população fique ciente de que uma nova lei está em vigor. Prazos para os encaminhamentos do PPA, LDO e LOA Sobre os prazos de encaminhamento dos instrumentos legais do planejamento governamental, por parte do Poder Executivo ao Poder Legislativo, a fundamentação legal encontra-se no art. 35, dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT. Na tabela abaixo, são apresentados os prazos de encaminhamento ao Poder Legislativo. 24 Documento Legal Encaminhamento para o legislativo Devolução para sanção LOA 4 meses antes do término do exercício (31/08) 22/12 LDO 8 meses e ½ antes do término do exercício (15/04) 17/07 PPA 4 meses antes do término do exercício do 1º mandato do governante (31/08) 22/12 Fonte: CF/88, ADCT art. 35. Art. 35 dos ADCT... § 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. Observações: 1º) Não envio da Lei Orçamentária Anual – a Constituição Federal de 1988 não tratou dessa hipótese. A Lei n.º 4.320/64, em seu art. 32, diz o seguinte: se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei do Orçamento Vigente; 2º) Rejeição das Leis Orçamentárias – a Constituição Federal de 1988 não previu essa possibilidade, haja vista prazo determinado no art. 35 do ADCT para sanção. O art. 57, § 2º da Carta Magna de 88, diz que a sessão legislativa não pode ser interrompida sem a aprovação da lei de diretrizes orçamentárias, sendo mesmo raciocínio para lei orçamentária anual; 3º) Não-devolução da Lei Orçamentária – situação não regulada pelo ordenamento jurídico atual. A União e alguns estados vêm tratando essa questão na LDO, em que é estabelecido que o Poder Executivo fica autorizado a gastar determinada proporção (1/12) da proposta que ainda está tramitando. Segundo Mota (2005, p.48), atualmente, o duodécimo não está sendo mais contemplado na LDO, pois a própria LDO libera para execução algumas despesas essenciais tais como as de pessoal e encargos sociais, benefícios previdenciários, serviços da dívida e transferências constitucionais. 25 Vimos que o plano de ação de um governante está previsto em três instrumentos orçamentários: PPA, LDO e LOA. O PPA define as diretrizes, objetivos e as metas de longo praazo. A LDO define as metas e as prioridades da administração pública. A LOA define os programas, projetos e as atividades dos poderes e órgãos da administração direta e indireta que sejam mantidas pelo Poder Público, que devem ser realizadas para que as metas sejam alcançadas. Essas legislações devem ser elaboradas pelo executivo, analisadas e aprovadas pelo legislativo e sancionada, promulgada e publicada pelo executivo, dentro dos prazos estabelecidos na Constituição Federal de 1988. Síntese da unidade 1 - Responda as perguntas em seu caderno de atividades. a) Porque a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é conhecida como Lei de Responsabilidade Social? b) O que significa governança social? c) Todas as despesas previstas no orçamento devem ser executadas? Justifique sua resposta. d) O que significa sancionar uma lei? e) O que significa vetar uma lei? f) O que o cidadão deve fazer para garantir que o bem comum seja realizado? g) Qual a diferença entre PPA, LDO e LOA? h) Qual é o instrumento orçamentário que prevê os planos de ação para toda a gestão de um governante? 26 Meta da unidade Apresentação da classificação institucional, funcional e programática do orçamento público. 4 - Classificação institucional, funcional e programática do orçamento Objetivos Esperamos que, ao longo desta unidade, você possa: conceituar função, subfunção, programa, projeto, atividade; identificar a importância da classificação dos itens do orçamento público. Pré-requisitos Para o estudo e compreensão desta unidade, julgamos indispensável a leitura das unidades 2 e 3. Introdução No plano de gestão de um governo, estão previstas as ações que ele deseja realizar. Essas ações (gasto pessoal, obras, serviços, programas sociais, pagamento da dívida etc), previstas no Orçamento Público, devem ser programadas na forma de projetos, atividades e operações especiais. De acordo com a Lei nº 4.320/64, os projetos e atividades devem ser classificados de acordo com a função, o programa e o subprograma aos quais estão vinculados. Essa classificação é importante para que possamos saber quem fará a ação, o que ela objetiva e o que será feito. Portanto, algumas normas devem ser obedecidas no que se refere à classificação das ações que serão realizadas pela administração pública. E tudo isso é feito com o intuito de facilitar e uniformizar as informações que se deseja obter do programa de trabalho que vai ser feito ou que deveria ter sido feito. Classificação Institucional A classificação institucional corresponde aos órgãos e suas respectivas unidades orçamentárias. Cada poder é dividido em órgão, e cada órgão, subdivido em unidades orçamentárias. Por exemplo: 27 No entanto, algumas No entancodificações não correspondem à estrutura administrativa; é o caso de ―Encargos Financeiros‖, ―Operações Oficiais de Crédito‖, ―Refinanciamento da Dívida Pública‖, todos sob supervisão do órgão de finanças da administração pública. Classificação Funcional e Programática As ações do governo devem ser programadas na forma de projetos, atividades e operações especiais. A Portaria n.º 42/99, de 14 de abril de 1999, do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão fixa os conceitos de projeto, atividade eoperações especiais. Projeto é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto, que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo. Ex.: Ampliação e asfaltamento de 500 km de estrada até junho do próximo ano; construção de ponte; aquisição de veículo; aquisição de equipamentos; construção de unidades escolares etc. Atividade é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo. Ex.: conservação de estrada, manutenção de transporte escolar, manutenção da assistência médica, formação pedagógica para docentes, manutenção da folha de pagamento; 28 A função "Encargos Especiais" engloba as despesas em relação às quais não se possa associar um bem ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins, representando, portanto, uma agregação neutra. O Programa é o instrumento de organização da ação governamental visando à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual. Operações Especiais são as despesas que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto, e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Ex.: serviço da dívida interna e externa (juros e amortizações), refinanciamento da dívida interna e externa, transferências constitucionais e decorrentes de legislação específica. A Lei 4.320, de 17 de março de 1964, no inciso I, do § 1º, do art. 2º, e § 2º, do art. 8º, dispõe que os projetos e as atividades devem ser classificados de acordo com a função, o programa e o subprograma a qual estão enquadrados. Função representa o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que competem ao setor público. Exemplo: saneamento. Subfunção representa uma partição da função, visando a agregar determinado subconjunto de despesa do setor público. Ela agrega as ações de acordo com sua natureza básica, em relação ao objeto do gasto e de acordo com seu conteúdo e produto. Podem ser combinadas com funções diferentes daquelas a que estejam vinculadas, na forma do Anexo da Portaria 42/99. Exemplo: saneamento básico urbano. Programa: Abaixo da função, os programas designam os objetivos gerais da ação do governo em cada uma de suas áreas de atuação. Eles são definidos de acordo com a estrutura de cada nível de governo, de maneira a adequar a solução dos problemas identificados, e podem ser caracterizados por projetos e/ou atividades. Exemplo: saneamento para comunidade de baixa renda. Subprograma: define os objetivos parciais identificáveis dentro do programa, correspondendo a um conjunto de operações afins. Unidades Orçamentárias: a secretaria, superintendência, fundo, empresa, fundação ou autarquia são responsáveis pela implementação das atividades orçamentárias. Órgão (O) Unidade Orçamentária (UO) Função (F) Subfunção (SF) Programa (P) Projeto ou Atividade ou Operações Especiais (P/A/OE) Quem fará? O que objetiva? O que será feito? Na figura abaixo, está demonstrada a estrutura da classificação funcional e por programas, de acordo com a Portaria n.º 42/99. XX XXX XXXX XXXX Função subfunção programa Projeto, atividade ou operação especial Veja dois exemplos: Exemplo nº 01 para Habitação Programa de trabalho: OO U.O.U.O 16 482 1061 1001 29 A Portaria n.º 42/99, determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem estabelecer, em atos próprios, suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados os conceitos e determinações desta Portaria. Devendo, também, nas leis orçamentárias e nos balanços, identificar as ações em termos de função, subfunções, programas, projetos, atividades e operações especiais. O (de natureza local) – 2 dígitos UO (de natureza local) – 4 dígitos F 16 Habitação SF 482 Habitação Urbana P 1061 Construção de casas populares (código local) P/A/OE 1001 Construção de 20 casas populares (código local) Exemplo nº 02 para Pagamento de dívida Programa de trabalho: OO U.O.U.O 28 841 0000 2001 O (de natureza local) – 2 dígitos UO (de natureza local) – 4 dígitos F 28 Encargos Especiais SF 841 Refinanciamento da Dívida Interna P 0000 Encargos Especiais (§ único art. 4ª, Portaria 42/99 do Ministério do Planejamento)* P/A/OE 2001 Pagamento de Dívida ao INSS * No caso da função "Encargos Especiais", os programas corresponderão a um código vazio, do tipo "0000". A dotação global denominada "Reserva de Contingência", permitida para a União, no art. 91 do Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em atos das demais esferas de governo, a ser utilizada como fonte de recursos para abertura de créditos adicionais e sob coordenação do órgão responsável pela sua destinação, será identificada por código definido pelos diversos níveis de governo. O disposto na Portaria n.º 42/99, se aplica aos orçamentos da União, dos Estados e do Distrito Federal para o exercício financeiro de 2000 e seguintes, e aos Municípios, a partir do exercício financeiro de 2002, revogando-se a Portaria nº 117, de 12 de novembro de 1998, do ex-Ministro do Planejamento e Orçamento, e demais disposições em contrário. Os programas de governo existem para resolver os problemas da sociedade, e representam um conjunto de ações para realização dos objetivos estabelecidos nos programas. Assim, os programas se classificam em quatro tipos: Tipos de Programa Programas finalísticos: têm por objetivo atender diretamente às demandas da sociedade. Exemplo: Programa de Saúde Bucal nas Escolas de Ensino Fundamental Programas de gestão das políticas públicas: abrangem as ações de gestão de governo relacionadas à formulação, coordenação, supervisão, avaliação de políticas públicas. Exemplo: Gestão de Políticas Educacionais Programas de serviços ao Estado: resultam em bens e serviços prestados diretamente ao próprio Estado por organizações criadas para esse fim. Exemplo: Controle Interno do Poder Executivo Programas de apoio administrativo: cujas ações colaboram para a consecução dos objetivos dos demais programas, embora seus custos, de natureza tipicamente administrativa, não sejam passíveis de apropriação nos programas citados anteriormente. Exemplo: Coordenação e Manutenção dos Serviços Administrativos O programa deverá conter as seguintes informações: código identificador; denominação; objetivos; público-alvo; indicadores; órgão responsável pelo seu gerenciamento; gerente do programa; custo do programa. 30 Ressalta-se, ainda, que o programa é o modulo de conexão entre o PPA e a LOA. Assim, em termos de estruturação, o PPA termina no programa e a LOA começa com o programa, o que confere a esses instrumentos uma integração. As ações consistem em instrumentos de realização dos programas, sendo definido o resultado (meta física). Cada ação deverá conter as seguintes informações: código identificador; denominação; tipo de ação (projeto, atividade ou operação especial); unidade orçamentária responsável pela sua execução; supervisorda ação; produto; unidade de medida; metas físicas e financeiras; região a ser atendida pela ação; custo da ação. Fatos contábeis Para iniciar o estudo sobre atos e fatos contábeis será necessário destacar a diferença entre ambos, e, posteriormente, classifica-los e exemplifica-los. Assim, entendem-se como atos administrativos os acontecimentos que ocorrem nas entidades públicas e que não provocam alterações de imediato no patrimônio público. Os fatos administrativos correspondem aos acontecimentos que provocam variações nos valores patrimoniais, podendo ou não alterar o patrimônio liquido. Classificação dos fatos contábeis Quanto à origem Orçamentários e extra-orçamentários. • Orçamentários: dependem de lei orcamentaria e envolvem receita orçamentária e despesa orcamentaria. • Extra-orçamentários: independem de lei orçamentária. A seguir demonstraremos os fatos contábeis quando são oriundos de ato administrativo ou fato administrativo, exemplificando caso a caso. a) Fatos contábeis oriundos de ato administrativo Orçamentários: Previsão da receita, Dotação da despesa, Emissão de empenho. Extra-orçamentários: Assinatura de contratos, Celebração de convênios, Concessão de avais. 31 Para facilitar o entendimento, informamos que os fatos contábeis oriundos de ato administrativo não envolvem elementos patrimoniais (bens, direitos ou obrigações). b) Fatos contábeis oriundos de fato administrativo Orçamentários: • arrecadação da receita, • liquidação da despesa. Extra-orçamentários: • recebimento de bem por doação • baixa do estoque por consumo. Quando os fatos contábeis são oriundos de fatos administrativos, envolvem elementos patrimoniais (bens, direitos ou obrigações). Quanto ao reflexo no patrimônio • Fatos permutativos – Consistem em uma permuta entre os elementos patrimoniais, sem alterar a situação liquida patrimonial. Exemplos: aquisição de bens, pagamento de uma obrigação, etc. • Fatos modificativos – Representam uma modificação na situação liquida patrimonial, podendo ser aumentativos ou diminutivos, quando envolvem receitas ou despesas, respectivamente. Exemplos: pagamento de salários aos servidores, recebimento de tributos, etc. • Fatos mistos – Resultam da junção dos fatos permutativos e modificativos. Neles ocorre a permuta dos elementos patrimoniais e a modificação da situação liquida. Também podem ser aumentativos ou diminutivos. Exemplo: alienação de bens. 1 – Responda as perguntas em seu caderno de atividades. a) Porque é importante fazer a classificação das ações que o governo irá executar? b) Qual a lei a classificação do orçamento público? c) O que a lei define como Projeto? d) O que a lei define como Programa? e) O que a lei define como Atividade? f) O que a lei define como Função? 32 Meta da unidade Apresentação dos créditos orçamentários e adicionais. Calamidade pública – inundações provocadas por tufões, vendavais ou trombas d‟água. Comoção ou subversão interna – fatos que identificam uma revolta, motim ou perturbação de ordem interna, como por exemplo: greves que adquire caráter político provocando movimentos de quebra-quebra, saques a lojas, depredação de bens públicos e particulares. 5 - Créditos orçamentários e adicionais Objetivos Esperamos que, ao longo desta unidade, você possa: identificar o que vem a ser créditos orçamentários; definir e classificar os créditos adicionais. Pré-requisitos Para o estudo e compreensão desta unidade, julgamos indispensável a leitura das unidades 2, 3 e 4, bem como os conteúdos da disciplina Planejamento e Gestão Pública. Introdução No orçamento público, estão previstas as receitas e as despesas públicas. As despesas representam as ações que o governo deseja realizar. A execução das despesas previstas fica a critério do gestor. Contudo, as despesas que não foram previstas no orçamento só podem ser realizadas mediante prévia e expressa autorização do Poder Legislativo. Créditos orçamentários e descentralização orçamentária Os créditos orçamentários são autorizações de despesas fixadas no Orçamento Público para execução de programas, projetos ou atividades, concedidas pelo Poder Legislativo. Os créditos orçamentários são descentralizados para as unidades administrativas, por meio de Provisões que passam a dispor desses créditos e, conseqüentemente, a ter condições de efetivar as despesas orçamentárias. A descentralização orçamentária se classifica em: a) Dotação Inicial (Fixação da despesa) – Limite de crédito consignado na LOA, para atender a despesas do exercício financeiro dos órgãos e entidades de uma esfera de governo: União, Estados, Distrito Federal ou Município. b) Provisão – operação descentralizadora de crédito orçamentário, em que a unidade orçamentária de origem possibilita a realização de seus programas de trabalho por parte de unidade administrativa diretamente subordinada, ou por outras unidades orçamentárias ou administrativas não subordinadas, dentro de um mesmo Ministério (ou Secretária de Estado ou Município). c) Destaque – operação descentralizada de crédito orçamentário em que um Ministério (ou Secretaria de Estado ou Município) ou órgão transfere, para outro Ministério ou órgão, o poder de utilização dos recursos que lhe foram dotados. 33 Assim, a movimentação de créditos, a que chamamos habitualmente de Descentralização de Créditos, consiste na transferência, de uma Unidade Gestora para outra, do poder de utilizar créditos orçamentários que lhe tenham sido consignados no Orçamento ou lhe venham a ser transferidos posteriormente. A descentralização pode ser interna, se realizada entre Unidades Gestoras do mesmo órgão; ou externa, se efetuada entre órgãos distintos. Já a movimentação de recursos financeiros oriundos do Orçamento da União, entre as Unidades Gestoras que compõem o Sistema de Programação Financeira, se dá sob a forma de liberação de; Cotas; Repasses; Sub-repasses; para o pagamento de despesas e por meio de concessão de limite de saque à Conta Única do Tesouro. A primeira fase da movimentação dos recursos é a liberação de Cota e deve ser realizada em consonância com o cronograma de desembolso aprovado pela Secretaria do Tesouro Nacional. Assim, Cota é o montante de recursos colocados à disposição dos Órgãos Setoriais de Programação Financeira – OSPF pela Coordenação-Geral de Programação Financeira – COFIN/STN mediante movimentação intra-SIAFI dos recursos da Conta Única do Tesouro Nacional. A segunda fase é a liberação de Repasse ou Sub-repasse. Repasse é a movimentação de recursos realizada pelos OSPF para as unidades de outros órgãos ou ministérios e entidades da Administração Indireta, bem como entre esses; e Sub-repasse é a liberação de recursos dos OSPF para as unidades sob sua jurisdição e entre as unidades de um mesmo órgão, ministério ou entidade. A partir daí, com recursos em caixa, ou seja, com disponibilidades financeiras, as unidades podem dar início à fase de pagamento de suas despesas. A figura abaixo fornece um esquema simplificado dos dois processos que geralmente ocorrem de modo simultâneo. QUEM RECEBE CRÉDITO NA FORMA DE: RECEBE RECURSO NA FORMA DE: DOTAÇÃO COTA PROVISÃO SUB-REPASSE (INTERNO) DESTAQUE
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