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DIREITO PENAL II

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PROVA DE DIREITO PENAL II
1 – TEORIA DO CRIME (?)
A teoria do crime é o núcleo dogmático do direito penal. Busca-se extrair os elementos necessários à configuração ou não do crime;
O desenvolvimento da teoria do delito passou por algumas fases: o conceito clássico/neoclássico; o conceito finalista; o conceito funcionalista.
- O conceito clássico de delito
Fato típico, antijurídico, praticado por agente culpável;
Delito seria um movimento corporal, produzindo uma modificação no mundo exterior (ação X resultado) – Conceito naturalístico: Não leva em conta outros aspectos do fato, apenas a ação;
Crítica: Não se fala em omissão; nem em inimputáveis.
- O conceito neoclássico de delito
Fato típico, antijurídico, praticado por agente culpável;
A antijuridicidade não mais seria apenas a contrariedade do fato à norma, mas sim acrescentar-se-ia a lesão ou ameaça de lesão (dano social) ao bem jurídico Tutelado;
Crítica: Não há crime culposo (culpa ou dolo na culpabilidade e não no fato típico);
- O conceito finalista de delito
Fato típico, antijurídico, praticado por agente culpável;
Fato típico e antijurídico;
O Direito Penal fixa limites ao Legislador, não deixando a este o livre arbítrio, e sim o respeito a 2 estruturas lógicas: a) toda conduta é finalista - exige-se finalidade para a conduta comissiva ou omissiva; b) o homem é dotado de autodeterminação – livre e culpável – A pena deve se fundamentar na culpabilidade. c) dolo e culpa (finalidade ou vontade) passa a integrar o fato típico (conduta) e não mais a culpabilidade; d) o fato típico tem uma parte objetiva (valor) e subjetiva (finalidade); e) a culpabilidade é puramente normativa - juízo de reprovação sem requisitos subjetivos.
- Funcionalismo
Teoria básica: a política criminal não pode se separada do Direito Penal.
A tipicidade deve ser interpretada de acordo com o “Princípio da Intervenção Mínima” (exclui da tipicidade os fatos insignificantes).
- Consolidação da Teoria do Delito
Diante da necessária integração entre Direito Penal e Constituição, devemos entender o delito como forma de ofensa a um bem jurídico.
- Conceito Analista de Crime: doutrina e Jurisprudência são funcionalistas (bipartida - fato típico e antijurídico). Código Penal é finalista (tripartida - teorias clássicas/finalista - fato típico, antijurídico e culpável).
2 – CONCEITO DE CRIME
Considerando que nosso Código Penal não trás uma 
definição expressa do conceito de crime, conclui-se que em 
nosso país, o conceito de crime é puramente doutrinário, 
tendo, contudo surgido vários conceitos, sob aspectos 
diferentes, tais quais o conceito formal, material e 
analítico. 
 Conceito material (razão de determinado fato ser 
considerado crime): Crime é todo fato humano que propositada 
ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos 
considerados fundamentais para a existência da coletividade e 
da paz social.
 Conceito formal (subsunção legal): crime é a conduta 
descrita em um tipo penal.
 Conceito unitário: crime é a infração punível.
 Conceito analítico (estabelecer elementos estruturais do 
crime): Para parte da doutrina (Damásio, Mirabete e Capez, 
por exemplo) o crime é considerado um fato típico e 
antijurídico (teoria bipartida), sendo a culpabilidade um 
pressuposto de aplicação da pena. Para outros renomados 
doutrinadores, no entanto (Francisco de Assis Toledo, 
Bitencourt e Zaffaroni, por exemplo) a culpabilidade integra 
o crime, sendo, portanto, o crime um fato típico, 
antijurídico e culpável (teoria tripartida).
Considerando que o nosso CP não trás uma definição expressa do conceito de crime, conclui-se que em nosso país, o conceito é puramente doutrinário, tendo, contudo, surgido vários conceitos, sob diferentes aspectos.
Conceito formal (subsunção legal): crime é a conduta descrita em um tipo penal.
Conceito material (razão de determinado fato ser considerado crime): crime é todo fato humano que propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social.
Conceito unitário: crime é a infração punível.
Conceito analítico (estabelecer elementos estruturais do crime): para parte da doutrina o crime é considerado um fato típico e antijurídico (teoria bipartida), sendo a culpabilidade um pressuposto de aplicação da pena. Para outros renomados doutrinadores, a culpabilidade integra o crime, sendo o crime um fato típico, antijurídico e culpável (teoria tripartida).
3 – SUJEITOS E OBJETOS DO CRIME
3.1- Sujeitos
 * Sujeito ativo é quem pratica ou contribui para a conduta descrita na Norma Penal Incriminadora. 
 - Classificação de Crimes quanto o Sujeito ATIVO:
Crime Comum: pode ser cometido por qualquer pessoa. O legislador não faz restrições em relação a sua autoria. A maioria dos crimes do Código Penal é Comum. Ex.: homicídio, roubo, estelionato.
Crime Próprio: o legislador restringe a sua autoria a pessoas ou grupos determinados (sujeito ativo possui qualidade especial definida no tipo penal). Neste crime admite-se o concurso de pessoas, tanto na espécie co-autoria, assim como autoria e participação, incluindo-se assim pessoas que não preencham as características da autoria prevista. (art. 30 do CP). Ex. Crime de peculato (Art. 312) e Crime de infanticídio (Art. 123, CP).
Crime de Mão Própria: legislador restringe a sua autoria a pessoas ou grupos determinados no tipo penal. Admite o concurso de pessoas, mas não na modalidade co-autoria, somente admitindo participação. Ex. Crime de falso testemunho ou falsa perícia (342, caput, do CP).
Crime Monossubjetivo: podem ser cometidos por um só agente. Nestes o concurso de pessoas será eventual e não obrigatório. Ex. Homicídio, Roubo, Furto, Estupro... (a maioria das infrações).
Crime Plurissubjetivo: exigem o concurso obrigatório de agentes para sua configuração típica. Ex. Quadrilha ou bando (art.288 do CP).
- A Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de um crime?
Em que pese entendimentos em contrário, na atualidade tem prevalecido tal possibilidade, em razão do que está definido nas seguintes normas: artigos 173, § 5º e 225, § 3º, ambos da CF, além da lei 9605/98(Lei de crimes ambientais, que previu expressamente tal possibilidade). O STJ já se manifestou pela possibilidade dos entes fictícios serem sujeitos ativos de crimes.
- A responsabilidade da pessoa jurídica foi prevista constitucionalmente em seu §5º do artigo 173: “A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a as punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular”.
 * Sujeito passivo é aquele que sofre as consequências do crime, sendo titular de algum bem juridicamente lesado, cuja ofensa constitui a essência do delito, ou seja, é a vítima do crime. Material- titular do bem protegido; formal- Estado.
- Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo de um crime, inclusive entes sem personalidade jurídica, como família, coletividade, pessoa física ou jurídica. O morto não é sujeito passivo de crime. Todos os crimes previstos envolvendo o morto dizem respeito a outros entes. Ex. Calúnia contra o morto - O sujeito passivo é a família do morto. Vilipêndio de cadáveres – O sujeito passivo é a coletividade.
- Sujeito passivo determinado é quando é possível conhecer a vitima que sofreu a ação penal. Ex.: Homicídio, estupro, furto. Indeterminado é quando a ação criminosa lesa um bem que não é de uma pessoa determinada; são os bens que pertencem à coletividade; são os delitos difusos.
3.2- Objetos 
 * Objeto jurídico: é o bem jurídico tutelado pela norma penal. Ex.: no homicídio obem tutelado é a vida, e no crime de estupro o bem jurídico protegido é a liberdade sexual.
 
 * Objeto material: É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa do sujeito ativo. O objeto material não é o valor social abstratamente protegido. O objeto material é a coisa corpórea sob a qual incide a ação do sujeito ativo. Ex.: no homicídio o objeto material é o corpo humano com vida, e no estupro é o corpo vivo da pessoa.
4 – TEORIA DA CONDUTA
Conduta é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dolosa ou culposa, dirigida a uma determinada finalidade típica ou não, mas que produz ou tenta produzir um resultado previsto em lei como crime. Obs.: A ação animal só interessa ao direito penal quando sua ação for provocada pelo homem, ou seja, quando o animal é utilizado como instrumento para o crime pelo homem. Neste caso a ação será considerada humana. Obs.: A conduta tanto nos delitos dolosos como culposos deve ser consciente.
Teorias sobre conduta:
 
- Causalista/Naturalística: de acordo com esta teoria conduta é qualquer comportamento humano que produz modificação no mundo exterior (resultado), independente da verificação do dolo ou da culpa do agente. Para esta teoria, dolo e culpa, devem ser analisados na culpabilidade para fim de reprovação pessoal. Não é adotada porque, além de não considerar a intenção do agente como elemento propulsor da conduta humana, também não explica de forma suficiente, a existência dos crimes omissivos e tentados.
- Finalista: a conduta é todo comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um fim. Esta teoria constatou a importância da existência do elemento subjetivo do injusto, ou seja, a finalidade existente em toda conduta humana, sendo assim, se não existir a vontade de realizar uma conduta reprovável, não há como enquadrar o fato em um tipo legal. Dolo e culpa, para esta teoria fazem parte da conduta (fato típico) e não da culpabilidade.
- Social: a conduta é toda ação socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade humana. Tal teoria é uma ponte entre as duas anteriores, mas não foi adotada em virtude da dificuldade em conceituar o que seja relevância social da conduta.
Classificação dos crimes quanto à conduta
As condutas no Direito Penal podem ser: comissiva e omissiva.
→ Não há crime sem conduta, não admitimos a adoção de crimes de mera suspeita (agente é punido pela suspeita despertada por seu modo de agir).
- Conduta Comissiva / Crimes comissivos: são crimes em que seu tipo penal incriminador prevê uma conduta positiva, de ação, de fazer. São as chamadas normas proibitivas, que proíbem a realização de determinados comportamentos (art. 121, do CP).
- Conduta omissiva/ Crimes Omissivos: tais crimes impõem a realização de um comportamento, de uma ação, portanto a não realização desta ação importa na ocorrência do crime omissivo. São chamadas normas preceptivas, aquela que exige um comportamento positivo do agente. 
A omissão poderá ter relevância penal tanto quando o agente não faz o que deveria ser feito, ou quando faz algo diferente do que era o imposto por lei. 
Existem duas espécies de crimes omissivos: Omissivos próprios e Omissivos impróprios.
Nos Crimes omissivos próprios ou puros o legislador impôs o dever de agir no próprio tipo penal incriminador (preceito preceptivo). São crimes de mera conduta, nos quais o legislador não estabeleceu nenhum resultado naturalístico, descrevendo simplesmente o ato omissivo (conduta negativa), e consequentemente, estabelecendo uma regra genérica de agir para não incorrer no mesmo. A simples omissão é causa suficiente para a consumação, independente de qualquer resultado consequente. (Ex.: art. 135, 244 e 246, todos do CP).
Omissão de socorro: Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Ex.: Um desconhecido que passava pelo local e viu a criança se afogando, e, mesmo sabendo nadar, nada fez para impedir a morte. Esse terceiro desconhecido não pode responder pelo crime de homicídio, ou seja, pelo resultado morte, pois não tinha o dever legal de evitar o resultado. Ele responderá apenas pelo crime de omissão de socorro.
A teoria acolhida pelo Código Penal para explicar o crime o omissivo e a relevância jurídica da omissão foi a Teoria Normativa: de acordo com tal teoria a omissão é um indiferente penal, pois o nada não produz efeitos jurídicos, no entanto, se aceita responsabilizar o omitente pela produção do resultado, quando a norma o atribuiu o dever jurídico de agir para evitá-lo.
Nos crimes omissivos impróprios, impuros ou comissivos por omissão, o sujeito ativo da infração é punido em um tipo penal incriminador que descreve o resultado que ele deveria ter impedido, mas não impediu. Este tipo trata-se de uma norma comissiva/ proibitiva, que descreve uma ação e o referido resultado consequente. Por que o sujeito que se omite responderá em um crime comissivo? Porque o legislador adotando a teoria normativa sobre omissão estabeleceu a norma do art. 13, § 2º do CP, estabelecendo um rol de pessoas que possuem dever jurídico de agir (chamados agentes garantidores), impedindo a ocorrência de resultados previstos em tipos comissivos contra aqueles que devem proteger/tutelar. Caso tais agentes se omitam, e sua omissão colabore para a produção do resultado descrito em um tipo comissivo, tal resultado será atribuído ao omitente.
Ex. Salva vidas que se omite em um socorro, poderá ser responsabilizado no tipo comissivo de homicídio, em caso de morte da vítima.
 
Art. 13. Relevância da omissão
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Neste dispositivo o legislador estabelece o dever de agir para alguns agentes, que denominamos agentes garantidores.
Somente as pessoas referidas no § 2º do art. 13, CP podem praticá-lo. Em tais infrações o agente garantidor não responde tão só pela omissão, mas pelo próprio resultado consequente da conduta omissiva.
Nos crimes omissivos impróprios/ comissivos por omissão o delito que será imputado ao agente que se omite será um tipo penal comissivo, sendo que tal agente não terá dado causa a tal infração por ação, mas sim por omissão. Neste crime o agente é causa do delito por não ter tentado impedi-lo. Ocorre que nem todos podem figurar como sujeitos do delito nos Crimes Comissivos por Omissão, somente aqueles considerados garantidores (art. 13, § 2º, do CP). Tais agentes têm o dever especial de agir (de proteger) pessoas e demais bens jurídicos.
Garantidores: pais, professores, médicos, bombeiros, agentes de segurança pública, etc.
Ex.: Uma mãe que vê seu filho se afogando e não age para tentar impedir a morte responderá pelo crime de homicídio doloso. Em face do poder de família, ela tinha o dever legal de evitar o resultado.
5 – TIPICIDADE 
Tipicidade = Adequação de um fato humano concreto a um tipo penal previsto em lei, que o define abstratamente.
Conceito de tipo penal: modelo de comportamento proibido. O tipo penal é a “descrição abstrata do crime feita detalhadamente pela lei penal”. Para uma conduta ser típica ela deve se encaixar perfeitamente ao tipo penal. Adequação típica é o encaixe da ação ou omissão proibida a um tipo penal específico.
Formas de adequação típica
Direta: ocorre quando a adequação entre a conduta e a norma é imediata, sem precisar recorrer a normas de extensão que liguem a conduta ao tipo penal. Ex.: Sujeito que subtrai relógio que pertence a outrem, tomando posse do mesmo. Tal conduta se amolda perfeitamente no art. 155, caput do CP.
Indireta:ocorre quando a adequação típica não se dá diretamente, exigindo-se para tanto uma norma de extensão para ligar o fato concreto ao tipo penal. Ex.: se o agente tentou matar e não conseguiu, se deu um homicídio tentado, não é possível usar apenas o artigo 121, caput do CP, mas também deverá ser usado o artigo 14, II, do mesmo diploma, para definir que a infração se deu na forma tentada.
Elementos do tipo penal: 
- Objetivos: são as informações contidas no tipo penal que se referem aos fatos criminosos e não podem faltar para caracterização do crime, cuja compreensão independe de interpretação valorativa por parte do interprete. Expressões referentes a conduta do crime, tempo, lugar, meios de execução, qualidades da vítima, etc. Ex.: no crime de Homicídio: matar e alguém, são os elementos objetivos do tipo penal e não é necessário buscar em outros âmbitos o elemento matar ou alguém, pois são conceitos claros e objetivos.
 
- Subjetivos: existem dois elementos subjetivos: dolo ou a culpa. Alguns entendem que a culpa é elemento normativo do tipo, já que o descuido precisa ser valorado no caso concreto. 
Alguns delitos dolosos trazem ainda o chamado elemento subjetivo especial do tipo, que é a finalidade que o agente quer alcançar com sua conduta definida no tipo. Ex. Art. 158 do CP – fim de obter vantagem econômica indevida (elemento subjetivo especial).
Outro elemento subjetivo seria aquele referente à consciência do agente representada no tipo. Ex.: Receptação do art. 180 do CP, quando o legislador se refere a “sabe ser produto de crime”.
 
- Normativos: estão contidos nos elementos objetivos, mas a sua compreensão depende de uma interpretação valorativa. Todo termo normativo tem uma descrição que necessita de interpretação em outras normas ou ciências. Expressões como: indevidamente, sem justa causa, sem autorização, etc., geralmente são elementos normativos.
Ex.: lei de drogas - “Sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Esta expressão é o chamado elemento normativo do tipo, que precisa ser valorado caso a caso.
TIPO PENAL DOLOSO: o dolo é o elemento subjetivo do crime.
 Art.18. Diz-se o crime:
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
- Teorias sobre o dolo adotadas no art. 18, I, do CP:
Teoria da Vontade: para haver dolo é preciso que exista: Consciência do ato, Consciência da causalidade do ato (previsibilidade do resultado) e vontade de realizar o ato e produzir o resultado previsto.
Teoria do Assentimento/Consentimento/Anuência: para haver dolo é preciso que exista: Consciência do ato, Consciência da causalidade do ato (previsibilidade da possibilidade de ocorrência do resultado) e com relação a produção deste resultado o agente não tem vontade que ocorra, mas assume o risco de sua ocorrência, não o deseja, mas consente em sua ocorrência.
- Elementos do dolo: consciência e Vontade. Tais elementos devem ser verificados em três momentos distintos. 
1º - Consciência da conduta e do possível resultado a se produzir. 
2º- Consciência sobre o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado.
3º- Exteriorização da vontade ou da anuência na produção do resultado. Basta para a verificação do dolo que o resultado se produza em conformidade com a vontade do agente.
Com relação ao nexo causal, não é necessário que o iter criminis transcorra como imaginado pelo agente, subsistindo o dolo, desde que o fim almejado ocorra, mesmo que de forma diferente.
A regra contida no parágrafo único do art. 18 do Código Penal é de que o dolo é a regra; a culpa é a exceção. Se não houver essa ressalva expressa no texto da lei, é sinal de que não se admite, naquela infração penal, a modalidade culposa. Ex.: Crime de dano. Art. 163, CP. O legislador somente fez a previsão da sua forma dolosa.
- Hipóteses de exclusão de conduta:
Coação física irresistível: elimina a voluntariedade. Ex.: uma pessoa arrastada pelo vento atinge fortemente outra pessoa e causa fortes lesões. Neste caso não é possível imputar dolo ou culpa, ou seja, a conduta não é considerada.
Atos reflexos: são movimentos corpóreos, que ocorrem estimulados por fatores externos. Excluem a conduta e a responsabilização penal, em razão da ausência da voluntariedade. Ex.: uma pessoa sofre choque elétrico e, no ato de reflexo, atinge outrem vindo a causar-lhe lesões.
Estados de inconsciência: elimina a consciência do agente, e assim o dolo e a culpa, como o sonambulismo e hipnose. OBS: A embriaguez letárgica (coma, sono) também é considerada um estado de inconsciência, no entanto, tal assunto deve ser cuidadosamente estudado no capítulo referente à inimputabilidade.
- Espécies de dolo
+ Dolo direto ou dolo determinado: a vontade do agente é voltada para um resultado determinado. Previsto no art. 18, I, 1ª parte do CP. “Diz-se crime doloso quando o agente quis o resultado”. O agente pratica a conduta descrita no tipo. É o dolo por excelência. Divide-se em: 
 Dolo direto de 1º grau: a vontade do agente é direcionada para determinado resultado, que é por ele efetivamente perseguido. Neste a vontade final do agente é voltada diretamente para realizar os elementos do tipo, englobando, pois, o fim proposto e os meios escolhidos para atingi-lo.
 Dolo de 2º grau/ Dolo de consequências necessárias: em que pese a vontade do agente, estar direcionada para um determinado resultado, a utilização de meios para alcançar tal resultado, obrigatoriamente, necessariamente produzirão efeitos colaterais, que não são imediatamente desejados pelo agente, mas que serão de superveniência certa caso ele produza o resultado efetivamente pretendido.
A principal diferença do dolo de 2º grau para o dolo eventual é que no eventual existe probabilidade do resultado acontecer e no de 2º grau existe a certeza de que ocorrerá. Ex. Terrorista internacional coloca bomba no avião para matar uma pessoa específica, mas mata os outros passageiros pelos efeitos colaterais da bomba.
+ Dolo indireto: a vontade do agente não é dirigida para um resultado determinado. Divide-se em:
 Dolo alternativo: é aquele em que o agente deseja, indistintamente, um ou outro resultado que previu como possível, ou seja, o agente destina sua intenção, com igual intensidade, a produzir um entre vários resultados, previstos como possíveis. Ex. nº 1 Pessoa que atira contra outra com intenção de matar ou ferir. Ex. nº 2: Um ladrão que vai entrar na casa e não se importa se há alguém na casa ou não. Se praticar furto ou roubo é indiferente.
 Dolo eventual: previsto no art. 18, I, parte final, do CP- “ou assumiu o risco de produzi-lo”. Caracteriza-se pela fórmula da previsibilidade + aceitação. O agente prevê que agindo de determinada forma pode atingir o resultado, apesar de não o querer, continua a conduta assumindo o risco da produção do resultado. Nesta modalidade de dolo o agente não quer o resultado por ele previsto, mas ao fazer a previsão de sua possibilidade, assume o risco de sua produção, não se importando se ocorrer.
+ Dolo Genérico e Dolo Específico
 Dolo genérico: quando a vontade do agente se limita à prática da conduta típica descrita na norma, sem nenhum fim especial. Ex. homicídio.
 Dolo específico (atualmente denominado elemento subjetivo especial do tipo): existe em crimes que a vontade da prática da conduta é acrescida de uma finalidade especial. Ex.: resistência, Injúria, etc.
+ Dolo de dano e Dolo de perigo
 Dolo de dano: ocorre quando o agente quer ou assume o risco de lesionar um bem jurídico penalmente tutelado. Ex. Lesão corporal e Homicídio.
 Dolo de perigo: ocorre quando o agente quer ou assume o risco de expor a perigo de lesão um bem jurídico penalmente tutelado. Ex. art.130 do CP.
+ Dolo geral/ Dolo por erro sucessivo/ Aberratio Causae
Ocorre quando o sujeito ativo acreditando ter produzido o resultado desejado, praticanova conduta com outro fim, e ao final constata que foi sua última ação que produziu efetivamente o que objetivava desde o início. Este é um erro que recai sobre a relação de causalidade, e tal erro é de natureza acidental, e por isso não isenta de pena, já que o agente queria o resultado, e o produziu. O dolo é geral e envolve todo o desenrolar da conduta do agente, do início da execução até sua consumação. No tocante ao reconhecimento de circunstância qualificadora, deverá ser considerado o meio de execução que o agente desejava empregar para a consumação, e não aquele que acidentalmente causou o resultado. Ex.: A tentou matar B envenenado, acreditando que este estava morto, lançou seu corpo ao mar. Ocorre que a vítima morreu por asfixia causada pelo afogamento. Na aplicação da pena considerar-se-á a morte por envenenamento e não por asfixia.
+Dolo antecedente, Dolo atual e Dolo subsequente:
 Dolo antecedente: dolo inicial – é o que existe desde o início da execução do crime, no entanto, este dolo pode não subsistir durante o desenvolvimento integral dos atos executórios. Há quem não concorda com este dolo, entendendo que deve sempre existir dolo atual.
 Dolo atual: é aquele que persiste durante todo o desenvolvimento dos atos executórios.
 Dolo subsequente ou sucessivo: é o dolo que se verifica, quando o agente após iniciar uma conduta lícita, de boa fé, passa a agir de forma ilícita no desenrolar do ato, incorrendo assim em um crime, ou quando após o ato, realizado sem consciência da ilicitude, vem saber de sua ilicitude, e não tenta evitar suas consequências. Este dolo é importante para distinguir os crimes de Estelionato e Apropriação indébita.
TIPO PENAL CULPOSO
A partir de uma concepção finalista, a culpa é elemento normativo da conduta, pois sua verificação depende da valoração do caso concreto. 
Os crimes culposos são previstos em tipos penais abertos, pois a lei não descreve em tais tipos a descrição da conduta criminosa, reservando esta missão para o magistrado, que caso a caso irá apreciar se houve ou não culpa no ato. 
Geralmente o legislador descreve a conduta na sua forma dolosa, e quando quer estabelecer para tal ação uma variante culposa, utiliza a expressão “se o crime é culposo”, mas nada impede que haja uma descrição típica culposa, ou seja, a previsão de crime culposo em tipo penal fechado, como ocorre com a receptação culposa, prevista no art. 180, § 3º, do CP.
Crime culposo é aquele que se verifica por uma conduta voluntária do agente, que foi realizada sem a devida atenção. Esta conduta visa um fim lícito, mas acaba gerando um resultado diverso considerado ilícito pela norma penal. Ou quando a conduta é ilícita, não se destina a produção do resultado naturalístico ocorrido e que configura o crime culposo.
 
Diz-se o crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Para que possamos falar em delito culposo faz-se necessária a ocorrência de um resultado.
- Requisitos do crime culposo
Conduta inicial voluntária e consciente (voluntariedade abrange apenas a execução da conduta e não a produção do resultado).
Falta de dever de cuidado objetivo na execução da conduta (negligência, imprudência ou imperícia).
 Resultado involuntário (não desejado).
 Nexo causal (relação de causa e efeito entre a conduta descuidada e o resultado naturalístico - necessário provar que o resultado não se daria, se a ação preenchida com o dever de cuidado fosse evitada ou realizada).
 Previsibilidade objetiva do resultado (possibilidade de previsão do resultado por parte do sujeito ativo -homem médio e prudente para aferir).
 Tipicidade.
- Espécies de culpa
 O crime culposo é um crime de tipo aberto, pois ao encontrar no CP o crime culposo não há distinção de culpa por negligência, imperícia e imprudência. Além disso, não traz descrição completa da conduta.
a) Culpa Consciente e Inconsciente: depende da previsão ou não do resultado.
- Culpa consciente: assim como no dolo eventual o agente prevê que agindo daquela maneira poderá vir a causar o resultado. No entanto, ao contrário do dolo eventual, onde o agente aceita a ocorrência do resultado, na culpa consciente não existe tal aceitação, pois o agente acredita que as suas características pessoais ou habilidades serão capazes de impedir a ocorrência do resultado.
- Culpa inconsciente: nesta forma de culpa, a pessoa agindo por imprudência, imperícia ou negligência causa resultado injusto não querido, que ela não previu (apesar de previsível possibilidade de previsão) e consequentemente não aceita como possível.
b) Culpa Própria e imprópria
 - Culpa Própria é aquela que se verifica nas 3 formas tradicionais de culpa:
Imprudência: o agente faz alguma coisa quando não deveria fazer. Trata-se de conduta positiva descuidada praticada pelo agente.
Negligência: ocorre quando não faz algo que deveria fazer. Trata-se de conduta omissiva descuidada.
Imperícia: é o descumprimento de uma regra técnica de profissão, arte ou ofício.
- Culpa Imprópria: ocorre nas hipóteses das chamadas descriminantes putativas, conforme redação do § 1º do art. 20 do CP, ou seja, nos casos de erro evitável sobre as excludentes de ilicitude (art.23 do CP). Neste caso o sujeito age com dolo, porém será punido a título de culpa pelo que fez de acordo com o art. 20, § 1º, do CP, por isso ser imprópria. Ex.: Pessoa que mata outrem, por confundi-lo com um bandido.
→Graus de culpa: no passado se fazia distinção quanto à intensidade da culpa: levíssima, leve e grave. Atualmente o direito penal brasileiro rejeita a divisão da culpa em graus. Ou a culpa, ou ela não existe, sendo o fato penalmente atípico (irrelevante).
→Compensação de culpas: ocorre quando a culpa do agente é anulada pela culpa da vítima. Isso não é admitido no Brasil, dado o caráter público do direito penal. A culpa da vítima poderá, no entanto, funcionar como circunstância judicial favorável em favor do agente (art. 59 do CP).
 
→ Concorrência de culpas: quando duas ou mais pessoas através de suas condutas descuidadas concorrerão para o mesmo resultado naturalístico típico. Neste caso todos que contribuíram culposamente para o resultado por ele respondem, não podendo, no entanto se admitir nesta hipótese o concurso de pessoas por ausência de vínculo psicológico entre os envolvidos.
→Exclusão da culpa: poderá ser excluída nas seguintes hipóteses:
Caso fortuito e força maior – acontecimentos imprevistos, imprevisíveis e inevitáveis que não podem ser controlados pela vontade do agente.
Erro profissional – a culpa do resultado naturalístico não do agente, mas da ciência (Ex.: descoberta da cura de uma doença).
Risco tolerado – há uma linha divisória entre o crime culposo e os fatos impuníveis resultantes do risco juridicamente tolerável. A evolução humana criou a prática de condutas/ atividades que possibilitam riscos calculados para alguns bens jurídicos penalmente tutelados. Ex.: piloto que testa uma nova aeronave para a evolução da ciência, aceita-se o risco da morte de tal piloto. Ex.: Médico que precisa realizar cirurgia, mesmo que em situação precária, em razão do doente estar em estado grave sabe que a precariedade do local, dos instrumentos pode levar a morte, mas a não realização da cirurgia também levaria e com mais certeza.
Princípio da confiança – define que todo aquele que age com o devido cuidado, e confiando que os demais assim também farão, não pode ser responsabilizado pela falta de cuidado alheia que o envolveu. Ex. Motorista que se chocou com outro veículo ao cruzar um semáforo verde para ele, não poderá ser responsabilizado por eventual morte deste condutor que agiu imprudentemente.
 
→ Tipo penal preterdoloso
Preterdolo significa ir além do dolo. 
Crime preterdoloso ou preterintencional é aquele em que a conduta dolosa ocasiona produção de um resultado maisgrave do que o pretendido. 
Trata-se de figura híbrida, pois o crime é preenchido de dolo na conduta inicial (antecedente) e culpa na produção do resultado (consequente). É a combinação dos elementos dolo e culpa, no curso da execução do ato, levando o agente a produção de um resultado diverso do pretendido. 
O preterdolo é entendido como um elemento subjetivo-normativo, sendo o dolo o elemento subjetivo, e a culpa o elemento normativo, que depende de juízo de valor para sua verificação.
O crime preterdoloso trata-se de crime qualificado pelo resultado, e todo crime que tem tal natureza trata-se de crime único e complexo, pois resulta da junção de dois crimes. 
Há outras espécies de crimes que são qualificados pelo resultado, mas que não se tratam de crimes preterdolosos. São os que apresentam:
- Dolo no antecedente e dolo no resultado agravador. Ex. Latrocínio, que também pode ser preterdoloso. 
- Culpa no antecedente e culpa no resultado agravador. Ex. Crimes culposos de perigo comum, que resultam lesões graves ou morte. art. 258, caput, CP) 
- Culpa no antecedente e dolo no resultado agravador. Ex. art. 303, parágrafo único da Lei nº9.503/97 – CTB – Conduta inicial culposa (lesão culposa no trânsito) e majorante por conduta posterior realizada com dolo (omissão do socorro).
6 – ILICITUDE (fato ilícito/ antijurídico)
Ilicitude é o segundo elemento do crime.
Pelo conceito analítico - tripartido, crime é um ato humano típico, ilícito e culpável. O crime depende dos três elementos, caso contrário o fato não é criminoso. Porém, se houver alguma excludente de ilicitude não há crime. O fato pode ser típico e não ser ilícito. Há uma presunção de ilicitude quando o fato é típico, mas não necessariamente será crime, apesar da conduta estar descrita na norma incriminadora.
A principal norma que traz as causas de exclusão de ilicitude do ato típico é o artigo 23 do CP (norma permissiva justificante), que justifica a prática de atos típicos em quatro circunstâncias: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de um direito.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
ESTADO DE NECESSIDADE – Art. 23, I, do CP c/c Art. 24 do CP
O conceito de Estado de necessidade está expresso na norma explicativa do art. 24, caput, do CP, onde estão dispostos os requisitos desta excludente. Todas as excludentes têm requisitos objetivos (materiais) e requisitos subjetivos (dolo).
Considera-se em estado de necessidade quem pratica um ato criminoso para salvaguardar de perigo atual, direito próprio ou de terceiro, cujo sacrifício em face das circunstâncias, não era razoável exigir-se. Portanto, existe o estado de necessidade quando alguém, para salvar um bem jurídico próprio ou de terceiro exposto a perigo atual, sacrifica outro bem jurídico.
Requisitos objetivos: 
-Situação de perigo atual e iminente para um bem jurídico/Ameaça de lesão a um bem jurídico;
-Tal perigo atual não pode ter sido causado voluntariamente (dolosamente) por quem alega o estado de necessidade; 
-Não haver outra solução para afastar o perigo;
-Estar em estado de necessidade de si mesmo ou de terceiros;
Requisito subjetivo: dolo de salvar um bem jurídico próprio ou alheio.
LEGÍTIMA DEFESA – Art. 23, II do CP c/c Art. 25 do CP
O conceito de Legítima defesa está exposto na norma penal explicativa do art. 25, caput, do CP, onde estão previstos seus requisitos.
A legítima defesa pressupõe a existência de uma agressão injusta atual ou iminente de uma pessoa contra outra, de forma direta ou indireta (por exemplo: usando um animal, uma arma, veneno, explosivo). O agredido deve atuar moderadamente para defesa de si ou de outrem.
Requisitos objetivos:
- Injusta agressão atual ou iminente - fazer a agressão cessar.
- Escolha de meio necessário para repelir a agressão - usar o meio necessário. Por exemplo, se o meio necessário era só pegar um pedaço de pau que estava disponível, mas deu preferência ao uso de uma arma. Desta forma, como o agente não usou o meio suficiente e necessário não configura a legítima defesa, e sim o seu excesso. Se for além do necessário para fazer a agressão parar, o agente responderá pelas lesões causadas pelo excesso.
- Repelir moderadamente a agressão - fazer a agressão parar.
Requisito subjetivo: Dolo de defesa própria ou de terceiros 
Ex.: A sai de casa com dolo de matar B. Ao chegar na rua observa B de frente para C, parecendo estar ambos conversando. Quando A atira em B pelas costas, com dolo de matar, por acaso salva a vida de C, pois B estava com um revólver apontado para B e ia matá-lo. A não pode alegar legitima defesa, pois o dolo não foi defender C, mas sim matar B.
Legítima defesa sucessiva - trata-se da legitima defesa do agressor que passa a se defender do excesso daquele que até então era vítima.
 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO (o sujeito tem um direito; faculdade)
Pessoas ao exercerem determinadas profissões, determinados esportes, possuem direito de exercer determinadas condutas, mesmo que estas estejam descritas em normas incriminadoras. No entanto, para ser crime não basta ser um fato típico. Essas pessoas estão protegidas pela excludente de ilicitude. O sujeito que desempenha tais atividades está efetivando um direito.
Atenção - O exercício deve ser regular do direito, ou seja, deve ser obedecido rigorosamente o regulamento da atividade em questão. O excesso ocorre quando o agente não cumprir o regulamento, de forma dolosa ou culposa (por descuido). Se exceder o que está no regulamento da atividade não vai configurar a excludente de ilicitude e o agente será responsabilizado pelos excessos praticados. Ex.: O médico cirurgião ao realizar o corte no paciente está no exercício regular de um direito. Assim também o lutador de boxe, desde que limitado às ações previstas em seu regulamento.
Requisito Objetivo: - Exercer o direito de forma regulamentar.
Requisito Subjetivo: - dolo de exercer o direito de forma regulamentar.
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL (obrigação de determinadas pessoas)
As pessoas que possuem o dever de exercer determinada atividade, normalmente são aquelas que têm função pública, ou seja, fazem parte da administração pública. Existem atividades que os funcionários públicos exercem e que estão descritas em normas incriminadoras. A conduta desses sujeitos não serão consideradas crimes, em razão da inexistência da ilicitude. 
Quando não há estrito cumprimento do dever legal responde pelo excesso praticado dolosa ou culposamente (descuido, negligência). Normalmente é doloso. 
Ex.: Oficial de justiça, Policial Militar e Bombeiros em atividade funcional.
Requisitos objetivos:
- Pessoa legítima para cumprimento do dever legal;
- Deve estar atuando no cumprimento do dever legal;
- O cumprimento do dever legal deve ser cumprido de forma estrita.
Requisito subjetivo: dolo de cumprimento do dever legal de forma estrita.
Obs.: Ofendículas – Aparelhos predispostos para defesa da propriedade (eletrificação de fios, instalação de armas prontas, cães, etc.). Alguns entendem ser legítima defesa preordenada, outros acham que a natureza é exercício regular de um direito (direito de defesa da propriedade).
7 – CULPABILIDADE
Fato Culpável
Conceito de culpabilidade formal ou analítico
Conceito lato senso de culpa, que significa reprovação. O conceito estrito senso de culpa significa descuido, imprudência, imperícia (crime culposo).
Pelo conceito analítico procura-se conceituar o crime a partir de seus elementos que compõe a infração penal. Chama-se conceito analítico, pois analisa as características ou elementos que compõe a infração penal. Pelo conceito analítico crime é um fato típico, ilícito e culpável.
Culpabilidade = ato culpável é aquele que merece reprovação. Na culpabilidade verificamos a reprovabilidade pessoal do agente.Existem situações em que a conduta do agente não será culpável, por ausência de algum elemento que compõe a Culpabilidade.
A Culpabilidade possui 3 elementos, sem estes a pessoa não é reprovável e não há crime.
São elementos integrantes da culpabilidade segundo a Teoria Finalista (majoritária):
1 - Imputabilidade (capacidade = capaz, imputável)
2 - Potencial consciência da ilicitude do fato
3 - Exigibilidade de conduta diversa
IMPUTABILIDADE: Capacidade para ser culpável./Ser capaz de receber reprovabilidade pessoal. O INIMPUTÁVEL, portanto, é aquele que não goza de tal capacidade.
Existem 3 dispositivos no CP definindo os inimputáveis: arts. 26, 27 e 28.
O legislador quando definiu cada dispositivo como casos de inimputabilidade adotou um critério fixador da inimputabilidade. A regra é que os juízes só podem declarar inimputáveis baseados na prova do critério fixador de inimputabilidade.
O critério regra no Brasil é o Biopsicológico. De acordo com este critério, para pessoa ser inimputável necessário se faz dois tipos de prova: biológica e psicológica.
A prova biológica consiste em demonstrar que a pessoa possui alguma desordem biológica ou orgânica, podendo ser uma doença, uma intoxicação, como na embriaguez, uma imaturidade biológica, ou seja, devem ser feitas as provas biológicas de acordo com os dispositivos da lei - Artigos 26, 27 e 28 do CP. Mas, não basta a prova biológica, pois o critério é biopsicológico.
A prova psicológica é a prova do estado em que a pessoa se encontrava no momento do ato típico e ilícito. A prova psicológica consiste em demonstrar que no momento do ato a pessoa perdeu totalmente uma de duas capacidades: a capacidade intelectual ou a capacidade volitiva. Ex: um esquizofrênico que praticou um ato típico e ilícito. Não basta só provar a esquizofrenia, pois isso é só prova biológica, deve ser feita a prova que na hora do ato o sujeito perdeu totalmente a capacidade intelectual ou a capacidade volitiva.
Capacidade intelectual = discernimento = definir certo ou errado.
Capacidade volitiva = capacidade de autodeterminação da vontade.
OBS: A MENORIDADE é o único caso de INIMPUTABILIDADE do agente que exige apenas PROVA BIOLÓGICA.
Casos de Inimputabilidade
→1º DISPOSITIVO
O art. 26 traz três situações de inimputabilidade:
→Doença mental,
→Desenvolvimento mental incompleto e
→Desenvolvimento mental retardado.
Doença mental
Doença mental é aquela que afeta as funções do intelecto e da determinação da vontade do agente. Não é necessário que a doença retire ambas as funções, bastando a perda total de apenas uma delas. Tal prova biopsicológica será diagnosticada por um perito. Ex: demência senil, esquizofrenia, arteriosclerose cerebral, todos os tipos de psicose, sífilis cerebral, etc. 
Desenvolvimento mental incompleto e desenvolvimento mental retardado
Ambos não têm sua capacidade mental plena. No desenvolvimento mental incompleto há chances da pessoa atingir a plenitude mental via tratamento. Mas, no desenvolvimento mental retardado a medicina ainda não conseguiu desenvolver tratamentos para dar a estas pessoas chances de alcançar a plenitude mental.
SANÇÃO tratamento.
O Estado baseado na ideia de prevenir a sociedade de atos perigosos criou para os inimputáveis do art.26, caput, do CP uma sanção terapêutica, denominada, medida de segurança. Neste tipo de sanção, ao invés de aplicar uma pena retributiva/castigo, aplica-se uma pena tratamento.
Medida de segurança é a sanção tratamento aplicável aos inimputáveis do art. 26, caput, CP.
Existem duas espécies de Medidas de Segurança:
- Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Em geral é aplicada ao inimputável do art. 26, que praticou fato injusto, cuja pena cabível em lei seria reclusão.
- Tratamento ambulatorial: Aplica-se em geral ao inimputável que praticou injusto previsto em lei com qualquer outra pena que não seja reclusão. Neste caso, pode o juiz decidir pela internação se julgar necessário. (ver art. 97, c/c art. 96,I, II, ambos do CP).
Prazo das Medidas de Segurança: 
O prazo mínimo da Medida de Segurança é de 1 a 3 anos, mas o limite máximo é 30 anos ( há inúmeras posições sobre tal tema
Semi-imputável – art. 26, parágrafo único:
Agente que possui um dos fatores biológicos definidores da incapacidade, mas não demonstra a perda total das capacidades intelectual ou volitiva. Terá como consequência uma pena reduzida, que pode vir a ser substituída por medida de segurança, se necessária (art. 98).
 
→ 2º DISPOSITIVO – art. 27, caput, do CP - Menores de dezoito anos.
Segundo o dispositivo acima os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis/incapazes. Os menores de 18 anos não praticam crimes e por isso estão sujeitos a uma legislação especial por eventual ato infracional análogo a crime que por ventura praticarem. Essa legislação especial é o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA - lei nº 8069/90.
– Estatuto da Criança e do Adolescente. A menoridade é um caso de inimputabilidade que só exige prova biológica, ou seja, é a inimputabilidade absoluta do sujeito. Quando um menor de 18 anos pratica um fato típico e ilícito, ele não pode ser criminalizado, pois não goza de capacidade de ser culpável, de ser imputável. O que determina a incapacidade do agente de acordo com o artigo 27 do CP é imaturidade do agente. De acordo com o ECA, criança é aquela que tem de 0 a 12 anos incompletos, e adolescente o que tem de 12 a 18 incompletos.
Há 2 tipos de medidas no ECA:
-Medidas protetivas ou de proteção
São utilizadas nos casos em que a criança e o adolescente precisarem de proteção dos seus direitos, mesmo se não praticarem atos infracionais. Crianças que praticam atos infracionais não podem sofrer medidas socioeducativas, só podem sofrer as medidas do art. 101, ECA. Exemplo de medidas protetivas: - Adoção; Colocação em abrigo; Matrícula e frequência obrigatória em escola; Tratamento de desintoxicação; Tratamento psicológico e psiquiátrico.
-Medidas socioeducativas
Somente se aplicam aos adolescentes que praticam ato infracional. O juiz da Vara de Infância e Juventude poderá aplicar cumulativamente uma medida socioeducativa com alguma protetiva. Poderá também aplicar mais de uma socioeducativa pelo mesmo ato infracional.
As medidas socioeducativas são: advertência, reparação do dano, liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade, regime de semiliberdade e internação.
→ 3º DISPOSITIVO 
Art. 28 § 1º 
 - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 
Este dispositivo traz a questão da embriaguez acidental e completa, último caso de inimputabilidade do CP. Também exige a prova biopsicológica, sem esta não haverá declaração da inimputabilidade do agente. No momento do fato típico e ilícito, há de se fazer prova de que o agente perdeu TOTALMENTE(devido à questão biológica) a capacidade intelectual (entender o que é certo ou errado) ou a capacidade volitiva (autodeterminação da vontade).A prova biológica da embriaguez do art. 28 § 1º, é a prova que houve embriaguez e que esta foi acidental e completa. Embriaguez é uma intoxicação aguda, profunda, porém transitória, causada por álcool ou por substâncias análogas, como remédios, drogas etc. Para o agente provar que é inimputável por esta embriaguez, o legislador exigiu que essa embriaguez tivesse duas características: acidental e completa; caso contrário, não será declarado inimputável.
Embriaguez ACIDENTAL: proveniente de caso fortuito ou força maior. A pessoa não teve intenção de se intoxicar, não foi um ato voluntário, nem no caso fortuito nem na força maior.
Força Maior: ocorre quando algo externo (outra ação humana) ao agente, o obriga, impõe, determina sua intoxicação. Ex.: colocam uma arma na cabeça e obrigam o agente a ingerir a substância; “boa noite cinderela”.
CasoFortuito: o agente também não quer ficar intoxicado. Há duas hipóteses de caso fortuito:
1º CASO: O agente não tem conhecimento que está ingerindo a substância embriagante. Não há ação externa de outra pessoa. Ex.: Tomar uma medicação pensando que é outra substância.
2º CASO: Ocorre quando a pessoa sabe que está ingerindo a substância, mas não conhece o efeito embriagante que a substância produzirá nele. Normalmente ocorre com medicamentos.
Embriaguez COMPLETA: Para saber se a embriaguez ocorreu ou não de forma completa é preciso estudar as fases da embriaguez. São três as fases (conforme a doutrina e a jurisprudência estabelecem):
1º fase: EXCITAÇÃO - Nesta fase o agente não perde a capacidade de entendimento, apenas temdiminuído sua autocrítica, portanto neste caso não há embriaguez completa ainda.
2º fase: DEPRESSÃO - Desta fase em diante a embriaguez já é completa, pois já possibilita a perdatotal das capacidades intelectuais e volitivas da pessoa, não podendo faltar prova psicológicaconfirmando tal fato.As características da pessoa nesta fase- Perda de coordenação motora e dos reflexos;- Excesso de agressividade e irritabilidade;
3º fase: LETARGIA - Esta fase se dá com o coma embriagante, com o sono, o desmaio.
Requisitos para ser inimputável do art. 28 § 1º:
Requisitos biológicos (prova biológica)
1º – provar que a embriaguez foi acidental (caso fortuito e força maior)
2º - e completa (na 2ª ou 3ª fase da embriaguez)
Requisito psicológico  – Estabelecer prova de que no ato a pessoa perdeu toda capacidade de entendimento intelectual ou a capacidade de autodeterminação da vontade, neste caso é declarado inimputável pelo art. 28 § 1º. A consequência jurídica da embriaguez acidental por caso fortuito ou força maior é a isenção de pena.
Art. 28,§ 2º, do CP: Redução de Pena - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Semelhante ao semi-imputável, ou imputável com culpabilidade diminuída do art. 26, PÚ. O agente não perde toda a capacidade intelectual ou volitiva, mas por conta da embriaguez ter sido acidental o legislador estabeleceu um tratamento diferenciado ao agente, que é a redução de sua pena de 1/3 a 2/3.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Para uma pessoa ser culpável ela deve ter a consciência do seu ato, ou ao menos possibilidade de alcançar.
O legislador torna culpável quem tem a consciência da ilicitude e quem poderia ter alcançado a consciência. A única maneira de não ser culpável é não ter a real consciência e nem a possibilidade de alcançá-la.
Causas de Exclusão da potencial consciência da ilicitude
A lei traz casos que nem a pessoa tem a real consciência e nem a possibilidade de alcançá-la, sendo assim não haverá a culpabilidade e consequentemente o crime.
1ª) Erro de Proibição (art. 21, CP).
2ª) Obediência hierárquica (art. 22, CP)
3ª) Descriminantes Putativas (art. 20, § 1º)
 
1) ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21, CP) - erro sobre a ilicitude do ato. O agente realiza o ato definido na norma com dolo, mas sem o conhecimento de tal lei e sem a consciência da ilicitude do ato, ou seja, acredita que seu ato é permitido/lícito.
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude.
2) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (art. 22, CP) - exclui a Potencial Consciência da ilicitude. É um tema controverso. Há autores que consideram que essa excludente não exclui o 2º elemento da culpabilidade, mas sim o 3º elemento, ou seja, a Exigibilidade de Conduta Diversa. Quem alega a excludente é o sujeito subordinado. Dependendo do caso o subordinado pode ser isento de pena e apenas o superior será responsabilizado. Mas, para isso ocorrer existem requisitos. Se estes não ocorrerem o subordinado responderá com o superior em Concurso de Pessoas.
 
Requisitos da Obediência Hierárquica
→Só cabe alegar a excludente nas relações de direito público;
→ Deve haver uma relação de hierarquia entre quem deu a ordem e quem recebeu a ordem;
→ Para haver excludente a ordem não pode ser manifestamente ilegal, ou seja, claramente ilegal. O sujeito subordinado deve acreditar que a ordem é lícita;
→ O funcionário deve cumprir estritamente a ordem do superior.
Duas situações:
→ Se a ordem for manifestamente ilegal: o subordinado perde a excludente e responde em Concurso de Pessoas (com o Superior).
→ Se o subordinado se exceder: perde a excludente e pode responder por outro crime que decorre dos atos do excesso.
Em ambos os casos, que são de concurso de pessoas entre Superior e Subordinado, haverá uma circunstância agravante da pena para o superior e uma circunstância atenuante da pena para o subordinado.
 
Agravantes no caso de concurso de pessoas: 
Art. 62  - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade... 
Circunstâncias atenuantes 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
3) DESCRIMINANTES PUTATIVAS (imaginárias) - art. 20, § 1º, do CP
 →Excludente da Potencial Consciência da ilicitude para alguns (Matéria da culpabilidade);
 →Erro de tipo permissivo para outros (Matéria do fato típico).
Descriminante putativa é uma espécie de erro que recai sobre os elementos de uma norma permissiva, que definem as causas de exclusão de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de um direito). O agente supõe estar diante da excludente de ilicitude que lhe autoriza a agir, mas não está.
 
 Se o erro for inevitável o sujeito será isento de pena.
 Se o erro for evitável o sujeito será punido na forma culposa, segundo o art. 20, § 1º do CP, se não houver previsão de forma culposa ele será isento de pena.
 
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
 Significa poder Exigir Conduta Diferente daquela praticada pelo sujeito, e que constitui um injusto. Para não ser culpável o agente precisa estar em situação em não lhe seja possível exigir outra conduta a não ser a que foi realizada.
A excludente prevista legalmente para este elemento da culpabilidade é:- Coação Moral Irresistível
→ NÃO se pode exigir conduta diferente do agente que estava sob coação irresistível, portanto, este não será culpável.
Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22.
 Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Há duas formas de coação: coação moral irresistível e a coação física irresistível. Em ambas há 3 sujeitos: coator, coagido e vítima.
Na coação física o coagido não executa a conduta dolosa, nem culposa, ficando isento do crime, por ausência do fato típico. Sendo punido apenas o coator. Na coação moral o coagido executa a conduta dolosa sendo forçado pelo coator, mas será isento do crime por inexigibilidade de conduta diversa, que afasta a culpabilidade e o crime. Neste caso também só será punido o coator. Se a coação for resistível, coator e coagido responderão em concurso de agentes. Ver as circunstâncias agravantes e atenuantes, respectivamente previstas nos art. 62 e 65 do CP.
8 – CONCURSO DE PESSOAS 
Conceito e teorias
É o cometimento da infração penal por mais de um pessoa. Tal cooperação da prática da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, participação, concurso de delinquentes ou de agentes, entreoutras formas. Existem ainda três teorias sobre:
a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre para a prática da infração penal, mas cada um praticando conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado. Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo Código Penal.
b) teoria pluralista: quando houver mais de um agente, praticando cada um conduta diversa dos demais, ainda que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem, aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrupção ativa e passiva.
c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver mais de um agente, com diversidades de conduta, provocando-se um resultado, deve-se separar os coautores e partícipes, sendo que cada "grupo" responderá por um delito.
Coautoria e participação: há dois posicionamentos sobre o assunto.
a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo penal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que prestou (entendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP, enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir, responderá apenas pela colaboração.
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais ("autor executor" e "autor intelectual"). Já o partícipe é aquele colabora para a prática da conduta delitiva, mas sem realizar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos demais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o executa são coautores.
Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario também desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reserva) responderá apenas pela participação, pois não praticou a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último, quando, por exemplo, for o mentor do crime.
Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, "quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade", dessa forma deve-se analisar cada caso concreto de modo a verificar a proporção da colaboração. Além disso, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço, segundo disposição do § 1º do artigo supramencionado, e se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP). 
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não houver antijuridicidade, não há o que se falar em punição ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada.
Crime plurissubjetivo
É aquele que exige a presença de mais de uma pessoa, como acontece no crime de associação criminosa, rixa, entre outros. Assim, nestes crimes não há o que se falar em participação, já que a pluralidade de agentes garantem o tipo penal, sendo todos autores. Porém, nos crimes unissubjetivos, quando houver mais de um agente, aplicar-se-á a regra do art. 29 do CP, devendo-se analisar a conduta de cada qual para aplicação da pena.
O crime plurissubjetivo não se confunde com o delito de participação necessária, pois neste último o autor pratica vários crimes, porém o tipo penal exige a colaboração do sujeito passivo, que não será punido. Ex.: corrupção de menores, favorecimento à prostituição.
Requisitos do concurso pessoas
a) presença de dois ou mais agentes;
b) nexo de causalidade material entre as condutas realizadas e o resultado obtido;
c) não há necessidade de ajuste prévio entre os agentes, mas deve haver vontade de obtenção do resultado (vínculo de natureza psicológica). Ou seja, mesmo que os agentes não se conheçam pode haver o concurso de pessoas se existente a vontade de obtenção do mesmo resultado. Tal hipótese admite ainda a autoria sucessiva. Exemplo: empregada deixa a porta da casa aberta, permitindo que o ladrão subtraia os bens do imóvel. Enquanto isso, uma outra pessoa, ao ver os fatos, resolve dele aderir retirando também as coisas da casa;
d) reconhecimento da prática do mesmo delito para todos os agentes;
e) existência de atipicidade e antijuridicidade, já que se o fato não é punível para um dos coautores, também não será para os demais.
Autoria mediata e colateral
A autoria mediata ocorre quando o agente usa de pessoa não culpável, ou que atua sem dolo ou culpa para realizar o delito. São situações que ensejam a autoria mediata: valer-se de inimputável, coação moral irresistível, obediência hierárquica, erro de tipo escusável ou de proibição, provocados por terceiro. Porém, há inúmeros casos em que o inimputável (menor, por exemplo) não é usado como instrumento da obtenção do resultado. Quando o inimputável também quiser atingir o resultado, será co-autor e tal modalidade de concurso denominar-se-á concurso impropriamente dito, concurso aparente ou pseudoconcurso, já que um agente é penalmente responsável e o outro não.
Já a autoria colateral ocorre quando dois agentes têm a intenção de obter o mesmo resultado, porém um desconhece a vontade do outro, sendo que o objetivo poderá ser atingido pela ação de somente um deles ou pela ação de ambos. Exemplo: Jorge e Antônio pretendem matar Carlos, e para tanto se escondem próximo à sua residência, sem que um saiba da presença do outro, e atiram na vítima. Assim, Jorge e Antônio responderão por homicídio em autoria colateral já que um não tinha conhecimento da ação do outro (não há vínculo psicológico). Salienta-se que, se apenas o tiro desferido por Jorge atingir Carlos, ele responderá por homicídio consumado, ao passo que Antônio responderá por homicídio tentado. Se não for possível verificar qual tiro matou Carlos, Jorge e Antônio responderão por tentativa de homicídio. Porém, se Jorge desfere tiro em Carlos e o mata, e só depois é que Antônio atira na vítima, haverá crime impossível para ele. Neste caso, se não for possível identificar qual tiro matou Carlos, ambos os agentes serão absolvidos por crime impossível (autoria incerta).
Participação por omissão e conveniência, e co-autoria em crime omissivo
A participação por omissão ocorre quando a pessoa tinha o dever de evitar o resultado e não o fez. Exemplo: responde por crime de incêndio o bombeiro que não cumpriu seu dever se agir para combater o fogo. Já a participação por conivência ocorre quando a pessoa não tinha o dever de evitar o resultado, nem tinha vontade de obtenção do mesmo. Neste caso, não haverá punição - concurso absolutamente negativo. Exemplo: o vendedor de uma loja sabe que seu colega está furtando dinheiro do caixa, porém, não tem obrigação de denunciá-lo já que não exerce a função de segurança, nem trabalha na mesma seção.
 A autoria em crime omissivo ocorre, por exemplo, quando duas pessoas deparam-se com alguém ferido e ambas não procuram ajuda. Nesta hipótese, responderão por co-autoria em omissão de socorro. Porém, há também entendimento que não há possibilidade de co-autoria nestes crimes, e sim autoria colateral, pois existem condutas individuais, sendo o dever de agir infracionável.
Participação e cumplicidade
Há três visões sobre o assunto: a) cúmplice é aquele que auxilia no cometimento de crime sem ter tal conhecimento; ex.: dar carona a bandido sem saber que este está fugindo; b) cúmplice é aquele que colabora materialmente com a prática de infração penal; c) cúmplice é aquele que colabora dolosamente para prática de conduta delituosa, mesmo que o autor não tenha consciência destefavorecimento.
Como não há entendimento majoritário, decidiu-se que quem auxilia na prática de um crime é cúmplice, seja co-autor ou partícipe. 
Incomunicabilidade de circunstâncias
Não se comunicam entre co-autores e partícipes as circunstâncias consideradas individualmente no concurso de agentes. Prevê o art. 30 do CP que, "não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime". Considera-se circunstância de caráter pessoal aquela situação particular que envolve o agente, mas não é inerente à sua pessoa. Exemplo: confissão espontânea, que atenua a pena e não se transfere aos demais co-autores. A condição de caráter pessoal consiste em qualidade da pessoa, tais como menoridade e reincidência, condições estas que também não se transferem aos demais agentes do delito.
As circunstâncias elementares do crime são componentes do tipo penal, que se transmitem aos demais agentes da infração penal. Assim, se uma funcionária pública furta bens da repartição com sua colega que não exerce cargo público, ambas responderão por peculato-furto (art. 312, § 1º do CP). Em relação ao crime de infanticídio há discussão sobre a transferência da circunstância elementar, já que a pena para tal crime não é tão gravosa tendo em vista o estado em que se encontra a mãe. Sendo assim, muitos não concordam com a transmissão da circunstância elementar, pois não seria justo que co-autor fosse favorecido. Em contrapartida, há entendimento que, mesmo no infanticídio há transferência da circunstância elementar pois a Lei não fez nenhuma ressalva sobre o assunto, e esta é a opinião majoritário. Assim, embora o estado puerperal seja circunstância personalíssima, também é elementar do tipo, dessa maneira, quem auxilia a genitora a matar recém-nascido ou o faz sozinho a pedido da mesma, responderá por infanticídio.
Casos de impunibilidade: determina o art. 31 do CP que, "o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado". Entretanto, tais condutas - ajuste (acordo), instigação (estímulo), auxílio (assistência) e determinação (decisão) - serão puníveis quando houver disposição expressa neste sentido, como é o caso do art. 288 do CP - "associarem-se 03 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes (...)". Assim, serão puníveis tais atos quando houver início da execução do delito, pois do contrário serão consideradas condutas atípicas, já que não houve perigo a nenhum bem protegido pelo ordenamento jurídico.
9– TEORIA DO ERRO (não ta na folha, mas acho que cai).
A) O erro de tipo, que pode ser essencial ou acidental, incide sobre o fato típico, excluindo o dolo, em algumas circunstâncias. Por outro lado, o erro de proibição, que pode ser direto ou indireto, não exclui o dolo, pois incide na culpabilidade, terceiro requisito para a existência do crime (Fato Típico, Antijuridico (ilicitude) e Culpável). Ainda, dentro da culpabilidade, age em torno da Potencial Consciência da Ilicitude, que pode ou não excluir a reprovação da conduta (culpabilidade) por parte do agente.
O erro de tipo essencial atua nos elementos constitutivos do tipo, ou seja, o Art. 121 do Código Penal afirma que homicídio é “Matar alguém”. Portanto, se alguém mata uma pessoa durante uma caçada achando que era um animal, pode-se dizer que substituiu “alguém” do tipo penal por “animal”, causando um erro sob os elementos que constituem o crime (surge o “Matar animal”). O agente agiu com dolo, pois queria matar, mas não “alguém” e sim um “animal”. Dessa feita, deve ser analisado se o erro cometido pelo autor era evitável ou inevitável, circunstâncias estas que irão definir a punição ou não do infrator.
O erro de tipo essencial apresenta duas formas: INEVITÁVEL(ESCUSÁVEL, INVENCÍVEL) ou EVITÁVEL (VENCÍVEL, INESCUSÁVEL). O primeiro significa que o erro não poderia ser evitado. De uma ou de outra maneira, o crime seria cometido. Nessa situação, exclui-se o dolo E culpa. Já por outro lado, na segunda hipótese, o erro aconteceu, mas poderia ser evitado pelo agente. Aqui, exclui o dolo, MAS incide a forma culposa, se prevista em lei.
Já o erro de tipo acidental, que difere do essencial, pois neste caso NÃOexclui o dolo, uma vez que o agente atua com vontade e consciência. Ex: o agente querendo furtar uma televisão que se encontra em embalagem fechada, entra na loja da vítima, acaba, porém, levando uma máquina de lavar. É evidente que ele atuou dolosamente, mas incorreu em erro sobre o objeto. Nesta esteira, o erro de tipo acidental pode ocorrer em várias hipóteses: erro sobre o objeto (error in objeto), erro sobre a pessoa (in persona), erro na execução (aberratio ictus), resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou delicti), e aberratio causae (denominados crimes aberrantes).
Erro sobre o objeto já foi citado, quando o agente acha que está furtando um objeto e na verdade está levando outro. Perante o Direito Penal, o erro sobre o objeto é irrelevante, pois de qualquer forma o agente responde pelo crime. O erro sobre a pessoa acontece quando o agente, ao ver uma pessoa parada na esquina, supõe ser seu desafeto e dispara contra ele, ceifando-lhe a vida. Nessa situação, o agente incorreu em erro sobre a pessoa, pois supôs que aquela pessoa era quem imaginava (vítima visada ou virtual). Responderá como tivesse atingido seu alvo real, e não quem efetivamente matou. Nessa hipótese, trata-se do exemplo clássico dos gêmeos, que confundem a percepção do atirador. Outra não é exegese do art. 20§3º CP.
Já no aberratio ictus (que significa  aberração no ataque), o erro ocorre em relação aos meios de execução, ou seja, a pessoa sabe exatamente que ali na esquina está parada o seu desafeto, mas por “defeito de pontaria”, erra o alvo visado pelo agente e atinge terceira pessoa. Aqui, as consequências são as mesmas do erro sobre a pessoa, isto é, responde como crime consumado contra a vítima virtual (desejada) e não a que faleceu.
Ainda na constância dos erros, na aberratio criminis (delicti), o erro ocorre em relação a bens jurídicos distintos. Em outras palavras: “A” quer matar “B” e dispara contra ela. Os disparos atingem tão somente um veículo atrás de “B”. Nessa situação, o agente responde pelo crime subsidiário se for expresso na forma culposa, além da tentativa de homicídio. Perceba que a diferença aqui se baseia em bens jurídicos tutelados distintos: homicídio (a vida) e dano (patrimônio).
Por fim, o aberratio causae, neste caso o erro recai sobre o nexo causal, é a hipótese do dolo geral. Um exemplo nos leva à compreensão da espécie: A dá várias facadas em B e, presumindo que esteja morto, atira-o de um precipício, mas B vem a falecer com a queda e não das facadas – nesses casos, não haverá exclusão do dolo, punindo-se o autor por crime doloso.
B) Com relação ao erro de proibição divide-se, igualmente, em dois aspectos: inevitável (ou invencível) e evitável (ou vencível). O primeiro exclui a culpabilidade do agente, isentando-o de pena, enquanto no segundo o agente responde dolosamente e tem o condão de atenuar a pena, em virtude da possibilidade do agente conhecer a proibição. Em outras palavras, no erro de proibição, o agente sabe perfeitamente o que faz e qual a sua conduta, mas acredita estar agindo licitamente.
Doutrinariamente, o erro de proibição também é classificado em: direto ou indireto (de permissão). No primeiro o agente acredita que sua atitude não é proibida pelo sistema normativo, como no caso do saudita que ao chegar ao Brasil tenta se casar com duas mulheres crendo que aqui, assim como em seu país, a bigamia não é ilícita. No segundo caso, a situação fática direciona o agente a acreditar que agirá legalmente. Aqui, a regra é proibição, porém o agente crê que atua nas hipóteses permissivas. Exemplo: da janela do apartamento o agente visualiza um ladrão furtando o som de seu veículo. Acreditando agir em legítima defesa, desfere um tiro pelas costas do criminoso. Na primeirasituação, o desconhecimento é direto, enquanto na segunda a situação levou o agente a crer na sua conduta lícita.
Em resumo: O erro de tipo atua no âmbito do fato típico do crime, agindo sobre o dolo e a culpa, enquanto que o erro de proibição atua na culpabilidade, excluindo ou não a Potencial Consciência da Ilicitude.
De outro quadrante, a doutrina distingue, erro de tipo de erro de proibição, pressupondo uma outra distinção entre representação do fato e representação da ilicitude do fato. No primeiro caso, há erro de tipo (v.g., portar maconha supondo ser tabaco); no segundo, existe erro de proibição (v.g., portar pequena quantidade de maconha para uso pessoal, supondo permitida pela legislação atual). No erro de tipo, o autor não sabe o que faz, e se soubesse não o faria. Já no erro de proibição, o autor sabe o que faz, mas acredita que aquilo que faz é lícito.
10 – ITER CRIMINIS (ETAPAS de Realização do Delito): 
Iter Criminis: São as fases que o sujeito ativo do crime deve perpassar até alcançar o delito na forma consumada. Existem 4 etapas: 
- Fase 1: COGITAÇÃO
Fase do delito que não é punível. Ato meramente intelectual. Significa imaginar o delito sem exteriorizar nada materialmente. Se o agente não ultrapassar esta fase não haverá punição, em razão do princípio da transcendentalidade.
- Fase 2: Atos PREPARATÓRIOS
O indivíduo começa a materializar o crime. Fase de preparação material do delito, mas ainda não é a execução dos elementos do tipo penal. Ex.: Homicídio - O agente compra veneno, compra uma faca, aluga um imóvel para praticar o crime. Estes atos não são ilícitos, mas são preparatórios para o delito. É possível que os atos preparatórios configurem outros delitos. Neste caso o agente será responsabilizado pelo ato preparatório que constituiu tal delito autônomo, e não pelo delito que estava preparando.
- Fase 3: Atos EXECUTÓRIOS
O individuo inicia os atos executórios quando começa a realizar os elementos da definição do tipo penal. Ex.: Matar no homicídio; Subtrair no furto; Usar violência ou ameaça no estupro.
- Fase 4: CONSUMAÇÃO
Caso o agente após iniciar a execução dos elementos do tipo, posteriormente consiga concluir todos, estaremos diante de um crime consumado.
 
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado 
I- consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação varia de acordo com a particularidade de cada infração. 
Nos crimes materiais e culposos ocorre com a produção do resultado. 
Nos crimes omissivos próprios com a omissão (conduta).
Nos crimes de mera conduta com a execução da conduta. 
Nos crimes formais com a conduta, apesar da previsão do resultado na norma. 
Nos crimes qualificados pelo resultado com a ocorrência do resultado que qualifica (reprova mais).
Nos crimes permanentes a consumação se mantém enquanto perdurar a permanência da conduta.
OBS: Alguns entendem haver uma Fase 5 : Exaurimento. Esta fase se situa após a consumação, e esgota o delito plenamente.
É possível que o agente não execute/conclua todos os elementos do tipo penal, neste caso podem ocorrer essas hipóteses:
→ TENTATIVA – se não concluir em razão de algo alheio à sua vontade.
→ DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA OU ARREPENDIMENTO EFICAZ – se o agente não concluir por ato voluntário.
 
- Tentativa
Tentativa é o início dos atos executórios sem a consumação do crime por razões alheias a vontade do agente. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços, quem define o quantum a diminuir é o juiz, conforme caso concreto.
A natureza jurídica da tentativa é de causa de diminuição de pena sobre o crime consumado.
 Art. 14 - Diz-se o crime: Tentativa
II  - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
§Ú - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Espécies de Tentativa
- Tentativa perfeita ou acabada – É aquela em que o agente esgota todos os meios ao seu alcance para consumar, o que não ocorre por razões alheias a sua vontade. 
- Tentativa imperfeita ou inacabada – É aquela em que o agente não esgota os meios, sendo interrompido durante os atos de execução. 
OBS: Não admitem tentativa
→ Crimes habituais, Crimes culposos (a culpa imprópria admite – art. 20, §1º), Crimes preterdolosos, crimes unissubsistentes (ato único), Crimes omissivos próprios, Contravenções penais (art. 4º da Lei de contravenções penais), Crimes em que forma tentada equipara-se à consumada. 
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
Em ambos os institutos, o agente entra nos atos executórios e não há consumação do delito porque voluntariamente não realiza os elementos do tipo por inteiro. Ambos têm a mesma consequência jurídica prevista no art. 15 do CP, que é punir apenas pelos atos praticados até o momento em que voluntariamente interrompeu a ação ou realizou ato eficaz a impedir a execução. Em ambas as situações não há que se cogitar punir o agente pela forma tentada daquilo que almejava, já que demonstrou vontade de interromper, e assim o fez.
 Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
- Desistência voluntária (1ª parte do art. 15, CP) 
O agente necessariamente iniciou a execução do crime e não prossegue por vontade própria, Não consuma o crime voluntariamente. Podendo prosseguir, não prossegue. A interrupção é suficiente para não haver a consumação, não é necessário o agente fazer mais nada para evitar a consumação. Conhecida como Tentativa Abandonada.
O agente responde pelos atos praticados até a interrupção voluntária.
- Arrependimento Eficaz (2ª parte do art. 15, CP) 
O agente interrompe a ação, mas deve praticar um ato eficaz para evitar a consumação.
O agente responde pelos atos praticados até a interrupção voluntária.
Duas correntes sobre a questão da voluntariedade:
- 1) Há obrigatoriedade da espontaneidade do agente.
- 2) Há possibilidade de haver motivação externa, mas desde que a decisão seja voluntária e que o agente tenha possibilidade de continuar a ação, mas assim não faz por vontade própria.
 
→ Arrependimento POSTERIOR (art. 16, caput, do CP) 
Arrependimento após a consumação do delito. Vantagem - causa de redução considerada em relação à pena do crime consumado (de 1/3 a 2/3, mesma redução da tentativa).
 Art. 16  - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Sobre o artigo 16, CP: Tem natureza jurídica de causa de diminuição de pena (minorante). É cabível a extensão da redução aos co-autores.
Requisitos do art. 16, CP (todos devem ser obedecidos para o criminoso receber o AP):
- Só cabe arrependimento posterior em crime sem violência ou grave ameaça a pessoa.
- Só terá direito ao benefício, pessoa que demonstrar arrependimento através do ato de reparar o dano voluntariamente ou restituir a coisa ou objeto do crime voluntariamente.
-Prazo para reparar o dano ou restituir a coisa: até antes do juiz receber a denúncia do MP (no crime de ação penal pública) ou até antes do recebimento da queixa de vítima (no crime de ação penal privada).
 
- Se não for possível preencher todas as exigências do artigo 16, o agente pode ainda receber o benefício da atenuante de pena, art. 65, III, b, última parte, do CP, caso repare o dano voluntariamente até antes do julgamento.
Conceitos de crime
 Considerando que nosso Código Penal não trás uma 
definição expressa do conceito de crime, conclui-se que em 
nosso país, o conceito de crime é puramente doutrinário, 
tendo, contudo surgido vários conceitos, sob aspectos 
diferentes, tais quais o conceito

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