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Pinóquio as Avessas - unip

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Introdução
Este trabalho foi desenvolvido com o propósito de analisar a narrativa do livro “Pinóquio às Avessas”, de Rubens Alves e Maurício de Sousa, e efetuar recortes dessa obra classificando-os de acordo com as Abordagens: Tradicional, Comportamental e Humanista. 
Inicialmente foi trabalhado um recorte da narrativa que trata predominantemente da Abordagem Tradicional. Nesta, por considerar a criança uma miniatura do adulto, em que tudo deve ser ensinado e conduzido para que ela cumpra o papel que a sociedade já havia pré-estabelecido, percebe-se claramente uma pressão familiar e social que acabam por influenciar as decisões de Felipe.
 Em seguida é apresentado um recorte que aborda predominantemente a abordagem Comportamentalista. Nesta abordagem o reforço é utilizado tanto para estimular, quanto para desestimular determinado comportamento. No recorte apresentado há um reforço negativo que se inicia com a professora, passa pela psicóloga e conclui-se com os pais, influenciando e conduzindo as decisões do garoto.
Por Fim foi apresentado um recorte que trata predominantemente da abordagem Humanista, prezando a autonomia, a visão crítica, a construção do conhecimento, o envolvimento racional e emocional do educando. Felipe é estimulado por seus pais que que lhe contam estórias, lhe apresentam livros e atuam como facilitadores que aproximam a curiosidade de Felipe e o conhecimento. 
Abordagem Tradicional
... Felipe tinha boa memória. Decorava totós os nomes que os gcxv.professores ensinavam. A cada novo nome que aprendia, ele chegava e contava ao seu pai e à sua mãe. Mas parece que eles não tinham memória tão boa quanto a dele. Haviam esquecido. “que coisa mais estranha”, ele pensou. “Os adultos não se lembram do que aprenderam na escola. Será que o que aprenderam e esqueceram não lhes faz falta? Acho que eles não passariam no vestibular”, concluiu.
E assim foi a vida escolar de Felipe: a cada dia que passava, mais nomes ele sabia. Logaritmos neperianos da enésima potência, trissomia, eromátides, mitose, tiflossoles, anamniotas, mitocôndrias, cloroplasto, seno,cosseno, tangente, pi, as causas da Guerra dos Cem anos, taxonomias botânicas, moléculas apolares, dígrafos, orações subordinadas, funções da partícula “se”, sujeito oculto, sujeito indeterminado, equações, inequações, números irreais, a muda dos atrópodes...
No vestibular, o grande exame dos nomes, Felipe foi o primeiro colocado. Sua fotografia apareceu nos outdoors da cidade. Seus pais ficaram muito orgulhosos. O filho deles era muito inteligente! O filho deles sabia muitos nomes!
Nesse ponto, fazia muito tempo que Felipe se esquecera do pássaro azul e de seu desejo de ser cuidador de pássaros. A coisa mais importante que aprendera é que é preciso entrar no mercado de trabalho. Acontece que passarinhos livres não voam no mercado de trabalho...Não podem ser vendidos. Trocou-os, então, por aves – frangos – que circulam no mercado de trabalho, lugar onde se vende e se compra. Felipe se tornou um grande especialista em frangos. Frangos mortos. Podia agora dar uma resposta a pergunta que seu pai lhe fizera: “O que você vais ser quando crescer?” Agora Felipe era um especialista em frangos de corte. Lá vinham eles, mortos, dependurados numa longa correia que se movimentava, mergulhados na água fervente, depenados, estripados, cortados, moídos, transformados em liguiça... Felipe tinha uma profissão. Seria um orgulho para seus pais. 
Na véspera de sua formatura, ele sonhou com um enorme frigorífico. A porta do frigorífico era muito grande e fazia lembrar a boca aberta da baleia que havia engolido o Gepeto, o Cleo, o Fígaro, o Grilo e o Pinóquio... E lá dentro do frigorífico, ao lado dos frangos pendurados nas correias, havia longas esteiras onde se encontravam crianças, centenas delas, todas diferentes. A esteira entrava num túnel escuro e do outro lado saiam crianças, todas iguaizinhas, saídas da forma, formadas... E o corvo cantava: “Formatura. Entram diferentes e saem iguais: Profissionais. É assim que um pirralho entra no mercado de trabalho” ...
Abordagem Comportamentalista
... No Dia seguinte, a primeira aula foi de estória. A campainha havia soado, havia soado, mas Felipe não mudara de canal. O professor falava sobre naufrágios, batalhas, frases célebres. Mas, a despeito do cuco, no coração dele havia ainda um ninho de passarinhos. Começou a olhar através da janela, distraído da aula, atraído pelo pássaro azulque estava no alto de uma arvore. E ficou feliz! Começou a sorrir. Ao olhar para o sorriso de Felipe, o professor percebeu que ele não estava prestando atenção.
- Felipe, você não está prestando atenção. Você não está pensando naquilo que deve pensar nesta hora...
O professor mandou Felipe para a psicóloga, que diagnosticou “distúrbio de atenção”. Felipe não conseguia concentrar a atenção nos pensamentos que deveriam ser ´pensados, os pensamentos que o professor falava. Distúrbio de atenção é quando a atenção esta no lugar onde o coração deseja, e não no lugar onde o professor manda. A psicóloga mandou chamar os pais de Felipe. Disse que ele precisava ser tratado, para aprender a prestar atenção no que o professor dizia. Os pais do menino ficaram tristes e disseram:
- Se você continuar a pensar em passarinhos, vai ficar burro! Grandes orelhas e um rabo vão crescer em você! Você não leu a história do Pinóquio? Se você não concentrar a atenção nos pensamentos que deveriam ser pensados, não aprenderá o que está no programa, tirará notas baixas nas provas. Tirando notas baixas, não passará de ano. E não passará no vestibular. Não entrará na universidade. Não tirará diploma. Não será ninguém na vida!
De noite na cama, Felipe pensou: “Não posso ser motivo de vergonha para meus pais. Eles me matricularam num colégio forte, colégio caro, que prepara para o vestibular. E fazem um grande sacrifício por minha causa. Eles querem meu bem. Não vou mais pensar em passarinhos”.
Naquela noite, Felipe sonhou com a estória do Pinóquio. Só que, em vez do Pinóquio, era ele... Estava numa floresta cheia de pássaros. E estava se transformando num burrinho! Já tinha um rabo e orelhas grandes. O Corvo Falante, do alto de uma árvore, regia um coro esquisito: todos tinham viseiras de burro nos olhos. E cantavam: “ É preciso não olhar para os lados para não ter rabo e orelhas grandes...”
Felipe acordou e disse: Esse sonho me ensinou como é o mundo dos adultos. Tenho de olhar sempre na direção certa: olhar para o professor, olhar para os livros”. 
Desse dia em diante, Felipe passou a olha na direção certa. Olhava para os olhos do professor. Olhava para as lições dos livros. Passou a tirar as melhores notas da classe. Nunca mais foi mandado ao psicólogo...
Abordagem Humanista
...Felipe nada sabia sobre os planos e sonhos dos pais para seu futuro. Nem sabia o que era futuro. As crianças vivem no presente. O presente do Felipe era muito bom! O mundo é muito divertido. Há tantas coisas para ver, tanta coisa para aprender! Felipe era muito curioso. Curiosidade é uma coceira que dá dentro da cabeça, no lugar onde moram os pensamentos. A curiosidade aparece quando os olhos começam a fazer perguntas. Os olhos das crianças são sempre curiosos. Elas querem ver o que está escondido, Querem saber o que está por detrás das coisas. 
“Por que as coisas são como são? Como são feitas? Como funcionam? Para que servem?”.
O jeito era perguntar aos adultos. Eles deviam saber. 
“Quem inventou as palavras?”
“Por que é que canteiro se chamar canteiro? Deveria era se chamar planteiro!”
“Por que é que as pombinhas, ao andar, mexem o pescoço para frente e para trás?”
“Cavalo poderia se chamar gato, e gato se chamar cavalo? Quem foi que disse que o nome do cavalo deveria ser cavalo?”
Ao ver o mar pela primeira vez, ficou quieto, olhando, olhando... “Papai, o que é que o mar faz quando a gente vai dormir?”
“A lua começa gorda, redonda, e vai diminuindo até desaparecer. Para onde vai a lua quando ela desaparece?”
“Por que a água,quando ferve, amolece a cenoura e endurece o ovo?”
“Quem inventou o fósforo? Por que ele acende?”
“Por que o céu é azul e não amarelo?”
Por que a jarra de água com gelo fica suada?”
“Por que a mão fica enrugada quando fica muito tempo na água?”
“Se na Arca de Né havia onças, leões e tigres, por que eles não comeram as ovelhas e os veadinhos?”
“Por que a chuva cai em gotas e não tudo de uma vez só?”
“Quando a gente morrer, a gente fica com saudades?”
Uma vez, tomando sopa, perguntou ao pai:
- Onde está Deus?
O pai respondeu:
- Em todo lugar.
Felipe concluiu:
Então ele está nesta sopa. Deus tem gosto de sopa....
Por vezes ele não se contentava em perguntar – mesmo porque, na maioria das vezes, os grandes não tinham respostas para suas perguntas. Aos 6 anos, ficou muito curioso com o relógio de sua mãe. A coceira chamada curiosidade começou a coçar os pensamentos de Felipe. E ele se perguntou: “O que faz os ponteiros andarem cada um com uma velocidade diferente?” Pois não resistiu: escondido, desmontou o relógio, pensando que conseguiria montar de novo. A mãe dele ficou brava. Mas só um pouquinho...
Quando nem o pai nem a mãe sabiam as respostas para as perguntas do menino, eles diziam: “Na escola você aprenderá...” E Felipe dormia feliz, pensando: “A escola deve ser um lugar maravilhoso! Lá os professores responderão minhas perguntas...”
Mas, de todas as coisas do mundo, a que mais fascinava Felipe eram os pássaros. Gostava de vê-los em voo. Tinha inveja deles. Gostaria de poder voar, voar... Punha comida para eles no quintal. Queria saber seus nomes. Na livraria, procurava sempre livros sobre pássaros. Na televisão, procurava programas que contassem a vida dos pássaros. Fez um álbum de pássaros, colando nas folhas de um caderno gravuras que recortava de revistas. Sua maior felicidade era descobrir que um pássaro fizera um ninho em seu jardim! Ficou encantado quando seu pai lhe contou o mito de Ícaro, o homem que quis voar como os pássaros. Ah! Como seria maravilhoso voar como pássaros! Deitava-se na grama, de barriga para o ar, e ficava contemplando os urubus, voando lá no alto sem bater as asas. Seu pai lhe mostrou a pintura de um pintor que gostava de pássaros, Chagall. Num de seus quadros, tudo voava! E gostava que sua mãe lhe contasse a estória de São Francisco de Assis, o santo que conversava com os pássaros. Também ele gostava de saber a linguagem dos pássaros. A alma de Felipe estava cheia de pássaros...
Referências
ALVES, Rubens; SOUSA, Maurício. Pinóquio às Avessas. (São Paulo: Verus 2002).

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